ANO XXIX • Nº 238 • NOVEMBRO/2014

Crise na Saúde BRASIL PERDE 14,7 MIL LEITOS DE INTERNAÇÃO De acordo com dados do CNES, a desativação aconteceu entre julho de 2010 e julho de 2014 em quase todos os estados Págs. 6 e 7

Governo deixa de executar bilhões no orçamento da Saúde Pág. 8

Lei 13.003/14 Decisão da Justiça Direito de resposta CFM monitora critérios Laudo citopatológico Conselho aciona de regras de reajuste positivo é ato médico site na Justiça Pág. 5 Pág. 9 Pág. 10

Destaques da medicina homenageados com Comenda CFM Pág. 12 2 INSTITUCIONAL

Editorial

ANO XXIX • Nº 238 • NOVEMBRO/2014

Crise na Saúde BRASIL PERDE 14,7 MIL Graves problemas no SUS LEITOS DE INTERNAÇÃO Publicação oficial do De acordo com dados do CNES, a desativação aconteceu entre julho de 2010 e julho de 2014 em quase todos os estados Cerca de 15 mil leitos de não está no centro das Conselho Federal de Medicina Págs. 6 e 7 do SUS aparece nas filas

de retaguarda na rede atenções do governo. de espera, ou pior: no im- SGAS 915, Lote 72, Brasília-DF, CEP 70 390-150 Telefone: (61) 3445 5900 • Fax: (61) 3346 0231 pública de atendimento fo- Fica evidente que há proviso que deixa pessoas www.portalmedico.org.br ram desativados ao longo pouca habilidade dos ges- fragilizadas se acumulan- [email protected] dos últimos quatro anos. tores do Sistema Único do em cadeiras e macas

Mais de R$ 131 bilhões de Saúde (SUS) no uso improvisadas em corredo- Diretoria Governo deixa de executar bilhões no orçamento da Saúde Pág. 8

Lei 13.003/14 Decisão da Justiça Direito de resposta voltaram aos cofres da dos recursos já disponí- res e prontos-socorros. CFM monitora critérios Laudo citopatológico Conselho aciona Presidente: Carlos Vital Tavares Corrêa Lima de regras de reajuste positivo é ato médico site na Justiça Pág. 5 Pág. 9 Pág. 10 União porque o Ministério veis para atender às inú- Ao denunciar abusos e 1º vice-presidente: Mauro Luiz de Britto Ribeiro 2º vice-presidente: Jecé Freitas Brandão Destaques da medicina homenageados com Comenda CFM Pág. 12 da Saúde (MS) não con- meras demandas da po- omissões, o CFM confir- 3º vice-presidente: Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti seguiu executá-los, confor- pulação. O estorno de R$ ma seu compromisso com Secretário-geral: Henrique Batista e Silva 1º secretário: Hermann A. V. von Tiesenhausen me a previsão orçamentá- 46,3 bilhões que seriam a sociedade e com o SUS. 2º secretário: Sidnei Ferreira Tesoureiro: José Hiran da Silva Gallo ria feita desde 2003. Dois destinados a investimen- Contribui, assim, para o 2º tesoureiro: Dalvélio de Paiva Madruga problemas graves, interli- tos – ou seja, compra de debate em torno de solu- Corregedor: José Fernando Maia Vinagre Ao denunciar gados e que desaguam em equipamentos e reforma ções possíveis a partir do Vice-corregedor: Celso Murad cheio sobre a qualidade da e construção de unidades diagnóstico destes e outros abusos e omissões, saúde oferecida aos brasi- de saúde – é um exemplo. problemas vinculados à Conselheiros efetivos leiros. Em um país em que as Saúde e à Medicina. Abdon José Murad Neto (Maranhão), Aldemir o CFM confirma Humberto Soares (AMB), Anastácio Kotzias Neto Esses dados, que foram condições de trabalho e de No espaço público, (), Carlos Vital Tavares Corrêa Lima destrinchados pelo Con- atendimento são reconhe- cabe às instituições, com (), Celso Murad (Espírito Santo), Cláudio seu compromisso Balduíno Souto Franzen (), Dalvélio selho Federal de Medici- cidamente precárias, como a chancela de defender a de Paiva Madruga (Paraíba), Dilza Teresinha Ambros Ribeiro (), Donizetti Dimer Giamberardino Filho com a sociedade e na (CFM) com base em não gastar tanto dinheiro ética e a justiça, agir em (Paraná), Emmanuel Fortes S. Cavalcanti (), informações oficiais – do com o que a população nome dos cidadãos. Como Henrique Batista e Silva (), Hermann Alexandre Vivacqua von Tiesenhausen (), Hideraldo com o SUS Cadastro Nacional de Es- tanto precisa? o Jornal Medicina tem re- Luís Souza Cabeça (Pará), Jeancarlo Fernandes Cavalcante (), Jecé Freitas tabelecimentos de Saúde O caso dos leitos é velado, esse é o compro- Brandão (), Jorge Carlos Machado Curi (São (CNES) e do Sistema In- ainda mais preocupante. misso abraçado pelo CFM. Paulo), José Fernando Maia Vinagre (), José Hiran da Silva Gallo (Rondônia), Júlio Rufino tegrado de Administração Ao longo dos anos, mi- Torres (Amazonas), Leonardo Sérvio Luz (Piauí), Lúcio Flávio Gonzaga Silva (Ceará), Maria das Graças Financeira (Siaf) –, são lhares de unidades têm Creão Salgado (Amapá), Mauro Luiz de Britto Ribeiro destaque nesta edição do deixado de atender pa- (), Nemésio Tomasella de Oliveira (), Rosylane Nascimento das Mercês Rocha Jornal Medicina. Ao jun- cientes graves (à espera (Distrito Federal), Salomão Rodrigues Filho (Goiás), Sidnei Ferreira (), Wirlande Santos da tar os pontos deste novelo, de cirurgia ou com diag- Luz (). chega-se à conclusão in- nóstico de internação). contestável de que a saú- O resultado da face cruel Conselheiros suplentes

Ademar Carlos Augusto (Amazonas), Adriana Scavuzzi Carneiro da Cunha (Pernambuco), Alberto Hermann A. V. von Tiesenhausen Carvalho de Almeida (Mato Grosso), Alceu José Peixoto Pimentel (Alagoas), Alexandre de Magalhães Marques (Roraima), Alexandre de Menezes Diretor executivo do jornal Medicina Rodrigues (Minas Gerais), Antônio Celso Koehler Ayub (Rio Grande do Sul), Dorimar dos Santos Barbosa (Amapá), José Albertino Souza (Ceará), Léa Rosana Viana de Araújo e Araújo (Pará), Lia Cruz Vaz da Costa Damásio (Piauí), Lisete Rosa e Silva Benzoni (Paraná), Lueiz Amorim Canedo (Goiás), Luís Eduardo Barbalho de Melo (Rio Grande do Norte), Luís Henrique Mascarenhas Moreira (Mato Grosso do Sul), Luiz Antônio de Azevedo Accioly Cartas* Comentários podem ser enviados para [email protected] (Rondônia), Márcia Rosa de Araújo (Rio de Janeiro), Nailton José Ferreira Lyra (Maranhão), Newton É preciso que a classe médica tenha maior se eleger. Temos que resgatar a ética e a mo- Na saúde, as coisas têm que ser mais práticas Monteiro de Barros (AMB), Norberto José da Silva Neto (Paraíba), Otávio Marambaia dos Santos representatividade política. Entre o fim dos ral da Medicina, mostrando ao povo brasilei- e objetivas e não vale essa teoria de que o mais (Bahia), Paulo Antônio de Mattos (Espírito Santo), Pedro Eduardo Nader (Tocantins), Renato Moreira anos 70 e início dos 80, os operários, não ro que somos todos vítimas de irresponsáveis importante é o amor. Precisa-se de mais infra- Fonseca (Acre), Rosa Amélia Andrade Dantas (Sergipe), Ruy Yukimatsu Tanigawa (São Paulo), satisfeitos, se uniram e formaram um par- dirigentes. estrutura. Essa é a causa do meu sofrimento. Sérgio Tamura (Distrito Federal), Wilmar de Athayde tido. Parecia uma loucura, uma aventura, Quem escreve esta mensagem é uma médica Gerent (Santa Catarina) hoje elegem presidentes. Nós, médicos, se Maria da Conceição Bezerra Cavalcanti que após 17 anos de trabalho no SUS se viu não estamos felizes com a situação, deve- CRM-DF 2.401 obrigada a pedir exoneração em fevereiro de

