Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Jornalismo, realizado sob a orientação científica do Professor António Granado

Agradecimentos

- A todos os membros da secção de Desporto de A Bola TV – Carla Sousa Coelho, Pedro Mendonça, José Esteves, João José Pires, Miguel Jorge Fernandes, Ana Carolina Sequeira, Pedro Cravo, José Guedes, Nuno Jorge, Filipe Graça, Marta Santos, André Neto Oliveira, Miguel Custódio, Ana Camboa, Janete Vigia, Rita Latas, Rita Belinha, Rita Latas, João Pedro Rodrigues, Clara Osório, Ricardo Rampazzo, André Pipa, Diogo Oliveira, Joana Miranda, António Pedro Carvalho, Rui Lavaredas, Fabiana Cruz, Francisco Santos Lima; Sérgio Filipe Oliveira, Patrícia Costa, Carla Mendes, Letícia Neto, Carolina Viana, José Fernando Ramos, Edgar Pacheco, Edgar Vaz, Guilherme Camelo, Francisco Campos, Ana Mota, André Veloso, Amadeu Lopes, Mariana Silva, Cristiana Bailão e João Bonzinho – pela ajuda e disponibilidade permanente.

- Ao meu orientador, Prof. Dr. António Granado, pela ajuda neste relatório.

- À Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

- Aos colegas e amigos de longa data do mestrado (Francisco Sebe, Luís Martins, Francisco Sousa, Sílvia Silva, Mariana de Almeida, Margarida Rodrigues, Ana Ferreira, Ricardo Cruz, Beatriz Coelho, Daniela Patornilho, Adriana Matos e Inês Rodrigues)

- À Faculdade de Letras da Universidade do , onde realizei a licenciatura e onde começou esta viagem pelo jornalismo.

- Aos meus pais e irmã, pelo apoio que sempre me deram.

- Aos meus amigos, sempre presentes durante a execução deste relatório.

Jornalismo Desportivo: Mercado de Transferências – Relação entre Jornalistas e Fontes de Informação jornais desportivos

[Sports journalism: Transfer Market – Relationship between Journalists and Information sources in the sports newspapers]

Pedro Maia

RESUMO [ABSTRACT]

PALAVRAS-CHAVE: A Bola TV, A Bola, , , Jornalismo, Estágio, Jornalismo desportivo, Fontes de Informação, Relação Fontes-Jornalistas, Mercado Transferências

Elaborado no âmbito do Mestrado em Jornalismo, este relatório procura conjugar a experiência prática de três meses n’ A Bola TV com uma reflexão sobre a relação entre jornalistas e fontes de informação no jornalismo desportivo no período do mercado de transferências de futebol. Desta forma, vão ser abordados tópicos como: supremacia fontes oficiais, profissionalização das fontes informação, classificação das fontes, fontes de informação no jornalismo desportivo, entre outros. Partindo de uma base teórica (revisão da literatura) para uma análise comparativa dos três jornais desportivos - entre 1 junho e 1 setembro 2015 – este trabalho procura analisar a complexa relação entre jornalistas e fontes de informação no jornalismo desportivo.

KEYWORDS: A Bola TV, A Bola, O Jogo, Record, Journalism, Internship, Sports Journalism, Information Sources, Relationship between Sources and Journalists, Transfer Market

Written in the framework of the Master in Journalism, this report tries to conjugate the practical experience of three months in A Bola TV with a reflection on the relationship between journalists and sources of information on sports journalism in the period of the football transfer market. In this way, they will be addressing topics such as: official sources supremacy, source information professionalization, sources classification, information sources in sports journalism, among others. Going from a theoretic basis (literature) to a comparative analysis of the three sports newspapers - between June 1 and September 1, 2015 - This paper analyzes the complex relationship between journalists and sources of information in sports journalism.

Índice

Introdução ...... 1

A Bola TV ...... 2

Trabalho desenvolvido ...... 8

Análise Quantitativa ...... 9

Análise Qualitativa ...... 15

Fontes de Informação ...... 21

Definição de Fonte Informação ...... 22

Relação entre Jornalistas e Fontes de Informação ...... 24

Profissionalização das Fontes de Informação ...... 28

Revisão Literária ...... 30

Classificação das Fontes ...... 34

Valores-Notícia ...... 36

Jornalismo Desportivo ...... 39

Enquadramento Teórico ...... 41

Fontes de Informação no Jornalismo Desportivo...... 42

História do Jornalismo Desportivo ...... 44

Jornais Desportivos em ...... 46

Mercado de Transferências ...... 50

Metodologia ...... 53

Análise ...... 56

Entrevistas ...... 62

Conclusão ...... 68

Bibliografia ...... 70

Anexos

Anexo I (Gráficos) ...... 77

Anexo II (Entrevistas) ...... 104

Anexo III (Peças realizadas durante o estágio – DVD) ...... 125

Anexo IV (Exemplos de Offs) ...... 126

Introdução

Terminada a componente letiva do mestrado, os alunos que optassem por estágio tinham que escolher um órgão de comunicação para objetivar os conhecimentos adquiridos. No meu caso, queria dar mais um passo na consolidação dos conhecimentos adquiridos, tanto na licenciatura (na Faculdade de Letras da Universidade do Porto), como no mestrado, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. De entre as possibilidades, acabei por escolher estagiar n’ A Bola TV, um órgão jovem que está relacionado com uma das áreas que mais gosto: o desporto.

Para além do trabalho prático que seria requerido, o objetivo residia na possibilidade de entrar numa redação e poder, após o trabalho realizado, ficar de forma definitiva no mesmo órgão. Ainda assim, até conseguir chegar a esse destino, seriam precisos três meses de grande trabalho numa redação onde, pelas limitações em termos de recursos humanos, todas as ajudas são preciosas. Com efeito, neste trabalho, vai ser apresentado, de forma quantitativa e qualitativa, o trabalho efetuado durante os três meses. Desta forma, conseguimos perceber o crescimento que o estagiário foi tendo entre Setembro e Novembro, não só a nível da quantidade de trabalhos produzidos como também da qualidade do trabalho que foi em crescendo ao longo do estágio.

Ainda assim, este relatório não comporta apenas a componente do estágio. Aos alunos foi igualmente pedida a exploração de um tema em concreto. A temática da relação entre jornalistas e fontes de informação sempre foi alvo de muitas discussões entre teóricos, mas, ao nível do jornalismo desportivo, o tema ainda não foi amplamente discutido. Com efeito, e partindo de uma base teórica, que procura enquadrar a temática das fontes de informação e a temática das fontes de informação no jornalismo desportivo, procurou perceber-se – a partir de uma análise comparativa entre os três jornais desportivos (O Jogo, A Bola e Record) entre 1 de junho e 1 de setembro de 2015 – qual a presença e relação entre jornalistas e fontes de informação no jornalismo desportivo. Para além disso, são também apresentados dados onde se pode analisar a diferença no tratamento entre os três grandes clubes em Portugal do ponto de vista dos diários desportivos nacionais.

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A Bola TV

A Bola TV é um canal de televisão que pertence ao grupo Vicra, igualmente detentor do jornal A Bola. Lançado em outubro de 2012, A Bola TV representa, de acordo com Vítor Serpa, diretor do jornal A Bola, uma “evolução fundamental para poder pensar o futuro com alguma tranquilidade”. A única via que a Vicra Comunicações, Lda, vislumbrou para “enfrentar o grave problema da crise e o deslizamento das vendas em papel” foi a criação de “uma central de comunicação assente no nome «A Bola», com critérios muito semelhantes do ponto de vista dos seus conteúdos”.

A ideia enfrentou a “grande dificuldade” de se “criar alguma coisa que fisicamente fosse a mesma”, de acordo com o diretor, mas os responsáveis do projeto acreditaram que seria possível fazer nascer dentro do mesmo edifício um jornal, uma revista, um portal e agora uma televisão, que aproveita “interligações fundamentais” e afirma A Bola como um “projeto global”. A Bola TV é um canal que nasceu da parceria entre a MEO – operador que detém em exclusivo a emissão do canal – e o jornal A Bola.

A Bola TV veio reforçar a aposta na produção e distribuição de conteúdos nacionais, nascendo com uma forte componente interativa e multiplataforma, já que está acessível também no telemóvel, tablet e PC. Para este projeto, que evoluiu da web quatro meses antes da transposição para a TV, foram criados estúdios próprios e formada uma equipa com cerca de 60 profissionais, desde jornalistas, a repórteres de imagem, técnicos de som, entre outros, com o objetivo de cobrir todas as áreas de produção em televisão.

A redação funciona num sistema de “open space”, que consegue assim conjugar todas as partes que compõem a parte informativa do canal. Ainda assim, e apesar da ligação entre as variáveis que produzem os blocos informativos de A Bola TV, os jornalistas e demais profissionais do canal não se encontram todos no mesmo espaço. Podemos, por isso, dividir a equipa de A Bola TV em duas grandes partes: num primeiro espaço, temos a redação do canal, a produção e a equipa de informática. Dentro da redação, existem dois espaços: num temos os coordenadores da estação, noutro temos a redação. É no espaço da coordenação que toda a grelha do canal é gerida. Existem dois turnos – o turno da manhã, entre as 9 e as 18 horas – e o turno da tarde/noite, entre as 15 e as 24

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horas – e, tendo em conta os vários blocos informativos do canal (Bola do Meio Dia, Bola da Tarde, Bola das 9 e Remate Final), os coordenadores gerem a informação diária que é transmitida. Estando a estação organizada por dois turnos, existe um planeamento prévio onde é definido aquilo que vai ser noticiado.

Como forma de estruturação e organização, existem reuniões diárias na coordenação onde são discutidos os assuntos que vão ser trabalhados. Dentro deste tópico, torna-se particularmente relevante perceber que a grelha do canal se sustenta em três pontos primordiais: a agenda que existe diariamente; as “hard news” desportivas (por exemplo, a atualidade dos três maiores clubes portugueses) e as notícias que caem na agência noticiosa com que A Bola TV trabalha, que é a Associated Press (AP). Fazem, ainda, parte das funções destes coordenadores a orientação do trabalho que é feito pelos jornalistas que estão na redação. A partir dos temas em agenda, são estes coordenadores quem estabelecem o trabalho que cada jornalista vai ter em cada dia. São alguns destes coordenadores que dão a cara e apresentam os blocos informativos d’A Bola TV. Desta forma, estes coordenadores/pivots estão encarregues de fazer o alinhamento dos jornais, escolhendo o ordenamento das peças. Ainda que debatendo o alinhamento final com os outros coordenadores, é o pivô o responsável pelo resultado final do jornal.

Para além disso, na área da coordenação, existe ainda uma pessoa responsável pelo arquivo. Esta é uma função fundamental, tendo em conta a quantidade de notícias que vão sendo transmitidas. Sendo um canal desportivo, o horizonte jornalístico de A Bola TV encontra sempre limites e barreiras, pelo que não raras vezes, tendo em conta a repetição dos “protagonistas” da notícia, são necessárias imagens de arquivo com as quais possamos contextualizar os temas e transmitir a informação de forma rigorosa.

Temos, depois, a parte da redação, onde trabalham cerca de 15 jornalistas. Tal como acontece na coordenação, também na redação os jornalistas se dividem em dois turnos: o turno da manhã, entre as 9 e as 18 horas; e o turno da tarde/noite, entre as 15 e as 24 horas. Em relação aos estagiários d’A Bola TV, o horário era fixo. Desta forma, o horário de trabalho que sempre me coube foi o das 15-24 horas.

Em relação ao esquema de folgas, este é rotativo n’A Bola TV. Na prática, e ao contrário do que sucede noutros locais, o jornalista trabalha 6 dias por semana. Ainda assim, e porque o esquema de folgas é rotativo, isso não se traduz num aumento do número de

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dias de trabalho por mês. Finalizado o mês, o jornalista acaba por trabalhar 22 dias, o normal nestes casos. Sendo um horário rotativo, o profissional não tem folgas sempre nos mesmos dias. Ou seja, se um jornalista tem, numa semana, folga à segunda e terça feiras; na semana seguinte, o profissional não vai ter de trabalhar na terça e quarta feira. Este é um esquema que se repete sucessivamente até encontrar os fins de semana. N’ A Bola TV, os jornalistas só têm fins de semana livres de 5 em 5 semanas. Ainda assim, sempre que têm fins de semana, podem ter dois consecutivos (num, têm folga entre sexta e domingo; sendo que na semana seguinte, têm folga entre sábado e segunda feira). Isto acontece para que, tal como mencionado em cima, o jornalista, no final do mês, acabe por trabalhar as mesmas horas e os mesmos dias de um qualquer outro profissional. Em relação aos estagiários, estes não têm de trabalhar aos fins de semana, a não ser que o pretendam.

No meu caso, tendo em conta os três meses de estágio, apenas tive folga nos fins de semana nos primeiros dois meses porque no último, até porque o período de estágio estava a chegar ao fim, optei por trabalhar em todos os fins de semana, folgando maioritariamente na segunda e terça feiras seguintes. Para o estagiário, trabalhar ao fim de semana acaba por ser uma experiência fundamental, pois, sendo A Bola TV um canal desportivo, grande parte do conteúdo informativo acontece ao sábado e ao domingo, com particular incidência para os jogos das diversas modalidades.

Por outro lado, sendo uma redação algo limitada em termos de espaço – não existe número suficiente de lugares para tantos jornalistas –, existe, por vezes, o problema, para alguns jornalistas, de não poderem ficar sempre no mesmo sítio da redação. Dentro de A Bola TV, a experiência é um posto, pelo que a ordem de atribuição de lugares é feita tendo em conta os anos de casa que o jornalista tem. Sendo estagiário, tive, por isso, quase diariamente de trocar de lugar. Ainda assim, este é um processo simples, pelo que previamente se sabe o “plano do dia”; ou seja, quem são os jornalistas que trabalham e quem são os que estão de folga em determinada data.

Por outro lado, um dos aspetos particularmente positivos tem que ver com as condições técnicas a que cada jornalista tem direito. Tendo entrado a 1 de setembro de 2015 no estágio, rapidamente me foram facultados todos os equipamentos que iria necessitar durante os três meses em que ali estaria a estagiar. Esta é uma função da equipa de

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informática do canal, que se situa logo ao lado da redação. Sempre que um novo profissional entra a trabalhar na estação, este tem direito a um “kit” onde pode encontrar um computador portátil, um telemóvel, duas pens-drive (uma que serve de acesso à internet sempre que o jornalista tiver um serviço no exterior; e outra que incluí um programa de legendagem que é utilizado sempre que é necessário cortar um vivo ou fazer uma peça onde sejam precisas legendas), uns headphones e um rato que serve de apoio ao computador. Este “kit” vai acompanhar-nos do primeiro ao último dia em que o jornalista esteja a trabalhar n’ A Bola TV.

Por último, e ao lado da redação, temos a parte da produção da área de informação. Os produtores de informação d’ A Bola TV são responsáveis pelo planeamento dos programas de informação (sobretudo no que diz respeito ao convite de entrevistados e comentadores) e pelo agendamento das saídas em reportagens dos jornalistas do canal. Depois da planificação dos temas em agenda para os blocos informativos diários, os produtores da informação são responsáveis pela marcação de entrevistas e demais serviços com os locais e intervenientes nas reportagens.

Um dos aspetos mais importantes a destacar tem que ver com o acompanhamento que é feito ao estagiário, quer pelos outros colegas de redação, quer pelos coordenadores. Durante os três meses de estágio, o apoio e ajuda são constantes a cada novo membro que integra a equipa A Bola TV. Tendo em conta a nova experiência, os primeiros dias naturalmente que foram de ambientação, sobretudo à forma de trabalho d’ A Bola TV. Aqui, torna-se igualmente importante destacar o espaço em que os jornalistas trabalham. Existe um backoffice em que cada jornalista pode ver o trabalho que tem destinado para o dia, tal como as grelhas de programação diárias. Desta forma, para além do seu próprio trabalho, todos os jornalistas têm sempre acesso ao que está a ser feito em cada dia. Esta é uma ferramenta essencial, pois o jornalista pode controlar o espaço e o tempo do trabalho com mais rigor.

Dentro deste acompanhamento – que é dado sobretudo pelos colegas na redação e pelos coordenadores – existe uma particular importância para os jornalistas mais velhos da casa acompanharem de forma permanente os estagiários. No meu caso, ao longo dos três meses de estágio, fui sempre acompanhado por todos os jornalistas. Em relação aos coordenadores, todos, sem exceção (Carla de Sousa Coelho, Alexandre Évora, João

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Esteves, Ana Carolina Sequeira, João José Pires, Miguel Fernandes, Pedro Mendonça, Filipe Graça, Pedro Cravo e João Esteves) foram fundamentais para que a evolução do trabalho fosse sempre constante. No que diz respeito aos colegas da redação (Marta Santos, André Neto Oliveira, Miguel Custódio, André Lacão, Rita Belinha, Janete Vigia, Rita Latas, Fabiana Cruz, Clara Osório, André Pipa, Ricardo Rampazzo, Diogo Oliveira, Joana Miranda, Ana Camboa, Francisco Lima, Sérgio Oliveira, António Pedro Carvalho, João Rodrigues e Rui Lavaredas), a ajuda foi também constante, fazendo com a qualidade do trabalho fosse cada vez melhor. Mais, ao contrário do que acontece na maioria dos órgãos de comunicação televisivos, em que existem vários editores responsáveis pela edição da reportagem, n’ A Bola TV isso não acontece. Isto é, existe um departamento de edição, mas este trabalha com o jornalista sobretudo quando há reportagens que necessitam de uma edição diferente, com regras menos rígidas do que acontece nas denominadas “hard news”.

Deste modo, é o jornalista que fica responsável pela edição total da peça. O jornalista deve também escrever o texto e preencher uma “linha” no backoffice. Esta linha simula aquilo que aparece, em estúdio, no teleponto; bem como o que surge no ar, no ecrã. Esta linha tem vários espaços para preencher: o “destaque”, que funciona como título da notícia; os “oráculos”, que são as frases que vão acompanhar a peça enquanto ela estiver em direto; e a “proposta de pivot”, que é uma pequena introdução à peça que é lida pelo jornalista antes de a lançar. Em relação ao texto da peça, e ao contrário dos jornalistas efetivos do canal, que não têm de mostrar o seu texto aos coordenadores, isso não acontece com os estagiários. Assim, o estagiário mostra o texto a um coordenador, que depois faz as correções que acha necessárias. Depois deste processo, o jornalista vai até a uma sala junto à régie do canal, onde faz a sonorização da peça.

Tal como referi anteriormente, A Bola TV está dividida em duas partes. Depois de ter analisado a primeira, onde temos redação, informática e produção; é igualmente importante continuar a viagem por esta equipa. Na outra parte d’ A Bola TV, para além do estúdio onde são emitidos os blocos informativos do canal, temos as outras zonas fundamentais à prossecução do trabalho: edição, régie, grafismo e continuidade. Em relação à edição, e tal como já referi, esta é responsável pela edição de reportagens e trabalhos que requerem um outro tipo de tratamento que só estes editores têm

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capacidade para fazer. Depois, temos a régie, onde são coordenados todos os blocos informativos d’ A Bola TV. Na régie estão habitualmente 4 a 5 pessoas por jornal, cada um com uma função diversa: contacto com a pivô, lançamento de peças, realização do jornal e cuidado técnico com som e imagem. Ao lado da régie – para além da sala onde os jornalistas fazem a sonorização das peças – existe a equipa do grafismo e a continuidade. No grafismo são tratados os “spots” publicitários que promovem o canal e os programas d’A Bola TV. Para além disso, o grafismo pode ser igualmente aproveitado pelos jornalistas, em determinadas peças que necessitam de grafismo (por exemplo, no caso da realização de uma peça que pretenda demonstrar o calendário dos três grandes até final do campeonato). Neste caso, o jornalista desloca-se até ao grafismo, expõe aquilo que pretende e, desta forma, consegue uma peça com mais qualidade, tendo a conta a importância do jornalismo de dados. Por último, destaque igualmente para a continuidade, responsável pela supervisão de toda a emissão do canal e pela gravação de momentos que são importantes para o jornalista. Para dar um exemplo, no caso de haver um jogo, há um jornalista que vai ficar responsável pela seleção e edição das declarações dos treinadores de ambas as equipas. Como A Bola TV está a dar em direto essas conferências de imprensa, cabe à continuidade gravá-las para depois disponibilizar esse material ao jornalista para poder trabalhar.

Apesar da natural ansiedade que existe para que todo o trabalho jornalístico esteja em excelentes condições, a relação entre as várias partes do canal é extremamente saudável, o que potencia um forte equilíbrio e dinâmica entre a parte informativa. Apesar de algumas limitações e dificuldades normais para uma estação ainda com tão pouco tempo de idade, o objetivo dentro da redação d’ A Bola TV exige fazer o melhor jornalismo possível, com rigor, qualidade e exigência que o público merece.

