Doutourado Literatura Comparada
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS - DOUTOURADO LITERATURA COMPARADA DA IMAGEM À PALAVRA: MEDO E OUSADIA EM HYE SEOK RHA, TARSILA DO AMARAL E FRIDA KAHLO So Ra Lim Tese submetida como requisito parcial para a obtenção do Título de Doutor em Literatura Comparada do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Orientador: Prof. Dr. Ubiratan Paiva de Oliveira Porto Alegre 2005 A meu marido, Yoo Seok Hwang AGRADECIMENTOS A minha família, que mesmo a distância fez chegar, de diversas formas, seu incentivo e carinhoso cuidado. Ao Professor Ubiratan Paiva de Oliveira, que assumiu a orientação desta tese em um tema absolutamente novo para o Curso de Pós-Graduação em Letras, e colaborou com seu tempo e suas observações perspicazes para o desenvolvimento deste trabalho, numa medida em que jamais poderei retribuir. À Professora Márcia Hoppe Navarro, que foi a primeira influência que me levou a dedicar-me aos estudos de gênero, quando a conheci, como mestranda do Curso de Pós-Graduação em Letras, na UFRGS, e ofereceu também, como participante da Banca da Qualificação da Tese, valiosas críticas e sugestões que me levaram a refinar o trabalho original. À Professora Patrícia Lessa Flores da Cunha, que, como outro participante da Banca da Qualificação da Tese, contribuiu para esta concretização final através das ricas sugestões e comentários críticos a respeito do trabalho. À Professora Mari Lúcie da Silva Loreto, minha amiga querida, pela indescritível solidariedade, afeto inestimável e particularmente pela disposição para discutir o projeto, através de seus questionamentos e contribuições na etapa de iv elaboração. Aos demais professores da UFRGS e da Hankuk Universidade dos Estudos Estrangeiros, Seul, Coréia do Sul, que, de diversas formas, prestaram colaborações preciosas, com seu incentivo e aconselhamento. Aos amigos e colegas, sem os quais teria sido muito mais difícil ter chegado até aqui, em especial ao André Corrêa Rollo, pela cobertura, direta ou indireta, durante minhas “idas” e “vindas”. Agradeço ainda ao Curso de Pós-Graduação em Letras, ao Instituto de Letras, à UFRGS. RESUMO Partindo da noção de interdisciplinaridade, este trabalho se centra na questão de gênero comparando formas diferentes do discurso narrativo, particularmente, em imagens e em textos autobiográficos produzidos por três mulheres artistas de diversas procedências, como a coreana Hye Seok Rha, a brasileira Tarsila do Amaral, e a mexicana Frida Kahlo. O trabalho investiga aspectos em comum e divergentes da linguagem utilizada pelas mulheres artistas, enquanto procura responder questões sobre a auto-representação feminina e as narrativas de cunho pessoal de autoria feminina. Sob esse ângulo, faz-se incursões teóricas em duas direções: uma relacionada com a questão dos gêneros artísticos, e a outra, com o ato de criar das mulheres como possibilidade de saírem da invisibilidade histórica a que foram submetidas durante séculos, tanto no terreno das artes plásticas quanto no da literatura. Desta forma, evidencia-se a existência de relações interdisciplinares que situam o presente trabalho no terreno da literatura comparada. ABSTRACT Starting from the notion of interdisciplinarity, this study deals with gender in two different means of narrative discourse: they are autobiographic images and texts, produced by the Korean artist Hye Seok Rha, the Brazilian Tarsila do Amaral, and the Mexican Frida Kahlo. It examines both the different aspects and those which these women artists have in common to express themselves, as well as it attempts to raise and find answers to questions concerning women’s self-representation and personal narratives. From this angle, two theoretical directions were explored: one related to artistic genres, and another as a means for women to come out of the historical invisibility in which they have been living for centuries, not only in the field of literature but also in the plastic arts. As this study investigates the interdisciplinary relations between visual and verbal narratives, it is possible to say that it can be included in the realm of comparative literature. SUMÁRIO Introdução................................................................................................................ 10 I. Pressupostos: Gênero, Narrativa e Cultura.......................................................... 16 1. Por que as pintoras que escreviam?..................................................................... 17 1.1 Em busca da tradição..................................................................................... 17 1.2 Espaço/tempo como sinônimo da diferença de gênero (genre) ou gênero (gender)?............................................................................................ 