Lisboa Tinta‑Da‑China Mmxvi Esta Edição Foi Elaborada No Âmbito De Um Projeto Com O Financiamento De
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
LISBOA tinta -da -china mmxvi ESTA EDIÇÃO FOI ELABORADA NO ÂMBITO DE UM PROJETO COM O FINANCIAMENTO DE: E A EXECUÇÃO DE: 10 PREFÁCIO 74 3. OS PRINCIPAIS EDIFÍCIOS 12 APRESENTAÇÃO COLONIAIS 76 Bolama República da Guiné-Bissau 14 1. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO 138 Bubaque e URBANÍSTICO 154 Canhabaque 16 A origem e as primeiras descrições 160 Formosa do Arquipélago dos Bijagós 166 Uno 19 A relação do arquipélago com os espaços 170 Galinhas Esta publicação foi elaborada no âmbito de expansão colonial portuguesa na 174 Sogá do projeto «Bijagós, Bemba di Vida! Ação África subsariana cívica para o resgate e valorização de um património da humanidade», DCI- 21 A evolução urbanística de Bolama 178 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS NSAPVD/2012/290-561, implementado pelo desde o século xviii ao século xx Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) 34 Bolama no século xxi e o seu 184 CRONOLOGIA e pela Tiniguena – Esta Terra é Nossa!, com o cofinanciamento da União Europeia e do valor patrimonial 186 NOTAS Camões – Instituto da Cooperação e da Língua 44 Evolução urbanística de Bubaque 188 BIBLIOGRAFIA (Camões, I.P.). 54 Bubaque no século xxi 190 NOTAS BIOGRÁFICAS Os conteúdos e opiniões expressos nesta obra são da exclusiva responsabilidade dos seus 56 2. O ESPAÇO TRADICIONAL BIJAGÓ autores e não podem, em caso algum, ser e O ESPAÇO COLONIAL tomados como expressão das posições do IMVF, da Tiniguena, da União Europeia ou do 62 A estrutura interna da tabanca Camões, I.P. 64 A organização dos edifícios 72 Coexistência entre o espaço bijagó © 2016, Duarte Pape, Rodrigo Rebelo de Andrade e o espaço colonial e Edições tinta -da -china, Lda. Rua Francisco Ferrer, 6 -A 1500 -461 Lisboa Tels.: 21 726 90 28/29/30 E -mail: [email protected] www.tintadachina.pt Título: Bijagós — Património Arquitetónico Autores: Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade Fotografia: © Francisco Nogueira Revisão: Tinta -da -china Capa e composição: Tinta -da -china (P. Serpa) 1.a edição: Maio de 2016 isbn: 978-989-671-338-6 depósito legal n.o 414069/16 vista sobre praia da ilha de bubaque É, certamente, em boa hora, que chega ao foi determinando o ritmo e a intensidade de lumbrante beleza natural, é tão -somente um desta obra que, por sinal, interpela os que no grande público um importante repositório surgimento de novas urbes e correspondentes local remoto, paradisíaco, situado algures no seu legado se revêm — certamente portugue- acerca do Património urbanístico e arquitetó- edificações. Curiosamente, sem que nelas as Atlântico, quiçá, marginal mesmo no con- ses, certamente guineenses —, não apenas por- nico colonial do Arquipélago dos Bijagós, na guerras de conquista tivessem afetado a ado- texto do pós ‑independência — e cuja fun- que é necessário o seu melhor conhecimento medida em que se trata de dar a conhecer uma ção de altos critérios vanguardistas da época ção deveria assentar apenas e só na indústria (estudos, promoção e divulgação) preservação realidade cultural assaz rica e diversificada (tanto em matéria de conceção urbanística, do turismo. Esta é, feliz ou infelizmente, a ou restauro —, mas porque é imperativo que — até aqui pouco ou mal conhecida, senão como nas técnicas de construção e seleção dos visão dominante. Como quer que seja, é dado a sua patrimonialização, por uns e outros, seja mesmo desconhecida —, na qual se revela, materiais usados e ainda, sobretudo, quanto assente o facto de o Arquipélago dos Bijagós devidamente procedida de uma inequívoca legitimamente, essoutra grandeza e especifi- à variedade de estilos artísticos de construção possuir, paralelamente às condições turísticas, apropriação histórica, em ordem à necessária cidade arquipelágica dos Bijagós, desta feita, adotados, por vezes, numa mesma edificação). um manancial cultural e natural inesgotável, catalisação da catarse coletiva que se impõe com uma obra temática e atinente a um legado Com efeito, é disso tudo que, cumulativa- como o património urbanístico e arquitetó- entre povos outrora colonizadores e coloni- específico, de Memória e de História ímpares. mente, esta obra é reveladora, ressaltando-se nico colonial, de resto, o objeto de estudo da zados, mas que hoje procuram juntos, a justo Efetivamente, o Arquipélago dos Bijagós nítido nela, por um lado, a preocupação em presente obra que, legitimamente, representa título, enquadrar, valorizar e preservar uma é, também, para além dos lugares-comuns, conferir ‑se, tanto quanto possível, uma expli- uma contribuição sem precedentes para que rica herança comum. uma realidade viva e palpável, seja pela imen- cação plausível e consistente acerca da funcio- o próprio turismo do Arquipélago venha a ser sidão cultural