Boletim De Análise Política
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BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA 8 a 12 de fevereiro 2021 fatos, tendências e conjuntura política no Congresso Nacional RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 8 A 12 DE FEVEREIRO DE 2021 DESTAQUES DA SEMANA 8 a 12 de fevereiro de 2021 • Eleição para Mesas Diretoras inauguram discussões sobre eleições de 2022; • PSDB e DEM veem racha interno enquanto PT causa rusgas com esquerda ao lançar Haddad; • Continua a pressão sobre a Anvisa para acelerar processo de aprovação de vacinas com estoques acabando pelo país; • Pacheco e Lira sobem tom com Governo ao pedir urgência para retomada do Auxílio Emergencial; • Audiência no Senado e denúncias sobre produção de Cloroquina agravam situação de Pazuello; • Lira institui Grupo de Trabalho composto por deputados que proporão alterações no Código Eleitoral para 2022. CONTEXTO GERAL E GOVERNO A semana que seguiu após as eleições para as mesas diretoras do Senado e da Câmara Federal teve dois efeitos práticos no cenário político nacional: por um lado, desacelerou a tese do impeachment que vinha ganhando força e, por outro, promoveu uma reorganização de forças políticas inaugurando as articulações para as eleições de 2022. O movimento teve início pouco antes dos deputados e senadores depositarem seus votos nas urnas, em especial quando o DEM anunciou seu desembarque do bloco de Baleia Rossi (MDB-SP) e, por pouco, o PSDB também não o fez oficialmente. Tamanho desgaste levou o então presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a indicar publicamente traição de seus aliados no DEM, em especial do presidente nacional da sigla, ACM Neto (DEM-BA), e sinalizou sua saída do partido. O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), fez coro a Maia e também demonstrou 2 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 8 A 12 DE FEVEREIRO DE 2021 insatisfação revelando uma quebra entre o “DEM do Norte”, mais alinhado ao Governo Federal, e o “DEM do Sul”, ligado a Maia, Mandetta e ao vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (DEM-SP). Ato contínuo, o PSDB, que se viu rechaçado após parte importante do partido indicar votos em Arthur Lira (PP-AL), protagonizou o mais recente embate com vistas a 2022 entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), e o governador do Rio Grande do Sul, o LÍDER RAPS Eduardo Leite (PSDB-RS). Doria defendeu, de maneira considerada indelicada pelos pares, sua ascensão à presidência nacional do partido e a expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e tucanos mais alinhados ao Governo Federal. Segundo parlamentares, o movimento foi mal calculado e teve reação imediata, em especial dos tucanos de fora de São Paulo. Eduardo Leite recebeu em Porto Alegre (RS) uma porção de parlamentares insatisfeitos com Doria e aceitou a missão de se projetar nacionalmente para barrar os intentos do governador de São Paulo. Não foram poucas as menções de que Doria deveria lembrar-se que “O Brasil não é São Paulo”. Doria, que já vinha se aproximando da ala mais tradicional do partido, ligada a Fernando Henrique Cardoso, fez nova reunião com o ex-presidente da República e mostrou ser apoiado por ele na necessidade do PSDB se declarar oposição, de fato, ao Governo Federal. Contudo, o endosso do presidente de honra do partido, que em entrevistas sempre menciona o nome de Luciano Huck, parece ter terminado nesse ponto. Enquanto os partidos do chamado “centro democrático” – em especial, PSDB e DEM – se digladiam internamente, a esquerda também viu rachar, ao menos por hora, a ideia de frente ampla com o anúncio da pré-candidatura de Fernando Haddad (PT- SP) às eleições presidenciais de 2022. É verdade que estamos distantes e que não foi um anúncio oficial, mas Haddad disse estar cumprindo ordens de Lula para “colocar o bloco na rua”. No mundo político, o movimento foi visto como uma tentativa de Lula afastar de si os holofotes num momento em que está, aos poucos, conseguindo reverter as decisões judiciais que cassam seus os direitos políticos. Já o apresentador Luciano Huck, cortejado pelo DEM e pelo CIDADANIA, deve aguardar até o próximo semestre para decidir se, dessa vez, se postulará candidato à presidente. No meio político, entende-se que pesam dois fatores ao apresentador: 1) sua relação de décadas com a Rede Globo; 2) o impacto do vazamento de mensagens 3 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 8 A 12 DE FEVEREIRO DE 2021 da Operação Lava Jato que mostram um relacionamento bastante próximo entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol nas acusações ao ex-presidente Lula. O grupo de Huck vê o ex-juiz como forte candidato e espera ver como essas mensagens podem impactar Moro. Já no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro começa as conversas sobre seu futuro partido. Estão na lista PTB – de Roberto Jefferson – e o Patriotas – partido que já havia se preparado para receber