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Trabalho desenvolvido

Tal como já mencionado, o presente relatório pretende, para além da exploração do tema “Jornalismo Desportivo – Mercado de Transferências: A relação dos jornalistas com as fontes”, fazer uma demonstração reflexiva acerca do estágio realizado n’ A Bola TV. No caso d’ A Bola TV, podemos dividir o trabalho jornalístico em quatro tipos: peças, reportagens, offs e vivos. Nas peças inclui-se a esmagadora maioria do trabalho que é feito diariamente. Desde saídas de agenda (como por exemplo, o treino de uma equipa) a “hard news”, tudo, dentro do estilo d’ A Bola TV, se inclui dentro das peças. Em relação aos offs, estes podem ser também denominados como breves. Isto é, quando não existe conteúdo suficiente – quer em termos de informação, quer em termos de imagem – para fazer uma peça acerca de um assunto, os coordenadores optam por pedir aos jornalistas que façam offs. No caso d’A Bola TV, os fins de semana são espaços em que estes offs têm particular incidência. Tendo em conta que existem várias modalidades e múltiplos jogos que merece destaque nos blocos informativos do canal, não é possível – até por limitação de tempo dos jornais – em colocar toda a informação dentro de peças. Deste modo, os offs/breves são muito utilizados, sendo que estes são acompanhados de imagem. Por exemplo, no caso de um rescaldo de um jogo que termine empatado 1-1, vão ser precisos 2 offs, um para cada golo. Neste off (ou videotape, estando a falar de linguagem televisiva), o jornalista faz a descrição do golo, ao mesmo tempo que este está a passar no jornal. Em estúdio, o pivot lê o off que o jornalista escreveu. Para além disso, existem também offs que são pedidos pelos jornalistas à edição. Ou seja, quando o jornalista não tem tempo suficiente para juntar um conjunto de imagens que acompanhe o texto, este pede à edição para o fazer. Para além do trabalho com reportagens, este é o trabalho com que a equipa de edição se depara diariamente n’ A Bola TV. Por último, temos os vivos, que se referem às declarações de diversos intervenientes ligados ao desporto. Os vivos são igualmente bastante usados: por exemplo, na conferência de imprensa de antevisão a um jogo, o jornalista d’ A Bola TV tem habitualmente de, entre toda a conferência, ter de cortar um a dois vivos do treinador de determinada equipa. Em relação aos vivos, por vezes estes também precisam de legendagem, daí ser-nos fornecido, tal como referi anteriormente,

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uma pen que inclui um programa com legendas. Geralmente, os vivos acompanham peças, como no caso dos resumos de jogos: primeiro, surgem os resumos dos jogos, que são peças; e depois vêm os vivos das reações dos agentes desportivos, entre jogadores, treinadores e, quando necessário, dirigentes.

Análise Quantitativa

Neste tópico, vão ser analisados os trabalhos realizados no período que compreende o dia 1 de setembro até ao dia 30 novembro. Durante esse esse período foram realizados um total de 295 artigos publicados, que compreendem peças, offs e vivos para os blocos informativos d’ A Bola TV, ou seja, “A Bola do Meio Dia”; “A Bola da Tarde”, “A Bola da Noite e “Remate Final”. A peça foi o género mais realizado, no total de 129 publicadas. Neste contexto, foram consideradas como peças todas as notícias que não requereram a saída em reportagem, e que por isso foram realizadas com base em imagens de arquivo ou imagens retiradas de sites e a agência noticiosa Associated Press. Por outro lado, a reportagem, que exigiu a saída da redação por parte do estagiário, foi também um género presente ao longo do estágio, ainda que apenas em uma ocasião (1 artigo contabilizado). A reportagem “é a principal fonte de matérias exclusivas do telejornalismo. A busca constante da isenção jornalística é a melhor forma de passar as informações para que o telespectador possa tirar as suas próprias conclusões sobre o facto relatado". (Barbeiro & Lima, 2005: 69) Ainda assim, n’ A Bola TV, os estagiários raramente têm “agenda”, ou seja, saem em reportagem, pelo que ter apenas uma reportagem contabilizada durante o período de estágio é algo perfeitamente normal.

Por outro lado, os offs também foram um género bastante presente ao longo do estágio. Tal como podemos ver no Gráfico 1, foram 89 os offs realizados (89 offs contabilizados). Este é um número que acaba por demonstrar aquilo que referi anteriormente. Na grelha d’ A Bola TV, os offs são o segundo género jornalístico mais privilegiado, pelo que foi pedido ao estagiário esse tipo de artigos em diversas ocasiões. Por último, destaque para os vivos. Durante o período de estágio, foram “cortados” 77 vivos, tal como podemos igualmente observar no Gráfico 1 (77 vivos contabilizados). De uma forma

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geral - e tendo em conta os 65 dias de trabalho durante os três meses - podemos concluir que a quantidade de trabalho foi elevada. Como o número de jornalistas não é elevado e a atualidade desportiva é intensa, o número considerável de artigos publicados é um dado a assinalar e revela o forte aproveitamento do estágio curricular n’ A Bola TV.

GÉNEROS JORNALÍSTICOS

Vivos 26%

Peças 44%

Offs Reportagens 30% 0%

Gráfico 1 (Dados: Peças – 128 artigos [44%]; Reportagem – 1 artigo [0%]; Vivos – 77 artigos [26%] e Offs – 89 artigos [30%] – total de 295 artigos contabilizados [100%])

Relativamente às editorias presentes n’ A Bola TV, os jornais estão divididos em quatro editorias: Futebol Nacional, Futebol Internacional, Modalidades e Outros Mundos. Logo a partir desta divisão, conseguimos perceber a enorme importância que o futebol tem comparativamente com as outras temáticas alvo de notícia, em particular quando comparado com as restantes modalidades. O futebol é um desporto visto por milhões um pouco por todo o mundo e é atualmente um espetáculo mediático, tendo-se transformado num negócio que envolve muito dinheiro e emprega muitas pessoas. Curiosamente, é muito pequena a porção de pessoas que vê futebol ao vivo nos estádios. Assim, a relação que os adeptos mantêm com a modalidade é feita, maioritariamente, através dos diferentes media, provando, mais uma vez, a relação umbilical de desporto e media, particularmente com a televisão. A transmissão de

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desportos revela-se, assim, um grande negócio, mas as fontes tradicionais de receitas, os espectadores e patrocínios, têm perdido importância (Maguire, 2004).

Durante o estágio, e tal como podemos ver no gráfico 2, a editoria mais presente foi a de futebol internacional, num total de 108 artigos contabilizados no total de 295 (37%). A pouca distância ficou a editoria de futebol nacional, com um total de 104 artigos contabilizados no total de 295 (35%). Desta forma, podemos ver que 72% dos artigos publicados (212 em 295) foram relacionados com o futebol, o que mais uma vez comprova que A Bola TV acaba por ir ao encontro da maioria dos órgãos de informação desportivos, que privilegiam o futebol, considerado o desporto-rei. A editoria modalidades também se destaca, com 63 artigos contabilizados num total de 295 (21%). Por último, a editoria “Outros Mundos”, onde os blocos informativos d’A Bola TV procuram desenvolver outras temáticas que não só o desporto. Como é natural, esta é uma editoria em que a quantidade de trabalho é inferior, algo que se denota no gráfico 2. Durante os três meses de estágio, foram feitos 20 artigos relacionados com a editoria “Outros Mundos”, numa percentagem de 7 %.

EDITORIAS Outros Mundos 7%

Modalidades Futebol Nacional 21% 35%

Futebol Internacional 37%

Gráfico 2 - (Dados: Futebol Nacional – 104 artigos [35%]; Futebol Internacional – 108 artigos [37%]; Modalidades – 63 artigos [21%] e Outros Mundos – 20 artigos [7%] – total de 295 artigos contabilizados [100%] separados por quatro editorias)

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Torna-se interessante dividir esta análise a partir dos quatro tipos de géneros jornalísticos presentes n’A Bola TV: peças, reportagens, vivos e offs. Tal como podemos ver no gráfico 3, entre as 128 peças realizadas no estágio, 98 foram relativas ao futebol nacional e internacional, com 49 peças para cada uma destas editorias. Concretamente, das 128 peças realizadas no estágio, 76 % foram sobre futebol. Depois, vem as peças relativas a modalidades, sendo que, nesta editoria, foram feitas 20 no total de 128 (16%). Por último, e tal como aconteceu em relação aos géneros jornalísticos, também as peças da editoria “Outros Mundos” saiu desfavorecida, com apenas 10 peças feitas no total de 128 contabilizadas durante o estágio (8%).

PEÇAS

Futebol Nacional Futebol Internacional Modalidades Outros Mundos

Gráfico 3 - (Dados Peças: Futebol Nacional – 49 artigos [38%]; Futebol Internacional – 49 artigos [38%]; Modalidades – 20 artigos [16%] e Outros Mundos – 10 artigos [8%] – total de 128 peças [100%] em 295 artigos contabilizados)

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Tal como já referido anteriormente, durante o estágio n’ A Bola TV foi feita apenas 1 reportagem. Essa mesma reportagem prendeu-se com o “Museu de ”, um museu itinerante onde se podem ver os passos da carreira do jogador português. Desta forma, decidiu-se incluir esta reportagem na editoria “Futebol Nacional”, pelo que esta reúne 100 % desta contabilidade. Desse modo, “Futebol Internacional”, “Modalidades” e “Outros Mundos” ficam a zero no gráfico 4.

REPORTAGENS Modalidades 0%

Futebol Outros Mundos Internacional 0% 0%

Futebol Nacional 100%

Gráfico 4 - (Dados Reportagens: Futebol Nacional – 1 [100%]; Futebol Internacional – 0 artigos [0%]; Modalidades – 0 artigos [0%] e Outros Mundos – 0 artigos [0%] – total de 1 reportagem [100%] em 295 artigos contabilizados)

Em relação aos vivos, o gráfico 5 mostra-nos que o Futebol Internacional acabou por ser a editoria privilegiada, com 37 vivos num total de 77 contabilizados (48%). O Futebol Nacional também foi alvo de diversos vivos, neste caso de 31, que perfaz uma percentagem de 40%. Modalidades e “Outros Mundos” voltaram a ser menos vezes contabilizados, neste caso com 6 (8%) e 4 (4%), respetivamente.

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VIVOS Outros Mundos Modalidades 4% 8%

Futebol Nacional 40%

Futebol Internacional 48%

Gráfico 5 – (Dados vivos: Futebol Nacional – 31 artigos [40%]; Futebol Internacional – 37 artigos [48%]; Modalidades – 6 artigos [8 %] e Outros Mundos – 3 artigos [4%] – total de 77 vivos em 295 artigos contabilizados [100%]

Por último, temos os offs, sendo que aqui há uma alteração. Ao contrário das peças, reportagens e vivos – em que as editorias futebol nacional e internacional foram privilegiadas – nos offs isso não acontece. No gráfico 6, o destaque maior vai para as modalidades, editoria em que foram feitos 37 offs num total de 89 (41%). De seguida, vem o futebol nacional e internacional, com 23 (26%) e 22 (25%) offs realizados, respetivamente. Por último, novamente a editoria “Outros Mundos”, em que foram feitos apenas 7 offs num total de 89 contabilizados durante o estágio.

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OFFS

Futebol Nacional Futebol Internacional Modalidades Outros Mundos

8% 26%

41%

25%

Gráfico 6 - (Dados Offs: Futebol Nacional – 23 artigos [26%]; Futebol Internacional – 22 artigos [25%]; Modalidades – 37 artigos [41%] e Outros Mundos – 7 artigos [8%] – total de 89 offs em 295 artigos contabilizados [100%])

Em suma, conclui-se que o estágio foi também um momento em que, apesar da natural predominância das editorias “Futebol Nacional” e “Futebol Internacional”, todas as outras editorias em que se divide a grelha do canal também estiveram presentes no tipo de artigos produzidos, o que tornou o estágio mais completo.

Análise Qualitativa

Depois de apresentados os gráficos que indicam o trabalho realizado pelo estagiário de forma quantitativa, surge também a necessidade de fazer uma exposição dos trabalhos realizados e da forma como foram sendo realizado ao longo destes quatro meses em dois órgãos completamente distintos. Como já foi mencionado, o curto espaço de tempo levou a que no estágio se procurasse sobretudo desenvolver capacidades em termos jornalísticos, experimentado vários géneros jornalísticos e editorias, bem como diversas formas de tratar a informação. Tal como vimos na análise quantitativa, as editorias de Futebol Nacional e Internacional foram privilegiadas durante o estágio.

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Em Portugal, a importância do futebol aumentou na década de 1990, num processo que se deve, em parte, ao surgimento das televisões privadas (Neves, 2006). Coelho e Tiesler destacam que “atualmente, o futebol tem grande relevância social no país, mas apenas passou a ser reconhecido como “país de futebol” após o Campeonato Europeu de Futebol de 2004” (Coelho e Tiesler, 2006), quando Portugal foi anfitrião de uma das competições mais importantes do desporto a nível mundial, tendo chegado à final do campeonato. Nesta altura, as notícias de teor desportivo ganharam supremacia na agenda noticiosa portuguesa, em detrimento da reportagem política (Boyle e Monteiro, 2005). Deste modo, A Bola TV procura ir ao encontro do interesse das audiências, visto que Mar de Fontcuberta refere que “o público-alvo exerce por isso uma influência fundamental nas decisões da empresa sobre o que dizer e como dizer, pois, tal como afirma Lorenzo Gomis, "um jornal vive enquanto encontra público suficiente, e para viver adapta-se ao que julga serem as necessidades do seu público (...) Os jornais (esta análise pode estender-se a todos os meios) não podem escolher o seu público, embora o procurem e se adaptarem a ele. Quem escolhe é sempre o público." (Gomis, 1987 in Fontcuberta, 2010: 35).

Por outro lado, torna-se importante comparar a evolução do trabalho ao longo dos três meses de estágio n’ A Bola TV. Tal como podemos ver no gráfico 7, o trabalho do estagiário foi cada vez maior e em mais quantidade à medida que o tempo ia passando. De facto, podemos ver no gráfico abaixo que, em três dos quatro géneros jornalísticos (Peça, Reportagem e Offs), setembro foi o mês com menos artigos publicados, enquanto novembro foi o mês com mais artigos publicados. Isso deve-se à evolução do trabalho do estagiário durante os três meses, bem como ao aumentar de confiança dos coordenadores de redação relativamente às capacidades e ao estagiário propriamente dito. Assim, só no caso das reportagens – que, tal como já referi, um estagiário n’ A Bola TV não tem por hábito fazer – é que este fenómeno não aconteceu. Neste caso, a única reportagem – visita ao Museu Itinerante de Cristiano Ronaldo - foi feita em setembro.

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Desta forma, e como podemos ver no gráfico 8, setembro foi o mês em que o estagiário publicou menos artigos, num total de 72; em outubro foram publicados 96 artigos, enquanto em novembro publicaram-se 127 artigos, espalhados por três de quatro géneros jornalísticos e pelas quatro editorias da grelha d’ A Bola TV.

Géneros por mês 60

50

40

30

20

10

0 Peças Reportagens Vivos Offs

Setembro Outubro Novembro

Gráfico 7 - (Dados Géneros por mês: Peças – 29 artigos em setembro, 45 artigos em outubro e 54 artigos em novembro; Reportagens – 1 artigo em setembro, 0 em outubro e 0 em novembro; Vivos – 18 artigos em setembro, 26 artigos em outubro e 33 artigos em novembro e Offs – 24 artigos em setembro, 25 artigos em outubro e 40 artigos em novembro – total de 295 artigos contabilizados [100%])

Total artigos publicados por mês 140

120

100

80

60

40

20

0 Setembro Outubro Novembro

Total artigos publicados

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Gráfico 8 - (Total Artigos por mês: Setembro - 72 artigos, Outubro – 96 artigos e Novembro – 127 artigos: total de 295 artigos contabilizados [100%])

Em termos qualitativos, torna-se também relevante destacar alguns dos trabalhos realizados durante os três meses de estágio. No DVD que serve de complemento a este trabalho, existem alguns trabalhos que considerei serem relevantes. Como no DVD só fazia sentido colocar as peças ou a reportagem realizada – tendo em conta que os vivos não têm a minha voz identificada e os offs são apenas texto, que estão em anexo – tive que selecionar apenas algumas das 128 peças, depois da conversa com o professor orientador deste estágio, o professor António Granado. Deste modo, ficou estabelecido que escolhesse 20 dessas 128 peças. Acabei por fazê-lo, escolhendo as peças que mais marcaram o meu estágio, sobretudo pelo cariz que tem associado. Escolhendo apenas 20 artigos (19 peças e 1 reportagem), optei igualmente por colocar trabalhos das quatro editorias em que se divide a grelha d’A Bola TV.

Deste modo, e analisando estes trabalhos de forma cronológica, optei por colocar a primeira peça realizada n’ A Bola TV. A 4 de setembro, foi-me pedida uma peça (INF_RAUL_C_JIMENEZ_04092015) onde explorasse uma entrevista dada pelo avançado do Benfica Raúl Jiménez a um jornal mexicano, o Record. Esta peça teve uma particularidade que acontece com alguma regularidade n’A Bola TV. Neste caso, era fundamental colocar algumas declarações do mexicano na peça, pelo que foi necessária a gravação, a partir da voz de um outro jornalista, de algumas das frases fortes ditas por Jiménez na entrevista. Deste modo, esta é uma peça que junta grafismo ao trabalho normal do jornalista de edição de imagens e redação do texto. Depois, destaque para a única reportagem feita pelo estagiário durante os três meses (INF_MUSEU_RONALDO_16092015). Este foi um serviço que aconteceu a 16 de setembro e onde foi-me pedido que saísse em reportagem ao museu itinerante de Cristiano Ronaldo, presente no Marquês de Pombal, em Lisboa. Tal como em todas as saídas em reportagem dos jornalistas d’A Bola TV, o jornalista é acompanhado pelo repórter de imagem. A função de ambos está bem definida e complementa-se naquela que deve ser uma união de esforços para que o trabalho final fique de acordo com aquilo que é esperado pelo canal. Desta forma, o apoio do repórter de imagem José Ramos foi

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fundamental para que a qualidade das imagens ajudasse à prossecução da reportagem. Este foi um serviço que marcou particularmente o estágio, tendo em conta que requereu o contacto direto com fontes, neste caso Miguel Paixão – responsável pelo Museu CR7; Pedro Pauleta – diretor da Federação Portuguesa de Futebol – e Aurélio Pereira, responsável pela prospeção de novos talentos para o Sporting Clube de Portugal.

Dentro dos 20 trabalhos assinalados no DVD, destaco igualmente a peça feita a 9 de outubro e que surgiu no âmbito de uma história que envolve Artur e Miguel Santos, avô e neto que têm a passagem pelo Benfica como algo que os une (INF_GERACOES_MUSEU_09102015). Neste caso, as entrevistas foram feitas pelo jornalista d’ A Bola TV António Pedro Carvalho, mas, tendo em conta que nesse dia esse mesmo jornalista tinha outros serviços em agenda, acabou por ser o estagiário a fazer a peça sobre este encontro de gerações no Museu Cosme Damião. Por outro lado, destaque também, dentro da editoria “Futebol Internacional”, para a peça INF_ADEUS_RAUL_15102015, em que, a partir de imagens da AP e da internet, foi pedido ao estagiário uma peça sobre o adeus de Raúl González, uma das maiores referências do futebol espanhol e em particular do Real Madrid. Na editoria “Outros Mundos”, devo destacar a peça INF_NEVILLE_GIGGS_19102015 na qual, a partir de imagens da Associated Press, foi feita uma peça sobre um projeto inovador de Gary Neville Ryan Giggs, dois ex-jogadores do Manchester United que acolheram vários sem abrigo enquanto o seu hotel de luxo estava a ser construído, na Baixa de Manchester.

Dentro do futebol internacional, relevo a peça INF_CHELSEA_TERROR_27102015, que procurava explorar a má temporada de José Mourinho no clube londrino. Tal como é possível ver, esta é uma peça que, por ter transmissão de dados, mais uma vez inclui grafismo. No futebol nacional, é importante analisar a peça INF_LEAKS_MANE_OTAMENDI_LIMPEZA_11112015, onde foram explorados mais alguns casos ligados ao “Football Leaks”, um site que, nos últimos meses, tem revelado pormenores desconhecidos do mundo do futebol. Neste caso, esta peça teve o apoio da equipa de edição d’A Bola TV. Como na peça era necessário a observação dos documentos do “Football Leaks”, a edição era mais complicada, pelo que o recurso ao apoio da edição foi fundamental para o trabalho.

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Depois, destaque para a peça INF_FRANCA_ALEMANHA_13112015. Esta foi uma peça realizada a 13 de novembro, data em que aconteceram os atentados de Paris. Uma das explosões aconteceu perto do Stade de France, palco do encontro entre Franceses e Alemães. Tendo em conta a importância do tema, aquilo que seria um resumo normal de um jogo acabou por se transformar numa peça onde tive de contextualizar o porquê de este ter sido um encontro tudo menos normal. Por último, dentro das modalidades, destaco a peça INF_HOQ_PORTO_SPORTING_14112015. Neste caso, foi-me pedido que fizesse o resumo do encontro de hóquei em patins entre FC Porto e Sporting. Os resumos de modalidades são em tudo diferentes aos resumos dos jogos de futebol. Enquanto nos encontros de futebol, o resumo é quase feito lance a lance, com o jornalista a ter de demonstrar detalhadamente tudo o que está a ser visto pelo telespetador; no caso dos resumos de jogos de modalidades a situação é um pouco diferente. Como geralmente há mais golos – este é o caso, no hóquei em patins – o jornalista acaba por não escrever para as imagens. O texto é escrito sem esse tipo de preocupações e os principais lances acabam por passar sem que haja sempre uma direta relação entre texto/imagem. Neste DVD, destaque também para outros trabalhos, como INF_REGRESSO_JESUS_LUZ_22102015 (de 23 de outubro), INF_SCP_SLB_FCP_DOMINGO_07112015 (7 de novembro) e INF_ESTREIAS_SANTOS_14112015 (de 14 de novembro, também com grafismo).

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Fontes de Informação

Neste tópico, torna-se fundamental citar novamente Mar de Fontcuberta. A autora realça que “a maioria dos jornalistas não é testemunha presencial dos factos que relata”. Desta forma, defende que “os jornalistas têm que se informar antes de redigir a maioria das suas notícias”. E é aqui que entram as chamadas fontes de informação. Fontcuberta assinala que “as fontes de informação são, portanto, pessoas, instituições e organismos de todo o tipo que facilitam a informação de que os meios de comunicação necessitam para elaborar notícias”. Para a autora, “esta informação é de dois tipos: a que o meio procura através dos seus contactos; e a que o meio recebe por iniciativa dos vários setores interessados” (Fontcuberta, 1999). Chegamos, assim, à conclusão de Gans, autor que refere que “sem fontes, não há reportagem”. Para Gans, “produzir notícias começa, justamente, pelas fontes, sendo a base fundamental do jornalismo e sem a qual o mesmo não existiria” (Gans, 1979).

