universidade federal do rio grande do norte centro de cienciasˆ exatas e da terra departamento de f´ısica teorica´ e experimental programa de pos-graduac¸´ ao˜ em f´ısica

ESPECTROPOLARIMETRIA E ESPECTROSCOPIA DE ALTA RESOLUC¸ AO˜ DE ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ SOLARES investigando a conexao˜ entre a abundanciaˆ de l´ıtio, per´ıodo de rotac¸ao˜ e idade das estrelas analogas´ e gemeasˆ solares

Tharc´ısyo Sa´ e Sousa Duarte

natal-rn maio de 2016 Tharc´ısyo Sa´ e Sousa Duarte

ESPECTROPOLARIMETRIA E ESPECTROSCOPIA DE ALTA RESOLUC¸ AO˜ DE ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ SOLARES investigando a conexao˜ entre a abundanciaˆ de l´ıtio, per´ıodo de rotac¸ao˜ e idade das estrelas analogas´ e gemeasˆ solares

Tese de doutorado apresentada ao Programa de P´os- Gradua¸c˜ao em F´ısica do Departamento de F´ısica Te´orica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obten¸c˜aodo grau de dou- tor em F´ısica.

Orientador: Prof. Dr. Jos´eDias do Nascimento J´unior

natal-rn maio de 2016

Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência

Duarte, Tharcísyo Sá e Sousa. Espectropolarimetria e espectroscopia de alta resolução de estrelas análogas e gêmeas solares: investigando a conexão entre a abundância de lítio, período de rotação e idade das estrelas análogas e gêmeas solares / Tharcísyo Sá e Sousa Duarte. - 2016. 161 f. : il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Departamento de Física Teórica e Experimental. Programa de Pós-graduação em Física. Natal, RN, 2016. Orientador: Prof. Dr. José Dias do Nascimento Júnior.

1. Estrelas - Tese. 2. Estrelas gêmeas solares - Tese. 3. Estrelas análogas solares - Tese. 4. Abundância de lítio - Tese. 5. Idade estelar - Tese. 6. Evolução estelar - Tese. I. Nascimento Júnior, José Dias do. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 524.3

Para minha pequena Maria Tha´ısya Agradecimentos

• A toda minha fam´ılia.

• A` minha companheira Nath´alia,por seu incentivo e motiva¸c˜ao,como tamb´empor sua paciˆenciae tolerˆanciaao longo dessa caminhada.

• Ao Professor Jos´eDias do Nascimento J´unior,por sua orienta¸c˜ao,amizade, com- preens˜aonos momentos dif´ıciese, acima de tudo, por mostrar que fazer ciˆencian˜ao ´euma tarefa f´acil,embora seja gratificante e fascinante.

• Aos professores Jefferson Soares e Matthieu Castro, por todas as importantes con- tribui¸c˜oesneste estudo e na minha carreira acadˆemica.

• A todos os meus colegas do DFTE/UFRN.

• Aos meus colegas (amigos) do GE3, em especial os membros da velha guarda, Francys Anthony (Lord Cerberus), Bruno Lustosa (Brun˜ao)e Ed-Ek. Todos eles tem uma parcela de contribui¸c˜aonesse trabalho.

• Aos membros do clube do fanfarr˜ao- Cristov˜ao(Fanfarr˜ao),Nyladih (Russo), Jos´e Crisanto (Cabrunco), Pierre (Lambioia), William Jouse, Bruno Amorim (Asmo- ringa), Rozemberg, Chico, Tib´erio,Milton e Maria Lidu - pelos mais diversos as- suntos (ciˆencia,pol´ıtica,economia, sa´ude, seguran¸ca,etc.) em torno de uma caneca de caf´e.

• Aos funcion´ariosdo PPGF-UFRN, em especial a Silvestre e a ex-funcion´ariaCelina Pinheiro.

• Ao CNPq/CAPES pelo apoio finaceiro .

i Quem n˜aotiver debaixo dos p´esda alma, a areia de sua terra, n˜aoresiste aos atritos da sua viagem na vida, acaba incolor, inodoro e ins´ıpido,parecido com todos.

CˆamaraCascudo Resumo

O interesse em se estudar os objetos similares ao Sol, estrelas definidas como do tipo solar, an´alogase gˆemeassolares, carrega em sua essˆenciaa tentativa de encontrar outra estrela que sirva de referˆenciae, al´emdisso, proporciona `ainvestiga¸c˜aoda dinˆamicaevo- lutiva da nossa estrela em fun¸c˜aode diversos parˆametros.Neste contexto, utilizamos trˆes conjuntos distintos de dados observacionais, 170 estrelas referentes ao cat´alogodo BCool e observadas com os espectropolar´ımetros ESPaDOnS e NARVAL, 88 gˆemeassolares do HARP S e 20 an´alogassolares do Kepler. A partir desses dados, investigamos, principalmente, as rela¸c˜oesentre o per´ıodo de rota¸c˜ao,a abundˆanciade l´ıtioe a idade estelar. Para as estrelas do BCool e as gˆemeas do HARPS utilizamos o per´ıodo de rota¸c˜aoderivado da atividade cromosf´erica,j´apara as an´alogasdo Kepler o per´ıodo de rota¸c˜aoempregado ´eproveniente da modula¸c˜aofo- tom´etrica. A abundˆanciade l´ıtiopara a maioria das estrelas do tipo solar e gˆemeas foi coletada da literatura, enquanto que para as estrelas an´alogas,a abundˆanciade l´ıtiofoi determinada utilizando modelos atmosf´ericosdo Kurucz e o c´odigoMOOG, no regime LTE. Em rela¸c˜ao`asidades, utilizamos a t´ecnicada girocronologia para redetermin´a-las e, consequentemente, confront´a-lascom as idades isocronais. Nossos resultados apontam para uma lei de decaimento do tipo potencial entre o per´ıodo de rota¸c˜aoe a abundˆanciade l´ıtio.A correla¸c˜aoentre esses parˆametrostorna-se mais n´ıtidapara as estrelas definidas como an´alogase gˆemeassolares, mesmo o per´ıodo de rota¸c˜aosendo determinado por mecanismos distintos. Em rela¸c˜ao`asidades estelares, calculadas atrav´esde is´ocronase girocronologia, percebemos que elas divergem consi- deravelmente quando os objetos s˜aomais velhos que o Sol. Este resultado tamb´em´e

iii discutido por van Saders et al.(2016) e reflete a nossa limita¸c˜aoacerca dos mecanismos controladores da evolu¸c˜aoestelar. Nosso trabalho resultou em cinco publica¸c˜oesem revistas indexadas, das quais, duas j´ase encontram em modo “in press”, um submetido e os outros em fase final de reda¸c˜ao.

Palavras-chave: Gˆemeassolares. An´alogassolares. Abundˆanciade l´ıtio.Per´ıodo de rota¸c˜ao.Idade estelar. Evolu¸c˜aoestelar

iv Abstract

The interest in studying the objects similar to the Sun, labeled as solar-type stars, analogs and solar twins, brings in its essence an attempt to find out another reference and, furthermore, provides an investigation of evolutionary dynamic of our star as a function of various parameters. For this, we used three distinct samples of observable data, 170 solar-type stars from BCool catalog and observed with spectropolarimeters ESPaDOnS e NARVAL, 88 solar-twin stars of HARPS surveys, and 20 solar-analog stars from Kepler. From these data, we have investigated mainly the correlation among the rotation period, lithium abundance and stellar age. For the BCool stars and solar-twin from HARPS, we have used the rotation period determined through of chromospheric activity, in the case of Kepler solar analogs, the rotation period it is derived from photometric modulation. The lithium abundance for most of the solar-type and solar-twin stars have been collected from literature, while for the solar analogs, the lithium abundance were determined in the LTE regime using Kurucz atmospheric models and the MOOG code. For stellar age, we have used the gyrochronology method, which was calibrated using the Sun and a selection of open clusters, to redetermine them and comparing them with those derived from standard isochronal. Our results indicate that exist a decay law for the rotation period as a function of lithium abundance. This correlation becomes more clear for the solar-analog and solar- twin stars, even the rotation period being determined through distinct mechanisms for each case. For stellar ages, measured from standard isochronal and gyrochronology, we realized that they diverge considerably when the stars are older than the Sun. This result

v has also been investigated by van Saders et al.(2016) and reflect our limitation about the stellar evolution and mixing mechanisms. Our work has resulted in five publications in indexed journals, two already in print format, one recently submitted and other in final stage of conclusion.

Keywords: Solar twins. Analogs twins. Lithium abundance. Rotation period. Stel- lar age. Stellar evolution.

vi Lista de Figuras

1.1 Diagrama esquem´aticodo interior solar...... 4 1.2 Diagrama esquem´aticodo exterior solar...... 7 1.3 Dinˆamicada atmosfera solar...... 8

2.1 Fauna estelar...... 11 2.2 Cronologia da evolu¸c˜aosolar...... 15 2.3 Evolu¸c˜aodas gˆemeassolares...... 17 2.4 Per´ıodo do Kepler...... 19

3.1 Largura equivalente de uma linha de absor¸c˜ao...... 30

4.1 Distribui¸c˜aode energia espectral para o Sol...... 35 4.2 Histograma da distribui¸c˜ao de luminosidade para as 88 estrelas gˆemeas.. 37 4.3 Modelo evolutivo da profundidade do envolt´orioconvectivo...... 41 4.4 Histograma dos valores de massa e MZC para as 88 gˆemeassolares..... 42

4.5 Histograma de log(RHK0 ) e per´ıodo de rota¸c˜ao...... 44 4.6 Histograma de (B-V) e n´umero de Rossby...... 47 4.7 Histograma da A(Li) para as 88 gˆemeassolares...... 50 4.8 A(Li) para o Sol...... 51 4.9 A(Li) para uma gˆemeasolar...... 52 4.10 Histograma da idade estelar para as 88 gˆemeassolares...... 53

5.1 Diagrama HR para as 170 estrelas frias do tipo solar do BCool...... 60 5.2 Zoom no diagrama HR das estrelas do BCool...... 61 5.3 Perfil LSD da estrela Kappa Ceti...... 64 5.4 Perfil LSD da estrela Kappa Ceti...... 65 5.5 C´alculodo campo atrav´esdo LSD...... 65

5.6 Histograma do Prot para as estrelas do tipo solar do cat´alogodo BCool.. 67 5.7 Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa para as estrelas do do BCool.. 68 5.8 Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa para as estrelas do do BCool.. 69

vii LISTA DE FIGURAS

5.9 Histograma da A(Li) para as estrelas do tipo solar do cat´alogodo BCool. 70

5.10 A(Li) como fun¸c˜aodo Prot para as estrelas do cat´alogoBCool...... 71

5.11 Histograma do Bl para as estrelas do tipo solar do BCool...... 72

5.12 Bl como fun¸c˜aoda A(Li) e para as poss´ıveis gˆemeas do BCool...... 73

5.13 Bl como fun¸c˜aoda A(Li) e idade para as estrelas do BCool...... 74

5.14 Bl em fun¸c˜aodo Prot para as nossas estrelas do BCool...... 76

5.15 Bl em fun¸c˜aodo Prot e da A(Li) para as nossas estrelas do BCool..... 77 5.16 Histograma da idade para as estrelas do tipo solar do BCool...... 78 5.17 Evolu¸c˜aodo campo magn´eticolongitudinal para nossas estrelas do BCool. 79 5.18 Diagrama per´ıodo-cor para nossas estrelas do BCool...... 80 5.19 Diagrama per´ıodo-cor para nossas estrelas do BCool...... 81

6.1 Diagrama HR das gˆemeassolares...... 84 6.2 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda massa...... 86 6.3 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda profundidade da massa convectiva.. 88

6.4 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo log(RHK0 )...... 89 6.5 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo n´umerode Rossby...... 91 6.6 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao...... 92 6.7 Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa...... 94 6.8 Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda profundidade da MZC...... 95 6.9 Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aodo ´ındicede cor (B-V)...... 96 6.10 Evolu¸c˜aoda atividade cromosf´erica...... 98 6.11 Evolu¸c˜aodo l´ıtio...... 99 6.12 Evolu¸c˜aodo l´ıtio...... 101 6.13 Evolu¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao...... 103

7.1 Espectros do Sol (kurucz) e da estrela KOI106...... 105 7.2 Espectros do Sol (kurucz) e da estrela KOI106 na regi˜aodo l´ıtio...... 107 7.3 Abundˆanciade l´ıtiopara a estrela KOI106...... 108 7.4 Distribui¸c˜aoda A(Li) para as estrelas an´alogassolares da base do Kepler . 109

7.5 A(Li) como uma fun¸c˜aode Teff para as an´alogassolares do Kepler.... 110

7.6 Histograma do Prot para as an´alogassolares da nossa base do Kepler ... 111

7.7 A(Li) como uma fun¸c˜aodo Prot para as an´alogassolares do Kepler..... 112

viii Lista de Tabelas

1.1 Caracter´ısticasb´asicasdo interior solar...... 6 1.2 Caracter´ısticasb´asicasdo exterior solar...... 8

2.1 Famosas gˆemeassolares...... 15

3.1 Instrumentos para espectroscopia...... 27

4.1 Abundˆanciaqu´ımicasolar...... 40

9.1 Parˆametrosestelares referente as estrelas do tipo solar, base do BCool... 150 9.2 Parˆametrosestelares referente as 88 estrelas gˆemeassolares...... 157 9.3 Parˆametrosestelares referente as 20 an´alogassolares da base K epler.... 160

ix Conte´udo

Agradecimentosi

Resumo iii

Abstract v

Lista de Figuras viii

Lista de Tabelas ix

Conte´udo xii

1 Introdu¸c˜ao1 1.1 A estrutura solar nos dias de hoje...... 3 1.1.1 O interior solar...... 3 1.1.2 As camadas atmosf´ericasdo Sol...... 5

2 Estrelas an´alogase gˆemeas 10 2.1 Existe realmente uma estrela gˆemeado Sol?...... 11 2.2 Por que estudar as gˆemeassolares?...... 16 2.3 Por que existem t˜aopoucas gˆemeassolares?...... 18 2.4 Descri¸c˜aode algumas gˆemeassolares...... 20 2.4.1 18 Sco...... 20 2.4.2 HIP 56948...... 21 2.4.3 16 Cyg B...... 22 2.4.4 CoRoT Sol 1...... 22 2.4.5 HIP 102152...... 23

3 Espectroscopia de alta resolu¸c˜ao 24 3.1 Precis˜aonos parˆametrosatmosf´ericose abundˆanciasqu´ımicas...... 24 3.2 O espectro estelar como uma poderosa ferramenta...... 25

x CONTEUDO´

3.2.1 A escolha do espectr´ografo...... 26 3.2.2 Resolu¸c˜aoespectral...... 26 3.2.3 Taxa de sinal ru´ıdo...... 28 3.2.4 Perfil da linha...... 28 3.3 O SPIRou e a espectroscopia no infravermelho...... 30

4 Dados observacionais e Aspectos te´oricos 32 4.1 Base de dados...... 32 4.2 ParˆametrosF´ısicosFundamentais...... 33 4.2.1 Temperatura efetiva de uma estrela...... 33 4.2.2 Luminosidade estelar...... 35 4.2.3 Gravidade superficial - log(g)...... 36 4.2.4 Abundˆanciasqu´ımicas...... 38 4.2.5 Velocidade de microturbulˆencia...... 39 4.2.6 Massa estelar e Massa da Zona Convectiva...... 39 4.2.7 ´Indice de atividade cromosf´ericae Per´ıodo de rota¸c˜ao...... 43 4.2.8 (B - V) e n´umerode Rossby...... 47 4.2.9 Abundˆanciade L´ıtio...... 49 4.2.10 Idade estelar...... 51 4.3 O c´odigode evolu¸c˜aoestelar - TGEC...... 54

5 Resultados e discuss˜oespara as estrelas do BCool 57 5.1 Projeto BCool...... 57 5.2 Base de dados do BCool...... 59

5.3 Determina¸c˜aode Bl para as estrelas do tipo solar do BCool...... 61 5.3.1 LSD - (Least Square Deconvolution)...... 63

5.4 An´alisede Bl em fun¸c˜aodos parˆametrosestelares...... 64

5.4.1 Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa, A(Li) e Bl ...... 64 5.4.2 Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtio...... 66

5.5 Campo magn´eticolongitudinal (Bl) como fun¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtio.. 70

5.6 Campo magn´eticolongitudinal (Bl) como fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao.. 74

5.7 Campo magn´eticolongitudinal (Bl) como fun¸c˜aoda idade estelar..... 75

6 Resultados e Discuss˜oespara as gˆemeassolares 82 6.1 An´alisedo l´ıtio...... 82 6.1.1 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜ao da massa...... 84 6.1.2 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜ao da profundidade da MZC..... 85 6.1.3 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜ao da atividade cromosf´erica..... 87 6.1.4 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜ao do n´umero de Rossby...... 90 6.1.5 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜ao do per´ıdode rota¸c˜ao...... 90

xi CONTEUDO´

6.2 An´alisedo per´ıodo de rota¸c˜ao...... 92

6.2.1 Prot como fun¸c˜aoda massa e da MZC...... 93

6.2.2 Prot como fun¸c˜aodo ´ındicede cor - girocronologia...... 94 6.3 An´aliseda idade estelar...... 97 6.3.1 Idade estelar como fun¸c˜ao da atividade cromosf´erica...... 97 6.3.2 Idade estelar como fun¸c˜ao da abundˆanciade l´ıtio...... 99 6.3.3 Idade estelar como fun¸c˜ao do n´umero de Rossby...... 100 6.3.4 Idade estelar como fun¸c˜ao do per´ıodo de rota¸c˜ao...... 101

7 Resultados e discuss˜oespara as an´alogassolares do Kepler 104 7.1 An´alogassolares do Kepler ...... 105 7.2 An´aliseda abundˆanciade l´ıtioem fun¸c˜aodos parˆametrosestelares..... 106 7.2.1 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda temperatura efetiva...... 107 7.3 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao...... 108

8 Conclus˜oese Perspectivas 113 8.1 Conclus˜oes...... 113 8.2 Perspectivas...... 116

9 Publica¸c˜oes 118

Referˆenciasbibliogr´aficas 124

ApˆendiceA - estrelas do tipo solar do BCool 140

ApˆendiceB - estrelas gˆemeassolares do HARPS 151

ApˆendiceC - an´alogassolares do Kepler 158

ApˆendiceD - Coeficiente de correla¸c˜aode Spearman 161

xii Cap´ıtulo 1 Introdu¸c˜ao

“The ultimate answer to life, the uni- verse and everything is: 42!”

Douglas Adams

Para muitas culturas antigas, o Sol era adorado como uma divindade e suas carac- ter´ısticasdivinas perduraram por milhares de anos. Ele desempenhava e desempenha um papel fundamental para todas as formas de vida sobre a Terra e sua observa¸c˜ao´e provavelmente uma das mais antigas atividades sistem´aticas realizada pela humanidade. Acredita-se que o grego Anax´agorasfoi o primeiro a contestar a natureza divina da nossa estrela. A partir de suas observa¸c˜oesele concluiu que o Sol era simplesmente uma rocha incandescente e inflamada devido ao seu movimento. Portanto, ele removeu a ideia de divindade do Sol e o transformou em algo material, capaz de ser estudado. De maneira geral, o Sol ´edefinido fisicamente como uma estrela an˜ade pouca massa e tipo espectral G2V. No entanto, existem diversas raz˜oesque o tornam importante para a astronomia e astrof´ısicaem geral. Uma dessas raz˜oes´ea sua proximidade da Terra, pois como sabemos, o Sol ´ea ´unicaestrela cuja estrutura e camadas superficiais podem ser observadas e estudadas diretamente, possibilitando dessa maneira testar diversas te- orias astrof´ısicasde grande relevˆancia. Entre outras, podemos citar a compreens˜aodos processos de fus˜aonuclear e mistura no interior estelar. O desenvolvimento dessa teoria forneceu informa¸c˜oespara a determina¸c˜aocorreta da idade do Sol e consequentemente para uma compreens˜aogeral sobre a evolu¸c˜aodas estrelas. Outra raz˜aoimportante para estudar o Sol consiste no fato de que ele influencia diretamente o clima terrestre em di-

1 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ AO˜ ferentes escalas de tempo, proporcionando eventos que impressionam leigos e astrˆonomos profissionais. O Sol ´ea nossa estrela padr˜aoe a ´unicaestrela que apresenta os parˆametros f´ısicos fundamentais muito bem estabelecidos (respeitando as barras de erros estabelecidas pelos m´etodos observacionais). Fisicamente isto se traduz nos seguintes parˆametrosfundamen- tais: temperatura efetiva, Teff = 5777 ± 10K,(Smalley, 2005), acelera¸c˜aoda gravidade logg = 4, 4374 ± 0, 0005 dex,(Gray, 2005), ´ındice de cor B − V = 0, 656, metalicidade

[F e/H] = 0, 0 ± 0, 02 dex, per´ıodo de rota¸c˜ao, Prot = 26, 09 dias, (Donahue et al., 1996) e idade de 4,56 bilh˜oesde anos (Soderblom, 2015). Mostraremos nos pr´oximoscap´ıtulosque esses parˆametross˜aoadotados como referˆencias na busca por estrelas an´alogase gˆemeas ao Sol (Cayrel de Strobel, 1996; Cayrel de Strobel & Bentolila, 1989; Cayrel de Strobel et al., 1981; Hardorp, 1978). Do ponto de vista de uma estrela, o Sol pode ser analisado classicamente a partir de duas abordagens distintas, uma global e outra local. A primeira estuda o Sol do ponto de vista da estrutura e evolu¸c˜aoestelar considerando-o como uma fonte de energia radiante e que mant´emsuas propriedades praticamente constantes por milh˜oesde anos. Essas caracter´ısticaso transformam numa estrela padr˜aopara o estudo de todas as outras estrelas com processos evolutivos semelhantes. J´aa outra linha se preocupa em entender o Sol a partir da sua dinˆamicalocal, isto ´e,o Sol ´einvestigado a partir da sua variabilidade espacial e temporal, com ˆenfasepara um estudo detalhado das suas camadas superiores. Nesse ponto merece destaque o estudo e a observa¸c˜aodas manchas, proeminˆencias e flares solares. Estes fenˆomenoss˜aode grande importˆanciapara uma melhor compreens˜aodos aspectos local e, de certo modo, global da nossa estrela. Desta forma, adotando o Sol como referˆencia,uma modeliza¸c˜aocapaz de descrever a dinˆamicae evolu¸c˜aode outros objetos deve incluir naturalmente ambos os aspectos, lo- cal e global. A partir disso surgem quest˜oesfundamentais tais como: Ser´aque existem outras estrelas iguais ao Sol, uma gˆemea solar perfeita? Quais mecanismos controlam a atividade magn´eticado Sol e das estrelas do tipo-solar? Ser´acomum a existˆenciade planetas iguais ao nosso em qualquer tipo de estrela? Ou ainda, ser´aa Terra o ´unico lugar capaz de abrigar atividade biol´ogica?Acreditamos que as poss´ıveis respostas para essas perguntas devem ter como v´ınculocomum a identifica¸c˜aoprecisa de estrelas com as mesmas caracter´ısticasdo Sol. De acordo com o trabalho de Cayrel de Strobel(1996), as estrelas podem ser agrupadas

2 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ AO˜ em trˆesdiferentes classes, dependendo do seu n´ıvel de semelhan¸cacom o Sol. Assim, estes autores definem que as estrelas podem ser rotuladas como estrelas do tipo solar (Solar- type ou Solar-like), an´alogassolares (solar analogues) ou gˆemeassolares reais (real solar twins). Outras terminologias tamb´empodem ser encontradas na literatura, como por exemplo, irm˜ado Sol (solar sibling) e, recentemente, s´osiasolar e gˆemeas´ısmicado Sol. No pr´oximocap´ıtulo,definiremos melhor esta nomeclatura e abordaremos alguns desses termos. De maneira geral, o nosso trabalho baseia-se em amostras observacionais de alta re- solu¸c˜aoe com elevada rela¸c˜aosinal-ru´ıdo de estrelas do tipo-solar, an´alogase gˆemeas solares. Ao longo deste estudo, faremos uma investiga¸c˜aodetalhada das principais propri- edades estruturais e evolutivas dessas estrelas. Para isso, iniciaremos com a identifica¸c˜ao dessas amostras em fun¸c˜aodo Sol, partindo de um s´olidoconhecimento da estrutura e dos parˆametrossolares observados. Nas pr´oximassec¸c˜oes,faremos uma breve revis˜aodas principais caracter´ısticas do Sol.

1.1 A estrutura solar nos dias de hoje

A estabilidade da estrutura solar (observada em larga escala) ´euma consequˆenciado equil´ıbriohidrost´atico,isto significa que, tomando o Sol como um corpo esf´erico,um dado elemento de volume no interior solar encontra-se em equil´ıbriomecˆanicosob a a¸c˜aodas for¸casgravitacional e de press˜ao. Esse equil´ıbrioseguir´acom o Sol durante toda a sua permanˆenciana sequˆenciaprincipal. Partindo dessa condi¸c˜aode estabilidade, podemos dividir, em geral, a estrutura do Sol e das estrelas de pouca massa (M ∼ 1 M ) nos seguintes elementos: interior e atmosfera, onde essa divis˜aoobedece a dire¸c˜aoda regi˜ao mais interna para a mais externa.

1.1.1 O interior solar

Historicamente o Sol ´edividido em duas partes, o interior e a atmosfera. Em rela¸c˜aoa parte mais interna do Sol, com exce¸c˜aodos neutrinos, n˜aoh´amecanismos observacionais diretos que proporcionem algum conhecimento sobre essa regi˜ao.Assim, para uma melhor compreens˜aoacerca do interior solar, precisamos recorrer a considera¸c˜oeste´oricase isso ´e feito atrav´esda modeliza¸c˜ao,onde tais modelos devem obedecer todas as leis f´ısicas,como

3 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ AO˜

Figura 1.1: Diagrama esquem´atico do interior solar, apresentando o n´ucleo (core), a zona radiativa (radiative zone), a tacoclina (tachocline) e a zona convectiva (convective zone). Figura adaptada de Claudio Vita-Finzi (2008). por exemplo, a lei de conserva¸c˜aoda massa e do momento angular, al´emde descrever o balan¸coe o transporte de energia. Ressaltando que todo modelo te´oricodeve ser testado criticamente, para que possa reproduzir de maneira confi´avel os fenˆomenosobservados. Uma vez que o Sol apresenta os melhores e os mais abundantes dados observacionais, frequentemente passa por diversos testes, tornando-se naturalmente a estrela de referˆencia para qualquer estudo estelar (Stix, 2004), al´emde fundamentar os modelos estelares. No quarto cap´ıtulo(se¸c˜ao4.3) iremos descrever de maneira mais detalhada os modelos utilizados no nosso estudo. Voltando para a parte interior, ela ainda pode ser segregada nas seguintes camadas, come¸candono centro da estrela e seguindo em dire¸c˜ao`asuperf´ıcie:

• N´ucleo:Regi˜aoonde as rea¸c˜oesde fus˜aonuclear acontecem. E´ nessa regi˜aoonde ocorre a transmuta¸c˜aodo hidrogˆenio(H) em h´elio(He). Esse processo ´edescrito pela cadeia p-p (pr´oton-pr´oton) e ciclo CNO (ambos encontram-se detalhados em

4 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ AO˜

Stix(2004)). Como o Sol ´econstitu´ıdoprincipalmente de H e He estima-se que o seu combust´ıvel nuclear o alimentar´apor 1010 anos. A temperatura no n´ucleo ´eda ordem de 1, 5 × 107K e o seu raio ´eestimado em 0,25 R (Stix, 2004).

• Zona radiativa: Nessa regi˜ao a energia produzida no n´ucleo´etransportada para fora da estrela por meio da emiss˜aode f´otonse outras part´ıculas. Nela os ´atomos de H e He est˜aocompletamente ionizados. Estima-se que o f´otondemora entre 1, 7 × 105 − 1, 7 × 107 anos para sair do interior da estrela e atingir a superf´ıcie (Mitalas & Sills, 1992).

• Tacoclina: Interface de transi¸c˜ao entre dois regimes de rota¸c˜aodistintos: rota¸c˜ao diferencial no envelope convectivo e rota¸c˜aouniforme na zona radiativa (Miesch, 2005). De acordo com os modelos solares e invers˜oeshelios´ısmicas,essa faixa de transi¸c˜ao´en´ıtidae ocorre pr´oxima `abase da zona convectiva (Miesch, 2005). O estudo da tacoclina ´ede grande interesse para a astrof´ısicamoderna e, dentre as v´ariasraz˜oespara o seu estudo, destacamos a sua importˆanciana compreens˜aodo d´ınamosolar e consequentemente no campo magn´etico,que tem origem nessa regi˜ao.

• Zona convectiva: Nessa camada a energia ´etransportada at´ea superf´ıcieatrav´es da convec¸c˜ao. Dentro dessa regi˜aoa temperatura cai rapidamente e permite a forma¸c˜aode ´atomosde H e He nˆeutros.Aqui, o plasma ´etransportado por correntes de convec¸c˜aoe atinge a superf´ıcieestelar onde encontra temperaturas relativamente mais frias e tende a descer novamente dando continuidade a dinˆamicado movimento convectivo (Stix, 2004). O movimento convectivo ´ea base da mistura dos elementos qu´ımicos. Na tabela 1.1 apresentamos os parˆametrosb´asicosdessas camadas. J´a na figura 1.1 podemos observar esquematicamente a estrutura das camadas internas do Sol. Essa divis˜ao´ev´alidapara todas as estrelas de pouca massa, definidas aqui como estrela de massa M ∼ 1 M .

1.1.2 As camadas atmosf´ericasdo Sol

A atmosfera solar ´econstitu´ıdabasicamente de trˆesregi˜oesprincipais, a fotosfera, a cromosfera e a coroa. De maneira geral, a atmosfera de uma estrela corresponde a regi˜aode transi¸c˜aoentre o seu interior e o meio interestelar. Podemos quantificar essa

5 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ AO˜

Regi˜ao Extens˜aoem R Temperatura [K] Densidade [g/cm3]

N´ucleo 0 − 0, 25 1, 5 × 107 − 7, 0 × 106 150 − 20 Zona radiativa 0, 25 − 0, 70 7, 0 × 106 − 2, 0 × 105 20 − 0, 2 Tacoclina − − −− − − −− − − −− 6 3 Zona convectiva 0, 70 − 1, 0 2, 0 × 10 − 7, 0 × 10 0, 2 − 1/10000ρatm

Tabela 1.1: Caracter´ısticas b´asicas das principais regi˜oesdo interior solar. situa¸c˜aoanalisando as altera¸c˜oesna temperatura cin´eticam´ediaem fun¸c˜aoda varia¸c˜ao da latitude, observardo na figura 1.3. Tamb´em´enessa regi˜aoque o plasma solar sofre uma grande transforma¸c˜ao,passando da condi¸c˜aode opaco para completamente transparente `aluz vis´ıvel, a aproximadamente 300 km da “superf´ıcie”(Yang et al., 2009), esta ´euma caracter´ısticada profundidade ´opticadessa regi˜ao. Nessa se¸c˜ao,de maneira simplificada, iremos fazer uma breve an´alisedas subcamadas constituintes da atmosfera solar (figura 1.2):

• Fotosfera: E´ uma camada de aproximadamente 400 km de espessura e onde mais de 90% da radia¸c˜aosolar ´eemitida especificamente no v´ısivel. Esta camada ´e frequentemente referida como a superf´ıciesolar, apesar do conceito de superf´ıcie ser vago nesse contexto. E´ nessa camada onde tamb´emse localizam os padr˜oes granulares.

• Cromosfera: Acima da fotosfera temos a regi˜aodenominada de cromosfera, nela a temperatura aumenta de aproximadamente 4.500 K na base para valores da ordem de 104K − 105K no topo. Essa regi˜aopode ser observada durante um eclipse so-

lar. Ela apresenta uma cor avermelhada devido a presen¸cada linha de Balmer Hα (comprimento de onda em 656,2 nm) no espectro solar.

• Coroa: Essa ´ea regi˜ao mais externa do Sol. Ela ´et˜aoquente que tanto os ´atomos de H e He quanto os de C, N e O encontram-se altamente ionizados. Aqui os indica- dores de elementos pesados como ferro e c´alciotamb´emest˜aoaltamente ionizados e contribuem para a forma¸c˜aodas linhas de emiss˜oescoronais. A coroa e a cromosfera n˜aopodem ser observadas sob condi¸c˜oesnormais por causa do fraco brilho que elas emitem em rela¸c˜ao`afotosfera. Algumas das principais caracter´ısticascoronais, de-

6 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ AO˜

Figura 1.2: Diagrama esquem´atico das camadas externas do Sol: fotosfera (photosphere), cromosfera inferior e superior (cromosphere lower and upper) e coroa (corona). Para cada uma dessas regi˜oes´emostrada a sua temperatura m´ediaem graus Celsius (Copyright ESA).

vido as influˆenciasdo campo magn´etico,s˜ao:loops coronais, flares solares e buracos coronais. Na tabela 1.2 apresentamos algumas das propriedades f´ısicasfundamen- tais dessas camadas, e na figura 1.3 mostramos o comportamento da temperatura solar em fun¸c˜ao de quatro regi˜oes:fotosfera, cromosfera, regi˜aode transi¸c˜aoe coroa.

De todos os constituintes da atmosfera descritos acima, a fotosfera ´ea principal res- pons´avel pela forma¸c˜aoespectral na regi˜aodo vis´ıvel. Desse modo, estudar o espectro na regi˜aodo vis´ıvel, significa essencialmente investigar a fotosfera da estrela. Em linhas gerais, o nosso trabalho se preocupa em investigar as estrelas do tipo solar, gˆemease an´alogasdo ponto de vista da espectroscopia e espectropolarimetria, tendo o Sol, sempre, como estrela de referˆencia. Ao longo deste trabalho, analisamos principalmente a correla¸c˜aoentre a abundˆanciade l´ıtio,per´ıodo de rota¸c˜ao,campo magn´eticoe idade des- sas estrelas comparando-as com o Sol. Dentre os v´ariosresultados obtidos, destacamos as an´alisescomparativas entre o per´ıodo de rota¸c˜aocromosf´ericoe fotom´etrico.A partir des-

7 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ AO˜

Camada Extens˜ao Temperatura [K] Densidade [g/cm3]

7 Fotosfera ∼ 400 km 7000 − 4500 ∼ 10− 3 4 5 12 Cromosfera ∼ 10 km 10 − 10 10− 6 6 17 Coroa ∼ 10 km 10 10−

Tabela 1.2: Caracter´ısticas b´asicas das principais regi˜oesda atmosfera solar.

Figura 1.3: Comportamento da temperatura em fun¸c˜aoda altura na atmosfera solar. Nessa figura se destacam a banda G e as linhas de CaII H, que s˜aoemitidas na baixa fotosfera e baixa cromosfera, respectivamente. Na regi˜aode transi¸c˜aoentre a cromosfera e a coroa ocorrem as emiss˜oesde He II. Na regi˜aoda coroa se destacam as linhas de ferro altamente excitadas. Figura de Yang et al.(2009). sas an´alisesfomos capazes de concluir que, dependendo do tipo de estrela e da qualidade dos dados espectrais, podemos utilizar o per´ıodo de rota¸c˜aocromosf´ericocomo uma boa aproxima¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aoverdadeiro, derivado da modula¸c˜aofotom´etrica.Al´em disso, salientamos que as idades estelares obtidas por is´ocronase girocronologia divergem

8 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ AO˜ consideravelmente quando os objetos s˜aomais velhos que o Sol. Isso mostra a delicadeza em falar de idade no ˆambito da astrof´ısica.Os nossos resultados tamb´emmostraram que o Sol se comporta como uma estrela tipicamente magn´eticaquando comparada com outras estrelas gˆemease an´alogas,e apresenta um campo magn´eticoglobal estimado em 0,5 G. A organiza¸c˜aodesta tese obedece a seguinte ordem: No segundo cap´ıtulo,iremos apre- sentar uma vis˜aogeral e atualizada das estrelas an´alogas e gˆemeasdo Sol, assim como a motiva¸c˜aopara este estudo. No terceiro cap´ıtulo, faremos uma descri¸c˜aoda espec- troscopia utilizada e dos respectivos instrumentos. No quarto cap´ıtuloapresentaremos o conjunto de estrelas, parˆametrosestelares e o c´odigode evolu¸c˜aoestelar (TGEC) utiliza- dos neste estudo. No quinto, sexto e s´etimocap´ıtulomostraremos os principais resultados e discuss˜oespara cada uma das amostras analisadas ao longo desse trabalho, por fim, no oitavo cap´ıtulo,apresentaremos as nossas conclus˜oes e perspectivas.

9 Cap´ıtulo 2 Estrelas an´alogase gˆemeas solares

“Simplicity is the ultimate sophistica- tion.”

Leonardo da Vinci

Atualmente estima-se que deve existir em nossa gal´axia1 entre 100 a 400 bilh˜oesde estrelas, e que a Via L´actea´eapenas mais uma entre uma centena de bilh˜oesde outras gal´axiasno Universo. Essa imensa quantidade de objetos abre espa¸copara uma “fauna” estelar bastante diversificada, como podemos ver ilustrado na figura 2.1. Nesse contexto, ´eposs´ıvel encontrar desde objetos muito pequenos como, por exemplo, a estrela Sirius B com apenas 0, 00874 R (Holberg et al., 1998) at´eoutros objetos muito grandes, da ordem de 1.500 vezes o raio solar, como ´eo caso da estrela V Y Canis Majoris (com ≈ 1.420 ± 120 R )(Wittkowski et al., 2012). Nesta mesma linha, se analisarmos do ponto de vista da massa, podemos encontrar objetos com aproximadamente 0,08 M at´e estrelas com mais de 200 vezes a massa do Sol como ´eo caso da estrela W olf − Rayet (com massa M ≈ 265M )(Crowther et al., 2010), isto ´eum efeito direto dos processos turbulentos. Embora a escala de massa estelar seja bastante ampla, de alguma forma o Universo favorece a ocorrˆenciade estrelas de menor massa em rela¸c˜aoas estrelas mais massivas (Datson et al., 2015). Como um exemplo local, estima-se que a maioria das estrelas pertencentes a Via L´acteatˆemmassa significantemente menor que o Sol. As estrelas do tipo solar (an˜asamarelas de tipo espectral G) representam apenas 1% de todas as estrelas da nossa gal´axiacomo destaca Datson et al.(2015).

1 http://asd.gsfc.nasa.gov/blueshift/index.php/2015/07/22/how-many-stars-in-the-milky-way/

10 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ

Figura 2.1: Diagrama esquem´atico comparando o tamanho de diversos corpos celestes. A cor de cada objeto est´aassociada com a sua temperatura m´edia.As estrelas s˜aocompara- das em rela¸c˜aoao Sol, enquanto os planetas adotam como referˆenciao tamanho da Terra. Figura extra´ıdade http://martinsilvertant.deviantart.com/art/Star-sizes-181957027.

Neste estudo, buscamos investigar esse conjunto especial de 1% de estrelas similares ao nosso Sol, que podem ser classificadas como estrelas do tipo-solar, an´alogasou gˆemeas solares. Para isso, procuramos compreender o comportamento evolutivo dessas estrelas a partir dos parˆametrosf´ısicosfundamentais e outros parˆametrosimportantes tais como abundˆancia,rota¸c˜aoe atividade.

2.1 Existe realmente uma estrela gˆemeado Sol?

A busca por uma estrela com as mesmas caracter´ısticasdo Sol, uma genu´ına“gˆemea solar real”, come¸coude fato com o trabalho de Cayrel de Strobel et al.(1981). No entanto, durante o per´ıodo de 1970-1980 v´ariospesquisadores j´autilizavam diferentes t´ecnicas

11 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ na busca de poss´ıveis candidatas ao posto de estrela gˆemeasolar. Dentre as t´ecnicas, podemos destacar as observa¸c˜oesfotom´etricascom diferentes ´ındices de cor, realizadas e discutidas por Golay et al.(1977), Altamore et al.(1990); Neckel(1986a,b); Olsen(1984); Taylor(1994a,b) e as observa¸c˜oesespectrofotom´etricascom o pioneirismo de Johannes Hardorp (Hardorp, 1978, 1980a,b; Hardorp & Giacconi, 1981). Outros autores tamb´em se destacaram nas primeiras observa¸c˜oes,an´alisese discuss˜oessobre as poss´ıveis estrelas do tipo solar, por exemplo, Cayrel de Strobel et al.(1981); Edvardsson et al.(1993); Friel et al.(1993) e Pasquini et al.(1994). O aprimoramento tecnol´ogicojuntamente com a evolu¸c˜aodas t´ecnicasde investiga¸c˜ao contribu´ırampara se estabelecer os parˆametrosm´ınimosde identifica¸c˜aode uma gˆemea solar (Cayrel de Strobel, 1996) e mais recentemente de uma s´osiasolar. Diante dessa evolu¸c˜aona classifica¸c˜ao, podemos definir as diversas classes de estrelas semelhantes ao Sol como:

• Estrela do tipo solar corresponde ao termo menos rigoroso neste sistema de classifica¸c˜ao. Ele abrange uma grande quantidade de estrelas de diversos tipos espectrais que se assemelham ao Sol em massa e est´agioevolutivo. De acordo com Cayrel de Strobel(1996) e Neckel(1986a), essas estrelas devem apresentar ´ındice de cor (B-V) entre 0,48 e 0,80. Soderblom(1985) defende que o termo estrela do tipo solar corresponde as estrelas com tipo espectral entre F8V e K2V, possuindo assim ´ındice(B-V) entre 0,50 e 1,00, e que compartilhem as mesmas propriedades cinem´aticas.

• Estrelas an´alogassolares correspondem a um subconjunto das estrelas do tipo solar e s˜aoobjetos bem similares ao nosso Sol. Para se enquadrar nessa categoria, a estrela n˜aodeve ter evolu´ıdo,ou apenas ter iniciado o seu processo de evolu¸c˜ao (caso das estrelas de Popula¸c˜aoI2), al´emdo mais, ela deve apresentar temperatura efetiva, metalicidade e propriedades cinem´aticasn˜aomuito diferentes daquelas apresentadas pelo Sol (Cayrel de Strobel, 1996).

• Estrelas gˆemeassolares s˜aoestrelas que devem ser espectroscopicamente e foto- metricamente indist´ınguiveis em rela¸c˜aoao Sol. Isto significa que a estrela gˆemea deve apresentar todos os parˆametrosf´ısicosfundamentais (temperatura efetiva, lu-

2Estrelas jovens com metalicidade solar (ou ricas em metais) e localizadas na regi˜aodo disco da gal´axia.

12 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ

minosidade, gravidade, metalicidade), al´emda massa, composi¸c˜aoqu´ımica,rota¸c˜ao, idade, dentre outras grandezas, praticamente iguais ao valores solares (Cayrel de Strobel, 1996). Historicamente as idades nunca foram utilizadas como parˆametro fundamental na identifica¸c˜aodas gˆemeassolares. Isso se deve principalmente a grande dificuldade em estim´a-laprecisamente (Soderblom, 2010).

• Sibling solar s˜aoestrelas que nasceram juntamente com o Sol a partir da mesma nuvem molecular. Essas estrelas devem ter a mesma idade e a mesma composi¸c˜ao qu´ımica,por´emelas n˜aoprecisam ser do tipo-solar em rela¸c˜aoaos parˆametros fun- damentais (Ram´ırezet al., 2014a).

• O termo s´osiasolar surge como uma alternativa `aexpress˜aogˆemeasolar, uma vez que essas estrelas podem ser idˆenticas ao Sol, por´em,elas n˜aoapresentam necessa- riamente a mesma idade (Castro et al., 2017 em “comunica¸c˜aoprivada”).