ríamos juntar assinaturas para formar um [email protected] 2014 devido às péssimas condições de trabalho. Diretor executivo: Hermann A. V. von Tiesenhausen Editor: Paulo Henrique de Souza partido político, com posicionamento ante Editora executiva: Rejane Medeiros Redação: Ana Isabel de Aquino Corrêa a qualquer governo e ideias, condutas e Liz Angelica Castro de Linhares Silva Milton de Souza Júnior posturas. CRM-MG 27.615 Nathália Siqueira Thaís Dutra Chegou-me às mãos cópia da carta-desa- [email protected] Vevila Junqueira Willer Martins Alves gravo, publicada em maio de 2014, deste Copidesque e revisão: PMOLab - Educação e Projetos Ltda Secretária: Amanda Ferreira CRM-SP 152.914 competente CFM, dirigida à Presidente da Apoio: Amilton Itacaramby Fotos: Márcio Arruda - MTb 530/04/58/DF [email protected] República em razão do seu posicionamento Impressão: Esdeva Indústria Gráfica S.A. ao comparar o desempenho e a capacitação Em minha opinião, como médico, devem Projeto gráfico dos intercambistas cubanos como sendo os Conselhos de Medicina apontar os er- e diagramação: Diagraf Comunicação, Marketing e Seviços Gráficos Ltda "melhores e mais atenciosos" que os nossos ros grosseiros cometidos no dia a dia pelos Tiragem desta edição: 380.000 exemplares Com relação ao envio do Manifesto em valorosos médicos. Esta situação causou- intercambistas dos Mais Médicos, que não Jornalista responsável: Paulo Henrique de Souza Defesa da Saúde dos Brasileiros aos candi- -me, deveras, náuseas e espasmos intestinais possuem diploma revalidado no país, e divul- RP GO-0008609 datos à Presidência da República, agradeço de profunda revolta. gá-los para a imprensa, mostrando o risco Mudanças de en­de­re­ço de­vem ser ao CFM pela bela iniciativa. Espero que uma que representam aos pacientes. co­mu­ni­cadas di­re­ta­men­te ao CFM luta globalizada e responsável como esta seja Carlos Renan Reis Gauz pelo e-mail [email protected]

capaz de tirar do horror a Medicina e evitar CRM-RJ 193.157 Ailton Romero Santos Os artigos e os comentários assinados são que incompetentes políticos a utilizem para [email protected] Cremepe 3.145 de in­tei­ra res­pon­sabi­ ­li­dade­ dos au­to­res, não re­pre­sen­tan­do, ne­ces­saria­ ­men­te, a opi­nião do CFM * Por motivo de espaço, as mensagens poderão ser editadas sem prejuízo de seu conteúdo

jornal MEDICINA - NOV/2014 INSTITUCIONAL 3

PALAVRA DO PRESIDENTE Carlos Vital Tavares Corrêa Lima Pela saúde dos brasileiros

O CFM Após o fim do recente processo eleitoral, deve surgir dessa etapa um país fortalecido manterá suas pelo pleno respeito ao Estado Democrático de Direito e à segurança jurídica. atividades Como autarquia federal, criada pela Lei 3.268/57, o Conselho Federal de Medicina (CFM) entende que os discursos feitos, logo após o anúncio dos resultados, pelos então à luz de candidatos – Aécio Neves, defendendo a construção da unidade nacional como priorida- sua missão de, e Dilma Rousseff, se posicionando em favor do diálogo com os diferentes segmentos pública, da sociedade – devem ser objeto de profunda reflexão por parte dos brasileiros e das de forma instituições que os representam. autônoma, Nesse contexto, o CFM manterá suas atividades à luz de sua missão pública, de for- ma autônoma, independente e sem subserviência, empenhado na defesa do ético exer- independente cício da medicina, na valorização do trabalho médico e na qualificação do atendimento e sem em saúde, conforme afirmou em nota aos brasileiros. Deste modo, sua contribuição se subserviência dará pelo empenho no fortalecimento da assistência em todos os níveis. Em seu Manifesto em Defesa da Saúde dos Brasileiros, assinado conjuntamente com várias entidades médicas e encaminhado a todos os candidatos à Presidência da Re- pública – ainda no primeiro turno – , o CFM trouxe relevantes subsídios para futuros debates com governantes, legisladores, juristas, estudiosos e cidadãos, com o objetivo de enfrentar os graves problemas que afetam a saúde da população. Trata-se de uma agenda composta por 44 itens que sintetiza a visão dos médicos e de seus representantes sobre aspectos fundamentais para manutenção das diretrizes e princípios que regulam a assistência à saúde nas redes pública, suplementar e privada. A criação de uma carreira essencial de Estado para os médicos, a melhoria das con- dições de trabalho e de atendimento, a oferta de assistência qualificada em saúde (nos setores público e privado), o aperfeiçoamento do ensino médico (na graduação e na pós-graduação), o aumento do orçamento da saúde e a modernização dos mecanismos de gestão, controle e avaliação das políticas públicas integram esse documento, apresen- tado aos candidatos pelo CFM. Se implementadas, todas as propostas, certamente, haverá o fortalecimento do SUS e a boa regulação da saúde suplementar. Essa pauta não divide, mas unifica. O ganho será de toda a população, inclusive de médicos e pacientes, que têm sido negligenciados ao longo dos anos em seus pleitos, fato que os têm tornado vítimas de uma péssima as- sistência à saúde. Espera-se, assim, contribuir para a reversão dos altos índices de insatisfação da popu- lação com os serviços oferecidos e assegurar ao SUS condições para seu pleno desenvolvi- mento, pautado pelos princípios da universalidade, integralidade e equidade. O CFM não se furtará ao diálogo, à construção de pontes e consensos. No entanto, afirma que há princípios inarredáveis que devem ser observados na busca de soluções. Para tanto, com isenção ou sem política partidária, reitera seus pontos de vista, acredi- tando que o reconhecimento, o respeito e a proteção aos direitos individuais e coletivos são o alicerce da democracia e da dignidade humana.

jornal MEDICINA - NOV/2014 4 PPolíticaolítica e SSaúdeaúde

Congresso Nacional Bancada médica cresce na Câmara Representantes no legislativo federal serão decisivos para aprovação de temas de interesse da medicina e da saúde resultado do pro- Os médicos represen- saúde brasileira, incluindo O cesso eleitoral para tam 9% entre os 513 de- as demandas dos profis- os cargos de deputado putados da Câmara. Minas sionais da medicina e do federal e senador, que Gerais e Espírito Santo cooperativismo médico. tomarão posse em 1º são os estados que mais “A cada momento, novas de fevereiro, já permite elegeram membros da ca- medidas são adotadas pelo algumas considerações tegoria, com seis e cinco governo federal, sobre as sobre o novo perfil do médicos, respectivamente. quais agimos com nossa Congresso Nacional, em Contudo, a força represen- presença em debates, ne- especial sobre a bancada tativa da classe permanece gociações e alterações de médica na Câmara, que muito aquém das bancadas rumos, compartilhando teve relativo crescimen- de empresários e de advo- ações com as entidades to nestas eleições. gados, por exemplo. médicas representativas Para a legislatura Já no Senado Federal, e o conjunto de nossos 2015-2019 foram eleitos a bancada médica conti- colegas. Para maior efi- 49 deputados federais nua sendo representada ciência e resultados, nos- que declararam como por sete parlamentares. sa bancada necessita de profissão (exclusiva ou Os médicos-senadores são um acompanhamento e Bancada: para a Câmara foram eleitos 49 deputados médicos, em outubro não), o exercício da me- oriundos dos seguintes es- assessoramento perma- dicina. Entre eles, 23 tados: Bahia, Goiás, Mato nentes para tudo que se bates sobre a situação da 2010, a participação do serão parlamentares que Grosso do Sul, Paraíba, refere à saúde e tramita saúde no país. “O setor governo federal no finan- terão seu primeiro man- Pernambuco, Rio Grande na Casa”. tem sido subfinanciado, ciamento da saúde caiu de dato na esfera federal e do Norte e Sergipe. A mesma opinião é com a maior parte do dever 59% para 45%. “Isso, em os 26 restantes foram Ação política – Se- compartilhada pelo se- ficando a cargo dos estados termos de dinheiro, é uma reconduzidos aos car- gundo o deputado re- nador Waldemir Moka e municípios. A União não fábula. É preciso rever a gos pelos eleitores. Este eleito, Lelo Coimbra (PMDB-MS). De acor- número total é superior (PMDB-ES), os manda- do com ele, é preciso es- tem qualquer obrigação divisão das responsabili- ao da legislatura anterior tos eletivos de médicos tar sempre mobilizado no constitucional, como ocor- dades, ainda mais porque (2011-2014), quando 42 proporcionam à categoria Congresso Nacional para, re com os demais entes”. dois terços da arrecada- médicos atuaram na Câ- influenciar diretamente com informações e dados O parlamentar enfa- ção de impostos vão para mara, em Brasília. no marco regulatório da precisos, enfrentar os de- tiza que, entre 2000 e os cofres federais”.

