Movimento Almóada: Uma Proposta Para O Século XII
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UNIVERSIDADE DE ÉVORA ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Movimento Almóada: uma proposta para o século XII Virgílio Luís de Castro e Almeida Orientação: Doutor Fernando Branco Correia Mestrado em História do Mediterrâneo Islâmico e Medieval Área de especialização: História Dissertação de Mestrado Évora, 2014 UNIVERSIDADE DE ÉVORA ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS Movimento Almóada: uma proposta para o século XII Virgílio Luís de Castro e Almeida Orientação: Doutor Fernando Branco Correia Mestrado em História do Mediterrâneo Islâmico e Medieval Área de especialização: História Dissertação de Mestrado Évora, 2014 2 E que surja de vós um grupo que recomende o bem, dite a retidão e proíba o ilícito. Este será (um grupo) bem-aventurado. (Alcorão, 3, 104) 3 Índice Introdução ..................................................................................................................................... 8 1. As Fontes ............................................................................................................................. 12 1.1. Historiografia: problemas e dimensões ...................................................................... 15 2. Contextos e Conceitos: ........................................................................................................ 21 2.1. Definição de berbere ................................................................................................... 21 2.2. Os almorávidas ............................................................................................................ 24 3. Ibn Tūmart ............................................................................................................................... 28 3. 1. genealogia ...................................................................................................................... 28 3.2. viagem ao Oriente ........................................................................................................... 32 3.3. o Mahdī ........................................................................................................................... 39 3.4. nascimento do mito ......................................................................................................... 43 4. As Ideias................................................................................................................................... 45 4.1. as escolas ......................................................................................................................... 46 4.2. a teoria do Mahdī ............................................................................................................ 53 4.3 ʻaqīda ................................................................................................................................ 58 4.4. al-amr bi-l-maʽrūf wa-l-nahy ʽan al-munkar ..................................................................... 61 5. Organização social e política ................................................................................................... 65 6. Morte e Sucessão ................................................................................................................... 72 6.1. ʽAbd al-Muʼmin, o primeiro califa ................................................................................... 77 7. Itinerários das primeiras conquistas ..................................................................................... 83 8. Movimento Almóada, a ideologia e a atualidade ................................................................... 89 Conclusão .................................................................................................................................... 95 ANEXOS ..................................................................................................................................... 100 Fontes ........................................................................................................................................ 115 Referências eletrónicas ............................................................................................................. 117 Bibliografia ................................................................................................................................ 118 4 agradecimentos: Agradeço ao Doutor Fernando Branco Correia. Sem o seu apoio, sugestões e conselhos, este trabalho, certamente, não teria sido possível. Para além dos profundos conhecimentos, que fez o favor de partilhar, agradeço a amizade de todas as horas. Agradeço à Doutora Filomena Barros, pelos constantes incentivos ao trabalho sobre esta temática, bem como todas as suas opiniões e conselhos. Sem a sua vontade, em 2007, em colocar em funcionamento a variante de estudos árabo-islâmicos – na Universidade de Évora-, talvez este meu interesse nunca tivesse concretização. Agradeço ao Dr. Alessandro Güntzel a amizade e toda a ajuda que prestou. Não esqueço que foi no já longínquo ano de 2008 que, em conjunto, ambos começámos a trabalhar sobre estas matérias. Agradeço à Dra Zakia Adli e à Dra Lalla Fátima-Zahra a imprescindível ajuda com as traduções do árabe. Agradeço à Dra Rita Bandeira de Melo e Paula Afonso Fernandes a excelente ajuda nas revisões de provas. Agradeço a Rahim Kara a sua paciência e ajuda que foram imprescindíveis na resolução dos insondáveis problemas da “formatação”. 5 Movimento Almóada: uma proposta para o séc. XII RESUMO O séc XII dC assiste à afirmação de um novo poder junto das tribos berberes da zona do Atlas que, posteriormente, se expande por todo o Magreb e pelo al-Andalus. O movimento almóada, fundado por Ibn Tūmart – ele próprio berbere – estabelece importantes cortes com as vivências religiosas, sociais e políticas de todas estas áreas. O movimento almóada, profundamente inovador em termos religiosos e doutrinários – com a perspectiva, recriada por Ibn Tūmart, de criação de uma comunidade semelhante à do próprio Profeta Muḥammad -, estabelece também uma organização política e social original. Todos estes são aspetos inovadores, revolucionários. Neste sentido, também, a tradução, feita por Ibn Tūmart do Alcorão para língua berbere, bem como tentativa de implementação de algumas ideias que a nível religioso e doutrinário se aproximam mais de tradições shīʼitas, constituem algumas das marcas, fatores de identificação e tentativas de inovação que marcam o discurso almóada, nos primeiros tempos. 6 Almohad movement: a proposal for the 12th cent. AD ABSTRACT The 12th cent. AD testifies the implementation of a new kind of power among the Berber tribes of the Atlas zone, which subsequently spreads throughout the Maghreb and the al-Andalus. The Almohad movement, founded by Ibn Tūmart - himself a Berber - makes important breaks in the religious experiences, in social life and in the politics of all these areas. The Almohad movement, recreated by Ibn Tūmart, is deeply innovative in religious and doctrinal areas – and with the aim, of creating a community similar to the one of the Prophet Muḥammad, establishes an original and unique political and social organization. All these aspects are innovative and revolutionary. In this sense, the translation of the Quran into the Berber language, by Ibn Tūmart, as well as trying to implement some ideas on religious and doctrinal traditions that are closer to the Shiites, are some of the imprints, identifying factors and attempts of innovation that characterise the Almohad speech in its early days. 7 Introdução Nos últimos anos temos assistido, por parte de investigadores e por parte da historiografia, a um renovado interesse pelos almóadas e pela figura de Ibn Tūmart. Muitos têm sido os novos estudos publicados em Marrocos, Espanha, França, Reino Unido e Estados Unidos, principalmente, sobre o assunto. Na realidade, desde que Ibn Tūmart realiza a sua viagem de regresso do Oriente para o Magreb – cerca de 1117/18 dC – até ao assassinato do último califa almóada Idris II, em 1269 dC, e a consequente substituição dos almóadas pelos merínidas, como novos senhores do norte de áfrica e de Marrakech, muitas são as questões e os problemas que os almóadas nos colocam1. Em primeiro lugar a figura de Ibn Tūmart. Quem era este Muḥammad Ibn Tūmart, de quem apenas temos referências a partir da tal viagem de regresso do Oriente, quando teria perto de 30 anos? Tendo em conta que morre, em 1130 dC, na sequência da batalha de al-Buḥayra, são pouco mais de 10 anos, o período que podemos analisar e, sobre o qual, dispomos de algumas referências. No entanto, parecem 10 anos fundamentais, nos quais se estrutura a organização de um novo movimento – político, militar e religioso -, e em que se sedimenta uma nova doutrina e ideologia religiosa. Em segundo lugar, os almóadas. Quem eram? Que marcas distintivas tão profundas são essas, que têm levado a numerosos estudos e a tão apaixonantes e diferentes – nalguns casos – análises? Que motivos podem ter conduzido a que tribos, normalmente rivais, se unissem num objetivo comum? Sendo certo, que estamos em presença de uma região – Anti-Atlas – que reunia todo um diferente número de tribos; que as disputas e rivalidades, em torno do acesso aos escassos recursos naturais, eram muito fortes e quase sempre sangrentas; que, na 1 Ver Maribel Fierro, Allen J. Fromherz ou Pascal Buresi, entre outros. Cf. Bibliografia p. 116 e seguintes 8 maior parte dos casos, estas tribos ainda se encontravam