Por isso, para Wolf, “torna-se fundamental que o jornalista esteja em contacto permanente com as fontes, construindo uma carteira de fontes a quem possa recorrer no tratamento noticioso de um novo acontecimento. O autor destaca que “os repórteres não têm tempo para desenvolverem contactos com fontes que não são conhecidas ou passarem pela rotina que transforma estranhos em informadores” (Wolf, 1987). Fontcuberta afirma que “o jornalista não tem o dom da ubiquidade, necessitando de relatos verídicos sobre acontecimentos nos quais não pode estar fisicamente”. Desta forma, a autora realça a importância de “recorrer a alguém que consiga relatar, de uma forma íntegra e verdadeira, o acontecimento: as fontes de informação”. Por outro lado, Mar de Fontcuberta destaca que “a credibilidade do bom jornalista está também dependente da fiabilidade das fontes a que recorre”. Por isso, para a autora, “a conquista de fontes de informação fiáveis e de qualidade prestigia os meios de comunicação” (Fontcuberta, 1999).

Todavia, realce-se a opinião de Felisbela Lopes, que considera que “quando o jornalista escreve uma peça noticiosa apenas a partir de uma fonte pode colocar sérias dificuldades para justificar a ‘sua boa-fé’ nos factos que, depois, se vêm a comprovar

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serem falsos” (Lopes, 2000). Assim, o jornalista não deve, sempre que possível, basear o seu trabalho apenas em uma fonte. Da mesma opinião é Héctor Borrat que, citado por Fontcuberta, sustenta que “quanto maior for a quantidade, qualidade e diversidade das informações que comunica e das fontes que cria, maior será a sua credibilidade e, por isso, a sua influência”. Para o autor, “o poder informativo do jornal evidencia-se, então, pelo número, qualidade e pluralismo das suas fontes de informação”. Borrat realça que “perante um determinado facto noticiável, o jornal precisa de ter várias fontes contrastáveis para que a sua versão não seja uma simples transcrição ou reprodução da de uma única fonte, nem reflita apenas a versão de uma das partes do conflito” (Borrat, citado por Fontcuberta, 1999).

Definição de Fonte de Informação

O conceito de fonte não se resume apenas ao jornalismo. Aliás, para Berlo, “toda a comunicação humana tem uma fonte”. O autor refere que “depois de determinar o meio através do qual pretende interagir com o recetor, a fonte codifica a mensagem destinada a produzir a resposta desejada, fator do qual depende a fidelidade da comunicação” (Berlo, 2003). Berlo identificou quatro fatores que podem aumentar a fidelidade da fonte: “a) suas habilidades comunicativas; b) suas atitudes; c) seu nível de conhecimento; d) sua posição dentro do sistema sociocultural” (Berlo, 2003).

Herbert Gans é outro dos autores que definiu o conceito “fonte”. Para Gans, fontes são “os atores que os jornalistas observam ou entrevistam, incluindo entrevistados que aparecem na televisão ou são citados em artigos de revistas, e àqueles que apenas fornecem informação de base ou sugestões de histórias”. O autor destaca que “a característica mais saliente das fontes é o facto de estas proporcionarem informação enquanto membros ou representantes de grupos de interesse organizados, ou de setores ainda mais amplos da nação e da sociedade” (Gans, 1979).

Melvin Mencher e Denis McQuail também se debruçaram sobre o assunto. Para Mencher, “a fonte é o sangue do jornalista” (Mencher, 1991), enquanto McQuail realça que “as relações com as fontes de informação são essenciais aos media noticiosos e,

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muitas vezes, constituem um activo processo binário”. Para McQuail, “os media noticiosos estão sempre à procura de conteúdos convenientes e conteúdos (nem sempre convenientes) estão sempre à procura de uma saída nas notícias” (2003: 291).

Rogério Santos refere que “as fontes de informação representam um elemento fundamental na produção da notícia”. Para o autor, “uma fonte de informação é a entidade (instituição, organização, grupo ou individuo, seu porta-voz ou representante) que presta informações ou fornece dados ao jornalista, planeando ações ou descrevendo factos, além de avisar o jornalista da ocorrência de acontecimentos”. Santos divide as fontes em fontes primárias e fontes secundárias, referindo que “apesar de haver fontes primárias e secundárias, o jornalista deve tentar, sempre que possível, privilegiar as primárias, pois, por norma, são mais fidedignas” (Santos, 2006).

Por outro lado, Joncew define uma fonte de informação como “qualquer entidade detentora de dados que possam suscitar a criação noticiosa”. Para Joncew, as fontes podem ser classificadas sob três perspetivas: 1 - O relacionamento que estabelecem com os jornais, podendo ser internas (jornalistas, arquivo ou centro de documentação da publicação) ou externas (outros meios de comunicação e organizações informativas, como as agências de comunicação); 2 - A perspetiva do seu estatuto, podendo as fontes ser oficiais (órgãos de Governo, por ex.) ou oficiosas (entidades com representatividade reconhecida, tais como os sindicatos, associações, organizações não governamentais (ONG) e clubes desportivos) e 3 - Tendo em conta as suas características: humanas (contactos pessoais e o público em geral) ou documentais” (Joncew, 2005).

Gaye Tuchman também realça a importância das fontes de informação, realçando que “a fonte é o ponto da origem noticiosa”. Por outro lado, Manuel Pinto realça que “as fontes são pessoas, são grupos, são instituições sociais ou são vestígios – falas, documentos, dados – por aqueles preparados, construídos, deixados.” Para o autor, “as fontes remetem para posições e relações sociais, para interesses e pontos de vista, para quadros espácio-temporalmente situados”. Todavia, Pinto destaca que esta não é uma relação inocente, isto é, “as fontes a que os jornalistas recorrem ou que procuram os jornalistas são entidades interessadas, quer dizer, estão implicadas e desenvolvem a sua atividade a partir de estratégias e com táticas bem determinadas” (Pinto, 2000).

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Em “Fuentes de Información y Credibilidad Periodística”, Javier Sanchéz refere que “as fontes contam ou mandam, confiam ou enganam, ajudam ou subornam”. Assim, Sanchéz defende que “as fontes não fornecem apenas informação, mas também esperam obter – com muita (e crescente) frequência – um benefício da sua aproximação com os jornalistas, não fornecendo informação por generosidade ou altruísmo, mas levadas pela ambição de pré-fabricar um relato dos acontecimentos” (Sanchez, 2005).

Relação entre Jornalistas e Fontes Oficiais

Aos olhos dos jornalistas, nem todas as fontes são iguais. Aliás, para Gandy, “há a questão do desequilíbrio entre fornecedores e clientes dos media informativos e de outros conteúdos”. Na obra “Beyond Agenda Setting”, o autor refere que “algumas fontes são mais poderosas do que outras, ou têm mais poder de negociação pelo seu estatuto, domínio do mercado ou valor comercial intrínseco (Gandy, 1982). O autor utiliza mesmo a expressão “subsídios de informação” para se referir a poderosos grupos de interesses que utilizam os jornalistas para afirmarem as suas causas. Para Gandy, “esta situação reflete-se, por exemplo, no acesso privilegiado dos mais poderosos, política e economicamente, e na posição favorecida dos media e dos sistemas mediáticos mais ricos do mundo” (Gandy, 1982).

Para Gans, “as fontes melhor sucedidas em ganhar acesso aos media noticiosos (de elite) são as mais poderosas, com bons meios e bem organizadas para fornecer aos jornalistas o tipo de "notícias" que eles querem, exatamente no momento certo”. Para o autor, “os jornalistas movem-se num grupo pequeno de fontes, dominado pelas pessoas que eles contactam ou pelas quais são contactados regularmente” (Gans, 1979).

Molotch e Lester referem que “tais fontes são, em simultâneo, ‘autorizadas’ e ‘eficientes’ e gozam, muitas vezes, de ‘acesso habitual’ aos media noticiosos” (Molotch e Lester, 1974). Para os autores, “existe um possível limite à independência e diversidade das notícias, decorrente da dificuldade dos media em evitarem o uso do material dessas fontes”. Rogério Santos procura igualmente explicar esta dependência dos jornalistas em relação a algumas fontes. O autor defende que “tal

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deve-se, sobretudo, a condicionamentos relativos à falta de tempo ou de recursos por parte do jornalista”. Santos defende que “para a fonte, o valor do jornalista pode variar a partir da sua “organização noticiosa, localização geográfica, área de especialização e seu posicionamento hierárquico na profissão” (Santos, 2006).

Mas isto é algo que não se estende apenas às fontes de informação. Os jornalistas também têm uma hierarquia de contactos, ou seja, fontes a quem recorrem com mais incidência. Estas tornam-se mais importantes quando têm, por exemplo, acesso direto ao poder. Para Becker, “o jornalista pode recorrer a uma determinada fonte mais pelo que é do que pelo que realmente sabe, pois, a maioria das pessoas acredita na autoridade da posição, além de que quanto mais prestigioso for o título ou a posição do indivíduo, maior será a confiança das pessoas na sua autoridade”. A isto, Becker chama “hierarquia da credibilidade” (Becker, 1967). Desta forma, pela posição que ocupam, estas fontes acabam por serem mais aceites pelos jornalistas.

Hall et al, na obra “A produção social das notícias: o Mugging nos media”, descreve estas fontes como “definidores primários” de tópicos (Hall et al., 1993). Para Rogério Santos, “todos os jornalistas procuram fontes centralizadas” (Santos, 2006), numa posição defendida por Chaparro, que refere que “quanto mais competentes se tornam as fontes, mais capazes são de determinar enfoques, relevâncias e até títulos na narração jornalística” (Chaparro, 2001). Por terem mais recursos e serem mais poderosas, estas fontes oficiais podem colocar mais facilmente os acontecimentos na esfera mediática, ao contrário das fontes não oficiais, que têm mais dificuldades e precisam de um maior esforço para conseguir que as suas informações cheguem ao domínio público.

Na obra “Deciding What’s News”, Gans realça que “as fontes capazes de antecipar informação aos jornalistas também são mais selecionadas (Gans, 1979). O autor dá mesmo o exemplo de “governos, responsáveis de instituições públicas e privadas, empresários e todos os designados para falar em nome do interesse público possuem, enquanto fontes autorizadas ou fidedignas, um enorme volume informativo, sendo capazes de controlar o seu acesso e gerir a sua disseminação de acordo com interesses específicos”. Sigal é outro dos autores que realça que “as fontes autorizadas/oficiais predominam nas notícias”. O autor destaca que, “para ser alvo de cobertura mediática, o cidadão anónimo precisa de causar impacto público, fazendo-o frequentemente

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através de atos extraordinários”. Para Leon Sigal, “isso descredibiliza-o enquanto fonte de informação”. Por conseguinte, o autor defende que “as fontes oficiais são aos olhos dos jornalistas «mais respeitáveis» e, por isso, mais utilizadas” (Sigal, 1973). Gans identifica alguns dos fatores que podem explicar a preferência dos jornalistas pelas fontes oficiais. Para Herbert Gans, “incentivos, poder da fonte; proximidade social e geográfica relativamente aos jornalistas e a capacidade de fornecer informações credíveis” são fatores relevantes. Mais, o autor refere que “outros fatores que podem ter influência na escolha das fontes são também a conveniência, a autoridade aferida, a fiabilidade, a respeitabilidade e a capacidade de produção de informação” (Gans, 1979).

Em 2005, Joncew definiu regras para a relação entre jornalistas e fontes de informação. Para a autora, “1) a boa fonte deve ser competente e qualificada e o jornalista só deve recorrer à mesma na sua área de conhecimento; 2) as fontes podem ser “profissionais”, ou seja, conhecedoras e especialistas no relacionamento com jornalistas, como os assessores de imprensa e profissionais de relações públicas; 3) nenhuma fonte é desinteressada, mesmo que não seja profissional; 4) se houver vítima e esta puder falar, deve ser ouvida; 5) a recolha de informação deve acontecer de forma sistemática e com rigor metodológico, sendo que todos os dados devem ser verificados e confirmados a partir de outras fontes; 6) o jornalista deve ter regras para se relacionar com as fontes, preparando-se devidamente para as entrevistas; 7) as fontes devem ser sempre citadas; 8) os dados que são obtidos em off-the-record devem ser usados apenas para confirmar informações fornecidas por outras fontes; 9) quando há falha na recolha de informação, todo o trabalho fica comprometido, aconselhando-se o reconhecimento do erro e recomeço do trabalho; e, por último, 10) o jornalista não deve aceitar questões previamente elaboradas pelas fontes” (Joncew, 2005).

Quando a fonte é oficial, o jornalista procura-a com insistência. Por isso, Jorge Pedro Sousa, defende que “algumas fontes tendem a ser privilegiadas, enquanto outras são marginalizadas, eliminadas ou cobertas de forma negativa” (Sousa, 2005: 56). Gans assume que “os jornalistas preferem fazer referência a fontes oficiais porque presume- se que essas fontes sejam mais credíveis, quanto mais não seja porque não podem mentir abertamente e porque também são consideradas mais persuasivas em virtude de as suas ações e opiniões serem oficiosas” (Gans, 1979). Para Rogério Santos, “o êxito

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das fontes oficiais no acesso aos meios noticiosos reside sobretudo no desempenho dos seus recursos financeiros, institucionais, culturais que se traduzem em credibilidade, legitimidade e voz autorizada, ao contrário das fontes não oficiais” (Santos, 2006).

Denis McQuail vai ao encontro desta opinião, defendendo que “algumas fontes são mais poderosas do que outras, tendo mais poder de negociação pelo seu estatuto, domínio no mercado ou valor comercial intrínseco (McQuail, 2003). Tuchman considera que “a notícia pode ser uma aliada das instituições legitimadas, quando os media cobrem as instituições constituintes da hierarquia do Estado, contribuindo, assim, para o seu conhecimento público”. Sobre a questão da autonomia dos jornalistas, Stuart Hall e colegas (1993) realçam que esta existe numa “dimensão relativa, estando os jornalistas dependentes em relação às fontes institucionais (“definidores principais”) que acabam por tornar-se nos principais agentes da formação das ideias dominantes”.

Paul Manning é outro dos autores que procura explicar o porquê desta hierarquia. Para Manning, “a pressão dos deadlines promove a dependência dos jornalistas em relação às fontes oficiais, pois estas suscitam, por norma, interesse jornalístico, precisamente porque são poderosas e as suas ações refletem-se no dia-a-dia dos consumidores das notícias” (Manning, 2001). Para Rogério Santos, “o jornalista tenta, o máximo possível, resistir às pressões (internas ou externas), tentando garantir a sua isenção e autonomia, mas nem sempre é possível este distanciamento”. Santos realça que “a relação próxima de poderes da administração de um conglomerado e dos dirigentes de um meio jornalístico aproxima ou funde os seus interesses” (Santos, 2006).

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Profissionalização das fontes

Tal como vimos no tópico anterior, as fontes de informação têm visto o seu papel cada vez mais marcado na construção noticiosa. Rogério Santos enaltece que isso “leva a um significativo aumento da profissionalização das fontes, sejam elas oficiais, não oficiais ou especializadas” (Santos, 2006). Para Fernando Correia, “a procura da informação é crescentemente substituída pela sua «oferta»: as fontes mais poderosas e organizadas, privadas e públicas, aperfeiçoam mecanismos de persuasão/influência e de «facilitação» do trabalho jornalístico, dificultando a sua capacidade de iniciativa, criatividade e distanciamento e favorecendo a homogeneidade e burocratização da informação” (Correia, 2006). O autor realça que “profissionais exteriores ao campo jornalístico e alheios às suas especificidades cívicas e deontológicas (gestores, publicitários, relações públicas, consultores, assessores, comentadores, animadores, etc.) têm cada vez mais interferência e participação, mesmo que indireta, na produção jornalística”. Desta forma, para Fernando Correia, “o poder das fontes organizadas ligadas aos diversos poderes condiciona cada vez mais a capacidade de decisão e a autonomia do jornalista” (Correia, 2006).

Para Manuel Chaparro, o aumento de profissionais de relações públicas, de gabinetes de assessoria de imprensa e de empresas encarregadas de gerir a comunicação e a imagem das instituições mostra aquilo que denomina de “Revolução das fontes”. O autor realça que “as fontes tornaram-se entidades organizadas, interessadas e preponderantes, mesmo quando não aparecem”. Chaparro assume que “as fontes se tornaram produtoras competentes dos acontecimentos e saberes que interessam aos jornalistas”. O autor defende que estas “Almejam o sucesso, nos confrontos em que se envolvem”, e que o seu sucesso “depende da divulgação que possa ser acreditada, buscando por isso a linguagem e o ambiente do jornalismo” (Chaparro, 2001).

A “revolução das fontes” estendeu-se à criação de informação para utilização do jornalista. Assim, foram criados os chamados “pseudo-eventos”, temática explorada pelo autor Daniel Boorstin. Para o autor, “estes não são espontâneos, mas essencialmente provocados com o objetivo de serem contados ou gravados, sendo que

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as circunstâncias são organizadas tendo em vista o meio de informação a que se destina” (Ribeiro, 2006). Ainda assim, para Vasco Ribeiro, os “pseudo-acontecimentos podem não ser motivados somente pelas fontes, mas também pelos próprios jornalistas, quando estes solicitam comentários sobre assuntos já encerrados ou de parca importância ou quando baseiam as notícias nos boatos que mais lhes convêm, com o intuito de fomentar ou até mesmo criar novas estórias” (Ribeiro, 2006). Isto cria um problema pois, para Joncew, “estes pseudo-acontecimentos confundem os papéis de fonte e jornalista, pois não se sabe ao certo quem cria o acontecimento, compõe e elabora a notícia” (Joncew, 2005).

Tal como já referimos, Manuel Chaparro realça que as fontes profissionalizadas têm utilizado “a linguagem e o ambiente do jornalismo” (Chaparro, 2001). Para Manuel Pinto, “este é o processo que conduziu à sua organização e institucionalização das fontes, agora com uma capacidade profissional e ofensiva de marcar a agenda das redações (Pinto, 2000). Vasco Ribeiro, professor e investigador na Universidade do Porto, realça que “ao longo do tempo, os jornalistas têm vindo a confiar, cada vez mais, nos dados que são provenientes dos assessores de imprensa, porta-vozes governamentais ou técnicos de gabinetes de relações públicas e agências de comunicação (Ribeiro, 2006). Deste modo, para Gans, “as organizações noticiosas vão tendendo para a passividade, enquanto as fontes interessadas são muito mais ativas, o que torna os órgãos jornalísticos mais permeáveis àquelas fontes” (Gans, 1979).

Em 1974, Harvey Molotch e Marylin Lester aplicaram o conceito de “promotores de notícias” para se referirem às fontes que tentam tornar ou impedir que certos acontecimentos se possam tornar notícia. Vasco Ribeiro realça que, “nesta categoria, estão incluídos os assessores de imprensa ou relações públicas, cujo principal desejo profissional é conferir uma dimensão de acontecimento público a factos relativos às entidades que representam” (Ribeiro, 2006). Para Ribeiro, “estes promotores de notícias conhecem bem as rotinas jornalísticas, aproveitando-se disso mesmo para exercer a sua tentativa de promoção de notícias”. Stuart Hall e colegas consideraram mesmo que “algumas fontes são tão poderosas que conseguem definir o enquadramento noticioso, o que acaba por pressupor uma menor capacidade e autonomia no trabalho do jornalista” (Hall et al., 1993).

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Fontes de Informação: Revisão Literária

Para Vasco Ribeiro, “o processo de construção de notícias só começou a ser analisado do ponto de vista das fontes de informação a partir dos anos 70 do século XX” (Ribeiro, 2006). Leon V. Sigal, em 1973, fez um estudo entre o noticiário político dos jornais diários norte-americanos The New York Times e The Washington Post. Vasco Ribeiro refere que “o autor chega à conclusão de que as notícias resultam não tanto do que os jornalistas efetivamente pensam, mas da informação que as fontes transmitem – embora esse caudal informativo sofra a mediação das organizações noticiosas e respetivas rotinas e convenções jornalísticas” (Ribeiro, 2006). Neste sentido, Sigal conclui que “a notícia depende das fontes que a alimentam, que, por seu turno, dependem da forma como o jornalista procura e/ou recebe a informação” (Sigal, 1973).

Para Vasco Ribeiro, “o autor pretendia descobrir como é que a imprensa faz a cobertura dos acontecimentos nacionais e mundiais e como essa mesma informação é processada”. Desta forma, Sigal conseguiu abranger duas áreas: o campo jornalístico e o da política. O investigador mostra que o autor concluiu que “a maior parte das notícias provém dos políticos, superiorizando o papel de qualquer outra fonte, sendo que as notícias que têm origem em fontes autorizadas do governo representam metade do total da amostra”. Leon Sigal demonstra que “as fontes oficiais ganham preponderância em relação às restantes, pelo que a autoridade e a credibilidade da fonte acabam também por relacionar-se com a sua posição hierárquica”. Por fim, outra das conclusões do autor é que “o jornalista também prefere conhecidos a desconhecidos, apenas recorrendo a pessoas menos representativas aquando de uma quebra de rotina, um acontecimento inesperado” (Sigal, 1973).

Outro dos estudos foi trazido por Gans, que, após analisar o comportamento dos jornalistas nas redações de vários órgãos de comunicação social (cadeias de televisão norte-americanas CBS e NBC e revistas Time e Newsweek, considera “a fonte como fator crucial para a qualidade da informação produzida pelos media” (Ribeiro, 2006). Para o autor, “fontes de vários tipos (institucionais e oficiosas; estáveis e provisórias; ativas e

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passivas; conhecidos e desconhecidos) coexistem, dentro de um sistema, com jornalistas (especializados ou não especializados) e público” (Ribeiro, 2006).

Gans distinguiu as fontes entre “Conhecidos” (representantes das elites políticas, económicas, sociais e culturais) e “Desconhecidos” (cidadãos anónimos), chegando Gans à conclusão de que “os conhecidos produzem quatro vezes mais notícias do que os desconhecidos” (Ribeiro, 2006). Vasco Ribeiro continua a explorar as conclusões do estudo de Gans para referir que, segundo o autor, “o acesso dos jornalistas às fontes não é, também ele, uniforme.” Segundo Gans, “os jornalistas especializados estabelecem relações mais próximas e continuadas com as fontes” (Ribeiro, 2006).