Cayrel de Strobel e seus colaboradores se mantiveram fi´eisao seu sistema de classi- fica¸c˜aoe nunca publicaram um trabalho afirmando ter encontrado a gˆemeasolar real, eles sempre se referiam `assuas estrelas analisadas como quase gˆemeas,tal como, as estrelas 16 Cyg B (HD 186427) e HD 44594 (Cayrel de Strobel, 1990). A dificuldade em descobrir uma gˆemeaperfeita fez com que Cayrel de Strobel e sua equipe redefinissem o termo gˆemeasolar. A partir desse momento, uma estrela teria esse r´otulose possuisse todos os parˆametrosf´ısicosfundamentais muito similares, mas n˜aonecessariamente idˆenticos ao Sol. As defini¸c˜oesintroduzidas por Cayrel de Strobel & Bentolila(1989) auxiliaram outros pesquisadores na busca por uma estrela idˆentica ao Sol, no entanto, cada pesquisador utiliza essas defini¸c˜oescom diferentes n´ıveis de rigor, como ´eo caso de Friel et al.(1993). Esse autor define que uma estrela ser´adenominada de gˆemea solar se os seus parˆametros f´ısicos(derivados da observa¸c˜ao)forem idˆenticos aos valores solares dentro do limite do erro observacional (que ´etamb´emum parˆametrodinˆamico).Al´emdisso, ele defende que a estrela analisada tamb´emdeve estar num est´agioevolutivo similar ao Sol, embora, a determina¸c˜aoprecisa desse estado evolutivo n˜aoseja uma tarefa f´acil. Baseado nos fundamentos de Cayrel de Strobel & Bentolila(1989), os brasileiros Porto de Mello & da Silva(1997) anunciaram a primeira estrela que melhor se aproximava do conceito de gˆemeasolar, definido anteriormente, a estrela 18 Sco (HIP 79672, HD

13 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ

146233). Essa estrela apresentava os seguintes parˆametrosatmosf´ericosem rela¸c˜aoao

3 Sol : ∆Teff = 12 ± 30K, ∆logg = 0, 05 ± 0, 12 dex, ∆log(L/L ) = 0, 05 ± 0, 02 dex e

∆[F e/H] = 0, 05±0, 06 dex (Porto de Mello & da Silva, 1997). A partir dessa descoberta, eles levantaram o seguinte questionamento: “Ser´aque existe realmente uma gˆemeasolar perfeita?” Uma quest˜aoan´alogafoi levantada por Takeda & Tajitsu(2009) “Ser´aposs´ıvel encontrar uma estrela que se assemelha profundamente com o Sol?” Nos ´ultimos15 anos o n´umerode gˆemeasdo Sol aumentou consideravelmente e cada autor tem a sua particularidade na apresenta¸c˜aodas suas poss´ıveis gˆemeas. Assim, de acordo com os parˆametrosf´ısicosfundamentais, Porto de Mello et al.(2000) as define como “extremamente pr´oximas4”. J´a King et al.(2005) utiliza o termo “mais pr´oximade todas5” e Mel´endez& Ram´ırez(2007) cunharam um novo termo, quase solar 6. Mel´endez et al.(2014) ainda utiliza a express˜ao“quase indist´ınguivel 7” para se referir as poss´ıveis gˆemeas. Atualmente, a defini¸c˜aomais utilizada pela comunidade astronˆomicaleva em considera¸c˜aoa semelhan¸caentre os parˆametrosf´ısicosfundamentais e tamb´emos erros decorrentes da observac˜ao(Datson et al., 2015; Porto de Mello et al., 2014; Ram´ırez et al., 2009). A maioria dos trabalhos baseados em espectroscopia utiliza a t´ecnicade compara¸c˜aodireta dos espectros, independentes de modelos. Na tabela 2.1 apresentamos algumas das mais conhecidas gˆemeas solares em rela¸c˜ao ao Sol, para efeito de compara¸c˜aoa nossa estrela se encontra na primeira linha. Podemos perceber que estas estrelas n˜aoobedecem a defini¸c˜aocanˆonicade gˆemea solar estabelecida por Cayrel de Strobel(1996), pois apresentam diferentes idades em rela¸c˜aoao Sol (o c´alculodas idades ´ecarregado de imprecis˜oes).No entanto, essa diferen¸ca na idade nos permite estudar o Sol tanto em ´epocas remotas quanto no futuro (do Nascimento et al., 2013). A figura 2.2 ilustra a cronologia evolutiva do Sol, contendo em um dos seus est´agiosa gˆemea CoRoT Sol 1 (do Nascimento et al., 2013). Esta estrela ´ea primeira gˆemeadescoberta com o aux´ıliode observa¸c˜oesespaciais, al´emde ser uma das ´unicas gˆemeascom per´ıodo de rota¸c˜aodeterminado. A sua descoberta s´ofoi poss´ıvel devido `a utiliza¸c˜aocombinada dos dados do sat´elite CoRoT e caracteriza¸c˜aoespectrosc´opicade alta resolu¸c˜aocom HDS8, localizado no telesc´opiojaponˆesSUBARU, no Hava´ı.

3Na tabela 2.1 ´efeita uma compara¸c˜aoentre alguns parˆametrosdo Sol e de algumas gˆemeassolares. 4Extremely close (Porto de Mello et al., 2000). 5Closest Ever (King et al., 2005). 6Quasi solar (Mel´endez& Ram´ırez, 2007). 7Nearly indistinguishable (Mel´endezet al., 2014). 8Do inglˆesHigh Dispersion Spectrograph.

14 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ

Figura 2.2: Ilustra¸c˜ao da estrela CoRoT Sol 1. Na parte inferior, cronolo- gia da evolu¸c˜ao solar e da estrela gˆemea descoberta. No canto esquerdo, uma representa¸c˜ao do sat´elite CoRoT, respons´avel pela detec¸c˜ao. Figura extra´ıda de http://astro.dfte.ufrn.br/corottwin.html.

Gˆemeasolar ∆Teff ∆logg ∆log[L/L ] ∆[F e/H] Age Ref.

[K] [dex] [dex] Giga anos Sol 5777 4, 44 0, 0 0, 0 4,57 AsP09 18 Sco 12 ± 30 0, 05 ± 0, 12 0, 05 ± 0, 02 0, 05 ± 0, 06 3,8 PdM97 HIP 56948 17 ± 07 0, 02 ± 0, 02 0, 014 ± 0, 051 0, 02 ± 0, 01 3,52 JM07 16 Cyg B −17 ± 20 −0, 09 ± 0, 07 0, 28 ± 0, 02 0, 02 ± 0, 04 7,1 PdM97,JM12 CoRoT Sol 1 45 ± 20 0, 13 ± 0, 04 0, 05 ± 0, 02 0, 09 ± 0, 02 6,7 JD13 HIP 102152 54 ± 05 0, 09 ± 0, 02 0, 05 ± 0, 02 0, 05 ± 0, 06 8,2 TWM13

Tabela 2.1: Algumas das mais famosas gˆemeas solares. Na s´etimacoluna, apresentamos as respectivas referˆenciaspara os dados de cada uma dessas estrelas: PdM97 (Porto de Mello & da Silva, 1997), AsP09 (Asplund et al., 2009), JM07 (Mel´endez& Ram´ırez, 2007), JD13 (do Nascimento et al., 2013) e TWM13 (Monroe et al., 2013).

15 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ 2.2 Por que estudar as gˆemeassolares?

Existem diversas raz˜oespara estudar as estrelas gˆemeassolares. A mais b´asicadelas ´ea necessidade de se obter estrelas de referˆencia.Nesse sentido, Casagrande et al.(2010) utilizou uma amostra de gˆemeassolares para calibrar uma nova escala de temperatura a partir do m´etodo de fluxo no infravermelho. Outro motivo para se estudar estrelas gˆemeas consiste na possibilidade de comparar a composi¸c˜aoqu´ımica do Sol com a de outras estrelas e a partir disso sondar se o Sol apresenta alguma anormalia na sua composi¸c˜ao (Nissen, 2015; Ram´ırezet al., 2009). Apesar de ainda n˜aoser confirmado, as gˆemeas solares s˜aocandidatas naturais a abrigar sistemas planet´ariossimilares ao nosso, isso se o processo de forma¸c˜aoplanet´ariaestiver relacionada com massa da estrela. A poss´ıvel existˆenciadesses sistemas nos leva a crer que a descoberta de algum tipo de atividade biol´ogicapode ser confirmada em algum planeta (ou sat´elite)em torno de uma gˆemea solar. As gˆemeassolares tamb´empodem fornecer detalhes importantes sobre o local e o processo de forma¸c˜aoda nossa estrela na Via L´actea,visto que tais objetos podem ter se formado a partir das mesmas condi¸c˜oesiniciais e provavelmente a partir de uma mesma nuvem molecular (Mahdi et al., 2016). De maneira geral as estrelas do tipo solar, em particular, as an´alogase gˆemeassolares, nos proporcionam uma oportunidade ´unicapara compreender nossa estrela a partir de uma perspectiva da evolu¸c˜aoestelar comparativa. Uma consequˆencianatural disso ´ea possibilidade de inferir como os sistemas planet´arios(assim como o nosso) podem ser afetados pela evolu¸c˜aoda sua estrela central. A figura 2.3 ilustra de maneira simplificada a evolu¸c˜aode uma estrela semelhante ao Sol, nela est´aindicado as possi¸c˜oesde algumas das mais conhecidas gˆemeassolares. Em outra linha, Ram´ırez et al.(2014b) defende que o estudo das gˆemeassolares nos ajuda a compreender o processo de forma¸c˜aoplanet´aria,al´emde fornecer pistas de uma poss´ıvel correla¸c˜aoentre a abundˆanciade alguns elementos das gˆemeashospedeiras e os poss´ıveis planetas formados. A partir desse trabalho os autores chegaram `asseguintes conclus˜oese resultados:

• Foi detectada uma deficiˆenciade 0,1 dex nos elementos refrat´arios9 em rela¸c˜aoaos

9Elementos refrat´arioss˜aomateriais capazes de suportar altas temperaturas. Eles s˜aoabundantes em meteoritos e em planetas rochosos, como a Terra. Um dos principais constituientes dessa classe ´eo silicato.

16 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ

Figura 2.3: Representa¸c˜ao cronol´ogica da evolu¸c˜ao de uma estrela do tipo solar, destacando as gˆemeas solares mais conhecidas. Figura extra´ıda de http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2013/08/gemea-mais-velha.

elementos vol´ateis10 quando comparamos o Sol com as estrelas gˆemeas(Mel´endez et al., 2009; Ram´ırezet al., 2009, 2010). A descoberta dessa deficiˆenciainduz a uma poss´ıvel assinatura caracter´ısticado processo de forma¸c˜aode planetas rochosos (Gonz´alezHern´andezet al., 2010, 2013; Mel´endezet al., 2012; Schuler et al., 2011b).

• Ram´ırezet al.(2014b) obtiveram uma diferen¸caquase constante de 0,04 dex na abundˆanciaqu´ımicadas estrelas do sistema bin´ario16 Cyg A e B (Laws & Gonzalez, 2001), (Ram´ırezet al., 2011) e (Tucci Maia et al., 2014). Estima-se que uma das raz˜oespara essa discrepˆanciapode estar vinculada a presen¸cade um planeta gigante orbitando a estrela secund´aria do sistema e a ausˆencia de planetas (at´eo momento) na estrela prim´aria(Schuler et al., 2011a).

• O sistema bin´ario16 Cyg A e B tamb´emapresenta uma diferen¸cade aproxima- damente 0.015 dex em rela¸c˜aoaos elementos refrat´arios,apresentando ainda uma tendˆenciana temperatura de condensa¸c˜ao,atribu´ıda possivelmente a acre¸c˜aodo n´ucleorochoso do planeta 16 Cyg Bb (Tucci Maia et al., 2014).

10Elementos vol´ateiss˜aosubstˆanciasque tem facilidade de passar do estado l´ıquidoao estado de vapor ou gasoso, como por exemplo, ´agua,nitrogˆenio,hidrogˆenio,metano, dentre outros.

17 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ 2.3 Por que existem t˜aopoucas gˆemeassolares?

A descoberta de uma estrela rigorosamente com as mesmas caracter´ısticasdo Sol deve passar tanto pela an´aliseda fotometria quanto da espectroscopia. Ap´osessa etapa, a estrela investigada deve apresentar todos os parˆametrosf´ısicosfundamentais praticamente iguais aos do Sol, al´em,se poss´ıvel, de ter um per´ıodo de rota¸c˜aode aproximadamente 27 dias (Barnes, 2010), uma idade em torno de 4,5 bilh˜oesde anos (Monroe et al., 2013) e um campo magn´eticoglobal da ordem de 1 gauss (Babcock & Babcock, 1955; Hale, 1908). A dificuldade de medir alguns desses parˆametrostornou a descoberta de uma genu´ına gˆemeasolar (Cayrel de Strobel et al., 1981) um grande desafio da astrof´ısicamoderna. Por exemplo, um dos m´etodos mais utilizados para determinar o per´ıodo de rota¸c˜ao´e baseado na observa¸c˜aoe an´aliseda varia¸c˜aodo seu brilho, causado na grande maioria das vezes por uma mancha que cruza o disco estelar. Sendo assim, o per´ıodo de rota¸c˜ao de uma estrela pode ser calculado a partir do tempo que a mancha leva para voltar ao mesmo ponto durante um ciclo. O per´ıodo de rota¸c˜aotamb´empode ser inferido a partir da observa¸c˜aodas linhas de Ca II e log(RHK0 ). Praticamente todas as gˆemeas possuem ciclo de atividade magn´eticae per´ıodo de rota¸c˜aodesconhecidos, com exce¸c˜aode 18 Sco e CoRoT Sol 1. Nestes casos, a influˆencia da mancha sobre o brilho total da estrela ´e´ınfima,tipicamente da ordem de 1% ou menos do seu brilho total. Com o aux´ıliodos sat´elites CoRoT (Baglin et al., 2006) e Kepler (Borucki et al., 2010) tornou-se poss´ıvel detectar essa pequena interferˆenciacausada pelas manchas e assim determinar com precis˜aoo per´ıodo de rota¸c˜aodas estrelas, como ilustra a figura 2.4. Este procedimento foi adotado na determina¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aoda estrela CoRoT Sol 1. O sat´elite Kepler foi fundamental para do Nascimento et al.(2013) determinar a taxa de rota¸c˜aode 22 estrelas do tipo solar. Eles obtiveram um per´ıodo de rota¸c˜aom´ediode 21 dias, que ´erelativamente pr´oximoao per´ıodo m´ediode 25 dias na regi˜aoequatorial da nossa estrela. Esse resultado refor¸caa necessidade de um per´ıodo bem determinado como v´ınculona classifica¸c˜aode uma estrela como gˆemeasolar. A idade de uma estrela ´e,juntamente com sua massa e composi¸c˜aoqu´ımica,um dos parˆametrosmais importantes para a investiga¸c˜aodo processo de evolu¸c˜aode uma estrela e de sistemas estelares (aglomerados ou gal´axias).Por´em,diferentemente da massa e da composi¸c˜aoqu´ımica,n˜aoexistem m´etodos diretos para calcular a idade de uma estrela que n˜aoseja o Sol. Para estimar a idade de uma estrela precisamos seguir uma hierarquia

18 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ

Figura 2.4: Representa¸c˜aogr´afica da determina¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aode uma estrela a partir do sat´eliteKepler. Os gr´aficos relacionam o fluxo normalizado como uma fun¸c˜ao do tempo (em unidade de dias terrestre). Na parte superior ´eposs´ıvelobservar o perfil de uma curva de luz para um objeto com idade em torno de 5 bilh˜oesde anos, nos outros o perfil representa uma estrela com idade da ordem de 1 bilh˜aode anos e 100 milh˜oesde anos, respectivamente. Figura extra´ıdade http://astro.dfte.ufrn.br/keplertwin.html. de t´ecnicas(Jeffries, 2014), que podem ser classificadas como semi-fundamental, modelo dependente, emp´ıricae estat´ıstica(Soderblom, 2010). Voltaremos a quest˜aoda idade com mais profundidade no quarto e sexto cap´ıtulosdesta tese. A determina¸c˜aoconfi´avel do per´ıodo de rota¸c˜aode uma estrela e da sua idade ´euma tarefa ´ardua. Um dos motivos dessa dificuldade consiste no fato de que a maioria das estrelas parecem ser imut´aveis por muitos bilh˜oesde anos, assim como o Sol. A partir disso, podemos nos perguntar: Como estimar com precis˜aoa verdadeira idade de uma estrela al´emdo Sol? Uma luz nessa dire¸c˜aoparece vir da rota¸c˜ao das estrelas, como descreve Meibom et al.(2015). Antes de relacionar a idade de uma estrela com a sua rota¸c˜ao,a ´unicamaneira de

19 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ obter algum grau de confian¸cana determina¸c˜aoda idade estelar era atrav´esdo estudo dos aglomerados. Os aglomerados estelares s˜aogrupos de estrelas que se formaram pra- ticamente ao mesmo tempo e a partir da mesma nuvem molecular, possuindo assim, as mesmas caracter´ısticas.No entanto, para os objetos al´emdos aglomerados, como ´eo caso das gˆemeassolares, a situa¸c˜ao´emuito complicada. Sendo assim, Søren Meibom e seus colaboradores utilizaram os aglomerados como calibradores e determinaram a taxa de rota¸c˜aopara as estrelas do aglomerado NGC 6811 (Meibom et al., 2015). Eles conclu´ıram que, se a rela¸c˜aoentre a rota¸c˜aoestelar e a idade se mostrar verdadeira para as estrelas dos aglomerados, ´eposs´ıvel estender essa rela¸c˜aotamb´empara as estrelas do campo. Por- tanto, a partir do conhecimento do per´ıodo de rota¸c˜aodessas estrelas, torna-se poss´ıvel inferir a sua idade. Esta t´ecnicaficou conhecida como girocronologia (Barnes, 2003) e foi calibrada somente para objetos pertencentes a sequˆenciaprincipal e de pouca massa. Logo, a descoberta da rela¸c˜aoentre o comportamento evolutivo de uma estrela e a sua rota¸c˜aoparece promissora na dif´ıciltarefa de determinar de maneira confi´avel a idade de uma estrela.

2.4 Descri¸c˜aode algumas gˆemeassolares

Nesse ponto, descreveremos um pouco sobre as estrelas 18 Sco, HIP 56948, 16 Cyg B, CoRoT Sol 1 e HIP 102152, que s˜aoalgumas das mais conhecidas gˆemeasdo Sol. Na tabela 2.1 podemos encontrar alguns dos principais parˆametrospara estas estrelas: temperatura efetiva, gravidade superficial, luminosidade, abundˆanciade ferro e idades, com as respectivas referˆencias.

2.4.1 18 Sco

A estrela 18 Scorpii (18 Sco ou HIP 79672) foi a primeira estrela com perfil de gˆemea do Sol. Ela foi classificada como gˆemeaem 1997 pelos pesquisadores brasileiros Porto de Mello & da Silva(1997) e passou mais de uma d´ecadanesse posto. Desde o momento da sua descoberta at´ea fase atual, 18 Sco tem sido analisada constantemente. Mel´endez et al.(2014) fizeram um mapeamento dos seus elementos qu´ımicos,inclusive os refrat´arios e condensantes. Li et al.(2012) utilizaram dados asteros´ısmicospara redeterminar os seus parˆametrosatmosf´ericos, concluindo que 18 Sco ´euma gˆemeasolar levemente mais

20 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ massiva e mais jovem do que o Sol. Bazot et al.(2012) realizaram uma estimativa das frequˆenciass´ısmicasde modo-p para esta estrela. Eles tamb´emredeterminaram a partir da asterosismologia e interferometria os parˆametrosmassa (M = 1,01 ± 0,03 M ) e raio

(R = 1,010 ± 0,009 R ), e obtiveram que 18 Sco ´elevemente maior e mais massiva do que a nossa estrela (Bazot et al., 2011). Do ponto de vista da atividade cromosf´erica, Hall et al.(2007) investigaram o ciclo de atividade de 18 Sco, concluindo que ela tem uma varia¸c˜aono seu brilho semelhante `ado Sol. Quando levamos em conta o seu ciclo de atividade cromosf´erica,encontra-se algo em torno de 7 anos. Embora quase todos os parˆametrosf´ısicosestejam dentro da margem de erro observacional para uma estrela gˆemeasolar, 18 Sco apresenta valores significantemente mais elevado de abundˆanciade l´ıtioque o Sol (Carlos et al., 2016; Porto de Mello & da Silva, 1997). Este valor elevado na abundˆanciade l´ıtiopode estar associado `asua idade, visto que ela ´emais nova que a nossa estrela. Isso refor¸caa ideia de que o l´ıtiopode ser um indicador da idade estelar, apesar de sua intr´ınsecacomplexidade frente aos mecanismos de misturas no interior estelar e dependˆenciacom a massa, que ser˜aoexplorados nos pr´oximoscap´ıtulos.

2.4.2 HIP 56948

Em 2012, a estrela HIP 56948 (HD 101364) quebrou a hegemonia da estrela 18 Sco. Ela foi anunciada por Mel´endezet al.(2012) como a mais not´avel gˆemeado Sol. Essa estrela possui todos os parˆametrosatmosf´ericossemelhantes ao Sol, dentro do erro obser- vacional previsto. Embora apresente uma abundˆanciade l´ıtiolevemente mais elevada do que o Sol, ela ´eda ordem de um giga-ano mais jovem do que a nossa estrela. Mais uma vez, l´ıtioe idade parecem caminhar lado a lado, como descrito por Skumanich(1972). HIP 56948 deixou de ser a irm˜agˆemeaperfeita do Sol devido a uma an´alisedos ele- mentos refrat´arios. Essa an´aliserevelou que o Sol apresenta aproximadamente 0,01 dex de deple¸c˜aodesses elementos em compara¸c˜aocom essa estrela (Mel´endezet al., 2012). Esses autores defendem que essa discrepˆanciapode estar associada com a existˆenciade um sistema planet´ariosemelhante ao nosso. Esta ´ea motiva¸c˜aopara uma caracteriza¸c˜ao espectrosc´opica acurada de estrelas com planetas rochosos (Mel´endez& Ram´ırez, 2007).

21 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ

2.4.3 16 Cyg B

A estrela 16 Cyg B ´euma das componentes do sistema bin´ariovisual 16 Cygni. Por apresentar um espectro praticamente indist´ınguivel ao do Sol, essa estrela fez parte dos objetos selecionados por Hardorp(1978) como poss´ıvel gˆemeasolar. Embora apresente temperatura efetiva, metalicidade e composi¸c˜aoqu´ımicarelativamente pr´oxima ao valor solar, ela apresenta gravidade superficial inferior a da nossa estrela, implicando ser um objeto mais evolu´ıdo,ou seja, mais velha e/ou mais massiva que o Sol (Cayrel de Strobel, 1996). Um fato interessante sobre essa estrela ´eque ela apresenta uma abundˆanciade l´ıtioda ordem de 4,5 vezes menor do que a sua companheira 16 Cyg A (Schuler et al., 2011a), e ambas s˜aodepletadas em rela¸c˜aoao valor meteor´ıticodo sistema solar, 3,26 ± 0,05 (Asplund et al., 2009). A estrela 16 Cyg A apresenta uma abundˆanciade l´ıtio de 1,27 dex, j´a16 Cyg B possui uma abundˆanciade 0,6 dex King et al.(1997), essa discrepˆanciana A(Li) entre as duas estrelas n˜aoencontra justificativa no modelo estelar padr˜ao,uma vez que esse modelo defende a deple¸c˜aode l´ıtiocomo fun¸c˜aoda idade, da massa e da composi¸c˜aoqu´ımica(Schuler et al., 2011a). Como 16 Cyg B apresenta um planeta gigante em seu entorno, alguns pesquisadores argumentam que a deple¸c˜aodo l´ıtio pode estar associada `aforma¸c˜aoplanet´aria(Cochran et al., 1997) e (King et al., 1997), justificando assim a divergˆencia de valores entre as duas companheiras. Atualmente n˜ao existe um consenso sobre a influˆenciaplanet´ariana abundˆanciade l´ıtioestelar e 16 Cyg segue sem uma explica¸c˜aoconvincente sobre a sua abundˆancia.

2.4.4 CoRoT Sol 1

A estrela CoRoT Sol 1 foi identificada como a gˆemeasolar mais distante dentro da nossa Gal´axia(do Nascimento et al., 2013). Ela apresenta os mesmos parˆametrosat- mosf´ericose composi¸c˜aoqu´ımica,dentro do erro observacional previsto. Ela ainda possui um per´ıodo de rota¸c˜aoem torno de 30 dias. O que diverge da nossa estrela ´ea sua idade, pois CoRoT Sol 1 apresenta uma idade de cerca de 6,7 bilh˜oesde anos, ou seja, dois bilh˜oes a mais que a nossa estrela (do Nascimento et al., 2013). A sua abundˆanciafotosf´ericade l´ıtio´ede 0,85 dex, menor que a abundˆanciasolar A(Li)=1,07 dex (Asplund et al., 2009). Ela tamb´emapresenta uma leve discrepˆanciana abundˆancia dos elementos refrat´ariosem compara¸c˜aocom o Sol. De maneira geral, essa estrela reflete como ser´ao futuro do Sol, sendo assim, a partir do seu estudo, poderemos tentar prever o que acontecer´acom nossa

22 CAP´ITULO 2. ESTRELAS ANALOGAS´ E GEMEASˆ estrela daqui a cerca de dois bilh˜oesde anos.

2.4.5 HIP 102152

A estrela HIP 102152 (HD 197027) foi anunciada como a gˆemea solar mais velha identificada at´eo momento (Monroe et al., 2013). Ela apresenta praticamente os mesmos valores atmosf´ericose de composi¸c˜aoqu´ımica do Sol, divergindo apenas na idade. A estrela HIP 102152 ´ecerca de quatro bilh˜oesde anos mais velha que a nossa estrela (Monroe et al., 2013). Essa discrepˆanciana idade abre caminho para uma investiga¸c˜ao sobre o futuro da nossa estrela e naturalmente sobre o futuro da Terra. Como essa estrela tamb´emapresenta uma abundˆanciade l´ıtioinferior `ado Sol, ou seja, quanto mais velha menos l´ıtio,somos tentandos a acreditar que o l´ıtiopode realmente ser considerado um indicador razo´avel da idade das estrelas, apesar de existir uma certa dispers˜aoainda n˜ao compreendida na abundˆanciade l´ıtiopara estrelas com a mesma idade. O resultado da investiga¸c˜aosobre a dispers˜aode l´ıtioe outros parˆametros,tais como, massa, rota¸c˜aoe metalicidade para estrelas de aglomerados abertos (M67) corresponde a uma de nossas publica¸c˜oes(Castro et al., 2016) e ser´aabordado nos pr´oximoscap´ıtulos.

23 Cap´ıtulo 3 Espectroscopia de alta resolu¸c˜ao

“We will never know how to study by any means the chemical composition of stars, or their mineralogical structure.”

Auguste Comte

A assinatura espectral de uma estrela nos fornece diversas informa¸c˜oessobre as suas propriedades f´ısicas,dentre estas, destacamos a temperatura efetiva (Teff ), gravidade su- perficial (logg) e composi¸c˜aoqu´ımica, parˆametrosmais acess´ıveis e fundamentais para a caracteriza¸c˜aoestelar. Uma das formas de acessar essas informa¸c˜oes´eatrav´esda espectroscopia, que juntamente com a teoria da radia¸c˜aofornecem as bases para uma investiga¸c˜aoquantitativa dos espectros estelares e da radia¸c˜aoemitida. Ao longo deste trabalho, lidamos com dados espectrosc´opicosde diferentes instrumen- tos. Utilizamos dados do NARVAL, ESPaDOnS, HARPS e HERMES, que ser´adetalhado nos pr´oximoscap´ıtulos. Neste ponto nos dedicaremos brevemente aos aspectos envolvidos na t´ecnicada espectroscopia, apresentando de maneira geral algumas caracter´ısticasdos espectros, de acordo com a sua resolu¸c˜aoe taxa de sinal ru´ıdo.

3.1 Precis˜aonos parˆametrosatmosf´ericose abundˆancias qu´ımicas

A determina¸c˜aoprecisa da temperatura efetiva, gravidade superficial e composi¸c˜ao qu´ımicade uma estrela ´ede extrema importˆanciapara o seu processo de caracteriza¸c˜ao.

24 CAP´ITULO 3. ESPECTROSCOPIA DE ALTA RESOLUC¸ AO˜

Em geral, as estrelas s˜aodescritas de acordo com sua massa, luminosidade, raio, idade, composi¸c˜aoqu´ımica, momentum angular, campo magn´etico,dentre outros parˆametros (Niemczura et al., 2014). No entanto, a observa¸c˜aodireta de muito desses parˆametros ´epraticamente imposs´ıvel e, portanto, outros mecanismos devem ser utilizados para que possamos inferi-los. Desse modo, a Teff e logg tornam-se parˆametrosfundamentais neste contexto, visto que fornecem informa¸c˜oessobre as condi¸c˜oesf´ısicasda atmosfera estelar, e tamb´emest˜aorelacionados com a massa, luminosidade e raio da estrela, como veremos nos pr´oximoscap´ıtulos. A seguir, apresentaremos algumas situa¸c˜oescuja necessidade de elevada precis˜aonos parˆametrosatmosf´ericos,abundˆanciaqu´ımicae velocidade de rota¸c˜ao projetada (vsini) s˜aoessenciais para a astrof´ısicaestelar.

• A classifica¸c˜aoestelar ´efruto de uma an´aliseespectral detalhada. Como sabemos, em geral, as estrelas s˜aoagrupadas em classes espectrais, que, por sua vez, est˜aoas- sociadas `asua temperatura efetiva e luminosidade. Para a maioria das estrelas, com exce¸c˜aodas estrelas quimicamente peculiares, ter um tipo espectral bem definido ´e

um primeiro indicador dos parˆametros Teff e logg.

• Modelos atmosf´ericosestelares s˜aogovernados e definidos por processos na atmos- fera da estrela. Assim, os parˆametrostemperatura efetiva, gravidade superficial, abundˆanciaqu´ımica,taxa de rota¸c˜aoestelar, microturbulˆencia,dentre outros, de- sempenham importantes fun¸c˜oesna constru¸c˜aodesses modelos. O processo de ca- libra¸c˜aoe aprimoramento desses modelos leva em considera¸c˜aodiversos espectros observados, cujos parˆametrosatmosf´ericosprecisam ser precisos e confi´aveis para estrelas em diversos est´agiosevolutivos.

• A combina¸c˜aoda taxa de rota¸c˜aoestelar com a abundˆancia qu´ımica, ambos deter- minados de maneira rigorosa, nos permite estudar as inomogeneidades superficiais da estrela.

3.2 O espectro estelar como uma poderosa ferramenta

Os espectros de alta resolu¸c˜aos˜aopoderosas ferramentas no processo de caracteriza¸c˜ao das estrelas, pois eles carregam informa¸c˜oessobre a Teff , logg, abundˆanciaqu´ımica, (vsini)

25 CAP´ITULO 3. ESPECTROSCOPIA DE ALTA RESOLUC¸ AO˜ e microturbulˆencia,tais espectros devem ser sempre usados nos primeiros passos da veri- fica¸c˜aodo estado evolutivo de um objeto.

3.2.1 A escolha do espectr´ografo

Diante dos diversos tipos de espectr´ografose das mais variadas especifica¸c˜oesque eles podem conter, devemos ter clareza em rela¸c˜aoao tipo de informa¸c˜aoque pretendemos ex- trair do espectro e, a partir disso, tra¸carquais objetivos cient´ıficosdesejamos alcan¸car.Na maioria dos espectr´ografos podemos destacar algumas especifica¸c˜oesimportantes: o poder de resolu¸c˜aodo instrumento (R), a abrangˆencia do comprimento de onda e a eficiˆencia instrumental. Este ´ultimo, por sua vez, est´arelacionado com a taxa de sinal ru´ıdo1.

3.2.2 Resolu¸c˜ao espectral

O poder resolutor de um espectr´ografoest´aassociado `asua habilidade em distinguir dois comprimentos de onda. De acordo com Moore(2002), um espectro ´econsiderado de alta resolu¸c˜aose todos os detalhes nas suas linhas espectrais podem ser observados. Em linguagem matem´atica,isto significa,

λ c R ≡ ≥ , (3.1) espectr´ografo dλ V onde c representa a velocidade da luz e V ´euma combina¸c˜aodas velocidades t´ermicae de microturbulˆenciados ´atomosque constituem a atmosfera estelar. Para a grande maioria das estrelas a velocidade t´ermicavaria entre 3,0 e 15,0 km/s com microturbulˆenciasituada entre 1,0 at´e7,0 km/s (Moore, 2002). Aplicando a equa¸c˜ao 3.1 para esses parˆametros, obtemos um poder de resolu¸c˜aoentre 20.000 e 120.000. No trabalho de Uytterhoeven(2014), ele define que um espectro estelar apresenta baixa resolu¸c˜aoquando este ´eobservado por um instrumento com R < 5.000. Espectros observados com esse n´ıvel de resolu¸c˜aopodem ser utilizados no processo de classifica¸c˜ao estelar, uma vez que, a partir deles, j´atorna-se poss´ıvel a distin¸c˜aoentre os efeitos da alta e baixa rota¸c˜ao,al´emdisso, essa resolu¸c˜aotamb´empermite a inferˆenciade algumas peculiaridades qu´ımicas.

1Em inglˆessignal-to-noise ratio (SNR ou S/N).

26 CAP´ITULO 3. ESPECTROSCOPIA DE ALTA RESOLUC¸ AO˜

Os espectr´ografoss˜aodenominados de m´ediaresolu¸c˜aoquando o seu poder resolu- tor est´adentro do intervalo de 5.000 < R ≤ 40.000. A partir dessa resolu¸c˜aomuitas estrelas podem ser analisadas espectralmente, desde que, n˜aoapresentem linhas mistura- das (blended). Para o caso das estrelas em r´apidarota¸c˜ao(vsini > 100 km/s), os seus espectros de m´edia-resolu¸c˜aos˜aogeralmente suficientes para an´aliseespectral. No caso dos rotatores lentos, precisamos de uma alta resolu¸c˜ao(R > 40.000) para a realiza¸c˜aode uma an´alisequ´ımicaminuciosa, al´emdisso, nesse n´ıvel de resolu¸c˜ao,podemos derivar os parˆametros Teff , logg, vsini e microturbulˆenciade maneira mais precisa e com elevado grau de confian¸ca.

Espectr´ografo Telesc´opio Observat´orio Resolu¸c˜ao IDS 2,5 m INT ORM (E) 1.400 Multi-object LAMOST Xinglong (CN) 1.000/2.000 B&C 2,12 m OAN-SPM (MX) 2.000 BFOSC 1,5 m Cassini Loiano (I) 5.000 TWIN 3,5 m CAHA (E) 10.000 FRESCO 0,91 m Catania (I) 21.000 ARCES 3,5 m ARC APO (USA) 33.000 HRS 9,2 m HET McDonald (USA) 30.000/60.000 FIES 2,56 m NOT ORM (E) 25.000 /46.000/67.000 Coud´e´echelle 2,0 m Alfred Jensch TLS (D) 35.000/67.000 SOPHIE 1,92 m OHP (F) 46.000 SARG 3,58 m TNG ORM (E) 57.000 SES 2,1 m Otto Struve McDonald (USA) 60.000 CS23 2,7 m Harlan J. Smith McDonald (USA) 60.000 HES 3,0 m Shane Lick (USA) 60.000/100.000 ESPADONS 3,6 m CFHT Mauna Kea (USA) 81.000 NARVAL 2,0 m TBL Pic du Midi (F) 81.000 HERMES 1,2 m Mercator ORM (E) 90.000 HARPS 3,6 m ESO (CH) 120.000 HDS 8,2 m SUBARU (USA) 160.000

Tabela 3.1: Alguns dos principais instrumentos para observa¸c˜oesespectrosc´opicas de estrelas e suas respectivas resolu¸c˜oes.

27 CAP´ITULO 3. ESPECTROSCOPIA DE ALTA RESOLUC¸ AO˜

Obter uma determina¸c˜aoconfi´avel da abundˆanciaqu´ımicae dos parˆametrosespec- trosc´opicosestelares ´euma tarefa que exige a utiliza¸c˜aodos mais modernos e sofisticados equipamentos observacionais. Nesse trabalho, utilizamos os dados espectrosc´opicosde quatro fontes principais, ESPaDOnS@CFHT (R = 81.000), NARVAL@TBL (R = 81.000), HERMES@MERCATOR (R = 90.000) e HARPS@ESO (R = 120.000). Como pode ser consultado na tabela 3.1, al´emdesses, tamb´emapresentamos v´ariosoutros espectr´ografos com seus respectivos telesc´opios,observat´oriose resolu¸c˜oes. Voltaremos a falar sobre os dados desse trabalho nos pr´oximoscap´ıtulos.

3.2.3 Taxa de sinal ru´ıdo

A taxa de sinal ru´ıdoreflete a qualidade do sinal recebido. Ele juntamente com a resolu¸c˜aoespectral s˜aoparˆametrosfundamentais para uma an´aliseespectral detalhada. Para uma boa an´aliseespectrosc´opica, sobretudo para investiga¸c˜aosobre a abundˆanciade l´ıtio,precisamos de um sinal ru´ıdode pelo menos 100-150 (Uytterhoeven, 2014). Assim, quanto maior o valor de SNR, maior deve ser a qualidade dos dados. No entanto, salienta- mos que, para os objetos mais fracos (V > 11), a obten¸c˜aode um espectro com SNR > 100 torna-se impratic´avel quando consideramos telesc´opiosde 1-2 metros de diˆametro.Nesses casos, o ideal ´ea obten¸c˜aoe combina¸c˜aode m´ultiplosespectros, proporcionando desse modo um espectro resultante com elevado valor de sinal ru´ıdo. Abaixo, apresentamos alguns valores t´ıpicos da SNR e suas respectivas utilidades:

• SNR < 5: objeto fracamente detectado, n˜aopodemos afirmar nada.

• SNR ≥ 5: possibilidade real do objeto ter sido detectado.

• SNR ≥ 10: possibilidade de realizar algumas medidas, por´em,torna-se imposs´ıvel determinar a abundˆanciade l´ıtio.

• SNR ≥ 100: a partir desse n´ıvel, as medidas realizadas podem ser consideradas boas ou excelentes. Nesse ponto, podemos detectar at´eestrelas pobres em l´ıtio.

3.2.4 Perfil da linha

O perfil de uma linha espectral relaciona a varia¸c˜aodo fluxo de intensidade como fun¸c˜aodo comprimento de onda, assim, o gr´aficoobtido a partir desses parˆametros´e

28 CAP´ITULO 3. ESPECTROSCOPIA DE ALTA RESOLUC¸ AO˜ denominado de perfil da linha, e corresponde ao ingrediente b´asicoda espectroscopia estelar. Nesse sentido, um profundo conhecimento sobre o perfil da linha reflete, na verdade, as condi¸c˜oesatmosf´ericada estrela, como por exemplo, temperatura efetiva, gravidade superficial, press˜ao,densidade e velocidade das part´ıculas. Frequentemente o perfil observado sofre diversas influˆencias do meio interestelar, tais como, efeito zeeman, alargamento doopler t´ermico,al´emde alargamentos naturais. Em geral, a largura equivalente (LE)2 est´aassociada a uma medida da absor¸c˜aototal da linha em rela¸c˜aoao cont´ınuo. Na pr´atica, a LE ´eamplamente usada para medir a intensidade da linha espectral, que matematicamente corresponde `a:

Z∞ F − F LE = c λ dλ, (3.2) Fc 0 onde, Fc e Fλ representam os fluxos cont´ınuo e num comprimento de onda espec´ıfico,res- pectivamente. A largura equivalente de um espectro real pode ser facilmente determinada fazendo-se uma aproxima¸c˜aodesse espectro por um retˆangulode ´areaigual ao do espectro observado, como podemos observar na figura 3.1. Em sua essˆenciaa largura equivalente ´eutilizada na determina¸c˜ao dos parˆametros estelares e abundˆanciasqu´ımicas. A determina¸c˜aoda largura equivalente pode ser feita de diversas maneiras, dentre os v´ariosmecanismos dispon´ıveis, destacamos o procedimento manual, realizado atrav´esdo c´odigoIRAF3, e o m´etodo automatizado, efetuado com o c´odigoARES (Sousa et al., 2015). No nosso trabalho, fizemos diversos testes entre as determina¸c˜oesmanuais e au- tomatizadas, e a partir disso, optamos por empregar as determina¸c˜oesdo ARES, uma vez que ambos os resultados s˜aocoerentes quando adotamos alguns v´ınculos,como por exemplo, espectro de alta resolu¸c˜aoe bom sinal ru´ıdoem regi˜oesespec´ıficas do espectro. Todo esse procedimento foi adotado, principalmente, na determina¸c˜aodos parˆametros fundamentais e abundˆanciade l´ıtio para as estrelas an´alogassolares do Kepler, como apresentadas no s´etimocap´ıtulo.

2Largura equivalente corresponde `aexpress˜aoem inglˆesequivalent width (EW). 3Do inglˆesImage Reduction and Analysis Facility - http://iraf.noao.edu/

29 CAP´ITULO 3. ESPECTROSCOPIA DE ALTA RESOLUC¸ AO˜

Figura 3.1: Exemplo da determina¸c˜aoda largura equivalente de uma linha de ab- sor¸c˜ao. A ´area do retˆangulo´eidˆentica a ´area do espectro observado. Figura extra´ıda de https://writescience.wordpress.com/tag/spectra.

3.3 O SPIRou e a espectroscopia no infravermelho

O SPIRou (sigla em francˆespara “Le Spectro Polarim`etreInfra Rouge”) ´eum pro- jeto instrumental de colabora¸c˜aointernacional liderado pela Fran¸caque envolve, al´emdo observat´orioCFHT, os seguintes pa´ıses: Canad´a,Su´ı¸ca,Brasil, Taiwan e Portugal. O SPIRou come¸coua ser constru´ıdoem 2014 e sua integra¸c˜aocompleta ser´afeita em 2016 nos laborat´oriosde Toulouse, na Fran¸ca. A primeira luz desse instrumento est´aprogra- mada para o ano de 2017. O Laborat´orioNacional de Astrof´ısica(LNA) ´ea institui¸c˜ao brasileira que gerencia essa parceria e tamb´emaquela que colabora com o desenvolvimento instrumental deste projeto. A equipe cient´ıficabrasileira que participa do projeto SPIRou conta com 8 pesquisadores de 7 institui¸c˜oesbrasileiras. Dentre esses, temos a participa¸c˜ao do professor da UFRN Jos´eDias do Nascimento Jr. O SPIRou ser´aum instrumento inova- dor e com caracter´ısticas´unicas,com potencial para gerar avan¸coscient´ıficosimportantes na explora¸c˜aode exoplanetas, ele tamb´emnos auxiliar´ana investiga¸c˜aoda influˆenciado campo magn´eticosobre o processo de forma¸c˜aode estrelas e planetas. Esse instrumento consiste em um espectro-polar´ımetro de dispers˜aocruzada de alta resolu¸c˜ao(R≈75.000) que cobrir´atoda a regi˜aodo infravermelho pr´oximo,ou seja, comprimentos de onda desde 0,98 at´e2,35 µm, e que ser´ainstalado no telesc´opiode 3,6 m do CFHT. O espectr´ografo, alimentado por fibras ´opticas otimizadas para o infravermelho, ser´ainstalado dentro de uma cˆamaracriogˆenicacom controle t´ermicoe estabilidade da ordem de 1 mili-Kelvin. A

30 CAP´ITULO 3. ESPECTROSCOPIA DE ALTA RESOLUC¸ AO˜ estabilidade do SPIRou juntamente com fontes de calibra¸c˜aosimultˆanea,possibilitar´asua utiliza¸c˜aocomo um veloc´ımetro de alta precis˜ao(≈1 m/s) otimizado para a detec¸c˜aode planetas habit´aveis parecidos com a Terra, em ´orbitade estrelas an˜asvermelhas pr´oximas. O SPIRou no modo polarim´etricoser´atamb´emum instrumento ´unicocapaz de obter es- pectros de polariza¸c˜ao(Stokes Q, U e V) de regi˜oesinternas de forma¸c˜aoestelar, estrelas jovens e sistemas planet´arios em forma¸c˜ao.Ser´asem d´uvidaum importante instrumento para os anos vindouros da astronomia brasileira. Algumas das perspectivas deste trabalho visa a utiliza¸c˜aodeste instrumento.

31 Cap´ıtulo 4 Dados observacionais e Aspectos te´oricos

“Only in the darkness, you are able to see the stars.”

