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Revista Brasileira de Ensino de F´ısica, vol. 39, nº 3, e3303 (2017) Artigos Gerais www.scielo.br/rbef cb DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2016-0288 Licenc¸aCreative Commons

Relatividade bem comportada: buracos negros regulares Well-behaved relativity: regular black holes

Juliano Neves∗1

1Instituto de Matem´aticaEstat´ıstica e Computa¸c˜aoCient´ıfica,Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.

Recebido em 02 de Dezembro, 2016. Revisado em 17 de Janeiro, 2017. Aceito em 20 de Janeiro, 2017.

A recente observa¸c˜aodas ondas gravitacionais corrobora uma das mais interessantes previs˜oes da relatividade geral: os buracos negros. Pois as ondas gravitacionais detectadas pela colabora¸c˜aoLIGO ajustam-se muito bem dentro da teoria da relatividade geral como um fenˆomenoproduzido pela colis˜ao de dois buracos negros. Sendo assim, a realidade f´ısicados buracos negros parece ainda mais ineg´avel hoje. Embora, uma mais contundente prova sobre a existˆenciade buracos negros seria dada pela observa¸c˜aodo seu horizonte de eventos, aquilo que o define. Neste artigo, ´eindicado que somente o horizonte de eventos define um buraco negro. Em sua defini¸c˜ao,n˜aoh´amen¸c˜ao`asingularidade em seu interior. Mostrar-se-´a, assim, que buracos negros sem singularidade s˜aoposs´ıveis. Tais s˜aohoje chamados de buracos negros regulares. Palavras-chave: Buracos Negros; Ondas Gravitacionais; Relatividade Geral; Singularidade

The recent observation of gravitational waves confirms one of the most interesting predictions in : the black holes. Because the gravitational waves detected by LIGO fit very well within general relativity as a phenomenon produced by two colliding black holes. Then the reality of black holes seems almost undoubted today. However, a stronger proof on the reality of black holes would be indicated by the observation of the horizon, which is what defines it. In this article, it is indicated that only the defines a . There is no mention to the singularity in its definition. Thus, it will be shown that black holes without a singularity are possible. Such black holes are called regular black holes. Keywords: Black holes, Gravitational Waves, General Relativity, Singularity.

1. Introdu¸c˜ao gravitacionais. Se a astronomia, astrof´ısicae cos- mologia dependeram da radia¸c˜aoeletromagn´etica A colabora¸c˜aoLIGO (Laser Interferometer Gravita- para se desenvolverem at´eaqui, com as ondas gra- tional-Wave Observatory) anunciou o mais impac- vitacionais um novo tipo de radia¸c˜ao— a radia¸c˜ao tante resultado em f´ısicano ano de 2016: a detec¸c˜ao gravitacional — entra em cena, apresentando-nos o das ondas gravitacionais [1]. Sendo uma previs˜aoda mundo a partir de um novo olhar ou perspectiva. 1 relatividade geral, feita logo ap´osAlbert Einstein Com os resultados da colabora¸c˜aoLIGO sobre publicar sua teoria, tivemos que aguardar cerca de as ondas gravitacionais, outro resultado no mesmo um s´eculopara recebermos essa t˜aoesperada con- experimento, t˜aoimportante quanto, surge: a de- firma¸c˜ao.E tal confirma¸c˜aoabre as portas para uma tec¸c˜aode buracos negros. Conforme relatado pela prov´avel nova ´areana ciˆencia,a f´ısicadas ondas colabora¸c˜ao,a detec¸c˜aodas primeiras ondas gravi- tacionais foi poss´ıvel pois foram geradas pela colis˜ao ∗Endere¸code correspondˆencia:[email protected]. 1O artigo original, escrito por Einstein em alem˜ao,onde surge de dois buracos negros. E buracos negros s˜aouma o conceito de ondas gravitacionais na teoria da relatividade previs˜aoda teoria da relatividade geral t˜aoantiga geral, ´ea ref. [2]. Veja tamb´em[3], onde coment´ariossobre a quanto as ondas gravitacionais. O primeiro deles foi recente detec¸c˜aodas ondas gravitacionais s˜aofeitos na Revista proposto ainda em 1916. Foi o f´ısicoalem˜aoKarl Brasileira de Ensino de F´ısica.