Deputados pedem valorização dos médicos Comissão ajuda a qualificar debate parlamentar A Comissão de As- da Medicina, como a cria- lamentares, defendendo A Câmara dos Deputados realizou, em 20 de outubro, sessão suntos Políticos (CAP) do ção da carreira de estado as justificativas apresen- solene em homenagem ao Dia do Médico. Na oportunidade, os parla- mentares destacaram a importância da categoria para a saúde públi- Conselho Federal de Me- para o médico do Sistema tadas. De acordo com o ca brasileira e pediram a valorização da profissão. Autor da sugestão dicina (CFM) acompa- Único de Saúde (SUS). 2º tesoureiro do CFM e da homenagem, o deputado Izalci (PSDB-DF) exaltou os profissionais nhou as eleições de 2014 A CAP tem atuado in- também membro da CAP, da medicina e criticou a gestão do governo federal em relação à área. e pretende colaborar com tensamente no Congres- Dalvélio Madruga, as enti- “A nossa saúde pública, por meio da má gestão e do abandono os eleitos. “A presença de so Nacional. Seu objetivo dades precisam continuar a que foi relegada, tornou-se o bode expiatório do governo petista, médicos no Congresso é conhecer e subsidiar os os contatos com os polí- sobretudo, os profissionais da medicina. Até mesmo uma profissão Nacional, por exemplo, projetos de interesse que ticos. “Esperamos que es- secularmente respeitada, como a medicina, sofre uma persegui- pode ajudar a qualificar o tramitam na Câmara e no ses médicos eleitos sejam ção violenta desse governo”, afirmou. Na avaliação do deputado, debate sobre a saúde. Es- Senado, emitindo parece- sensíveis às reivindicações a “perseguição” teve seu auge no programa Mais Médicos, “que pero que os profissionais ofende os profissionais brasileiros”. res que são elaborados, da categoria”. Para Ma- O deputado Vitor Paulo (PRB-RJ) destacou a importância da da Medicina escolhidos, muitas vezes, em parceria druga, os projetos de for- saúde pública para o país e a “abnegação” dos profissionais da em outubro, atraiam a com as Sociedades de Es- talecimento da Saúde e da medicina. “Ser médico é ser vocacionado. Um profissional que se atenção dos outros parla- pecialidades. Medicina são prioritários sacrifica pela sua profissão e pelo próximo. Os médicos são pesso- mentares para os proble- Além disso, atua di- para a sociedade e devem as valiosíssimas em qualquer sociedade, e o povo brasileiro reco- mas que o país enfrenta retamente junto aos par- estar no centro do debate. nhece a sua importância. Que o futuro governo possa valorizar essa no setor”, analisa o coor- digna profissão”, afirmou o parlamentar. denador da Comissão e Em mensagem enviada ao Plenário, o presidente da Câmara, conselheiro suplente por Henrique Eduardo Alves, destacou o envolvimento do Congresso Alagoas, Alceu Pimentel. Nacional nas discussões sobre o futuro da categoria. “Homenagear os médicos significa homenagear a vida, o bem maior de todos nós, O conselheiro também cuja defesa constitui objeto inarredável desses valorosos profissio- espera que na próxima nais. O Congresso Nacional tem sido palco de profundas discussões legislatura exista maior sobre o tema, à medida que procura atualizar a legislação para in- esforço do Congresso centivar a oferta à sociedade de serviços cada vez mais eficientes. Nacional para o encami- Preservar a vida é trabalho dos médicos, mas é também desejo nhamento de propostas de todos nós”, concluiu. (Com informações do Jornal da Câmara) importantes para a área da Saúde e para o exercício CAP: grupo fortalece interface entre médicos e parlamentares

jornal MEDICINA - NOV/2014 POLÍTICA E SAÚDE 5

Lei 13.003/14 CFM quer assegurar regras de contratos Autarquia participa de debates com o objetivo de definir critérios de reajuste de honorários dos planos de saúde regulamentação da livre acordo entre as par- valores dos serviços pres- ALei nº 13.003/14, que tes, tentando inviabilizar tados e de periodicidade garante reajustes anuais as propostas das entidades anual para sua aplicação. aos profissionais que pres- médicas”, afirmou Márcia Até então, não existia, no tam serviços às operado- Rosa, conselheira federal arcabouço geral da legisla- ras de planos de saúde, suplente pelo Rio de Ja- ção, nenhum instrumento será uma das prioridades neiro e representante do que garantisse aos profis- do Conselho Federal de CFM no grupo. O conse- sionais esses direitos. Medicina (CFM) nos pró- lheiro Salomão Rodrigues No último encontro, ximos meses. O tema está Filho, que viu o projeto de foram debatidas regras dos em discussão na Agência lei nascer em seu estado contratos, como a prorro- Nacional de Saúde Su- sob a autoria da senadora gação, renovação e resci- Salomão (à frente): “a lei é clara no que diz respeito aos direitos dos médicos” plementar (ANS) que, Lúcia Vânia, também en- são; a vedação à suspensão durante o mês de outu- tende que se trata de um dos serviços contratados apresentada e discutida almente, um reajuste ade- bro, realizou as primeiras momento crítico e crucial, antes da efetiva rescisão uma minuta de proposta, quado, que possa dar-lhes reuniões do grupo técnico mas acredita que a união contratual; e a importância possivelmente em audiên- uma remuneração digna”, responsável pela normati- dos prestadores de serviço do prestador ter acesso às cia pública. A lei entra em disse Rodrigues. Para ele, zação da lei. As negocia- do setor prevalecerá. rotinas de auditoria técnica vigor a partir do dia 24 de a lei é clara no que diz res- ções estão sendo acom- Uma das normas a ser ou administrativa e às jus- dezembro. peito aos direitos dos mé- panhadas de perto e com instituída é a existência de tificativas das glosas. As “Nossa expectativa é dicos e outros profissio- cautela por representan- contratos escritos entre próximas reuniões estão ver, na regulamentação nais, e as entidades estão tes dos médicos. as operadoras de planos previstas para os dias 4 de desta lei, o estabelecimento dispostas a envidar todos “Estamos enfrentando de saúde e os profissionais novembro, para discutir o dos critérios essenciais para os esforços para garantir um forte embate, no qual de saúde, com previsão índice de reajuste, e 11 de que o médico e os demais sua correta regulamenta- as operadoras insistem no de índice de reajuste dos novembro, quando será prestadores tenham, anu- ção e aplicação.

Reação contra o abuso Idec se manifesta em defesa da categoria

CFM vai à Justiça contra multa do Cade A decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica O Conselho Fede- (Cade) de aplicar R$ 2,7 milhões em multas em entidades represen- ral de Medicina (CFM) tativas da classe médica causou estranhamento no gerente técnico recorreu, no Judiciário, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Carlos Thadeu da decisão do Conselho de Oliveira. Ele disse que a tabela é um documento da classe médi- Administrativo de Direito ca, elaborado de acordo com parâmetros determinados pela Agência Econômico (Cade), que Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e outras regulações, que cria condenou 17 entidades médicas ao pagamento uma espécie de referência para a categoria. de multas no valor de “Estranho a atitude do Cade, colocando as operadoras de saú- R$ 2,7 milhões, por con- de como a parte mais fraca dessa relação, quando o que ocorre é ta de suposto abuso que o contrário”, disse o gerente técnico. Para ele, não há tabelamento, teria sido praticado em mas sim um sistema de referência não impositivo para definição 2011. O Cade alega que dos honorários médicos. Ele acredita que, sem a Classificação as entidades buscaram Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), com impor preços de serviços Murad (à esq.): decisão do Cade foi extemporânea e sem fundamentos médico-hospitalares e as operadoras fixando livremente valores de pagamento para os que o sistema conselhal tema, pois as resoluções da glosa de procedimentos, prestadores, pode-se levar ao descredenciamento de profissionais, teria instaurado processos autarquia “não têm o obje- entre outros pontos”. principalmente os de maior qualificação. para punir profissionais tivo de configurar dano à O vice-corregedor do O Cade condenou sete supostos casos de fixação de preços de que não observassem os concorrência de merca- CFM, Celso Murad, con- serviços médico-hospitalares no mercado de saúde suplementar. valores de honorários su- do”. A entidade também selheiro federal pelo Es- As condutas teriam sido praticadas por entidades representativas geridos pela Classificação afirma que o Cade estaria pírito Santo, argumenta da classe médica nos estados da Paraíba, Santa Catarina, Bahia, Brasileira Hierarquizada ignorando o fato de que, que a decisão do Cade foi Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Rondônia. Além do CFM, foram de Procedimentos Médi- “na verdade, médicos e extemporânea, sem fun- cos (CBHPM). Em nota pacientes é que são reféns damentos ou justificativa. multados a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Federação Na- divulgada em 16 de outu- dos abusos praticados pe- “O CFM jamais teve este cional dos Médicos (Fenam). bro, o CFM esclarece que las operadoras de planos tipo de postura. Na mi- Na nota elaborada pelo CFM, a autarquia afirmou que, ao con- o sistema nunca agiu nes- de saúde, impondo-lhes nha avaliação, o que eles trário do que foi dito pelo Cade, os Conselhos de Medicina jamais se sentido. honorários vis, cerceando fizeram foi uma pressão instauraram processos ou tomaram medidas para punir profissio- O CFM afirma que a autonomia dos profis- institucional sobre a nos- nais por não observarem os valores de honorários sugeridos pela nunca ameaçou ou emi- sionais na prescrição e no sa entidade, que não tem CBHPM. Esclareceu, ainda, que trata-se de instrumento meramen- tiu qualquer tipo de ordem diagnóstico, efetuando posição política, mas de a médicos, obrigando-os descredenciamentos unila- fiscalização e normatiza- te referencial, não possuindo caráter coercitivo, conforme já defini- a tomar determinadas terais, provendo cobertura ção da prática médica”, do em várias decisões judiciais. condutas com relação ao insuficiente e promovendo argumentou.