Martin Luther King

Durante o desenvolvimento deste trabalho levamos em considera¸c˜aoos mais recentes avan¸cosno estudo de estrelas an´alogase gˆemeassolares. Isto se traduz no uso de ferra- mentas para a determina¸c˜aodos parˆametrosestelares e seus respectivos erros. Ao longo das pr´oximasse¸c˜oes,iremos descrever o nosso conjunto de dados, al´emde apresentar alguns aspectos te´oricose estat´ısticosenvolvidos na nossa an´alise. Como as estrelas gˆemeassolares representam nosso foco principal, algumas das an´alises estat´ısticasdeste cap´ıtulofazem referˆenciasomente a este tipo de estrela.

4.1 Base de dados

A constru¸c˜aodeste trabalho utiliza em sua essˆenciadiferentes conjuntos de dados observacionais, obtidos a partir de diversos instrumentos e t´ecnicas.De modo geral, nossa base ´econstitu´ıdapor 278 estrelas dividida em trˆesgrupos: 170 estrelas frias do tipo solar provenientes do cat´alogoBCool1; 88 estrelas gˆemeassolares integrantes de surveys com o HARPS (High Accuracy Radial Velocity Planet Search) na busca por planetas; e 20 estrelas an´alogassolares selecionadas a partir do cat´alogo Kepler.

1BCool significa campo magn´eticode estrelas frias.

32 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

As estrelas procedentes do primeiro grupo correspondem ao resultado de uma grande colabora¸c˜aointernacional que se preocupa principalmente em estudar o d´ınamoe os me- canismos de gera¸c˜aodo campo magn´eticonas estrelas frias do tipo solar. Essas estrelas foram observadas com os espectropolar´ımetrosNARVAL (Telesc´opioBernard Lyot - TBL, Fran¸ca)e ESPaDOnS (Telesc´opioCanad´a-Fran¸ca-Hava´ı,Hava´ı)(Marsden et al., 2014). O segundo conjunto de estrelas corresponde a uma sele¸c˜aode 88 gˆemeassolares observadas espectroscopicamente com o HARPS (Observat´orio Europeu do Sul - ESO, Chile) e volta- das para a busca de planetas (Ram´ırezet al., 2014b). O ´ultimo grupo de estrelas ´eo mais recente, sendo constitu´ıdopor 20 estrelas an´alogassolares observadas com o espectr´ografo HERMES (Telesc´opioMERCATOR, nas Ilhas Can´arias, Espanha). Estas estrelas foram selecionadas com objetivo principal de investigarmos a rela¸c˜aoentre rota¸c˜aoe l´ıtio(Beck et al., 2016, submetido.). A descri¸c˜aodos parˆametrosestelares referentes `astrˆesbases ser´afeita nas tabelas TA.1, TB.1 e TC.1 dos apˆendices.

4.2 ParˆametrosF´ısicosFundamentais

A partir deste ponto, discutiremos o significado f´ısicode cada parˆametroe tamb´emos mecanismos de determina¸c˜aode cada um deles, destacando principalmente aqueles que foram utilizados.

4.2.1 Temperatura efetiva de uma estrela

A temperatura efetiva (Teff ) ´ede extrema importˆanciapara a astrof´ısicaestelar. Ela ´eum dos pr´e-requisitos necess´ariospara uma an´alisedetalhada da composi¸c˜aoqu´ımica de qualquer estrela e est´adiretamente associada atrav´esda lei de Stefan-Boltzmann com as propriedades f´ısicasda mesma, como por exemplo, a massa, o raio e a luminosidade. Na literatura existem diversas abordagens de como calcular a temperatura efetiva de uma estrela, seja por meio da fotometria, espectroscopia ou uma combina¸c˜aode ambas. Um dos m´etodos fotom´etricosutiliza as medi¸c˜oesda radia¸c˜aonuma regi˜aodo pseudo- cont´ınuo do espectro, e a partir disso, extrai os ´ındicesde cor e os relacionam com a temperatura (Jordi & Massana, 2008). Outra maneira ´ea calibra¸c˜aoda temperatura efetiva atrav´esdo ´ındicede cor (B-V), ou seja, Teff = Teff (B − V )(Flower, 1996). Ainda

33 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´ na parte fotom´etrica, Blackwell et al.(1979) propˆoso uso da fotometria no infraverme- lho para determinar a temperatura efetiva estelar. Esse procedimento, denominado de m´etodo de fluxo no infravermelho (IRFM - InfraRed Flux Method) e utiliza a raz˜aoen- tre o fluxo bolom´etricoda estrela e o seu fluxo monocrom´aticono comprimento de onda infravermelho espec´ıfico(Jordi & Massana, 2008). A partir disso, a raz˜ao´ecomparada com uma estimativa te´oricaderivada de modelos atmosf´ericose, ent˜ao,obt´em-sea tem- peratura efetiva da estrela. A t´ecnica IRFM foi adotada por diversos autores, merecendo destaque os trabalhos de Alonso et al.(1995) e Casagrande et al.(2010). A espectroscopia emprega a condi¸c˜aode equil´ıbriotermodinˆamicobaseada em procedi- mentos canˆonicospara determina¸c˜aoda temperatura efetiva de uma estrela. Isto significa idealizar uma estrela como um corpo negro - como pode ser visto na sobreposi¸c˜ao dos es- pectros do Sol e do seu respectivo corpo negro na figura 4.1 - e utiliza a fun¸c˜aode Planck (ou distribui¸c˜aode energia do corpo negro) para estimar o valor de sua temperatura. A descri¸c˜aodeste comportamento pode ser feita com base na fun¸c˜aode Planck escrita da forma,

2hν3 1 B (T ) = . (4.1) ν c2 ehν/kT − 1

Integrando esta fun¸c˜ao no ˆangulo s´olidoobserv´avel, teremos:

Z 4 F = πBν(T ) = π Bν(T )dν = σTeff , (4.2)

5 2 4 1 onde σ = 5,67 × 10− erg cm− K− s− ´ea constante de Stefan-Boltzmann. Esse resultado mostra que o fluxo na superf´ıciede uma estrela ´eproporcional a quarta potˆencia da temperatura efetiva da mesma. Sabendo que a luminosidade estelar est´a diretamente relacionada com o seu fluxo superficial. Podemos perceber a existˆenciade uma rela¸c˜aofundamental entre os parˆametrosestelares temperatura efetiva, luminosidade e o raio. E isso se traduz na seguinte express˜aomatem´atica:

Z 2 2 2 4 L = 4πR Fνdν = 4πR F ⇒ L = 4πR σTeff , (4.3)

34 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

Figura 4.1: Compara¸c˜aoentre as curvas de distribui¸c˜aode energia espectral referente a temperatura efetiva do Sol (Teff = 5777K) e o seu respectivo corpo negro. Figura extra´ıda de https://en.wikipedia.org/wiki/Sun. que ´ea equa¸c˜aode Stefan-Boltzmann aplicada a um corpo negro.

4.2.2 Luminosidade estelar

A luminosidade de uma estrela pode ser interpretada como a quantidade total de energia emitida por sua superf´ıcie,a cada segundo, em todas as dire¸c˜oese em todos os comprimentos de onda. A luminosidade reflete uma caracter´ısticaintr´ınsecada estrela e n˜aodepende de suas propriedades cinem´aticase nem de sua localiza¸c˜ao. Podemos estimar o seu valor atrav´esdo c´alculo da quantidade de energia que ela emite por unidade de tempo em todas as dire¸c˜oes. A luminosidade est´arelacionada com a magnitude bolom´etrica,e essa, por sua vez, se relaciona com a magnitude visual (ou aparente, que ´efun¸c˜aoda distˆancia)e com o fator de corre¸c˜aobolom´etrico. Juntando a isso as medidas de paralaxe (π) fornecidas pelo sat´eliteHIPPARCOS (ESA, 1997) e atualizados por van Leeuwen(2007), podemos

35 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´ expressar a luminosidade como fun¸c˜aode todos esses parˆametros:

Mbol − Mbol = −2, 5log(L/L ), (4.4)

adotando o valor de 4,74 para a magnitude bolom´etricasolar, como descrito por Bessell et al.(1998), podemos ainda reescrever a express˜aoacima como:

4, 74 − M log(L/L ) = bol . (4.5) 2, 5

Para o caso em que os parˆametrosfundamentais, temperatura efetiva, massa e gravi- dade superficial s˜aobem estabelecidos, podemos determinar a luminosidade diretamente em fun¸c˜aodesses parˆametros, como descrito por Mel´endezet al.(2012):

log(L/L ) = log(M/M ) − (logg − logg ) + 4log(Teff /Teff ). (4.6)

Na figura 4.2, podemos observar o histograma da distribui¸c˜aodas luminosidades, de- terminadas a partir da equa¸c˜aoacima, para as 88 gˆemeassolares. E´ poss´ıvel perceber que a maioria das estrelas est˜aodistribu´ıdassobre o valor solar, linha tracejada em vermelho. As estrelas com luminosidade maior que 0,2 dex, podem ser levemente mais evolu´ıdasdo que o Sol.

4.2.3 Gravidade superficial - log(g)

Em linhas gerais, a gravidade superficial de uma estrela (log g) controla a press˜aona atmosfera estelar e afeta o grau de ioniza¸c˜aodos ´atomos. Existem diversos mecanismos para investigar `ainfluˆenciada gravidade superficial sobre a estrela. No contexto da espectroscopia, podemos determinar este parˆametroatrav´esde uma an´alisedas linhas de Balmer do hidrogˆenio,como descrito por exemplo em LeBlanc(2010). Outro m´etodo para determina¸c˜aodesse parˆametro´eatrav´esda investiga¸c˜aode bin´ariasespectrosc´opicas eclipsantes, como descrito por Torres et al.(2010). A t´ecnicado trˆansitoplanet´arioe asterosismologia tamb´emproporcionam meios de determinar o log g (Verner et al., 2011).

36 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

20

15

10

5

0 -0.1 0 0.1 0.2 0.3

Figura 4.2: Histograma da distribui¸c˜aode luminosidade para as 88 estrelas gˆemeas solares observadas com o HARPS (large program - 188.C-0265, (Ram´ırez et al., 2014b)). A linha tracejada em vermelho corresponde ao valor solar.

Para o caso em que a massa e o raio estelar (em unidades solares) s˜aobem estabelecidos, podemos derivar a gravidade superficial de uma estrela atrav´esda rela¸c˜ao:

M g = g , (4.7) R2 ou, em escala logar´ıtmica,

37 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

logg = logg + logM − 2logR −→ logg = 4, 437 + logM − 2logR. (4.8)

4.2.4 Abundˆanciasqu´ımicas

Para as estrelas do tipo solar, na regi˜aoda sequˆenciaprincipal, a abundˆanciaqu´ımica reflete entre outras coisas a metalicidade da estrela referente `asua ´epoca e local de forma¸c˜ao,uma vez que a estrela de pouca massa - nesse est´agioevolutivo - n˜aocon- segue transportar o plasma das regi˜oesmais internas para as mais externas. Desse modo, o espectro estelar ir´aapresentar uma assinatura da metalicidade correspondente `a´epoca e local de nascimento da estrela. A exce¸c˜aoacontece para os elementos leves l´ıtio,ber´ılio e boro. O termo metalicidade ´eutilizado, no contexto da astronomia, para descrever os ele- mentos mais pesados que o h´elio(Moore, 2002). Assim, a metalicidade estelar, denotada por Z, ´ea fra¸c˜aode massa combinada de todos os elementos mais pesados que o h´elio. A fra¸c˜aode massa associada ao hidrogˆenioe h´elio´erepresentada por X e Y, respectiva- mente. Assim, abundˆanciaqu´ımica de uma estrela pode ser expressa matematicamente por:

X + Y + Z = 1, (4.9) de acordo com Asplund et al.(2009), a composi¸c˜aoqu´ımicasolar vale X = 0,7381, Y = 0,2485 e Z = 0,0134, respectivamente. Para o caso de uma estrela qualquer, podemos expressar sua abundˆanciacomo fun¸c˜aoda abundˆanciasolar, para isso adotamos uma escala astronˆomicapadr˜aodo tipo logar´ıtmica. Nesta escala a abundˆancia de hidrogˆenio ´edefinida como:

  NX logH = log + 12 −→ logH = 12, 00, (4.10) NH aqui, os termos NX e NH representam as densidades (n´umero de ´atomospor unidade de volume) dos elementos X e H. Assim, a abundˆanciaqu´ımicade um determinado elemento

38 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´ em rela¸c˜aoao Sol ´edefinida da seguinte maneira:

N  N  [X/H] = log X − log X . (4.11) NH ? NH

Quando analisamos a abundˆancia de elementos mais pesados que o h´elioem rela¸c˜aoao H, a express˜aoanterior se torna:

F e F e [F e/H] = log − log . (4.12) H ? H

Na tabela 4.1, apresentamos os valores das abundˆanciasqu´ımicaspara a fotosfera solar e meteoritos, como publicadas em Asplund et al.(2009).

4.2.5 Velocidade de microturbulˆencia

A linha espectral pode sofrer uma amplia¸c˜aoconsider´avel devido `ainfluˆencia do campo de velocidades na fotosfera estelar. Nos modelos atmosf´ericosunidimensionais, esses cam- pos de velocidades s˜aorepresentados pela microturbulˆencia(υmicro) e macroturbulˆencia

(υmacro)(Doyle et al., 2014). O significado f´ısicode microturbulˆenciaest´aassociado ao movimento turbulento (em pequena escala) dentro da atmosfera estelar, nessa regi˜aoa dimens˜aode cada “c´elula”microturbulenta ´epequena quando comparada com a profun- didade ´opticaunit´aria(Gray, 2005). Diferentemente de υmacro, υmicro depende sistema- ticamente da temperatura efetiva da estrela, proporcionando assim altera¸c˜oesna largura equivalente (EW) da linha espectral (Doyle et al., 2014).

4.2.6 Massa estelar e Massa da Zona Convectiva

O teorema de Russell-Vogt afirma que para uma estrela em equil´ıbriot´ermico e hi- drost´atico,a sua estrutura pode ser determinada pelo conhecimento da sua massa e com- posi¸c˜aoqu´ımica. Em outras palavras, esse teorema afirma que ´eposs´ıvel obter todos os parˆametrosfundamentais desde que a massa e a composi¸c˜aoqu´ımicaestelar sejam conhecidas previamente (Kaehler, 1978). Embora muitos contra exemplos tenham surgido para mostrar as fragilidades desse te-

39 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

Z Elemento Fotosfera Meteorito Z Elemento Fotosfera Meteorito 1 H 12, 00 8, 22 0, 04 44 Ru 1, 75 0, 08 1, 76 0, 03 ± ± ± 2 He [10, 93 0, 01] 1, 29 45 Rh 0, 91 0, 10 1, 06 0, 04 ± ± ± 3 Li 1, 05 0, 10 3, 26 0, 05 46 Pd 1, 57 0, 10 1, 65 0, 02 ± ± ± ± 4 Be 1, 38 0, 09 1, 30 0, 03 47 Ag 0, 94 0, 10 1, 20 0, 02 ± ± ± ± 5 B 2, 70 0, 20 2, 79 0, 04 48 Cd 1, 71 0, 03 ± ± ± 6 C 8, 43 0, 05 7, 39 0, 04 49 In 0, 80 0, 20 0, 76 0, 03 ± ± ± ± 7 N 7, 83 0, 05 6, 26 0, 06 50 Sn 2, 04 0, 10 2, 07 0, 06 ± ± ± ± 8 O 8, 69 0, 05 8, 40 0, 04 51 Sb 1, 01 0, 06 ± ± ± 9 F 4, 56 0, 30 4, 42 0, 06 52 Te 2, 18 0, 03 ± ± ± 10 Ne [7, 93 0, 10] 1, 12 53 I 1, 55 0, 08 ± − ± 11 Na 6, 24 0, 04 6, 27 0, 02 54 Xe [2, 24 0, 06] 1, 95 ± ± ± − 12 Mg 7, 60 0, 04 7, 53 0, 01 55 Cs 1, 08 0, 02 ± ± ± 13 Al 6, 45 0, 03 6, 43 0, 01 56 Ba 2, 18 0, 09 2, 18 0, 03 ± ± ± ± 14 Si 7, 51 0, 03 7, 51 0, 01 57 La 1, 10 0, 04 1, 17 0, 02 ± ± ± ± 15 P 5, 41 0, 03 5, 43 0, 04 58 Ce 1, 58 0, 04 1, 58 0, 02 ± ± ± ± 16 S 7, 12 0, 03 7, 15 0, 02 59 Pr 0, 72 0, 04 0, 76 0, 03 ± ± ± ± 17 Cl 5, 50 0, 30 5, 23 0, 06 60 Nd 1, 42 0, 04 1, 45 0, 02 ± ± ± ± 18 Ar [6, 40 0, 13] 0, 50 62 Sm 0, 96 0, 04 0, 94 0, 02 ± − ± ± 19 K 5, 03 0, 09 5, 08 0, 02 63 Eu 0, 52 0, 04 0, 51 0, 02 ± ± ± ± 20 Ca 6, 34 0, 04 6, 29 0, 02 64 Gd 1, 07 0, 04 1, 05 0, 02 ± ± ± ± 21 Sc 3, 15 0, 04 3, 05 0, 02 65 Tb 0, 30 0, 10 0, 32 0, 03 ± ± ± ± 22 Ti 4, 95 0, 05 4, 91 0, 03 66 Dy 1, 10 0, 04 1, 13 0, 02 ± ± ± ± 23 V 3, 93 0, 08 3, 96 0, 02 67 Ho 0, 48 0, 11 0, 47 0, 03 ± ± ± ± 24 Cr 5, 64 0, 04 5, 64 0, 01 68 Er 0, 92 0, 05 0, 92 0, 02 ± ± ± ± 25 Mn 5, 43 0, 05 5, 48 0, 01 69 Tm 0, 10 0, 04 0, 12 0, 03 ± ± ± ± 26 Fe 7, 50 0, 04 7, 45 0, 01 70 Yb 0, 84 0, 11 0, 92 0, 02 ± ± ± ± 27 Co 4, 99 0, 07 4, 87 0, 01 71 Lu 0, 10 0, 09 0, 09 0, 02 ± ± ± ± 28 Ni 6, 22 0, 04 6, 20 0, 01 72 Hf 0, 85 0, 04 0, 71 0, 02 ± ± ± ± 29 Cu 4, 19 0, 04 4, 25 0, 04 73 Ta -0, 12 0, 04 ± ± ± 30 Zn 4, 56 0, 05 4, 63 0, 04 74 W 0, 85 0, 12 0, 65 0, 04 ± ± ± ± 31 Ga 3, 04 0, 09 3, 08 0, 02 75 Re 0, 26 0, 04 ± ± ± 32 Ge 3, 65 0, 10 3, 58 0, 04 76 Os 1, 40 0, 08 1, 35 0, 03 ± ± ± ± 33 As 2, 30 0, 04 77 Ir 1, 38 0, 07 1, 32 0, 02 ± ± ± 34 Se 3, 34 0, 03 78 Pt 1, 62 0, 03 ± ± 35 Br 2, 54 0, 06 79 Au 0, 92 0, 10 0, 80 0, 04 ± ± ± 36 Kr [3, 25 0, 06] 2, 27 80 Hg 1, 17 0, 08 ± − ± 37 Rb 2, 52 0, 10 2, 36 0, 03 81 Tl 0, 90 0, 20 0, 77 0, 03 ± ± ± ± 38 Sr 2, 87 0, 07 2, 88 0, 03 82 Pb 1, 75 0, 10 2, 04 0, 03 ± ± ± ± 39 Y 2, 21 0, 05 2, 17 0, 04 83 Bi 0, 65 0, 04 ± ± ± 40 Zr 2, 58 0, 04 2, 53 0, 04 90 Th 0, 02 0, 10 0, 06 0, 03 ± ± ± ± 41 Nb 1, 46 0, 04 1, 41 0, 04 92 U -0, 54 0, 03 ± ± ± 42 Mo 1, 88 0, 08 1, 94 0, 04 ± ±

Tabela 4.1: Abundˆanciaqu´ımica fotosf´erica do Sol. Figura extra´ıdade Asplund et al. (2009). As colunas representam o n´umero atˆomico, o elemento qu´ımico, a abundˆancia fotosf´erica e a abundˆanciameteor´ıtica, respectivamente. orema, a importˆanciada massa para o estudo da evolu¸c˜aoestelar ainda continua v´alida.A massa de uma estrela ´eum dos parˆametrosfundamentais para a compreens˜aoda estrutura e evolu¸c˜aoestelar. Ela se caracteriza como ingrediente essencial nos modelos evolutivos. Com exce¸c˜aodo Sol o qual podemos determinar a sua massa com grande precis˜ao,as massas das estrelas geralmente podem ser determinadas a partir de dois caminhos: de- termina¸c˜aodireta, atrav´esda an´alisede sistemas bin´ariose/ou m´ultiplosou por meio de

40 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

0

0.02

0.04

0.06

3.77 3.76 3.75 3.74 3.73

Figura 4.3: Diagrama dos modelos evolutivos da profundidade do envolt´orioconvectivo em fun¸c˜aoda temperatura efetiva, como descrito no trabalho de do Nascimento et al. (2010). modelos te´oricos. O m´etodo direto utiliza a mecˆanicaNewtonina, especificamente a terceira lei de Kepler do movimento planet´ario,para determinar com precis˜aoa massa de sistemas bin´arios. Os eclipses que ocorrem naturalmente entre as estrelas de um sistema bin´ario(ou entre um planeta e sua estrela) tamb´emse enquadram como m´etodo direto e podem ser usados no processo de determina¸c˜aoda massa estelar. Nesse caso, ´eposs´ıvel obter a massa do sistema a partir de uma an´aliseda varia¸c˜aodo fluxo de radia¸c˜ao. Para o caso das estrelas individuais do campo a determina¸c˜aoda massa pode ser feita

41 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

20

15

10

5

0 0.95 1 1.05 1.1

20

15

10

5

0 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035

Figura 4.4: Histograma dos valores de massa e de profundidade do envolt´orioconvectivo para as estrelas gˆemeas da nossa base. A linha tracejada em vermelho corresponde ao valor solar. atr´aves da utiliza¸c˜aode is´ocronas2 (Lachaume et al., 1999). Nesse tipo de procedimento se faz necess´arioo conhecimento pr´evioda temperatura efetiva, da magnitude absoluta (ou da luminosidade) e da metalicidade da estrela, al´emdos seus respectivos erros. Ent˜ao,a partir dessas informa¸c˜oesiniciais, s˜aoconstru´ıdosmodelos evolutivos t´eoricos- is´ocronas- associando a cada ponto sobre o modelo um conjunto particular de parˆametrosfundamen- tais: Teff , MV ,[F e/H], massa, idade, luminosidade, etc. Portanto, a massa da estrela ser´aaquela cuja is´ocrona mais se aproximar dos parˆametros fundamentais da estrela ob-

2Is´ocrona´euma curva associada a um modelo te´oricopara a mesma idade estelar.

42 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

servada. Para este trabalho, redeterminamos a massa para todas as 88 gˆemeassolares, por´em,devido a uma maior incerteza nos nossos resultados em rela¸c˜ao`aquelasproposta por Ram´ırezet al.(2014b), decidimos por adotar as massas destes autores, que defendem a utiliza¸c˜aode is´ocronascom o parˆametroespectrosc´opicologg ao inv´esda magnitude absoluta.

Em rela¸c˜aoao c´alculo da profundidade do envolt´orioconvectivo (1 − M?/M ), utili-

zamos um m´etodo de interpola¸c˜aotripla entre a massa, a temperatura efetiva e a metali- cidade estelar. A evolu¸c˜aodo envolt´orioconvectivo como fun¸c˜aoda temperatura efetiva ´eobtida a partir de um modelo te´orico,calculado com o c´odigoTGEC (Toulouse-Geneva Evolutionary Code), como descrito por do Nascimento et al.(2010). De maneira geral, o m´etodo consiste em representar cada estrela de acordo com os seus parˆametrosfundamen- tais no diagrama do envolt´orioconvectivo versus temperatura, figura 4.3. A partir disso, a correta identifica¸c˜aoda estrela sobre esse diagrama nos fornecer´aum valor estimado dessa profundidade convectiva. Na figura 4.4, podemos observar o histograma da massa, na parte superior, e da profundidade do envolt´orioconvectivo, na parte inferior, para as 88 gˆemeasda nossa base. A partir desta figura, podemos perceber que essas estrelas se distribuem quase que simetricamente em torno de uma massa solar, j´apara a profundidade do envolt´orio convectivo, ´eposs´ıvel constatar que o Sol se localiza numa regi˜aoonde a zona convectiva ´emais profunda, como destacado pela linha tracejada em vermelho.

4.2.7 ´Indice de atividade cromosf´ericae Per´ıodo de rota¸c˜ao

Os´ındicesde atividade cromosf´ericamais utilizados s˜aoderivados das linhas espectrais, tendo como linhas principais H e K do Ca II e Mg II. Outra linha espectral amplamente utilizada no monitoramento da variabilidade cromosf´erica´ea linha de He I 1083 nm. O ´ındicede atividade cromosf´ericautilizado neste trabalho ´eproveniente de Ram´ırezet al. (2014b). Esses autores empregaram o pipeline CarnegiePython MIKE3 para reduzir os dados espectrais e a partir disso calcular o ´ındicede atividade cromosf´ericapara todas as gˆemeas.De maneira geral, a determina¸c˜aodesse parˆametroobedece os seguintes passos, determina¸c˜aodo ´ındicede fluxo S atrav´esda express˜ao:

3http : //code.obs.carnegiescience.edu/mike

43 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

40

30

20

10

0 -5 -4.8 -4.6 -4.4

40

30

20

10

0 10 20 30 40 Prot (dias)

Figura 4.5: Histograma do ´ındice de ativiade cromosf´erica, log(RHK0 ), na parte superior e histograma do per´ıodo de rota¸c˜aocromosf´erico, na parte inferior, para as estrelas gˆemeas da nossa base. As linhas tracejadas em vermelho correspondem aos valores do Sol. As duas linhas no histograma superior sinalizam a amplitude do ciclo solar, como descrito por Hall et al.(2007, 2009).

H + K S = , (4.13) R + V onde s˜aoutilizadas as linhas de Ca II H&K, fluxo (H,K) e o fluxo pr´oximo do cont´ınuo (R,V). Para o CaII H&K foi calculado o fluxo de integra¸c˜aoatrav´esde filtros triangulares de largura 1,1 A,˚ cujas linhas est˜aocentradas em 3933,7 A˚ (K) e 3968,5 A˚ (H). O fluxo

44 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´ relativo ao “pseudo-cont´ınuo” foi estimado como sendo o fluxo m´ediodas linhas centradas em 3925 ± 5 A˚ (V) e 3980 ± 5 A˚ (R). A determina¸c˜aodesses parˆametrospode ser obtida atrav´esdo IRAF4. O ´ındice S inclui em sua essˆenciatanto as contribui¸c˜oescromosf´ericasquanto fo- tosf´ericas. A fim de determinar apenas a contribui¸c˜aoda componente cromosf´ericapre- cisamos filtrar a componente fotosf´erica do fluxo total. Esse procedimento segue a sis- tem´aticadescrita por Noyes et al.(1984) e seguida por Wright et al.(2004), resultando num valor de log(RHK0 ). O procedimento canˆonicode convers˜aodo ´ındice S para RHK0 leva em conta o parˆametro (B-V) e ´elimitado para o intervalo 0,44 < (B-V) ≤ 0,9. A transforma¸c˜aousada por Noyes et al.(1984) segue o trabalho de Middelkoop(1982):

4 RHK = 1, 340 × 10− Ccf S, (4.14) onde,

3 2 Ccf (B − V ) = 1, 13(B − V ) − 3, 91(B − V ) + 2, 84(B − V ) − 0, 47, (4.15) transforma o fluxo das bandas B e V para o fluxo total no cont´ınuo. Ap´os esse pro- cedimento deve-se realizar a corre¸c˜aoda contribui¸c˜aofotosf´ericaatrav´esda rela¸c˜aode Hartmann, como descrito por Noyes et al.(1984):

3 2 logRphot = −2, 893(B − V ) + 1, 918(B − V ) − 4, 898, (4.16) e finalmente podemos fazer a corre¸c˜ao:

RHK = RHK0 + Rphot(B − V ). (4.17)

Os valores de log(RHK0 ) obtidos por Ram´ırezet al.(2014b) em compara¸c˜aocom os valores da literatura forneceram um erro m´ediode 0,004 ± 0,043. Eles acreditam que o

4Tarefa sband do IRAF.

45 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´ ciclo de atividade estelar pode ser o respons´avel por essa dispers˜ao nos valores obtidos. De acordo com Hall et al.(2007, 2009) o ciclo solar apresenta uma varia¸c˜aodo parˆametro log(RHK0 ) da ordem de 0,1 dex. A partir do parˆametro RHK0 , utilizamos o procedimento descrito por Noyes et al.(1984) para determinar o per´ıodo de rota¸c˜aopara nossas estrelas. O m´etodo empregado por eles, consiste em um ajuste emp´ıricoque leva em considera¸c˜ao o ´ındicede atividade cromosf´erica.Isso se traduz na seguinte express˜ao:

P  log rot = −1, 325(logR )3 − 0, 283(logR )2 − 0, 400(logR ) + 0, 324, (4.18) τ 5 5 5

o termo R5 est´arelacionado com o ´ındicede atividade cromosf´ericaatrav´esda seguinte rela¸c˜ao:

5 R5 = RHK0 × 10 . (4.19)

J´ao termo τ representa o tempo de turnover convectivo e est´adiretamente relacionado com uma calibra¸c˜aodo ´ındicede cor da estrela por meio da express˜ao:

log(τ) = −5, 323x3 + 0, 025x2 − 0, 166x + 1, 362, (4.20) para x > 0 enquanto que para x < 0, temos

logτ = −0, 14x + 1, 362, (4.21) a vari´avel x ´edefinida como x = 1-(B-V). Noyes et al.(1984) afirmam que o root-mean- square para a calibra¸c˜aodas equa¸c˜oes acima ´eda ordem de 0,08 dex. Na figura 4.5, apresentamos o histograma do ´ındicede atividade cromosf´ericae do per´ıodo de rota¸c˜aopara as 88 gˆemeassolares. As linhas tracejadas no histograma superior, log(RHK0 ), representa a amplitude do ciclo de atividade solar. J´apara o histograma inferior, per´ıodo de rota¸c˜ao,a linha tracejada representa o valor solar.

46 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

20

15

10

5

0 0.6 0.65 0.7 (B-V)

20

15

10

5

0 0.5 1 1.5 2 2.5 Numero de Rossby

Figura 4.6: Histograma do ´ındice de cor (B-V) e o n´umero de Rossby para as gˆemeas solares da nossa base. As linhas tracejadas em vermelho correspondem aos valores do Sol.

4.2.8 (B - V) e n´umerode Rossby

As medidas referente ao ´ındicede cor (B-V) foram coletadas a partir do cat´alogode HIPPARCOS (ESA, 1997) e atualizadas posteriormente pelo trabalho de van Leeuwen (2007). J´ao n´umerode Rossby ´erespons´avel por quantificar a raz˜aoentre a rota¸c˜aoe a convec¸c˜aoda estrela. Ele est´adiretamente relacionado com as caracter´ıticasmagn´eticas da estrela. A partir deste parˆametro´eposs´ıvel inferir a eficiˆenciado d´ınamo estelar. Matematicamente ele se traduz atrav´esda raz˜aoentre dois tempos caracter´ısticos, o per´ıodo de rota¸c˜aoe o tempo de convec¸c˜ao,como descrito por Noyes et al.(1984):

47 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

Per´ıodo de rota¸c˜ao R = , (4.22) O Tempo de convec¸c˜ao a determina¸c˜aodesses tempos caracter´ısticos segue a mesma sistem´aticadefinida por Noyes et al.(1984) e apresentada na sec¸c˜aoanterior. Outra maneira de definir o n´umerode Rossby leva em considera¸c˜aoa combina¸c˜aodos seguintes parˆametros, velocidade de convec¸c˜ao, vc, velocidade de rota¸c˜ao, vr, profundidade da zona convectiva, l, e raio da estrela, R. Logo,

vc RO = . (4.23) (l/R)vr

A partir desta equa¸c˜ao,podemos observar que o n´umerode Rossby ´einversamente proporcional a velocidade de rota¸c˜ao,isto significa que quanto maior a velocidade de rota¸c˜aomenor ´eo n´umerode Rossby e isto nos proporciona uma ideia qualitativa da eficiˆenciado d´ınamo da estrela. Como mencionado acima, o n´umerode Rossby est´a relacionado com as propriedades magn´eticasde uma estrela e pode ser reescrito como fun¸c˜aodo n´umerode d´ınamo,

1/2 RO ≈ ND− . (4.24)

Essa rela¸c˜aonos proporciona uma an´alisequalitativa da atividade magn´eticaa partir do n´umerode Rossby, ou seja, a estrela tende para inatividade a medida que o n´umerode Rossby aumenta. Na figura 4.6, apresentamos o histograma para o ´ındicede cor e para o n´umerode Rossby para as estrelas da nossa base. A partir desta figura podemos observar que as gˆemeassolares est˜aodistribu´ıdas simetricamente em torno do valor solar. J´aem rela¸c˜aoao n´umero de Rossby, podemos perceber que a maioria das estrelas assim como o Sol tendem para a inatividade. Ser´aque isso ´euma consequˆenciada inclina¸c˜aodo eixo de rota¸c˜aoobservado?

48 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

4.2.9 Abundˆanciade L´ıtio

A abundˆanciade l´ıtiopode ser estimada a partir da s´ıntese espectral na regi˜aodo l´ıtio670,78 nm (Li I). Atualmente existem diversas ferramentas computacionais para a determina¸c˜aoda abundˆanciaqu´ımica,sendo que a mais usual ´eo c´odigoMOOG (1D- LTE) (Sneden, 1973). Para um perfeito funcionamento desse c´odigose faz necess´arioa utiliza¸c˜aode um modelo atmosf´ericocomo, por exemplo, o ATLAS9/Kurucz (Castelli & Kurucz, 2004) e tamb´emde uma lista de linhas na regi˜aode interesse, para o nosso caso na regi˜aodo l´ıtio.No nosso trabalho utilizamos a lista de linhas descrita por Mel´endezet al. (2012), que al´emda regi˜aodo l´ıtiotamb´em apresenta assinaturas atˆomicase moleculares

(CN e C2). Como j´afoi mencionado anteriormente, uma das nossas bases ´econstitu´ıda de 88 gˆemeassolares, sendo que deste total, conseguimos reunir valores de l´ıtiopara 83% da amostra, 73 estrelas. Os valores foram coletadas a partir de diversos trabalhos da litera- tura (Delgado Mena et al., 2014; Gonzalez, 2014; Pasquini et al., 1994; Ram´ırezet al., 2012; Takeda & Kawanomoto, 2005). De maneira geral, cada autor segue mecanismos pr´opriospara determina¸c˜aoda com- posi¸c˜aoqu´ımicadas suas estrelas. Para o caso espec´ıficodo l´ıtio,os procedimentos ado- tados por Delgado Mena et al.(2014); Gonzalez(2014); Ram´ırezet al.(2012) obedecem, em geral, a mesma dinˆamica, isto ´e,eles analisaram o perfil da linha espectral na regi˜ao de ressonˆanciado doubleto de l´ıtio(6708 A)˚ comparando-o com um espectro sint´etico, gerado com o c´odigode s´ıntese espectral MOOG (Sneden, 1973) e assumindo a condi¸c˜ao de equil´ıbriotermodinˆamicolocal (LTE5). Esses autores empregaram a vers˜ao2010 do MOOG juntamente com grades de modelos atmosf´ericosdo Kurucz (Delgado Mena et al., 2014; Gonzalez, 2014) e MARCS (Ram´ırezet al., 2012). Delgado Mena et al.(2014); Gonzalez(2014) ainda utilizaram em comum a lista de linhas provenientes de Ghezzi et al.(2009). J´a Pasquini et al.(1994) e Takeda & Kawanomoto(2005) determinaram a abundˆancia de l´ıtioatrav´esda utiliza¸c˜aode modelos atmosf´ericos(Kurucz) e das larguras equivalentes (EW). Pasquini et al.(1994), assim como os outros autores mencionados anteriormente, determinaram a abundˆanciade l´ıtiopara o caso do equil´ıbriotermodinˆamicolocal, en- quanto Takeda & Kawanomoto(2005), determinaram a A(Li) para a situa¸c˜aofora do

5Local Thermodynamics Equilibrium.

49 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

20

-0.14 < [Fe/H] < 0.14

15

10

5

0 0 1 2 3 Abundancia de litio [dex]

Figura 4.7: Histograma dos valores da abundˆanciade l´ıtiopara as estrelas gˆemeas sola- res. A linha tracejada em vermelho corresponde ao valor solar. equil´ıbriotermodinˆamicolocal (non-LTE). Nesse caso a convers˜aoda abundˆanciade l´ıtio NLTE para LTE pode ser obtida atrav´esda rela¸c˜ao ALT E(Li) = ANLT E(Li) − ∆. Na figura 4.7, apresentamos o histograma da abundˆanciade l´ıtiopara as nossas estre- las. A partir desta figura, podemos perceber que as gˆemeasse distribuem em torno do valor solar. J´anas figuras 4.8e 4.9, mostramos a an´aliseda abundˆanciade l´ıtiopara o Sol e para uma estrela gˆemea, respectivamente. Em cada figura ´eapresentado o perfil do espectro na parte inferior e a diferen¸caentre o espectro sint´eticoe o observado para as estrelas na parte superior.

50 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

Figura 4.8: Abundˆanciade l´ıtiopara o Sol na parte inferior e na parte superior, diferen¸ca entre o espectro sint´eticoe o observado.

4.2.10 Idade estelar

Determinar a idade de uma estrela com precis˜aoainda continua sendo uma das tarefas mais dif´ıceisda astrof´ısica. Se restringirmos a nossa an´alisepara o caso das estrelas do tipo solar, estrelas frias e de pouca massa, a situa¸c˜aotorna-se mais complexa (Barnes, 2007; Soderblom, 2010), pois os m´etodos tradicionais de determina¸c˜aoda idade - is´ocronas - utilizam as propriedades fundamentais como v´ınculose, no entanto, essas propriedades se alteram muito pouco com a idade estelar (Demarque & Larson, 1964; Sandage, 1962) ou raramente s˜aodetectadas (Jeffries, 2014; Skumanich, 1972). Nesse trabalho a idade das 88 gˆemeassolares foram determinadas por Ram´ırezet al. (2014b). Na determina¸c˜aodesse parˆametroos autores utilizaram o m´etodo tradicional das is´ocronas(Lachaume et al., 1999). De maneira geral, esse m´etodo utiliza como parˆametros de entrada a temperatura efetiva, a magnitude absoluta e a metalicidade, al´emdos res- pectivos erros. A partir desses dados s˜aoconstru´ıdosos modelos de evolu¸c˜aoestelar para

51 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

Figura 4.9: Abundˆanciade l´ıtiopara uma estrela gˆemea do Sol na parte inferior e na parte superior, diferen¸caentre o espectro sint´etico e o observado. cada objeto. Cada ponto sobre esses modelos possue al´emdos parˆametrosinicias, massa, luminosidade, idade, dentre outros. Assim, a determina¸c˜aoda idade estelar, portanto, leva em considera¸c˜aoo modelo que mais se aproxima dos dados observados. Esse tipo de modelo pode resultar em parˆametrosestelares mais precisos, desde que os objetos analisados estejam num est´agioevolutivo onde ambos, caminho evolutivo e parˆametros,mudem rapidamente com o tempo. Para o caso espec´ıficoda idade estelar, estima-se que as idades mais precisas sejam obtidas para os objetos localizados pr´oximos do turn-off da sequˆenciaprincipal. A determina¸c˜aoda idade sobre a sequˆenciaprincipal apresenta uma maior imprecis˜ao,visto que nessa regi˜aoas is´ocronasest˜aobem mais pr´oximas. A fim de minimizar os erros provenientes dos modelos de is´ocronaspadr˜ao, Ram´ırez et al.(2014b) substituem a magnitude absoluta pelo parˆametroda gravidade superficial (log g). Uma vez que, a gravidade superficial pode ser derivada com grande precis˜aoa par-

52 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

Figura 4.10: Histograma das idades referente `as88 gˆemeas solares. As idades foram cal- culadas atrav´esde is´ocronas como descrito por Ram´ırez et al.(2014b). A linha tracejada em vermelho corresponde ao valor solar. tir da espectroscopia. Mesmo para o caso dos objetos na sequˆenciaprincipal, as is´ocronas computadas de acordo com os parˆametrosespectrosc´opicos, Teff e logg (mais precisos), possibilitam que o intervalo de idade, derivados desse m´etodo, seja mais consistente com os dados observados, proporcionando assim um maior grau de confian¸ca(Ram´ırez et al., 2014b). Na figura 4.10, apresentamos o histograma dessas idades para as 88 gˆemeas solares. A partir desta figura, podemos observar uma grande dispers˜aonas idades estelares. Isto significa que, a determina¸c˜aoprecisa das idades ainda ´eum grande problema para a

53 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´ astrof´ısica(Soderblom, 2010). Com o intuito de adicionar um novo v´ınculona determina¸c˜aodas idades das estrelas frias e de pouca massa como o Sol, diversos trabalhos defendem a utiliza¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aoda estrela como um indicativo da evolu¸c˜aoestelar. Est´at´ecnica´edenominada de girocronologia Barnes(2003, 2007) e Meibom et al.(2015). Atualmente existem diversos trabalhos destacando a rela¸c˜aoentre o decr´escimoda taxa de rota¸c˜aoestelar e a idade das estrelas frias (Barnes, 2007; Barnes et al., 2015; do Nascimento et al., 2014; Epstein & Pinsonneault, 2014; Jeffries, 2014; Meibom et al., 2015). No pr´oximocap´ıtulo,iremos investigar a rela¸c˜aoentre o per´ıodo de rota¸c˜aodas gˆemeassolares e as suas idades. A partir disso poderemos determinar se a t´ecnicada girocronologia pode ser aplicada para al´emdos aglomerados jovens.

4.3 O c´odigode evolu¸c˜aoestelar - TGEC

Os modelos e os c´odigosevolutivos desempenham papeis fundamentais no desenvolvi- mento e avan¸coda astronomia e astrof´ısicamoderna. Os recentes avan¸cosnessa dire¸c˜ao est˜aodiretamente relacionados com a capacidade de reproduzir - atrav´esde simula¸c˜oes computacionais - os fenˆomenosobservados nas estrelas. Em linhas gerais, simular uma estrela significa descrever matematicamente o equil´ıbrioentre os fluidos que a comp˜oem e a sua a¸c˜aogravitacional, al´emde levar em considera¸c˜aoas rea¸c˜oesnucleares no seu in- terior, respons´aveis pela produ¸c˜aode energia e elementos mais pesados que o hidrogˆenio. Tamb´em se faz necess´ariouma estimativa de quanta energia ´etransportada atrav´esda es- trela pelos f´otons,el´etronse movimento de mat´eria.Al´emdisso, deve-se adicionar rota¸c˜ao a estrela a fim de modelar tanto a rota¸c˜aointerna quanto a distribui¸c˜aodos elementos qu´ımicos. De acordo com Charbonnel & Talon (2007), o sucesso de um modelo est´aas- sociado com a sua capacidade de reproduzir as principais caracter´ısticasreais de uma estrela, como por exemplo, luminosidade e temperatura. Nas ´ultimasd´ecadasos modelos passaram por diversos aperfei¸coamentos tentando reproduzir o mais confi´avel poss´ıvel os dados observados. Durante esse processo de atualiza¸c˜aomerecem destaque os modelos atmosf´ericosMARCS (Gustafsson et al., 1975) e ATLAS (Kurucz, 1979), que evolu´ıram para as vers˜oesNMARCS - englobando as estrelas A-M (Bessell et al., 1998) - e ATLAS9, direcionado para as estrelas do tipo O-K Kurucz(1993).