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Schwarzschild [4] quem o propˆos,num famoso artigo assumem um valor “infinito”, ou seja, tendem ao infi- `aacademia prussiana de ciˆencias,onde as equa¸c˜oes nito. Em Reissner-Nordstr¨om,por ter carga el´etrica, do campo gravitacional (ent˜aorecentemente pro- pode-se descrever o conte´udode mat´eria/energia postas por Einstein na relatividade geral) de uma dessa solu¸c˜ao(conte´udodado por um campo eletro- massa pontual no v´acuoforam resolvidas. A solu¸c˜ao magn´etico que permeia o espa¸co-tempo) com o uso hoje ´econhecida como solu¸c˜aode Schwarzschild, de um tensor, o chamado tensor energia-momento. em homenagem ao seu autor. Tal solu¸c˜aopˆodeser E algumas componentes desse tensor, quando r = 0, interpretada (e foi depois) como descrevendo um divergem. Isto ´e,dependem da coordenada radial objeto astrof´ısico compacto, cujo campo gravitacio- na forma ∼ 1/r2. nal gerado por sua massa impede que mesmo a sua Foi somente na d´ecada de sessenta do s´eculopas- luz emitida escape para o exterior: nasce ent˜aoo sado quando uma poss´ıvel solu¸c˜aocome¸coua surgir conceito de buraco negro, termo popularizado por para o problema das singularidades no contexto da John Wheeler nos anos de 1950.2 teoria relatividade geral.4 O russo Andrei Sakharov, A solu¸c˜aoou m´etrica3 de Schwarzschild tem massa, num trabalho sobre a forma¸c˜aode estruturas num simetria esf´erica e n˜aopossui carga el´etrica. E´ tamb´em universo jovem [9], obteve um resultado interessante: uma boa aproxima¸c˜aopara descrever objetos as- conforme a mat´eriase aglomera, devido `agravita¸c˜ao, trof´ısicossem ou com pouca rota¸c˜aosobre o seu a densidade de energia n˜aodiverge no interior desse pr´oprioeixo, como o nosso Sol. Objetos imersos aglomerado de mat´eria,que pode ser uma gal´axia num espa¸co-tempo vazio, sem conte´udo de mat´eria. em forma¸c˜ao.Como veremos na se¸c˜aoIII, a n˜ao Uma similar solu¸c˜ao,mas com carga el´etrica,foi divergˆenciaou n˜aoocorrˆenciade uma singularidade proposta, independentemente, por Hans Reissner [6] somente ´esatisfeita caso o espa¸co-tempo, no interior e Gunnar Nordstr¨om[7] pouco tempo depois. Esta desse aglomerado, seja um espa¸co-tempo conhecido ´econhecida como m´etricade Reissner-Nordstr¨om como de Sitter, em homenagem ao seu criador, o ou buraco negro de Reissner-Nordstr¨om.E, assim holandˆesWillem de Sitter. Pouco tempo ap´oso re- como o buraco negro de Schwarzschild, n˜aotem um sultado de Sakharov, o inglˆesJames Bardeen [10] movimento de rota¸c˜ao,apresentando, ent˜ao,a sime- utiliza-o e constr´oia primeira m´etricade buraco tria esf´erica.Somente em 1963 [8] propˆos negro sem singularidade. A solu¸c˜aoou m´etricade uma m´etricacom rota¸c˜aoou, de forma equivalente, Bardeen tem simetria esf´erica,n˜aopossui carga com simetria axial — nascia ent˜aoo primeiro buraco e difere da solu¸c˜aode Schwarzschild por possuir negro com rota¸c˜aono v´acuo,a primeira solu¸c˜aodas uma massa que n˜ao´euma constante m mas uma equa¸c˜oesde Einstein com tal caracter´ıstica. fun¸c˜ao m(r), que depende da coordenada radial. Seja no buraco negro de Schwarzschild, ou no de Sendo assim, a massa, que na solu¸c˜aode Schwarzs- Reissner-Nordstr¨om,ou no de Kerr, temos um pro- child ´epontual e localizada no centro do buraco, blema “aparentemente” sem solu¸c˜ao.E um problema em Bardeen espalha-se por todo espa¸co-tempo. Mas nada pequeno. As solu¸c˜oescitadas apresentam uma a fun¸c˜ao m(r) n˜aopode ser uma qualquer. Deve limita¸c˜ao`ateoria de Einstein ou, pelo menos, suas necessariamente fazer com que a m´etricade Bar- pr´opriaslimita¸c˜oes.Tais buracos negros apresentam deen seja, no seu n´ucleo,um espa¸co-tempo do tipo aquilo que ficou conhecido como uma singularidade. de Sitter. Com essa exigˆencia,o espa¸co-tempo no Nesse contexto, uma singularidade significa uma interior do buraco negro ´eregularizado, sendo ent˜ao falha, uma “fissura” nas equa¸c˜oese solu¸c˜oesda re- chamado de buraco negro regular. Isto ´e,um ob- latividade geral. No interior desses buracos negros, jeto compacto, com um horizonte de eventos e sem a singularidade significa o n˜aofuncionamento das uma singularidade. O buraco negro de Bardeen foi solu¸c˜oes.Por exemplo, no centro do buraco negro de o primeiro exemplo de um buraco negro sem uma Schwarzschild, quando a coordenada radial ´e r = 0, a m´etricaou solu¸c˜aoque o descreve diverge, e quanti- dades f´ısicase matem´aticastornam-se incalcul´aveis, 4Digo no contexto da relatividade geral porque h´auma sus- peita de que uma teoria quˆantica da gravidade, uma teoria do 2Cf. o artigo [5] sobre os 100 anos da solu¸c˜aode Schwarzschild campo gravitacional quantizado, poderia resolver o problema publicado recentemente na Revista Brasileira de Ensino de das singularidades em gravita¸c˜ao.Mas uma teoria completa, F´ısica. confi´avel e bem aceita pelos f´ısicosem geral ainda n˜aofoi apre- 3Solu¸c˜ao ou m´etrica, dentro da relatividade geral, s˜ao sentada. Mas, como veremos, mesmo no contexto einsteiniano, sinˆonimos. o da relatividade geral, ´eposs´ıvel resolver tal problema.