29 2. Narratologia: conceito e natureza........................................................................ 38 2.1 A identidade de estrutura da narrativa........................................................... 38 2.2 A narrativa autobiográfica e sua afirmação como gênero (genre)................. 50 2.3 A narrativa de cunho pessoal de autoria feminina......................................... 61 II. Pintoras que escreviam....................................................................................... 74 1. Hye Seok Rha...................................................................................................... 75 1.1 De feminina para feminista............................................................................ 77 1.2 Aquela que rejeitou ser boneca..................................................................... 81 1.2.1 A importância do diálogo em Kyeong Hee............................................... 87 1.2.2 A palavra que encanta e a imagem que narra........................................... 103 1.2.3 Especulação alegórica sobre a nação e o nacionalismo em Hoisaeng Han Sonyeo Eakea (Para a neta que voltou a viver)........................ 120 1.2.4 A imagem-síntese do preto no branco...................................................... 127 1.3 Ser Mulher..................................................................................................... 135 viii 1.3.1 Um olhar sobre o Ser Mãe........................................................................ 137 1.3.2 A dissipação do eu em Won Han (Ressentimento)................................... 145 1.4 “A serpente me enganou e eu comi a maçã”: a representação do corpo e da sexualidade da mulher.................................................................................. 150 1.4.1 Confissão: entre o velado e o revelado..................................................... 152 1.4.2 Exibicionismo ou tática de autodefesa: Hyeon Suk.................................. 159 2. Tarsila do Amaral................................................................................................ 166 2.1 A mulher que fez história.............................................................................. 168 2.2 “Caipirinha vestida por Poiret”?................................................................... 175 2.2.1 A carta de amor entre Tarsiwald............................................................... 181 2.2.2 Se su fosse eu: auto-retratos..................................................................... 201 2.2.3 Espaço de encenação aberta em Antropofagia......................................... 207 2.3 A fragmentação da memória.......................................................................... 214 2.3.1 A voz de uma artista do pincel................................................................. 216 2.3.2 Entrelinhas do coração............................................................................. 225 3. Frida Kahlo.......................................................................................................... 243 3.1 “Encarnação do esplendor mexicano”........................................................... 246 3.2 A máscara de naïveté..................................................................................... 251 3.2.1 De onde eu sou?....................................................................................... 254 3.2.2 As duas Fridas.......................................................................................... 274 3.2.3 Corpo: o porta-voz do desejo................................................................... 287 3.3 “Estou escrevendo com meus olhos”............................................................ 301 Memórias de mulheres: nos entrecruzamentos de imagem e palavra..................... 311 Conclusão................................................................................................................ 326 Referências bibliográficas....................................................................................... 334 Anexo ilustrativo..................................................................................................... 369 (...) HYE SEOK — Ah, achei que a dona da minha vida fosse eu mesma. Achei que bastaria só eu me esforçar para viver assim. Mas não era. O que está acontecendo? O que é que está me arrastando assim? Há alguém que está pegando no meu pé, calcando meu corpo e enfiando meu rosto na lama. Quem é você? (Jin Wol Yoo, Bulggot Eui Yeoja Rha Hye Seok (Hye Seok Rha: a mulher da paixão), 2003) (...) TARSILA — (Para Anita) Eu perdi tudo, Anita... filha, neta, amores, mobilidade, autonomia... ANITA — Mas não perdeu a disposição para ser feliz..