jornal MEDICINA - NOV/2014 6 Política e Saúde

Crise na Saúde SUS perde 14,7 mil leitos de internação O levantamento do CFM analisou dados de quatro anos, disponíveis no CNES

uase 15 mil leitos de lidade que, diariamente, Qinternação – aque- aflige médicos e pacien- les destinados a pacien- tes em unidades hospi- tes que precisam perma- talares de todo o país. necer em um hospital por “A insuficiência de leitos mais de 24 horas – foram para internação ou reali- desativados na rede pú- zação de cirurgias é um blica de saúde desde julho dos fatores que aumenta de 2010. Naquele mês, o o tempo de permanência país dispunha de 336,2 dos pacientes nas emer- mil deles para uso exclu- gências. Por falta des- sivo do Sistema Único ses leitos, os pacientes de Saúde (SUS). Em ju- acabam ‘internados’ nas lho deste ano, o número emergências à espera do baixou para 321,6 mil – devido encaminhamen- uma queda de quase dez to ou referenciamento”, leitos por dia. As infor- conta. Segundo Vital, a mações foram apuradas falta de leitos para inter- pelo Conselho Federal nação é a principal cau- de Medicina (CFM) jun- sa da superlotação e do to ao Cadastro Nacional atraso no diagnóstico e de Estabelecimentos de no tratamento que, por Saúde (CNES), do Mi- sua vez, aumentam a nistério da Saúde (MS). taxa de mortalidade. Insuficiência: falta de leitos gera superlotação e atraso no diagnóstico e no tratamento de pacientes O período escolhido le- Em números absolu- vou em conta informa- tos, os estados da Região cia, aparece o Nordeste, Entre as especiali- gia geral (-2.359 leitos). ção do próprio governo, Sudeste são os que mais com 3.533 leitos fechados. dades mais afetadas no Já os leitos destinados à de que os números an- sofreram com redução no Centro-Oeste e Norte so- período, em nível nacio- clínica geral, à ortopedia teriores a 2010 poderiam período, em grande parte freram cortes de 1.306 e nal, constam a pediatria e à traumatologia foram não estar atualizados. pelo resultado do Rio de 545 leitos, respectivamen- cirúrgica (-7.492 leitos); os únicos que sofreram Para o presidente do Janeiro, onde 5.977 leitos te. A Região Sul é a única a psiquiatria (-6.968 acréscimo superior a mil CFM, Carlos Vital, os foram desativados desde que apresenta ligeira alta leitos); a obstetrícia leitos, nos anos analisa- dados revelam uma rea- julho de 2010. Na sequên- de leitos (417 a mais). (-3.926 leitos); e a cirur- dos pelo CFM.

Leitos SUS por Estado – 2010 a 2014 Leitos de Internação Leitos Complementares Leitos de Repouso/Observação Estado (Retaguarda) (UTIs) (Urgência/Ambulatório) Julho/2010 Julho/2014 Variação Julho/2010 Julho/2014 Variação Julho/2010 Julho/2014 Variação Distrito Federal 4878 4669 -209 496 411 -85 1365 1231 -134 Goiás 12618 11281 -1337 654 839 185 2410 2849 439 Mato Grosso 4825 5117 292 336 371 35 1758 2067 309 Mato Grosso do Sul 3843 3791 -52 314 368 54 1100 1346 246 Alagoas 5389 5134 -255 351 406 55 835 1000 165 Bahia 25201 24731 -470 1228 1419 191 6377 6921 544 Ceará 14789 14345 -444 923 997 74 2833 3319 486 Maranhão 13248 12360 -888 401 716 315 2046 2231 185 Paraíba 8048 7588 -460 515 542 27 2119 2317 198 Pernambuco 17901 17900 -1 822 1286 464 3140 3441 301 Piauí 7148 6647 -501 280 288 8 1023 1105 82 Rio Grande do Norte 6451 6334 -117 306 432 126 1480 1619 139 Sergipe 2957 2560 -397 269 321 52 894 1040 146 Acre 1397 1202 -195 49 85 36 380 430 50 Amapá 882 979 97 63 44 -19 266 290 24 Amazonas 5100 4625 -475 472 482 10 1148 1278 130 Pará 11523 10928 -595 748 780 32 2199 2543 344 Rondônia 2704 3281 577 134 261 127 751 957 206 Roraima 768 842 74 59 54 -5 127 154 27 Tocantins 2127 2099 -28 172 208 36 1116 1179 63 Espírito Santo 5507 5905 398 412 453 41 1650 1851 201 Minas Gerais 31914 29782 -2132 2698 3024 326 9125 10689 1564 Rio de Janeiro 32536 26559 -5977 2112 2184 72 7102 7683 581 São Paulo 61177 59184 -1993 6026 6599 573 18224 20653 2429 Paraná 20937 20294 -643 1623 1816 193 4340 5085 745 Rio Grande do Sul 21144 22038 894 1831 1895 64 4089 4920 831 Santa Catarina 11253 11419 166 950 867 -83 2845 3512 667 Total 336265 321594 -14671 24244 27148 2904 80742 91710 10968 Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES). Elaboração: Conselho Federal de Medicina (CFM)

jornal MEDICINA - NOV/2014 POLÍTICA E SAÚDE 7

Crise na Saúde Número de UTIs ainda não atende à demanda análise do CFM apu- (1.012). Nas regiões Nor- médico é responsabilizado A rou, ainda, a situação te, Centro-Oeste e Sul, o judicialmente pela ausên- dos leitos de repouso ou aumento foi mais tímido, cia de estrutura. de observação utilizados de aproximadamente 200 “Não se pode respon- para suporte das ações leitos em cada uma. sabilizar o médico pela ambulatoriais e de urgên- Apesar desse acrés- falta de leitos. Sempre que cia, como administração cimo, há indícios de que um paciente não consegue de medicação endoveno- a quantidade de leitos uma vaga em UTI não é sa e pequenas cirurgias, de UTI não é suficiente porque o profissional re- Ribeiro (ao centro): a população deve denunciar a falta de leitos ao MP com permanência de até para atender às deman- cusa a internação, mas Apesar de determinação lítica de assistência psi- 24 horas. Nesta catego- das da população. No dia porque não há leitos dis- da Justiça para internação quiátrica, que prega a ria, houve aumento de 7 de outubro, por exem- poníveis para esse atendi- da criança, a Secretaria de desativação de leitos, e 15% na quantidade de lei- plo, médicos do Hospital mento e, em alguns casos, Saúde informou que não afirma que as UPAs aca- tos no período avaliado. de Urgência de Teresina não há nem infraestrutura havia vagas disponíveis. bam sendo usadas para Também foram apu- e do Hospital Getúlio adequada para o atendi- O 1º vice-presidente internar os pacientes rados, na pesquisa, os Vargas, ambos no Piauí, mento de pacientes com do CFM, Mauro Ribei- com esses problemas. “É chamados “leitos com- tiveram voz de prisão essa complexidade”, dis- ro, considera dramática uma desassistência total plementares” (reservados decretada após alega- se o presidente da Amib, a situação em todos os com esses doentes. Eles às Unidades de Terapia rem não poder receber Fernando Dias, durante níveis da atenção hos- não têm para onde ir. Os Intensiva – UTIs, isola- pacientes por falta de reunião com entidades pitalar. “O paciente que Caps estão superlotados mento e cuidados inter- vagas de UTI. Depois do médicas piauienses. Outro precisa operar de forma e o governo quer contar mediários). Ao contrário episódio, representantes problema para o segmento eletiva não tem leito. En- UPA como leito”, denun- dos leitos de internação, do Conselho Regional de são os baixos valores pa- tão, eles ficam internados cia o conselheiro. essa rede também apre- Medicina do estado do gos pelo SUS para contra- em prontos-socorros. Isso Ele aconselha a popu- sentou alta de 12%, pas- Piauí (CRM-PI) e da As- tação de vagas em UTI. impacta em todo o siste- lação a acionar o Minis- sando de 24.244, em ju- sociação de Medicina In- Mas o problema não ma. As Unidades de Pron- tério Público (MP) caso lho de 2010, para 27.148, tensiva Brasileira (Amib) se restringe ao Nordeste. to-Atendimento (UPAs) constate falta de leitos no mesmo mês de 2014. saíram em apoio aos pro- Em agosto, um bebê de estão virando depósitos de retaguarda ou de UTI O maior acréscimo (1.312 fissionais e cobraram das três meses morreu após de doentes de urgência e “para que o governo com- leitos) aconteceu nos es- autoridades locais estra- esperar quatro dias por um emergência”, revela. pre vaga na rede privada tados do Nordeste, se- tégias para evitar esse tipo leito de UTI na rede pú- Mauro Ribeiro tam- para internar os pacientes guidos pelos do Sudeste de ocorrência, na qual o blica do Distrito Federal. bém critica a atual po- do SUS”.