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Os coment´ariosfinais s˜aoapresentados tamb´emchamada de trajet´oriado tipo nula. No que na se¸c˜aoIV. Adotaremos, ao longo deste trabalho, se refere ao elemento de linha, i.e., `adistˆanciainfini- as unidades geom´etricas: G = c = 1, sendo G a tesimal entre dois eventos num desses trˆestipos de constante gravitacional universal, e c ´ea velocidade curvas, para uma trajet´oriado tipo tempo ds2 < 0, da luz no v´acuo. para uma do tipo espa¸co ds2 > 0, e para uma tra- jet´oriado tipo luz ds2 = 0 em nossa conven¸c˜ao.7 2. Matem´aticados buracos negros Outra forma de definir tais curvas ou trajet´oriasuti- liza os seus vetores tangentes. Um vetor qualquer v Matematicamente, buracos negros podem ser defi- tem o quadrado de sua norma definido pela m´etrica nidos com a utiliza¸c˜aode conjuntos.6 Para isso, ´e na relatividade geral: necess´arioo conhecimento da chamada estrutura v2 = g vµvν, (2) causal do espa¸co-tempo. Em geometria diferencial — µν a ´areada matem´aticarespons´avel pelo surgimento sendo vµ suas componentes. Na trajet´oriado tipo da teoria da relatividade geral —, o espa¸co-tempo tempo, o seu vetor tangente tem norma ao quadrado ´edefinido como uma variedade (generaliza¸c˜aode negativa; na do tipo espa¸co,o seu vetor tangente superf´ıcie)equipada com uma m´etricalorentziana tem norma ao quadrado positiva; por fim, o vetor (as m´etricasde Schwarzschild, Bardeen e outras tan- tangente a uma trajet´oriado tipo luz tem norma ao tas na relatividade geral s˜aom´etricaslorentzianas quadrado nula. porque possuem um determinado n´umerode elemen- E´ importante ter em mente os trˆestipos de tra- tos positivos e negativos em sua diagonal principal, jet´oriasacima citados para compreender a estrutura quando s˜ao escritas na forma matricial). A m´etrica do espa¸co-tempo. Pois, num espa¸co-tempo simples — indicada pelo tensor sim´etrico gµν — d´aa medida, como o espa¸co-tempo plano (tamb´emconhecido o comprimento de vetores e fornece-nos a descri¸c˜ao como espa¸co-tempo de Minkowski8), os trˆestipos de matem´aticade um espa¸co-tempo. Para o c´alculo, trajet´oriastˆemuma origem e um destino definidos. por exemplo, de distˆanciasnum espa¸co-tempo qual- As do tipo tempo originam-se no infinito passado do quer (distˆanciasinfinitesimais entre dois eventos), tipo tempo (i−) e destinam-se ao infinito futuro do 2 usa-se o elemento de linha, ds , que est´arelacionado tipo tempo (i+). Da mesma forma, as curvas ou tra- `am´etricapor jet´oriasdo tipo luz — seus infinitos passado e futuro − + 2 µ ν 2 2 2 2 do tipo luz s˜ao I e I , respectivamente. J´aas tra- ds = gµνdx dx = gttdt +grrdr +gθθdθ +gφφdφ , jet´oriasdo tipo espa¸cotˆemo infinito do tipo espa¸co (1) i0 µ ν . Sendo assim, num espa¸coplano, a origem e o des- com dx e dx fazendo o papel de infinit´esimos de tino dos corpos (com as suas respectivas trajet´orias) uma coordenada qualquer (neste trabalho, usaremos 9 µ est˜aodeterminados. Mas quando um buraco negro as coordenadas esf´ericas, x = {t, r, θ, φ}, sendo t a est´apresente, como veremos, muda-se essa estrutura coordenada temporal, e m´etricassomente com sime- 7 2 tria esf´erica, ou seja, tais quando escritas como uma Pode-se inverter o sinal de ds para curvas do tipo tempo e espa¸coalterando a assinatura da m´etrica,que ´edada pela matriz apresentam somente os seus termos diagonais quantidade de elementos positivos e negativos em sua diagonal n˜aonulos). Na relatividade geral, as trajet´oriasdos principal. corpos s˜aoclassificadas em trˆestipos: do tipo tempo, 8Vale a pena mostrar a simplicidade do elemento de linha de Minkowski: ds2 = −dt2 + dr2 + r2(dθ2 + sin2 θdφ2). 5Cf. [11] para uma revis˜aomais profunda sobre o tema de 9Nesse ponto, a vis˜aoeinsteiniana assemelha-se `aaristot´elica. buracos negros regulares. Arist´otelesem Do C´eu considera que cada corpo tem o seu 6Usaremos aqui o caminho indicado por um dos textos mais lugar natural, seja ele fogo, ar, ´aguaou terra. Sendo que a influentes em relatividade geral, o livro de Robert Wald [12]. trajet´oriaou o movimento dos 4 elementos ´edirigida aos seus