54 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

Em resumo, um c´odigoevolutivo ´euma ferramenta matem´atica/computacional que tenta descrever a evolu¸c˜aode uma estrela a partir de um conjunto de equa¸c˜oese de condi¸c˜oesiniciais bem estabelecidas. O primeiro modelo a adotar essa configura¸c˜aofoi denominado de modelo padr˜aoda evolu¸c˜aoestelar, tal modelo foi desenvolvido sem levar em considera¸c˜aoos efeitos rotacionais e magn´eticosdas estrelas. Desse modo, a dinˆamica da estrela ficou dependente dos mecanismos de convec¸c˜ao,respons´avel por transportar e misturar os elementos qu´ımicosno interior estelar. Em sua essˆencia,o modelo padr˜ao fornece estimativas sobre a abundˆanciasuperficial de uma estrela em fun¸c˜aoda sua massa, da sua composi¸c˜aoe da sua idade. As vers˜oesmais recentes desse modelo j´aenglobam os efeitos da difus˜aoatˆomica. Para este trabalho, os modelos evolutivos foram calculados por meio do c´odigo de evolu¸c˜aoestelar Toulouse-Geneva (TGEC) (Hui-Bon-Hoa, 2008) e (do Nascimento et al., 2009). Para um maior aprofundamento sobre a f´ısica envolvida nesse c´odigo o leitor ´eencorajado a consultar Richard et al.(1996), do Nascimento et al. (2000) e Hui-Bon-Hoa(2008), e suas respectivas referˆencias. Diferentemente do modelo padr˜aoo TGEC recorre a diversos processos f´ısicospara ex- plicar o transporte dos elementos qu´ımicose do momento angular. Ele adota o mecanismo de convec¸c˜ao,de acordo com o formalismo descrito por B¨ohm-Vitense(1958), como res- pons´avel pela dinˆamicadas camadas externas. Na parte mais interna, a zona radiativa ´e governada pela difus˜aomicrosc´opica,essa difus˜aotenta explicar as abundˆanciasanˆomalas encontradas nas estrelas Ap e Am, al´emde melhorar a consistˆenciacom a heliosismologia. A calibra¸c˜aodo TGEC segue a mesma sistem´aticaadotada por Pace et al.(2012), isto ´e,emprega o parˆametrodo comprimento de mistura, α, e a abundˆanciainicial de h´elio, Yinicial, para calibrar os modelos evolutivos. Assim, para o caso de uma estrela de 1,0 M , tomando como condi¸c˜oesiniciais os valores obtidos por Richard et al.(2004) e adotando os parˆametros α = 1,69 e Yinicial = 0,268, o TGEC conseguiu atingir os seguintes valores solares para o modelo de 1,0 M : luminosidade, L = 3.8501 × 1033 erg/s, raio,

R = 6,95524 × 1010 cm, e idade = 4,57 bilh˜oesde anos. Como a rota¸c˜aoda estrela exerce grande influˆenciasobre o parˆametrode mistura, foi necess´arioajust´a-loa fim de minimizar os efeitos do gradiente de h´elioabaixo da parte externa da zona convectiva, mas que tamb´emconservasse a abundˆanciade ber´ılioda estrela. De acordo com Asplund et al.(2009), a abundˆanciade ber´ıliopara o Sol ´eA(Be) = 1,38 ± 0,09. Uma revis˜ao atualizada sobre o c´odigoTGEC pode ser encontrada no trabalho de Castro et al.(2016).

55 CAP´ITULO 4. DADOS OBSERVACIONAIS E ASPECTOS TEORICOS´

Como o foco deste trabalho s˜aoas estrelas gˆemeasdo Sol, os modelos de evolu¸c˜ao estelar devem abranger os objetos com as mesmas caracter´ısticasda nossa estrela, nesse sentido optamos por utilizar os modelos desenvolvidos por do Nascimento et al.(2010). Esses modelos foram constru´ıdos especialmente para estrelas desse tipo, e assim, ele adota metalicidade solar [Fe/H]=0 e abrange um intervalo de massa 0,95 < M/M ≤ 1,02. As trajet´oriasevolutivas provenientes desses modelos foram utilizadas na constru¸c˜aodos diagramas HR e serviram tamb´emde referˆenciapara a investiga¸c˜aoda evolu¸c˜aode alguns parˆametrosf´ısicos,como veremos nos pr´oximoscap´ıtulos.

56 Cap´ıtulo 5 Resultados e discuss˜oespara as estrelas do BCool

“Follow your own star...”

Dante Alighieri

Neste e nos pr´oximoscap´ıtulos,apresentaremos os nossos resultados e nossa an´alise para os trˆesconjuntos de dados que s˜aoas estrelas do tipo solar do BCool, gˆemeassolares do HARP S e as an´alogassolares do Kepler, investigados durante o per´ıodo do doutorado. Destacamos que alguns resultados do nosso trabalho fazem parte de publi¸c˜oesem revistas internacionais tais como Castro et al.(2016), Duarte et al. (2017ab em prepara¸c˜ao)e Beck et al. (2016). Nos artigos de colabora¸c˜aoem que sou co-autor, contribu´ıefetivamente no tratamento dos dados, na determina¸c˜aodos parˆametrosestelares e na obten¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtio,al´emde analisar diversas consequˆenciasdos resultados. A partir da primeira base observacional investigamos as estrelas do tipo solar do cat´alogoBCool e, ao longo das pr´oximas se¸c˜oes,apresentaremos os principais resultados e an´alisespara esse conjunto de estrelas.

5.1 Projeto BCool

O projeto BCool foi desenvolvido com o intuito de estudar o d´ınamo estelar e os mecanismos de gera¸c˜aoe manuten¸c˜aodo campo magn´eticonas estrelas frias de pouca massa. Entende-se por estrela fria uma estrela pertencente a um grupo geral de objetos

57 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL que apresenta temperatura efetiva menor que 7500 K e possui regi˜oescromosf´ericase coronais similares ao Sol (Moore, 2002). Elas tamb´emdevem apresentar baixa rota¸c˜ao, ciclos de atividades magn´eticas, al´emde campo magn´eticopoloidal e toroidal, que - assim como o Sol - deve ser mantido por um mecanismo de d´ınamonuma regi˜aode interface entre as zonas radiativa e convectiva, denominada de tacoclina1 (Marsden et al., 2014). O interesse em estudar o magnetismo estelar est´arelacionado, entre outras coisas, com a sua grande importˆanciapara a evolu¸c˜aoestelar e a astrof´ısicaem geral. Os campo magn´eticosest˜aopresentes em uma ampla gama de estrelas e exercem influˆencia,ba- sicamente, em todas as fases da evolu¸c˜aoestelar, merecendo destaque os processos de acre¸c˜ao,difus˜ao,perda de massa e turbulˆencia.Al´emdisso, v´ariasgrandezas fundamen- tais tamb´ems˜aoafetadas pela presen¸cado campo magn´etico, como por exemplo, a massa, a taxa de rota¸c˜aoe a composi¸c˜aoqu´ımica(Donati & Landstreet, 2009). Podemos perce- ber que o dom´ıniodo magnetismo estelar se estende desde as estrelas an˜aspouco massivas (como ´eo caso de algumas estrelas do tipo M) at´eobjetos extremamente massivos (como, por exemplo, as estrelas supermassivas do tipo O) (Mestel, 1999). A amplitude do campo magn´eticono ambiente astronˆomicopode variar de intensidade, indo de micro gauss como ´eo caso das nuvens moleculares, at´ecampos da ordem de tera-gauss2 ou superiores, como por exemplo nas estrelas de nˆeutrons(Donati & Landstreet, 2009). Nesta primeira parte do trabalho nos dedicaremos `asestrelas do BCool. Essas estrelas apresentam um campo magn´eticosemelhante ao Sol, tal campo - assim como na nossa estrela - deve ser o principal respons´avel pela dinˆamicade muitos fenˆomenosenerg´eticos sobre a sua superf´ıciee vizinhan¸cas. Ao longo desta se¸c˜ao,iremos apresentar alguns dos resultados referente ao trabalho em andamento (T. Duarte et al., 2017) que versa sobre a influˆenciado campo magn´etico estelar em fun¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtio,per´ıodo de rota¸c˜aoe idade para um conjunto de 170 estrelas frias do tipo solar escolhidas com base em estudos espectrosc´opicosanteriores. A partir deste trabalho ampliaremos nossa an´alisepara as poss´ıveis estrelas gˆemeasdessa amostra. 1Do inglˆestachocline. 2Tera ´eo prefixo para 1012.

58 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL 5.2 Base de dados do BCool

Para este trabalho, utilizamos um conjunto observacional de 170 estrelas do tipo solar, as quais est˜aoagrupadas em 152 an˜ase 18 subgigantes. Essas estrelas foram observadas espectropolarimetricamente com os instrumentos NARVAL, situado no topo do Pic du Midi, e ESPaDOnS3, localizado no CFHT4, e provenientes do trabalho de Marsden et al. (2014). Elas foram previamente escolhidas a partir do cat´ologoSPOCS (Spectroscopic Properties of Cool Stars) de Valenti & Fischer(2005) e observadas durante o per´ıodo de 2006 at´e2013. Em sua essˆencia,nossas estrelas do BCool s˜aocaracterizadas por objetos de tipo espectral F, G e K. No entanto, nosso foco principal se restringe as estrelas do tipo G e, em particular, as estrelas gˆemeassolares. Na figura 5.1 apresentamos a distribui¸c˜aode nossas estrelas do BCool sobre o dia- grama HR. Nesta figura, as estrelas est˜aoidentificadas, respectivamente, de acordo com a temperatura efetiva, assim, os objetos em azul apresentam Teff > 6000 K, aqueles de cor laranja possuem 5000 K < Teff < 6000 K e aqueles em vermelho est˜aoassociados `a

Teff < 5000 K. Os diferentes s´ımbolos est˜aorelacionados com o estado evolutivo de cada estrela, os c´ırculosrepresentam as estrelas an˜as,enquanto os quadrados identificam as estrelas subgigantes. O intervalo de melacidade [M/H] nesta figura vai de -0,5 a 0,3 dex. As linhas cont´ınuas representam os modelos evolutivos para as massas de 0,8, 1,0, 1,2 e 1,5 massas solares, calculados por Girardi et al.(2000). Na figura 5.2, aplicamos um zoom no diagrama HR na poss´ıvel regi˜aodas estrelas de tipo G. Neste gr´afico,estabelecemos alguns v´ınculosnos parˆametrosfundamentais, tais como, 5677< Teff [K] < 5877, 4,34 < logg [dex] ≤ 4,54 e -0,075 < [M/H][dex] ≤ 0,075, visando identificar as poss´ıveis gˆemeasda nossa amostra do BCool. A partir desta condi¸c˜ao,pudemos estimar que 20% dessas estrelas s˜aocandidatas ao posto de gˆemea solar. Para nossa investiga¸c˜ao,adotamos previamente os parˆametrosestelares publicados no trabalho de Marsden et al.(2014). Em seguida, redeterminamos a luminosidade, utilizando os valores atualizados de van Leeuwen(2007), e v´ariosoutros parˆametros. Para a abundˆanciade l´ıtio,coletamos os seus valores para 137 estrelas a partir de diversos trabalhos dispon´ıveis na literatura (Delgado Mena et al., 2014, 2015; Ram´ırezet al., 2012;

3Acrˆonimopara Echelle SpectroPolarimetric Device for the Observation of Stars. 4Acrˆonimopara Canada-France-Hawaii Telescope.

59 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

1

0.5

0

-0.5

-1

3.8 3.75 3.7 3.65

Figura 5.1: Diagrama HR para as 170 estrelas frias do tipo solar referente a nossa base do BCool. A cor de cada objeto est´aassociada `asua temperatura efetiva. As estrelas com Teff < 5000 K s˜aovermelhas, aquelas dentro do intervalo 5000 K < Teff < 6000 K s˜aolaranjas e as outras com Teff > 6000 K s˜aoazuis. A metalicidade [M/H] abrange o intervalo de -0.5 a 0.3 dex. Os objetos identificados por quadrados representam as estrelas subgigantes. As linhas cont´ınuasrepresentam modelos evolutivos para as massas de 0,8, 1,0, 1,2 e 1,5 massas solares, calculados de acordo com Girardi et al.(2000). As linhas tracejadas simbolizam as regi˜oesespectrais F, G e K, respectivamente. O Sol ´esimbolizado por uma ? vermelha.

Takeda & Kawanomoto, 2005). A abundˆanciade l´ıtiopara as 33 estrelas n˜aodispon´ıveis na literatura, al´emda redetermina¸c˜aopara todas as outras, est´aem fase de conclus˜aoe ser´apublicada integralmente no trabalho de Duarte et al. (2017).

60 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

0.6

0.4

0.2

0

-0.2

-0.4

3.78 3.76 3.74 3.72

Figura 5.2: Diagrama HR para a nossa base do BCool destacando um zoom na regi˜ao das estrelas do tipo G. Os objetos de cor laranja representam as poss´ıveiscandidatas `a gˆemeas solares para esta amostra, obedecendo ao intervalo de 5677 < Teff [K] < 5877, 4,34 < logg[dex] ≤ 4,54 e -0,1 < [M/H][dex] ≤ 0,1. Aqui, as linhas cont´ınuasrepresentam um conjunto de modelos evolutivos para as massas de 0.87 a 1.10 massas solares, com intervalo de 0,025 entre cada modelo, como descrito por do Nascimento et al.(2009).

5.3 Determina¸c˜aode Bl para as estrelas do tipo solar do BCool

A observa¸c˜aoe determina¸c˜aodo campo magn´eticon˜aopode ser feita diretamente, na maioria das vezes, buscamos medir os seus efeitos atrav´esdas linhas espectrais formadas na regi˜aoda fotoesfera estelar e que carregam a assinatura do efeito Zeeman. De maneira

61 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL geral, o efeito Zeeman ´eutilizado para diagnosticar todos os tipos de campos, sejam eles muito fracos (nuvens moleculares) ou muito fortes (an˜asbrancas). Para situa¸c˜oesem que o campo al´emde ser muito fraco tamb´emapresenta grande emaranhamento, o efeito Zeeman falha e nesse caso a investiga¸c˜aodo campo pode ser feita atrav´esdo efeito Hanle (Donati & Landstreet, 2009). Na pr´atica,v´ariast´ecnicaspodem ser empregadas para tentar detectar, estimar e modelar o campo magn´eticosuperficial das estrelas, tudo depende da instrumenta¸c˜aoe do objetivo desejado. Por exemplo, o estudo detalhado do perfil da linha requer a uti- liza¸c˜aode espectroscopia de alta resolu¸c˜ao,por outro lado, a determina¸c˜aoda polariza¸c˜ao das linhas espectrais - induzida pelos efeitos do campo magn´etico- necessita dos dados provenientes da fotopolarimetria ou espectropolarimetria (como os dados obtidos com o NARVAL ou ESPaDOnS) (Donati & Landstreet, 2009). Toda a informa¸c˜aoproveniente dos corpos celestes se apresenta codificada na forma de radia¸c˜aoeletromagn´etica.Para o caso das estrelas, essa informa¸c˜ao´eextra´ıdaatrav´esda investiga¸c˜aodo espectro estelar. Uma das t´ecnicas capaz de decodificar o espectro estelar ´ea espectropolarimetria. Esta t´ecnicautiliza a f´ısicada espectroscopia e polarimetria para obter a assinatura espectral e magn´eticados objetos. Em outras palavras, ela possibilita uma an´alisetanto da distribui¸c˜aodo comprimento de onda em fun¸c˜aoda energia espectral quanto das propriedades do vetor de polariza¸c˜aoda radia¸c˜aoeletromagn´etica(del Toro Iniesta, 2007). Neste trabalho, essa t´ecnicafoi aplicada atrav´esdos espectropolar´ımetros ESPaDOnS e NARVAL para a aquisi¸c˜aodos dados referentes ao campo magn´eticodas nossas estrelas do BCool. A influˆenciado campo magn´etico sobre as linhas espectrais pode ser identificada atrav´esda an´alisepolarim´etricadessas linhas. De maneira geral, o estado de polariza¸c˜ao de um feixe de radia¸c˜aoeletromagn´eticapode ser caracterizado em fun¸c˜aode quatro grandezas acess´ıveis a partir de um telesc´opio,desde que este esteja acoplado com um polar´ımetro. Esses observ´aveis s˜aoos quatro parˆametrosde Stokes5 (I, Q, U, V). Nesse contexto, o termo I(λ) representa a intensidade total da luz no feixe como fun¸c˜aodo comprimento de onda. O parˆametrode Stokes Q(λ) corresponde a diferen¸cade intensi- dade entre a polariza¸c˜aolinear vertical e horizontal. O termo U(λ) est´aassociado com a diferen¸cade intensidade entre a polariza¸c˜aolinear em +45◦ e −45◦, j´ao perfil de Stokes

5Os parˆametrosde Stokes foram formulados por Sir George Stokes em 1852, por´em,s´oforam intro- duzidos na astrof´ısicaa partir de 1946 por Chandrasekhar.

62 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

V(λ) representa a diferen¸cade intensidade entre as polariza¸c˜oescirculares a esquerda e a direita (Donati et al., 1997). Para um maior aprofundamento sobre os parˆametros de Stokes, sugerimos as obras de Trujillo-Bueno et al.(2002) e Degl’innocenti & Landolfi (2004). Neste trabalho a ferramenta adotada para extrair informa¸c˜oessobre o campo magn´etico superficial da estrela ´eo LSD (Least Square Deconvolution), que ser´aabordado logo em seguida.

5.3.1 LSD - (Least Square Deconvolution)

O LSD ´euma t´ecnicado tipo correla¸c˜aocruzada desenvolvida por Donati et al.(1997) para extrair a assinatura do efeito Zeeman a partir dos perfis polarizados e despolarizados das linhas espectrais. Para isso o LSD utiliza a informa¸c˜aodispon´ıvel em todo o perfil de polariza¸c˜aocircular (parˆametrode Stokes V) e linear (Stokes Q e U) sobre as linhas espectrais. A partir disso, o campo longitudinal (Bl) pode ser derivado com uma boa precis˜aoatrav´esda express˜ao,

R 11 vV (v)dv Bl = −2.14 × 10 R , (5.1) λ0g0c [Ic − I(v)]dv aqui Bl ´edado em gauss, λ0 se refere ao comprimento de onda central da linha, g0 corresponde ao fator de Land´ee c ´ea velocidade da luz em km/s. O parˆametro Ic representa o perfil de intensidade da linha e est´aassociado ao n´ıvel do cont´ınuo. Os erros associados as medidas do Bl est˜aodiretamente relacionados com a propaga¸c˜aodas incertezas devido ao processo de redu¸c˜aovia pipeline para cada estrela (Marsden et al., 2014). Como exemplo, na figura 5.3e 5.4, apresentamos o perfil LSD m´edioda estrela Kappa Ceti para duas noites de observa¸c˜ao- dia 01 e 31 de outubro de 2012, a partir da qual podemos observar a presen¸cada componente de polariza¸c˜aocircular (painel superior), nula (parte intermedi´aria)e sem polariza¸c˜ao(parte inferior). J´ana figura 5.5, mostramos o resultado da an´alisefeita a partir do LSD, apresentando os poss´ıveis valores m´ediosdo

Bl para estrela Kappa Ceti. Para essa estrela obtivemos um campo longitudinal m´edioda ordem 7,0 ± 0,7 G. Recentemente, do Nascimento et al.(2016) publicaram que o campo m´ediodessa estrela ´eda ordem de 24 G, com um valor m´aximode 61 G. A justificativa

63 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

1e−3 Kappa Ceti (01 de Outubro de 2012) 0.5 0.0

V / Ic / V −0.5 −100 −50 0 50 100 1e−3 0.5 0.0

N / Ic / N −0.5 −100 −50 0 50 100 1.05

1.00

0.95

0.90 I / Ic / I 0.85

0.80

0.75

0.70 −100 −50 0 50 100 radial velocity (km/s)

Figura 5.3: Gr´afico do perfil LSD para a estrela Kappa Ceti referente a observa¸c˜aodo dia 01 de outubro de 2012. A parte superior do gr´afico mostra o perfil LSD do parˆametro de Stokes V, a parte intermedi´ariamostra o perfil LSD null e a parte inferior apresenta o perfil LSD do parˆametro de Stokes I. para esse resultado consiste no fato de que esse ´eo valor para o campo integrado, ou seja, tanto a componente longitudinal quanto a radial contribuem no valor final do campo.

Embora, o campo longitudinal (Bl) seja adequado para caracterizar campos simples em larga-escala, ele perde a maioria da informa¸c˜aopara o caso de campos com estruturas mais complexas (Donati & Landstreet, 2009).

5.4 An´alise de Bl em fun¸c˜aodos parˆametrosestelares

A partir desse ponto, apresentaremos alguns dos nossos resultados para as estrelas do BCool. Dentre as muitas an´alisesrealizadas para esta base, nesse ponto, decidimos priorizar as rela¸c˜oesenvolvendo os parˆametroscampo magn´eticolongitudinal, per´ıodo de rota¸c˜ao,abundˆanciade l´ıtio,massa e idade estelar.

5.4.1 Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa, A(Li) e Bl

Apresentamos a distribui¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aopara nossas estrelas do BCool na figura 5.6. A partir desta figura, podemos perceber que a maioria das estrelas apresentam

64 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

1e−3 Kappa Ceti (31 de Outubro de 2012) 0.5 0.0 V / Ic / V −0.5 −100 −50 0 50 100 1e−3 0.5 0.0

N / Ic / N −0.5 −100 −50 0 50 100 1.05

1.00

0.95

0.90 I / Ic / I 0.85

0.80

0.75

0.70 −100 −50 0 50 100 radial velocity (km/s)

Figura 5.4: Gr´afico do perfil LSD para a estrela Kappa Ceti referente a observa¸c˜aodo dia 31 de outubro de 2012.

Figura 5.5: Sa´ıdado c´odigoLSD, apresentando os poss´ıveisvalores do campo magn´etico longitudinal m´edioe respectivos erros. per´ıodo de rota¸c˜aomenor que 30 dias, com um m´aximoem torno de 25 dias, a linha tracejada neste gr´aficorepresenta o per´ıodo de rota¸c˜aosolar. O per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa ´eapresentado nas figuras 5.7e 5.8. Na figura 5.7, as estrelas est˜aoidentificadas de acordo com a abundˆanciade l´ıtio. J´ana figura 5.8, a cor de cada objeto representa a intensidade m´ediado campo longitudinal. A linha

65 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL tracejada em ambas as figuras destaca a regi˜aode 1M .

A distribui¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa, para as estrelas do tipo solar, apresenta uma dispers˜aode uma ordem de magnitude para as estrelas com 1M .

Isto significa que as estrelas com a mesma massa do Sol podem apresentar um per´ıodo de rota¸c˜aoentre 4 e 40 dias. Essa amplitude no per´ıodo pode estar associada `aclasse espectral, j´aque esses objetos representam estrelas do tipo solar. O fato desse per´ıodo de rota¸c˜aoser determinado a partir da atividade cromosf´ericapode ter contribu´ıdopara esta dispers˜ao. Al´emdisso, a idade desses objetos tamb´emdeve contribuir fortemente para esta amplitude, visto que a rota¸c˜aoestelar para os objetos do tipo solar decresce com o aumento da idade (Kraft, 1967).

A presen¸cado parˆametroabundˆanciade l´ıtio na figura 5.7 nos mostra uma poss´ıvel zona de transi¸c˜aopara esse elemento na regi˜aode uma massa solar. Assim, definimos os objetos menos massivos como pobres em l´ıtio(A(Li) ≤ 1,5 dex) e os mais massivos como ricos em l´ıtios(A(Li) ≥ 1,5 dex), salvo algumas exce¸c˜oes.Na figura 5.8, o parˆametro Bl apresenta uma grande dispers˜aosobre o gr´afico.No entanto, podemos perceber uma forte tendˆencialinear para os objetos com Bl > 5,0 G. Fazendo a correla¸c˜aoentre o per´ıodo de rota¸c˜aoe a massa, adicionando o v´ınculodo campo Bl > 5,0 G, obtivemos um coeficiente

6 7 de correla¸c˜ao da ordem de rS = -0,75 e uma probabilidade da ordem de 10− dos nossos resultados derivarem do acaso.

5.4.2 Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtio

A abundˆanciade l´ıtioe o per´ıodo de rota¸c˜aopara as estrelas do tipo solar, na regi˜ao da sequˆenciaprincipal, apresentam uma forte correla¸c˜ao,caracterizando-se por apresentar alta rota¸c˜aoe elevada A(Li)7 para os objetos mais jovens, como por exemplo as Plˆeiades, e baixa rota¸c˜aoe deple¸c˜aoem A(Li) para os objetos mais velhos, tais como M67 e o Sol. Esse comportamento deve estar relacionado com a conex˜aof´ısicaentre o freio rotacional e a deple¸c˜aodo l´ıtioem/ou abaixo do envolt´orioconvectivo das estrelas do tipo solar (van den Heuvel & Conti, 1971). Uma vez que, a rota¸c˜aoda estrela juntamente com o processo de redistribui¸c˜aodo seu momento angular s˜aoos principais respons´aveis pelo mecanismo

6 Coeficiente de correla¸c˜aode Spearman. 7 A(X) ≡ log(NX /NH ) + 12

66 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

25

20

15

10

5

0 0 20 40 Prot (dias)

Figura 5.6: Histograma do per´ıodo de rota¸c˜aocromosf´erico para as estrelas do tipo solar do cat´alogo do BCool. A linha tracejada em vermelho correspondem ao valor do Sol. de mistura no interior estelar, influenciando assim a abundˆanciade l´ıtioque ´edetectada na fotosfera da estrela (Beck et al. 2016 em prepara¸c˜ao).

Na figura 5.9, apresentamos o histograma da distribui¸c˜aode l´ıtio para nossas estrelas do BCool. E´ poss´ıvel perceber a existˆenciade trˆespicos de amplitude em torno dos valores 0, 1,0 e 2,0 dex. O processo de redetermina¸c˜aodessas abundˆanciasest´aem fase de conclus˜aoe ser´aapresentada em Duarte et al. (2017). Na figura 5.10, apresentamos a distribui¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo

67 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

100

10

1

0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6

Figura 5.7: Per´ıodo de rota¸c˜aocromosf´erico como fun¸c˜aoda massa para as estrelas do BCool. A cor de cada objeto est´aassociada com a abundˆanciade l´ıtio. O Sol ´e representado pelo s´ımbolo ?. per´ıodo de rota¸c˜aopara nossas estrelas do tipo solar. A partir desta figura, podemos observar uma certa correla¸c˜aoentre esses parˆametros,embora seja vis´ıvel a presen¸cade algumas estrelas dispersas pelo diagrama. Acreditamos que essa dispers˜aodeve estar associada as incertezas no mecanismo de determina¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao.Aplicando alguns v´ınculosas nossas estrelas, tais como, 5677< Teff [K] < 5877, 4,34 < log(g)[dex] ≤ 4,54 e -0,1 < [F e/H][dex] ≤ 0,1, obtemos as poss´ıveis gˆemeassolares da nossa amostra, objetos de cor preta. Levando em considera¸c˜aoapenas as poss´ıveis gˆemeassolares, obtivemos uma forte

68 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

100

10

1

0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6

Figura 5.8: Per´ıodo de rota¸c˜aocromosf´erico como fun¸c˜aoda massa para as estrelas do BCool. A cor de cada objeto est´aassociada com a intensidade m´ediado campo longitudi- nal. correla¸c˜aoentre os parˆametrosabundˆanciade l´ıtioe o per´ıodo de rota¸c˜ao.Essa correla¸c˜ao se quantifica atrav´esdo coeficiente de Spearman, que para esta situa¸c˜ao´ede rS = -0,78,

6 com uma probabilidade da ordem de 10− desses resultados serem derivados do acaso.

69 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

25 -1.2 < [Fe/H] < 1.0

20

15

10

5

0 -1 0 1 2 3 Abundancia de litio [dex]

Figura 5.9: Histograma da abundˆanciade l´ıtiopara as estrelas do tipo solar do cat´alogo do BCool. A linha tracejada em vermelho corresponde ao valor solar.

5.5 Campo magn´eticolongitudinal (Bl) como fun¸c˜ao da abundˆanciade l´ıtio

Na figura 5.11, apresentamos a distribui¸c˜aodo campo magn´eticolongitudinal para as nossas estrelas do BCool, nesta figura ´eposs´ıvel perceber que a grande maioria das estrelas apresentam um |Bl| menor que 5 gauss e a detec¸c˜aode campos superiores a esse valor se tornam mais raros.

Investigando o comportamento do Bl (em escala logar´ıtmica)em fun¸c˜aoda abundˆancia

70 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

3

2

1

0

0 10 20 30 40 50

Figura 5.10: Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aopara as estrelas do tipo solar do cat´alogo BCool. Os objetos de cor preta representam as poss´ıveiscandidatas `agˆemeas solares. Novamente o Sol ´esimbolizado por uma ?. de l´ıtio,podemos observar uma grande dispers˜aode ambos os parˆametrosna figura 5.12. No entanto, quando adotamos o intervalo das poss´ıveis gˆemeas,como descrito na figura 5.10, torna-se n´ıtidauma correla¸c˜aoentre esses parˆametros,representadas pelos objetos pretos. Esta correla¸c˜aoaponta para o fato de que os objetos mais semelhantes ao Sol, consomem o seu l´ıtioa medida que v˜aoperdendo o seu campo magn´etico.

Na figura 5.13, apresentamos o Bl como fun¸c˜aoda A(Li), neste caso os objetos apresen- tados na figura anterior s˜ao destacados em fun¸c˜aoda idade. Esta figura est´aestruturada da seguinte maneira, os pain´eissuperiores esquerdo e direito representam as estrelas com

71 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

50

40

30

20

10

0 0 5 10 15 20

Figura 5.11: Histograma do campo magn´etico longitudinal m´ediopara as estrelas do tipo solar do cat´alogo BCool. A linha tracejada em vermelho corresponde ao valor solar. idade menor que 2,0 e entre 2,0 e 5,0 bilh˜oesde anos, respectivamente. J´aos pain´eis inferiores identificam as estrelas com idade entre 5,0 e 8,0, lado esquerdo, e maior que 8,0 bilh˜oesde anos no lado direito. Analisando cada um desses pain´eis,podemos perceber que as estrelas com idade menor que 2,0 bilh˜oesde anos s˜ao, em geral, as mais magn´eticas,com log(Bl) ≥ 0,5 G, com algumas exce¸c˜oes.Isto refor¸caa condi¸c˜aode que os objetos mais jovens s˜aonaturalmente mais ativos. Para as estrelas com idades entre 2,0 e 5,0 bilh˜oesde anos, podemos observar uma certa dispers˜aoentre os parˆametros. Tal comportamento tamb´emse repete para as estrelas no intervalo de 5,0 e 8,0 bilh˜oesde anos, parte inferior da figura 5.13.A incerteza na determina¸c˜ao da idade deve ser uma das principais raz˜oespara essa dispers˜ao

72 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

2.5

2

1.5

1

0.5

0

-0.5

0 1 2 3

Figura 5.12: Campo magn´etico longitudinal como fun¸c˜aoda A(Li) para as nossas es- trelas do BCool. Os objetos de cor preta representam as poss´ıveiscandidatas `agˆemeas solares. observada. As estrelas mais velhas da amostra, com idades acima de 8,0 bilh˜oesde anos, j´a depletaram a maior parte do seu conte´udode l´ıtioinicial. No entanto, o n´ıvel de atividade magn´eticadessas estrelas encontra-se variando entre -0,5 e 0,5 G. Tal comportamento, mais uma vez, sinaliza a fragilidade dos m´etodos de determina¸c˜aodas idades estelares. Diante desta an´alise,podemos concluir que o campo magn´etico,assim como tamb´em a abundˆancia de l´ıtio,podem ser utilizados como v´ınculosadicionais na dif´ıciltarefa de determinar a idade das estrelas.

73 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

2.5 2.5

2 2

1.5 1.5

1 1

0.5 0.5

0 0

-0.5 -0.5

0 1 2 3 0 1 2 3

2.5 2.5

2 2

1.5 1.5

1 1

0.5 0.5

0 0

-0.5 -0.5

0 1 2 3 0 1 2 3

Figura 5.13: Campo magn´etico longitudinal como fun¸c˜aoda A(Li) e idade para as estrelas do BCool. Os pain´eissuperiores representam as poss´ıveisestrelas jovens da nossa amostra, onde os objetos com idades menores que 2,0 bilh˜oesde anos est˜aolocalizados na esquerda e aqueles com idade entre 2,0 e 5,0 bilh˜oesde anos na direita, respectivamente. Nos pain´eisinferiores, apresentamos as poss´ıveisestrelas mais velhas do BCool, sendo o painel esquerdo constitu´ıdopelos objetos com idades entre 5,0 e 8,0 bilh˜oesde anos, j´ao painel direito ´ecomposto pelas estrela-s com idades superiores `a8,0 bilh˜oesde anos.

5.6 Campo magn´eticolongitudinal (Bl) como fun¸c˜ao do per´ıodo de rota¸c˜ao

Na figura 5.14, apresentamos o Bl como fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aopara nossas estrelas do BCool. A partir desta figura ´eposs´ıvel perceber uma grande dispers˜aode

74 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL ambos os parˆametros sobre o gr´afico. Mais uma vez, quando adotamos o intervalo das poss´ıveis gˆemeas,como descrito na figura 5.10, torna-se n´ıtidauma correla¸c˜aoentre o campo e o per´ıodo de rota¸c˜ao,representadas pelos objetos pretos. Esta correla¸c˜aoaponta para o fato de que os objetos mais semelhantes ao Sol, v˜aoperdendo a sua atividade magn´eticaa medida que v˜aose tornando rotatores lentos.

Na figura 5.15, analisamos o comportamento do Bl como fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao e da A(Li). Nesta figura, as diferentes cores representam a abundˆanciade l´ıtiopara as estrela. Assim, os objetos laranjas correspondem `aA(Li) ≤ 1,5 dex, os objetos pretos simbolizam aquelas estrelas com A(Li) > 1,5 dex, os quadrados abertos est˜aoassociados com as estrelas sem valor de l´ıtiodispon´ıvel na literatura. Analisando esta figura, podemos perceber que as estrelas pobres em l´ıtio(A(Li) ≤ 1,5 dex) encontram-se dispersas pelo gr´afico,j´aaquelas com maior abundˆanciadesse elemento (A(Li) > 1,5 dex) apresentam um limite superior de rota¸c˜ao, que ´eda ordem do valor solar, salve algumas exce¸c˜oes.

5.7 Campo magn´eticolongitudinal (Bl) como fun¸c˜ao da idade estelar

Na figura 5.16, apresentamos o histograma da distribui¸c˜aode idades para nossas es- trelas do tipo solar. Com exce¸c˜aode um pico de idades em torno de 0,1 bilh˜oesde anos, nossas estrelas se distribuem simetricamente em torno de 5,0 bilh˜oesde anos. Lembrando que a precis˜aonas idades estelares ainda continua sendo uma dif´ıcil tarefa nos meios astronˆomicoscomo destaca Soderblom(2010). Na figura 5.17, apresentamos a evolu¸c˜aodo campo magn´eticolongitudinal (escala lo- gar´ıtmica)para toda a nossa amostra de estrelas do BCool. De maneira geral essas estrelas apresentam uma grande dispers˜aosobre o gr´afico,tal comportamento reflete a heterogenei- dade da amostra, como tamb´em,as imprecis˜oesenvolvidas nas determina¸c˜oesdas idades dessas estrelas do campo. No entanto, quando adotamos o intervalo das poss´ıveis gˆemeas, como descrito em figuras anteriores, podemos perceber uma tendˆenciade decaimento do campo magn´eticocomo fun¸c˜aoda idade, como destacado pelos s´ımbolos pretos. A partir desta figura tamb´empodemos observar que os objetos com idade ≥ 7,0 bilh˜oesde anos apresentam log(Bl) ≤ 0,5 G.

75 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

2.5

2

1.5

1

0.5

0

-0.5

0 10 20 30 40 50

Figura 5.14: Campo magn´etico longitudinal como fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aopara as nossas estrelas do BCool. Novamente os objetos de cor preta representam as poss´ıveis candidatas `agˆemeas solares.

Na figura 5.18e 5.19, apresentamos a distribui¸c˜aodas nossas estrela sobre o diagrama cor-per´ıodo, juntamente com as is´ocronasrotacionais derivadas a partir de (Barnes, 2007). A cor e a forma dos objetos corresponde ao intervalo de idades selecionados, assim, na figura 5.18, os c´ırculoslaranjas representam as estrelas com idades ≤ 2,0 bilh˜oesde anos, j´a os quadrados pretos simbolizam aquelas com 2,0 < idades ≤ 5,0 bilh˜oesde anos. Na figura 5.19, os c´ırculosazuis representam as 5,0 < idades ≤ 8,0 bilh˜oesde anos e os quadrados vermelhos se referem as estrelas com idades > 8,0 bilh˜oesde anos, respectivamente. Embora a girocronologia seja calibrada apenas para os aglomerados abertos (Barnes

76 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

2.5

2

1.5

1

0.5

0

-0.5

0 10 20 30 40 50

Figura 5.15: Campo magn´etico longitudinal como fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aoe da A(Li) para as nossas estrelas do BCool. et al., 2015, 2016; Meibom et al., 2015), ´eposs´ıvel confrontar as idades determinadas atrav´esdas is´ocronastradicionais e aquelas obtidas atr´aves desta t´ecnica,desde que os per´ıodos de rota¸c˜aosejam determinados com grande precis˜ao,como ´eo caso daqueles obtidos a partir do Kepler. Analisando essas figuras, podemos observar que os objetos com idades ≤ 2,0 bilh˜oesde anos apresentam uma maior concordˆanciacom as idades propostas pela girocronologia, com algumas exce¸c˜oes.Para as estrelas com idades entre 2,0 < idades ≤ 5,0 bilh˜oesde anos, obtivemos uma concordˆancia de 50% da amostra dentro desse intervalo. As estrelas com idades superiores a 5,0 bilh˜oesde anos apresentam

77 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

25

20

15

10

5

0 0 5 10

Figura 5.16: Histograma da idade estelar para as estrelas do tipo solar do cat´alogo BCool. A linha tracejada em vermelho corresponde ao valor solar. o menor n´ıvel de concordˆanciaentre os dois m´etodos. Esse resultado reflete a imprecis˜ao nas idades estelares para os objetos mais velhos.

78 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

2.5

2

1.5

1

0.5

0

-0.5

0 5 10

Figura 5.17: Evolu¸c˜aodo campo magn´etico longitudinal para nossas estrelas do BCool. Os objetos de cor preta representam novamente as poss´ıveiscandidatas `agˆemeas solares.

79 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

10

1 0.4 0.6 0.8 1 1.2

Figura 5.18: Diagrama per´ıodo-cor para nossas estrelas do tipo solar do BCool. As linhas tracejadas correspondem `asis´ocronas rotacionais para diversas idades estelares, constru´ıdasusando o modelo de (Barnes, 2007). O Sol ´erepresentado por .

80 CAP´ITULO 5. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ESTRELAS DO BCOOL

10

1 0.4 0.6 0.8 1 1.2

Figura 5.19: Diagrama per´ıodo-cor para nossas estrelas do tipo solar do BCool. As linhas tracejadas correspondem `asis´ocronas rotacionais para diversas idades estelares, constru´ıdasusando o modelo de (Barnes, 2007). O Sol ´erepresentado por .

81 Cap´ıtulo 6 Resultados e discuss˜oespara as estrelas gˆemeasdo Sol

“In order to attain the impossible, one must attempt the absurd.”

Miguel de Cervantes

Ao longo deste cap´ıtuloapresentaremos e discutiremos os principais resultados para o nosso segundo conjunto de dados, 88 estrelas gˆemeas solares. Entre outros pontos, desta- camos a investiga¸c˜aote´oricadessas estrelas sobre o ponto de vista das suas propriedades, tais como, profundidade da zona convectiva, atividade cromosf´erica,per´ıodo de rota¸c˜ao, idade e, principalmente, a abundˆanciade l´ıtio.

6.1 An´alise do l´ıtio

A utiliza¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtioA(Li) como indicador da evolu¸c˜aoestelar volta a ser foco das grandes discuss˜oescient´ıficas.Pois determinar a presen¸cadesse elemento em estrelas, de certo modo, reacende grandes quest˜oesda astrof´ısica,como, por exemplo, o problema do l´ıtioprimordial, o enriquecimento qu´ımicoda Gal´axia,a f´ısicainterna das estrelas, al´emda rela¸c˜aodesse elemento com a forma¸c˜aode sistemas planet´arios.Neste trabalho, investigamos a abundˆanciade l´ıtiopara uma amostra selecionada de 88 gˆemeas solares do campo, tentando explicar como esse elemento se comporta quando analisado como fun¸c˜aode diversos parˆametros fundamentais.

82 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

Como ponto de partida, apresentamos toda nossa base na figura 6.1. Esta figura mostra a distribui¸c˜aodas 88 gˆemeassolares sobre o diagrama HR, destacando o conte´udo do l´ıtiopara essas estrelas. Segundo Mallik(1999), analisar a abundˆanciade l´ıtiosobre o diagrama HR ´ea melhor maneira de investigar a sua dependˆenciasobre a massa das estrelas. Sendo assim, utilizamos o c´odigoTGEC, para um intervalo de massas entre 0,95 e 1,05 M e com separa¸c˜aode ∆M = 0,025 M entre cada tra¸cado,como descrito na se¸c˜ao(4.3), para construir os tra¸cadosevolutivos nesse diagrama. J´aos valores referentes `aabundˆanciade l´ıtioforam coletados a partir de diversos trabalhos da literatura (Delgado Mena et al., 2014; Gonzalez, 2014; Pasquini et al., 1994; Ram´ırezet al., 2012; Takeda & Kawanomoto, 2005). Esse conjunto de estrelas ´erotulado como gˆemeassolares (Ram´ırezet al., 2014b), por- tanto, ´enatural encontr´a-lassobre a regi˜aoda sequˆenciaprincipal ou em regi˜oespr´oximas do turn-off1, como podemos observar na figura 6.1. A partir desta figura, podemos per- ceber que todas as estrelas com massa igual ou menor que 0,95 M apresentam baixa quantidade de l´ıtio.Isto significa que algum mecanismo interno, durante a pr´e-sequˆencia principal e/ou in´ıcioda sequˆenciaprincipal, deve ter atuando depletando esse elemento. Para as estrelas no intervalo de massa de 0,95 < M/M ≤ 1,02 ´eposs´ıvel observar uma certa dispers˜aonos seus valores de l´ıtio. Esta dispers˜aoj´afoi relatada tanto em estrelas do campo (do Nascimento et al., 2010) como em estrelas de aglomerados, como mos- trado para as H´ıades, Plˆeiades e M67 como destaca Castro et al.(2016). No caso dos objetos com massa superior a 1,02 M , podemos constatar que eles apresentam elevada abundˆanciade l´ıtioou indetermina¸c˜aodesse elemento. De acordo com o modelo padr˜aoda evolu¸c˜aoestelar, a abundˆanciade l´ıtiopara as estrelas do tipo solar sobre a sequˆenciaprincipal deveria depender exclusivamente da tem- peratura, metalicidade e idade (Pasquini et al., 1994). Como estamos lidando com gˆemeas solares, onde tanto a temperatura quanto a metalicidade s˜aorelativamente pr´oximasao valores solares, podemos ser tentados a acreditar que a idade ´ea principal respons´avel por essa dispers˜aoobservada no nosso diagrama HR. No entanto, outros autores defendem que o hist´oricoda rota¸c˜aodiferencial (Charbonnel & Talon, 2005) e o hist´orico convectivo (do Nascimento et al., 2010) tamb´emdevem ter um papel fundamental nessa dispers˜ao.

1A estrela atinge o ponto de turn-off quando consome todo o seu conte´udode hidrogˆeniona sua regi˜ao central.

83 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

0.4

0.3

0.2

0.1

0

-0.1

3.77 3.765 3.76 3.755

Figura 6.1: Distribui¸c˜aodas gˆemeas solares sobre o diagrama HR. Os diferentes s´ımbolos representam a abundˆanciade l´ıtiopara essas estrelas, assim, os quadrados abertos simbo- lizam as estrelas sem A(Li) detectada na literatura, os c´ırculos laranjas correspondem `a A(Li) ≤ 1,5 dex e aqueles com A(Li) ≥ 1,5 dex s˜aoidentificados por c´ırculos escuros. As linhas cont´ınuasrepresentam os tra¸cadosevolutivos, calculados com TGEC, para o inter- valo de 0, 95 ≤ M/M ≤ 1, 05 e metalicidade solar. O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo (?) de uma estrela vermelha.