Todavia, para Gans, “as fontes procuram passar a informação que mais lhes convém e segundo um prisma favorável, enquanto os jornalistas porfiam na busca de factos que as fontes tentam, por vezes, ocultar e na abordagem diferenciada desses mesmos factos” (Ribeiro, 2006). Herbert Gans conclui que “os órgãos de informação são tendencialmente passivos, o que constitui uma óbvia vantagem para as fontes, tanto mais que estas se revelam, por norma, bastante ativas” (Gans, 1979).

Outro dos estudos citados por Vasco Ribeiro é o de Stephen Hess, que “teve como investigação a observação dos gabinetes de imprensa de cinco agências federais de Washington, instigando-se sobre a posição da fonte em situações de crise, invulgares e inesperadas, e outras de rotina”. Ribeiro refere que “Hess concluiu que pouco se sabe sobre as relações entre jornalistas e governo, impelindo, na época, a uma investigação mais exaustiva neste âmbito”. O autor refere “que os jornalistas e as fontes movem-se em círculos de influência, reagindo às atitudes uns dos outros” (Ribeiro, 2006).

O investigador cita igualmente a obra “Negotiating control – a study of news sources”, onde “os autores analisaram os expedientes utilizados pelas fontes para protegerem as suas organizações da indagação jornalística e das fugas de informação” (Ribeiro, 2006). Ribeiro realça que “os autores preocuparam-se, sobretudo, com a forma como as fontes diligenciam para proteger a sua organização da intromissão dos jornalistas, ao mesmo tempo que tentam obter publicidade positiva favorável, que é vista como um modo valorizado de manter o controlo sobre o ambiente organizacional” (Ribeiro, 2006). Tal como Gans, Richard V. Ericson et al. destacaram a importância da negociação entre

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fontes e jornalistas durante a produção noticiosa. Para os autores, “as notícias são um processo de transação entre os jornalistas e as suas fontes” (Ericson et al. 1979).

Relativamente à dependência entre jornalistas e fontes, “os autores concluem que o controlo do processo noticioso varia de caso para caso, dependendo do contexto, do tipo de fontes envolvidas, do tipo de órgão de comunicação social implicado e do assunto em causa” (Ribeiro, 2006). Para os autores, “trata-se de saber quem pretende controlar quem através dos relatos noticiosos, e de como todas as fontes e organizações noticiosas envolvidas se veem como fazendo parte do processo” (Ericson et al., 1989).

Mancini e Hallin procuraram estudar a relação entre jornalistas e fontes em sede parlamentar. Os investigadores procuravam perceber, segundo Vasco Ribeiro, “possíveis perversidades que podem resultar da forte proximidade entre quem fornece a informação (políticos) e quem lhes dá a cobertura noticiosa (jornalistas)” (Ribeiro, 2006). Mancini e Hallin, citados por Traquina, concluíram que “se, por um lado, os políticos usam os jornalistas para colocarem estrategicamente no espectro mediático as informações que mais lhes convêm, por outro, os jornalistas também fazem uso impróprio, mas igualmente estratégico, das declarações dos políticos, mesmo se dadas informalmente”. Deste modo, os autores defendem que “se gera entre jornalista e fonte uma relação que oscila, frequentemente, entre a suspeita e a confiança” (Ribeiro, 2006).

Neste tópico, também destacamos o estudo de Paul Manning, em que o autor encontrou um paradoxo. Para Manning, “se suspeitamos que os governantes têm uma facilidade considerável em determinar as agendas e controlar o fornecimento de informação disponível ao domínio público; porém, regularmente, somos confrontados com o surgimento de novas histórias noticiosas que realçam a incapacidade das organizações corporativas e dos governos de evitar que certas informações prejudiciais aos seus interesses saiam para o exterior” (Manning, 2001). Segundo o autor, “instituições como os ministérios, o parlamento, a polícia, os organismos estatais, entre outras, suscitam sempre interesse jornalístico, precisamente porque são poderosas e as suas ações refletem-se no dia-a-dia dos consumidores das notícias” (Manning, 2001). Manning concluiu que as fontes exercem mais influência nos jornalistas em dois momentos: “quando libertam e produzem informação, mas também quando se

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silenciam, já que quando a fonte não transmite a informação, colabora para que esta nunca seja do conhecimento público” (Ribeiro, 2006).

Vasco Ribeiro também destaca alguns estudos portugueses que se debruçaram sobre as fontes de informação. Um dos exemplos é de Nélson Traquina, que chegou a três conclusões no seu estudo: a primeira é a de que “a relação entre o jornalista e a fonte é «sagrada e protegida por lei», sendo frequentes os casos em que as pressões para divulgação dos deep throat são dirimidas em tribunal”; a segunda, segundo Ribeiro, é a de que “o jornalista sabe que as fontes de informação não são desinteressadas” (Ribeiro, 2006). Por último, a terceira consideração também se prende com a hierarquia das fontes. O autor fala da “credibilidade da autoridade” para referir que “quanto mais alta é a posição do informador melhor é a fonte de informação” (Traquina, 1993). Traquina conclui, por isso, que “as pessoas com mais autoridade são favorecidas no processo de produção de notícias” (Traquina, 1993).

Vasco Ribeiro também desenvolveu um estudo em 2006 que analisou a influência das fontes no noticiário político. O investigador analisou os quatro grandes diários portugueses (Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Público) durante os anos 1990, 1995, 2000 e 2005. Ribeiro concluiu que “cerca de 60% do noticiário político é dominado pelas fontes do Governo e de partidos políticos com assento na Assembleia da República” (Ribeiro, 2006). Em relação à tipologia de fontes, Vasco Ribeiro chegou à conclusão de que o Diário de Notícias e o Público, tidos como diários de referência, “são os que mais recorrem a fontes anónimas, quer on background, quer on deep background (…), tendo em vista a publicação de notícias com dados em primeira mão e em exclusivo” (Ribeiro, 2006).

Por último, realce para o investigador Ricardo Jorge Pinto que concluiu, ao estudar quatro diários – Diário de Notícias, Le Monde, The New York Times e The Times – entre 1970 e 1995, que há “uma relação mista de conflito e cumplicidade entre jornalistas da área política e os políticos que lhes servem de fontes” (Pinto, 1997). Segundo o autor, “essa é a razão que explica uma diminuição do recurso a fontes identificadas, sendo estas preteridas pelas anónimas”. Para Pinto, “as fontes diversificaram-se e o contacto com os jornalistas está mais facilitado”. Isto porque, segundo as conclusões de Ricardo Jorge Pinto, “a proximidade entre o meio jornalístico e o circuito político encoraja o

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relacionamento mais frequente com as fontes e, por outro, os políticos têm hoje consultores de comunicação e imagem (muitos deles antigos jornalistas que mantém ligações pessoais com ex-colegas no ativo) tendo em vista, precisamente, uma exposição mediática consentânea com os seus interesses” (Pinto, 1997).

Classificação das fontes

São vários os teóricos que se debruçam sobre a temática da classificação das fontes. Para além da distinção feita por Gans entre “Conhecidos”, representantes de diversas elites da sociedade; e “Desconhecidos”, que são os cidadãos anónimos; temos outras classificações que é importante destrinçar. Manuel Pinto, na obra “Fontes jornalísticas: contributos para o mapeamento do campo”, categoria as fontes em oito formas: “1. segundo a natureza: fontes pessoais ou documentais; 2. segundo a origem: fontes públicas (oficiais) ou privadas; 3. segundo a duração: fontes episódicas ou permanentes; 4. segundo o âmbito geográfico: fontes locais, nacionais ou internacionais; 5. segundo o grau de envolvimento nos factos: oculares/primárias ou indiretas/ secundárias; 6. segundo a atitude face ao jornalista: fontes ativas (espontâneas, ávidas) ou passivas (abertas, resistentes) (Caminos Marcet, 1997; Borrat cit. in Bezunartea et al.1998, p.81- 82); 7. segundo a identificação: fontes assumidas/explicitadas ou anónimas/confidenciais; 8. segundo a metodologia ou a estratégia de atuação: fontes pró-ativas ou reativas (McNair, 1998), preventivas ou defensivas” (Pinto, 2000).

Por outro lado, olhemos para Rogério Santos que faz distinção entre “fontes oficiais, mais poderosas, que garantem, com facilidade, a mediatização dos acontecimentos; fontes não oficiais (associações, empresas de menor dimensão, grupos cívicos, organizações não governamentais), que têm menos facilidade ao divulgar os acontecimentos; fontes especialistas, ou seja, possuidoras de um conhecimento específico de uma área do saber e fontes anónimas (pessoas a quem o jornalista atribui opiniões sem revelar a sua identidade)” (Santos, 2006). O autor conclui que o jornalista aceita melhor as fontes oficiais, por estarem mais perto do poder.

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Na obra “Elementos do Jornalismo Impresso”, Jorge Pedro Sousa classifica as fontes de acordo com a sua proveniência. Estas, segundo o autor, podem ser “internas (os próprios colegas ou arquivo da redação), externas (uma fonte exterior contactada pelo jornalista) ou mistas (um jornalista que presenciou um acontecimento noticiado por um jornalista de outro meio de comunicação)”. Para Sousa, as fontes também podem ser divididas por estatuto, podendo ser “oficiais estatais (Assembleia da República), oficiais não estatais (partidos políticos), oficiosas (um assessor de comunicação ou porta-voz) e informais (a testemunha de um acontecimento, por exemplo)” (Ribeiro, 2006).

Já para Richard Ericson e colegas, “existem quatro categorias de fontes: jornalistas, porta-vozes de instituições/organizações não governamentais e cidadãos individuais”. Quando se referem a cidadãos individuais, os autores referem que estes “representam a vox populi, tendo um menor estatuto na hierarquia das fontes, o que não obsta a que surjam num grande número de notícias, uma vez que também refletem os pontos de vista dos jornalistas” (Ribeiro, 2006). Para além disso, Vasco Ribeiro realça que estes autores também apontam a existência de “fontes não especificas, que não têm qualquer indicação da sua entidade ou filiação organizacional” (Ribeiro, 2006).

Mencher é outro dos autores que também identificou vários níveis de identificação de fontes. A divisão de Melvin Mencher prende-se com os compromissos assumidos pelo jornalista. Desta forma, Mencher tipifica “quatro níveis de identificação de fontes: on the record (atribuição direta, para publicação), off-the-record (confidência total), on background/not for attribution (atribuição com reserva) e on deep background (atribuição com reserva total)”. No que diz respeito ao “on the record”, a fonte é identificada e as suas declarações podem ser usadas pelo jornalista. Situação diferente acontece no “off the record”. Neste caso, a confidência é total, ou seja, “o jornalista, quando expressamente aceita ouvi-lo, não deve identificar a fonte ou divulgar qualquer informação que ela tenha fornecido” (Ribeiro, 2006).

Para o investigador Vasco Ribeiro, “o off the record constitui uma profícua ferramenta de trabalho para as fontes profissionais de informação quando usado de forma estratégica, pois pode, preventivamente, travar eventuais notícias negativas ou evitar a perda de notoriedade de um determinado político” (Ribeiro, 2006). Em relação ao “On Background/not for attribution”, Vasco Ribeiro realça que quando esta situação ocorre,

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“a fonte não é totalmente identificada”. Ainda assim, são dados alguns dados sobre a condição da fonte, sendo utilizadas expressões como “fonte próxima de…”, “um membro do Governo”, “um dos participantes na reunião”, entre outros (Ribeiro, 2006). Para Ribeiro, “as fontes on background podem ser usadas como objeto de enunciação no trabalho jornalístico, além de que podem moldar a construção noticiosa, sem que o leitor se aperceba que a fonte daquela informação é a principal parte interessada”.

Por último, destaque para a fonte “On Deep Background”. Tal como vamos poder observar na análise quantitativa e qualitativa aos três jornais desportivos em análise, este é um tipo de fonte bastante utilizado. Neste caso, Ribeiro realça que a fonte volta a não poder ser identificada, tal como “não podem ser fornecidos dados que indiciem a sua condição ou o ambiente onde atua”. Assim, podem ser utilizadas designações como ““fonte bem colocada”, “fonte bem informada” ou “fonte autorizada”, “apurou-se”, “sabe-se”, “é do nosso conhecimento”, “segundo nos informaram” (Ribeiro, 2006). O investigador e professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto defende que “o on deep background pode afigurar-se como uma arma poderosíssima, podendo, nas mãos erradas, causar muitas vítimas, continuando sempre sob o escudo de proteção jornalística” (Ribeiro, 2006).

Valores-Notícia

Aquando da análise de um qualquer órgão de comunicação social, é importante perceber aquilo que para o jornal em questão é notícia. Para Bourdieu, “os jornalistas têm os seus óculos particulares através dos quais veem certas coisas e não outras, e veem de uma certa maneira as coisas que veem." (Bourdieu, 1997). Galtung e Ruge foram os primeiros autores a tentar identificar os valores-notícia que os jornalistas utilizam no seu trabalho e que influenciam o fluxo noticioso.

Em resposta à pergunta "como é que os acontecimentos se tornam notícia", os autores enumeram doze valores-notícia: 1) a frequência, ou seja, a duração do acontecimento; 2) a amplitude do evento; 3) a clareza ou falta de ambiguidade; 4) a significância; 5) a consonância, isto é, a facilidade de inserir o "novo" numa "velha" ideia que corresponde

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ao que se espera que aconteça ; 6) o inesperado; 7) a continuidade, isto é, a continuação como notícia do que já ganhou noticiabilidade; 8) a composição, isto é, a necessidade de manter um equilíbrio nas notícias com uma diversidade de assuntos abordados; 9) a referência a nações de elite; 10) a referência a pessoas de elite, isto é, o valor-notícia da proeminência do ator do acontecimento; 11) a personalização, isto é, a referência às pessoas envolvidas; e 12) a negatividade, ou seja, segundo a máxima "bad news is good news" (Galtung e Ruge, 1965/1993).

Para Erickson, Baranek e Chan (1987), “os valores notícia, ou critérios de noticiabilidade, são múltiplos, encruzilhados, e não são fáceis de classificar pelo analista de pesquisa". Todavia, os autores referem que os valores-notícia não são obrigatórios, mas sim “elementos que ajudam o jornalista a reconhecer a importância dos acontecimentos, a proceder a escolhas entre as alternativas e a considerar as escolhas a fazer” (Traquina, 2004:101). Contudo, Traquina traz à problemática uma distinção entre os valores-notícia de seleção e os valores-notícia de construção, algo que Galtung e Ruge não fizeram. Wolf, citado por Traquina, estabeleceu esta distinção. Para Wolf, “os valores-notícia de seleção referem-se aos critérios que os jornalistas utilizam na seleção dos acontecimentos, isto é, na decisão de escolher um acontecimento como candidato à sua transformação em notícia e esquecer outro acontecimento”. Em relação aos valores- notícia de construção, Wolf defende que estes “são qualidades da sua construção como notícia e funcionam como linhas-guia para a apresentação do material, sugerindo o que deve ser realçado, o que deve ser omitido, o que deve ser prioritário na construção do acontecimento como notícia. (Traquina, 2004: 108).

Nélson Traquina, indo ao encontro de Wolf, faz a sua própria divisão, dividindo os valores-notícia em critérios de seleção, onde se incluem os “critérios substantivos (Morte - razão que explica “o negativismo do mundo jornalístico que é apresentado diariamente nas páginas do jornal ou nos ecrãs da televisão”; Notoriedade - para o autor, “o nome e a posição da pessoa são importantes como fator de noticiabilidade”; Proximidade - o autor dá o exemplo: "Um acidente de viação com duas vítimas mortais em Cascais poderá ser notícia num jornal de Lisboa, e possivelmente, mas com maior dificuldade, num jornal do Porto"; Relevância - determina que “a noticiabilidade tem a ver com a capacidade de o acontecimento incidir ou ter impacto sobre as pessoas, sobre

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o país, sobre a nação”; Novidade - o autor defende que “para os jornalistas, uma questão central é precisamente o que há de novo, o que aconteceu pela primeira vez”; Fator- Tempo - Traquina refere que “o fator tempo é um valor-notícia numa terceira forma, um entendimento do facto tempo numa forma mais estendida ao longo do tempo. Devido ao seu impacto na comunidade jornalística, um assunto ganha noticiabilidade e permanece como assunto com valor-notícia durante um tempo mais dilatado”; Notabilidade - para o autor, “algo é notícia se se notar, de ser visível, de ser tangível e Inesperado - isto é, aquilo que irrompe e que surpreende a expectativa da comunidade jornalística e o conflito ou a controvérsia” (Traquina, 2004).

O autor destaca também os critérios contextuais (Disponibilidade – “a facilidade com que é possível fazer a cobertura do acontecimento”; Visualidade – “se há elementos visuais, como fotografias ou filme, sendo que em particular no jornalismo televisivo, este valor-notícia é um fator de noticiabilidade fundamental” e o Dia Noticioso, pois segundo Nélson Traquina, “os acontecimentos estão em concorrência com os outros acontecimentos”. Por outro lado, nos valores de construção o autor inclui a Simplificação – “quanto mais o acontecimento é desprovido de ambiguidade e de complexidade, mais possibilidade tem a notícia de ser notada e compreendida”; a Amplificação – “quanto mais amplificado é o acontecimento, mais possibilidades tem a notícia de ser notada”; a Relevância – “quanto mais "sentido" a notícia dá ao acontecimento, mais hipóteses a notícia tem de ser notada”; a Personalização – “quanto mais personalizado o acontecimento, mais possibilidades tem a notícia de ser notada, pois facilita a identificação do acontecimento em termos "negativo" ou "positivo"”; a Dramatização – “o reforço dos aspetos mais críticos, o reforço do lado emocional, a natureza conflitual” e a Consonância – “quanto mais a notícia insere o acontecimento numa "narrativa" já estabelecida, mais possibilidades a notícia tem de ser notada”. (Traquina, 2004: 117 e 118)

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Jornalismo Desportivo

O desporto já não é visto como um “parente pobre” no jornalismo. Para Berstein e Blain, “há muito que o desporto deixou de ser um interesse marginal dos media para assumir um papel central na imprensa generalista e arrogando-se cada vez mais como uma forma especializada de jornalismo ou uma editoria relevante dos media” (Berstein e Blain, 2002). Apesar de, segundo Rowe, o jornalismo desportivo ainda ser considerado o ‘toy department’ (Rowe, 2007), a verdade é que a atualidade desportiva merece atualmente amplo destaque entre os órgãos de comunicação social. A propósito disto, torna-se relevante citar Thakur, que refere que “mesmo não cobrindo os chamados “assuntos sérios”, a realidade é que o jornalismo desportivo, durante muitos anos visto como uma espécie de deus menor, tem vindo a ganhar importância, “à medida que o desporto cresceu em riqueza, poder e influência” (Thakur, 2010).

Em relação a David Rowe, este acaba por se referir à transversalidade dos eventos desportivos. Para Rowe, “a imprensa desportiva, tanto jornais como revistas, podem ajudar a incrementar o interesse antes do evento desportivo propriamente dito e mantê-lo na esfera mediática muito tempo após o mesmo terminar, o que é fomentado pelo estatuto de celebridade que envolve as figuras desportivas” (Rowe, 1999). Na sua obra “A Representação do Futebol na Imprensa”, o autor Rui Novais realça mesmo que “o jornalismo desportivo oscila entre o imediatismo da oferta informativa ou cobertura noticiosa pura e a dependência do comentário de experts que participam na construção da perceção dos eventos” (Novais, 2010). Desta forma, o autor demonstra que facilmente se pode passar do “8 ao 80”, e vice-versa. Rui Novais refere que “a cobertura mediática da imprensa desportiva é “imediatista e extremada”, alternando entre a exaltação (aquando dos resultados vitoriosos) e “a crítica estratégica e contundente” (quando se trata de desfechos menos positivos), uma característica do jornalismo desportivo que o autor denomina de “estrabismo jornalístico” (Novais, 2010).

Ainda assim, como já vimos, existe ainda um estigma em relação ao jornalismo desportivo. Yanez é um dos autores que recusa a descrição do jornalismo desportivo como “parente pobre da comunicação” (Yanez, 2010). Bernstein e Blain concordam e

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vão ao encontro da opinião de Thakur, para demonstrar que “o jornalismo desportivo deixou de ser um interesse marginal dos media e tem agora um papel de destaque na imprensa generalista, bem como se afirma como uma editoria relevante e uma forma especializada de jornalismo” (Bernstein e Blain, 2002).

Ainda assim, também temos teóricos que continuam a menorizar o jornalismo desportivo. Um dos casos é Bob Franklin, que refere que “a importância cada vez mais significativa do jornalismo desportivo é, por si só, um sintoma do declínio crescente dos padrões jornalísticos” (Franklin, 2011). Para Sugden e Tomlinson, o jornalismo desportivo é encarado apenas “como uma mera exposição de resultados de jogos, sendo um espaço para debates sobre jogadores e equipas, que acabou por criar celebridades, incluindo os próprios jornalistas desportivos” (Sugden e Tomlinson, 2007).

Nota ainda para Erbolato, autor que cita António Alcoba que, em 1980, apontou oito pontos que devem estar presentes na preparação prévia do jornalista antes de um evento desportivo. Para Alcoba, “o jornalista deve ter conhecimento sobre as instalações - o jornalista deve saber as particularidades e inovações do espaço desportivo em que decorre o evento”, o material, pois “as inovações tecnológicas podem alterar o rendimento do atleta”, o regulamento e programa, já que é “essencial que o jornalista conheça bem as regras basilares da modalidade que esteja a noticiar, bem como o próprio acompanhamento da competição, para que esteja a par do rendimento anterior das equipas e dos seus elementos constituintes”; os treinadores, pois o jornalista deve ter “toda a informação sobre a equipa, bem como as técnicas e estratégias que a mesma aplica”; os atletas, pois “são os verdadeiros protagonistas do espetáculo desportivo, pelo que é essencial conhecer o mínimo da sua carreira; ranking, pois “o jornalista deve ter total conhecimento da composição do ranking e no que este se altera com o resultado do jogo que está a noticiar”; os aspetos históricos, que se traduz no “conhecimento das edições anteriores da competição, principais recordes e alguns dados estatísticos da mesma” e os prognósticos, para ter noção “daquilo que tem mais probabilidade de acontecer no jogo, o que é algo que atrai e motiva os espectadores.“ Além de conhecer as regras e os regulamentos, o jornalista precisa inteirar-se de uma série de fatos que, por serem infringidos ou esquecidos, podem constituir base para um bom noticiário” (Erbolato, 1981).