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2016-0288 Revista Brasileira de Ensino de F´ısica,vol. 39, nº 3, e3303, 2017 e3303-4 Relatividade bem comportada: buracos negros regulares

de infinitos ou a estrutura causal do espa¸co-tempo. B ´elimitado por uma membrana de m˜ao´unica— o E para a visualiza¸c˜aoda estrutura causal de espa¸cos- famoso horizonte de eventos, uma superf´ıciedo tipo tempo quaisquer, foram desenvolvidos os diagramas luz que pode ser definida como de Carter-Penrose. De forma resumida e sem com- ˙− + plica¸c˜oes,os diagramas de Carter-Penrose “trazem” H = J (I ) ∩ M, (4) o infinito para o finito. Pois numa finita folha de onde J˙−(I +) ´edefinido como o contorno do con- papel s˜aodesenhados os infintos como retas e pontos. junto J −(I +). Sendo assim, dentro do horizonte Na Fig. 1 s˜aomostrados os diagramas do espa¸co- de eventos (indicado na Fig. 1 por H, uma reta tempo de Minkowski e de um espa¸co-tempo que diagonal, e todas as diagonais nos diagramas s˜ao apresenta um buraco negro em forma¸c˜ao.Os infi- superf´ıciesdo tipo luz) n˜aoh´aa possibilidade de nitos do tipo luz s˜aoretas, j´aos infinitos do tipo 10 corpos, sejam em trajet´oriasdo tipo tempo ou luz, tempo e espa¸cos˜aopontos. alcan¸carem o infinito. Ou seja, est˜aoconfinados no Com os j´aconhecidos tipos de infinito, podemos buraco negro, como podemos ver na Fig. 1, onde o B definir um buraco negro, que ser´aindicado por , observador B ´eincapaz de enviar sinais de luz para para espa¸cos-tempo que s˜aoassintoticamente planos, a regi˜aoexterna ao buraco negro. i.e., no “infinito” esses espa¸cos-tempo s˜aodescri- No caso do buraco negro de Schwarzschild (e todos tos como o espa¸co-tempo de Minkowski. O espa¸co- aqueles conhecidos na relatividade geral que s˜ao tempo todo, que inclui a regi˜aointerna e externa ao m´etricasou solu¸c˜oesde um espa¸co-tempo vazio ou M B M buraco negro, ser´aindicado por . Tanto , e com no m´aximoum campo eletromagn´etico)ou os infinitos acima descritos podem ser vistos como mesmo aquele ilustrado na Fig. 1, os corpos que M conjuntos. Em particular, ´eo conjunto de todos seguem uma trajet´oriado tipo tempo e do tipo os eventos. Um outro conjunto ´enecess´ariopara a luz, necessariamente, inexoravelmente, dirigem-se `a J − + nossa defini¸c˜ao:o conjunto (I ). Tal conjunto singularidade localizada em r = 0. Somente corpos refere-se a todas as curvas que atingem o infinito + que viajam acima da velocidade da luz poderiam luz, I , ou seja, os elementos desse conjunto tˆem escapar ou cruzar o horizonte de eventos para a uma rela¸c˜aocausal com esse infinito futuro, podem regi˜aoexterna ao buraco negro. afet´a-lonum futuro, mesmo que seja num tempo Para espa¸cos-tempo estacion´arios(ou seja, que J − + futuro infinito. Dessa forma, (I ) ´echamado de n˜aovariam com o tempo) com simetria esf´erica, a passado causal do infinito futuro do tipo luz. Sendo forma do elemento de linha (1) apresenta-se explici- assim, um buraco negro ter´acomo defini¸c˜ao tamente como B = M − J −(I +). (3) dr2   ds2 = −f(r)dt2 + +r2 dθ2 + sin2 θdφ2 . (5) f(r) Como podemos ver na equa¸c˜ao(3), a defini¸c˜aode um buraco negro (ou a sua regi˜aocorrespondente) No caso espec´ıficodo buraco negro de Schwarzs- 11 exclui do espa¸co-tempo as trajet´oriascujos destinos child, gtt = −f(r) = − (1 − 2m/r), com m fa- s˜aoo infinito do tipo tempo e do tipo luz e esses zendo o papel da massa do buraco negro. Sendo dois tipos de infinito. As curvas do tipo tempo e luz assim, fica claro dizer que h´auma singularidade do conjunto B n˜aopodem influenciar, mesmo que nesse espa¸co-tempo ou nessa m´etrica.O limite + num tempo infinito, I (e se n˜aopodem influenciar  2m + i+ o lim f(r) = lim 1 − = −∞ (6) I , podem menos ainda influenciar ). Ou seja, r→0 r→0 r buraco negro, a regi˜aodo espa¸co-tempo que o define, est´adesconectado causalmente dos infinitos futuros n˜ao´edefinido. A m´etricade Schwarzschild diverge do tipo tempo e luz, n˜aopodendo influenci´a-los.E na origem do sistema de coordenadas. E tal di- vergˆencian˜aodiz respeito ao uso de um sistema de lugares naturais na ausˆenciade for¸casexternas. O elemento coordenadas particular (em nosso caso, o esf´erico). terra, abaixo, onde fica o planeta Terra; o fogo fica acima (ou logo abaixo do mundo sub-lunar), e a ´aguae o ar ocupam o Com outro sistema de coordenadas, pode-se notar espa¸cointermedi´arioentre a Terra e o mundo sub-lunar. que a singularidade em r = 0 permanece. J´aa singu- 10Para uma introdu¸c˜aoe maior compreens˜aosobre os diagra- laridade em r = 2m, que tamb´emfaz a equa¸c˜ao(5) mas de Carter-Penrose, cito o artigo [13] e o j´amuito utilizado 11 2m Q2 livro de Sean Carroll [14], que apresenta o tema no cap´ıtulo Em Reissner-Nordstr¨om, f(r) = 1 − r + r2 , sendo Q a 5. carga el´etricado buraco negro.