TCU já tinha constatado carência Evolução da medicina não justifica desativação das vagas A redução no núme- dos pela fiscalização do Em 2012, quando o CFM fez, pela primeira vez, esse tipo de levantamento sobre os recursos físicos ro de leitos, confirmada TCU os leitos estão fecha- disponíveis no SUS, identificou-se que 42 mil leitos haviam sido desativados entre outubro de 2005 e junho pela análise do CFM, já dos, inclusive em UTIs, por de 2012. Após a denúncia e sob cobrança de explicações por parte do Ministério Público Federal (MPF) e do tinha sido mostrada pelo falta de equipamentos mí- Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério da Saúde justificou que a queda de leitos segue uma ten- TCU. Em levantamento nimos. Em 56% dos esta- divulgado no ano passado, belecimentos faltam medi- dência mundial, decorrente dos avanços em equipamentos e medicamentos que possibilitam o tratamento, realizado em 116 estabe- camentos e insumos, como sem necessidade de internação do paciente. Em seguida, no entanto, chegou a tirar seu banco de dados do lecimentos de saúde, foi luvas e gazes. ar, alegando que o sistema passava por atualização. constatada a superlotação Além do TCU, a De- O 1º vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro, condenou os argumentos do Ministério da Saúde de que os dos hospitais. Em 64% fensoria Pública da União avanços da Medicina justificariam a falta de leitos. “Usam-se afirmações verdadeiras e justificativas falsas. deles, a taxa de ocupação (DPU), no Rio de Janeiro, É verdade que houve aumento da tecnologia e o surgimento de medicações mais eficientes, o que diminuiu o estava sempre maior do também tem se insurgido tempo de internação em relação ao que era praticado há 20 anos. Mas usar isso para fechar leitos é justifi- que a capacidade de aten- contra a falta de estrutura cativa falaciosa. Há filas para cirurgias eletivas e superlotação nos prontos-socorros”, afirmou. Ele destacou, dimento. Em outros 19%, na saúde. De acordo com a sobrecarga era menor, e o defensor público, Daniel ainda, que os leitos complementares e de observação, em que houve aumento, não substituem os leitos de em apenas 6% a ocupa- Macedo, cerca de seis pes- internação, uma vez que cada um deles tem um uso específico. Ressaltou que o aumento dessas vagas é ção estava de acordo com soas morrem diariamente benéfico, mas está longe de atender à demanda. o previsto. Os estabeleci- nas UPAs cariocas por- Na época, segundo nota explicativa do Ministério da Saúde, as informações relativas aos leitos comple- mentos pesquisados con- que não conseguem leito mentares (Unidades de Terapia Intensiva e Unidades Intermediárias) “compreendidas entre agosto/2005 centram 27.614 leitos, que em UTI ou CTI. Ainda de a junho/2007 estavam publicadas de forma equivocada, contabilizando, em duplicidade, os quantitativos correspondem a 8,6% do acordo com a DPU, mais desses tipos de leitos”. A partir de outubro de 2012, no entanto, foram corrigidas as duplicidades identifi- total da rede pública. de 13 mil pessoas estão cadas nos totais dos leitos complementares. Devido à falta de me- esperando na fila para a dicamentos, de insumos realização de alguma ci- Meses depois, a consulta aos recursos físicos foi restaurada. Com a “atualização”, e a partir dos novos hospitalares e de aparelhos, rurgia. Para tentar resolver números, é possível observar que a quantidade de leitos de internação desativados nos últimos nove anos parte dos leitos mantidos a questão, têm sido ajui- (outubro de 2005 a julho de 2014) chega a quase 32 mil. Quase metade desse total fechado apenas nos ainda é bloqueada. Em zadas ações civis contra o últimos quatro anos. O novo cálculo, no entanto, mostra também um aumento de 28% no número de leitos 77% dos hospitais visita- poder público. de UTI e de 114% naqueles destinados ao repouso e observação de pacientes.

jornal MEDICINA - NOV/2014 8 Política e Saúde

Financiamento da Saúde Execução dos gastos continua em baixa Autarquia participa de debates com o objetivo de definir Orçamento Geral da União – Ministério da Saúde* Diferença Ano Dotação Autorizada Valor Pago** critérios de reajuste de honorários dos planos de saúde Autorizada*** 2003 59.183.344.609,21 55.009.220.498,50 -4.174.124.110,71 Ministério da Saú- com base em dados do bem aplicados. No caso 2004 66.326.942.503,13 58.516.707.315,28 -7.810.235.187,85 Ode (MS) deixou de Sistema Integrado de da Saúde, isso é ainda 2005 70.314.864.431,72 58.398.376.054,13 -11.916.488.377,59 aplicar cerca de R$ 131 Administração Financei- mais proeminente, tendo 2006 74.354.347.984,26 65.965.520.577,06 -8.388.827.407,19 bilhões no Sistema Úni- ra (Siafi), revela os resul- em vista as dificuldades 2007 81.202.687.292,21 70.627.782.483,93 -10.574.904.808,28 co de Saúde (SUS) desde tados da falta de qualida- de infraestrutura que mi- 2008 78.160.504.877,18 69.417.187.896,26 -8.743.316.980,92 2003. O valor é quase de da gestão financeira lhares de pacientes, médi- 2009 87.058.753.988,09 77.016.213.462,37 -10.042.540.525,73 equivalente ao que esta- em Saúde. cos e outros profissionais 2010 89.460.691.809,29 84.302.742.981,24 -5.157.948.828,04 dos e municípios gasta- Segundo o presidente enfrentam todos os dias”, 2011 95.540.440.085,29 86.645.318.305,78 -8.895.121.779,52 ram no setor durante o do CFM, Carlos Vital, a declarou. 2012 106.898.624.165,06 92.080.622.436,96 -14.818.001.728,10 ano passado – cerca de administração dos recur- No período apurado, 2013 105.602.679.480,40 92.817.325.574,69 -12.785.353.905,71 R$ 142 bilhões. Ou seja, sos da Saúde tem preo- pouco mais de R$ 1 tri- 2014*** 107.478.521.230,00 80.010.443.524,37 -27.468.077.705,63 enquanto estados e mu- cupado os Conselhos de lhão foi autorizado para Total 1.021.582.402.455,84 890.807.461.110,57 -130.774.941.345,27 Fonte: SIAFI / Elaboração: CFM * Valores atualizados pelo IGP-DI, da FGV. ** Inclui os restos a nicípios se esforçam para Medicina, pois a qualida- o MS no Orçamento pagar. *** Até 20/10/2014 aplicar o mínimo previs- de da gestão causa impac- Geral da União (OGU). to em lei, a União deixa to direto na assistência da Os desembolsos, no en- Para exemplificar cita de Saúde da Família) ou de gastar, por dia, R$ 28 população e na atuação tanto, chegaram a R$ que, com R$ 131 bilhões, edificar 93 mil Unidades milhões que deveriam dos profissionais. “Os 891 bilhões. Carlos Vi- seria possível construir de Pronto-Atendimento ser destinados à saúde brasileiros têm o direito de tal defende que o Poder 320 mil Unidades Bási- de porte III (com capaci- pública. A conclusão é saber onde, como e se os Executivo aperfeiçoe sua cas de Saúde de porte dade de atender até 450 do Conselho Federal de recursos que confiamos capacidade de gerenciar I (destinadas a abrigar, pacientes por dia), entre Medicina (CFM) que, ao governo estão sendo os recursos disponíveis. no mínimo, uma equipe outras melhorias. 1º mês da Gestão 2014-2019 Investimentos acumulam perdas Diferentes áreas recebem atenção O Governo Federal afirma investir na compra de equipa- mento e na construção, reforma e ampliação de unidades de O primeiro mês de gestão do novo grupo de conselheiros saúde. No entanto, dados apurados pelo CFM mostram que, do Conselho Federal de Me- entre 2003 e 2013, dos R$ 81 bilhões autorizados para este dicina (CFM), presidido por fim, apenas R$ 30,1 bilhões foram efetivamente gastos e ou- Carlos Vital, teve ações em diferentes campos, demons- tros R$ 46,3 bilhões deixaram de ser investidos. Em outras trando seu compromisso com palavras, de cada R$ 10 previstos para a melhoria da infraes- a categoria, a profissão e a sociedade. Em outubro, a nova trutura em saúde, R$ 5,60 não foram aplicados. diretoria da entidade realizou Em 2014, a dotação prevista para os investimentos do MS quatro reuniões para organi- é de quase R$ 10 bilhões. Até 20 de outubro, R$ 3,7 bilhões fo- zar fluxos de trabalho. Uma delas, com a participação dos ram pagos, incluindo os restos a pagar quitados (compromissos presidentes dos Conselhos Re- assumidos em anos anteriores rolados para os exercícios seguin- gionais de Medicina (CRMs), Diretoria: grupo se reuniu quatro vezes para alinhar novos fluxos no CFM tes). Somente R$ 4 bilhões foram empenhados, ou seja, 41% do tratou de demandas estaduais e de questões judicantes, entre dez encontros foram realizados baixos investimentos no Siste- autorizado. O empenho é a primeira etapa do gasto público, uma no mês de outubro. As com- ma Único de Saúde (SUS). outros pontos. A presidência do espécie de reserva que se faz com o dinheiro quando um produto CFM também se reuniu com posições e agendamentos de No texto publicado na edi- diversas entidades, entre elas a reuniões das Comissões e CTs ção de 24 de outubro, sob o ou serviço é contratado pelo governo. No ano passado, o MS con- Associação Nacional dos Mé- estão previstas para serem ana- título “Perda de leitos hospita- seguiu “reservar” apenas metade dos recursos autorizados para lisadas pelo Plenário do CFM lares”, O Estado de S. Paulo dicos Residentes (ANMR) e a investimentos. Associação de Estudantes de em novembro. O Departamen- traz a seguinte reflexão: “Não Medicina (Aemed). to de Fiscalização também rea- são apenas a simples consta- Para o 1º secretário do CFM, Hermann Vivácqua von Tiese- Para o 2º vice-presidente, lizou duas reuniões no período tação, que qualquer um pode nhausen, os dados são estarrecedores. “O Governo Federal diz Jecé Brandão, a entidade para reavaliação dos roteiros fazer pessoalmente, e as fre- que a assistência à saúde é competência dos estados e municí- também está voltada para para hospitais do Manual de quentes reportagens de jornais a população. “O volume de Fiscalização dos CRMs. e televisões, estas com cenas pios, mas os hospitais federais do Rio de Janeiro estão sofrendo pedidos de consultas sobre te- Repercussão – Em outu- particularmente chocantes, com a falta de condições, sendo que deixaram de ser investidos mas relativos à ética médica é bro, levantamentos realizados que comprovam a superlota- surpreendente. Trabalharemos pelo CFM foram fontes de três ção dos hospitais, com doen- R$ 46,3 bilhões”, pontuou. Tiesenhausen também criticou o con- em mecanismos que agilizem editoriais de O Estado de S. tes atendidos nos corredores. gelamento dos valores aos procedimentos de média e baixa com- Paulo. Os textos abordaram Trabalhos técnicos de inegável esse processo por respeito e plexidade. “A Portaria 248/11, do Ministério da Saúde, estabelecia pelo reconhecimento que a so- o atraso na entrega das ações seriedade fazem o mesmo”. ciedade tem pelo CFM”. previstas no Programa de Ace- Nesta edição do Jornal um prazo de até 240 meses para que a tabela SUS fosse revista. As Comissões e Câmara leração do Crescimento (PAC) Medicina, há mais detalhes O que não aconteceu. É sempre assim, o governo coloca no papel, Técnicas (CTs) do CFM vol- para a saúde, a queda do nú- sobre esses trabalhos nas pá- mas não transforma em ação”, afirmou. taram ao fluxo de trabalho e mero de leitos hospitalares e os ginas 6, 7 e 8.