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Enquadramento teórico do Jornalismo Desportivo

Para Felisbela Lopes e Sara Pereira, “o jornalismo desportivo não tem uma tradição de estudos académicos, nem costuma ser alvo de reflexões aprofundadas por parte da classe jornalística” (Lopes e Pereira, 2006). Boyle, no livro “Sports Journalism: contexto and issues”, acabou por chegar à mesma conclusão (Boyle, 2006).

Contudo, ainda existem alguns estudos sobre este tema. Falamos por exemplo de Wayne Wanta que considera que “há dois aspetos positivos nesta área de investigação: primeiro, devido à natureza e à própria história do jornalismo desportivo; depois, como houve alguma falta de atenção no passado a esta temática, os futuros estudiosos têm novas e várias áreas inexploradas para perscrutar” (Wanta, 2013). Lowes, em “Inside the sports pages: Work routines, professional ideologies and the manufacture of sports news”, acaba por chegar à conclusão que também no jornalismo desportivo há uma hierarquização no acesso às fontes de informação. O autor analisou e comparou a cobertura entre os desportos amadores e profissionais na América do Norte, concluindo que se assiste a uma abordagem deficitária quando se trata de desportos amadores, pelo que “as forças económicas das indústrias noticiosas acabam por levar à dominação dos desportos profissionais nas coberturas noticiosas” (Lowes, 2004).

Em 2007, David Rowe analisou os dados obtidos no estudo “Play the Game International Sports Press Survey”, realizado em 2005 em 10 países (Alemanha, Áustria, Austrália, Dinamarca, Escócia, Estados Unidos da América, Inglaterra, Noruega, Roménia e Suíça), com 10 mil artigos analisados de 37 jornais. Rowe, que, como já citado neste trabalho, descreve o jornalismo como um “toy department”, acabou por fortalecer esta opinião com os resultados a que chegou. Para Rowe, “a maior parte das peças desportivas têm como foco o relato das competições e dos momentos antecedentes (58% de todos os artigos), enquanto foram negligenciados outros assuntos ligados diretamente aos contextos sociais em que o desporto está inserido, como a política desportiva (5%), financiamento (3%) e os impactos sociais do desporto (2,5%)” (Rowe, 2007).

Por último, destaque para um estudo realizado em Portugal por Rui Novais e Cláudia Cruz, em 2010. Neste estudo, os autores analisaram as notícias de quatro jornais

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portugueses (O Jogo, A Bola, Correio da Manhã e 24 Horas) referentes às quatro jornadas duplas da fase de apuramento da Seleção Portuguesa para o Campeonato do Mundo de Futebol de 2010. Os autores chegaram a duas conclusões: a primeira é a de que existe “alguma homogeneização do conteúdo em virtude de se tratar do mesmo evento e porque os jornalistas desportivos em grande medida funcionam no sistema de grupo -acedem às mesmas fontes e partilham algumas das demais rotinas essenciais” e depois, “a crescente prevalência do comentário e da opinião sobre os textos de cariz puramente noticioso e informativo” (Cruz e Novais, 2010).

Fontes de Informação no Jornalismo Desportivo

Na obra “Introdução ao Jornalismo Desportivo”, Luís Sobral e Pedro Magalhães realçam a desvalorização que o jornalismo desportivo foi sentindo. Destaque-se a afirmação dos autores, que consideram que “há alguns anos, o jornalismo desportivo era aceite, no máximo, como de segunda divisão”. (Sobral e Magalhães, 1999).

Todavia, tal como acontece noutras áreas do jornalismo, também na área desportiva as fontes de informação são fundamentais. Assim, Sobral e Magalhães agruparam as fontes no desporto em três tipos: fontes institucionais (Secretaria de Estado do Desporto, Instituto Nacional do Desporto, Comité Olímpico de Portugal, federações, ligas, associações, sindicato e clubes), fontes espontâneas (médicos, empresários, treinadores e jogadores) e fontes confidenciais-anónimas (“as fontes espontâneas podem adquirir o estatuto de anónimas ao revelar factos que colocam em xeque as instituições, obrigando-as a agir”) (Sobral e Magalhães, 1999).

Relativamente às fontes de informação, Coelho destaca a importância de haver uma relação equilibrada entre fontes e jornalistas desportivos. Para o autor, a isenção deve estar acima de tudo e “não pode haver uma amizade que faça com que informações negativas sobre o atleta sejam divulgadas, mas também não deve acontecer o contrário, ou seja, uma antipatia e inimizade que origine a recusa de fornecimento de informações por parte do atleta” (Coelho, 2003). Assim, Coelho realça que nunca deve existir uma “troca de favores” entre jornalista e atleta. Rui Novais também aborda o assunto,

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destacando que para o jornalista, “a dificuldade está em conseguir separar a amizade do relacionamento profissional” (Novais, 2010). Mas para Sobral e Magalhães, os jornalistas “devem estar sempre atentos às motivações das suas fontes, evitando colocar-se ao serviço seja de quem for: treinadores, jogadores, presidentes, empresários, árbitros” (Sobral e Magalhães, 1999).

Numa altura em que abertura dos clubes aos jornalistas é cada vez menor, Rui Flores realça que “a ligação entre fontes e jornalistas no jornalismo desportivo pode ser mesmo complicada, resultando numa debilitação do elo mais fraco, no caso, os jornalistas, pois são eles que têm páginas para fechar e que têm que lidar com a diminuição dos temas e a pressão decorrentes do tempo” (Flores, 2004). Desta forma – e esse é um dos tópicos abordados neste trabalho – os órgãos lidam com problemas éticas, pois por vezes optam por não abrir guerra com os clubes de futebol, sob pena de perderem futuras fontes. O autor considera mesmo que “a preocupação por parte das chefias das redações em não enfrentar os clubes resulta, cada vez mais, em autocensura” (Flores, 2004). Erbolato realça mesmo que “o jornalista pode funcionar apenas como “pé - de microfone” (fazendo perguntas pouco pertinentes, com receio de atingir as suas fontes) e de “pombo-correio” entre figuras que não conseguem enfrentar-se diretamente, tornando-se, assim, numa arma de arremesso para as diferentes personalidades clubísticas” (Erbolato, 1981).

Por outro lado, o jornalista encontra outro problema, que tem que ver com a profissionalização da comunicação dos clubes. Todos os clubes já têm diretores de comunicação que moldam os discursos dos agentes desportivos. Erbolato refere-se a isso, dizendo que se cria no jogador “uma série de mecanismos de defesa, retirando-lhe toda a espontaneidade, de tal forma que 99% daquilo que diz são evasivas plenas de clichés, chavões e lugares-comuns” (Erbolato, 1981).

Em relação às fontes de informação no jornalismo desportivo, voltamos a citar Herbert Gans, que volta a fazer outra tipificação, desta vez entre jornalistas especializados e os generalistas, isto no que diz respeito à relação com as fontes. Para o autor, “os jornalistas especializados conseguem estabelecer relações mais próximas e contínuas com as fontes; enquanto os segundos noticiam acontecimentos muito díspares diariamente, sem terem conhecimentos específicos para tal, além de estarem mais

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restringidos às contingências e pressões dos deadlines” (Gans, 1979). Mauro Wolf também faz esta distinção, afirmando que “os jornalistas especializados têm uma profundidade de conhecimentos diferente sobre o tema que estão a tratar, tal como no que refere à qualidade do contacto” (Wolf, 1987). O autor assinala que “os jornalistas especializados conseguem transformar as fontes em fontes pessoais, quase informadores, que vão mantendo os jornalistas atualizados, através de indiscrições ou notícias reservadas, criando-se, assim, uma relação quase simbiótica de obrigações recíprocas entre fonte e jornalista especializado” (Wolf, 1987). Nesta relação, deve haver equilíbrio, como refere Rogério Santos. Para o autor, “os jornalistas especialistas ligam-se às fontes de informação especialistas, tendendo a estabelecer com elas uma relação próxima, o que torna aqueles bastante dependentes” (Santos, 2006).

História do Jornalismo Desportivo

Na obra “História da Imprensa Desportiva em Portugal”, Francisco Pinheiro refere que o “jornalismo desportivo foi implementado de forma algo irregular e tardia um pouco por todo o mundo, justificado pelo facto de o futebol só ter começado a ganhar verdadeira importância no final do século XIX” (Pinheiro, 2011). Desta forma, o autor destaca que “as primeiras notícias desportivas surgiram em publicações generalistas e depois em suplementos desportivos das mesmas”. O “Le Sport”, em 1854, em França foi o primeiro título especializado. Já em Portugal, Pinheiro destaca que “as primeiras publicações desportivas eram dedicadas apenas a uma modalidade, ora destacando-se a Velocipedia, a Caça ou a Ginástica” (Pinheiro, 2011). Pinheiro considera que houve três importantes fases na história da imprensa desportiva portuguesa: “a primeira relativa a um jornalismo generalista (décadas de 1920 e 1930), a segunda relacionada com a informação clubista e institucional (década de 1950) e a terceira com enfoque nas publicações especializadas (décadas de 1980 e 1990)” (Pinheiro, 2011). Para o autor, o jornalismo desportivo português tem a base no final do século XIX. Numa primeira fase, era “de cariz tradicional (tauromaquia, caça, tiro) e educativa (ginástica), alargando-se pouco depois às modalidades elitistas do ciclismo e automobilismo”. Para Pinheiro, apenas se atingiu uma dimensão nacional a partir do final da década de 1910, através

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de um “modelo individualizado de proprietário, diretor e editor, habitualmente ligado ao mundo tipográfico” (Pinheiro, 2011).

Segundo Lemos e Vargues, foi através de Álvaro Pinheiro, na publicação Jornal da Noite (1903-1908), que nasceu verdadeiramente o jornalismo desportivo em Portugal. Os autores referem que foi nesta fase que “surgiu o primeiro diário desportivo em Portugal, o Diário de Sport, que se publicou pela primeira vez a 22 de maio de 1924 e durou pouco mais de dois meses”, pelo facto de, à época, “aparentemente ainda não haver público para sustentar um jornal diário” desportivo” (Lemos e Vargues, 2006).

Outro período importante aconteceu entre 1926 e 1945, entre a ditadura militar e o final da II Guerra Mundial. Nessa altura, Francisco Pinheiro destaca a presença de “O Norte Desportivo”, que nasceu na década de 1930 e se tornou uma referência na imprensa desportiva portuguesa, tendo terminado em 1983” (Pinheiro, 2005). Por outro lado, Lemos & Vargues defendem que, em Portugal, “o jornalismo desportivo teve o seu grande momento impulsionador aquando do regime político do Estado Novo”. Para os autores, isso pode explicar-se por “não estar tão sujeito à censura”.

Durante o século XX, existiram quatro jornais desportivos diários em Portugal. Falamos do Norte Desportivo, A Bola, Record e O Jogo. Destes quatro, apenas o primeiro já não existe. Todavia, nem todos estes jornais foram sempre diários. Helena Lima (2008) destaca que “o jornal desportivo A Bola começou a sua publicação diária (em 1995) com valores acima dos 160 000 exemplares, sendo que estes números desceriam no ano seguinte, quando O Jogo voltou a ser diário, registando valores acima dos 50 000 exemplares” (Lima, 2008). Em relação ao Record, este apenas passou a ter periodicidade diária em 1997. Para se perceber o sucesso que estes jornais desportivos faziam, basta citar Francisco Pinheiro que refere que, após o primeiro ano de existência como diários, “este trio de jornais “vendia, no seu conjunto, quase tantos exemplares como os quatro principais jornais de informação geral” (Pinheiro, 2011).

No que diz respeito ao papel dos jornalistas desportivos, segundo Francisco Pinheiro, este passou por três fases evolutivas: “1) entre o final do século XIX e a década de 1910, teve “a tripla função de participante no ato desportivo, fazedor de notícias e patrocinador do periódico, adotando a dualidade de jornalista e doutrinário, promovendo a causa em prol do benefício social”; 2) no início dos anos 1920, o jornalista

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dispunha de um maior volume noticioso, devido à “proliferação dos jornais generalistas, reflexo da popularização da ideia de desporto (em especial do futebol) um pouco por todo o País”; 3) no início da década de 1940, “essa linha geradora de novos periódicos termina definitivamente, mantendo-se, no entanto, o espírito de missão pela causa desportiva, que só viria a ser abandonado para segunda metade da década de 1970, quando as sociedades comerciais (vocacionadas para um princípio de lucro) começaram a dominar a propriedade dessas publicações” (Pinheiro, 2011).

Jornais Desportivos em Portugal

A Bola

Na obra “Imprensa desportiva portuguesa: do nascimento à consolidação (1893 – 1945), Francisco Pinheiro refere que a fundação do jornal desportivo A Bola remonta a 29 de janeiro de 1945. Ainda assim, tudo terá começado um ano antes, “em tertúlias, como as do Café Restauração, em Lisboa, dedicadas ao desporto, em especial ao futebol” (Pinheiro, 2005). Nestas tertúlias, destacavam-se “duas das principais figuras do futebol e do jornalismo desportivo português, os amigos Cândido de Oliveira e Ribeiro dos Reis”. Pinheiro realça que “devido à situação de desemprego de Cândido de Oliveira, começaram ambos a trabalhar na ideia de criar um jornal desportivo, precisando para tal de cinco mil escudos e de um administrador”.

Aprovado o novo jornal desportivo, Pinheiro assinala que “o primeiro número de A Bola, que apresentava o subtítulo “Jornal de Todos os Desportos”, foi lançado em 29 de janeiro de 1945, com oito páginas /formato 40x57), apresentando uma estrutura redatorial de qualidade e secções interessantes, tendo esgotado a edição inaugural, que custava um escudo” (Pinheiro, 2011). Por outro lado, na capa do primeiro número surgia o editorial “Bola de saída”, no qual se mostrava a orientação do periódico: «A Bola aparece como jornal livre, sério e honesto: nas intenções e nos processos, a dizer do bem e a dizer do mal, na crítica, na doutrina, na propaganda desportivas». Pinheiro dá conta ainda do editorial que iniciava o jornal, que “refletia ainda o caráter dos jornalistas que compunham o periódico, defendendo: «No jornalismo, como no desporto: o fair-

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play como regra permanente»”. O jornal deu também a indicação que ia publicar-se duas vezes por semana, “consagrando a edição de segunda feira «à reportagem dos acontecimentos desportivos» e a de sexta feira «à apreciação crítica, à vulgarização, ao exame dos problemas desportivos portugueses»” (Pinheiro, 2011).

Tal como vimos a partir da obra da investigadora Helena Lima, A Bola não começou por ser um jornal diário. Pinheiro descreve que “numa primeira fase, era bissemanário, sendo publicado às segundas e sextas-feiras, o que viria a ser alterado a 10 de julho de 1950, quando passou a trissemanário” (Pinheiro, 2005). Todavia, devido à crescente popularidade, A Bola começou a ser vendido quatro vezes por semana, a partir de março de 1989, tendo demorado pouco tempo para que passasse a diário.

O autor destaca que “foi em 1995 que a sua periodicidade passou a ser diária e adotou o formato tabloide (28x40)”. O jornal, sediado na Travessa da Queimada, é também bastante reconhecido pelas várias comunidades portuguesas no estrangeiro.

Record

O jornal Record passou a ser publicado em Lisboa a 26 de novembro de 1949. Tal como nos descreve Francisco Pinheiro, isso deveu-se “ao esforço de três homens: Fernando Ferreira, Monteiro Poças e Manuel Dias” (Pinheiro, 2005). Tal como aconteceu com o jornal A Bola, também o Record nasceu à mesa do Café Restauração, no Rossio.

Como refere Pinheiro, “o principal impulsionador foi Manuel Dias, vendedor de jornais e antigo atleta olímpico (participara na Maratona dos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim.). Decidido a publicar um periódico desportivo, Manuel Dias persuadiu os redatores Monteiro Poças e Afonso Lacerda, de A Bola, a juntarem-se à sua causa, tendo posteriormente, os três, convencido Fernando Ferreira, professor de educação física muito conceituado no meio desportivo lisboeta, a unir-se ao grupo” (Pinheiro, 2011).

Mais complicada foi a escolha do nome para o diário desportivo. Os nomes “Record e Meta” era os dois preferidos, pelo que “Manuel Dias decidiu ir até ao Rossio e começou a apregoar os dois nomes, simulando uma venda de jornais”, refere Pinheiro. Tal como

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explica o autor, “dirigido por Fernando Ferreira, com Monteiro Poças como editor e Afonso Lacerda a chefe de Redação (cargo que abandonaria pouco depois), o Record depressa mereceu a simpatia do público e dos colegas de imprensa, duplicando ao fim de seis meses o número de páginas da edição de sábado” (Pinheiro, 2005).

Em junho de 1950, o Record teve a concorrência direta d’ A Bola, que “até então saía às segundas e quintas feiras, avançando nessa altura com uma terceira edição, ao sábado, precisamente no dia em que se publicava o Record, tudo a pretexto de dedicar mais espaço às modalidades menos populares”, realça Pinheiro (Pinheiro, 2011).

Segundo Francisco Pinheiro (2011: 278), “o Record rapidamente ganhou o apreço do público e dos outros colegas da imprensa”. Ainda assim, até à década de 80, este diário nunca conseguiu fazer verdadeira concorrência ao jornal A Bola. Dessa forma, o Record tentou modificar a sua aposta, “apostando numa edição ao Sábado, onde fazia a antecipação da jornada que iria acontecer no Domingo” (Pinheiro, 2011). A aposta revelou-se positiva, visto que, ao fim de seis meses, o Record conseguiu duplicar o número de vendas. Tal como descreve Francisco Pinheiro, “a passagem a diário viria a acontecer quase ao mesmo tempo que A Bola, a 1 de março de 1995”. Já em 1991, o título foi adquirido por um grande grupo económico – uma tendência habitual nas publicações da época –, a Edisport, que faz parte do grupo , atualmente detentora dos direitos do Record, refere o mesmo autor.

O Jogo

Nem só em Lisboa foram lançados diários desportivos. Como refere Pinheiro, “em 22 de fevereiro de 1985 surgiu o diário O Jogo, propriedade da Empresa do Jornal de Notícias, sob a direção de Serafim Ferreira”. O primeiro número do jornal apresentava várias secções inovadores ao longo de 16 páginas, em formato grande (41x58), onde o futebol dominava. Pinheiro refere que no editorial «Queremos ganhar», publicado na capa, o diretor sublinhou que “O Jogo era «uma aposta diária na qualidade da informação desportiva», procurando, «ao longo das suas páginas, não só relatar os factos como comentá-los e criticá-los”. O jornal referia que procurava «ser rigoroso e severo nas

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análises e, se nunca nos faltar o engenho e a arte, jamais entraremos nos terrenos movediços da fácil especulação, na intriga, no contribuir, ainda que indiretamente, para tornar mais nebuloso o panorama desportivo português» (Pinheiro, 2011).

Para O Jogo, o rigor jornalístico era a pedra basilar do jornalismo que queria fazer. Por outro lado, o jornal afirmava que seria «um jornal moderno, calmo e sereno. Que estará em todas e com todos. Em todas as modalidades. Com todos os clubes, associações e federações. Sem qualquer espécie de discriminação. A todas e todos dedicaremos a maior atenção e o nosso maior caminho, sem qualquer espécie de favoritismos» (Pinheiro, 2011). Ainda assim, nos primeiros tempos a tarefa de O Jogo não foi fácil. No editorial, Pinheiro cita Serafim Ferreira que esclarecia que “escrever sobre desporto todos os dias iria ser uma missão difícil, sobretudo porque a atividade desportiva nacional não era tão fértil quanto o desejável para a atividade diária de um jornal”. Por outro lado, Francisco Pinheiro destaca que na região Norte já existia o trissemanário Gazeta dos Desportos, que saía às segundas, quintas feiras e sábados. O Record também contava com uma delegação no Porto e atingia os 70 mil exemplares. Pinheiro acrescenta ainda “A Bola, publicada às segundas, quintas-feiras e sábados, sendo o principal em termos de vendas de jornais desportivos” (Pinheiro, 2011).

De acordo com Daniel Murta, a localização de O Jogo na região norte tinha que ver com dois fatores: “a) o maior clube do Norte, o F.C. Porto, conhecia naquela época os seus maiores sucessos desportivos de sempre, o que mobilizava interesse e apoio; b) o desaparecimento do «Norte Desportivo» deixou esse mesmo Norte (…) sem um jornal desportivo” (Murta, 1997). A concorrência de A Bola e Record fez com que, refere Pinheiro, “O Jogo tenha sido obrigado a fazer uma série de reajustes editoriais em finais de 1986” (Pinheiro, 2011). Nesse ano, a 4 de outubro, o jornal deixou de sair aos domingos. Em Novembro, destaca Pinheiro, voltou a inovar, “quando adotou o formato tabloide, sendo o primeiro dos três jornais a fazê-lo”. Nem por isso as dificuldades diminuíram, fazendo com que o seu proprietário “reduzisse a periodicidade para trissemanário (Segundas, Quintas e Sábados), numa mudança que se verificou a partir de 30 de junho de 1992 e que, por desagradar à direção e aos jornalistas, levaria à posterior saída do diretor, sendo substituído por Alfredo Barbosa”, refere Pinheiro.