que o povo bijagó representa, nalidade dos traçados urbanísticos — tanto na mais ecológico e mais atrativo, mormente com Leopoldo Amado seja ainda pela insuspeita importância do seu perspetiva da sua territorialização contextual a introdução de outras dimensões como sejam Diretor do Instituto Nacional de Estudos património urbanístico e arquitetónico colo- (edificações incluídas) como no atinente à preo- a do turismo cultural, científico ou o próprio e Pesquisa (INEP) — Guiné‑Bissau nial, este último descrito e mostrado, nesta cupação de fazer vir ao de cima informações ecoturismo. Bissau, Março de 2016 obra, com particular sensibilidade e minúcia, acerca dos estilos neles usados (estilo neoclás- E esse «disso tudo» que retrata a presente quer pela via de eloquentes narrativas textuais, sico revivalista, estilo Deco, estilo arquitetura obra, não é senão o património histórico vivo quer pela mostra de sugestiva e variada ico- clássica, estilo art‑déco, etc.) —, para além que constitui o objeto de estudo e abordagem nografia, denotando assim, uns e outros, um ainda de informações complementares relati- aturado labor de pesquisa cujas incidências, vas ao estado atual da sua conservação e perspe- curiosamente, discorrem do histórico ao cul- tivas de evolução, destacando -se, de tal forma, tural, do antropológico ao sociológico e, obvia- em todo este exercício, o intenso labor heurís- mente, do urbanístico ao arquitetónico. tico que caracteriza globalmente a obra e, con- Ocorre que, no contexto da conquista colo- comitantemente, o alto potencial simbólico das nial da Guiné -Bissau, o Arquipélago dos Bija- correlações, sempre possíveis de estabelecer, gós foi, pela sageza e tenacidade dos bijagós, entre as peças iconográficas que enquadram as o último reduto de resistência africana. Este narrativas, por um lado, e as realidades socio- facto, aparentemente banal, acabou por con- culturais subjacentes, por outro. dicionar sobremaneira os traçados urbanís- Na realidade, desfaz -se assim, com o enun- ticos e as edificações respetivas, na medida ciado e o conteúdo desta obra, o cristalizado em que a tenaz resistência dos bijagós, aqui lugar -comum, segundo o qual, em certo sen- já referida, foi aqui e acolá o fator -chave que tido, o Arquipélago dos Bijagós, pela sua des- 10 11 Os estudos sobre a história e arquitetura do desaparecido, em consequência dos períodos região; e por fim, o momento futuro, pela Esta publicação apresenta assim uma he- urbanismo nas antigas colónias portuguesas de instabilidade política vividos ao longo de valorização e salvaguarda que procuramos rança de enorme relevância, que concorreu em África têm sido marcados por décadas de décadas. assegurar. sem dúvida para a afirmação de uma identi- enorme progresso e produtividade. Passado o Também por esta razão as iniciativas de Ao longo de quatro capítulos, apresentamos dade própria no arquipélago, não se limitando período pós ‑independência das antigas coló- investigação têm -se focado sobre os aspe- a cronologia da ocupação do território no arqui- a uma réplica de modelos coloniais estudados nias (1974/75 até cerca de 1990), começaram tos antropológicos e sociais do arquipélago, pélago, as suas origens e primeiras descrições, e testados noutros territórios. Entendemo -la a ser desenvolvidos diversos trabalhos que encontrando -se pouca informação no que res- os principais núcleos urbanos e a relação do como um importante primeiro passo para as- contribuíram de forma inequívoca para um peita às questões arquitetónicas e urbanís- povo bijagó com os processos de colonização segurar a preservação do património existente conhecimento aprofundado dos diferentes ticas. Torna -se, deste modo, evidente, que o a que esteve sujeito. Apresentamos ainda um e contribuir para a revitalização do Arquipéla- contextos, épocas e materializações da arqui- Arquipélago dos Bijagós constitui um objeto roteiro pelo edificado das várias ilhas, mos- go dos Bijagós. tetura e do urbanismo na chamada «África de estudo com enorme potencial de conheci- trando a riqueza de tipologias e tempos de cons- Portuguesa». mento e descoberta. trução com diferentes linguagens e influências, Duarte Pape No âmbito de iniciativas particulares e insti- É neste âmbito que surge o projeto «Bija- quer no contexto colonial, quer no contexto Rodrigo Rebelo de Andrade tucionais, publicaram -se vários livros e artigos gós, Bemba di Vida! Ação cívica para o resgate bijagó e tradicional, através das tabancas. e organizaram ‑se muitos colóquios dedicados e valorização de um património da humani- à preservação do património histórico. dade», uma parceria do Instituto Marquês No que diz respeito à Guiné -Bissau, têm de Valle Flôr (IMVF) e da organização não- sido elaborados alguns estudos no âmbito do -governamental guineense Tiniguena, finan- projeto Património de Origem Portuguesa no ciado pela Comissão Europeia. Este estudo