jornal MEDICINA - NOV/2014 PLENÁRIO E COMISSÕES 9

Decisão da Justiça Laudo citopatológico positivo é ato médico parte conclusiva de cêuticos, na condição de fornecer as informações A um laudo citopato- responsáveis técnicos ou (“achados”) ao patolo- lógico positivo contém atuantes em laboratórios gista, a quem cabe in- um diagnóstico, sendo, de análises clínicas, como terpretar o exame, “pois portanto, um documen- também no tocante ao evidentemente trata-se to médico e, como tal, controle/monitoramen- de atuação deste profis- deve ser realizada por um to interno e/ou externo sional na área de preven- profissional da área, con- da qualidade dos laudos ção e diagnóstico, con- Formação: apenas médicos estão aptos para fazer diagnóstico de doenças forme determina a Lei do citopatológicos. O CFF forme previsto na Lei nº macêuticos não poderão de medicina. Atualmente, Ato Médico (12.842/13). também pretendia que o 12.842/13”. De acordo a especialização em Cito- Esse foi o entendimen- CFM se abstivesse de de- com a juíza, realizado analisar os exames, mas, patologia requer um ano to da juíza federal Edna terminar aos médicos que o exame citopatológico dando positivo, há uma Márcia Silva Medeiros não reconhecessem ou e sendo ele positivo, “é carga diagnóstica, que só de estudos, tendo como Ramos ao negar liminar aceitassem esses exames óbvio que está inserida pode ser feita por um mé- pré-requisito os três anos solicitada pelo Conse- positivos sob a responsa- aí carga diagnóstica, ca- dico patologista”, ressal- de residência médica em lho Federal de Farmácia bilidade de farmacêuticos, bendo exclusivamente ta. De fato, ao concluir a Patologia (Anatomia Pa- (CFF), que pretendia inclusive dos programas ao profissional médico liminar, a juíza afirma que tológica). “Enquanto a suspender a eficácia da de prevenção de câncer fazê-lo, em obediência à se os laudos só podem Justiça brasileira acer- Resolução nº 2.074/14, do colo uterino. Lei do Ato Médico”. ser emitidos por médico, tadamente mantém o do Conselho Federal de O CFM apresentou A presidente da So- “é óbvio que o controle diagnóstico citopato- Medicina (CFM), que os contra-argumentos, ciedade Brasileira de e monitoramento deles lógico como atividade disciplina responsabilida- que foram aceitos pela Citopatologia, Letícia também deve ser feito médica, a Resolução nº des dos médicos e labora- juíza federal. Ao negar Katz, enfatiza a posição por médicos”. 2.074/14 do CFM exige tórios de citopatologia. a liminar solicitada pelo da juíza, que declarou O presidente da Socie- a adequada certificação Por meio de ação civil CFF, a magistrada afir- como óbvia a presença dade Brasileira de Patolo- dos seus especialistas, pública, o CFF pretendia mou que não se exige a do médico para realizar o gia (SBP), Carlos Ramos, em benefício da saúde que fosse determinada a participação do médico diagnóstico citopatológi- lembra que a compe- dos cidadãos deste país”, aceitação de realização patologista em todas as co quando ele apresentar tência para diagnosticar argumenta. Para o CFM, de exames citopatológi- fases do exame, sendo alterações pré-malignas doenças exige uma base a decisão da juíza foi cos positivos e assinatura possível ao laboratório ou malignas. “Ninguém clínica, somente adquirida exemplar e vai ao encon- de laudos pelos farma- realizá-lo, bem como está dizendo que os far- nos bancos da faculdade tro da defesa da saúde. Justiça derruba decisão do CFEF Medicina Marítima

Profissionais de Educação Física não poderão praticar a acu- CFM debate regulamentação da atividade puntura, pois o Conselho Federal da categoria não tem o poder de A Câmara Técnica de Me- estender o seu próprio campo de trabalho por meio de resolução ad- dicina Marítima do Conselho ministrativa. Este é o teor da decisão tomada, recentemente, pela 7ª Federal de Medicina (CFM) Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, ao julgar ação se reuniu, no dia 8 de outubro, anulatória de ato administrativo proposta pelo Conselho Federal de para debater os problemas Medicina (CFM) contra a Resolução 69/2003 do CFEF. enfrentados pelos médicos que De acordo com o acórdão, o profissional de Educação Física trabalham em navios brasilei- não pode praticar atos que a legislação não permite, sob pena de ros ou que navegam na costa ferir a Constituição Federal no inciso que trata da regulamentação do país. Atualmente não há regulamentação, o que leva das profissões. “O CFEF não pode regulamentar atos que não estão as empresas a contratarem previstos em lei como privativos dos profissionais que fiscaliza, estrangeiros para atuar nas Fortes (à dir.): se não houver controle abre-se espaço para a anarquia elastecendo-os”, afirma a decisão aprovada por unanimidade pela embarcações, principalmente 7ª Turma do TRF da 1ª Região. nos cruzeiros turísticos. Vigilância Sanitária (Anvisa) na área da medicina maríti- O conselheiro federal pelo Rio Grande do Sul e integrante da “Os brasileiros são os prin- feita por um médico. “Eram ou- ma, tanto nos portos, quanto Comissão de Tomada de Contas do CFM, Cláudio Franzen, elogiou a cipais passageiros, mas como tros profissionais de saúde, que para o trabalho do médico medida do TRF. “Foi feita a Justiça”, afirma. Ele defende que o Poder as embarcações são de outra não tinham a visão da estrutu- embarcado. Se não houver esse Judiciário também seja acionado contra o Conselho Federal de Fisio- nacionalidade, a equipe médica ra mínima para que houvesse controle, abrimos espaço para terapia e Terapia Ocupacional (Coffito), que tem estimulado membros não é contratada aqui”, contou um atendimento adequado”. a anarquia”, disse. A expecta- de sua categoria a realizarem perícias médicas. o almirante Marco Antônio O coordenador da Câ- tiva é que a regulamentação Montenegro, um dos partici- “A lei do ato médico é clara: a perícia é um ato médico e não pode mara e 3º vice-presidente do seja feita por meio de resolu- pantes da Câmara. Segundo CFM, Emmanuel Fortes, afir- ção do CFM. Também partici- ser exercida por outro profissional da saúde. Ainda bem que a Justiça ele, nos 13 anos em que traba- mou que a Câmara trabalhará param da reunião o corregedor tem evitado essas invasões de áreas, que têm sido incitadas pelo lhou como médico embarcado, para que o setor seja regula- do CFM, José Fernando Maia próprio governo”, declarou Franzen. nunca sofreu fiscalização por mentado. “Temos de definir as Vinagre, e o médico-militar, parte da Agência Nacional de bases para a ação do médico Guilherme Winer.

