Televisão De Proximidade Em Portugal: O Audiovisual Local E Regional Na Era Digital
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Televisão de Proximidade em Portugal: O Audiovisual Local e Regional na Era Digital Jorge Manuel Pedro da Costa Dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação, especialização em Cinema e Televisão versão corrigida e melhorada após defesa pública maio, 2018 Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciências da Comunicação, especialização em Cinema e Televisão, realizada sob a orientação científica do professor doutor Francisco Rui Nunes Cádima. Aos meus pais e avós AGRADECIMENTOS À Palmira e à Verónica, pelo alento e estímulo incansáveis. Ao Solomon, pela tradução apurada. Ao José e à Sílvia, pelo apoio logístico e pelo companheirismo académico. A Carlos Ramalho, José Manuel Barata-Feyo, Alberto Arons de Carvalho, Pedro Coelho, José-Manuel Nobre-Correia e Pedro Jorge Braumann pela colaboração interessada e pelas informações preciosas que forneceram. Ao professor Francisco Rui Cádima, pela disponibilidade e paciência de sempre. A todos os demais que, de algum modo, não deixaram este trabalho “morrer na praia”. TELEVISÃO DE PROXIMIDADE EM PORTUGAL: O AUDIOVISUAL LOCAL E REGIONAL NA ERA DIGITAL PROXIMITY TELEVISION IN PORTUGAL: THE LOCAL AND REGIONAL AUDIOVISUAL IN THE DIGITAL AGE JORGE MANUEL PEDRO DA COSTA RESUMO Partindo de uma reflexão sobre a televisão de proximidade na Europa, analisam-se as experiências levadas a cabo em Portugal. Sem a dinâmica de outros mercados, tentam- se compreender as especificidades dos agentes públicos e privados, identificando os desafios do audiovisual local e regional. Das emissões clandestinas e desdobramentos regionais aos laboratórios académicos ou canais na Internet, estes tentam, ainda à margem do dividendo digital, colmatar esse défice na estrutura mediática nacional. ABSTRACT Starting with an examination of proximity television in Europe, this paper presents an analysis of the experiments carried out in Portugal. Without the dynamics of other markets, the purpose is to understand the specificities of public and private agents, identifying the challenges faced by local and regional audiovisual. From illegal broadcasts and regional variations to academic laboratories or online channels, they seek, albeit without the benefit of digital dividend, to close the gap in the national media structure. PALAVRAS-CHAVE: televisão de proximidade, audiovisual local e regional KEYWORDS: proximity television, local and regional audiovisual ÍNDICE Introdução ...................................................................................................1 Capítulo I: Televisão de proximidade no mundo I. 1. Modelos e experiências à escala global ...........................................4 I. 2. Comunidade audiovisual regional europeia ....................................8 I. 3. Das locais às autonómicas, EspanHa por inteiro ............................ 13 Capítulo II: Televisão de proximidade em Portugal II. 1. Contexto, mercado e enquadramento legal .................................. 20 II. 2. Missão social e serviço público (des)centralizado ........................ 23 II. 3. O país visto de perto: entre o éter, o cabo e a Internet ................. 27 II. 4. Terceiro setor: das academias à sociedade civil ............................ 31 Capítulo III: Entrevistas III. 1. RecolHa de dados ............................................................................ 33 III. 2. Análise dos resultados .................................................................... 35 Conclusão .................................................................................................. 49 Bibliografia ................................................................................................. 55 Anexos Apêndice A: Entrevista a Carlos RamalHo ...................................................... i Apêndice B: Entrevista a José Manuel Barata-Feyo .................................... xvi Apêndice C: Entrevista a Alberto Arons de CarvalHo .................................. xxix Apêndice D: Entrevista a Pedro CoelHo ...................................................... xliv Apêndice E: Entrevista a Vítor Tomé .......................................................... lviii Apêndice F: Entrevista a José-Manuel Nobre-Correia ................................. lxx Apêndice G: Entrevista a Pedro Jorge Braumann .................................... lxxxv LISTA DE ABREVIATURAS AACS Alta Autoridade para a Comunicação Social ADSL Assymetric Digital Subscriber Line (Linha de Subscrição Digital Assimétrica) ANACOM Autoridade Nacional de Comunicações APCT Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação APR Associação Portuguesa de Radiodifusão ARD