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Sendo assim, n˜aodiverge, n˜aofaz a m´etricasofrer dessa “patologia”. Por singularidade, ent˜ao,pode-se dizer: um ponto, no caso r = 0 para os exemplos discutidos (Schwarzs- child, Reissner-Nordstr¨ome o da Fig. 1), que n˜aofaz parte de M, o espa¸co-tempo. A m´etrica(5), como vi- mos, diverge em r = 0. Al´emdisso, para esse mesmo ponto, quando se calcula escalares ou grandezas geom´etricas,tem-se o seu car´atersingular reiterado. Por exemplo, o escalar de Kretschmann, K, cons- tru´ıdo a partir do conhecido tensor de Riemann (Rαβµν), ´eescrito para a m´etricade Schwarzschild como 48m K = R Rαβµν = . (7) αβµν r6 Ent˜aofica claro, a partir da equa¸c˜ao(7), que o limite de K para r → 0 n˜ao´efinito. A chamada singulari- dade apresenta-se como incomensurabilidade, como uma limita¸c˜aoda descri¸c˜aodada pela m´etricade Schwarzschild. Como pˆode-sever, na defini¸c˜aogen´ericade um buraco negro assintoticamente plano, dada pela equa¸c˜ao(3), n˜aoh´aa men¸c˜ao`asingularidade. So- mente quando utilizamos o caso particular do buraco negro de Schwarzschild houve uma men¸c˜ao.Mas Figura 1: Diagramas de Carter-Penrose ou diagramas con- como veremos, dentro do buraco negro de Bardeen, forme do espac¸o-tempo de Minkowski (em cima) e de um as trajet´oriasdo tipo tempo e luz dirigem-se ao espac¸o-tempo que denota a formac¸˜ao de um buraco negro centro do sistema de coordenadas sem uma singula- (embaixo). No espac¸o-tempo de Minkowski, as curvas tˆem ridade. Temos, ent˜ao,uma regi˜aodo espa¸co-tempo i0, i+ + i0, i− os seus respectivos destinos ( e I ) e origens ( diferente, um peda¸co do espa¸co-tempo semelhante e I −), indicados pelos trˆes tipos de infinitos. Sendo assim, ao espa¸co-tempo de Sitter. Nascem os buracos ne- os diagramas conforme ilustram os trˆes tipos de infinitos usando retas e pontos. Em Minkowski, os trˆes tipos de cur- gros regulares. vas (do tipo espac¸o, tempo e luz) seguem os seus caminhos “naturais”. Mas quando um buraco negro est´a presente a 3. Buracos negros regulares situac¸˜ao ´e diferente. Na figura embaixo, o horizonte de eventos de um buraco negro ´e indicado por H. Dentro dele, Como foi dito na Introdu¸c˜ao,os primeiros passos um observador B emite sinais de luz (que seguem curvas do para a constru¸c˜aode solu¸c˜oesdas equa¸c˜oesde Eins- tipo luz) que n˜ao atingem o infinto I +. Tais sinais dirigem- se diretamente `a singularidade, indicada pela linha com tein sem singularidades foram dados na d´ecadade formato de serra em r = 0. Na regi˜ao externa ao buraco, sessenta do s´eculopassado. Sakharov [9], por exem- o observador A pode enviar sinais para dentro do buraco plo, a partir de um estudo sobre a forma¸c˜aode ou para o infinto I +. Na figura que descreve o buraco estruturas num universo jovem em expans˜ao,mos- negro, a parte escura representa a mat´eria aglutinando-se trou que se a densidade de energia da mat´eria, ρ, e para form´a-lo. Tal aglutinac¸˜ao ´e conhecida como colapso a press˜aoda mesma, p, relacionam-se como gravitacional. p = −ρ, (8)