jornal MEDICINA - NOV/2014 10 PLENÁRIO E COMISSÕES

Moção de apoio CFM se manifesta sobre avanço do ebola Plenário cobra empenho das autoridades favor da vigilância sanitá- A nota da entidade foi A Organização acre- ria necessária ao controle encaminhada às autorida- dita que o número de no combate e na prevenção à epidemia da epidemia e em prol do des nacionais, à Organi- casos ainda é subestima- desenvolvimento de va- zação Mundial da Saúde do, sobretudo na Mon- cinas e medicamentos de (OMS), à Anistia Interna- róvia, capital da Libéria. combate e prevenção à cional e à Organização das Nos Estados Unidos e doença, em condições de Nações Unidas (ONU). na Espanha, onde houve produção em larga escala Na mensagem, o Plenário transmissões localizadas, e para distribuição gratui- do CFM também cobra o autoridades continuam ta entre os pacientes. empenho na organização monitorando pessoas “O mundo assiste de campanhas para escla- que possivelmente tive- com perplexidade a au- recimento da população ram contato com os pa- sência de solidariedade sobre a doença. cientes. Leia a moção de para com o continente Até o fim de outubro, apoio do CFM na íntegra africano, hoje vítima de a epidemia de ebola já ti- no portalmedico.org.br. diversos conflitos e epi- nha matado quase 5 mil A iniciativa de propor a demias, como a do ebola. pessoas, sobretudo no moção à avaliação do Ple- O temor manifesto em di- Oeste da África (Gui- nário foi da Comissão de Prevenção: Plenário defende maior cuidado na vigilância sanitária versos países tem implica- né, Serra Leoa e Libé- Ações Sociais do CFM, Conselho Federal dem o fechamento das do até em proposições de ria), segundo balanço da que tem se dedicado a Ode Medicina (CFM) fronteiras do continente fechamento de fronteiras OMS. No total, foram projetos de cunho social aprovou moção contra a africano por conta do ví- à África sob o pretexto de contabilizados 9.936 ca- e humanitário, como a posição de pessoas, gru- rus ebola. No entanto, a dar segurança à humani- sos da doença em sete campanha contra o desa- pos ou governos que pe- autarquia se manifestou a dade”, diz a moção. países. parecimento de crianças. Prevenção ao suicídio Direito de Resposta Cartilha ajuda na defesa da vida CFM aciona judicialmente o site Conversa Afiada Defender a vida e evitar o tabu relacionados ao tema. O Conselho Fede- não fez qualquer tipo de para angariar audiência e atos extremos de desespero. De acordo com o texto, por ral de Medicina (CFM) doação a partidos políticos destruir reputações”, afir- Com esses objetivos, o Con- razões religiosas, morais e ingressou, no dia 22 de ou a candidatos, conforme ma o documento. selho Federal de Medicina culturais, o suicídio é consi- outubro, com uma ação prova a base de dados do Na nota, o CFM ex- (CFM) lança, no início de no- derado transgressão às leis judicial contra o jornalis- Tribunal Superior Eleito- plica que é uma autarquia vembro, a cartilha “Suicídio: divinas, o que dificulta um ta Paulo Henrique Amo- ral (TSE), na qual inexiste federal, cujos recursos informando para prevenir”, diálogo aberto. A publica- rim, responsável pelo site registro de doação em seu arrecadados por meio da iniciativa da Câmara Técnica ção será enviada aos Conse- de Psiquiatria, por sugestão lhos Regionais de Medicina Conversa Afiada, que no nome, o que seria obriga- contribuição de médicos da Comissão de Ações So- (CRMs), profissionais e bi- início do mês publicou tório pela legislação. inscritos se destinam, ciais. “Espera-se que esta bliotecas de escolas médicas. notícia insinuando que a O CFM também di- unicamente, ao custeio contribuição ajude no enfren- Além da versão impressa, o autarquia teria feito uma vulgou nota de esclareci- e aos investimentos em tamento deste grave proble- material ficará disponível, doação de R$ 40 mil para mento à sociedade sobre ações que visam o ético ma de saúde pública”, aposta também, para download no a campanha eleitoral de o caso. “Entendemos nes- exercício da medicina. Ar- o coordenador do grupo e Portal Médico, no ícone Bi- 2012. O pedido exige di- sa medida uma ação que gumenta, ainda, que usa 3º vice-presidente do CFM, blioteca. reito de resposta e retira- visa impedir novos abusos os recursos com base na Emmanuel Fortes. Campanha – A ação da imediata do nome do e a prática do antijorna- transparência e na res- Elaborado com o apoio integra a Campanha Nacio- CFM da publicação. lismo, que não tem com- ponsabilidade, sendo suas da Associação Brasileira de nal de Prevenção ao Suicídio, Psiquiatria (ABP), o docu- lançada pelo CFM e pela A autarquia afirma que promisso com a verdade contas apresentadas, anu- mento aponta o suicídio como ABP. Durante a semana do não houve apuração devi- ou com seus leitores, almente, ao Tribunal de questão de saúde pública. A Dia Mundial de Prevenção da das informações, pois alimentando-se de boatos Contas da União (TCU). cartilha informa a ocorrência ao Suicídio, celebrado em 10 de cerca de dez mil suicídios de setembro, os edifícios do ao ano no Brasil e mais de Congresso Nacional e Me- I Fórum do Médico Jovem será em RO um milhão em todo o mundo. morial JK, em Brasília, além Seu objetivo é contribuir para da sede do Conselho Regional Com o objetivo de debater a realidade enfrentada pelos médicos brasileiros com até dez anos de formação, transformar esse cenário. de Medicina do Estado do Pa- o CFM promoverá, em 14 de novembro, em Porto Velho (RO), o I Fórum do Médico Jovem. “Estamos preocupa- “Há, neste trabalho, informa- raná (CRM-PR), aderiram à dos com o mercado de trabalho dos recém-formados e queremos discutir com eles as melhores alternativas ções que podem ajudar a so- iniciativa e foram iluminados para o problema”, afirma o conselheiro federal por Rondônia e coordenador da Comissão que trata do assunto, ciedade a desmitificar a cultu- de amarelo, cor que representa José Hiran Gallo, que também é 1º tesoureiro do CFM. Outras dificuldades enfrentadas são: más condições ra e o tabu em torno do tema vida, luz e alegria. de trabalho, contratos precários (tanto na saúde suplementar, quanto no setor público) e acesso limitado à e auxiliar os médicos a identi- Ainda como parte da qualificação. Durante o encontro, será debatida a proposta de carreira de estado para o médico. O palestrante ficar, tratar e instruir seus pa- Campanha, iniciada em se- deste tema será o presidente do CFM, Carlos Vital. Em seguida, a vice-presidente da Associação Nacional dos cientes”, explica o presidente tembro, o CFM exibirá, na Médicos Residentes, Naiara Balderrama, falará sobre a “Realidade dos Médicos Jovens: Direitos e Deveres”. A do CFM, Carlos Vital. tarde do dia 3 de dezembro, última palestra, a ser proferida pelo assessor jurídico do CFM, Turíbio Campos, tratará do tema “Direito Médico A cartilha aborda temas no seu auditório, em Brasília, e a Implantação das Resoluções CFM 2.077/14 e 2.079/14”, que foram editadas recentemente e tratam do como barreiras à detecção e o filme Elena. Em seguida, funcionamento dos serviços hospitalares de urgência e emergência e das unidades de pronto-atendimento. a fatores, como o estigma e será realizado um debate.

jornal MEDICINA - NOV/2014 integração 11

18 de outubro - Dia do Médico Giro médico

Homenagem – Conselheiro federal pelo Paraná de 1999 a 2014, o pneumologista Gerson Zafalon Martins foi ho- Atividades marcam data menageado, no dia 18 de outubro, pelo Conselho Regional ções de fiscalização, de Medicina do Paraná (CRM-PR) pela destacada atuação A protestos pela ética em prol da Medicina e da propagação da ética e do conhe- na política, reivindicação cimento. A homenagem foi prestada durante a tradicional por mais segurança, além solenidade anual do Dia do Médico. Martins foi conselhei- de cerimônias festivas ro federal titular por três gestões do CFM. Durante a sua marcaram a programação jornada no Conselho, ocupou diversos cargos, comissões dos Conselhos Regionais e câmaras técnicas participando, de forma efetiva, de im- de Medicina (CRMs) em portantes decisões normativas que aprimoraram ou atuali- outubro, quando se co- zaram o exercício da Medicina, com destaque para o novo memorou o Dia do Mé- Código de Ética Médica e as resoluções sobre atestados dico. Conselhos, como médicos, telerradiologia, prontuário eletrônico, morte en- os de Goiás, Paraná, cefálica e a nova carteira de identidade dos médicos. Ainda Pernambuco e Distrito foi relator de aproximadamente 350 processos ético-pro- Federal, prestaram home- fissionais e palestrante em mais de 150 eventos no Brasil nagens a profissionais que Pela ética: médicos protestaram pela melhoria do atendimento no SUS ou no exterior. Também foi editor da Revista Bioética, uma se notabilizaram pela atu- referência nesta área de estudo. Gerson Martins também o Conselho Regional gestores públicos locais. Se ação ética nos estados. está se despedindo do Conselho Regional do Paraná, do (Cremego) reuniu-se com as falhas não forem corrigi- Em Alagoas, foi re- qual foi conselheiro titular no período de 1993 a 2013, tendo representantes da Polícia das até 12 de dezembro, o alizado o evento Noite presidido a instituição de fevereiro de 2007 a setembro de Militar para reivindicar Cultural, com o lança- São Lucas será interditado 2008. Ao deixar as atividades conselhais, ele vai se dedicar mento de livro da médica melhorias na vigilância eticamente. a projetos pessoais e ao trabalho como perito judicial. Vera Lúcia de Mendonça, dos estabelecimentos de No Acre, depois de sobre a Síndrome de Bur- saúde, já que os médicos receber denúncias so- nout. Na Bahia, as come- estão sofrendo com a in- bre surto de dengue no Distrito Federal – O Conselho Regional de Medicina do morações foram encerra- segurança em Unidades município de Cruzei- Distrito Federal (CRM-DF) promoveu, na noite do dia 17 das com uma caminhada Básicas de Saúde. ro do Sul, o presidente de outubro, solenidade para homenagear os profissionais de protesto pela ética na Interdição – Em Vitó- do Conselho Regional que completaram 50 anos ininterruptos de exercício da política. Organizada pelo ria, o Conselho Regional do (CRM-AC), Marcus Vi- Medicina sem qualquer sanção ético-profissional. Os médi- Conselho Superior das Espírito Santo (CRM-ES), nícius Yomura, visitou cos agraciados receberam o Diploma de Mérito Ético-Profis- Entidades Médicas do Es- após denúncias dos médi- hospitais e unidades bá- sional, instituído por meio da Resolução CRM-DF 186/2001. tado da Bahia (Cosemba) cos do Hospital Estadual sicas de saúde (UBS) de A honraria foi criada com o objetivo de dar conhecimento – formado pelo Cremeb, São Lucas, localizado na maior movimento na ci- público dos exemplos dignificantes no exercício da profissão ABM e Sindimed. A mani- capital capixaba, decidiram dade. A situação perce- de médico. Também foram lembrados aqueles que desem- festação expôs a precária pelo estado de interdição bida foi dramática. Além penharam importante papel junto à sociedade do Distrito situação da saúde pública ética da unidade. A decisão das más condições de Federal e à categoria médica. no Brasil, oriunda também fixou prazo de 90 dias para atendimento, foi consta- da ineficiência da gestão regularização das condi- tada a necessidade de um dos recursos públicos. ções físicas e estruturais do programa de prevenção e Anadem – O presidente do CFM, Carlos Vital, o tesou- Em Goiás, além das estabelecimento. O docu- orientação à população reiro da autarquia, José Hiran Gallo, e o corregedor José homenagens tradicionais, mento foi encaminhado aos sobre a doença. Maia Vinagre foram homenageados no dia 23 de outubro pela Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem) e pelo Fundo Prestamista de Defesa Profissio- nal (Fundap). Eles receberam o título de benfeitores da Medicina e da Odontologia. Na solenidade, foi elogiada a atividade do CFM e a atuação específica de Vital, Gallo e Vinagre, que foram reconhecidos pelo tempo dedicado ao cumprimento de suas ações em prol do fortalecimento da profissão de médico.