Arbeitsgemeinschaft der öffentlich-rechtlichen Rundfunkanstalten der Bundesrepublik Deutschland (Associação de Emissoras de Radiodifusão de Direito Público da República Federal da Alemanha) BBC British Broadcasting Corporation (Corporação Britânica de Radiodifusão) CAV Contribuição Audiovisual CRTC Canadian Radio-television and Telecommunication Commission (Comissão Canadiana de Rádio-televisão e Telecomunicações) CSA Conseil Supérieur de l’Audiovisuel (Conselho Superior do Audiovisual) DVD Digital Video Disc (Disco Digital de Vídeo) ERC Entidade Reguladora para a Comunicação Social FCC Federal Communications Commission (Comissão Federal de Comunicações) HD High Definition (Alta Definição) IPTV Internet Protocol Television (Televisão por Protocolo de Internet) ITV Independent Television (Televisão Independente) LVTV Localvisão TV MUX Multiplex OBERCOM Observatório da Comunicação OFCOM Office of Communications (Escritório das Comunicações) ONU Organização das Nações Unidas PEG Public, Educational and Governmental Access Channels (Canais de Acesso Público, Educativo e Governamental) PIB Produto Interno Bruto PT Portugal Telecom RAI Radiotelevisione Italiana (Radiotelevisão Italiana) RDP Radiodifusão Portuguesa RTP Rádio e Televisão de Portugal RTV Regiões TV RTVC Ràdio Televisió Cardedeu (Rádio Televisão Cardedeu) RTVE Corporación de Radio y Televisión Española (Corporação de Rádio e Televisão Espanhola) SD Standard Definition (Definição Padrão) SIC Sociedade Independente de Comunicação TDT Televisão Digital Terrestre TEVEC Télévision Éducative du Québec (Televisão Educativa do QuebeQue) TF1 Télévision Française 1 (Televisão Francesa 1) TVE Televisión Española (Televisão Espanhola) TVI Televisão Independente VHS Video Home System (Sistema Doméstico de Vídeo) VOD Video on Demand (Vídeo a Pedido) UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) ZDF Zweites Deutsches Fernsehen (Segunda Televisão Alemã) “O sentimento de pertença a uma comunidade (de raiz territorial, social ou cultural) ou a várias em simultâneo, bem como a negociação de identidades que isso implica, são aspectos centrais da cidadania e alimentam-se, hoje, no campo mediático. (...) [Com a] recomposição de escalas (...) o espaço-tempo nacional perde peso simbólico, enquanto que o espaço-tempo local entra num processo de redimensionamento.” (Carvalheiro, 2000) INTRODUÇÃO Partindo de uma reflexão sobre as dimensões da televisão de proximidade a nível mundial, com enfoque nos casos europeu e espanhol, a presente investigação procurou analisar as experiências audiovisuais de âmbito local e regional em Portugal, tema e área ainda pouco explorados pela comunidade académica. Reconhecidas as diferenças em relação a mercados mais consolidados nesta matéria, tentou-se compreender quer as especificidades do sistema comunicacional português, quer as estratégias e modelos seguidos pelos agentes públicos e privados, bem como identificar os desafios e oportunidades de uma atividade económica que, apesar da legitimidade jurídica e da importância social, aparenta continuar refém da falta de neutralidade sectorial, regulatória e legislativa, não sendo clara prioridade política o acesso local ao espectro radioelétrico, nem o envolvimento cívico o expectável nestes espaços de reforço da identidade e do sentimento de pertença a uma comunidade. Das emissões hertzianas clandestinas e dos desdobramentos do operador público aos laboratórios televisivos académicos ou à proliferação de canais de vídeo na Internet, cada vez mais mediados pelas redes sociais, terão as diferentes e descontínuas abordagens descentralizadoras, diluídas ao longo de quase meio século, e ainda à margem do prometido dividendo digital, conseguido colmatar o défice de maturidade e diversidade mediáticas do país e corresponder às necessidades, anseios e especificidades socioculturais das zonas e públicos menos representados na esfera audiovisual tradicional? 1 A problemática inicial desdobra-se numa série de questões, a partir das quais se constituiu o corpo de hipóteses. Ante a convergência entre televisão e Internet, e massificados os media sociais e os conteúdos gerados pelos internautas, qual o papel da televisão local e regional num país onde o audiovisual não se estruturou ainda por completo? Como a televisão de proximidade se tem vindo a afirmar em Portugal, e que condições existem para a sua efetiva implantação? Quais as especificidades desta, e em que converge ou diverge dos principais mercados europeus? Por outro lado, o que condiciona a democratização do sistema audiovisual e dificulta o estabelecimento formal de um subsector ainda muito disperso ao nível empresarial? Fatores endógenos (investimento tecnológico, viabilidade económica e enquadramento legal) ou exógenos (mercado publicitário, perspetiva política,