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Barbosa durou pouco mais de dois anos no cargo, com Rogério Gomes a ocupar esse lugar em fevereiro de 1994. Dois meses depois, em abril de 94, Pinheiro explica que “O Jogo enveredou por um novo caminho editorial, mudando, num só mês, de proprietário, sede, projeto e dias de publicação” Ibidem: 411). A empresa Jornal de Notícias decidiu vendê-lo à empresa Jornalinveste Comunicação e, tal como refere Pinheiro, isso “viria a ser positivo para o futuro bem-sucedido da publicação, já que o proprietário trabalhou num projeto que pretendia essencialmente redimensionar o jornal a nível nacional, tentando apagar o cunho regionalista que lhe era atribuído, fazendo de O Jogo um jornal nacional, sediado no Porto” (Pinheiro, 2011). Sediado no centro da cidade do Porto, O Jogo continua a ser um jornal com a maior percentagem dos seus leitores a concentrar- se na zona norte. Ainda assim, a edição tem procurado explorar a zona sul, a partir da criação de duas edições diárias, uma a norte e outra a sul. Atualmente, “o jornal pertence à Controlinveste e José Manuel Ribeiro é o diretor”, refere Francisco Pinheiro.

Mercado de Transferências

Para Sobral e Magalhães, “As transferências de jogadores constituem um campo de fértil especulação” (Sobral e Magalhães, 1999: 56). Tal deve-se ao facto de, no período de verão, as competições de clubes pararem, pelo que, a não ser que hajam grandes competições de seleções, como Campeonatos da Europa e Campeonatos do Mundo, é o mercado de transferências que preenche a agenda dos jornais desportivos.

O denominado “defeso” ganhou maior protagonismo depois da implementação da Lei Bosman, que permite a livre circulação de futebolistas em final de contrato. Assim, e se antes deste acordo alguns clubes profissionais de futebol europeus podiam proibir os seus jogadores de assinar por outro clube, isso atualmente já não acontece. Tal lei traduz-se também num maior número de transferências, bem como um maior investimento dos clubes em criar departamentos específicos para descobrir novos jogadores (“scouting”). Assim, para Sobral e Magalhães, “as transferências revelam-se uma das principais matérias de notícia para os jornalistas desportivos que, curiosamente, raramente presenciam a negociação propriamente dita” (Sobral &

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Magalhães, 1999). Tal atenção noticiosa deve-se igualmente às somas cada vez mais elevadas que estão diretamente relacionadas com algumas transferências.

Além disso, tal como referem os autores, “o facto de se noticiar que o clube x está interessado no jogador y pode fazer subir o valor do passe deste último” (Sobral e Magalhães, 1999:57). Desta forma, o jornalista acaba por assumir uma importância maior do que a de simples transmissão de informação, pois esta pode ter outras repercussões. E é devido a esta relevância que, destacam os autores “as tentativas de manipulação se sucedem” (Sobral e Magalhães, 1999: 57).

Quando as competições de clubes param, entra em cena, para os desportivos, o mercado de transferências. Por isso, neste trabalho, vai ser analisada a relação entre jornalistas e fontes de informação nos três diários desportivos, no período entre 1 de junho e 1 de setembro de 2015, período habitualmente preenchido, entre os desportivos, com material informativo relacionado com o mercado de transferências. Esta é uma temática interessante ao nível de análise e que os números mostram que também interessa ao leitor. Aliás, apesar de não existir competição a nível de clubes durante esse período, os leitores continuam a comprar as edições em papel.

Tal como podemos ver no gráfico 9, de acordo com os dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT), no caso do jornal O Jogo, a tiragem e circulação acabaram por não sair prejudicadas durante essa fase. Apesar do terceiro bimestre (Maio e Junho) ter sido apenas o quarto com mais tiragem, mas o segundo com mais circulação; o quarto bimestre (Julho e Agosto) – o único que comporta de forma totalitária o mercado de transferências – foi o bimestre com mais tiragem e mais circulação. No Gráfico 10, temos os dados do jornal Record, que confirmam o interesse do leitor sobre estas temáticas. No Record, o terceiro bimestre foi o segundo com mais tiragem e o terceiro com mais circulação; enquanto o quarto bimestre foi o bimestre com mais tiragem e mais circulação entre os seis que a APCT analisa. Como já referimos anteriormente, os números do jornal A Bola não estão disponíveis na APCT.

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O Jogo 40 000 35 000 30 000 25 000

20 000 15 000 10 000 5 000 0 1.º Bimestre 2.º Bimestre 3.º Bimestre 4.º Bimestre 5.º Bimestre 6.º Bimestre Tiragem Circulação

Gráfico 9: Dados O Jogo (1.º Bimestre: Tiragem – 32.563; Circulação – 20.973; 2.º Bimestre: Tiragem – 32.822; Circulação – 20.569; 3.º Bimestre: Tiragem – 32.047; Circulação 20.662; 4.º Bimestre: Tiragem – 36.929; Circulação – 25.173; 5.º Bimestre: Tiragem – 31.424; Circulação – 20.584; 6.º Bimestre: Tiragem – 29.733 e Circulação – 19.683) – Fonte: Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação

Record 100000 90000 80000 70000 60000 50000 40000 30000 20000 10000 0 1.º Bimestre 2.º Bimestre 3.º Bimestre 4.º Bimestre 5.º Bimestre 6.º Bimestre

Tiragem Circulação

Gráfico 10: Dados Record (1.º Bimestre: Tiragem – 75.949; Circulação – 43.286; 2.º Bimestre: Tiragem – 75.426; Circulação – 42.210; 3.º Bimestre: Tiragem – 81.942; Circulação 47.532; 4.º Bimestre: Tiragem – 91.438; Circulação – 56.866; 5.º Bimestre: Tiragem – 80.676; Circulação – 48.213; 6.º Bimestre: Tiragem – 75.164 e Circulação – 42.224) – Fonte: Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação

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Se quisermos alargar a análise a outros meios, basta olhar para o gráfico 11, cujo quadro do lado direito mostra o Top 5 de Programas Pay TV, ou seja, por Cabo, durante a semana 3 a 9 de agosto de 2015. Nesta imagem, podemos ver que o programa “Mais Transferências”; difundido pela TVI 24 durante o período junho a agosto, foi líder de audiências no cabo durante esta semana. Este foi um fenómeno que se repetiu durante todas as semanas deste período, fazendo do programa “Mais Transferências”, que se estreava em antena, um sucesso inesperado no cabo.

Gráfico 11: Dados audiências TV Generalista e TV por Cabo, semana 3 a 9 de agosto 2015 (Programa “Mais transferências” lidera a tabela) – Dados: meiosepublicidade.pt

Metodologia

A metodologia deste trabalho tem como base principal uma análise de conteúdo, cujo período de análise é de três meses (1 de junho a 1 de setembro de 2015), tendo como objetos de estudo os três diários desportivos nacionais (O Jogo, A Bola e Record). A escolha deste período de análise prende-se com o objetivo de comparar o tratamento jornalístico dado pelos três diários durante o mercado de transferências, o período em análise. Para isso, foram elaboradas várias grelhas para comparar os tópicos de análise. Em relação ao número de páginas, este foi contabilizado e colocado numa grelha de análise feita pelo autor deste trabalho. Em relação à análise das manchetes dos três desportivos – com o objetivo de comparar o destaque dado por cada um dos jornais a

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cada um dos “grandes”, foi feita uma grelha de análise (replicada pelos três desportivos) onde se dividiu a capa dos jornais em vários pontos (Zona Central, Topo, Baixo, Direita e Esquerda), tendo assim uma maior especificação quando à localização de cada um dos clubes nas capas dos três jornais desportivos em análise.

No corpus de análise, procurou também perceber-se que tipo de géneros jornalísticos foram utilizados. Desta forma, a partir de uma nova grelha, foram divididos em 10 géneros jornalísticos: Artigo, Breve, Crónica, Opinião, Infografia, Reportagem, Análise, Entrevista, Perfil e Cronologia, querendo assim analisar-se que géneros jornalísticos foram privilegiados por cada um dos três jornais. Para contabilizar o total de fontes identificadas utilizadas por O Jogo, A Bola e Record, foi feita uma contabilização direta a partir dos três jornais, sendo depois reproduzida em gráficos abaixo trazidos.

Em relação ao tipo de fonte, a atribuição foi determinada, nesta análise, segundo a metodologia de Melvin Mencher (1991), já referida anteriormente. Desta forma, a fonte pode ser anónima, ter uma atribuição “On the record” (atribuição direta); “Off the Record” (ausência de identificação); “On background/not for attribution”, com expressões como “fonte próxima do jogador” ou “de acordo com informações recolhidas por A Bola junto de fonte próxima do processo”; e, ainda, “On deep background”, exemplificado nos textos como “sabe O Jogo” e “Record apurou”.

Quanto ao estatuto, tendo como ponto de partida a obra de Luís Sobral e Pedro Magalhães, as fontes foram divididas em: Institucionais/Oficiais (Secretaria de Estado do Desporto; Instituto Nacional do Desporto; Comité Olímpico de Portugal; Federações; Ligas; Associações; Sindicatos; Clubes; Documentos); Espontâneas/ Especializadas (jogadores de determinado clube; treinadores de determinado clube; presidentes de determinado clube; diretores de setores organizacionais de determinada instituição desportiva); Espontâneas/Não Especializadas (jogadores sem ligação contratual a qualquer clube; treinadores sem ligação contratual a qualquer clube; empresários; médicos; árbitros; presidentes; diretores de setores organizacionais de uma instituição desportiva; advogados de uma figura ou instituição desportiva); Media (Órgãos de informação nacionais e internacionais; Sites desportivos, Blogues desportivos e Redes Sociais) e Outros (por exemplo, familiares de agentes desportivos). No caso das fontes “Institucionais/Oficiais”, foram contabilizadas sobretudo as que se relacionam de forma

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direta com os clubes (dirigentes, comunicados dos clubes, etc). No que diz respeito às “Espontâneas/Especializadas”, foram contabilizadas as que mais diretamente estão relacionadas com o fenómeno futebolístico, como jogadores e treinadores que estão no ativo e que são utilizados como fontes. Em relação às “Espontâneas/Não Especializadas”, estas são sobretudo fontes que fazem parte do fenómeno, mas que não são “protagonistas diretos”.

O caso mais flagrante deste tipo de agentes são os empresários, não raras vezes utilizados pelos desportivos. Tal como já referido, a categoria “Media” tem que ver com a utilização de fontes como órgãos de comunicação nacionais e internacionais; redes sociais, blogues e sites ligados ao mercado de transferências; já a categoria “Outras”, não utilizada por Sobral e Magalhães, prende-se com os agentes, como os familiares de jogadores que, não sendo empresários, por vezes são utilizados pelos desportivos como fontes próximas.

Em relação ao contexto geográfico das fontes, foi elaborada a seguinte grelha classificativa: Europa (fonte pertencente ao continente europeu), América (fonte pertenceu ao continente da América do Norte/América do Sul); África (fonte pertencente ao continente africano); Ásia (fonte pertencente ao continente asiático) e Oceânia (fonte pertencente ao continente da Oceânia). No que diz respeito aos artigos redigidos por enviados especiais/correspondentes, foram contabilizados de forma direta todos estes casos nos jornais desportivos e reproduzidos na grelha de análise.

Por último, a percentagem de acerto relativamente a entradas e saídas de jogadores em O Jogo, A Bola e Record também foi colocada em diferentes grelhas de análise (repetidas para cada um dos desportivo) após contabilidade direta feita pelo autor após análise de cada um dos 279 jornais nos três meses de análise. Em relação aos valores-notícia, foi reproduzida a divisão feita por Nélson Traquina, que, a partir dos Critérios de Seleção, divide os valores notícia em “Valores-substantivos”, “Valores Contextuais” e “Valores de Construção”. A partir desta tipificação, foram analisados os valores notícia que estão na origem da importância do mercado de transferências para os jornais em análise.

Para melhor enquadrar este trabalho efetuaram-se também oito entrevistas, analisadas a partir da página 88, a jornalistas de diversos órgãos de comunicação social: Fernando Eurico, Antena 1; Pedro Azevedo, Rádio Renascença; João Ricardo Pateiro, TSF; Rui

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Pedro Braz, jornalista e comentador da TVI; Rui Baioneta, jornalista e subeditor da secção Sporting no jornal A Bola; André Monteiro, jornalista do Record; Carlos Pereira Santos, diretor do futebol nacional no jornal O Jogo e Pedro Mendonça, jornalista de A Bola TV, com o intuito de perceber como as editorias de desporto de vários órgãos de informação trabalham e preparam o período do mercado de verão.

Análise

Neste tópico, vão ser analisados e comparados vários tópicos que se referem ao mercado de transferências, objeto de estudo de análise neste trabalho. Tal como já referido, nesta análise quantitativa serão expostos dados dos três jornais desportivos (O Jogo, A Bola e Record) relativamente a nove tópicos previamente estabelecidos: número de páginas atribuído por cada jornal a cada um dos três clubes grandes; o destaque dado por cada jornal a cada um dos três clubes grandes; o tipo de géneros jornalísticos presentes durante os três meses de análise (1 de junho a 1 de setembro); o número total de fontes identificadas utilizadas pelos jornais em análise; o tipo e estatuto das fontes utilizadas; o contexto geográfico das fontes, a percentagem de acerto de cada um dos jornais relativamente às notícias de entradas e saídas de jogadores, bem como a existência ou não dos valores notícia previamente apresentados neste trabalho. Todos os gráficos desta análise, entre os gráficos 12 e 60, foram colocados no Anexo I.

Em relação às páginas atribuídas por cada jornal desportivo a cada um dos três clubes grandes, vemos que, no caso do jornal O Jogo, o FC Porto foi o clube com mais páginas destinadas, num total de 410 páginas contra as 383 do Sporting e as 358 do Benfica (Anexo I, Gráficos 12 a 15). No jornal A Bola, Benfica e Sporting acabam por ter uma larga vantagem comparativamente com o FC Porto: Sporting – 432 páginas, Benfica – 411 páginas e FC Porto - 277 páginas (Anexo I, Gráficos 16 a 19). Por último, no jornal Record, o Sporting é, com larga distância, o clube que teve direito a mais páginas: 537 páginas contra as 476 do Benfica e as 276 do FC Porto (Anexo I, Gráficos 20 a 24).

Todavia, em relação às manchetes, no jornal O Jogo, o FC Porto teve direito à zona central (zona nobre) mais vezes que os dois rivais. O FC Porto esteve presente 37 vezes

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na zona central quando comparado com as 31 vezes do Sporting e as 21 do Benfica (Anexo I, Gráficos 25 a 27). N’ A Bola, as diferenças são bem mais significativas. O Benfica teve direito a 45 capas na zona central e o Sporting 41. O FC Porto é que claramente foi “prejudicado” nesta contabilidade, com apenas 3 capas na zoa central (Anexo I, Gráficos 28 a 30). No jornal Record, a diferença entre os clubes é ainda maior. O Sporting este presente 57 vezes na zona central; enquanto o Benfica teve direito a 39 vezes na zona central e o FC Porto apenas em duas ocasiões (Anexo I, Gráficos 31 a 33).

Mais, em relação aos géneros jornalísticos, o artigo foi de longe o mais privilegiado. No jornal O Jogo, encontramos 538 artigos num total de 824 trabalhos jornalísticos (Anexo I, Gráfico 34), no jornal A Bola temos 806 artigos num total de 1077 (Anexo I, Gráfico 35) e no Record temos 695 artigos num total de 928 trabalhos (Anexo I, Gráfico 36). No que diz respeito aos géneros jornalísticos, destaque igualmente para a forte presença de breves durante este período. Como existem diariamente várias notícias com as quais os jornais se deparam, por vezes é necessário fazer uma seleção relativamente ao mais e menos importante. Desse modo, temos várias breves nos três jornais analisados: no O Jogo temos 254 breves (Anexo I, Gráfico 34), n’ A Bola temos 253 breves (Anexo I, Gráfico 35) e, por último, no Record temos 215 breves (Anexo I, Gráfico 36).

Outro dos tópicos analisados teve que ver com o número de fontes identificadas pelos jornais desportivos durante este período. Neste caso, O Jogo teve um total de 360 fontes identificadas (Anexo I, Gráfico 37), A Bola teve 299 fontes identificadas (Anexo I, Gráfico 38) e o Record teve 244 fontes identificadas durante os três meses de análise (Anexo I, Gráfico 39). Este é um parâmetro que se liga ao próximo ponto analisado, relacionado com o tipo de fontes utilizadas pelos três diários desportivos. Neste caso, o “On the Record” (atribuição direta) foi o tipo mais utilizado pelo jornal O Jogo, em 334 vezes; seguido do “On deep Background”, com 235; do “Off the Record”, com 200 e do “On Background/Not for Attribution”, com 15 vezes” (Anexo I, Gráfico 40). No jornal A Bola, o “Off the Record” (ausência de identificação da fonte) foi mais vezes utlizado, em 612 vezes. Isto vai ao encontro do que tínhamos visto no ponto anterior, onde A Bola tinha menos fontes identificadas do que o jornal O Jogo. Em A Bola, o “On the Record” foi usado 297 vezes, enquanto o “On deep Background” foi utilizado em 137 ocasiões e o “On Background/not for attribution” em 12 ocasiões (Anexo I, Gráfico 41). Por último, o

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“Off the Record” também foi o tipo mais privilegiado no jornal Record, em 477 vezes, ao contrário do “On the Record”, em 234 vezes. Novamente, isto justifica-se pelo facto de o Record ter menos fontes identificadas que O Jogo e A Bola. No Record, o “On deep Background” foi usado em 130 vezes e o “On Background/not for attribution” em 25 ocasiões, tal como nos mostra o Gráfico 42, no Anexo I.

Em relação ao estatuto das fontes, no jornal O Jogo, as fontes “Media” foram as mais privilegiadas, num total de 165 vezes. De seguida temos as fontes de estatuto “Espontâneas (Especializadas)”, num total de 110 vezes, as “Espontâneas (Não Especializadas)”, com 60 vezes; as “Institucionais/Oficiais”; em 12 ocasiões e as fontes de estatuto “Outros”, onde temos outros agentes, como familiares dos jogadores, que neste caso foram utilizados em 10 ocasiões (Anexo I, Gráfico 43). No jornal A Bola, as “Media” também foram preferenciais, num total de 130 vezes; seguidas das “Espontâneas (Especializadas)”, em 114 vezes, das “Espontâneas (Especializadas)”, com 30 vezes, das “Institucionais/Oficiais”, com 20 vezes e de “Outros”, com 5 (Anexo I, Gráfico 44). Depois, temos o Record, onde novamente as fontes de estatuto “Media” foram mais utilizadas, num total de 100 vezes, seguidas das fontes “Espontâneas (Especializadas)”, com 98 vezes; das “Espontâneas (Não Especializadas), com 32 ocasiões e das “Institucionais/Oficiais” e “Outros”, por 7 vezes (Anexo I, Gráfico 45).

Relativamente ao contexto geográfico das fontes, no jornal O Jogo, Europa e América são os continentes mais vezes utilizadas, com 212 e 118 vezes, respetivamente; seguidos de África, com 32 vezes, da Ásia, com 8 vezes e da Oceânia, sem referência (Anexo I, Gráfico 46). No jornal A Bola, a diferença entre Europa e América e maior (Europa tem 201 fontes e América tem 82). Depois temos África, com 11 vezes; Ásia, com 5 e Oceânia, novamente sem fontes identificadas (Anexo I, Gráfico 47). No Record, o continente Europeu continua a ser o principal ao nível de fontes, mas é menos vezes utilizado quando comparado com os dois concorrentes (148 vezes). Fontes do continente americano aparecem 85 vezes; do Africano em 11 ocasiões; enquanto fontes asiáticas e da Oceânia nem sequer aparecem neste diário desportivo (Anexo I, Gráfico 48).

No que diz respeito aos artigos escritos por enviados especiais/correspondentes, quis saber-se qual dos jornais utilizou mais artigos redigidos por jornalistas fora do espectro nacional. Desta forma, procurou perceber-se se, tal como foi referido nas entrevistas,

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era de facto importante ter fontes noutros países durante esta fase. Neste caso, o jornal O Jogo foi o que mais vezes utilizou este tipo de artigos (34 vezes) comparativamente com A Bola (24 vezes) e Record (17 vezes) – Anexo I, Gráficos 49 a 51. Por outro lado, relativamente à percentagem de acerto no nome de entradas e saídas de jogadores e treinadores, vemos que O Jogo, ao nível das entradas, errou mais do que acertou (68 vs. 29) mas, ao nível das saídas, acertou mais vezes do que as que errou (88 vs. 51). Esta é uma situação que também se verifica nos outros jornais desportivos. A Bola acerta mais nas saídas do que nas entradas, tal como o Record (Anexo I, Gráficos 54 a 57)

Por último, relativamente aos valores-notícia, vemos, a partir da tipificação de Nélson Traquina, que quase todos os critérios de seleção estão presentes. Neste caso, os três jornais desportivos têm os mesmos valores-notícia. Dentro dos critérios de seleção, só a “Dramatização” (valores de construção) e a “Morte”, nos valores substantivos, é que não estão presentes entre o corpus de análise (Anexo I, Gráficos 58 a 60)

Desta forma, em todos os jornais analisados, o futebol é o principal foco noticioso, com destaque para os três clubes principais de futebol em Portugal, denominados “grandes”: FC Porto, SL Benfica e Sporting CP. Rui Flores (2004) refere que se tem instalado no senso comum dos leitores que cada jornal está associado a um dos três grandes (A Bola ao S. L. Benfica, Record ao Sporting C.P. e O Jogo ao F.C. Porto), o que, para o autor, limita a vontade dos leitores imparciais optarem por um ou outro diário.

Após a análise do período de mercado de transferências (1 de junho a 1 de setembro de 2015), vemos que o “senso comum” a que se refere Rui Flores acaba por se comprovar. Analisando os Gráficos 12, 13 e 14, percebemos que, tal como seria expectável, é o FC Porto quem ocupa mais páginas no jornal O Jogo, num total de 410 páginas contabilizadas em três meses de análise (Anexo I, Gráfico 12). Sporting e Benfica vêm de seguida, com 383 e 358 páginas contabilizadas, respetivamente (Anexo I, Gráficos 13 e 14). Desta forma, no total, O Jogo atribuiu 410 das 1151 páginas ao clube azul e branco, fazendo com que o FC Porto tenha sido o “grande” mais privilegiado por este jornal.