que ´ea equa¸c˜aode estado da m´etricade Sitter, divergir, desparece com a escolha de outro sistema a aglomera¸c˜aoda mat´eriabariˆonican˜aoproduz a de coordenadas. O raio r = 2m em Schwarzschild divergˆencia de ρ. Ou seja, com a aglomera¸c˜aoda tem um significado especial. N˜aodenota uma singu- mat´eriadevido `agravita¸c˜ao,a densidade de energia laridade f´ısica,mas o raio do horizonte de eventos. n˜aodiverge no interior dessa forma¸c˜ao.Mas isso

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somente ocorre no caso em que o espa¸co-tempo, em mos `am´etrica(5) com simetria esf´erica,a que des- seu interior, ´edo tipo de Sitter. creve um buraco negro sem rota¸c˜ao.Tal solu¸c˜ao O espa¸co-tempo do tipo de Sitter est´aentre os descreve tanto a solu¸c˜aode Schwarzschild quanto mais simples da relatividade geral. Simples em sua a de Bardeen: quando a massa do buraco negro ´e forma, pois sua m´etricasomente difere do espa¸co- constante, f(r) = 1 − 2m/r, temos Schwarzschild; tempo de Minkowski pela adi¸c˜aodo termo conhecido quando f(r) = 1 − 2m(r)/r, e a fun¸c˜ao m(r) tem como constante cosmol´ogica,Λ. Esta ´ea famosa uma forma determinada, ou seja, ´euma fun¸c˜aore- constante que Einstein adicionou `assuas equa¸c˜oes presentada pela equa¸c˜ao do campo gravitacional com intuito de obter um uni- 3 verso est´aticoem grandes escalas. Com a observa¸c˜ao Mr m(r) = 3 , (10) da expans˜aoc´osmicana d´ecadade 1920 por Hubble (r2 + e2) 2 e sua equipe, n˜aosendo o universo mais considerado est´aticoem grandes escalas, Einstein teve que des- temos o buraco negro regular de Bardeen. Na equa¸c˜ao cartar a sua constante. Mas essa teimosa constante (10), M e e s˜aoconstantes: a primeira ´einterpretada retorna na f´ısicaem 1998 com a observa¸c˜aoda ex- como um parˆametrode massa, e a segunda, como pans˜aoacelerada do universo [15, 16]. No modelo veremos, ´etida como um tipo de carga. A ado¸c˜aode cosmol´ogicomais simples, a constante cosmol´ogica´e uma fun¸c˜aopara a massa — ao inv´esde consider´a-la a causa da expans˜aoacelerada do tecido do espa¸co- uma constante — produz algumas diferen¸casentre tempo, ´ea origem da chamada energia escura. as solu¸c˜oesde Bardeen e Schwarzschild. N˜aoapenas Retornemos `asolu¸c˜aode Sitter. Como uma solu¸c˜ao no que diz respeito ao problema da singularidade. da relatividade geral, ´esimplesmente a solu¸c˜aoque Em Schwarzschild, h´auma superf´ıciedo tipo luz descreve um espa¸co-tempo com simetria esf´erica, importante como vimos: o horizonte de eventos. Tal v´acuo(sem conte´udode