6.1.1 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda massa

Diferentemente dos aglomerados estelares, onde a massa pode ser estimada com re- lativa precis˜aoatrav´esde is´ocronas,as estrelas do campo, em geral, n˜aocompartilham da mesma confiabilidade que emprega essa t´ecnica. Atualmente, as determina¸c˜oesmais confi´aveis de massa para estrelas simples do campo s˜aoobtidas atrav´esda asterosismologia

84 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

(Mathur et al., 2012). Para esta parte do nosso trabalho, estamos utilizando essencial- mente as massas determinadas por Ram´ırezet al.(2014b), como descrito na se¸c˜ao(5.2.6). A abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda massa para nossa amostra de 88 gˆemeassolares ´eapresentada na figura 6.2. Essa figura relaciona simultaneamente trˆes grandezas para as gˆemeassolares desse trabalho, a abundˆanciade l´ıtio(descrita na se¸c˜ao4.2.9), a massa (se¸c˜ao4.2.6) e a idade (se¸c˜ao4.2.10). Os objetos s˜aoidentificados de acordo com a idade, como descrito na legenda da figura. As is´ocronaspresentes nessa figura representam modelos evolutivos para 0,7, 2,0, 4,57, 5,0 e 8,0 bilh˜oesde anos, e foram calculadas atrav´esdo TGEC (descrito na se¸c˜ao4.3). A partir desta figura, podemos perceber que os objetos massivos, ricos em l´ıtio(A(Li) > 1,5 dex) e mais jovens (idade ≤ 2,0 bilh˜oesde anos) est˜aosituados no canto superior direito. J´aos menos massivos, pobres em l´ıtio(A(Li) ≤ 1,5 dex) e os mais velhos (idade > 2,0 bilh˜oesde anos) est˜aolocalizados na regi˜aoinferior esquerda. Os objetos com idade entre esses valores se encontram dispersos sobre o gr´afico.De maneira geral podemos ob- servar a existˆenciade uma leve correla¸c˜aoentre esses trˆesparˆametros,quando observamos os casos extremos dessa figura. Essas estrelas se distribuem sobre o diagrama A(Li) versus massa de maneira seme- lhantes `aquelasdo aglomerado aberto M67, como pode ser observado no trabalho de Castro et al.(2016). Por´em,quando utilizamos as is´ocronas constru´ıdas a partir do TGEC e calibradas para aglomerados, podemos perceber uma fraca convergˆenciaentre as gˆemeassolares e as is´ocronas.Uma das raz˜oespara isso deve estar associada `aeficiˆencia do modelo em destruir o l´ıtiopara as estrelas menos massivas (M < 1,0 M ). Para o caso das estrelas gˆemeascom massa ≥ 1,0 M , o modelo apresenta certa concondˆancia quando levamos em considera¸c˜ao alguns objetos mais jovens, no entanto, a discrepˆancia entre os modelos e os dados observados cresce com o aumento da idade, neste caso, o modelo torna-se pouco eficiente em destruir o l´ıtiocom o tempo. Outra justificativa para esta dispers˜aoest´arelacionada com as grandes incertezas nas determina¸c˜oesdas idades para as estrelas do campo (Soderblom, 2010).

6.1.2 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda profundidade da MZC

A radia¸c˜aoe a convec¸c˜aocorrespondem aos dois principais mecanismos de transporte de energia do interior estelar para a sua superf´ıcie. A convec¸c˜ao,em particular, ´euma

85 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

2.5

2

1.5

1

0.5

0.96 1 1.04 1.08

Figura 6.2: Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda massa para as estrelas gˆemeas do Sol. As diferentes cores representam uma segrega¸c˜aonos objetos de acordo com a idade das estrelas. As linhas cont´ınuascorrespondem as is´ocronas para 0,7, 2,0, 4,57, 5,0 e 8,0 bilh˜oesde anos. O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo . caracter´ısticauniversal das estrelas, uma vez que, todas elas apresentam um n´ucleocon- vectivo, um envelope convectivo ou ambos (Moore, 2002). Em geral, as estrelas de pouca massa s˜aocompletamente convectivas, por outro lado, as gigantes podem apresentar v´arias e distintas cascas convectivas. No caso do Sol, o transporte de energia se d´atanto atrav´es da radia¸c˜ao,na regi˜aomais interna da estrela e que se estende por aproximadamente 2/3 do raio solar, quanto por meio da convec¸c˜ao(0,3 R )(Moore, 2002). Como essa amostra

´econstitu´ıdaessencialmente de gˆemeas solares ´ede se esperar que elas apresentem meca-

86 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES nismos de transporte de energia semelhante ao Sol. Com o intuito de estimar a influˆencia da zona convectiva nos parˆametrosestelares, calculamos a profundidade em massa do envolt´orioconvectivo, como descrito na se¸c˜ao4.2.6. Em linhas gerais, a profundidade em massa do envolt´orioconvectivo, para as estrelas do tipo solar na sequˆenciaprincipal, depende essencialmente da massa estelar (do Nascimento et al., 2010). Nesta se¸c˜ao,analisamos a abundˆancia de l´ıtiocomo fun¸c˜aodeste parˆametro para nossa base, como ´eapresentada na figura 6.3. Nessa figura, podemos observar que os objetos com maior abundˆancia de l´ıtioest˜aoassociados com as estrelas, possivelmente, mais jovens, em particular aquelas que apresentam uma idade igual ou inferior a dois bilh˜oesde anos. Uma das raz˜oespara essa preserva¸c˜aodo l´ıtionos objetos mais jovens deve estar associada `apouca profundidade do envolt´orioconvectivo. Esses objetos est˜ao localizados na regi˜aosuperior direita. J´apara aqueles com as menores quantidades de l´ıtio´eposs´ıvel associ´a-los`asestrelas mais velhas, uma vez que devem apresentar as regi˜oes convectivas mais profundas. Estes objetos est˜aolocalizados na regi˜aoinferior esquerda. Com base nesta an´alise,podemos acreditar que a profundidade do envolt´orioconvectivo, para esta amostra de estrelas gˆemeassolares, est´aintrinsicamente relacionada com a sua massa e o seu est´agioevolutivo.

6.1.3 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda atividade cromosf´erica

De acordo com Skumanich(1972) a abundˆanciade l´ıtio,a atividade cromosf´ericae a rota¸c˜aodevem ser influenciados diretamente pela evolu¸c˜aoestelar, logo, esses parˆametros podem ser utilizados como indicativos da idade da estrela. Na figura 6.4, apresentamos a rela¸c˜aoentre dois indicadores da evolu¸c˜aoestelar, a abundˆanciade l´ıtioe o ´ındicede atividade cromosf´erica(log(RHK0 )), nela os diferentes s´ımbolos e as diferentes cores est˜ao associados `asegrega¸c˜ao das gˆemeassolares de acordo com a idade. O retˆangulovermelho representa a regi˜aode amplitude da atividade cromosf´ericado Sol, de acordo com o seu ciclo de aproximadamente 11 anos (Ram´ırezet al., 2014b). A figura 6.4 nos mostra tamb´em a dependˆenciada atividade cromosf´ericatanto em fun¸c˜aoda A(Li) quanto da idade estelar. E´ poss´ıvel observar que os objetos mais ve- lhos, s´ımbolos laranjas, est˜aolocalizados na regi˜aode baixa abundˆanciade l´ıtio,A(Li) ≤ 1,5 dex, e de baixa atividade cromosf´erica. J´aos objetos mais jovens, com exce¸c˜ao da estrela HIP 74389, encontram-se na regi˜aodas estrelas ricas em l´ıtio,A(Li) > 1,5, e

87 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

2.5

2

1.5

1

0.5

0.035 0.03 0.025 0.02

Figura 6.3: Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda profundidade em massa do envolt´orio convectivo para as estrelas gˆemeas do Sol. A simbologia ´ea mesma da figura anterior. mais ativas. A partir da nossa amostra de gˆemeassolares, podemos observar que n˜ao´e natural a existˆenciade gˆemeassolares velhas e ativas ou ativas e pobres em l´ıtio. Este comportamento tamb´em´eobservado nas estrelas do tipo solar. Um fato interessante nesta figura ´ea passagem abrupta das estrelas da condi¸c˜aode ativa, log(RHK0 ) ≥ -4,8 dex, para inativa, log(RHK0 ) < -4,8 dex, dentro dos dois primeiros bilh˜oesde anos. O erro relacionado `adetermina¸c˜aoda idade, provavelmente, faz com que percebamos estrelas ativas mais velhas que dois bilh˜oesde anos. De maneira geral, a distribui¸c˜aodas gˆemeassolares sobre o gr´aficoda atividade cro-

88 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

-4.4

-4.6

-4.8

-5

2.5 2 1.5 1 0.5

Figura 6.4: Indice´ de atividade cromosf´erica como fun¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtiopara as gˆemeas solares da nossa base. O retˆangulovermelho representa a regi˜aode abrangˆencia da atividade cromosf´erica do Sol, de acordo com o seu ciclo de aproximadamente 11 anos. A simbologia segue a mesma da figura anterior. mosf´ericaem fun¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtioparece n˜aoobedecer a rela¸c˜aoprevista por Skumanich(1972), tendendo mais para uma configura¸c˜aodo tipo-L ( L-shape), corrobo- rando com os resultados de Pace(2013). O tamanho da amostra tamb´empode estar contribuindo para este resultado.

89 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

6.1.4 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo n´umerode Rossby

O n´umerode Rossby ´erespons´avel por quantificar a raz˜aoentre a rota¸c˜aoe a convec¸c˜ao da estrela. Acredita-se que esses parˆametrosexer¸camcerta influˆenciasobre a abundˆancia de l´ıtiodetectada na superf´ıcieda estrela. A abundˆanciade l´ıtioversus o n´umero de Rossby para as estrelas gˆemeasdo Sol ´e apresentada na figura 6.5. Como o n´umerode Rossby ´eobtido de parˆametrosdiretamente envolvidos com a abundˆanciade l´ıtio, dever´ıamos esperar uma certa correla¸c˜aoentre essas grandezas. A curva que tenta descrever essa rela¸c˜ao´edo tipo potencial e est´adescrita na parte inferior da figura.

A partir desta figura, podemos observar que os objetos com A(Li) ≤ 1,0 dex e Ro

≥ 2,0 e, ainda, A(Li) ≥ 2, 2 dex e Ro ≤ 1,2 s˜aobem representados pela curva que fita os dados. J´aos objetos com A(Li) entre esses valores demonstram grande dispers˜ao em rela¸c˜aoao Ro. Tamb´empodemos constatar um fato interessante nesta figura, o n´umerode Rossby do Sol ´evisivelmente maior que o das gˆemeassolares, destacando-se em rela¸c˜aoas outras estrelas. Isso ser´aconsequˆenciada atividade magn´eticado Sol? Ou ser´aque est´a relacionado com o seu per´ıodo de rota¸c˜ao?Ou consequˆenciada evolu¸c˜aodessas estrelas?

6.1.5 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo per´ıdode rota¸c˜ao

A abundˆanciade l´ıtio e a velocidade de rota¸c˜ao para as estrelas do tipo solar na regi˜aoda sequˆenciaprincipal apresentam uma forte correla¸c˜ao,caracterizando-se por ser mais elevada para os objetos mais jovens, como por exemplo as Plˆeiades,reduzindo essa velocidade para os objetos mais velhos, como por exemplo as H´ıades,e tornando-se cada vez mais lenta para o Sol e outras estrelas mais velhas da Gal´axia.Esse comportamento deve estar relacionado com a conex˜aof´ısicaentre o freio rotacional e a deple¸c˜aodo l´ıtio em/ou abaixo da zona convectiva das estrelas do tipo solar (van den Heuvel & Conti, 1971). A rota¸c˜aoestelar juntamente com o processo de redistribui¸c˜aodo seu momento angular s˜aoos principais respons´aveis pelo mecanismo de misturas no interior estelar, tais mecanismos influenciam a abundˆanciade l´ıtioque ´edetectada na fotosfera da estrela (Beck et al., 2016). O m´etodo mais usual, embora menos preciso, de determina¸c˜aoda rota¸c˜aoestelar ´e atrav´esda velocidade de rota¸c˜aoprojetada (vsini). Um m´etodo mais preciso independe da inclina¸c˜aodo eixo de rota¸c˜aoem rela¸c˜aoao observ´avel e utiliza a modula¸c˜aofotom´etrica

90 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

2

1.5

1

0.5

0 1 2 3

Figura 6.5: Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo n´umero de Rossby para as estrelas gˆemeas do Sol. A linha tracejada representa a curva de regress˜aoque tenta fitar os dados, a sua express˜ao´edada na parte inferior esquerda do gr´afico. O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo ?. das curvas de luz do sat´eliteespacial Kepler. Para o nosso caso, determinamos o per´ıodo de rota¸c˜aoa partir de uma calibra¸c˜aopara os ´ındicesde cor e atividade cromosf´ericada estrela, como descrito por Wright et al.(2004) e Noyes et al.(1984). Os detalhes sobre o c´alculodo per´ıodo de rota¸c˜aoest˜aodescritos na subse¸c˜ao4.2.7. A abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aodas estrelas gˆemeasdo Sol ´eapresentada na figura 6.6. Novamente utilizamos o coeficiente de Spearman para quan- tificar `acorrela¸c˜aoentre esses parˆametros,obtivemos rS = -0,71, com uma probabilidade

91 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

2.5

2

1.5

1

0.5

5 10 15 20 25 30 35

Figura 6.6: Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aopara as estrelas gˆemeas do Sol. As diferentes cores representam uma segrega¸c˜aode acordo com a idade das estrelas. O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo .

12 da ordem de 10− desses resultados serem derivados ao acaso. Esse resultado est´aem total acordo com aquele obtido para as poss´ıveis gˆemeasdo cat´alogoBCool na se¸c˜ao6.4.2 e refor¸camais uma vez a forte influˆenciada rota¸c˜aoda estrela no seu conte´udode l´ıtio.

6.2 An´alise do per´ıodo de rota¸c˜ao

A rota¸c˜aodesempenha um papel fundamental na evolu¸c˜aoestelar. Em geral, as estre- las de pouca massa, incluindo o Sol, se formam com elevadas taxas de rota¸c˜aosuperficial

92 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES e v˜ao perdendo essa capacidade rotativa `amedida que evoluem. Essa desacelera¸c˜ao´euma consequˆenciada intera¸c˜aoentre o vento estelar magnetizado e sua camada convectiva ex- terna. Essa intera¸c˜aoproporciona perda de momento angular, principalmente, atrav´esdo vento e, consequentemente, leva a uma redistribui¸c˜aodesse momento dentro da estrela, induzindo assim gradientes de velocidade. Esses gradientes, por sua vez, proporcionam a mistura dos elementos qu´ımicosno interior estelar (Charbonnel & Talon, 2005). No caso de elementos fr´ageiscomo o l´ıtio,que ´edestru´ıdopor captura de pr´otonsem temperaturas relativamente baixas (∼ 2, 5 × 106K), essas temperaturas s˜aoatingidas em regi˜oesn˜ao muito distantes da zona convectiva, como consequˆencia´eesperado uma deple¸c˜aoem l´ıtio na superf´ıcieda estrela `amedida que esta evolui (Charbonnel & Talon, 2005). Nesse ponto do nosso trabalho, investigamos o per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa, da profundidade do envolt´orioconvectivo e do ´ındicede cor. A rela¸c˜aodesse ´ultimo parˆametrocom a rota¸c˜aoda estrela ´eanalisada sob o ponto de vista da girocronologia. Os per´ıodos de rota¸c˜aoempregados nesta fase, foram determinados atrav´esdos ´ındicesde cor e atividade cromosf´erica,como descrito na subse¸c˜ao 4.2.7.

6.2.1 Prot como fun¸c˜aoda massa e da MZC

O per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa e da profundidade do envolt´orioconvectivo das 88 gˆemeassolares ´eapresentada nas figuras 6.7e 6.8, respectivamente. Nestas figuras, as estrelas est˜aoidentificadas de acordo com a abundˆanciade l´ıtio, como descrito na legenda e anteriormente nas outras figuras. A partir delas, podemos observar uma grande dispers˜aonos valores de l´ıtioe de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa para as gˆemeassolares. Isto significa, por exemplo, que objetos com uma massa solar podem apresentar tanto uma alta rota¸c˜aoe ser rica em l´ıtioquanto baixa rota¸c˜aoe ser pobre em l´ıtio.Para uma melhor an´alisedesse comportamento - para as estrelas do campo - se faz necess´arioa amplia¸c˜ao dessa base, al´emde um refinamento no per´ıodo de rota¸c˜ao. Um fato interessante que tamb´empodemos destacar ´ea presen¸cadas estrelas pobres em l´ıtio(A(Li) ≤ 1,5 dex) na regi˜aode rotatores lentos (Prot > 20 dias). Este comportamento nos induz a acreditar que as estrelas diminuem sua rota¸c˜aodurante a fase de destrui¸c˜aodo l´ıtio.

93 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

30

20

10

0.95 1 1.05 1.1

Figura 6.7: Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa. As diferentes cores definem uma segrega¸c˜aona abundˆanciade l´ıtio.O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo ?.

6.2.2 Prot como fun¸c˜aodo ´ındicede cor - girocronologia

A motiva¸c˜aoem usar o per´ıodo de rota¸c˜aoda estrela como indicador da evolu¸c˜ao estelar ´eamplamente discutido por Barnes(2003, 2007). A t´ecnicada girocronologia utiliza o conhecimento da rota¸c˜aoestelar e do ´ındicede cor para determinar a idade das estrelas. Atualmente, esse m´etodo ´emais eficiente para as estrelas dos aglomerados com per´ıodos de rota¸c˜aoaltamente confi´aveis, recentemente, Barnes et al.(2016) estendeu essa calibra¸c˜aopara o aglomerado aberto M67, cuja idade ´eda ordem de 4,0 bilh˜oesde anos. A determina¸c˜aoda taxa de rota¸c˜aopara as estrelas frias e de pouca massa pode ser

94 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

35

30

25

20

15

10

5

0.035 0.03 0.025 0.02 0.015

Figura 6.8: Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda profundidade da massa da zona convec- tiva. As diferentes cores definem a segrega¸c˜aona abundˆanciade l´ıtio.O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo ?. obtida de diversas maneiras, como descrito por Bouvier(2013). Os m´etodos mais usuais utilizam a espectroscopia - a partir da velocidade de rota¸c˜aoprojetada, vsini - como tamb´em,a modula¸c˜aoper´ıodica do brilho da estrela, essencialmente devido `apresen¸ca de manchas sobre a sua superf´ıcie. Esta ´ultimatem se consolidado como a t´ecnicamais eficiente gra¸cas`ascontribui¸c˜oesdos sat´elitesespaciais CoRoT e Kepler. O processo de evolu¸c˜aodas estrelas frias e de pouca massa, como o Sol ou as gˆemeas solares, resulta naturalmente numa perda de massa e momento angular. Esse comporta- mento pode ser observado em um gr´aficode superf´ıcie(Meibom et al., 2015) que descreve o

95 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

10

1 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

Figura 6.9: Per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aodo ´ındice de cor (B-V). As diferentes cores definem a segrega¸c˜aona abundˆanciade l´ıtio.O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo ?. per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda idade e da massa estelar, P = P (t, M). Assim, utiliza- mos o per´ıodo de rota¸c˜ao(determinado a partir do ´ındicede atividade cromosf´erica)para confrontar as idades obtidas por Ram´ırezet al.(2014b) e pela t´ecnicada girocronologia, como apresentado na figura 6.9. Nesta figura, apresentamos as is´ocronasrotacionais - de acordo com o trabalho de Barnes(2007) e descritas na se¸c˜ao5.2.10 - para diversas idades estelares: 0,3, 0,5, 1,0, 2,0, 3,0, 4,0, 5,0 e 6,0 bilh˜oesde anos. A cor e simbologia dos objetos est´aassociada `a abundˆanciade l´ıtiopara cada gˆemeasolar. Analisando a distribui¸c˜aodessas estrelas sobre

96 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES a figura 6.9, podemos perceber uma grande dispers˜aodas estrelas ricas em l´ıtio(A(Li) > 1,5 dex) por todo o gr´afico.J´apara as gˆemeassolares pobres em l´ıtio(A(Li) ≤ 1,5 dex), podemos observar uma regi˜aode confinamento, per´ıodo de rota¸c˜aoentre 20 e 30 dias, para essas estrelas na faixa de idade entre 3,0 e 6,0 bilh˜oesde anos.

6.3 An´alise da idade estelar

Acredita-se que as estrelas do tipo solar continuar˜aoqueimando o seu combust´ıvel (queima do hidrogˆeniona sequˆencia principal) por cerca de 10 bilh˜oesde anos ou mais. Com exce¸c˜aodo Sol, ainda n˜aosomos capazes de determinar com precis˜aoa idade das estrelas a partir de uma an´alisedireta. Em geral, a idade de uma estrela pode ser estimada ou inferida a partir de modelos te´oricosou m´etodos emp´ıricos. A situa¸c˜aotorna-se mais complexa quando lidamos com estrelas isoladas ou estrelas do campo, pois nenhum m´etodo te´oricoparece conseguir estimar com seguran¸caa idade desses objetos, principalmente quando consideramos a amplitude de tipos espectrais (Soderblom, 2010). As estimativas mais confi´aveis acerca da idade dos objetos celestes s˜aoobtidas atrav´es da an´alisede aglomerados estelares. Desde que, exista um conhecimento pr´eviodos v´arios parˆametrosenvolvidos nessa determina¸c˜ao,como por exemplo, a metalicidade, o conte´udo de h´elio,a abundˆanciade CNO, dentre outros. De qualquer forma, determinar a idade estelar seja atrav´esde aglomerados ou de estrelas do campo ainda continua uma tarefa desafiadora para a astrof´ısica. Nessa etapa do nosso trabalho, partirmos das idades determinadas por Ram´ırezet al. (2014b) e investigamos a evolu¸c˜aode v´ariosparˆametros f´ısicosfundamentais como, por exemplo, a atividade cromosf´erica,a abundˆanciade l´ıtio,o n´umerode Rossby e o per´ıodo de rota¸c˜ao,apresentaremos cada uma dessas an´aliseslogo abaixo. Nessa se¸c˜aotamb´em comparamos as idades obtidas por Ram´ırezet al.(2014b), atrav´esdas suas is´ocronas,com aquelas provenientes da girocronologia Barnes(2007).

6.3.1 Idade estelar como fun¸c˜aoda atividade cromosf´erica

A evolu¸c˜aoda atividade cromosf´ericapara as 88 gˆemeassolares ´eapresentada na figura 6.10. A simbologia da figura novamente est´aassociada `aabundˆanciade l´ıtio. Podemos perceber, com exce¸c˜aode poucas estrelas dispersas pelo gr´afico,que as gˆemeas

97 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

-4.4

-4.5

-4.6

-4.7

-4.8

-4.9

-5

0 2 4 6 8 10

Figura 6.10: Evolu¸c˜aoda atividade cromosf´erica. As estrelas foram agrupadas de acordo com a abundˆanciade l´ıtiocomo descrito na legenda da figura. Os objetos marcados com (×) representam o limite superior da A(Li). O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo ?. solares sofrem uma redu¸c˜aono seu n´ıvel de atividade cromosf´erica`amedida que a estrela

1/2 evolui, no entanto, esse decaimento parece n˜aoobedecer a tendˆencia(t− ) prevista por Skumanich(1972). Tendendo mais para uma configura¸c˜aodo tipo-L, como prevista por Pace(2013). Ao analisar a figura 6.10, levando em considera¸c˜aotamb´ema A(Li), podemos obser- var que a deple¸c˜aode l´ıtiopara as gˆemeassolares est´alimitada para regi˜aodo ciclo de atividade solar.

98 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

2.5

2

1.5

1

0.5

0 0 2 4 6 8 10

Figura 6.11: Abundˆanciade l´ıtioem fun¸c˜aoda idade estelar. As diferentes cores iden- tificam a segrega¸c˜aodas estrelas de acordo com o ´ındice de atividade cromosf´erica. As linhas cont´ınuasrepresentam os modelos evolutivos do l´ıtiode acordo com o intervalo de massa 0,95 e 1,05 M . O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo .

6.3.2 Idade estelar como fun¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtio

A rela¸c˜aoentre a abundˆanciade l´ıtioe a idade estelar, para as estrelas de tipo espectral G, ´econhecida desde o trabalho de Herbig(1965). Nesse estudo ele defende que o l´ıtio´e depletado progressivamente a partir das camadas atmosf´ericasdas estrelas do tipo G, na sequˆenciaprincipal. Tamb´em,de acordo com Wallerstein & Conti(1969), o processo de deple¸c˜aodo l´ıtioest´arelacionado ao tipo espectral da estrela. Analisando as estrelas de aglomerados ´eposs´ıvel perceber que as estrelas an˜asdo tipo K, geralmente, apresentam

99 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES um conte´udode l´ıtioinferior ao das estrelas an˜asdo tipo espectral G, como por exemplo o Sol. Isso indica que o l´ıtio´edestru´ıdomais r´apidoem estrelas menos massiva que em objetos mais massivos. Desse modo a constru¸c˜aode uma escala de tempo para a deple¸c˜ao do l´ıtiodeve levar em conta estrelas do mesmo tipo espectral mas com idades diferentes. Essa ´euma das raz˜oespara a utiliza¸c˜aode gˆemeassolares no desenvolvimento do nosso trabalho. Na figura 6.11, apresentamos a evolu¸c˜aoda A(Li) para as 88 gˆemeassolares de acordo com os nossos modelos evolutivos, calculados com o c´odigoTGEC para o intervalo de massa de 0,95 e 1,05 M . Os s´ımbolos desta figura est˜aorelacionados com o ´ındicede atividade cromosf´ericade cada estrela. Em escala global, podemos perceber uma boa concordˆanciaentre os modelos evolutivos e as gˆemeassolares observadas, principalmente, para o modelo de 1,0 M .

6.3.3 Idade estelar como fun¸c˜aodo n´umerode Rossby

A conex˜aoentre a rota¸c˜aoe a atividade cromosf´ericapode ser representada por uma f´ormula emp´ırica simples. Noyes et al.(1984) descobriram uma formula¸c˜aoque, al´emde representar adequadamente os dados observacionais, pode apresentar grande significado te´orico. Em linhas gerais, essa formula¸c˜aofaz uso de um parˆametro fundamental da teoria do d´ınamohidromagn´etico(Vaughan, 1984), o n´umerode Rossby. Essa grandeza ´eum n´umeroadimensional que relaciona a raz˜aoentre o per´ıodo de rota¸c˜aoe o tempo convectivo de turnover (τc), essa grandeza foi definida no quarto cap´ıtulo. A idade das gˆemeas ´eanalisada como fun¸c˜aodo n´umerode Rossby na figura 6.12. Neste ponto, podemos observar que todas as estrelas com idade superior a dois bilh˜oesde anos encontram-se distribu´ıdasna regi˜aoentre 1,5 < Ro < 2,2. Isto significa que, `amedida que a estrela evolui a sua atividade magn´eticavai decrescendo, nesse caso representada pelo aumento no n´umerode Rossby2. Nesta figura tamb´empodemos perceber que o Sol encontra-se num ponto de destaque em rela¸c˜aoa grande maioria das outras gˆemeas.Uma das raz˜oespara essa configura¸c˜ao pode estar associada com a ´epoca de determina¸c˜aodo n´ıvel de atividade cromosf´erica de cada estrela. A dimens˜aoda nossa amostra tamb´empode estar influenciando nessa tendˆencia. √ 2 O n´umero de Rossby se relaciona com o n´umerode d´ınamoatrav´esda seguinte rela¸c˜aoRo ∼ ND.

100 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

2

1.5

1

0.5

0 0 2 4 6 8 10

Figura 6.12: Abundˆanciade l´ıtioem fun¸c˜aoda idade estelar. As diferentes cores iden- tificam a segrega¸c˜aodas estrelas de acordo com o ´ındice de atividade cromosf´erica. As linhas cont´ınuasrepresentam os modelos evolutivos do l´ıtiode acordo com a massa estelar. O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo ?.

6.3.4 Idade estelar como fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao

A existˆenciade uma rela¸c˜aoentre a rota¸c˜aoda estrela e a sua idade para os objetos do tipo solar j´a´ebem estabelecida na literatura (do Nascimento et al., 2014; Guinan & Engle, 2009; Skumanich, 1972), embora essa correla¸c˜aoapresente falhas quando levamos em considera¸c˜aoos objetos mais velhos, isto ´e,objetos da mesma ordem ou superior a idade do Sol. A maioria das informa¸c˜oesrelacionadas `arota¸c˜aodas estrelas mais velhas e menos

101 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES ativas ´eproveniente do monitoramento das inomogeneidades das linhas H e K do CaII Donahue et al.(1996), devido essencialmente ao contraste entre os “plages 3” cromosf´ericos e a superf´ıcieda estrela. O observat´oriode Mount Wilson ´ea referˆencianesse tipo de monitoramento. Nesta etapa, apresentamos na figura 6.13 a evolu¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aopara as gˆemeassolares do campo. A simbologia ´ea mesma adotada nas figuras anteriores. A partir desta figura, podemos perceber uma n´ıtidadiminui¸c˜aona velocidade de rota¸c˜ao da estrela `amedida que ela evolui. Outro fato interessante que pode ser observado ´ea ausˆenciade estrelas velhas com alta rota¸c˜ao,definimos como alta rota¸c˜aoas estrelas que apresentam P rot ≤ 20 dias, e de estrelas jovens girando lentamente (Prot > 20 dias), este comportamento induz `aexistˆenciade uma correla¸c˜aoentre o per´ıodo de rota¸c˜aoe a idade para as nossas gˆemeassolares do campo.

1/2 No entanto, n˜ao´eposs´ıvel perceber uma tendˆenciasuave do tipo t− como descrita por Skumanich(1972). Devido a transi¸c˜aoabrupta na regi˜aode dois bilh˜oesde anos como proposto por Pace(2013), as estrelas parecem evoluir seguindo uma forma do tipo-L. Nesta figura tamb´emdestacamos a deple¸c˜aodo l´ıtiopara as gˆemeasacima de dois bilh˜oesde anos. Podemos constatar que n˜aoexiste nenhuma gˆemeapobre em l´ıtio(A(Li) ≤ 1,5 dex) abaixo dessa idade. Ser´aque os processos f´ısicosenvolvidos antes e depois de dois bilh˜oesde anos s˜aodiferentes?

3Plages s˜aoregi˜oesbrilhantes de alta atividade magn´eticalocalizadas na cromosfera da estrela.

102 CAP´ITULO 6. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS GEMEASˆ SOLARES

35

30

25

20

15

10

5

0 2 4 6 8 10

Figura 6.13: Evolu¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜aodas estrelas gˆemeas do Sol. As estrelas foram agrupadas de acordo com a abundˆanciade l´ıtio.O Sol ´erepresentado pelo s´ımbolo ?.

103 Cap´ıtulo 7 Resultados e discuss˜oespara as an´alogas solares do Kepler

“Somewhere, something incredible is waiting to be known.”

Carl Sagan

As miss˜oesespaciais CoRoT e Kepler proporcionaram um grande avan¸cona compre- ens˜aoda rota¸c˜ao,pulsa¸c˜aoe oscila¸c˜aoestelar. A partir da grande quantidade de dados provenientes dessas observa¸c˜oesfoi poss´ıvel identificar, em algumas estrelas, um padr˜ao de oscila¸c˜aosemelhante `aqueleobservado no Sol. Para essas estrelas foi adotado o termo osciladores de tipo solar. Nos ´ultimosanos o padr˜aode oscila¸c˜aotamb´empassou a ser utilizado no processo de classifica¸c˜aode estrelas do tipo solar. As estrelas an´alogassola- res 16 Cyg A&B (Davies et al., 2015; do Nascimento et al., 2014; Metcalfe et al., 2012) e CoRoT 102684698 (do Nascimento et al., 2013) observadas pelos sat´elites Kepler e CoRoT , respectivamente, fizeram uso dessas quantidades asteros´ısmicasdurante as suas caracteriza¸c˜oes. A rota¸c˜aosuperficial ´ede fundamental importˆancia para compreens˜aoda atividade magn´eticae dos mecanismos de mistura no interior das estrelas de pouca massa. Como j´a mencionado nos cap´ıtulosanteriores, a rota¸c˜aoexerce grande influˆenciasobre a evolu¸c˜ao estelar. Diante disso, nesse cap´ıtuloapresentaremos alguns dos nossos resultados, desta- cando principalmente a rela¸c˜aoentre o per´ıodo de rota¸c˜aoverdadeiro e a abundˆanciade l´ıtiopara nossa amostra de an´alogassolares do Kepler.

104 CAP´ITULO 7. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ANALOGAS´ SOLARES DO KEPLER

’Sol_Kurucz.txt’ u 1:2 ’KIC106.txt’ u 1:2 1

0.8

0.6 Fluxo

0.4

0.2

0 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 wavelength (nm)

Figura 7.1: Sobreposi¸c˜aodos espectros do Sol (kurucz) e da estrela KOI106, em vermelho e azul respectivamente.

7.1 An´alogassolares do Kepler

A amostra analisada nesse ponto consiste de um conjunto de 20 estrelas do tipo an´alogassolares, selecionadas a partir do cat´alogo Kepler e provenientes do trabalho de Salabert et al.(2016). Ap´osessa sele¸c˜ao,as estrelas foram observadas com o espectr´ografo HERMES1, entre os meses de Junho e Julho de 2015. Esse espectr´ografo trabalha dentro da regi˜aoespectral de 375 a 900 nm com uma resolu¸c˜aoespectral de R w 85000. O processo de extra¸c˜aoe redu¸c˜aodos espectros observados foi realizado com o pipeline do pr´oprioHERMES, como descrito por Raskin et al.(2011). A normaliza¸c˜aode cada espectro segue o conjunto de rotinas desenvolvidas por Beck et al.(2015). Na figura 7.1, apresentamos uma compara¸c˜aoentre os espectros normalizados do Sol (espectro sint´etico obtido a partir do Kurucz) e da estrela KOI106, em vermelho e azul respectivamente. Os parˆametrosestelares fundamentais, como temperatura efetiva, gravidade superfi- cial, metalicidade e velocidade de microturbulˆencia, para cada uma das estrelas, foram determinados a partir de uma an´aliseespectrosc´opicadas linhas de Fe I e Fe II. Para isso

1O espectr´ografoHERMES est´ainstalado no telesc´opioMercartor de 1,2 metros, em La Palma, nas Ilhas Can´arias,Espanha.

105 CAP´ITULO 7. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ANALOGAS´ SOLARES DO KEPLER utilizamos em conjunto o c´odigoARES2 (Sousa et al., 2015), para obten¸c˜aodas largu- ras equivalentes, e o c´odigoq2 (Ram´ırezet al., 2012) para determina¸c˜aodos parˆametros atmosf´ericosusando as t´ecnicasde equil´ıbriode excita¸c˜ao/ioniza¸c˜aodas linhas de ferro. As abundˆanciasde l´ıtiopara as 20 an´alogassolares foram determinadas a partir da an´aliseda s´ıntese espectral na regi˜aoda linha de Li I, 6707.8 A,˚ para isso, utilizamos a vers˜aomais recente (Julho de 2014) do c´odigoMOOG em regime LTE (Sneden, 1973) e os modelos atmosf´ericosKurucz/ATLAS9 (Castelli & Kurucz, 2004). Na figura 7.2, mostramos a compara¸c˜aoentre o Sol e KOI106 destacando a regi˜aodo l´ıtio(λ em torno de 6707.8 A).˚ Para a regi˜aodo l´ıtio,adotamos a lista de linhas provenientes do trabalho de Mel´endezet al.(2012), al´emde algumas modifica¸c˜oesprovenientes do VALD 3. Na figura 7.3, apresentamos o resultado da determina¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtio para a estrela KOI106. Na parte inferior desta figura ´eposs´ıvel perceber nitidamente a presen¸cado l´ıtio.J´ana parte superior destacamos a diferen¸caentre o espectro observado (real) e sint´etico(criado com o MOOG). O alto grau de equivalˆenciaentre ambos os espectos ´equantific´avel pelo pequeno valor de sigma (σ ∼ 0, 005). Uma tabela contendo as informa¸c˜oessobre os parˆametrosfundamentais e a abundˆanciade l´ıtiopara toas as 20 estrelas an´alogassolares pode ser consultada no apˆendice(A3).

7.2 An´alise da abundˆanciade l´ıtio em fun¸c˜aodos parˆametrosestelares

Nas pr´oximasse¸c˜oes,apresentaremos a nossa an´aliseda A(Li) como fun¸c˜aoda tem- peratura efetiva e do per´ıodo de rota¸c˜aoestelar para as 20 estrelas an´alogassolares. Para este caso, o per´ıodo de rota¸c˜ao´ederivado da modula¸c˜aofotom´etricaaplicada as curvas de luz do Kepler. A exemplo do que foi feito nos cap´ıtulos anteriores, nas figuras 7.4e 7.6 apresentamos a distribui¸c˜aodas nossas estrelas como fun¸c˜aodos parˆametrosestelares mencionados anteriormente. 2ARES - Automatic Routine for line Equivalent widths in stellar Spectra. 3Vienna Atomic Line Database - http://vald.astro.univie.ac.at/ vald3/php/vald.php

106 CAP´ITULO 7. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ANALOGAS´ SOLARES DO KEPLER

’Sol_Kurucz.txt’ u 1:2 ’KIC106.txt’ u 1:2 1

0.8

0.6 Fluxo

0.4

0.2

0 669.5 670 670.5 671 671.5 672 672.5 673 wavelength (nm)

Figura 7.2: Sobreposi¸c˜aodos espectros do Sol (kurucz) e da estrela KOI106 na regi˜ao do Li I.

7.2.1 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda temperatura efetiva

Na figura 7.5 apresentamos a distribui¸c˜aodas estrelas an´alogassolares do Kepler em um diagrama da abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda temperatura efetiva. A partir desta figura podemos perceber uma certa tendˆenciade diminui¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtiocom a diminui¸c˜aoda temperatura efetiva para as an´alogassolares do Kepler. Essa tendˆencia ´ecompartilhada por quase toda a base, a exce¸c˜ao´ea estrela KOI271. Tamb´em´eposs´ıvel observar que essa diminui¸c˜aoda A(Li) chega a ser quase trˆesordens de magnitude entre o intervalo de 6400 K e 5600 K. A correla¸c˜aoentre essas grandezas ´edada pelo coeficiente de Pearson, cujo valor ´e igual `a0,73. A linha tracejada representa uma curva de regress˜aoda A(Li) como fun¸c˜ao da Teff , esta curva obedece uma lei de potˆencia e est´adescrita na legenda da figura 7.5. O comportamento dessas grandezas tamb´em´eobservado em diversos aglomerados abertos, embora o intervalo de temperatura para esses casos seja mais amplo, como ´eo caso dos aglomerados IC 2602 e IC 2391 (Randich et al., 2001), α Per (Balachandran et al., 2011), Plˆeiadese M34 (Gondoin, 2015), dentre outros.

107 CAP´ITULO 7. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ANALOGAS´ SOLARES DO KEPLER

Figura 7.3: Abundˆanciade l´ıtiopara a estrela KOI106, na parte inferior do gr´afico. Diferen¸caentre o espectro observado e o espectro s´ıntetico para esta estrela na parte superior.

Fazendo uma analogia com o trabalho de Mallik(1999), acreditamos que o decl´ınio gradual da abundˆanciade l´ıtioem fun¸c˜aoda temperatura efetiva - para as nossas an´alogas solares do Kepler - est´arelacionado com o aumento da dilui¸c˜aodo l´ıtiodevido ao apro- fundamento do envolt´orioconvectivo. No entanto, esta ´euma conclus˜aosuperficial, s´o poderemos confirmar esta afirma¸c˜aodepois de uma an´alisemais detalhada desses objetos. O resultado dessa an´aliseser´aapresentado em Duarte et al. (2017).

7.3 Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao

A busca por uma conex˜aoentre a abundˆanciade l´ıtioe a rota¸c˜aoestelar ´efacilmente encontrada na literatura (Bouvier, 2008; Bouvier et al., 2016; King et al., 2000; Rebolo & Beckman, 1988; Skumanich, 1972; Soderblom et al., 1993). Devido `afatores observacio-

108 CAP´ITULO 7. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ANALOGAS´ SOLARES DO KEPLER

5 -0.2 < [Fe/H] < 0.4

4

3

2

1

0 0 1 2 3 Abundancia de litio [dex]

Figura 7.4: Distribui¸c˜aoda A(Li) para as 20 estrelas an´alogas solares da base do Kepler. A linha tracejada em vermelho corresponde ao valor solar. nais, a maioria desses autores emprega as medidas de vsini como principal ferramenta em suas an´alises.No entanto, a utiliza¸c˜aodeste parˆametropossibilita apenas a obten¸c˜aode um limite inferior sobre a velocidade de rota¸c˜ao,isto ´econsequˆencia,principalmente, das incertezas sobre o ˆangulode inclina¸c˜ao(i) observado. O per´ıodo de rota¸c˜ao derivado a par- tir da modula¸c˜aoda curva de luz, tal como determinado por Krishnamurthi et al.(1998) para as plˆeiades,torna-se mais preciso, visto que independe da inclina¸c˜ao. Isto, ligado `asparticularidades observacionais (espectros de alta resolu¸c˜aoe elevada taxa de sinal- ru´ıdo)para determina¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtio,explicam parcialmente a complexidade no estabelecimento de uma rela¸c˜aoconfi´avel entre a rota¸c˜aoverdadeira e a abundˆancia

109 CAP´ITULO 7. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ANALOGAS´ SOLARES DO KEPLER

3

2

1

0 6400 6200 6000 5800

Figura 7.5: Abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda temperatura efetiva para as an´alogas solares do Kepler. A linha tracejada representa um curva de regress˜aoentre esses parˆametros e est´adescrita na legenda da figura. de l´ıtiopara as estrelas de pouca massa, estrelas an´alogas solares em diferentes est´agios evolutivos (Beck et al., 2016). Visando `aminimiza¸c˜aodessas incertezas, utilizamos o per´ıodo de rota¸c˜aom´edio,cuja deriva¸c˜aofoi realizada por Garc´ıaet al.(2014) a partir da an´alisedas curvas de luz dessas estrelas, tais per´ıodos encontram-se listado na tabela TA3 do anexo. Na figura 7.7, apre- sentamos as abundˆanciasde l´ıtioespectrosc´opicasem fun¸c˜aodestes per´ıodos de rota¸c˜ao. Nesta figura, podemos perceber que as estrelas com alta rota¸c˜aoapresentam abundˆancia de l´ıtiosuperior quando comparadas `aquelascom per´ıodo de rota¸c˜aomais longo. Este

110 CAP´ITULO 7. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ANALOGAS´ SOLARES DO KEPLER

5

4

3

2

1

0 10 20 30 40 Prot (dias)

Figura 7.6: Histograma do Prot para as estrelas an´alogas solares da nossa base do Kepler. A linha tracejada em vermelho corresponde ao valor solar. comportamento tamb´emfoi obtido, como vimos, para o caso das gˆemeassolares. Essa tendˆenciamais uma vez refor¸cao v´ınculodo est´agioevolutivo desses objetos com estes parˆametros. Al´emdisso, este resultado tamb´emnos permite comparar a confiabilidade entre os per´ıodos derivados da atividade cromosf´erica frente `aquelesprovenientes da mo- dula¸c˜aodas curvas de luz. Vale destacar que a estrela KOI770 se localiza numa regi˜ao at´ıpicaem rela¸c˜ao`aamostra, visto que a mesma apresenta uma elevada abundˆanciade l´ıtiopara o seu longo per´ıodo de rota¸c˜ao.Uma das justificativas para essa situa¸c˜aopode

111 CAP´ITULO 7. RESULTADOS E DISCUSSOES˜ PARA AS ANALOGAS´ SOLARES DO KEPLER

3

2.5

2

1.5

1

0.5

0 10 20 30 40

Figura 7.7: Abundˆanciade l´ıtioespectrosc´opica como uma fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao superficial para as an´alogas solares do Kepler. A estrela KOI770 aparece isolada no lado direito da figura, ela apresenta uma elevada A(Li) para o seu longo per´ıodo de rota¸c˜ao. estar associado com o fato dessa estrela fazer parte de um sistema bin´ario.Do ponto de vista quantitativo, a correla¸c˜aoentre esses parˆametros´edada atrav´esdo coeficiente de correla¸c˜aode Spearman, cujo valor ´eigual `a-0,77, indicando uma correla¸c˜aoforte.

112 Cap´ıtulo 8 Conclus˜oese perspectivas

“Three things cannot be long hidden: the sun, the moon, and the truth.”