No que diz respeito ao jornal A Bola, a diferença entre os três grandes é maior. No caso de A Bola, Sporting e Benfica foram os clubes a que mais páginas tiveram direito (432 e 411, respetivamente – Anexo I, Gráficos 17 e 18). O FC Porto foi claramente o menos presente neste matutino, com apenas 277 páginas separadas por três meses de análise

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(Gráfico 16). Deste modo, a partir do Gráfico 19, percebemos que os clubes da segunda circular ocupam 76 % (843 das 1120 páginas) do espaço atribuído aos três grandes.

Por último, no jornal Record, o Sporting é o clube mais privilegiado. O clube ocupa 537 páginas (Anexo I, Gráfico 22), separadas por três meses, sendo o clube entre os três grandes que mais espaço tem neste jornal (Anexo I, Gráfico 24). O Benfica é o segundo clube com mais espaço entre as páginas do Record, com 476 páginas contabilizadas (Anexo I, Gráfico 21), enquanto o FC Porto é o “grande” com menos espaço, com 276 páginas contabilizadas (Anexo I, Gráfico 20). Desta forma, e tal como podemos ver no Gráfico 24, o Record foi, entre os três diários desportivos, o que mais páginas concedeu aos três grandes durante este período, num total de 1289 páginas, contra as 1151 de O Jogo e as 1120 de A Bola (Anexo I, Gráfico 24).

No que diz respeito às manchetes destes diários desportivos, no caso de O Jogo, o FC Porto, para além de ter sido o “grande” com mais páginas, foi também o que mais vezes esteve direito a lugar central (maior destaque) na capa, com 27 vezes entre as 93 capas analisadas (Anexo I, Gráfico 25). Relativamente ao jornal A Bola, o Benfica foi o clube com mais destaque nas manchetes, com 45 vezes na zona central (Anexo I, Gráfico 29). Por último, no Record, o Sporting voltou a sair por cima, com 57 capas na zona central durante o período de análise (Anexo I, Gráfico 33)

Relativamente aos géneros jornalísticos utilizadas, o artigo foi claramente o mais usado pelos três jornais desportivos. No jornal O Jogo, o artigo esteve presente em 538 ocasiões (Anexo I, Gráfico 34), enquanto n’ A Bola o artigo foi redigido por 806 vezes (Anexo I, Gráfico 35) e no Record em 695 vezes (Anexo I, Gráfico 36). Curiosidade, dentro deste tópico de análise, para a presença assídua (10 vezes) da categoria “Análise”, sobretudo através de comentadores, no jornal O Jogo (Anexo I, Gráfico 34), da categoria “Perfil”, no jornal A Bola (32 vezes – Anexo I, Gráfico 35) e da categoria “Cronologia”, no jornal Record (3 vezes – Anexo I, Gráfico 36).

No que diz respeito ao total de fontes identificadas pelos três jornais, o jornal O Jogo é o que mais identifica as suas fontes, num total de 360 vezes nos três meses de análise (Anexo I, Gráfico 37). Relativamente ao tipo de fontes utilizadas, no jornal O Jogo, o “On the Record” (atribuição direta) é o que surge em mais ocasiões (224 vezes). Esta é uma situação que não se verifica nos outros dois jornais. Em A Bola, o “Off the Record” é o

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tipo de fonte mais presente, com 612 presenças, seguido do “On the Record”; com 297 (Anexo I, Gráfico 41). No Record, observamos a mesma conclusão, sendo que o “Off the Record” (ausência total de identificação das fontes) volta a ser o tipo mais presente, com 477 vezes, seguido do “On the Record” (Anexo I, Gráfico 42).

Em relação ao estatuto das fontes de informação, um paradigma se estende aos três jornais desportivos: a categoria “Media” é a mais presente (n’ O Jogo, em 165 vezes; n’ A Bola, em 130 vezes e no Record, em 100 vezes – Anexo I, Gráficos 43 a 45). Nestes três jornais, frequentemente são citados sites e blogues relacionados com o mercado de transferências bem como órgãos de informação nacionais e internacionais, o que explica esta inflação no número de fontes com a categoria “Media” no período de análise.

Relativamente ao contexto geográfico das fontes, a Europa, como seria expectável, é o continente que “oferece” mais informação aos três desportivos. No jornal O Jogo, isso acontece em 212 ocasiões (Anexo I, Gráfico 46), no jornal A Bola, em 201 (Anexo I, Gráfico 47) e no Record, em 158 vezes (Anexo I, Gráfico 48). Tendo em conta que, durante o período de mercado de transferências, vários são os jogadores provenientes da América do Sul que são apontados aos três “grandes”, o continente “América” também está muito presente: 118 vezes n’ O Jogo (Anexo I, Gráfico 46), 82 vezes n’ A Bola (Anexo I, Gráfico 47) e em 85 ocasiões no Record (Anexo I, Gráfico 48).

Dentro do contexto geográfico das fontes, concluiu-se que O Jogo foi o que mais artigos teve escritos por enviados/correspondentes, num total de 34 vezes (Anexo I, Gráfico 34). Por outro lado, um tópico particularmente interessante para análise prendeu-se com a perceção da percentagem de acerto que os três jornais desportivos tiveram no que diz respeito aos nomes de entradas e saídas de jogadores e treinadores durante este período. Como todos os jornalistas referiram, há muita contrainformação nesta fase e, por isso, tornou-se importante perceber, de entre toda a informação que saiu nos jornais, quais foram as notícias que verdadeiramente se confirmaram. Neste tópico, no que diz respeito às entradas, todos os três jornais erraram mais do que acertaram. Em termos de entradas, O Jogo acertou 29 vezes e errou 68 (Anexo I, Gráfico 52), A Bola acertou 44 e errou 114 (Anexo I, Gráfico 54) e o Record acertou 43 e errou 87 (Anexo I, Gráfico 56). Relativamente a saídas, os três desportivos mostraram-se mais assertivos: O Jogo acertou 88 vezes e errou 51 (Anexo I, Gráfico 53); A Bola acertou 90 vezes e

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falhou 73 (Anexo I, Gráfico 55) e, por último, o Record acertou 108 vezes e errou em 50 ocasiões (Anexo I, Gráfico 57). Contudo, e tal como os jornalistas entrevistados referiram, este é um tópico com o qual não se pretende descredibilizar os jornais em análise visto que, tal como os jornalistas defendem, no mercado de transferências, há muitos negócios que acabam por não se concretizar.

Por último, destaque ainda para a temática dos valores-notícia. Neste caso, dos três tipos de valores-notícia propostos por Nélson Traquina (valores substantivos, valores contextuais e valores de construção); só dois tipos não estão presentes nos jornais desportivos no período do “Mercado de Transferências”. Em relação aos valores substantivos, só o tópico “Morte” não está presente; e, nos valores de construção, só o tópico “Dramatização” não se encontra nos três jornais desportivos analisados. Como podemos ver nos gráficos 58, 59 e 60, com a exceção destes dois tópicos, todos os outros estão presentes no tema do mercado de transferências, o que faz com que este seja um tópico relevante em termos jornalísticos.

Entrevistas

Para um melhor enquadramento deste trabalho, torna-se importante também analisar este período em termos jornalísticos. Por isso, nada melhor do que o testemunho de 8 jornalistas (Carlos Pereira Santos, editor Futebol Nacional do jornal O Jogo; Rui Baioneta; subdiretor editoria Sporting do jornal A Bola; André Monteiro, jornalista do jornal Record; Pedro Mendonça; jornalista n’ A Bola TV; Rui Pedro Braz, jornalista e comentador na TVI; Fernando Eurico, jornalista na Antena 1; Pedro Azevedo, jornalista na Rádio Renascença e João Ricardo Pateiro, jornalista da TSF), de diversos órgãos de informação, para perceber a forma como, jornalisticamente, se trabalha o período do mercado de transferências de verão.

Durante este período, em que muita especulação surge nos meios de comunicação, a relação com as fontes de informação é fundamental. Isso destaca Carlos Pereira Santos, que refere que “a proximidade com as fontes é muito importante”. O jornalista dá o exemplo do jornal O Jogo, referindo que o trabalho de cada jornalista é fundamental.

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“Cada um de nós tem as suas próprias fontes - empresários, jogadores. Depois há um trabalho de redação que é feito diariamente e todos os dias temos notícias dos clubes todos”, analisa. Para Santos, as fontes que O Jogo utiliza mais “são os próprios jornalistas porque a equipa de futebol nacional está de tal maneira orientada que sabe que é assim mesmo, que neste período tem que ser as próprias fontes do jornal”.

Para Rui Baioneta, a fase do mercado de transferências é um período particularmente difícil para os jornais. “O verão e o mercado de inverno são sempre tempos mais complicados. Há informação, contra informação, desinformação…”. O subeditor da secção do Sporting realça que, sobretudo nesta fase, é “fundamental para o jornalista perceber com quem está a falar, confirmando todas as informações”. Baioneta refere mesmo que, n’ A Bola, “nada é publicado sem ser verdadeiramente confirmado, sendo que, sempre que chega uma informação, há elementos no jornal que tentam entrar em contacto com o clube para perceber se esse jogador faz ou não sentido”.

André Monteiro, jornalista do Record, admite que o mercado de transferências “é a altura mais aliciante e interessante tendo em conta a obtenção e publicação de notícia pura e dura”. Para Monteiro, “o mercado de transferências é um período bastante exigente em termos de concorrência”. Por outro lado, o jornalista do Record realça que, durante esta fase, “o trabalho torna-se mais tardio porque nunca se pode dar uma edição por fechada muito cedo porque existe sempre a expetativa de poder encontrar ou saber algo mais que pode noticiado”. Opinião semelhante tem Fernando Eurico, jornalista da Antena 1, que defende que este período “é interessante porque nos obriga a puxar a cabeça e a procurar informação de forma mais forte, mas também aliciante porque temos a sensação que os nossos ouvintes procuram a informação”.

Pedro Azevedo, da Rádio Renascença, não considera a fase do mercado de transferências um momento complicado. “É de facto uma altura intensa, mas não complicada. Dá-nos muito prazer. A principal razão para termos sucesso no que fazemos é ter interesse. Olhamos para o mercado com um manancial de informação como um desafio e nunca um obstáculo”, refere o jornalista. Por outro lado, Azevedo realça que o maior problema para os órgãos de informação tem que ver com a diminuição do número de jornalistas durante esta fase. “As redações estão mais despidas porque nós temos férias em ciclos idênticos aos dos jogadores porque temos que acompanhar as

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competições e as nossas férias têm de ser iguais. Mas a Bola Branca tem o historial de dar em primeira mão e os ouvintes e leitores nessa altura de facto têm uma profusão pelas notícias de mercado que damos.”, destaca o jornalista da Rádio Renascença. Destaque ainda para João Ricardo Pateiro, jornalista da TSF, que destaca que o período entre junho e agosto é uma fase “difícil, mas aliciante porque é um tempo fértil em notícias”. Para Pateiro, “para quem é jornalista acho que é muito aliciante esse período, mas também perigoso porque há muita contrainformação, muito boato, muita gente a tentar usar os jornalistas como veículos para algumas mensagens.

Um tópico referido por todos os entrevistados tem que ver com a contrainformação com que os media se deparam durante esta fase e que não raras vezes faz perigar a credibilização do órgão de informação. Rui Baioneta dá o caso do último mercado de transferências. “Cheguei a ter 12 nomes de potenciais reforços do Sporting e desses 12 só 1 faria eventualmente sentido”. Para o jornalista d’A Bola, o mercado de transferências é um momento em que “há jogos de interesse e com frequências as fontes enganam os jornalistas”. Por isso, Baioneta realça que “são fases muito difíceis de trabalhar, há uma margem de erro grande”. O subeditor do Sporting realça mesmo que “há publicações que atiram nomes e mais nomes e em dez nomes não acertam um. Isso descredibiliza o jornal e a própria classe”. Para o jornalista, “as pessoas gostam de ouvir nomes se houver fonte de verdade. Se for só poeira para o ar as pessoas sentem- se enganadas”. Carlos Pereira Santos dá o exemplo dos empresários, referindo que estes “são agentes muito bons para os jornalistas quando precisam, mas que são maus para a classe quando o jornalista precisa deles”. O editor do futebol nacional d’ O Jogo realça que há um perigo enorme dos empresários apenas “querem colocar jogadores”, pelo que é fundamental “fazer a distinção entre o que é notícia e o que é especulação”.

André Monteiro, jornalista do Record, dá mesmo exemplos concretos. “A contra informação vem sobretudo de dois fatores: vêm da meia informação, da pista que recebes ou algumas vezes tens de perceber se é fidedigna ou se está subjacente algum interesse de agente... de empresário, dirigente ou jogador.” Para o jornalista do Record, “a contrainformação é na expetativa de alguns desses agentes tirar algum partido das suas condições, ou por uma questão de dinheiro”. O jornalista dá mesmo um exemplo de contrainformação com que se depara nesta fase. “Um exemplo muito básico de

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contrainformação passa por receberes uma informação, seja de quem for, a valorizar um jogador, dizendo que está a ser negociado por um clube apenas para o valorizar”.

Para Pedro Mendonça, jornalista de A Bola TV, “há muita contrainformação nesta fase e é necessário saber selecionar as fontes, pois toda a gente está interessada em ser notícia”. Mendonça refere que esta contrainformação surge sobretudo “nos jogadores mais jovens, pois são os que consideram que assim podem entrar na ribalta”. Para o jornalista, “a experiência do jornalista é fundamental, pois a partir de um certo momento, fica-se a perceber que, entre 100 contactos, só se pode confiar em 5 ou 6”. Por isso, Pedro Mendonça refere que a proximidade com as fontes é fundamental. “Os empresários, por terem interesses, passam-te informações porque têm um negócio, mas é igualmente importante ter uma boa relação com eles porque são eles que sabem tudo e te falam de futebol”. Para Mendonça, “o meio de empresários é um T0 onde todos se conhecem”. Por isso, o jornalista considera que “nesta altura, é muito importante chegar à redação, ler os jornais, pegar na lista telefónica e contactar vários empresários para perceber como está diariamente a sua atividade, pois só assim o jornalista pode e vai começando a ganhar confiança com eles”.

João Ricardo Pateiro realça que, na TSF, “a filtragem é feita com a segurança que temos nas fontes e quando há uma fonte que ainda não conhecemos ficamos com reserva.”. Pateiro não esconde que “algumas fontes têm interesse em algumas notícias”. “Temos o exemplo dos empresários, que podem ser boas fontes, mas é preciso ter muita confiança para ter a garantia que o que está a dizer-nos é verdade e não está a induzir- nos em erro”, remata. Para o jornalista, a credibilização do órgão é posta à prova, pois “as pessoas apercebem-se das notícias verdadeiras e se começarmos a falhar muito, se o ouvinte começa a perceber que as notícias são baseadas em boatos e uma rádio dá eco disso começa a descredibilizar-se”, realça o jornalista da TSF.

Rui Pedro Braz, um dos jornalistas que fez parte da equipa do programa “Mais Transferências”, também realça a importância da proximidade com as fontes. Ainda assim, Braz coloca barreiras nesta relação. “Entre jornalista e fonte tem de haver uma relação de respeito e confiança porque senão a relação acaba por ser minada”. Para Rui Pedro Braz, “a fonte só será fonte se for alguém em quem podes confiar e essa fonte tem de confiar para saber que, por mais pressões que possas sentir, nunca vais divulgar

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quem é”. Para o comentador da TVI, “é importante manter sempre esse respeito por cima de qualquer interesse pessoal”. Ainda assim, Rui Pedro Braz realça que é preciso ter em atenção o contexto em que as fontes se incluem. “Muitas vezes a fonte de informação passou-te informação que naquele momento era verdadeira, mas depois não se confirmou. Em nenhum setor corre tanta informação tão rapidamente como o futebol. Às vezes, o que é verdade às 4 da tarde é mentira às 6”, realça Braz.

Para Fernando Eurico, o contacto com as fontes de informação não deve ser feito apenas durante o período de mercado de transferências. “Nós tentamos cultivar sobretudo com as fontes que nos parecem credíveis ou nunca nos deixaram ficar mal e tentamos ao longo da época em que não precisamos tanto delas, faz parte da função de cortesia, de irmos estabelecendo algum contacto para mostrarmos que estamos na corrente”, realça. Pedro Azevedo também realça a importância das fontes de informação durante esta fase. “As fontes são essenciais para credibilizar as notícias”, realça. O jornalista destaca que a RR tem a felicidade das pessoas do futebol gostarem da Bola Branca (programa desportivo da Renascença)”, pelo que existe uma rede de contactos grande.

Dentro do mercado de transferências, um outro problema é colocado perante o jornalista, que tem que ver com a ética. Foi questionado aos vários jornalistas se existia a hipótese de haver um conflito de interesses. Em termos concretos, se existe a hipótese de, apenas para preservar uma fonte dentro de um clube, um órgão de informação pode não divulgar previamente um negócio para que um clube não perca um negócio. Rui Baioneta realça que nunca lhe foi pedido para guardar uma notícia pois no jornal A Bola, “os jornalistas trabalham para os leitores e não para os clubes”. Para Baioneta, subeditor da secção Sporting n’ A Bola, o importante “é ser fiel ao jornal e aos seus leitores”.

André Monteiro realça que “essa é uma situação que não pode acontecer”. Ainda assim, o jornalista do Record destaca que isso acontece, pois há vários empresários que “nos dizem que certo jogador vai para aquele clube, mas nos pedem para não divulgar previamente a informação, sob pena do negócio não se concretizar”. Para o jornalista, “se existir uma situação dessas, o jornalista tem de dar a informação, tendo o cuidado de não secar a fonte, prejudicando-a e podendo ficar sem ele posteriormente”. André Monteiro destaca mesmo que “quando há alguém que me pede para proteger a informação que não o agente, então isso é fazer um favor a esse agente”. Mas, se o

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mesmo acontecer, mas “for um agente que te dá a informação e te pede para não escrever... se tu achares que tens vantagem em continuar com a fonte, tens de ter cuidado no texto, na abordagem, sem nunca colocar em causa o que interessa”, destaca. Pedro Mendonça vai mais longe e diz que a preservação de notícias é algo frequente entre os órgãos de informação desportivos. “Infelizmente há e existe. O jogo de interesses é tão grande que isso é uma realidade”. Para Mendonça, “há órgãos que, para preservar uma relação próxima com um clube, não avançam com certas notícias”.

Rui Pedro Braz não descura a possibilidade de preservar uma notícia. “O jornalismo é uma relação de compromisso. Se queimas a tua relação hoje com uma fonte... ele diz- te ‘Isto é em off e tu mesmo assim dás’ nunca mais tens nada dessa fonte”. Para o jornalista da TVI, “a partir do momento em que o jornalista trai a fonte, em que pões em causa o seu respeito, nunca mais se consegue nada dele”. Por isso, Rui Pedro Braz defende que “se a fonte te diz que algo é confirmado, mas não podes dar, tu tens de respeitar porque essa opção de dar o exclusivo pode ser para ti noutro dia. Se estiveres de consciência tranquila, podes perder a notícia hoje, mas ganhas as próximas 5”. Neste tópico, Fernando Eurico dá o exemplo da Antena 1 e da Federação Portuguesa de Futebol. “Na Antena 1 ficamos com relações algo azedas com a FPF porque demos uma informação que eles não queriam que déssemos, mas a nossa função não é agradar a instituições, mas sim dar informação, mesmo que se possa perder uma fonte”, realça.

Já João Ricardo Pateiro não tem dúvidas. “Se um clube quiser que eu trabalhe em prol dele tem de me contratar. Se eu tiver uma notícia tenho de dar a notícia”. O jornalista da TSF dá mesmo um exemplo concreto. “Eu dei a notícia do Villas Boas vir para o FC Porto… Ele ligou para a TSF para desmentir, ligou-me e eu disse-lhe: "André, a sua vida é treinar equipas" e o meu trabalho é dar notícias. O receio dele é que, tendo a notícia saído mais cedo, que o Pinto da Costa e o FC Porto ficassem aborrecidos, pensando que tinha sido ele a divulgar, e que abortassem”. Pateiro realça, por isso, que “nunca deixaria de dar uma notícia porque o clube A ou B pode perder ou não um negócio”. Pedro Azevedo, jornalista da Renascença, admite o cenário, mas realça que este confronto ético “o importante é existir uma relação de confiança mútua, em que a fonte sabe que a RR é um órgão de confiança e nós sabemos que a fonte é credível”.

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Conclusão

Tal como refere Tatiana Henriques na dissertação “Jornalismo Desportivo em Portugal: notícia ou especulação? Análise das fontes nos diários “O Jogo”, “A Bola” e “Record”, “os jornalistas não estão livres de noticiar algo especulativo, já que as próprias fontes contam dados aos repórteres que não são verdadeiros (deliberadamente ou não)” (Henriques, 2014). Desta forma, os resultados enquadrados, sobretudo no que diz respeito à percentagem de acerto dos jornais ao nível de entradas e saídas de jogadores e treinadores, não surpreendeu particularmente, tendo em conta a elevada quantidade de contrainformação que existe durante este período. Também por isso, os objetivos previamente estabelecidos antes deste estágio foram amplamente concretizados. Para além da consolidação de processos em termos de aprendizagem jornalística, o estágio n’ A Bola TV permitiu-me ter trabalho de campo essencial no futuro. Para além disto, o facto de ter sido contratado pela empresa no início de março foi a cereja no topo do bolo que começou a ser construído no início de setembro. Tal como pudemos ver a partir das análises quantitativa e qualitativa, o estágio n’ A Bola TV foi amplamente produtivo, não só ao nível dos artigos realizados como da abrangência que estes foram tendo. Para que isso fosse possível, a ajuda da equipa d’ A Bola TV foi fundamental para que o crescimento do estagiário fosse uma constante.