Bolsonaro em 2018, mas acabou preterido pelo PSL. O cálculo político em torno do partido do presidente é o mesmo das últimas eleições: um pequeno partido, sem histórico de corrupção, desconhecido da população, de modo que não faça sombra ao personalismo presidencial. Ao mesmo tempo, há uma nova condição: o partido que receber Bolsonaro, seus filhos e seguidores em todo o Brasil deve entregar-lhe os diretórios de maneira completa e irrestrita. Também passou a preocupar o ciclo mais próximo ao presidente o impacto atribuído ao fim do Auxílio Emergencial em sua popularidade. Antes reticente às discussões em torno da retomada do benefício, segundo parlamentares, Bolsonaro já assentiu com a proposta, mas não mudou o modus operandi com que tratava os temas no Congresso Nacional. Até a presidência de Rodrigo Maia, o Planalto pautava a importância de um tema, mas não assumia o ônus das iniciativas, deixando que o Congresso legislasse, como foi na primeira onda do Auxílio, inclusive sobre o valor e a quantidade de parcelas. Agora, essa mesma postura tem colocado, mais rápido do que o previsto, o novo comando do Congresso Nacional em atrito com o Governo, em especial, com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), têm pressionado reservada e publicamente o Governo a dar uma resposta imediata à retomada do Auxílio. Ambos receberam de Guedes a resposta de que, antes, o Congresso deveria avaliar as PECs que aguardam análise dos congressistas e trazem elementos para assegurar o teto de gastos. Os presidentes das Casas Legislativas, contudo, pressionam o Governo a retomar o Auxílio via Medida Provisória e crédito extraordinário, que corre por fora do teto de gastos. Por outro lado, prometem, após o movimento do Governo, pautar as PECs solicitadas. Seria retomada a urgência da PEC do Pacto Federativo, outrora sugerida sua junção numa única PEC, com uma espécie de “cláusula de Guerra” em que o Orçamento da União seria flexibilizado em ocasiões especiais, como a pandemia. Já a PEC Emergencial trataria mais especificamente dos cortes nas contas públicas visando a solvência fiscal até 2026. 4 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 8 A 12 DE FEVEREIRO DE 2021 Nos bastidores do Planalto, há resistência do Governo em fazer o primeiro movimento, algo que não é da estratégia palaciana com o Congresso. Também há receio se a possível MP do Auxílio não vá, de fato, ser pautada no Congresso, que levaria ao risco de aumento do benefício em valor e tempo. Guedes também sinalizou publicamente que o Governo deve retomar o programa emergencial de corte de jornadas e salários que vigorou no ano passado. Já sobre as alterações na Esplanada dos Ministérios, nada mais é certo além da ida de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a Secretaria-Geral do Governo e a nomeação do deputado João Roma (Republicanos-BA) para o Ministério da Cidadania. Roma é tido como indicação de ACM Neto, presidente do Democratas, de quem fora chefe de gabinete. Neto procura não se vincular ainda mais ao Governo Federal e considerou a indicação de Roma como uma “afronta”. Políticos mais experientes têm apontado para um risco eminente ao Governo e, em especial, ao atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. A notícia de que o Ministério usou recursos de crédito extraordinário e a estrutura da Fiocruz para produção de 4 milhões de comprimidos de Cloroquina podem complicar a vida do general, que hoje é alvo de inquérito na Polícia Federal movido pelo Ministério Público Federal pela gestão do Planalto durante a pandemia. A pressão sobre o Ministro deve aumentar com os primeiros estados esgotando seus estoques de Coronavac e Oxford/ Astrazeneca enquanto sobram comprimidos de Cloroquina pelo país. Por fim, no final da semana, o presidente Jair Bolsonaro editou quatro decretos que flexibilizam as normas para aquisição e porte de armas. Editando sobre o Estatuto do Desarmamento, os decretos são atos infralegais que não dependem da autorização do Congresso. Além de permitir porte simultâneo de armas e a prática desportiva para adolescentes, os decretos autorizaram também a aquisição de até seis armas – antes eram quatro – por um cidadão comum. CONGRESSO NACIONAL No Congresso Nacional, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), tem sido pressionado a instalar a CPI da Covid-19 após o LÍDER RAPS senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) coletar as assinaturas necessárias. O fórum pode gerar uma série de novos desgastes e agravar essa nova polêmica que se soma a processos no Supremo Tribunal Federal que envolvem o presidente da república e seus aliados. 5 RAPS • BOLETIM DE ANÁLISE POLÍTICA • 8 A 12 DE FEVEREIRO DE 2021 Já Arthur Lira (PP-AL) tem tido comportamento que comprova o que se esperava durante sua campanha pela presidência da Câmara. Conhecedor do regulamento, tem acelerado tramitações e impedido obstruções na análise das matérias que pauta, como visto com a votação da Independência do Banco Central.