mat´eriaordin´aria,ou es- superf´ıcie,que funciona como uma membrana de cura, ou radia¸c˜ao)e constante cosmol´ogica.Sua m˜ao´unica,pode apresentar-se em dobro no buraco forma matem´atica´e negro de Bardeen. Dependendo da rela¸c˜aoentre M e e h´aa possibilidade de um horizonte interno e um   2 2 Λ 2 2 dr horizonte externo (sendo o ´ultimoum horizonte de ds = − 1 − r dt +   3 Λ 2 1 − 3 r eventos como no buraco negro de Schwarzschild). 2  2 2 2 Ora, para observar o desparecimento da singula- + r dθ + sin θdφ . (9) ridade e a solu¸c˜aodesse “terr´ıvel” problema com a ado¸c˜aoda equa¸c˜ao(10), usa-se uma aproxima¸c˜ao Como j´adissemos, Λ ´ea constante cosmol´ogica,que para a fun¸c˜aoda massa, para r pequeno, dada por pode ser positiva ou negativa: quando positiva, o espa¸co-tempo ´ede Sitter; quando negativa, ´eanti- r 3 m(r) ≈ M , (11) de Sitter. N˜aoapenas na f´ısicade buracos negros e a solu¸c˜aode Sitter ´eimportante. Em cosmologia, a chamada fase inflacion´aria,onde o universo teve que conduz `a uma expans˜aoacelerada logo depois do suposto big f r ≈ − Cr2, bang,12 ´edescrita como um per´ıodo onde o espa¸co- ( ) 1 (12) tempo ´e quase de Sitter (p ' −ρ). J´ao espa¸co-tempo sendo C = 2M/e3 uma constante positiva. Com anti-de Sitter ´eimportante para a, hoje muito estu- essa aproxima¸c˜aoobtida para f(r), substituindo-a dada, correspondˆenciaAdS-CFT (Conforme Field na equa¸c˜ao(5), a m´etricade Sitter ´eobtida para Theory in anti-de Sitter ). valores pequenos de r. Ou seja, com o uso da fun¸c˜ao Agora que temos uma ideia do que ´eum espa¸co- de massa de Bardeen, a m´etrica (5) que descreve tempo de Sitter, podemos entender o que foi dito um buraco negro esf´ericoapresenta um n´ucleo,uma acima sobre os buracos negros regulares. Retorne- regi˜aointerna, do tipo de Sitter. Uma regi˜aopara 12Suposto pois hoje s˜aoposs´ıveis modelos cosmol´ogicossem a valores pequenos da coordenada radial r onde o singularidade inicial ou o big bang. As cosmologias com rico- espa¸co-tempo apresenta-se como de Sitter. chete surgem como op¸c˜oesna ciˆencia atual, s˜aoalternativas ao problema das singularidades mesmo dentro da teoria da O simples “truque” matem´aticofeito por Bardeen relatividade geral. Para uma introdu¸c˜ao,veja [17]. J´apara (a substitui¸c˜aode m por uma determinada fun¸c˜ao um estudo mais profundo, a revis˜ao[18] ´eindicada. de massa) tornou a m´etrica(5) regular, removeu

Revista Brasileira de Ensino de F´ısica,vol. 39, nº 3, e3303, 2017 DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2016-0288 Neves e3303-7