Buddha

8.1 Conclus˜oes

Nos ´ultimos15 anos o n´umero de estrelas an´alogase gˆemeassolares vem aumentando consideravelmente. A utiliza¸c˜aode espectros de alta resolu¸c˜aoe elevada taxa de sinal ru´ıdo tem contribu´ıdo fortemente para essa expans˜aono n´umerode estrelas similares ao Sol, que ´eo cerne deste trabalho. Ao longo do doutorado trabalhamos de forma sistem´aticae conjunta com a investiga¸c˜aote´oricae observacional de estrelas similares ao Sol. No decorrer do texto apresentamos de maneira sucinta a estrutura e evolu¸c˜ao da nossa estrela, que ´eo objeto de referˆenciapara o estudo de uma classe especial de estrelas, denominadas estrelas do tipo solar, an´alogase gˆemeas. Tamb´emdestacamos os parˆametrosf´ısicosfundamentais adotados no processo de classifica¸c˜aodas estrelas de acordo com a sua semelhan¸cacom o Sol, al´emde descrever algumas das gˆemeassolares mais conhecidas da literatura. A necessidade de adicionar novos v´ınculos, tais como, per´ıodo de rota¸c˜ao,abundˆanciade l´ıtioe campo magn´eticona sele¸c˜ao das estrelas an´alogas e gˆemeastorna a identifica¸c˜ao desses objetos cada vez mais precisa. Esta tese foi desenvolvida englobando trˆesconjuntos de dados observacionais. A pri-

113 CAP´ITULO 8. CONCLUSOES˜ E PERSPECTIVAS meira base envolve 170 estrelas do tipo solar (Marsden et al., 2014), referentes ao cat´alogo do BCool e observadas com os espectropolar´ımetros ESPaDOnS e NARVAL. A segunda amostra ´econstitu´ıdade 88 estrelas gˆemeasdo Sol provenientes do projeto HARPS de busca de planetas (Ram´ırez et al., 2014b). O ´ultimoconjunto de estrelas ´ereferente as estrelas an´alogas do Sol, selecionadas a partir de Beck et al., (2016), provenientes do sat´elite Kepler. Durante este trabalho realizamos diversas atividades envolvendo o c´alculode v´arios parˆametrosestelares, tais como, campo magn´eticolongitudinal, abundˆanciade l´ıtio, per´ıodo de rota¸c˜aoe idades. Para as estrelas do tipo solar a correla¸c˜aoentre esses parˆametros´emuito fraca ou praticamente desprez´ıvel, no entando, quando aplicamos algumas restri¸c˜oesnas propriedades fundamentais, como por exemplo, 5677< Teff [K] < 5877, 4,34 < logg[dex] ≤ 4,54 e -0,1 < [M/H][dex] ≤ 0,1, obtivemos uma forte correla¸c˜ao para a abundˆanciade l´ıtio como fun¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao, rS = -0,78, e do per´ıodo de rota¸c˜aocomo fun¸c˜aoda massa, para o caso em que o Bl > 5,0 G, rS = -0,75. Obedecendo a esses mesmos v´ınculosnos parˆametrosfundamentais, obtivemos uma correla¸c˜aomedi- ana entre o log(Bl) e a A(Li), rS = 0,67. Esses resultados refor¸cama influˆenciada rota¸c˜ao (em particular da rota¸c˜aodiferencial) sobre os mecanismos de mistura no interior estelar para o caso das estrelas semelhantes ao Sol. Ainda em rela¸c˜aoas estrelas do tipo solar, investigamos o log(Bl) como fun¸c˜aoda A(Li) segregando os objetos de acordo com as idades estelares. Esta an´alisenos permitiu concluir que os objetos com idade menor que 2,0 bilh˜oesde anos s˜aoas mais ativas magneticamente, com algumas exce¸c˜oes.Os objetos com idades superiores a 5,0 bilh˜oesde anos apresentam os menores ´ındicesde atividade magn´etica. Devido `aheterogeneidade da amostra e as grandes incertezas nas idades, n˜aoconseguimos obter uma n´ıtidacorrela¸c˜aoentre o campo magn´eticolongitudinal e a evolu¸c˜aodas estrelas do BCool. Seguindo nossa investiga¸c˜aopara as gˆemeassolares, conclu´ımosque a abundˆanciade l´ıtiocomo fun¸c˜aoda profundidade do envolt´orioconvectivo est´aintimamente relacionada com a evolu¸c˜aodessas estrelas. Observamos que, as estrelas mais jovens - idade menor que 2,0 bilh˜oesde anos - devem apresentar um zona convectiva mais rasa e em consequˆencia disso apresentam uma maior abundˆanciade l´ıtio. A medida que essas estrelas evoluem, o envelope convectivo deve se aprofundar e, portanto, a deple¸c˜aode l´ıtio torna-se mais eficiente. Para o caso da atividade cromosf´ericacomo fun¸c˜aoda A(Li) conclu´ımosque as

114 CAP´ITULO 8. CONCLUSOES˜ E PERSPECTIVAS gˆemeassolares parecem descrever uma forma do tipo-L (L-shape), como proposta por Pace (2013) e diferentemente do resultado suave do tipo inverso do quadrado como previsto por Skumanich(1972), a pequena dimens˜aoda amostra deve contribuir para isso. As estrelas gˆemeasapresentam um forte correla¸c˜aoentre as trˆesgrandezas: abundˆancia de l´ıtio,per´ıodo de rota¸c˜aoe idade. Na nossa amostra, essa correla¸c˜aose apresenta mais n´ıtidapara as estrelas mais jovens e mais velhas. Tendˆencia tamb´emrecuperada para o caso das an´alogascom per´ıodo de rota¸c˜ao“verdadeiros”, derivados a partir dos dados do sat´elite Kepler. O per´ıodo de rota¸c˜aodas gˆemeas solares apresenta uma leve correla¸c˜ao quando analisado como fun¸c˜aoda massa e profundidade do envolt´orioconvectivo. A utiliza¸c˜aode per´ıodos de rota¸c˜aocromosf´ericose tamb´emas imprecis˜oesna determina¸c˜ao da profundidade da zona convectiva deve contribuir consideravelmente para essa fraca correla¸c˜ao. Para o caso da utiliza¸c˜aoda abundˆanciade l´ıtio como v´ınculo adicional nesses parˆametros,podemos perceber o estabelecimento de uma velocidade de rota¸c˜ao (limite superior) para os objetos classificados como pobres em l´ıtio(A(Li) ≤ 1,5 dex), essa velocidade limite induz a um per´ıodo de rota¸c˜aomaior que 20 dias. A evolu¸c˜aotemporal da A(Li) para nossas gˆemeas solares, de maneira geral, est´aem concordˆanciacom os nossos modelos evolutivos computados com o TGEC para o intervalo de massa de 0,975 a 1,05 M . O per´ıodo de rota¸c˜aoe o n´umerode Rossby como fun¸c˜ao da idade para essas estrelas est´ade acordo com diversos trabalhos na literatura, indicando uma redu¸c˜aona velocidade e na atividade magn´etica dessas estrelas a medida que v˜ao “envelhecendo”. Para as estrelas an´alogassolares do Kepler, cujos per´ıodos de rota¸c˜aoforam derivados da modula¸c˜aodas curvas de luz das estrelas e que consequentemente s˜aomais precisos, obtivemos uma forte correla¸c˜aoentre eles e as abundˆanciasde l´ıtio, rS = -0,78, com uma

5 probabilidade de 10− desses resultados serem obtidos ao acaso. Uma das conclus˜oesmais interessantes provenientes deste trabalho das an´alogasdo Kepler, ´ea concordˆanciaentre as correla¸c˜oesdesses parˆametrospara ambas as estrelas an´alogase gˆemeas, com per´ıodos obtidos por meio de mecanismos diferentes. Isto significa que dependendo da qualidade dos dados espectrosc´opicos, podemos derivar o per´ıodo de rota¸c˜aoa partir da assinatura cromosf´ericada estrela e obter em boa aproxima¸c˜aouma estimativa real da velocidade de rota¸c˜aoda estrela.

115 CAP´ITULO 8. CONCLUSOES˜ E PERSPECTIVAS 8.2 Perspectivas

Nossas perspectivas s˜aode avan¸caras publica¸c˜oessobre o processo de redetermina¸c˜ao diferencial dos parˆametrosfundamentais para novas estrelas an´alogase gˆemeas solares. Pretendemos realizar tamb´emo acompanhamento espectropolarim´etricode alguns alvos j´aselecionados. Tal procedimento ser´afundamental para a determina¸c˜aoe investiga¸c˜ao do ciclo de atividade magn´eticadas estrelas an´alogase gˆemeassolares. Outros trabalhos est˜aobaseados na determina¸c˜aodos elementos qu´ımicos(elementos vol´ateise refrat´arios)que podem estar associados com a assinatura espectrosc´opicade planetas em tornos das estrelas an´alogas.De acordo com Mel´endezet al.(2009) e Ram´ırez et al.(2009), a abundˆanciados elementos vol´ateise refrat´ariosno espectro do Sol refletem uma poss´ıvel assinatura da forma¸c˜aodos planetas rochosos no nosso sistema solar. Para esse tipo de an´alisese faz necess´arioa utiliza¸c˜aode espectros de alta resolu¸c˜aoe elevada rela¸c˜aode sinal ru´ıdopara obten¸c˜aode abundˆancias qu´ımicasde alt´ıssima precis˜ao(0,01 dex). Seguindo nessa linha, pretendemos ainda utilizar os nossos espectros do BCool para derivar esses elementos nas nossas estrelas an´alogase gˆemeassolares, visando identificar a presen¸cade poss´ıveis planetas em torno dessas estrelas. Uma outra possibilidade de trabalho est´aassociada a minha participa¸c˜aono projeto SP IRou (sigla em francˆespara “Le Spectro Polarim`etre infra Rouge”). Esse instrumento consiste em um espectropolar´ımetrode alta resolu¸c˜ao(R ≈ 75000) que cobrir´atoda a regi˜aodo infravermelho pr´oximo,ou seja, comprimentos de onda desde 0,98 at´e2,35 µm, e ser´ainstalado no telesc´opiode 3,6 m do CFHT. A parte espectrogr´aficadesse instrumento ser´afundamental para a detec¸c˜aode planetas habit´aveis parecidos com a Terra e que estejam orbitando an˜asvermelhas pr´oximas. J´aem modo polarim´etricoo SP IRou ser´aum instrumento, ´unico,capaz de obter espectros de polariza¸c˜ao(Stokes Q, U e V) de regi˜oesinternas de forma¸c˜aoestelar, estrelas jovens e sistemas planet´ariosem forma¸c˜ao.Assim, inserido nesse projeto, irei me dedicar a duas frentes de trabalho, uma voltada para busca e caracteriza¸c˜aode exoplanetas em torno de estrelas de pouca massa, como por exemplo, an˜asdo tipo espectral M, e outra, preocupada em explorar o impacto do campo magn´eticosobre as estrelas e sua influˆenciana forma¸c˜aoplanet´aria. Ainda em rela¸c˜aoas perspectivas deste trabalho, iremos explorar a sinergia entre

116 CAP´ITULO 8. CONCLUSOES˜ E PERSPECTIVAS os dados obtidos pelos sat´elites TESS − NASA e PLAT O − ESA nos pr´oximosanos. Al´emdos dados obtidos a partir dos telesc´opiosem terra SP IRou e outros instrumentos brasileiros.

117 Cap´ıtulo 9 Publica¸c˜oes

118 Astronomy & Astrophysics manuscript no. beck_solarAnalogueLithium_final c ESO 2016 September 30, 2016

Lithium abundance and rotation of seismic solar analogues Solar and stellar connection from Kepler and Hermes observations⋆ P.G. Beck1, J.-D. do Nascimento Jr.2, 3, T. Duarte2, D. Salabert1, A. Tkachenko4, S. Mathis1, S. Mathur5, R. A. García1, M. Castro2, P.L. Pallé6, 7, R. Egeland8, 9, D. Montes7, O. Creevey11, M. F. Andersen12, D. Kamath4, and H. van Winckel4

1 Laboratoire AIM, CEA/DRF - CNRS - Univ. Paris Diderot - IRFU/SAp, Centre de Saclay, 91191 Gif-sur-Yvette Cedex, France e-mail: [email protected] 2 Departamento de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 59072-970 Natal, RN, Brazil 3 Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, MA 02138, USA 4 Instituut voor Sterrenkunde, KU Leuven, B-3001 Leuven, Belgium 5 Space Science Institute, 4750 Walnut street Suite 205, Boulder, CO 80301, USA 6 Instituto de Astrofísica de Canarias, E-38200 La Laguna, Tenerife, Spain 7 Departamento de Astrofísica, Universidad de La Laguna, E-38206 La Laguna, Tenerife, Spain 8 High Altitude Observatory, National Center for Atmospheric Research, P.O. Box 3000, Boulder, CO 80307-3000, USA 9 Department of Physics, Montana State University, Bozeman, MT 59717-3840, USA 10 Dpto. Astrofísica, Facultad de CC. Físicas, Universidad Complutense de Madrid, E-28040 Madrid, Spain 11 Laboratoire Lagrange, Université de Nice Sophia-Antipolis, UMR 7293, CNRS, Observatoire de la Côte d’Azur, Nice, France 12 Stellar Astrophysics Centre, Aarhus University, Ny Munkegade 120, 8000 Aarhus C, Denmark version of September 30, 2016

ABSTRACT

Context. Lithium and surface rotation are good diagnostic tools to probe the internal mixing and angular momentum transfer in stars. Aims. We aim to explore the relation between surface rotation, lithium abundances A(Li) and age in a sample of solar-analogue stars and study their possible binary nature. Methods. A sample of 18 solar-analogue stars, observed by the NASA Kepler satellite was selected for an in-depth analysis. Their seis- mic properties and surface rotation rates are well constrained from previous studies. About 53 hours of high-resolution spectroscopy were obtained to derive the fundamental parameters from spectroscopy and A(Li). These values are combined and confronted with seismic masses, radii and ages as well as surface rotation periods measured from Kepler photometry. Results. From radial velocities, we identify and confirm a total of 6 binary star systems. For each star, a signal-to-noise ratio of typically 80.S/N.210 in the final spectrum was achieved around the lithium line. Fundamental parameters and A(Li) are reported. By using the surface rotation period derived from Kepler photometry, a well-defined law between A(Li) and rotation rates higher than the solar value is obtained. The seismic radius translates the surface rotation period into surface velocity. With models constrained by the characterization of the individual mode frequencies for single stars, we identify a sequence of three solar analogues with similar mass ( 1.1 M ) and stellar ages ranging between 1 to 9 Gyr. Within the realistic estimate of 7% for the mass uncertainty, we find a good∼ agreement⊙ of the measured A(Li) compared to the predicted evolution from a grid of∼ models calculated with the Toulouse- Geneva stellar evolution code, which includes rotational internal mixing, calibrated to reproduce solar chemical properties. The scatter in ages inferred from the global seismic parameters is too large to be compared to A(Li). Conclusions. We present a consistent spectroscopic survey of the Li-abundance in solar-analogue stars with a mass of 1.00 0.15 M , and characterised through asteroseismology and surface rotation rates, based on Kepler observations. The correlation between± A(Li)⊙ and Prot supports the gyrochronological concept for stars younger than the Sun and becomes clearer, if the confirmed binaries are excluded. The consensus between measured A(Li) for solar analogues with model grids, calibrated onto the Sun’s chemical properties suggests that these targets share the same internal physics. In this light, the solar Li-value appears to be normal for a star like the Sun. Key words. stars: fundamental parameters stars: solar-type stars: rotation stars: evolution Methods: observational Tech- niques: spectroscopic − − − − −

1. Introduction mass and age (e.g. Gustafsson 1998; Allende Prieto et al. 2006; 5 DelgadoMena et al. 2014; Datson et al. 2014; Ramírez et al. In the last decade, numerous studies focused on the ques- 2014; Carlos et al. 2016; dos Santos et al. 2016). These stud- tion whether the rotation and chemical abundances of the ies compared the Sun with solar-like stars and were inconclu- Sun are typical for a solar-type star, i.e. a star of a solar sive due to relatively large systematic errors (Gustafsson 2008; ⋆ Based on observations made with the NASA Kepler space telescope Robles et al. 2008; Reddy et al. 2003). 10 and the Hermes spectrograph mounted on the 1.2 m Mercator Tele- The fragile element lithium is a distinguished tracer of mix- scope at the Spanish Observatorio del Roque de los Muchachos of the ing processes and loss of angular momentum inside a star Instituto de Astrofísica de Canarias. (Talon & Charbonnel 1998). Its abundance in stars changes con-

Article number, page 1 of 11 etr ta.1998 al. et Ventura 1984 Mazzitelli & D’Antona 1987 n h ansqec ( sequence dur- main in depletion the lithium stars ing shown have For authors convection. show- classes, include spectral standard stars, these the only with G-type which contradiction predictions, early in model is and that late-F evidence empirical in ing abundance measurements interi- the stars’ lithium concerns the results of unexpected in our these acting reveal of and One physics found ors. the to been of have related understanding stars results in limited unexpected As lithium several of mass. complexity, depletion of the this effect the of constrain part stellar to of a need evolution mix- we complex the the elements, explain understand chemical to To and stars. mechanisms coeval ro- ing for age, the metallicity mass, in- on of and to constraints function tation, put us a to as allow processes and stars mixing interior non-convective cluster stellar open in in mixing vestigate element this of surements inl ihto high in sufficiently regions is temperature reach the not where do interior, stars stellar (MS) the sequence main low-mass of rv ihu etuto see.g. (see destruction lithium drive 10 × 2.5 ∼ above atures ihu ( Lithium Introduction 1. arXiv:1603.08809v1 (e.g. rota- mechanisms metallicity, mixing age, and loss, mass, mass as elds, fi such magnetic factors tion, several on pends [astro-ph.SR] 29 Mar 2016 .Csr,eal [email protected] email: Castro, M. : to requests offprint Send ac 0 2016 30, March Astrophysics & Astronomy asefc nteltimaudneeouino pnclusters: open of evolution abundance lithium the on effect Mass ; eevd:Acpe : Accepted : Received ihu bnacs w eso vltoaymdl eecmue,oegi fol tnadmdl ihmcocpcdiffusion microscopic with the models and standard widths only equivalent the of redetermine grid we one 752, and Hyades, computed, NGC the cluster were stars ages, open models solar-type different the we evolutionary of for of stars, of clusters and low-mass interior open sets data, in three Two available the occurring of abundances. all observations are in collected lithium with mechanisms We processes Sun, mixing M67. the mixing and which using 752, understand probing calibrated To NGC were of work. which at way models, mechanism effective non-standard mixing test an only the provide not clusters is convection open in abundances Lithium 01,00 n .1dx epciey sn h Toulouse-Geneva the using respectively, dex, 0.01 and 0.0, 0.13, = /H] [Fe metallicity at mixing, rotation-induced with grid one and nlso fmrdoa iclto sesnilt con o ihu elto nlwms tr.Hwvr u eut ugs that suggest the results that our shows However, mixing stars. rotation-induced low-mass evolution in without the in depletion and dependence lithium with mass for models of account importance between to the Comparison mass. essential out of age. is points function circulation of study abundance This meridional a function lithium clusters. of as a of a three inclusion trend star as all and general each in abundance the age mass reproduce of lithium cluster qualitatively stellar abundance of circulation of a meridional lithium function with infer the a models to Our as analyze evolution clusters. cluster we these each in cluster stars for each for for mass diagram Then, color-magnitude member. a cluster in each models for with mass observations stellar compare We code. evolution te ehnsssol eicue oepanteL-i n h ihu iprini o-asstars. low-mass in dispersion lithium the and Li-dip the explain to included be should mechanisms and other age both of function a being abundance lithium with compatible are M67, and 752, NGC Hyades, clusters open the for data The e words. Key 3 2 1 iahwk ob 1988 Hobbs & Pilachowski avr-mtsna etrfrAtohsc,Cmrde A018 USA 02138, MA Cambridge, Astrophysics, for Center Harvard-Smithsonian nttt eAtoíiaeCêcad sao nvriaed ot,RadsEtea,45-6 ot,Portugal Porto, 4150-762 Estrelas, das Rua Porto, do Universidade Espaço, do Ciência e Astrofísica de Instituto eatmnod íiaTóiaeEprmna,Uiesdd eea oRoGad oNre E:50290Ntl N Brazil RN, Natal, 59072-970 CEP: Norte, do Grande Rio do Federal Universidade Experimental, e Teórica Física de Departamento 7 i safaieeeetta sdsryda temper- at destroyed is that element fragile a is Li) tr:fnaetlprmtr tr:audne tr:eouin-sas neir tr:solar-type stars: - interiors stars: - evolution stars: - abundances stars: - parameters fundamental stars: ; hronl&Tln2005 Talon & Charbonnel osar rpco1986 Tripicco & Boesgaard 6 .Teltimdpeini tr de- stars in depletion lithium The K. aucitn.27583_MB no. manuscript ; .Castro M. eians&Pnonut1997 Pinsonnault & Deliyannis adc ta.2006 al. et Randich .Hwvr ovciezones convective However, ). yds G 5,adM67 and 752, NGC Hyades, 1 .Duarte T. , .Audnemea- Abundance ). ; n refer- and , Boesgaard 1 .Pace G. , ABSTRACT ; 2 n .-.d acmnoJr. Nascimento do -D. J. and , tr foeslrms,icuigteSnadtoesas which solar ( called stars, Sun twins those the and from Sun indistinguishable the spectroscopically including are mass, solar one of stars et ta.2009 al. et mento y l lse G 752, NGC cluster old Gyr ∼2 the of abundance stars solar-type lithium among in exists scatter star-to-star The therein). references ac faotoehnrdtmslwrta t rgnlvalue puzzle. original long-standing its a than represents lower meteorites, in times measured hundred as one about of dance adc tal. et Randich Pre 5 y l)adthe and old) Myr (50 Persei α the the of compared of mass They stellar those 2602. of with IC function sample cluster a this as old distribution Myr abundance 28 lithium the of stars ne hri) hsdpeini asaedpnet( dependent mass-age is depletion This therein). ences idsrcini tr ihms hti qa rlre oteso- the ( to larger weak or be equal should is that one mass lar with stars in destruction Li ac nteods lses n -yesasd o rsn any present not abun- do lithium stars lower F-type depletion. and PMS. lithium slightly clusters, ficant signi the a oldest the have during in stars depletion dance G-type lithium and ficant signi latest-type Early-K only a that showed present and stars clusters, old) Myr (70 Pleiades rn gsadrvae ope behav- e.g. complex (see a scattering revealed important an and with ages extensively ior fferent di studied of clusters been open have in abundances In cluster depletion. lithium given lithium context, of a amount this in same the temperature compo- undergone effective have chemical should and close age, with mass, Stars of sition. function unique a be should uigtepemi-eune(M) tde hwdthat showed studies (PMS), pre-main-sequence the During codn otesadr tla oes ihu depletion lithium models, stellar standard the to According arld toe 1996 Strobel de Cayrel ( 1997 ; eédze l 2010 al. et Meléndez eemndteltimaudnei 28 in abundance lithium the determined ) atne l 1993 al. et Martin ,teeteeylwltimabun- lithium low extremely the ), 3 1, ril ubr ae1of 1 page number, Article isneut1997 Pinsonneault ; aee l 2012 al. et Pace ; oe ta.1997 al. et Jones S 2016 �ESO c oNasci- do .For ). and , 13 ). Astronomy & Astrophysics manuscript no. 88_solar_twins c ESO 2016 May 6, 2016

On the link between rotation, chromospheric activity and lithium abundance in solar twins T. S. S. Duarte1, J. S. da Costa2, M. Castro1, and J. D. do Nascimento Jr.1, 3

1 Departamento de Física Teórica e Experimental, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, CEP: 59072-970 Natal, RN, Brazil 2 Escola de Ciência e Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, CEP: 59072-970 Natal, RN, Brazil 3 Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, MA 02138, USA

Received : Accepted :

ABSTRACT

Context. Rotation period, chromospheric activity, lithium abundance, and depth of the outer convective zone play an important role in the study of the processes at work in the stellar interior and exterior, in particular we have been investigating the link between these parametes and solar twins stars. Aims. Our sample consists of 80 solar twin field stars with surface lithium abundance for 67 stars. These objects were selected from literature. This sample allows us to investigate whether the surface lithium abundance of solar twins can be described in terms of the chromospheric activity, rotation period and convective zone mass deepening. We have also analyzed the link among this parameters and the stellar age in this sample. Methods. We derived an extensive grid of stellar evolutionary models, suitable to solar twins stars, for a thin set of mass and metallic- ity. From these models, the mass depth of the outer convective zone were estimated for these solar twins, the stellar mass and age have recalculated. The Te f f , logR0HK and [Fe/H] values were obtained from literature, the luminosity was estimated from HIPPARCOS trigonometric parallax measurements and we use R0HK values to derive rotation periods. Results. Our determination of stellar parameters is in good agreement with the measurements published in the literature. Our theo- retical models provide a good description for increasing lithium depletion with respect to age for solar twins. We also realized that all these parameters are closely related for this sample. Conclusions. These results illustrate that solar twins stars present a closely and reciprocal relation between A(Li) and the stellar parameters, Age, chromospheric activity, convective zone mass deepening and rotation period. From this we can consider that the Sun behaves really as a solar twin star, within the observational uncertainties. Key words. stars: fundamental parameters - stars: abundances - stars: evolution - stars: interiors - stars: solar twins

1. Introduction The study of the true rotation or rotation period evolution of solar twins (do Nascimento et al. 2013, 2014) point out to Over the last twenty years, the number of solar twins have been the possibility of ages can be estimated using gyrochronology huge increased (Pasquini et al. 2008), Takeda stood at about one (Barnes 2007). However, even if recent works have increased hundred. Cayrel de Strobel (1996) defines a solar twin as a dwarf the number of solar twins and studied their fundamental param- star with effective temperature, surface gravity, microturbulent eters and chemical abundances surface magnetic activity in de- velocity indistinguishable from the Sun values. Porto de Mello & tail, (e.g., Garcia et al. 2014a; Baumann et al. 2010; Schrijver & da Silva (1997) discovered the first solar twins has been used for Zwaan 2008) their Prot are mostly unknown, except for the two different purposes such as studies of asteroid mineralogy or set solar twins 18 Sco (Porto de Mello & da Silva 1997) and CoRoT the zero-point of fundamental calibrations of color-temperature Sol 1 (do Nascimento et al. 2013). The unprecedented continu- relations (e.g., Porto de Mello & da Silva 1997; Lazzaro et al. ous photometric observation over 6 years with CoRoT (Baglin et 2004; Holmberg et al. 2006; Casagrande et al. 2010; Melendez et al. 2006) and 4 years with Kepler (Borucki et al. 2010) has been al. 2010; Ramirez et al. 2012; Casagrande et al. 2012; Jasmim et led to a small revolution in the understanding of the stellar ro- al. 2013; Datson et al. 2014). Solar twins are suitable for testing tation. These satellites allow us to study a larger sample of cool chemical evolution of the Galactic disk (Nissen 2015; Spina et al. solar-like stars. Among the stars studied by these space missions, 2015) and studies of evolutionary stellar physics modeling (e.g., there are low mass stars as similar as possible with the Sun and do Nascimento et al. 2009; Castro et al. 2011; Tucci Maia et al. with measurements of rotation periods. 2015). Recently, studies of measuring distances using spectro- scopically identified solar twins has been proposed by Jofre et al. Prime examples in this field, was the characterization of (2015). Except for some solar twin from open clusters (Pasquini some solar analogs such as 16 Cyg A& B from Kepler obser- et al. 1994), ages for field solar twin stars are particularly noto- vations (e.g., Metcalfe et al. 2012; do Nascimento et al. 2014; riously difficult to derive (e.g., Barnes 2007; Soderblom 2010). Davies et al. 2015) and CoRoT 102684698 (do Nascimento et al. Consequently, the classical distinction between solar-type and 2013). Stellar surface rotation is a key ingredient to our under- analogs or twins does not include age constraints. standing of stellar activity and mixing mechanism in low mass stars. Rotational has a major impact on the stellar evolution and Send offprint requests to: T. Duarte, email: [email protected] can change properties of solar-type stars by reducing the effects

Article number, page 1 of 8 Draft version May 6, 2016 A Preprint typeset using LTEX style emulateapj v. 12/16/11

SEISMIC AND SPECTROSCOPIC ANALYSIS OF 10 BRIGHT RED GIANTS OBSERVED BY KEPLER H. R. Coelho1,2, D. Bossini1,2, W. J. Chaplin1,2, S. Degl’Innocenti3,20, M. Dell’Omodarme3,20, T. Duarte4, R. Garcia5, L. Girardi6,7, R. Handberg2,1, S. Hekker8, D. Huber9,10,2, N. Lagarde1, M. N. Lund2,1, S. Mathur21, A. Miglio1,2, P. G. P. Moroni3, B. Mosser12, J. D. do Nascimento4,13, E. Poretti14,15,16, M. Rainer14, T. Rodrigues6,7,17, A. Serenelli18, V. Silva Aguirre2, G. Valle19,20,3, Draft version May 6, 2016

ABSTRACT Subject headings: Asteroseismology – Stars: red giants – Stars: fundamental parameters – Stars: abundances

1. INTRODUCTION [short intro on relevance of testing seismically inferred distances, masses radii and of testing model predictions of internal mixing in red giant stars] In this work we present the seismic and spectroscopic study of 10 bright red giant stars observed by the Kepler space telescope. The data obtained for the target stars have high signal to noise ratio, allowing a detailed study of chemical abundances coupled with high quality seis-

1 School of Physics & Astronomy, University of Birmingham, Edgbaston, Birmingham, B15 2TT, UK 2 Stellar Astrophysics Centre (SAC), Department of Physics a nd Astronomy, Aarhus University, Ny Munkegade 120, DK-8000 Aarhus C, Denmark 3 Dipartimento di Fisica ”Enrico Fermi”, Universit di Pisa, Largo Pontecorvo 3, Pisa 56127, Italy 4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, De- partamento De Fisica CP 1641, 59072-970 , Natal, Brazil 5 Fig. 1.— HR diagram for the stars in our sample. Red dots are Laboratoire AIM, CEA/DSM CNRS, Univ. Paris Diderot the seismic value of luminosity and black dots are the bolometric IRFU/SAp, Centre de Saclay, 91191 Gif-sur-Yvette Cedex, luminosities. The range in mass covered by the tracks goes from France 1.1M⊙ to 3.1M⊙, in steps of 0.2M⊙. 6 Osservatorio Astronomico di Padova - INAF, Vicolo dell’Osservatorio 5, I-35122 Padova, Italy mic data. Seismic gravities are available to all stars and 7 Laborat´orioInterinstitucional de e-Astronomia - LIneA, Rua Gal. Jos´eCristino 77, Rio de Janeiro, RJ - 20921-400, Brazil period spacing was extracted from the mixed modes for 8 Max-Planck-Institut fr Sonnensystemforschung, Justus- von- all but three stars on our sample, allowing us to discern Liebig-Weg 3, 37077 Gttingen, Germany 9 their evolutionary status. This will be discussed in more Sydney Institute for Astronomy (SIfA), School of Physics, detail in section 5. University of Sydney, NSW 2006, Australia 10 SETI Institute, 189 Bernardo Avenue, Mountain View, CA This paper is organized as follows: In Section 2 we 94043, USA discuss the seismic/frequency analysis. In Section 3, we 11 Institut dAstrophysique et de G´eophysique, Universit´ede discuss the methodology used in obtaining the spectro- Li´ege,All´eedu 6 Aoˆut,Bˆat.B5c, 4000, Li´ege,Belgium scopic parameters. Global stellar parameters obtained 12 LESIA, Observatoire de Paris, PSL Research University, CNRS, Universit´e Pierre et Marie Curie, Universit´e Paris by grid-modelling are discussed on Section 4. In section Diderot, 92195 Meudon, France 5, we combine the spectroscopic and seismic data to as- 13 Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, certain the evolutionary phase of the stars in this sample MA 02138, USA 14 and to test current models of internal mixing in the red- INAF-Osservatorio Astronomico di Brera, Via E. Bianchi 46, I-23807 Merate, Italy giant phase. 15 Universit de Toulouse; UPS-OMP; IRAP; F-31400 Toulouse, France 2. SEISMIC ANALYSIS 16 CNRS; IRAP; 14, avenue Edouard Belin, F-31400 Toulouse, France Two key global average seismic parameters of great 17 Dipartimento di Fisica e Astronomia, Universit`adi Padova, importance are the frequency of maximum power νmax Vicolo dell’Osservatorio 2, I-35122 Padova, Italy ∆ν 18 and the large separation . Instituto de Ciencias del Espacio (ICE/CSIC-IEEC), Cam- The frequency of maximum power ν , is character- pus UAB, Carrer de Can Magrans, Cerdanyola del Valles, 08193, max Spain ized as the frequency of detected modes that exhibit 19 INAF - Osservatorio Astronomico di Collurania, Via Mag- maximum amplitude in the power spectrum. It is com- gini, I-64100, Teramo, Italy 20 monly assumed that this frequency scales with the atmo- INFN, Sezione di Pisa, Largo Pontecorvo 3, I-56127, Pisa, spheric cut-off frequency, ν (Brown et al. 1991), which It aly ac 21 Space Science Institute, 4750 Walnut street Suite 205, Boul- implies that, after adopting the appropriate approxima- − der, CO, 80301, USA ν ∝ ν ∝ 1/2 tions, ac max gTeff (Brown et al. (1991), Kjeld- September 4, 2012 13:19 WSPC/INSTRUCTION FILE 00821

5th International Workshop on Astronomy and Relativistic Astrophysics (IWARA2011) International Journal of Modern Physics: Conference Series Vol. 18 (2012) 63–66 c World Scientific Publishing Company DOI: 10.1142/S2010194512008215

HIGH RESOLUTION SPECTROPOLARIMETRY OF THE SOLAR TWINS

THARCISYO DUARTE and J. D. DO NASCIMENTO JR. Departamento de F´ısica Te´orica e Experimental, Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal, R.N. 59072-970, Brazil∗ [email protected]; [email protected]

The study of solar twins offers a unique opportunity to investigating the solar mag- netic field over longer timescales. Supported by the new generation of stellar spectropo- larimeters (ESPaDOnS@CFHT, NARVAL@TBL), we are able to measure the large-scale magnetic field solar twins. Studying the behavior of solar magnetic field, we are able to learn about the mechanisms of magnetic field generation in the dynamo process. Besides convection, various physical parameters affect the dynamo operation, in particular the rotation and mass. We collected signature of the stellar large-scale magnetic field for solar twins and we present here a analysis of seven candidates.

Keywords: Stars; spectropolarimetry; star magnetism; twins solar.

1. Introduction The study for solar twins1–2 is partially motivated by the search for primary cali- brators in stellar astrophysics. Since the Sun cannot be used as a primary calibrator in stellar astrophysics, because it is excessively bright. Observe a calibrating star whose fundamental properties (temperature, luminosity, metallicity, mass, and age) are undistinguishable to solar is critical to the modern astrophysics. Solar twins are an important part to validate stellar interior and evolution models. For example, Int. J. Mod. Phys. Conf. Ser. 2012.18:63-66. Downloaded from www.worldscientific.com the observed solar Li abundance that is 100 times lower relative to that found in 3

by UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE NORTE on 04/18/16. For personal use only. meteorites and is not explained by standard stellar evolution models. Nowadays, only three solar twins are known: 18 Sco from Ref. 4, HD 98618 from Ref. 5,and HIP 100963 from Ref. 6 the other four are quasi solar twins. On this study, we propose an analysis focused on the investigation of magnetic cycles and dynamo evolution for solar twins. Spectropolarimetric observations of solar twins at slight different ages allows to understanding the dependence of magnetic activity on basic stellar parameters such as age, rotation rate and depth of the convection zone, thus providing the observations data necessary for testing dynamo theories. The targets

∗Rio Grande do Norte, Brazil

63 Bibliografia

A. Alonso, S. Arribas, C. Martinez-Roger. Determination of bolometric fluxes for F, G and K subdwarfs. A&A, 297:197–215, May 1995. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1995A% 26A...297..197A.

A. Altamore, C. Rossi, L. Rossi, M. Villada de Arnedo. The ultraviolet spectrum of solar analogs. A&A, 234:332–342, Aug. 1990. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1990A%A. ..234..332A.

M. Asplund, N. Grevesse, A. J. Sauval, P. Scott. The Chemical Composition of the Sun. ARA&A, 47:481–522, Sept. 2009. doi: 10.1146/annurev.astro.46.060407.145222. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2009ARA%A..47..481A.

H. W. Babcock H. D. Babcock. The Sun’s Magnetic Field, 1952-1954. ApJ, 121:349, Mar. 1955. doi: 10.1086/145994. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1955ApJ...121..349B.

A. Baglin, M. Auvergne, P. Barge, M. Deleuil, C. Catala, E. Michel, W. Weiss, COROT Team. Scientific Objectives for a Minisat: CoRoT. In M. Fridlund, A. Baglin, J. Lochard, L. Conroy, editors, The CoRoT Mission Pre-Launch Status - Stellar Seismology and Planet Finding, volume 1306 of ESA Special Publication, page 33, Nov. 2006. URL http://adsabs.harvard. edu/abs/2006ESASP1306...33B.

S. C. Balachandran, S. V. Mallik, D. L. Lambert. Lithium abundances in the α Per cluster. MNRAS, 410:2526–2539, Feb. 2011. doi: 10.1111/j.1365-2966.2010.17630.x. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2011MNRAS.410.2526B.

S. A. Barnes. On the Rotational Evolution of Solar- and Late-Type Stars, Its Magnetic Origins, and the Possibility of Stellar Gyrochronology. ApJ, 586:464–479, Mar. 2003. doi: 10.1086/ 367639.

S. A. Barnes. Ages for Illustrative Field Stars Using Gyrochronology: Viability, Limitations, and Errors. ApJ, 669:1167–1189, Nov. 2007. doi: 10.1086/519295. URL http://adsabs. harvard.edu/abs/2007ApJ...669.1167B.

124 BIBLIOGRAFIA

S. A. Barnes. A Simple Nonlinear Model for the Rotation of Main-sequence Cool Stars. I. Introduction, Implications for Gyrochronology, and Color-Period Diagrams. ApJ, 722:222– 234, Oct. 2010. doi: 10.1088/0004-637X/722/1/222. URL http://adsabs.harvard.edu/ abs/2010ApJ...722..222B.

S. A. Barnes, J. Weingrill, T. Granzer, F. Spada, K. G. Strassmeier. A color-period diagram for the M 48 (NGC 2548), and its rotational age. A&A, 583:A73, Nov. 2015. doi: 10.1051/0004-6361/201526129. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2015A%26A... 583A..73B.

S. A. Barnes, J. Weingrill, D. Fritzewski, K. G. Strassmeier. Rotation periods for cool stars in the 4 Gyr-old open cluster M67, the solar-stellar connection, and the applica- bility of gyrochronology to at least solar age. ArXiv e-prints, Mar. 2016. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2016arXiv160309179B.

M. Bazot, M. J. Ireland, D. Huber, T. R. Bedding, A.-M. Broomhall, T. L. Campante, H. Car- fantan, W. J. Chaplin, Y. Elsworth, J. Mel´endez, P. Petit, S. Th´eado, V. Van Grootel, T. Arentoft, M. Asplund, M. Castro, J. Christensen-Dalsgaard, J. D. do Nascimento, B. Din- trans, X. Dumusque, H. Kjeldsen, H. A. McAlister, T. S. Metcalfe, M. J. P. F. G. Monteiro, N. C. Santos, S. Sousa, J. Sturmann, L. Sturmann, T. A. ten Brummelaar, N. Turner, S. Vau- clair. The radius and mass of the close solar twin 18 Scorpii derived from asteroseismology and interferometry. A&A, 526:L4, Feb. 2011. doi: 10.1051/0004-6361/201015679. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2011A%A...526L...4B.

M. Bazot, T. L. Campante, W. J. Chaplin, H. Carfantan, T. R. Bedding, X. Dumusque, A.-M. Broomhall, P. Petit, S. Th´eado,V. Van Grootel, T. Arentoft, M. Castro, J. Christensen- Dalsgaard, J.-D. do Nascimento, Jr., B. Dintrans, H. Kjeldsen, M. J. P. F. G. Monteiro, N. C. Santos, S. Sousa, S. Vauclair. Estimating the p-mode frequencies of the solar twin 18 Scorpii. A&A, 544:A106, Aug. 2012. doi: 10.1051/0004-6361/201117963. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2012A%A...544A.106B.

P. G. Beck, C. Allende Prieto, T. Van Reeth, A. Tkachenko, G. Raskin, H. van Winckel, J.-D. do Nascimento, Jr., D. Salabert, E. Corsaro, R. A. Garcia. The HERMES Solar Atlas and the spectroscopic analysis of the seismic solar analogue KIC3241581. ArXiv e-prints, Nov. 2015.

M. S. Bessell, F. Castelli, B. Plez. Model atmospheres broad-band colors, bolometric corrections and temperature calibrations for O - M stars. A&A, 333:231–250, May 1998. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/1998A%26A...333..231B.

D. E. Blackwell, M. J. Shallis, M. J. Selby. The infrared flux method for determining stellar angular diameters and effective temperatures. MNRAS, 188:847–862, Sept. 1979. doi: 10. 1093/mnras/188.4.847.

E. B¨ohm-Vitense. Uber¨ die Wasserstoffkonvektionszone in Sternen verschiedener Effektiv- temperaturen und Leuchtkr¨afte.Mit 5 Textabbildungen. ZAp, 46:108, 1958. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/1958ZA.....46..108B.

125 BIBLIOGRAFIA

W. J. Borucki, D. Koch, G. Basri, N. Batalha, T. Brown, D. Caldwell, J. Caldwell, J. Christensen-Dalsgaard, W. D. Cochran, E. DeVore, E. W. Dunham, A. K. Dupree, T. N. Gautier, J. C. Geary, R. Gilliland, A. Gould, S. B. Howell, J. M. Jenkins, Y. Kondo, D. W. Latham, G. W. Marcy, S. Meibom, H. Kjeldsen, J. J. Lissauer, D. G. Monet, D. Mor- rison, D. Sasselov, J. Tarter, A. Boss, D. Brownlee, T. Owen, D. Buzasi, D. Charbon- neau, L. Doyle, J. Fortney, E. B. Ford, M. J. Holman, S. Seager, J. H. Steffen, W. F. Welsh, J. Rowe, H. Anderson, L. Buchhave, D. Ciardi, L. Walkowicz, W. Sherry, E. Horch, H. Isaacson, M. E. Everett, D. Fischer, G. Torres, J. A. Johnson, M. Endl, P. MacQueen, S. T. Bryson, J. Dotson, M. Haas, J. Kolodziejczak, J. Van Cleve, H. Chandrasekaran, J. D. Twicken, E. V. Quintana, B. D. Clarke, C. Allen, J. Li, H. Wu, P. Tenenbaum, E. Verner, F. Bruhweiler, J. Barnes, A. Prsa. Kepler Planet-Detection Mission: Introduc- tion and First Results. Science, 327:977, Feb. 2010. doi: 10.1126/science.1185402. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2010Sci...327..977B.

J. Bouvier. Lithium depletion and the rotational history of exoplanet host stars. A&A, 489: L53–L56, Oct. 2008. doi: 10.1051/0004-6361:200810574.

J. Bouvier. Observational studies of stellar rotation. In P. Hennebelle C. Charbonnel, editors, EAS Publications Series, volume 62 of EAS Publications Series, pages 143–168, Sept. 2013. doi: 10.1051/eas/1362005. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2013EAS....62..143B.

J. Bouvier, A. C. Lanzafame, L. Venuti, A. Klutsch, R. Jeffries, A. Frasca, E. Moraux, K. Bi- azzo, S. Messina, G. Micela, S. Randich, J. Stauffer, A. M. Cody, E. Flaccomio, G. Gil- more, A. Bayo, T. Bensby, A. Bragaglia, G. Carraro, A. Casey, M. T. Costado, F. Damiani, E. Delgado Mena, P. Donati, E. Franciosini, A. Hourihane, S. Koposov, C. Lardo, J. Lewis, L. Magrini, L. Monaco, L. Morbidelli, L. Prisinzano, G. Sacco, L. Sbordone, S. G. Sousa, A. Vallenari, C. C. Worley, S. Zaggia, T. Zwitter. The Gaia-ESO Survey: A lithium-rotation connection at 5 Myr? A&A, 590:A78, May 2016. doi: 10.1051/0004-6361/201628336.