Acuidade visual – O teste de acuidade visual para crian- ças e jovens entre 5 e 14 anos de idade virou lei em Pelotas (RS). A lei foi inspirada no Programa de Extensão UCPel Mais Saudável, da Universidade Católica de Pelotas, ide- alizado pelo médico e professor da escola, Roni Quevedo. De acordo com ele, cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam algum tipo de deficiência visual. Por meio do teste, suspeitas de deficit podem ser detectadas e preventivamente tratadas. O exame é simples, de baixo custo e pode ser feito em cerca de dois minutos. É usada uma escala que utiliza a letra “E” em diversas posições, que deve ficar distante cinco metros da criança. De acor- Comemoração em Brasília: O presidente do CFM, Carlos Vital (à esq.), foi homena- do com a Secretaria de Educação do município, o projeto geado no dia 23 de outubro em sessão solene da Câmara Legislativa do Distrito Federal deve atingir 25 mil crianças de 88 escolas urbanas e rurais. (CLDF). A solenidade, proposta pela deputada distrital Celina Leão (PDT/DF) (ao cen- O teste começará a ser feito depois que os primeiros pro- tro), tinha como objetivo comemorar o Dia do Médico. Também receberam a “Moção de fessores receberem as orientações necessárias. “Quere- Louvor” o presidente da Fenam, Geraldo Ferreira, e o vice-presidente do Conselho Regio- mos capacitar pelo menos um professor de cada escola”, nal de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Jairo Zapata. Celina Leão ressaltou que explica Quevedo. os médicos enfrentam dificuldades para garantir atendimento digno e eficaz aos pacientes.

jornal MEDICINA - NOV/2014 12 Ética MÉdica

IV Congresso de Humanidades Médicas Interface entre arte e ciência em debate Conselho Federal abaixo mais informações sidente do CFM. Na sequ- nidade de entrega das Co- O coordenador do IV Ode Medicina (CFM) sobre os agraciados). ência, será realizada a mesa mendas do CFM, em 2014. Congresso e presidente promoverá, de 5 a 7 de no- A abertura do IV Con- “A ciência de fazer arte”, O dia 7 de novembro do CFM de 2009-2014, vembro, em Recife (PE), gresso de Humanidades que terá como palestrantes será destinado para reali- Roberto Luiz d´Ávila, o IV Congresso Brasileiro Médicas, na noite do dia Valdir Reginato, Pablo Gon- zação de oficinas sobre li- defende a importância de de Humanidades Médi- 5, será realizada pelo pre- záles Blasco e Paulo Fer- teratura, cinema e música, eventos como esse. “Para cas, que tem como tema sidente do CFM, Car- nando Barreto Campello de que ficarão sob a coorde- ser um bom médico, o central “Ciência e Arte”. los Vital Tavares Corrêa Mello, que falarão, respec- nação do 2º tesoureiro do profissional deve ter, além O evento terá como ob- Lima, e pelo coordenador tivamente, sobre literatura, CFM, Dalvélio Madruga, da técnica, uma forma- jetivo fomentar a aproxi- do encontro, Roberto Luiz cinema e música. e terão como tema “A arte ção humana muito sólida, mação e a maior interface d`Ávila. Em seguida, está À tarde será realizada de Ariano Suassuna”. As principalmente dos valo- entre a prática médica e previsto o lançamento do a mesa “A arte de fazer ci- oficinas serão conduzidas res clássicos da medicina as diferentes áreas de co- livro “As bases do raciocí- ência”, coordenada pelo pelos mesmos palestran- e, também, do respeito nhecimento, em especial nio médico”, de Fernando secretário-geral do CFM, tes da mesa “A ciência de ao paciente e à sua histó- as que pertencem às ciên- Queiroz Monte, e a apre- Henrique Batista. Os pa- fazer arte”, prevista para o ria. Com a realização dos cias humanas. sentação da Orquestra de lestrantes serão Armando dia anterior. Congressos de Huma- Durante o evento, se- Médicos de Pernambuco. José d’Acampora, Luiz O IV Congresso Bra- nidades, o CFM incenti- rão entregues Comendas Na manhã do dia 6, as Roberto Londres e José sileiro de Humanidades va, nas escolas médicas, do CFM a personalidades atividades começarão com Paranaguá de Santana, que Médicas será encerrado esse debate. A medicina que se destacam no cam- a conferência “A experiên- abordarão, respectivamen- na manhã do dia 7, com é uma arte. Portanto, é po das artes, da saúde pú- cia da Caravana do Creme- te, sobre a relação entre a debates sobre os temas oportuno explorarmos blica, da responsabilidade pe contada em duas can- medicina e o saber e a filo- do encontro, sob coorde- a nossa interface com a social, das humanidades ções”, que terá, também sofia e a sociedade. No fim nação de Carlos Vital e literatura, o cinema e a e do ensino médico (veja como conferencista, o pre- da tarde, ocorrerá a sole- Luiz Roberto Londres. música”, acrescenta.

Conheça os homenageados pela Comenda CFM, em 2014 Aldir Blanc Mendes – Comenda Moacyr Scliar (Medicina, Literatura e Artes)

Carioca, ingressou na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro aos 19 anos, onde se formou em 1971. Por volta de 1977, consagrou-se como um dos mais importantes letristas, compositores e cronistas brasileiros. No entanto, permanece médico inscrito sob o CRM-RJ 160.850, assim como mantém a atualização na especialidade que escolheu, psiquiatria. Durante a carreira, compôs canções com grandes nomes da música brasileira, como João Bosco, Sueli Costa, Cristóvão Bastos, Djavan, Luis Carlos da Vila, Ivan Lins, Wilson das Neves e Guinga, legando clássicos como “O Bêbado e a Equilibrista”, “O Mestre-Sala dos Mares”, “De Frente Pro Crime” e “Caça à Raposa”.

Joffre Marcondes de Rezende – Comenda Fernando Figueira (Medicina e Ensino Médico)

Formou-se na Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, graduando-se em 1950. Foi um dos fundadores da Faculdade de Medicina de Goiás, federalizada em 1960. Na docência, voltou-se às áreas de clínica médica e gastroenterologia. Chefiou o Departamento de Clínica Médica e foi vice-diretor da Faculdade de Medicina. Dedicou-se ao estudo da Doença de Chagas. O trabalho, iniciado em 1955, teve como foco as manifes- tações desta enfermidade no aparelho digestivo. Como resultado, diversos fatos novos foram estabelecidos em relação à fisiopatologia, clínica e diagnóstico da doença.

José Rodrigues Coura – Comenda Sérgio Arouca (Medicina e Saúde Pública)

Natural de Taperoá, cidade do sertão paraibano, aos 19 anos migrou para o Rio de Janeiro, onde se formou, em 1957, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir de 1960, passou a ensinar na faculdade onde se formou, na disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias. De 1961 a 2013, publicou 257 trabalhos em revistas nacionais e internacionais. Publicou, ainda, oito livros e 27 capítulos em outras edições. Um dos livros (Dinâmica das Doenças Infecciosas e Parasitárias) ganhou o Prêmio Jabuti 2006. Organizou e coordenou vários cursos de pós-graduação stricto sensu no Brasil.

Luiz Roberto Londres – Comenda Mário Rigatto (Medicina e Humanidades Médicas)

Sua carreira começou com o primeiro lugar no vestibular da então Faculdade Nacional de Medicina, da Universidade do Brasil. Trabalhou com o professor Carlos Chagas Filho. Nos anos 70, deixou a prática médica e dedicou-se ao estudo da teoria da Medicina. Em 1988, concluiu o mestrado em Filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). No fim dos anos 80, participou da elaboração da Constituição Federal, que garantiu a saúde como direito de todos e dever do Estado. Defende uma Medicina em que os valores humanos tenham mais importância que os números.

Silvia Regina Brandalise – Comenda Zilda Arns Neumann (Medicina e Responsabilidade Social)

Formou-se pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É membro e fundadora do Centro Infantil Domingos A. Boldrini, em Campinas (SP), que é um hospital filantrópico e de ensino, especializado em hematologia e oncologia da criança e do adolescente. Em sua atuação científica, acadêmica e assistencial, contribuiu para edificar os pilares da oncologia pediátrica no Brasil, buscando a centralização do atendimento e implantando tratamentos de maior eficácia e menor toxicidade. Recebeu vários prêmios, um dos mais recentes foi o IV Prêmio Octavio Frias de Oliveira, do Grupo Folha.

jornal MEDICINA - NOV/2014