a singularidade situada na origem do sistema de por exemplo, construiu uma solu¸c˜aoregular, simi- coordenadas r = 0, fazendo deste ponto um ponto lar `ade Bardeen, com outra fun¸c˜ao m(r) com o qualquer de M. A regularidade da solu¸c˜aode Bar- intuito de descrever a forma¸c˜aoe evapora¸c˜aode deen fica clara quando se observa diretamente a buracos negros regulares. H´atamb´emas solu¸c˜oes m´etricaou se calcula escalares. Por exemplo, o es- com simetria axial, as que descrevem buracos negros calar de Kretschmann para a m´etricade Bardeen regulares com rota¸c˜ao.Nosso trabalho [21] tratou exemplifica a sua regularidade: desse tema, e buracos negros regulares com rota¸c˜ao  2 foram obtidos, al´emdisso, com a ado¸c˜aoda famosa αβµν M lim K = lim RαβµνR = 96 . (13) constante cosmol´ogicae uma fun¸c˜aode massa ge- r→0 r→0 e3 ral, que abrange as fun¸c˜oesutilizadas por Bardeen Nesse caso, ao contr´ariodo escalar de Kretschmann e Hayward. E n˜aoapenas no contexto da relativi- da m´etrica de Schwarzschild, dado pela equa¸c˜ao dade geral buracos negros regulares s˜aoestudados. (7), o limite para r tendendo a zero ´efinito. E, Mesmo em teorias que s˜aopropostas para substituir igualmente, a m´etricatamb´emapresenta-se regular, a gravita¸c˜aoeinsteiniana ou a f´ısicade hoje, como a 2 14 sendo limr→0 ds finito. Sendo assim, o buraco ne- gravidade quˆantica em loops ou os mundos branas, gro de Bardeen mostra-se como regular, sem possuir buracos negros regulares s˜aoprevistos. uma singularidade na origem do sistema de coor- denadas. E mostra-se como buraco negro, acima 4. Coment´ariosfinais de tudo, por possuir, no m´ınimo,um horizonte de eventos. Ao contr´ariodo que se pode pensar, um buraco D´ecadasap´osa sua publica¸c˜ao,a m´etrica de Bar- negro n˜aoprecisa necessariamente conter uma sin- deen foi (e continua sendo) alvo de investiga¸c˜oes. gularidade. Como vimos, na defini¸c˜aomatem´atica Em [19] mostra-se que o buraco negro de Bardeen de um buraco negro, apenas o horizonte de eventos tem uma origem, isto ´e,pode-se interpret´a-locomo ´emencionado como aquilo que lhe ´einerente. Ou uma solu¸c˜aoexata das equa¸c˜oesdo campo gravitaci- seja, para que um objeto astrof´ısicoseja reconhecido onal. E exata, nesse caso, significa uma solu¸c˜aocom como buraco negro, apenas a membrana de m˜ao uma fonte determinada. Na solu¸c˜aode Bardeen, a ´unica,o horizonte de eventos, deve ser levada em fonte — de acordo com Ayon-Beato e Garcia, que conta. Como uma consequˆenciados trabalhos de interpretaram e como um tipo de carga, i.e., um Andrei Sakharov e seus colaboradores, o expediente monopolo magn´etico— vem de uma eletrodinˆamica para construir matematicamente os buracos negros n˜aolinear. Com uma eletrodinˆamican˜aolinear aco- sem uma singularidade surge j´aem 1968 com James plada `arelatividade geral, ideia expressa pela a¸c˜ao Bardeen. Os resultados da Sakharov mostravam a Z  1 1  possibilidade de evitar o problema das singularida- S = dv R − L(F ) , (14) des mesmo no contexto da relatividade geral por 16π 4π meio de um tipo de espa¸co-tempo: o espa¸co-tempo sendo R o escalar de Ricci, e L(F ) ´euma compli- do tipo de Sitter. Com isso, com tal espa¸co-tempo cada densidade lagrangiana n˜aolinear,13 as equa¸c˜oes no interior de um buraco negro, ´eposs´ıvel evitar de Einstein s˜aoobtidas com um tensor energia- o aparecimento de uma singularidade no interior momento n˜aonulo. Tal tensor descreve uma ele- de um objeto astrof´ısico, assim como fez Bardeen. trodinˆamican˜aolinear como fonte da solu¸c˜aode Surgem, ent˜ao,os buracos negros sem uma singula- Bardeen (quando o segundo termo da equa¸c˜ao(14) ridade ou os buracos negros regulares — tema atual ´enulo, as equa¸c˜oesde Einstein s˜aoobtidas no na f´ısicahoje. v´acuoassim como as suas solu¸c˜oessem conte´udode mat´eria,como a de Minkowski e a de Schwarzschild). Agradecimentos Mas as pesquisas em buracos negros regulares v˜ao al´em.Hoje h´aoutras solu¸c˜oesou m´etricasregula- Gostaria de agradecer `aFAPESP (Funda¸c˜aode res dispon´ıveis na literatura. Sean Hayward [20], Amparo `aPesquisa do Estado de S˜aoPaulo) pelo

√ 5 apoio financeiro (processo n´umero2013/03798-3).  2  2 13A express˜ao para L(F ) ´e 3 √2e F , com F = 2se2 1+ 2e2F 1 µν 14 4 Fµν F . Fµν faz o papel do tensor eletromagn´etico,en- Em mundos branas, o nosso trabalho [22] discute buracos quanto s ´euma constante dada por |e|/2M. negros regulares com ou sem rota¸c˜ao.

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