M. Carlos, P. E. Nissen, J. Melendez. Correlation between lithium abundances and ages of solar twin stars. ArXiv e-prints, Jan. 2016. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 2016arXiv160105054C.

L. Casagrande, I. Ram´ırez, J. Mel´endez,M. Bessell, M. Asplund. An absolutely calibrated

Teff scale from the infrared flux method. Dwarfs and subgiants. A&A, 512:A54, Mar. 2010. doi: 10.1051/0004-6361/200913204. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2010A%26A... 512A..54C.

F. Castelli R. L. Kurucz. New Grids of ATLAS9 Model Atmospheres. ArXiv Astrophysics e-prints, May 2004. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2004astro.ph..5087C.

M. Castro, T. Duarte, G. Pace, J. Dias do Nascimento, Jr. Mass effect on the lithium abundance evolution of open clusters: Hyades, NGC 752, and M67. ArXiv e-prints, Mar. 2016. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2016arXiv160308809C.

126 BIBLIOGRAFIA

G. Cayrel de Strobel. Solar analogs seen at high spectral resolution and very high S/N ratios, page 195. 1990. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1990nwus.book..195C.

G. Cayrel de Strobel. Stars resembling the Sun. A&ARv, 7:243–288, 1996. doi: 10.1007/ s001590050006. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1996A%ARv...7..243C.

G. Cayrel de Strobel C. Bentolila. In search of real solar twins. II. A&A, 211:324–340, Mar. 1989. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1989A%A...211..324C.

G. Cayrel de Strobel, N. Knowles, G. Hernandez, C. Bentolila. In search of real solar twins. A&A, 94:1–11, Jan. 1981. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1981A%A....94....1C.

C. Charbonnel S. Talon. Influence of Gravity Waves on the Internal Rotation and Li Abundance of Solar-Type Stars. Science, 309:2189–2191, Sept. 2005. doi: 10.1126/science.1116849.

W. D. Cochran, A. P. Hatzes, R. P. Butler, G. W. Marcy. The Discovery of a Planetary Companion to 16 Cygni B. ApJ, 483:457–463, July 1997. URL http://adsabs.harvard. edu/abs/1997ApJ...483..457C.

P. A. Crowther, O. Schnurr, R. Hirschi, N. Yusof, R. J. Parker, S. P. Goodwin, H. A. Kassim. The hosts several stars whose individual masses greatly exceed the accepted

150Msolar stellar mass limit. MNRAS, 408:731–751, Oct. 2010. doi: 10.1111/j.1365-2966. 2010.17167.x. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2010MNRAS.408..731C.

J. Datson, C. Flynn, L. Portinari. Spectroscopic study of solar twins and analogues. A&A, 574: A124, Feb. 2015. doi: 10.1051/0004-6361/201425000. URL http://adsabs.harvard.edu/ abs/2015A%A...574A.124D.

G. R. Davies, W. J. Chaplin, W. M. Farr, R. A. Garc´ıa,M. N. Lund, S. Mathis, T. S. Met- calfe, T. Appourchaux, S. Basu, O. Benomar, T. L. Campante, T. Ceillier, Y. Elsworth, R. Handberg, D. Salabert, D. Stello. Asteroseismic inference on rotation, gyrochronology and planetary system dynamics of 16 Cygni. MNRAS, 446:2959–2966, Jan. 2015. doi: 10.1093/mnras/stu2331. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2015MNRAS.446.2959D.

J. C. del Toro Iniesta. Introduction to Spectropolarimetry. May 2007.

E. Delgado Mena, G. Israelian, J. I. Gonz´alezHern´andez,S. G. Sousa, A. Mortier, N. C. Santos, V. Z. Adibekyan, J. Fernandes, R. Rebolo, S. Udry, M. Mayor. Li depletion in solar analogues with exoplanets. Extending the sample. A&A, 562:A92, Feb. 2014. doi: 10.1051/0004-6361/ 201321493. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014A%A...562A..92D.

E. Delgado Mena, S. Bertr´ande Lis, V. Z. Adibekyan, S. G. Sousa, P. Figueira, A. Mortier, J. I. Gonz´alezHern´andez,M. Tsantaki, G. Israelian, N. C. Santos. Li abundances in F stars: planets, rotation, and Galactic evolution. A&A, 576:A69, Apr. 2015. doi: 10.1051/0004-6361/ 201425433. URL http://cdsads.u-strasbg.fr/abs/2015A%26A...576A..69D.

P. R. Demarque R. B. Larson. Ages of Old Clusters. AJ, 69:136, 1964. doi: 10.1086/109420.

127 BIBLIOGRAFIA

J. D. do Nascimento, J. S. da Costa, J. R. de Medeiros. Rotation and lithium abundance of solar- analog stars. Theoretical analysis of observations. A&A, 519:A101, Sept. 2010. doi: 10.1051/ 0004-6361/200811026. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2010A%26A...519A.101D.

J. D. do Nascimento, Jr., C. Charbonnel, A. L`ebre,P. de Laverny, J. R. De Medeiros. Lithium and rotation on the subgiant branch. II. Theoretical analysis of observations. A&A, 357: 931–937, May 2000. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2000A%26A...357..931D.

J. D. do Nascimento, Jr., M. Castro, J. Mel´endez,M. Bazot, S. Th´eado,G. F. Porto de Mello, J. R. de Medeiros. Age and mass of solar twins constrained by lithium abundance. A&A, 501:687–694, July 2009. doi: 10.1051/0004-6361/200911935. URL http://adsabs.harvard. edu/abs/2009A%26A...501..687D.

J.-D. do Nascimento, Jr., Y. Takeda, J. Mel´endez, J. S. da Costa, G. F. Porto de Mello, M. Cas- tro. The Future of the Sun: An Evolved Solar Twin Revealed by CoRoT. ApJ, 771:L31, July 2013. doi: 10.1088/2041-8205/771/2/L31. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 2013ApJ...771L..31D.

J.-D. do Nascimento, Jr., R. A. Garc´ıa,S. Mathur, F. Anthony, S. A. Barnes, S. Meibom, J. S. da Costa, M. Castro, D. Salabert, T. Ceillier. Rotation Periods and Ages of Solar Analogs and Solar Twins Revealed by the Kepler Mission. ApJ, 790:L23, Aug. 2014. doi: 10.1088/ 2041-8205/790/2/L23. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014ApJ...790L..23D.

J.-D. do Nascimento, Jr., A. A. Vidotto, P. Petit, C. Folsom, M. Castro, S. C. Marsden, J. Morin, G. F. Porto de Mello, S. Meibom, S. V. Jeffers, E. Guinan, I. Ribas. Magnetic Field and Wind of Kappa Ceti: Toward the Planetary Habitability of the Young Sun When Life Arose on Earth. ApJ, 820:L15, Mar. 2016. doi: 10.3847/2041-8205/820/1/L15.

R. A. Donahue, S. H. Saar, S. L. Baliunas. A Relationship between Mean Rotation Period in Lower Main-Sequence Stars and Its Observed Range. ApJ, 466:384, July 1996. doi: 10.1086/ 177517. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1996ApJ...466..384D.

J.-F. Donati J. D. Landstreet. Magnetic Fields of Nondegenerate Stars. ARA&AA, 47:333–370, Sept. 2009. doi: 10.1146/annurev-astro-082708-101833. URL http://adsabs.harvard.edu/ abs/2009ARA%26A..47..333D.

J.-F. Donati, M. Semel, B. D. Carter, D. E. Rees, A. Collier Cameron. Spectropolarimetric observations of active stars. MNRAS, 291:658, Nov. 1997. doi: 10.1093/mnras/291.4.658. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1997MNRAS.291..658D.

A. P. Doyle, G. R. Davies, B. Smalley, W. J. Chaplin, Y. Elsworth. Determining stellar ma- croturbulence using asteroseismic rotational velocities from Kepler. MNRAS, 444:3592–3602, Nov. 2014. doi: 10.1093/mnras/stu1692.

B. Edvardsson, J. Andersen, B. Gustafsson, D. L. Lambert, P. E. Nissen, J. Tomkin. The Chemical Evolution of the Galactic Disk - Part One - Analysis and Results. A&A, 275:101, Aug. 1993. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1993A%A...275..101E.

128 BIBLIOGRAFIA

C. R. Epstein M. H. Pinsonneault. How Good a Clock is Rotation? The Stellar Rotation-Mass- Age Relationship for Old Field Stars. ApJ, 780:159, Jan. 2014. doi: 10.1088/0004-637X/780/ 2/159. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014ApJ...780..159E.

ESA, editor. The HIPPARCOS and TYCHO catalogues. Astrometric and photometric star catalogues derived from the ESA HIPPARCOS Space Astrometry Mission, volume 1200 of ESA Special Publication, 1997.

P. J. Flower. Transformations from Theoretical Hertzsprung-Russell Diagrams to Color- Magnitude Diagrams: Effective Temperatures, B-V Colors, and Bolometric Corrections. ApJ, 469:355, Sept. 1996. doi: 10.1086/177785.

E. Friel, G. Cayrel de Strobel, Y. Chmielewski, M. Spite, A. Lebre, C. Bentolila. In Search of Real Solar Twins - Part Three. A&ARv, 274:825, July 1993. URL http://adsabs.harvard. edu/abs/1993A%A...274..825F.

R. A. Garc´ıa,T. Ceillier, D. Salabert, S. Mathur, J. L. van Saders, M. Pinsonneault, J. Ballot, P. G. Beck, S. Bloemen, T. L. Campante, G. R. Davies, J.-D. do Nascimento, Jr., S. Mathis, T. S. Metcalfe, M. B. Nielsen, J. C. Su´arez,W. J. Chaplin, A. Jim´enez,C. Karoff. Rotation and magnetism of Kepler pulsating solar-like stars. Towards asteroseismically calibrated age- rotation relations. A&A, 572:A34, Dec. 2014. doi: 10.1051/0004-6361/201423888.

L. Ghezzi, K. Cunha, V. V. Smith, S. Margheim, S. Schuler, F. X. de Ara´ujo,R. de la Reza. Measurements of the Isotopic Ratio 6Li/7Li in Stars with Planets. ApJ, 698:451–460, June 2009. doi: 10.1088/0004-637X/698/1/451.

L. Girardi, A. Bressan, G. Bertelli, C. Chiosi. Evolutionary tracks and isochrones for low- and

intermediate-mass stars: From 0.15 to 7 Msun, and from Z=0.0004 to 0.03. A&AS, 141:371– 383, Feb. 2000. doi: 10.1051/aas:2000126. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2000A% 26AS..141..371G.

M. Golay, N. Mandwewala, P. Bartholdi. Spectral classification of stars with the same colours in intermediate multiband photometry - The concept of photometric ’star-box’. A&A, 60: 181–194, Sept. 1977. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1977A%A....60..181G.

P. Gondoin. Lithium Abundance and Rotation in the Pleiades and M34 Open Clusters. In G. T. van Belle H. C. Harris, editors, 18th Cambridge Workshop on Cool Stars, Stellar Systems, and the Sun, volume 18 of Cambridge Workshop on Cool Stars, Stellar Systems, and the Sun, pages 225–230, Jan. 2015. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2015csss...18..225G.

G. Gonzalez. Parent stars of extrasolar planets - XIII. Additional evidence for Li abundance anomalies. MNRAS, 441:1201–1208, June 2014. doi: 10.1093/mnras/stu661. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2014MNRAS.441.1201G.

129 BIBLIOGRAFIA

J. I. Gonz´alezHern´andez,G. Israelian, N. C. Santos, S. Sousa, E. Delgado-Mena, V. Neves, S. Udry. Searching for the Signatures of Terrestrial Planets in Solar Analogs. ApJ, 720:1592– 1602, Sept. 2010. doi: 10.1088/0004-637X/720/2/1592. URL http://adsabs.harvard.edu/ abs/2010ApJ...720.1592G.

J. I. Gonz´alezHern´andez,E. Delgado-Mena, S. G. Sousa, G. Israelian, N. C. Santos, V. Z. Adibekyan, S. Udry. Searching for the signatures of terrestrial planets in F-, G-type main- sequence stars. A&A, 552:A6, Apr. 2013. doi: 10.1051/0004-6361/201220165. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2013A%26A...552A...6G.

D. F. Gray. The Observation and Analysis of Stellar Photospheres. Sept. 2005. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2005oasp.book.....G.

E. F. Guinan S. G. Engle. The Sun in time: age, rotation, and magnetic activity of the Sun and solar-type stars and effects on hosted planets. In E. E. Mamajek, D. R. Soderblom, R. F. G. Wyse, editors, The Ages of Stars, volume 258 of IAU Symposium, pages 395–408, June 2009. doi: 10.1017/S1743921309032050. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2009IAUS..258. .395G.

B. Gustafsson, R. A. Bell, K. Eriksson, A. Nordlund. A grid of model atmospheres for metal- deficient giant stars. I. A&A, 42:407–432, Sept. 1975. URL http://adsabs.harvard.edu/ abs/1975A%26A....42..407G.

G. E. Hale. On the Probable Existence of a Magnetic Field in Sun-Spots. ApJ, 28:315, Nov. 1908. doi: 10.1086/141602. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1908ApJ....28..315H.

J. C. Hall, G. W. Lockwood, B. A. Skiff. The Activity and Variability of the Sun and Sun- like Stars. I. Synoptic Ca II H and K Observations. AJ, 133:862–881, Mar. 2007. doi: 10.1086/510356. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2007AJ....133..862H.

J. C. Hall, G. W. Henry, G. W. Lockwood, B. A. Skiff, S. H. Saar. The Activity and Variability of the Sun and Sun-Like Stars. II. Contemporaneous Photometry and Spectroscopy of Bright Solar Analogs. AJ, 138:312–322, July 2009. doi: 10.1088/0004-6256/138/1/312. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2009AJ....138..312H.

J. Hardorp. The sun among the stars. I - A search for solar spectral analogs. A&A, 63:383–390, Feb. 1978. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1978A%26A....63..383H.

J. Hardorp. The sun among the stars. II - Solar color, Hyades metal content, and distance. A&A, 88:334–344, Aug. 1980a. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1980A%A....88..334H.

J. Hardorp. The sun among the stars. III - Energy distributions of 16 northern G-type stars and the solar flux calibration. A&A, 91:221–232, Nov. 1980b. URL http://adsabs.harvard. edu/abs/1980A%A....91..221H.

J. Hardorp R. Giacconi. The Sun among the Stars. S&T, 61:106, Feb. 1981. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/1981S%T....61..106H.

130 BIBLIOGRAFIA

G. H. Herbig. Lithium Abundances in F5-G8 Dwarfs. ApJ, 141:588, Feb. 1965. doi: 10.1086/ 148147. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1965ApJ...141..588H.

J. B. Holberg, M. A. Barstow, F. C. Bruhweiler, A. M. Cruise, A. J. Penny. Sirius B: A New, More Accurate View. ApJ, 497:935–942, Apr. 1998. doi: 10.1086/305489. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/1998ApJ...497..935H.

A. Hui-Bon-Hoa. The Toulouse Geneva Evolution Code (TGEC). ApSS, 316:55–60, Aug. 2008. doi: 10.1007/s10509-007-9605-6. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2008Ap% 26SS.316...55H.

R. D. Jeffries. Using rotation, magnetic activity and lithium to estimate the ages of low mass stars. In EAS Publications Series, volume 65 of EAS Publications Series, pages 289–325, Nov. 2014. doi: 10.1051/eas/1465008. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014EAS....65. .289J.

C. Jordi E. Massana. The physical characterization of stars. Lecture Notes and Essays in Astrophysics, 3:33–44, Dec. 2008. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2008LNEA....3. ..33J.

H. Kaehler. The Vogt-Russell theorem, and new results on an old problem. In A. G. D. Philip D. S. Hayes, editors, The HR Diagram - The 100th Anniversary of Henry Norris Russell, volume 80 of IAU Symposium, pages 303–311, 1978.

J. R. King, C. P. Deliyannis, D. D. Hiltgen, A. Stephens, K. Cunha, A. M. Boesgaard. Lithium Abundances in the Solar Twins 16 CYG A and B and the Solar Analog alpha CEN A, Calibration of the 6707 Angstrom Li Region Linelist, and Implications. AJ, 113:1871, May 1997. doi: 10.1086/118399. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1997AJ....113.1871K.

J. R. King, A. Krishnamurthi, M. H. Pinsonneault. The Lithium-Rotation Correlation in the Pleiades Revisited. AJ, 119:859–872, Feb. 2000. doi: 10.1086/301205.

J. R. King, A. M. Boesgaard, S. C. Schuler. Keck HIRES Spectroscopy of Four Candidate Solar Twins. AJ, 130:2318–2325, Nov. 2005. doi: 10.1086/452640. URL http://adsabs.harvard. edu/abs/2005AJ....130.2318K.

R. P. Kraft. Studies of Stellar Rotation. V. The Dependence of Rotation on Age among Solar- Type Stars. ApJ, 150:551, Nov. 1967. doi: 10.1086/149359.

A. Krishnamurthi, D. M. Terndrup, M. H. Pinsonneault, K. Sellgren, J. R. Stauffer, R. Schild, D. E. Backman, K. B. Beisser, D. B. Dahari, A. Dasgupta, J. T. Hagelgans, M. A. Seeds, R. Anand, B. D. Laaksonen, L. A. Marschall, T. Ramseyer. New Rotation Periods in the Pleiades: Interpreting Activity Indicators. ApJ, 493:914–925, Jan. 1998. doi: 10.1086/305173.

131 BIBLIOGRAFIA

R. Kurucz. ATLAS9 Stellar Atmosphere Programs and 2 km/s grid. ATLAS9 Stellar At- mosphere Programs and 2 km/s grid. Kurucz CD-ROM No. 13. Cambridge, Mass.: Smith- sonian Astrophysical Observatory, 1993., 13, 1993. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 1993KurCD..13.....K.

R. L. Kurucz. Model atmospheres for G, F, A, B, and O stars. ApJS, 40:1–340, May 1979. doi: 10.1086/190589. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1979ApJS...40....1K.

R. Lachaume, C. Dominik, T. Lanz, H. J. Habing. Age determinations of main-sequence stars: combining different methods. A&A, 348:897–909, Aug. 1999. URL http://adsabs.harvard. edu/abs/1999A%26A...348..897L.

C. Laws G. Gonzalez. A Differential Spectroscopic Analysis of 16 Cygni A and B. ApJ, 553: 405–409, May 2001. doi: 10.1086/320669. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2001ApJ. ..553..405L.

F. LeBlanc. An Introduction to Stellar Astrophysics. 2010.

T. D. Li, S. L. Bi, K. Liu, Z. J. Tian, G. Z. Shuai. Stellar parameters and seismological analysis of the star 18 Scorpii. A&A, 546:A83, Oct. 2012. doi: 10.1051/0004-6361/201219063. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2012A%A...546A..83L.

D. Mahdi, C. Soubiran, S. Blanco-Cuaresma, L. Chemin. Solar twins in the ELODIE archive. ArXiv e-prints, Jan. 2016. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2016arXiv160101599M.

S. V. Mallik. Lithium abundance and mass. A&A, 352:495–507, Dec. 1999.

S. C. Marsden, P. Petit, S. V. Jeffers, J. Morin, R. Fares, A. Reiners, J.-D. do Nascimento, M. Auri`ere,J. Bouvier, B. D. Carter, C. Catala, B. Dintrans, J.-F. Donati, T. Gastine, M. Jar- dine, R. Konstantinova-Antova, J. Lanoux, F. Ligni`eres,A. Morgenthaler, J. C. Ram`ırez- V`elez,S. Th´eado,V. Van Grootel, BCool Collaboration. A BCool magnetic snapshot survey of solar-type stars. MNRAS, 444:3517–3536, Nov. 2014. doi: 10.1093/mnras/stu1663. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014MNRAS.444.3517M.

S. Mathur, T. S. Metcalfe, M. Woitaszek, H. Bruntt, G. A. Verner, J. Christensen-Dalsgaard, O. L. Creevey, G. Doˇgan, S. Basu, C. Karoff, D. Stello, T. Appourchaux, T. L. Campante, W. J. Chaplin, R. A. Garc´ıa, T. R. Bedding, O. Benomar, A. Bonanno, S. Deheuvels, Y. Elsworth, P. Gaulme, J. A. Guzik, R. Handberg, S. Hekker, W. Herzberg, M. J. P. F. G. Monteiro, L. Piau, P.-O. Quirion, C. R´egulo,M. Roth, D. Salabert, A. Serenelli, M. J. Thomp- son, R. Trampedach, T. R. White, J. Ballot, I. M. Brand˜ao,J. Molenda-Zakowicz,˙ H. Kjeldsen, J. D. Twicken, K. Uddin, B. Wohler. A Uniform Asteroseismic Analysis of 22 Solar-type Stars Observed by Kepler. ApJ, 749:152, Apr. 2012. doi: 10.1088/0004-637X/749/2/152.

S. Meibom, S. A. Barnes, I. Platais, R. L. Gilliland, D. W. Latham, R. D. Mathieu. A spin-down clock for cool stars from observations of a 2.5-billion-year-old cluster. Nature, 517:589–591,

132 BIBLIOGRAFIA

Jan. 2015. doi: 10.1038/nature14118. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2015Natur. 517..589M.

J. Mel´endezI. Ram´ırez. HIP 56948: A Solar Twin with a Low Lithium Abundance. ApJ, 669:L89–L92, Nov. 2007. doi: 10.1086/523942. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 2007ApJ...669L..89M.

J. Mel´endez,M. Asplund, B. Gustafsson, D. Yong. The Peculiar Solar Composition and Its Pos- sible Relation to Planet Formation. ApJ, 704:L66–L70, Oct. 2009. doi: 10.1088/0004-637X/ 704/1/L66. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2009ApJ...704L..66M.

J. Mel´endez,M. Bergemann, J. G. Cohen, M. Endl, A. I. Karakas, I. Ram´ırez,W. D. Cochran, D. Yong, P. J. MacQueen, C. Kobayashi, M. Asplund. The remarkable solar twin HIP 56948: a prime target in the quest for other Earths. A&A, 543:A29, July 2012. doi: 10.1051/ 0004-6361/201117222.

J. Mel´endez,I. Ram´ırez, A. I. Karakas, D. Yong, T. R. Monroe, M. Bedell, M. Bergemann, M. Asplund, M. Tucci Maia, J. Bean, J.-D. do Nascimento, Jr., M. Bazot, A. Alves-Brito, F. C. Freitas, M. Castro. 18 Sco: A Solar Twin Rich in Refractory and Neutron-capture Elements. Implications for Chemical Tagging. ApJ, 791:14, Aug. 2014. doi: 10.1088/0004-637X/791/1/ 14. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014ApJ...791...14M.

L. Mestel. Stellar magnetism. 1999. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1999stma.book. ....M.

T. S. Metcalfe, W. J. Chaplin, T. Appourchaux, R. A. Garc´ıa, S. Basu, I. Brand˜ao,O. L. Creevey, S. Deheuvels, G. Doˇgan,P. Eggenberger, C. Karoff, A. Miglio, D. Stello, M. Yıldız, Z. C¸elik, H. M. Antia, O. Benomar, R. Howe, C. R´egulo,D. Salabert, T. Stahn, T. R. Bedding, G. R. Davies, Y. Elsworth, L. Gizon, S. Hekker, S. Mathur, B. Mosser, S. T. Bryson, M. D. Still, J. Christensen-Dalsgaard, R. L. Gilliland, S. D. Kawaler, H. Kjeldsen, K. A. Ibrahim, T. C. Klaus, J. Li. Asteroseismology of the Solar Analogs 16 Cyg A and B from Kepler Observations. ApJ, 748:L10, Mar. 2012. doi: 10.1088/2041-8205/748/1/L10. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2012ApJ...748L..10M.

F. Middelkoop. Magnetic structure in cool stars. IV - Rotation and CA II H and K emission of main-sequence stars. A&A, 107:31–35, Mar. 1982.

M. S. Miesch. Large-Scale Dynamics of the Convection Zone and Tachocline. Living Reviews in Solar Physics, 2, Apr. 2005. doi: 10.12942/lrsp-2005-1.

R. Mitalas K. R. Sills. On the photon diffusion time scale for the sun. ApJ, 401:759, Dec. 1992. doi: 10.1086/172103. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1992ApJ...401..759M.

T. R. Monroe, J. Mel´endez,I. Ram´ırez, D. Yong, M. Bergemann, M. Asplund, M. Bedell, M. Tucci Maia, J. Bean, K. Lind, A. Alves-Brito, L. Casagrande, M. Castro, J.-D. do Nas- cimento, M. Bazot, F. C. Freitas. High Precision Abundances of the Old Solar Twin HIP

133 BIBLIOGRAFIA

102152: Insights on Li Depletion from the Oldest Sun. ApJ, 774:L32, Sept. 2013. doi: 10.1088/2041-8205/774/2/L32. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2013ApJ...774L. .32M.

P. Moore. The Astronomy Encyclopedia. Nov. 2002. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 2002asen.book.....M.

H. Neckel. The ’bright stars’ with UBV-colors close to those of the sun. A&A, 169:194–200, Nov. 1986a. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1986A%A...169..194N.

H. Neckel. Absolute magnitudes and luminosity-related physical parameters of the ’solar analog’- candidates 16 CYG A and B. A&A, 167:97–105, Oct. 1986b. URL http://adsabs.harvard. edu/abs/1986A%A...167...97N.

E. Niemczura, B. Smalley, W. Pych. Determination of Atmopsheric Parameters of B-, A-, F- and G-Type Stars Lectures from the School of Spectroscopic Data Analyses. 2014. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014dap..book.....N.

P. E. Nissen. High-precision abundances of elements in solar twin stars. Trends with stellar age and elemental condensation temperature. A&A, 579:A52, July 2015. doi: 10.1051/0004-6361/ 201526269. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2015A%26A...579A..52N.

R. W. Noyes, L. W. Hartmann, S. L. Baliunas, D. K. Duncan, A. H. Vaughan. Rotation, convection, and magnetic activity in lower main-sequence stars. ApJ, 279:763–777, Apr. 1984. doi: 10.1086/161945. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1984ApJ...279..763N.

E. H. Olsen. Preliminary UVBY calibrations for G and K type dwarf stars. A&A, 57:443–466, Sept. 1984. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1984A%AS...57..443O.

G. Pace. Chromospheric activity as age indicator. An L-shaped chromospheric-activity versus age diagram. A&A, 551:L8, Mar. 2013. doi: 10.1051/0004-6361/201220364. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2013A%26A...551L...8P.

G. Pace, M. Castro, J. Mel´endez,S. Th´eado,J.-D. do Nascimento, Jr. Lithium in M 67: From the main sequence to the red giant branch. A&A, 541:A150, May 2012. doi: 10.1051/0004-6361/ 201117704.

L. Pasquini, B. Edvardsson, Q. Liu, R. Pallavicini. Lithium Abundances in Nearby Solar-Like Stars. In J.-P. Caillault, editor, Cool Stars, Stellar Systems, and the Sun, volume 64 of Astronomical Society of the Pacific Conference Series, page 294, 1994.

G. Porto de Mello, R. da Silva, L. da Silva. A Survey of Solar Twin Stars within 50 Parsecs of the Sun. In G. Lemarchand K. Meech, editors, Bioastronomy 99, volume 213 of Astronomical Society of the Pacific Conference Series, 2000. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 2000ASPC..213...73P.

134 BIBLIOGRAFIA

G. F. Porto de Mello L. da Silva. HR 6060: The Closest Ever Solar Twin? ApJ, 482:L89, June 1997. doi: 10.1086/310693. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1997ApJ...482L..89P.

G. F. Porto de Mello, R. da Silva, L. da Silva, R. V. de Nader. A photometric and spectroscopic survey of solar twin stars within 50 parsecs of the Sun. I. Atmospheric parameters and color similarity to the Sun. A&A, 563:A52, Mar. 2014. doi: 10.1051/0004-6361/201322277. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014A%A...563A..52P.

I. Ram´ırez,J. Mel´endez,M. Asplund. Accurate abundance patterns of solar twins and analogs. Does the anomalous solar chemical composition come from planet formation? A&A, 508: L17–L20, Dec. 2009. doi: 10.1051/0004-6361/200913038. URL http://adsabs.harvard. edu/abs/2009A%A...508L..17R.

I. Ram´ırez,M. Asplund, P. Baumann, J. Mel´endez,T. Bensby. A possible signature of terrestrial planet formation in the chemical composition of solar analogs. A&A, 521:A33, Oct. 2010. doi: 10.1051/0004-6361/201014456. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2010A%26A... 521A..33R.

I. Ram´ırez,J. Mel´endez,D. Cornejo, I. U. Roederer, J. R. Fish. Elemental Abundance Differences in the 16 Cygni Binary System: A Signature of Gas Giant Planet Formation? ApJ, 740: 76, Oct. 2011. doi: 10.1088/0004-637X/740/2/76. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 2011ApJ...740...76R.

I. Ram´ırez, J. R. Fish, D. L. Lambert, C. Allende Prieto. Lithium Abundances in nearby FGK Dwarf and Subgiant Stars: Internal Destruction, Galactic Chemical Evolution, and Exoplanets. ApJ, 756:46, Sept. 2012. doi: 10.1088/0004-637X/756/1/46. URL http:// adsabs.harvard.edu/abs/2012ApJ...756...46R.

I. Ram´ırez, A. T. Bajkova, V. V. Bobylev, I. U. Roederer, D. L. Lambert, M. Endl, W. D. Cochran, P. J. MacQueen, R. A. Wittenmyer. Elemental Abundances of Solar Sibling Candidates. ApJ, 787:154, June 2014a. doi: 10.1088/0004-637X/787/2/154. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2014ApJ...787..154R.

I. Ram´ırez,J. Mel´endez,J. Bean, M. Asplund, M. Bedell, T. Monroe, L. Casagrande, L. Schirbel, S. Dreizler, J. Teske, M. Tucci Maia, A. Alves-Brito, P. Baumann. The Solar Twin Planet Search. I. Fundamental parameters of the stellar sample. A&A, 572:A48, Dec. 2014b. doi: 10.1051/0004-6361/201424244. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014A%A...572A. .48R.

S. Randich, R. Pallavicini, G. Meola, J. R. Stauffer, S. C. Balachandran. Membership, lithium, and metallicity in the young open clusters ¡ASTROBJ¿IC 2602¡/ASTROBJ¿ and ¡ASTROBJ¿IC 2391¡/ASTROBJ¿: Enlarging the sample. A&A, 372:862–878, June 2001. doi: 10.1051/0004-6361:20010339. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2001A%26A... 372..862R.

135 BIBLIOGRAFIA

G. Raskin, H. van Winckel, H. Hensberge, A. Jorissen, H. Lehmann, C. Waelkens, G. Avila, J.-P. de Cuyper, P. Degroote, R. Dubosson, L. Dumortier, Y. Fr´emat,U. Laux, B. Michaud, J. Morren, J. Perez Padilla, W. Pessemier, S. Prins, K. Smolders, S. van Eck, J. Winkler. HERMES: a high-resolution fibre-fed spectrograph for the Mercator telescope. A&A, 526: A69, Feb. 2011. doi: 10.1051/0004-6361/201015435.

R. Rebolo J. E. Beckman. Lithium and rotation in the Hyades late F and G stars. A&A, 201: 267–272, Aug. 1988.

O. Richard, S. Vauclair, C. Charbonnel, W. A. Dziembowski. New solar models including helioseismological constraints and light-element depletion. A&A, 312:1000–1011, Aug. 1996. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1996A%A...312.1000R.

O. Richard, S. Th´eado,S. Vauclair. Updated Toulouse solar models including the diffusion- circulation coupling and the effect of µ-gradients. SoPh, 220:243–259, Apr. 2004. doi: 10. 1023/B:SOLA.0000031394.68639.0b.

D. Salabert, R. A. Garcia, P. G. Beck, R. Egeland, P. L. Palle, S. Mathur, T. S. Metcalfe, J.-D. do Nascimento, Jr., T. Ceillier, M. F. Andersen, A. Trivino Hage. Photospheric and chro- mospheric magnetic activity of seismic solar analogs. Observational inputs on the solar/stellar connection from Kepler and Hermes. ArXiv e-prints, Aug. 2016.

A. Sandage. The Ages of M67, NGC 188, M3, M5, and M13 According to Hoyle’s 1959 Models. ApJ, 135:349, Mar. 1962. doi: 10.1086/147275. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 1962ApJ...135..349S.

S. C. Schuler, K. Cunha, V. V. Smith, L. Ghezzi, J. R. King, C. P. Deliyannis, A. M. Boesgaard. Detailed Abundances of the Solar Twins 16 Cygni A and B: Constraining Planet Formation Models. ApJ, 737:L32, Aug. 2011a. doi: 10.1088/2041-8205/737/2/L32. URL http:// adsabs.harvard.edu/abs/2011ApJ...737L..32S.

S. C. Schuler, D. Flateau, K. Cunha, J. R. King, L. Ghezzi, V. V. Smith. Abundances of Stars with Planets: Trends with Condensation Temperature. ApJ, 732:55, May 2011b. doi: 10.1088/0004-637X/732/1/55. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2011ApJ...732... 55S.

A. Skumanich. Time Scales for CA II Emission Decay, Rotational Braking, and Lithium De- pletion. ApJ, 171:565, Feb. 1972. doi: 10.1086/151310. URL http://adsabs.harvard.edu/ abs/1972ApJ...171..565S.

B. Smalley. Teff and log g determinations. Memorie della Societa Astronomica Italiana Sup- plementi, 8:130, 2005. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2005MSAIS...8..130S.

C. A. Sneden. Carbon and Nitrogen Abundances in Metal-Poor Stars. PhD thesis, THE UNIVERSITY OF TEXAS AT AUSTIN., 1973. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 1973PhDT...... 180S.

136 BIBLIOGRAFIA

D. Soderblom. Astrophysics: Stellar clocks. Nature, 517:557–558, Jan. 2015. doi: 10.1038/ 517557a.

D. R. Soderblom. A survey of chromospheric emission and rotation among solar-type stars in the solar neighborhood. Astronomical Journal, 90:2103–2115, Oct. 1985. doi: 10.1086/113918. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1985AJ.....90.2103S.

D. R. Soderblom. The Ages of Stars. ARA&A, 48:581–629, Sept. 2010. doi: 10.1146/ annurev-astro-081309-130806. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2010ARA%26A..48. .581S.

D. R. Soderblom, B. F. Jones, S. Balachandran, J. R. Stauffer, D. K. Duncan, S. B. Fedele, J. D. Hudon. The evolution of the lithium abundances of solar-type stars. III - The Pleiades. Astronomical Journal, 106:1059–1079, Sept. 1993. doi: 10.1086/116704.

S. G. Sousa, N. C. Santos, V. Adibekyan, E. Delgado-Mena, G. Israelian. ARES v2: new features and improved performance. A&A, 577:A67, May 2015. doi: 10.1051/0004-6361/201425463.

M. Stix. The sun : an introduction. 2004. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2004suin. book.....S.

Y. Takeda S. Kawanomoto. Lithium Abundances of F-, G-, and K-Type Stars: Profile-Fitting Analysis of the Li I 6708 Doublet. PASJ, 57:45–63, Feb. 2005. doi: 10.1093/pasj/57.1.45. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2005PASJ...57...45T.

Y. Takeda A. Tajitsu. High-Dispersion Spectroscopic Study of Solar Twins: HIP 56948, HIP 79672, and HIP 100963. PASJ, 61:471–480, June 2009. doi: 10.1093/pasj/61.3.471. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2009PASJ...61..471T.

B. J. Taylor. Analyses of archival data for cool dwarfs. 1: The solar B-V problem reconsidered. PASP, 106:444–451, May 1994a. doi: 10.1086/133399. URL http://adsabs.harvard.edu/ abs/1994PASP..106..444T.

B. J. Taylor. Analyses of archival data for cool dwarfs. 2: A catalog of temperatures. PASP, 106:452–461, May 1994b. doi: 10.1086/133400. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/ 1994PASP..106..452T.

G. Torres, J. Andersen, A. Gim´enez.Accurate masses and radii of normal stars: modern results and applications. A&ARv, 18:67–126, Feb. 2010. doi: 10.1007/s00159-009-0025-1. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2010A%26ARv..18...67T.

J. Trujillo-Bueno, F. Moreno-Insertis, F. Sanchez Martinez. Astrophysical Spectropolarimetry. Jan. 2002.

M. Tucci Maia, J. Mel´endez,I. Ram´ırez. High Precision Abundances in the 16 Cyg Binary System: A Signature of the Rocky Core in the Giant Planet. ApJ, 790:L25, Aug. 2014. doi:

137 BIBLIOGRAFIA

10.1088/2041-8205/790/2/L25. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2014ApJ...790L. .25T.

K. Uytterhoeven. Spring School of Spectroscopic Data Analyses: Determination of Atmospheric Parameters of B, A, F and G-type Stars, pages 1–8. 2014. doi: 10.1007/978-3-319-06956-2 1.

J. A. Valenti D. A. Fischer. Spectroscopic Properties of Cool Stars (SPOCS). I. 1040 F, G, and K Dwarfs from Keck, Lick, and AAT Planet Search Programs. ApJS, 159:141–166, July 2005. doi: 10.1086/430500.

E. P. J. van den Heuvel P. S. Conti. Time Scales for Lithium Depletion and Rotational Braking in Solar-Type Main-Sequence Stars. Science, 171:895–896, Mar. 1971. doi: 10.1126/science. 171.3974.895. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1971Sci...171..895V.

F. van Leeuwen. Validation of the new Hipparcos reduction. A&A, 474:653–664, Nov. 2007. doi: 10.1051/0004-6361:20078357. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2007A%A...474. .653V.

J. L. van Saders, T. Ceillier, T. S. Metcalfe, V. Silva Aguirre, M. H. Pinsonneault, R. A. Garc´ıa, S. Mathur, G. R. Davies. Weakened magnetic braking as the origin of anomalously rapid rotation in old field stars. Nature, 529:181–184, Jan. 2016. doi: 10.1038/nature16168.

A. H. Vaughan. The magnetic activity of sunlike stars. Science, 225:793–800, Aug. 1984. doi: 10. 1126/science.225.4664.793. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1984Sci...225..793V.

G. A. Verner, Y. Elsworth, W. J. Chaplin, T. L. Campante, E. Corsaro, P. Gaulme, S. Hekker, D. Huber, C. Karoff, S. Mathur, B. Mosser, T. Appourchaux, J. Ballot, T. R. Bedding, A. Bonanno, A.-M. Broomhall, R. A. Garc´ıa,R. Handberg, R. New, D. Stello, C. R´egulo, I. W. Roxburgh, D. Salabert, T. R. White, D. A. Caldwell, J. L. Christiansen, M. N. Fanelli. Global asteroseismic properties of solar-like oscillations observed by Kepler: a comparison of complementary analysis methods. MNRAS, 415:3539–3551, Aug. 2011. doi: 10.1111/j. 1365-2966.2011.18968.x.

G. Wallerstein P. S. Conti. Lithium and Beryllium in Stars. ARA&A, 7:99, 1969. doi: 10. 1146/annurev.aa.07.090169.000531. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/1969ARA%26A. ..7...99W.

M. Wittkowski, P. H. Hauschildt, B. Arroyo-Torres, J. M. Marcaide. Fundamental properties and atmospheric structure of the red supergiant VY Canis Majoris based on VLTI/AMBER spectro-interferometry. A&A, 540:L12, Apr. 2012. doi: 10.1051/0004-6361/201219126. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2012A%A...540L..12W.

J. T. Wright, G. W. Marcy, R. P. Butler, S. S. Vogt. Chromospheric Ca II Emission in Nearby F, G, K, and M Stars. ApJS, 152:261–295, June 2004. doi: 10.1086/386283. URL http: //adsabs.harvard.edu/abs/2004ApJS..152%1W.

138 BIBLIOGRAFIA

S. H. Yang, J. Zhang, C. L. Jin, L. P. Li, H. Y. Duan. Response of the solar atmosphere to magnetic field evolution in a coronal hole region. A&A, 501:745–753, July 2009. doi: 10.1051/ 0004-6361/200810601. URL http://adsabs.harvard.edu/abs/2009A%26A...501..745Y.

139 ApˆendiceA - Parˆametrosfundamentais para as estrelas do tipo solar do BCool

Neste apˆendice,iremos apresentar a Tabela (TA.1) contendo os principais parˆametroseste- lares utilizados para as estrelas do tipo solar da base BCool.

• OBJ: Identifica¸c˜aopara as estrelas do tipo solar referente aos objetos do cat´alogoHenry- Draper (HD).

• Teff: Temperatura efetiva e seu respectivo erro, em unidades de Kelvin.

• log(L/L ): Logaritmo da luminosidade e seu respectivo erro, em fun¸c˜aoda luminosidade

solar.

• Mass: Massa estelar e seu respectivo erro, em fun¸c˜aoda massa solar

• Age: Idade estelar e seus respectivos erros superiores e inferiores, em unidades de giga-anos ou bilh˜oesde anos.

• Bl: Componente longitudinal do campo magn´eticoestelar e seu respectivo erro, em uni- dades de gauss.

• Prot: Per´ıodo de rota¸c˜aoe seu respectivo erro, em unidades de dias.

• A(Li): Abundˆanciade l´ıtioe seu respectivo erro, em unidades de dex.

Adotamos o valor 9999 para os parˆametrosindispon´ıveis na literatura ou que est˜aoem fase determina¸c˜ao.

140 APENDICEˆ A 0,1 0,03 0,04 0,08 0,11 0,05 0,23 0,02 ± ± ± ± ± ± 1,08 1,38 1,13 ± ± 9999 9999 9999 9999 9999 < < < 0,3 2,6 1,68 A(Li) [dex] 2,38 0,49 0,06 2,08 -0,01 1,1 0,3 0,2 0,4 2,2 0,4 0,0 0,6 0,0 0,5 0,0 0,2 0,8 0,0 0,0 0,3 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 7,0 4,3 7,9 35,3 29,0 22,1 44,0 48,5 42,8 17,2 21,2 20,7 52,1 15,2 13,6 21,4 Prot [days] 0,5 0,2 2,3 1,1 0,2 1,7 1,5 1,0 0,3 1,8 0,7 0,8 1,4 0,9 0,8 1,2 [G] ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± l B 2,1 2,7 4,4 2,4 3,6 3,5 1,2 1,8 0,8 -0,6 -3,2 -7,2 -3,1 -0,5 -2,2 -1,4 72 36 08 36 2 5 4 0 3 6 0 , , , , 84 28 4 96 0 2 52 92 00 48 56 0 72 76 44 76 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 7 1 2 3 2 +0 − 0 1 1 0 1 0 0 0 +1 − +1 − +9 − +4 − +2 − +0 − +1 − +1 − +1 − +5 − +3 − +0 − +0 − 9999 9999 2,590 2,00 7,30 5,88 0,00 6,12 7,12 0,00 2,88 0,76 6,64 5,12 Age [Gyr] 12,28 10,88 )

0,034 0,010 0,028 0,040 0,020 0,026 0,020 0,020 0,026 0,084 0,024 0,020 0,020 0,032 0,350 M ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,64 Mass( 2,25 0,794 0,977 1,045 1,026 0,965 0,882 1,011 0,852 0,756 0,991 0,939 1,108 1,101 0,953 )

0,078 0,049 0,023 0,018 0,058 0,035 0,016 0,044 0,042 0,041 0,074 0,078 0,047 0,012 0,074 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L ± ± 1,11 ( log 0,09 0,46 0,078 0,119 0,753 0,249 -0,341 -0,215 -0,286 -0,088 -0,465 -0,532 -0,164 -0,035 0,0820 18 31 44 44 44 25 44 44 25 31 44 44 44 32 44 44 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± Teff [K] 5265 5577 5873 5765 5731 5221 5828 5032 4994 5941 5650 5957 5067 6028 6022 5761 HD OBJ001 OBJ002 OBJ003 OBJ004 OBJ005 OBJ006 OBJ007 OBJ008 OBJ009 OBJ010 OBJ011 OBJ012 OBJ013 OBJ014 OBJ015 OBJ016

141 APENDICEˆ A 0,1 0,1 0,1 0,09 0,11 0,06 0,1 0,02 0,02 ± ± ± ± 0,5 ± ± ± ± ± 1,65 0,27 2,02 0,94 9999 9999 9999 9999 < < < < < 1,8 2,26 2,54 2,46 2,43 2,31 1,86 1,96 -0,16 0,3 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,5 0,3 0,0 0,4 0,0 0,0 0,0 0,3 0,4 0,8 0,0 0,4 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 8,8 8,7 8,9 27,9 29,9 11,9 22,4 17,7 21,7 38,2 36,9 25,9 16,3 59,9 25,7 22,1 30,9 20,2 0,5 0,4 0,7 0,3 0,8 0,3 0,3 0,2 0,4 0,3 1,3 0,6 0,5 1,1 0,5 0,3 1,3 0,7 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 2 2,5 2,5 1,9 2,3 -3,5 -0,8 -0,6 -0,7 -3,3 -0,4 -0,9 -6,1 -0,3 -0,8 -0,8 -0,3 10,9 88 72 2 72 2 1 4 4 1 4 , , , , 64 32 12 2 88 6 4 68 76 52 56 36 0 28 32 24 12 76 48 72 76 0 8 36 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 5 2 2 3 3 0 0 2 0 2 2 0 0 0 0 1 0 +3 − +2 − +4 − +1 − +0 − +0 − +0 − +2 − +0 − +1 − +2 − +0 − +0 − +0 − +3 − +1 − +0 − 9999 3,60 4,90 5,40 0,00 5,04 8,52 3,12 5,08 3,76 7,84 4,04 7,16 0,00 7,88 6,76 10,12 11,28 0,014 0,048 0,026 0,021 0,032 0,038 0,022 0,026 0,036 0,068 0,028 0,022 0,018 0,046 0,022 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,02 1,00 1,00 1,037 1,242 0,951 1,310 1,022 1,010 0,816 1,112 0,846 1,312 0,877 1,080 0,957 1,011 1,101 0,063 0,027 0,035 0,016 0,016 0,085 0,045 0,048 0,044 0,021 0,044 0,009 0,054 0,044 0,064 0,052 0,053 0,100 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,76 0,556 0,522 0,038 0,135 0,448 0,007 0,302 0,053 0,544 -0,088 -0,028 -0,049 -0,368 -0,291 -0,046 -0,084 -0,186 44 44 44 22 44 44 12 25 44 44 12 12 44 44 44 44 44 44 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5867 5939 5657 6213 5805 5725 5834 5181 5680 5327 5805 5788 4919 5626 5897 5621 5711 5891 OBJ017 OBJ018 OBJ019 OBJ020 OBJ021 OBJ022 OBJ023 OBJ024 OBJ025 OBJ026 OBJ027 OBJ028 OBJ029 OBJ030 OBJ031 OBJ032 OBJ033 OBJ034

142 APENDICEˆ A 0,1 0,05 0,06 0,11 0,03 0,04 0,05 ± ± 1,0 0,0 ± ± ± ± ± 2,11 1,33 1,75 -0,26 9999 9999 9999 9999 9999 < < < < < < 1,36 2,05 0,24 1,58 2,46 1,64 -0,13 0,3 0,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,6 0,0 0,3 0,7 0,9 0,0 2,0 0,0 0,0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5,4 7,9 30,3 39,7 26,8 10,2 34,1 11,8 56,2 56,8 13,7 58,4 55,4 18,8 30,8 64,7 36,8 20,8 0,2 1 0,7 1,2 0,6 0,5 1,2 0,2 0,6 0,2 0,4 1,6 0,2 0,6 0,5 0,8 0,2 0,4 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,5 1,0 4,5 0,9 7,7 0,7 1,0 1,3 1,7 -1,2 -1,4 -0,6 -0,6 -0,9 -0,2 -2,6 -5,6 -10,9 6 7 0 3 76 84 48 76 56 52 4 84 08 36 88 24 16 76 54 72 0 52 44 12 24 40 36 16 12 0 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 2 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 3 0 0 +0 − +0 − +0 − +5 − +2 − +2 − +0 − +0 − +0 − +0 − +0 − +0 − +3 − +0 − +2 − 9999 9999 9999 0,00 3,00 8,68 0,54 7,60 0,00 7,16 2,72 3,04 6,88 6,28 4,28 3,16 1,72 0,00 0,026 0,013 0,034 0,014 0,026 0,006 0,100 0,002 0,040 0,634 0,072 0,030 0,040 0,016 0,025 0,020 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,56 1,02 0,79 1,052 0,809 0,962 1,034 1,654 0,856 1,396 1,426 1,161 1,193 1,144 0,956 1,701 1,071 0,808 0 0,08 0,03 0,018 0,039 0,017 0,011 0,043 0,034 0,1 0,062 0,055 0,043 0,082 0,018 0,071 0,066 0,013 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,82 0,3 0,799 0,007 -0,38 0,606 0,699 0,052 0,536 0,496 0,394 0,944 -0,564 -0,061 -0,084 -0,486 -0,152 -0,096 0 44 31 44 31 44 31 44 44 44 44 44 44 44 44 31 22 12 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 6380 5794 4866 5638 5742 5529 5146 5027 5065 5688 4939 5095 6044 5572 4994 5874 5151 5767 OBJ035 OBJ036 OBJ037 OBJ038 OBJ039 OBJ040 OBJ041 OBJ042 OBJ043 OBJ044 OBJ045 OBJ046 OBJ047 OBJ048 OBJ049 OBJ050 OBJ051 OBJ052

143 APENDICEˆ A 0,1 0,1 0,04 0,04 0,04 0,03 0,04 0,07 0,1 ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,41 1,07 1,15 1,95 9999 9999 9999 9999 9999 < < < < 2,7 0,96 1,98 2,81 2,23 2,03 2,96 2,94 -0,05 0,3 0,0 0,2 0,0 0,0 5,8 1,3 1,3 0,9 0,2 0,2 0,1 0,0 0,1 0,0 1,3 0,0 0,3 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 3,7 3,5 0,8 5,3 8,5 1,6 7,2 34,9 44,6 25,3 53,7 41,9 24,1 29,9 29,7 24,9 15,1 20,7 17,2 0,6 0,7 1,5 0,4 0,3 1,8 0,7 0,3 0,7 1,3 0,2 0,3 0,5 1,2 0,8 0,8 0,8 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,9 0,4 0,7 1,2 1,7 1,1 3,2 4,9 -0,6 -0,5 -4,3 -0,6 -0,3 -8,4 -6,9 -5,1 -4,5 288,9 6 3 4 2 2 4 8 7 52 4 76 36 52 45 32 88 36 44 16 6 44 28 44 2 0 92 04 36 52 36 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 4 1 3 0 0 0 2 0 0 1 2 1 1 2 +0 − +1 − +0 − +0 − +1 − +0 − +1 − +0 − +0 − +5 − +1 − +1 − +1 − +1 − +2 − 9999 9999 9999 0,40 7,40 3,20 5,80 5,48 3,52 4,00 2,84 2,32 0,00 6,48 4,32 9,88 6,76 3,36 0,092 0,050 0,046 0,079 0,082 0,034 0,054 0,012 0,030 0,023 0,026 0,032 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,0 1,22 1,00 1,00 1,21 1,00 1,103 1,326 1,277 1,236 1,443 0,838 1,081 1,268 1,028 0,993 0,992 1,029 0 0 0 0,03 0,017 0,052 0,052 0,082 0,018 0,025 0,046 0,021 0,035 0,032 0,059 0,12 0,045 0,048 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,26 0,59 5050 0,82 0,45 0,154 -0,03 0,181 0,726 0,433 0,245 0,231 0,041 0,136 0,104 0,027 -0,551 -0,006 44 44 44 31 44 31 22 40 44 31 35 25 12 12 38 44 12 44 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5819 5206 5937 6424 5176 4827 5911 6167 6496 5882 5633 5737 5770 5724 6522 5891 5793 5848 OBJ053 OBJ054 OBJ055 OBJ056 OBJ057 OBJ058 OBJ059 OBJ060 OBJ061 OBJ062 OBJ063 OBJ064 OBJ065 OBJ066 OBJ067 OBJ068 OBJ069 OBJ070

144 APENDICEˆ A 0,1 0,1 0,1 0,1 0,04 0,02 0,09 0,11 0,09 0,02 0,02 0,1 ± ± ± ± 1,4 ± ± ± ± ± ± 2,94 0,04 ± ± 9999 9999 9999 < < < 2 2,09 2,73 2,32 1,47 1,8 2,57 1,82 2,94 2,37 0,92 1,24 0,5 0,4 0,4 0,4 2,3 0,7 0,4 0,5 1,7 0,0 0,0 1,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 9 14 7,6 6,6 7,9 3,9 5,1 7,4 19,6 13,1 20,4 23,9 24,5 16,5 18,6 26,4 22,7 17,1 0,3 0,6 0,5 0,4 1,8 2,6 0,3 0,2 0,3 1,2 0,5 0,5 0,3 2,4 0,6 0,5 0,4 1,7 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,6 2,5 4,4 3,4 1,5 7,7 1,2 4,4 -11 -5,4 -1,6 -2,0 -4,2 -8,1 -1,2 -3,7 -6,6 13,5 7 3 5 9 6 2 6 4 6 2 9 1 4 0 92 84 56 16 56 24 72 52 68 0 0 64 16 88 04 92 32 0 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 0 1 3 1 3 0 0 0 0 1 1 1 1 0 1 0 +2 − +2 − +0 − +1 − +1 − +3 − +0 − +0 − +0 − +1 − +1 − +2 − +1 − +0 − +2 − +0 − 9999 9999 2,70 2,60 6,00 2,10 6,30 3,10 0,00 0,00 0,00 7,00 8,72 1,88 1,04 1,88 1,32 0,00 0,014 0,012 0,022 0,020 0,024 0,026 0,026 0,023 0,014 0,008 0,030 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,99 1,04 0,99 0,97 0,97 9999 9999 1,00 0,846 1,001 1,001 1,005 1,038 1,189 1,211 1,056 1,133 0,786 0 0 0 0,04 0,05 0,052 0,033 0,047 0,031 0,048 0,028 0,038 0,067 0,025 0,035 0,05 0,039 0,077 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5050 5050 5050 0,33 0,03 0,17 -0,153 -0,024 0,074 0,239 0,056 0,096 -0,501 -0,092 -0,061 -0,012 -0,009 -0,635 44 42 44 12 12 44 12 44 44 44 34 44 12 31 31 12 50 44 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5177 5476 5742 5714 5804 5818 5801 5822 5802 6173 5873 6258 5805 5790 6014 5696 5709 4868 OBJ071 OBJ072 OBJ073 OBJ074 OBJ075 OBJ076 OBJ077 OBJ078 OBJ079 OBJ080 OBJ081 OBJ082 OBJ083 OBJ084 OBJ085 OBJ086 OBJ087 OBJ088

145 APENDICEˆ A 0,1 0,1 0,1 0,03 0,04 0,04 0,04 0,02 0,02 0,11 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,85 2,11 0,95 1,62 -0,24 9999 9999 9999 < < < < < 1,99 1,95 2,51 1,37 1,48 1,74 1,42 1,22 0,95 0,76 0,9 0,3 0,7 0,9 0,9 0,5 0,0 0,6 0,0 0,2 0,0 0,7 0,0 2,8 0,0 0,8 0,7 0,0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 23,2 29,5 25,8 24,5 25,4 23,5 38,3 24,3 22,9 23,1 21,6 26,3 14,5 21,4 10,1 32,2 56,4 12,9 1 0,4 0,7 0,5 0,5 1,4 1,5 0,4 1,2 0,8 0,6 4,1 0,4 0,3 0,3 0,2 0,4 0,4 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± -2,1 0,6 0,5 3,4 0,6 0,4 0,9 -2,9 -0,8 -0,5 -3,1 -3,4 -8,0 -1,6 -1,7 -1,3 -6,6 -14,6 92 76 3 6 4 6 5 5 4 6 , , 36 76 68 44 92 4 64 12 12 16 96 04 2 56 24 16 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 2 2 2 1 0 3 3 1 1 2 1 0 0 +1 − +0 − +0 − +0 − +0 − +2 − +2 − +1 − +1 − +1 − +1 − +0 − +0 − 9999 9999 9999 9999 9999 3,40 3,80 4,00 8,00 9,52 5,44 8,28 6,48 5,64 3,80 2,72 2,04 12,08 0,040 0,034 0,024 0,020 0,026 0,022 0,028 0,026 0,124 0,028 0,068 0,420 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,02 1,04 0,94 0,60 9999 9999 2,55 0,960 0,979 0,975 1,070 0,874 1,063 1,009 1,069 0,850 0,661 1,508 0 0,06 0,046 0,095 0,034 0,004 0,036 0,017 0,017 0,025 0,073 0,053 0,021 0,067 0,052 0,046 0,094 0,077 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5050 -0,057 0,009 0,048 0,348 0,206 0,042 0,132 0,099 0,828 0,737 -0,095 -0,005 -0,077 -0,989 -0,091 -0,217 -0,628 0 12 31 44 12 12 44 14 44 44 16 44 44 12 22 44 44 44 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 4670 5746 5700 5676 5782 5744 5751 4085 5838 5586 5882 5812 5989 5781 5488 4950 5051 6274 OBJ089 OBJ090 OBJ091 OBJ092 OBJ093 OBJ094 OBJ095 OBJ096 OBJ097 OBJ098 OBJ099 OBJ101 OBJ102 OBJ103 OBJ104 OBJ105 OBJ106 OBJ107

146 APENDICEˆ A 0,1 0,06 0,11 0,11 0,18 0,12 0,04 0,04 0,14 0,02 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± -0,68 -0,33 -0,14 9999 9999 9999 9999 9999 < < < 0,7 0,86 1,39 2,07 1,08 1,95 1,57 0,01 -0,07 -0,06 0,0 0,5 0,5 0,0 0,0 4,5 0,0 0,0 0,0 0,3 0,7 0,5 0,6 0,8 0,0 0,0 6,7 0,3 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 25 18 7,9 8,2 0,8 14,6 47,4 15,3 15,2 23,6 59,2 50,1 33,9 10,3 31,6 25,8 22,2 19,4 1 1 2,8 0,3 0,6 0,4 0,5 0,4 0,4 2,3 1,1 0,5 1,1 0,2 0,5 0,2 0,5 0,4 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,9 -2,1 0,7 1,9 1,7 3,2 4,8 3,7 5,1 7,6 0,7 0,6 -3,0 -1,4 -7,3 -3,4 -2,3 45,3 32 36 8 0 , , 68 72 24 44 96 44 08 88 76 88 16 92 0 4 52 96 0 0 08 92 96 0 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 1 0 0 0 1 0 1 0 0 2 1 1 0 +1 − +0 − +0 − +0 − +3 − +0 − +7 − +1 − +2 − +1 − +2 − +1 − +4 − 9999 9999 9999 9999 9999 0,00 3,28 0,00 1,40 1,64 1,96 0,00 0,00 8,44 1,92 5,84 0,00 10,16 0,026 0,010 0,020 0,010 0,054 0,010 0,026 0,016 0,014 0,017 0,026 0,026 0,027 0,028 0,028 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,95 9999 0,860 1,163 0,730 1,004 0,805 1,341 0,870 0,800 0,780 1,044 0,926 0,992 0,957 1,042 1,005 0,892 0 0 0,04 0,035 0,038 0,015 0,021 0,043 0,021 0,043 0,019 0,079 0,086 0,024 0,054 0,027 0,11 ± 0,065 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5050 -0,114 0,16 0,45 -0,612 0,272 0,304 0,481 0,025 0,025 -0,112 -0,482 -0,527 -0,591 -0,057 -0,314 -0,014 -0,359 0 0 0 44 11 44 44 25 44 44 44 44 31 44 44 25 44 31 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 4932 6374 5343 6130 4488 5654 4834 6387 4729 4757 4809 5845 5335 5705 5722 5803 5791 5277 OBJ108 OBJ109 OBJ110 OBJ111 OBJ112 OBJ113 OBJ114 OBJ115 OBJ116 OBJ117 OBJ118 OBJ119 OBJ120 OBJ121 OBJ122 OBJ123 OBJ124 OBJ125

147 APENDICEˆ A 0,1 0,12 0,02 0,09 0,06 0,02 0,06 ± ± ± ± ± ± ± 0,01 1,13 0,15 1,98 1,03 -0,23 9999 9999 9999 9999 9999 < < < < < < 2,44 1,24 1,14 0,78 0,33 1,27 0,76 3,0 0,9 0,6 1,4 0,9 0,0 0,9 0,7 0,6 0,4 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,0 0,0 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 4,2 1,3 5,1 3,6 8,4 6,2 10,9 27,8 36,6 43,9 23,2 45,3 46,7 24,7 15,2 33,8 24,9 27,6 1 0,6 1,1 12,2 0,3 0,4 0,3 0,3 0,6 0,1 0,9 0,5 1,9 0,8 0,5 3,4 0,8 0,7 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,5 8,5 1,0 0,8 7,6 2,7 0,6 -1,5 -6,3 -0,5 -1,0 -1,8 -3,1 -1,7 -9,8 11,2 11,3 -89,7 6 2 3 7 0 2 92 36 32 96 32 44 02 56 52 36 92 32 72 32 4 08 04 68 0 84 76 0 92 76 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 4 2 2 0 1 0 2 2 0 0 1 1 0 1 1 +3 − +2 − +1 − +3 − +1 − +0 − +1 − +2 − +0 − +0 − +1 − +1 − +1 − +2 − +2 − 9999 9999 9999 9,20 11,8 2,80 0,72 9,64 8,08 7,12 2,04 7,60 0,03 2,72 7,00 0,00 8,36 1,76 0,016 0,024 0,109 0,028 0,026 0,014 0,024 0,030 0,024 0,012 0,045 0,047 0,026 0,030 0,020 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,86 1,30 1,20 1,06 0,927 0,994 1,091 0,971 1,039 0,791 1,133 1,058 1,010 0,831 0,803 1,022 0,956 1,065 0 0,031 0,036 0,015 0,034 0,011 0,064 0,014 0,043 0,049 0,046 0,017 0,069 0,024 0,023 0,009 0,03 ± 0,024 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± -0,46 0,12 0,2 0,149 0,415 0,026 0,465 0,096 0,489 0,088 0,095 0,001 0,257 -0,255 -0,008 -0,454 -0,501 -0,374 0 44 44 86 22 44 44 18 44 30 44 44 44 18 17 17 44 54 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 6344 5479 5723 4937 5597 5745 5843 5000 5398 5830 5998 5798 5067 5246 5781 5674 5834 6223 OBJ126 OBJ127 OBJ128 OBJ129 OBJ130 OBJ131 OBJ132 OBJ133 OBJ134 OBJ135 OBJ136 OBJ137 OBJ138 OBJ139 OBJ140 OBJ141 OBJ142 OBJ143

148 APENDICEˆ A 0,07 0,11 0,1 0,03 0,02 2,6 0,0 ± ± ± ± ± 0,05 0,41 0,38 0,52 9999 9999 9999 9999 9999 9999 9999 < < < < < < 2,1 1,29 2,93 1,23 2,24 0,2 0,0 0,3 0,7 0,0 0,0 0,3 0,5 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,3 0,0 0,7 0,7 0,2 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 28 39 17 4,6 9,8 7,2 6,2 4,5 19,8 25,4 18,5 60,8 41,2 20,5 29,5 28,7 47,3 34,8 1,8 0,9 0,3 1,7 0,5 0,2 1,2 1,8 0,2 0,4 0,6 0,6 0,3 0,5 1,3 0,8 0,4 0,3 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,7 0,9 0,3 0,8 0,7 1,2 0,6 2,7 -8,9 -2,2 -0,9 -3,7 -1,9 -2,5 -1,5 -1,2 14,8 -11,1 04 2 8 4 4 , , 76 4 44 88 52 28 12 08 84 64 92 16 96 72 28 72 52 0 0 52 28 12 12 76 48 44 2 96 32 36 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 2 0 3 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 2 1 0 0 1 +2 − +0 − +3 − +0 − +1 − +0 − +0 − +0 − +0 − +0 − +0 − +0 − +1 − +1 − +2 − +0 − +0 − +1 − 4,24 9,16 9,32 8,96 0,00 0,00 6,92 2,64 2,44 1,52 11,4 6,76 5,84 1,20 6,88 4,68 6,72 10,64 0,020 0,022 0,010 0,012 0,024 0,046 0,038 0,034 0,042 0,016 0,039 0,034 0,020 0,020 0,022 0,058 0,230 0,310 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,49 2,02 1,025 0,964 0,660 1,103 1,092 1,813 0,986 1,510 1,738 0,979 1,054 1,108 1,066 1,036 1,009 0,939 0 0 0,036 0,069 0,035 0,033 0,089 0,059 0,074 0,037 0,062 0,025 0,044 0,058 0,076 0,044 0,035 0,031 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5050 5050 0,05 -0,02 0,286 0,086 0,062 0,387 0,637 0,954 0,939 0,269 0,117 0,031 0,224 0,603 0,131 -0,111 44 44 25 44 25 44 44 31 91 44 25 44 44 44 44 44 44 140 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5788 5790 5974 5977 4915 5555 5658 6261 6388 5668 5787 5704 5885 5953 5301 5905 5540 4525 OBJ144 OBJ145 OBJ146 OBJ147 OBJ148 OBJ149 OBJ150 OBJ151 OBJ152 OBJ153 OBJ154 OBJ155 OBJ156 OBJ157 OBJ158 OBJ159 OBJ160 OBJ161

149 APENDICEˆ A 0,1 0,02 0,05 ± 0,0 0,01 0,98 ± ± 9999 9999 9999 < < < 2,6 0,7 2,08 0,5 0,0 0,1 0,2 0,7 0,9 0,0 0,0 0,2 ± ± ± ± ± ± ± ± ± 23 9,9 4,8 44,3 44,2 11,4 20,4 14,6 25,3 0,5 0,3 0,6 2,1 0,6 0,4 0,1 1,3 0,6 ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,1 2,3 0,6 -1,1 -2,0 -1,0 -5,2 18,4 -18,9 96 04 08 , 54 , , 68 16 32 76 4 72 24 16 0 44 , , , , , , , , , , , 1 11 0 1 1 0 1 +1 − +1 − +0 − +1 − +2 − +0 − +1 − 9999 9999 6,76 6,28 1,16 0,00 8,36 11,52 12,46 0,037 0,024 0,010 0,026 0,020 0,024 0,015 0,010 0,022 ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,794 1,098 0,839 1,015 0,947 1,075 0,931 0,992 0,994 0,08 0,08 0,013 0,024 0,049 0,048 0,038 0,042 0,047 ± ± ± ± ± ± ± ± ± -1,01 0,358 0,16 Parˆametrosestelares referente as estrelas do tipo solar, base do BCool. 0,213 0,015 0,081 -0,556 -0,262 -0,284 17 44 44 44 44 44 31 44 150 ± ± ± ± ± ± ± ± ± 4835 5903 5133 5976 5740 5869 5570 5760 Tabela 9.1: 4350 OBJ162 OBJ163 OBJ164 OBJ165 OBJ166 OBJ167 OBJ168 OBJ169 OBJ170

150 ApˆendiceB - Parˆametrosfundamentais para as estrelas gˆemeassolares do HARPS

Neste apˆendice,iremos apresentar a Tabela (TB.1) contendo os principais parˆametroseste- lares utilizados e calculados por n´ospara as 88 estrelas gˆemeassolares.

• OBJ: Identifica¸c˜aopara as gˆemeassolares referente aos objetos do cat´alogoHenry-Draper (HD).

• Teff: Temperatura efetiva e seu respectivo erro, em unidades de Kelvin.

• log(L/L ): Logaritmo da luminosidade e seu respectivo erro, em fun¸c˜aoda luminosidade

solar.

• Mass: Massa estelar e seu respectivo erro, em fun¸c˜aoda massa solar

• Age: Idade estelar e seus respectivos erros superiores e inferiores, em unidades de giga-anos ou bilh˜oesde anos.

´ • logRHK0 : Indice de atividade cromosf´erica.

• A(Li): Abundˆanciade l´ıtioe seu respectivo erro, em unidades de dex.

• Prot: Per´ıodo de rota¸c˜ao,em unidades de dias.

• MZC: Profundidade do envolt´orioconvectivo.

• Ro: N´umerode Rossby.

Adotamos o valor 9999 para os parˆametrosindispon´ıveis na literatura ou que est˜aoem fase determina¸c˜ao.

151 APENDICEˆ B Ro 1,9686712 0,7956302 0,8382458 2,0264218 1,4969755 1,8868650 1,9194410 0,9469175 1,6565075 2,0235648 1,8544955 2,1030980 1,9961143 0,5758861 1,9863779 2,1048721 MZC 0,0245 0,0176 0,0178 0,0261 0,0243 0,0194 0,0236 0,0199 0,0262 0,0279 0,0240 0,0258 0,0223 0,0228 0,0233 0,0262 10 23 27,1 8,15 25,7 16,9 22,4 23,9 11,9 24,9 31,7 21,8 24,6 7,83 21,5 27,3 Prot [days] 0,02 0,03 0,10 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,08 1,37 0,47 0,49 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 9999 9999 9999 < < < A(Li) [dex] 2,36 1,76 1,80 1,52 1,96 1,51 1,58 1,57 1,94 0,80 0 Hk -4,931 -4,508 -4,522 -4,962 -4,740 -4,895 -4,908 -4,559 -4,796 -4,959 -4,880 -4,999 -4,945 -4,431 -4,943 -5,000 logR 3 7 6 0 0 9 7 5 9 6 7 6 9 8 1 7 9 3 0 7 6 7 7 3 0 6 4 8 5 5 9 , 5 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 3 0 0 5 0 2 2 0 1 4 3 4 0 7 6 9 +5 − +1 − +2 − +7 − +1 − +3 − +4 − +1 − +2 − +5 − +4 − +6 − +1 − +8 − +7 − +10 − 4,7 0,8 1,2 6,4 0,9 3,3 3,6 0,5 2,0 5,3 4,0 6,1 1,1 7,8 7,3 9,9 Age [Gyr] )

0,007 0,008 0,007 0,005 0,005 0,007 0,010 0,005 0,003 0,005 0,004 0,008 0,008 0,005 0,003 0,002 M ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± Mass( 1,06 0,974 1,034 1,052 0,967 1,005 0,978 1,038 1,011 1,029 0,993 0,951 0,976 1,051 0,993 0,989 )

0,0527 0,0354 0,0468 0,0134 0,0313 0,0561 0,0263 0,0516 0,0164 0,0267 0,0189 0,0071 0,0150 0,0155 0,0470 0,0165 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L ( log -0,077 -0,010 -0,091 -0,015 0,0498 0,0620 0,0233 0,0616 0,0192 0,1241 0,2959 0,0256 0,1505 0,1070 0,1044 0,0940 5 5 8 5 6 8 7 4 4 7 9 5 5 10 10 13 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± Teff [K] 5717 5728 5764 5831 5725 5810 5738 5725 5760 5728 5784 5785 5736 5850 5854 5769 HD OBJ01 OBJ02 OBJ03 OBJ04 OBJ05 OBJ06 OBJ07 OBJ08 OBJ09 OBJ10 OBJ11 OBJ12 OBJ13 OBJ14 OBJ15 OBJ16

152 APENDICEˆ B 1,1406123 0,7653923 0,8683667 0,6333802 1,8880560 2,1104819 2,0047930 0,6138120 1,9628770 2,1343248 0,6836704 2,1257788 2,0450235 2,2170949 2,0125179 1,9944461 0,4858623 0,6892403 0,0222 0,0187 0,0186 0,0218 0,0235 0,0261 0,0233 0,0228 0,0310 0,0280 0,0231 0,0287 0,0262 0,0349 0,0202 0,0251 0,0189 0,0181 9,5 14,4 8,73 8,54 23,4 25,3 23,1 7,82 24,1 36,6 8,71 28,3 25,7 33,8 21,9 22,4 5,57 7,38 0,1 0,10 0,02 0,02 0,04 0,06 0,09 0,07 0,03 0,02 0,07 0,02 ± 0,59 0,41 0,88 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 9999 9999 9999 < < < 0,60 2,22 2,39 1,17 0,75 1,20 1,92 1,77 1,68 1,20 2,81 1,60 -4,620 -4,498 -4,532 -4,452 -4,896 -5,004 -4,948 -4,445 -4,929 -5,015 -4,470 -5,012 -4,971 -5,058 -4,953 -4,946 -4,396 -4,472 2 5 4 6 7 9 0 0 3 4 4 8 5 1 4 1 9 4 4 2 1 4 4 6 8 1 4 8 3 1 5 4 0 5 , 6 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 2 0 0 3 3 9 4 1 6 3 0 9 6 2 6 0 0 9 +5 − +2 − +1 − +4 − +4 − +10 − +6 − +4 − +7 − +5 − +2 − +9 − +7 − +4 − +7 − +1 − +1 − +10 − 4,0 0,8 0,5 4,0 4,5 9,7 5,4 2,9 6,7 4,5 1,2 9,5 6,8 3,2 6,8 0,6 0,9 9,9 0,012 0,009 0,007 0,006 0,005 0,003 0,007 0,007 0,004 0,008 0,005 0,002 0,003 0,007 0,007 0,004 0,006 0,005 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 0,987 1,026 1,053 1,033 1,025 0,959 0,974 0,997 0,961 0,988 1,026 0,980 0,960 1,005 1,005 0,957 1,046 1,059 0,0308 0,0255 0,0379 0,0144 0,0433 0,0325 0,0077 0,0379 0,0109 0,0311 0,0234 0,0646 0,0678 0,0041 0,0111 0,0068 0,0156 0,0069 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± -0,074 -0,002 -0,048 -0,108 -0,055 -0,027 0,0258 0,0266 0,0175 0,1691 0,0275 0,1113 0,1930 0,0420 0,3792 0,0825 0,0023 0,0212 8 8 5 5 5 7 5 5 9 5 6 7 6 4 8 12 11 12 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5840 5789 5771 5733 5758 5737 5668 5702 5750 5710 5721 5662 5819 5737 5849 5764 5846 5847 OBJ17 OBJ18 OBJ19 OBJ20 OBJ21 OBJ22 OBJ23 OBJ24 OBJ25 OBJ26 OBJ27 OBJ28 OBJ29 OBJ30 OBJ31 OBJ32 OBJ33 OBJ34

153 APENDICEˆ B 2,0663213 2,0465240 0,8714848 1,2242617 2,0081880 2,0941416 2,0381016 2,0315929 1,4389248 2,1226434 2,1037416 2,0479392 2,1599116 2,0894518 2,0510506 2,0472578 2,1418136 1,6557730 9999 0,0243 0,0274 0,0179 0,0271 0,0258 0,0227 0,0261 0,0214 0,0197 0,0264 0,0186 0,0272 0,0240 0,0256 0,0178 0,0246 0,0302 24 18 29 26,8 23,7 10,7 17,4 25,7 26,8 26,2 29,1 20,7 25,5 27,1 22,2 26,2 25,8 24,8 0,1 0,1 0,1 0,1 0,09 0,04 0,09 0,02 0,02 0,09 0,04 0,03 0,09 0,04 0,17 ± ± ± ± 0,85 0,88 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 9999 < < 1,48 2,32 1,54 0,84 0,92 1,48 2,13 1,85 1,56 0,77 0,72 0,91 1,36 0,69 1,19 -4,979 -4,970 -4,533 -4,648 -4,951 -4,993 -4,966 -4,962 -4,719 -5,008 -5,001 -4,973 -5,028 -4,991 -4,972 -4,972 -5,021 -4,797 4 5 5 4 6 5 7 0 7 3 4 4 8 0 7 2 5 3 8 6 4 0 0 6 8 0 3 6 8 1 9 7 7 0 9 2 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 4 7 0 3 7 5 2 4 0 5 6 7 5 5 4 3 8 6 +5 − +8 − +1 − +4 − +7 − +6 − +4 − +5 − +1 − +6 − +7 − +8 − +6 − +7 − +5 − +5 − +9 − +8 − 5,1 8,0 1,0 3,5 7,3 6,1 3,7 4,6 0,5 6,0 7,1 7,9 6,3 6,4 5,4 4,0 9,2 7,5 0,003 0,004 0,005 0,004 0,003 0,001 0,008 0,004 0,007 0,005 0,006 0,001 0,004 0,004 0,007 0,009 0,005 0,006 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,050 0,958 1,086 1,011 1,039 1,020 0,995 1,022 1,035 1,035 1,032 0,950 1,028 0,991 1,048 0,989 0,987 0,954 0,0183 0,0144 0,0163 0,0476 0,0329 0,0212 0,0370 0,0162 0,0127 0,0288 0,0121 0,0522 0,0249 0,0250 0,0189 0,0280 0,0508 0,0075 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± -0,013 -0,039 -0,001 -0,095 -0,032 0,0475 0,0106 0,1754 0,1144 0,0564 0,0254 0,0341 0,0609 0,2401 0,0822 0,0644 0,1523 0,2739 4 5 8 5 6 5 5 4 9 4 7 6 6 6 8 8 6 9 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5755 5700 5848 5702 5768 5782 5731 5795 5820 5727 5875 5700 5753 5747 5918 5767 5755 5670 OBJ35 OBJ36 OBJ37 OBJ38 OBJ39 OBJ40 OBJ41 OBJ42 OBJ43 OBJ44 OBJ45 OBJ46 OBJ47 OBJ48 OBJ49 OBJ50 OBJ51 OBJ52

154 APENDICEˆ B 2,1440370 2,0536597 1,9600910 2,1055842 2,0833641 1,9712274 2,1882922 2,0752577 1,7511123 2,0821073 1,4801936 2,0737082 2,0638145 2,0309250 2,0831533 2,1299377 2,0157353 2,0971619 9999 0,0181 0,0249 0,0189 0,0290 0,0222 0,0187 0,0321 0,0261 0,0279 0,0316 0,0194 0,0202 0,0205 0,0269 0,0288 0,0207 0,0191 25 30 26,2 26,4 21,9 32,1 25,7 25,6 24,4 27,6 17,4 25,1 25,1 24,7 19,9 29,2 28,2 27,2 0,1 0,03 0,09 0,12 0,05 0,04 0,04 0,12 0,09 ± 0,64 0,68 0,46 0,50 ± ± ± ± ± ± ± ± 9999 9999 9999 9999 9999 < < < < 0,86 0,59 2,01 1,08 1,46 1,95 1,57 1,14 0,96 -5,022 -4,975 -4,928 -5,001 -4,990 -4,935 -5,042 -4,984 -4,834 -4,990 -4,732 -4,983 -4,980 -4,962 -4,990 -5,014 -4,953 -4,997 6 0 8 6 9 7 9 8 3 8 8 3 8 0 7 2 7 4 7 3 9 9 0 7 3 2 4 4 4 4 9 8 1 9 3 0 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 4 4 5 8 6 0 9 5 2 6 1 2 5 6 7 5 4 3 +5 − +6 − +6 − +9 − +6 − +1 − +9 − +6 − +4 − +7 − +2 − +3 − +6 − +8 − +7 − +7 − +5 − +4 − 5,2 5,2 6,4 9,3 6,5 0,9 9,6 6,1 3,2 7,1 2,3 3,0 6,4 7,6 7,4 6,7 5,2 3,8 0,002 0,008 0,006 0,004 0,005 0,005 0,005 0,007 0,007 0,003 0,007 0,005 0,004 0,002 0,008 0,005 0,005 0,006 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,040 0,981 1,015 0,991 1,003 1,065 0,986 0,977 0,993 0,969 1,052 1,045 0,998 0,960 1,038 0,975 1,024 1,026 0,0952 0,0962 0,0211 0,0170 0,0390 0,0274 0,0334 0,0138 0,0616 0,0115 0,0044 0,0067 0,0425 0,0674 0,0083 0,0482 0,0114 0,0317 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± -0,052 -0,004 -0,000 -0,028 0,0822 0,0154 0,1676 0,1792 0,2066 0,1064 0,1614 0,0286 0,0634 0,0079 0,0354 0,0273 0,0800 0,0914 6 6 8 8 6 5 8 6 5 6 5 3 6 5 8 5 6 5 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5845 5743 5842 5669 5788 5844 5684 5733 5683 5690 5820 5814 5803 5715 5885 5694 5807 5841 OBJ53 OBJ54 OBJ55 OBJ56 OBJ57 OBJ58 OBJ59 OBJ60 OBJ61 OBJ62 OBJ63 OBJ64 OBJ65 OBJ66 OBJ67 OBJ68 OBJ69 OBJ70

155 APENDICEˆ B 2,0778693 1,8006987 1,4741124 1,9537858 2,0837024 1,7684671 2,0444720 1,4424119 2,0550466 2,0515671 0,6725968 0,7419784 2,1142997 1,7591051 2,1420772 2,0637586 2,1315883 9999 0,0205 0,0217 0,0170 0,0183 0,0274 0,0241 0,0191 0,0194 0,0313 0,0199 0,0218 0,0251 0,0204 0,0272 0,0217 0,0184 19 30 23,7 21,9 15,1 25,1 21,2 23,2 16,2 23,4 7,28 9,92 25,1 21,7 30,8 24,5 22,7 0 0 0,11 0,09 0,02 0,24 0,08 ± ± 1,03 0,58 1,27 0,61 1,03 0,22 0,49 ± ± ± ± ± 9999 9999 9999 < < < < < < < 2,14 2,17 2,05 2,33 2,45 1,08 1,11 -4,985 -4,855 -4,731 -4,927 -4,989 -4,843 -4,969 -4,720 -4,974 -4,975 -4,466 -4,490 -5,004 -4,838 -5,020 -4,978 -5,013 7 0 3 5 4 8 1 7 7 9 7 4 6 6 8 8 3 1 3 8 7 0 0 4 2 8 1 0 0 8 2 1 0 5 , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , 3 1 0 1 6 1 1 0 7 7 0 1 8 0 9 6 5 +4 − +3 − +2 − +3 − +7 − +2 − +3 − +0 − +8 − +7 − +1 − +3 − +9 − +1 − +9 − +6 − +6 − 4,2 2,4 1,1 2,9 6,7 1,9 2,5 0,3 8,3 7,5 1,0 1,8 9,2 0,5 9,5 6,5 5,9 0,007 0,007 0,008 0,008 0,004 0,008 0,007 0,008 0,003 0,003 0,009 0,011 0,003 0,008 0,006 0,005 0,007 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,024 1,009 1,072 1,018 0,972 1,000 1,045 1,045 0,980 0,990 1,060 1,026 0,960 1,022 0,989 1,003 1,050 0,0161 0,0194 0,0086 0,0632 0,0510 0,0455 0,0097 0,0173 0,0212 0,0297 0,0070 0,1411 0,0283 0,0264 0,0330 0,0487 0,0672 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± -0,063 -0,074 0,0335 0,1027 0,0180 0,0592 0,2135 0,0252 0,0316 0,1892 0,1161 0,0191 0,1531 0,1392 0,1690 0,1247 0,2257 5 8 6 6 5 6 7 7 7 9 9 6 8 10 11 17 17 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 5806 5781 5890 5838 5718 5831 5687 5829 5746 5816 5699 5792 5871 5752 5833 5847 5787 OBJ71 OBJ72 OBJ73 OBJ74 OBJ75 OBJ76 OBJ77 OBJ78 OBJ79 OBJ80 OBJ81 OBJ82 OBJ83 OBJ84 OBJ85 OBJ86 OBJ87

156 APENDICEˆ B 2,0983348 0,0207 24,3 1,11 < -4,995 0 3 , , 7 +8 − 7,7 0,005 ± 1,013 Parˆametrosestelares referente as 88 estrelas gˆemeassolares. 0,0355 ± Tabela 9.2: 0,1760 7 ± 5808 OBJ88

157 ApˆendiceC - Parˆametrosfundamentais para as an´alogassolares do Kepler

Neste apˆendice,iremos apresentar a Tabela (TC.1) contendo os principais parˆametroseste- lares utilizados e calculados por n´ospara as 20 estrelas an´alogassolares da cat´alogo K epler.

• OBJ: Identifica¸c˜aopara as estrelas an´alogassolares referente aos objetos do cat´alogo Kepler: Kepler Object Identification.

• Teff: Temperatura efetiva e seu respectivo erro, em unidades de Kelvin.

• log(L/L ): Logaritmo da luminosidade e seu respectivo erro, em fun¸c˜aoda luminosidade

solar.

• Mass: Massa estelar e seu respectivo erro, em fun¸c˜aoda massa solar

• Prot: Per´ıodo de rota¸c˜ao,em unidades de dias.

• A(Li): Abundˆanciade l´ıtioe seu respectivo erro, em unidades de dex.

• Ro: N´umerode Rossby.

Adotamos o valor 9999 para os parˆametrosindispon´ıveis na literatura ou que est˜aoem fase determina¸c˜ao.

158 APENDICEˆ C 9999 9999 0,26366 0,14051 0,07545 0,26843 0,09472 0,03900 log(Ro) -0,30058 -0,12748 -0,12755 -0,17300 -0,25986 -0,10704 -0,34261 -0,09366 0,1 0,1 0,1 0,02 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,02 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 1,71 < 0,37 0,58 1,31 A(Li) [dex] 2,03 2,29 2,26 2,51 2,53 2,04 1,83 2,11 3,04 0,85 0,78 2,31 2,5 2,0 3,5 2,8 2,8 2,4 1,0 2,0 3,0 2,8 1,9 4,2 2,5 1,3 3,0 2,9 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 24,0 26,3 31,7 20,5 22,2 19,8 12,1 17,3 25,7 25,2 26,3 36,2 12,4 19,8 32,6 22,2 Prot [days] )

0,12 0,01 0,01 0,13 0,05 0,03 0,16 0,15 0,07 0,12 0,14 0,03 0,12 0,13 M ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± 9999 9999 Mass( 0,89 1,09 1,10 1,06 1,06 1,01 0,94 0,91 1,12 1,00 1,13 1,00 0,85 0,99 )

0,048 0,032 0,040 0,070 0,033 0,022 0,061 0,045 0,031 0,057 0,056 0,018 0,052 0,056 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± L/L ( 9999 9999 log 0,0129 0,2435 0,3173 0,3230 0,0401 0,2555 0,2840 0,2715 0,3569 0,2203 0,4587 0,1506 0,0441 0,1843 23 43 31 66 29 25 55 54 23 26 52 69 37 42 69 129 ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± ± Teff [K] 5735 5785 5925 5969 5924 5912 6059 5990 5924 5933 5962 6377 5875 5702 6087 6376 KOI OBJ01 OBJ02 OBJ03 OBJ04 OBJ05 OBJ06 OBJ07 OBJ08 OBJ09 OBJ10 OBJ11 OBJ12 OBJ13 OBJ14 OBJ15 OBJ16

159 APENDICEˆ C epler. 0,0925 0,1779 0,1461 -0,00411 K 0,02 0,05 0,04 ± ± ± 1,73 < 2,89 2,69 2,13 0,9 4,0 1,8 2,1 ± ± ± ± 10,9 26,9 17,6 19,5 0,05 0,12 0,12 0,14 ± ± ± ± 1,13 1,04 1,14 1,11 0,020 0,060 0,058 0,045 ± ± ± ± 0,1831 0,2128 0,3951 0,3154 17 78 89 26 ± ± ± ± Parˆametrosestelares referente as 20 an´alogassolares da base 6093 6030 6249 5962 Tabela 9.3: OBJ17 OBJ18 OBJ19 OBJ20

160 ApˆendiceD - Coeficiente de correla¸c˜aode Spearman

O coeficiente de correla¸c˜aode Spearman ´eum m´etodo estat´ısticon˜aoparam´etricobaseado no postos de Spearman (Siegel, 1975). De maneira geral, esse m´etodo funciona determinando a correla¸c˜aoentre os parˆametrosX e Y da mesma forma que ´efeita para o caso do coeficiente de Pearson, a diferen¸caconsiste na utiliza¸c˜aodos postos. Ele pode ser calculado a partir da express˜ao:

P 2 6 i di rs = 1 − , (9.1) (n3 − n) onde o termo n est´aassociado ao n´umero de pares (xi, yi) e o posto di ´ecalculado como, di =

(posto de xi) - (posto de yi). Algumas propriedades relacionadas com esse coeficiente:

• rs varia entre -1 e 1;

• rs = 0 significa que n˜aoh´acorrela¸c˜ao;

• quanto maior o valor de rs, mais forte ´ea correla¸c˜ao;

• rs > 0 significa que ambas as vari´aveis na mesma dire¸c˜ao;

• rs < 0 significa que enquanto um parˆametrocresce o outro diminui.

161