Por outro lado, neste trabalho procurava explorar-se a relação entre jornalistas e fontes de informação no jornalismo desportivo, optando por comparar-se a utilização dada pelos três jornais diários desportivos às fontes de informação. Tal como refere Rui Novais, “o jornalismo desportivo oscila entre o imediatismo da oferta informativa ou cobertura noticiosa pura” (Rui Novais, 2010: 13). Esse é um fator que acabou por se comprovar, sobretudo quando foram analisadas as percentagens de acerto ao nível de entradas e saídas de jogadores e treinadores. Mas não só esse foi um tópico interessante de análise: analisar e comparar o tipo de fontes, o estatuto das mesas e o contexto geográfico em que estas residem permitiu perceber que, de facto, o mercado de transferências é um período bastante profícuo em termos jornalísticos.

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Tal como percebemos a partir das entrevistas com jornalistas, a credibilização do órgão de informação é bastante posta à prova, pelo que a presença de fontes é fundamental para credibilizar a notícia. Dentro da temática das fontes, uma conclusão interessante que se tira deste trabalho tem que ver com a não identificação regular das fontes neste período. Não raras vezes os jornais utilizam expressões como “A Bola sabe”, “O Jogo apurou” ou “Record assegura”. Algo que, para Rui Pedro Braz, é normal, tendo em conta que “o mercado de transferências é um mercado que envolve muito dinheiro”, pelo que “a partir de momento em que se divulgam as fontes, queima-se queimar a possibilidade de ter novamente informações dessa pessoa” refere. Por outro lado, outro dos pontos que pode ser explorado em novas investigações tem que ver com o conflito entre jornalistas e ética durante este período.

No que diz respeito ao mercado de transferências, foi questionado aos oito entrevistados se existe a possibilidade de um órgão não divulgar previamente um negócio a pedido de um clube. Dos oito entrevistados, apenas Rui Pedro Braz e Pedro Mendonça admitiram abertamente essa possibilidade. Esta possível intromissão entre clubes e jornalistas na área desportiva é outra temática passível de ser explorada futuramente. Por outro lado, a partir dos valores-notícia, através da tipificação feita por Nélson Traquina, que este é um tópico que vai ao encontro da esmagadora maioria das razões que motiva um facto ou notícia serem trabalhados.

Desta forma, os objetivos foram alcançados e o trabalho, em termos teóricos e práticos, acabou por ter resultados muito interessantes que desaguam neste relatório que procurou, a partir de uma base teórica e de uma base comparativa, explorar aquilo que foi o estágio n’ A Bola TV e trazer para a discussão um tópico importante para o ramo jornalístico, que tem que ver com a relação com as fontes.

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Bibliografia

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75

Anexo I – Gráficos

Páginas FC Porto (O Jogo) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Junho Julho Agosto Setembro

Gráfico 12 - (Dados: Páginas FC Porto jornal O Jogo – Junho: 97 páginas [24%]; Julho: 131 páginas [32%]; Agosto – 178 páginas [43%] e Setembro – 4 páginas [1%]) – Total de 410 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Páginas Benfica (O Jogo) 160

140

120

100

80

60

40

20

0

Junho Julho Agosto Setembro

Gráfico 13 - (Dados: Páginas Benfica jornal O Jogo – Junho: 99 páginas [28%]; Julho: 104 páginas [29%]; Agosto – 151 páginas [42%] e Setembro – 4 páginas [1%]) – Total de 358 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

76

Páginas Sporting (O Jogo) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Junho Julho Agosto Setembro

Gráfico 14 - (Dados: Páginas Sporting jornal O Jogo – Junho: 105 páginas [27%]; Julho: 106 páginas [28%]; Agosto – 168 páginas [44%] e Setembro – 4 páginas [1%]) – Total de 383 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Páginas 3 Grandes (O Jogo) 420 410 400 390 380 370 360 350 340 330

FC Porto Benfica Sporting

Gráfico 15 - (Dados: Páginas 3 Grandes Jornal O Jogo – FC Porto: 410 páginas [36%]; Benfica - 358 páginas [31%]; Sporting - 383 páginas [33%] – Total de 1151 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

77

Páginas FC Porto (A Bola) 120

100

80

60

40

20

0

Junho Julho Agosto Setembro

Gráfico 16 - (Dados: Páginas FC Porto Jornal A Bola – Junho: 71 páginas [26%]; Julho: 104 páginas [38%]; Agosto – 100 páginas [36%] e Setembro: 2 páginas [0,01%] – total de 277 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Páginas Benfica (A Bola) 160

140

120

100

80

60

40

20

0

Junho Julho Agosto Setembro

Gráfico 17 - (Dados: Páginas Benfica Jornal A Bola – Junho: 134 páginas [33%]; Julho: 125 páginas [30%]; Agosto – 150 páginas [36%] e Setembro: 2 páginas [1%] – total de 411 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

78

Páginas Sporting (A Bola) 180

160

140

120

100

80

60

40

20

0

Junho Julho Agosto Setembro

Gráfico 18 - (Dados: Páginas Sporting Jornal A Bola – Junho: 133 páginas [31%]; Julho – 126 páginas [29%]; Agosto – 171 páginas [40%] e Setembro – 2 páginas [0,005%] – total de 432 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Páginas 3 Grandes (A Bola) 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0

FC Porto Benfica Sporting

79

Gráfico 19 - (Dados: Páginas 3 Grandes Jornal A Bola – FC Porto: 277 páginas [24%]; Benfica: 411 páginas [37%]; Sporting: 432 páginas [39%] – Total de 1120 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Páginas FC Porto (Record) 120

100

80

60

40

20

0

Junho Julho Agosto Setembro

Gráfico 20 – (Dados: Páginas FC Porto Jornal Record – Junho: 61 páginas [22%]; Julho – 106 páginas [38%]; Agosto – 106 páginas [38%] e Setembro – 3 páginas [2%] – Total de 276 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Páginas Benfica (Record) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Junho Julho Agosto Setembro

80

Gráfico 21 – (Dados: Páginas Benfica Jornal Record – Junho: 133 páginas [28%]; Julho: 159 páginas [33%]; Agosto – 181 páginas [38%] e Setembro – 3 páginas [1%] – Total de 476 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Páginas Sporting (Record) 250

200

150

100

50

0

Junho Julho Agosto Setembro

Gráfico 22 – (Dados: Páginas Sporting Jornal Record – Junho: 178 páginas [33%]; Julho – 155 páginas [29%]; Agosto – 201 páginas [37%] e Setembro – 3 páginas [1%] – Total de 537 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Páginas 3 Grandes (Record) 600

500

400

300

200

100

0

FC Porto Benfica Sporting

81

Gráfico 23 - (Dados: Páginas 3 Grandes Jornal Record – FC Porto: 276 páginas [21%]; Benfica – 476 páginas [37%]; Sporting: 537 páginas [42%] – Total de 1289 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Total Páginas 3 Jornais 1350

1300

1250

1200

1150

1100

1050

1000

O Jogo A Bola Record

Gráfico 24 - (Dados: Total Páginas 3 jornais – O Jogo: 1151 páginas [32%]; A Bola – 1120 páginas [31%]; Record – 1289 páginas [67%] – Total de 3560 páginas contabilizadas em três meses de análise [100%]

Manchetes FC Porto (O Jogo) 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Zona Central Topo Baixo Direita Esquerda

FC Porto

82

Gráfico 25 - (Dados: Manchetes FC Porto Jornal O Jogo: Zona Central – 37 vezes [40%]; Topo – 45 vezes [48%]; Baixo – 0 vezes [0%]; Direita – 7 vezes [8%] e Esquerda – 4 vezes [4%] – Total de 93 capas nos três meses de análise [100%]

Manchetes Benfica (O Jogo) 45

40

35

30

25

20

15

10

5

0 Zona Central Topo Baixo Direita Esquerda

Benfica

Gráfico 26 - (Dados: Manchetes Benfica Jornal O Jogo: Zona central – 21 vezes [22%]; Topo – 19 vezes [20%]; Baixo – 5 vezes [5%]; Direita – 40 vezes [41%] e Esquerda – 12 vezes [12%] – Total de 93 capas nos três meses de análise [Nota: Um clube pode aparecer em dois espaços, daí o total do Gráfico 25 contabilizar 97 e não 93]

Manchetes Sporting (O Jogo) 35

30

25

20

15

10

5

0 Zona Central Topo Baixo Direita Esquerda

Sporting

83

Gráfico 27 - (Dados: Manchetes Sporting Jornal O Jogo: Zona Central – 31 vezes [33%], Topo – 21 vezes [23%]; Baixo – 3 vezes [3%]; Direita – 25 vezes [27%] e Esquerda – 13 vezes [14%] – Total de 93 capas nos três meses de análise [100%]

Manchetes FC Porto (A Bola)

60

50

40

30

20

10

0 Zona Central Topo Baixo Direita Esquerda

FC Porto

Gráfico 28 - (Dados: Manchetes FC Porto Jornal A Bola: Zona Central – 3 vezes [3%], Topo – 9 vezes [10%]; Baixo – 26 vezes [28%]; Direita – 50 vezes [54%] e Esquerda – 5 vezes [5%] – Total de 93 capas nos três meses de análise [100%]

Manchetes Benfica (A Bola) 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Zona Central Topo Baixo Direita Esquerda

Benfica

84

Gráfico 29 - (Dados: Manchetes Benfica Jornal A Bola: Zona Central – 45 vezes [48%], Topo – 10 vezes [11%]; Baixo – 12 vezes [13%]; Direita – 23 vezes [25%] e Esquerda – 3 vezes [3%] – Total de 93 capas nos três meses de análise [100%]

Manchetes Sporting (A Bola)

45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Zona Central Topo Baixo Direita Esquerda

Sporting

Gráfico 30 - (Dados: Manchetes Sporting Jornal A Bola: Zona Central – 41 vezes [44%]; Topo – 5 vezes [5%]; Baixo – 14 vezes [15%]; Direita – 28 vezes [30%] e Esquerda – 5 vezes [6%] – Total de 93 capas nos três meses de análise [100%]

Manchetes FC Porto (Record) 70

60

50

40

30

20

10

0 Zona Central Topo Baixo Direita Esquerda

FC Porto

85

Gráfico 31 - (Dados: Manchetes FC Porto Jornal Record: Zona Central – 2 vezes [2%]; Topo – 8 vezes [9%]; Baixo – 24 vezes [26%]; Direita – 58 vezes [62%] e Esquerda – 1 vez [1%] – Total de 93 capas nos três meses de análise [100%]

Manchetes Benfica (Record) 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Zona Central Topo Baixo Direita Esquerda

Benfica

Gráfico 32 - (Dados: Manchetes Benfica Record: Zona Central – 39 vezes [38%]; Topo – 3 vezes [3%]; Baixo – 16 vezes [16%]; Direita – 43 vezes [42%] e Esquerda – 1 vez [1%] – Total de 93 capas nos três meses de análise [Nota: Um clube pode aparecer em dois espaços na mesma capa, daí o total do Gráfico 31 contabilizar 102 e não 93]

Manchetes Sporting (Record) 60

50

40

30

20

10

0 Zona Central Topo Baixo Direita Esquerda

Sporting

86

Gráfico 33 - (Dados: Manchetes Sporting Jornal Record: Zona Central – 57 vezes [61%]; Topo – 3 vezes [3%]; Baixo – 8 vezes [9%]; Direita – 25 vezes [27%] e Esquerda – 0 vezes [0%] – Total de 93 capas nos três meses de análise

Géneros Jornalísticos (O Jogo) 600

500

400

300

200

100

0

Géneros Jornalísticos

Gráfico 34 - (Dados: Géneros Jornalísticos Jornal O Jogo: Artigo – 538 vezes [65%]; Breve – 254 vezes [31%]; Crónica – 0 vezes [0%]; Opinião – 15 vezes [2%]; Infografia – 0 vezes [0%]; Reportagem – 0 vezes [0%]; Análise – 10 vezes [1%]; Entrevista – 7 vezes [1%], Perfil – 0 vezes [0%] e Cronologia – 0 vezes [0%] – Total de 824 [100%]

Géneros Jornalísticos (A Bola) 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0

Géneros Jornalísticos

87

Gráfico 35 - (Dados: Géneros Jornalísticos Jornal A Bola: Artigo – 806 vezes [75%]; Breve – 235 vezes [22%]; Crónica – 2 vezes [0,002%]; Opinião – 0 vezes [0%]; Infografia – 0 vezes [0%]; Reportagem – 1 vez [0,001%]; Análise – 0 vezes [0%]; Entrevista – 1 vez [0,001%], Perfil – 32 vezes [3%] e Cronologia – 0 vezes [0%] – Total de 1077 [100%]

Géneros Jornalísticos (Record) 800 700 600 500 400 300 200 100 0

Géneros Jornalísticos

Gráfico 36 - (Dados: Géneros Jornalísticos Record: Artigo – 695 vezes [75%]; Breve – 215 vezes [23%]; Crónica – 0 vezes [0%]; Opinião – 1 vez [0,001%]; Infografia – 1 vez [0,001%]; Reportagem – 0 vezes [0%]; Análise – 2 vezes [0,002%]; Entrevista – 1 vez [0,001%]; Perfil – 10 vezes [1%] e Cronologia – 3 vezes [0,003%] – Total de 928 [100%]

Total Fontes Utilizadas Identificadas (O Jogo) 400 350 300 250 200 150 100 50 0

Total Fontes Utilizadas Identificadas

88

Gráfico 37 - (Dados: Total Fontes Utilizadas Identificadas O Jogo – 360 vezes [100%]

Total Fontes Utilizadas Identificadas (A Bola) 350

300

250

200

150

100

50

0

Total Fontes Identificadas

Gráfico 38 - (Dados: Total Fontes Utilizadas Identificadas A Bola – 299 vezes [100%]

Total Fontes Utilizadas Identificadas (Record) 300

250

200

150

100

50

0

Total Fontes Utilizadas Identificadas

Gráfico 39 - (Dados: Total Fontes Utilizadas Identificadas Record – 244 vezes [100%]

89

Tipo Fontes Utilizadas (O Jogo) 400 350 300 250 200 150 100 50 0 On the Record Off the Record On Background/not for On Deep Background attribution

Tipo Fontes Utilizadas

Gráfico 40 - (Dados: Tipo Fontes Utilizadas O Jogo – “On the Record” - 334 vezes [43%]; “Off the Record” – 200 vezes [26%]; “On Background/not for attribution” – 15 vezes [2%] e “On deep Background” – 235 vezes [29%] – Total de 784 fontes [100%]

Tipo Fontes Utilizadas (A Bola) 700

600

500

400

300

200

100

0 On the Record Off the Record On Background/Not for On Deep Background attribution

Tipo Fontes Utilizadas

Gráfico 41 - (Dados: Tipo Fontes Utilizadas A Bola – “On the Record” - 297 vezes [28%]; “Off the Record” – 612 vezes [58%]; “On Background/not for attribution” – 12 vezes [1%] e “On deep Background” – 137 vezes [13%] – Total de 1058 fontes [100%]

90

Tipo Fontes Utilizadas (Record)

600

500

400

300

200

100

0 On the Record Off the Record On Background/Not for On Deep Background Attribution Tipo Fontes Utilizadas

Gráfico 42 - (Dados: Tipo Fontes Utilizadas Record – “On the Record” - 234 vezes [27%]; “Off the Record” – 477 vezes [55%]; “On Background/not for attribution” – 25 vezes [3%] e “On deep Background” – 130 vezes [15%] – Total de 866 fontes [100%]

Estatuto Fontes (O Jogo) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Institucionais Espontâneas Espontâneas (Não Media Outros (Oficiais) (Especializadas) especializadas)

Estatuto Fontes (O Jogo)

91

Gráfico 43 - (Dados: Tipo Estatuto Fontes O Jogo: Oficiais/Institucionais – 12 vezes [3%]; Espontâneas/ Especializadas – 110 vezes [31%]; Espontâneas/Não Especializadas– 60 vezes [17%]; Media – 165 vezes [47%] e Outros – 10 vezes [2%] – Total de 360 fontes com Estatuto no Jornal O Jogo [100%]

Estatuto Fontes (A Bola)

140

120

100

80

60

40

20

0 Institucionais Espontâneas Espontâneas (Não Media Outros (Oficiais) (Especializadas) Especializadas)

Estatuto Fontes (A Bola)

Gráfico 44 - (Dados: Tipo Estatuto Fontes A Bola: Oficiais/Institucionais – 20 vezes [7%]; Espontâneas/Especializadas – 114 vezes [38%]; Espontâneas/Não Especializadas– 30 vezes [10%]; Media – 130 vezes [43%] e Outros – 5 vezes [2%] – Total de 299 fontes com Estatuto no Jornal A Bola [100%]

Estatuto Fontes (Record) 120

100

80

60

40

20

0 Institucionais Espontâneas Espontâneas (Não Media Outros (Oficiais) (Especializadas) especializadas)

Estatuto Fontes (Record)

92

Gráfico 45 - (Dados: Tipo Estatuto Fontes Record: Oficiais/Institucionais – 7 vezes [3%]; Espontâneas/Especializadas – 98 vezes [40%]; Espontâneas/Não Especializadas – 32 vezes [13%]; Media – 100 vezes [41%] e Outros –7 vezes [3%] – Total de 244 fontes com Estatuto no Jornal Record [100%]

Contexto Geográfico Fontes (O Jogo) 250

200

150

100

50

0 Europa América África Ásia Oceânia

Contexto Geográfico Fontes (O Jogo)

Gráfico 46 - (Dados: Contexto Geográfico Fontes O Jogo: Europa – 212 vezes [59%]; América – 118 vezes [33%]; África – 32 vezes [6%]; Ásia – 8 vezes [2%] e Oceânia – 0 vezes [0%] – Total de 360 fontes com Contexto Geográfico no Jornal O Jogo [100%]

Contexto Geográfico Fontes (A Bola) 250

200

150

100

50

0 Europa América África Ásia Oceânia

Contexto Geográfico Fontes (A Bola)

93

Gráfico 47 - (Dados: Contexto Geográfico Fontes A Bola: Europa – 201 vezes [67%]; América – 82 vezes [27%]; África – 11 vezes [4%]; Ásia – 5 vezes [2%] e Oceânia – 0 vezes [0%] – Total de 299 fontes com Contexto Geográfico no Jornal O Jogo [100%]

Contexto Geográfico Fontes (Record) 160

140

120

100

80

60

40

20

0 Europa América África Ásia Oceânia

Contexto Geográfico Fontes (Record)

Gráfico 48 - (Dados: Contexto Geográfico Fontes Record: Europa – 148 vezes [61%]; América – 85 vezes [35%]; África – 11 vezes [4%]; Ásia – 0 vezes [0%] e Oceânia – 0 vezes [0%] – Total de 244 fontes com Contexto Geográfico no Jornal Record [100%]

Artigos escritos por enviados/correspondentes (O Jogo) 40

35

30

25

20

15

10

5

0

Artigos escritos por enviados/correspondentes (O Jogo)

94

Gráfico 49 - (Dados: Artigos escritos por enviados especiais/correspondentes Jornal O Jogo: 34 vezes [100%]

Artigos escritos por enviados/correspondentes (A Bola) 30

25

20

15

10

5

0

Artigos escritos por enviados/correspondentes (A Bola)

Gráfico 50 - (Dados: Artigos escritos por enviados especiais/correspondentes Jornal A Bola: 24 vezes [100%]

Artigos escritos por enviados/correspondentes (Record)

18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

Artigos escritos por enviados/correspondentes (Record)

Gráfico 51 - (Dados: Artigos escritos por enviados especiais/correspondentes Jornal Record: 17 vezes [100%]

95

Percentagem Acerto (Entradas Jogadores/Treinadores) - O Jogo 80

70

60

50

40

30

20

10

0 Verdadeiras Falsas

Percentagem Acerto (Entradas Jogadores/Treinadores) - O Jogo

Gráfico 52 - (Dados: Percentagem Acerto Entradas Jogadores/Treinadores no jornal O Jogo: Verdadeiras - 29 vezes [29%] e Falsas – 68 vezes [71%] – total de 97 nomes

Percentagem Acerto (Saídas Jogadores/Treinadores - O Jogo) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Verdadeiras Falsas

Percentagem Acerto Saídas Jogadores/Treinadores (O Jogo)

Gráfico 53 - (Dados: Percentagem Acerto Saídas Jogadores/Treinadores no jornal O Jogo: Verdadeiras - 88 vezes [63%] e Falsas – 51 vezes [37%] – total de 139 nomes

96

Percentagem Acerto (Entradas Jogadores/Treinadores) - A Bola 120

100

80

60

40

20

0 Verdadeiras Falsas

Percentagem Acerto (Entradas Jogadores/Treinadores) - A Bola

Gráfico 54 - (Dados: Percentagem Acerto Entradas Jogadores/Treinadores no jornal A Bola: Verdadeiras - 44 vezes [28%] e Falsas – 114 vezes [72%] – total de 158 nomes

Percentagem Acerto (Saídas Jogadores/Treinadores) - A Bola 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Verdadeiras Falsas

Percentagem Acerto (Saídas Jogadores/Treinadores) - A Bola

Gráfico 55 - (Dados: Percentagem Acerto Saídas Jogadores/Treinadores no jornal A Bola: Verdadeiras - 90 vezes [55%] e Falsas – 73 vezes [45%] – total de 163 nomes

97

Percentagem Acerto (Entradas Jogadores/Treinadores) - Record 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Verdadeiras Falsas

Percentagem Acerto (Entradas Jogadores/Treinadores) - Record

Gráfico 56 - (Dados: Percentagem Acerto Entradas Jogadores/Treinadores no jornal Record: Verdadeiras - 43 vezes [33%] e Falsas – 87 vezes [77%] – total de 130 nomes

Percentagem Acerto (Saídas Jogadores/Treinadores) - Record 120

100

80

60

40

20

0 Verdadeiras Falsas

Percentagem Acerto (Saídas Jogadores/Treinadores) - Record

Gráfico 57 - (Dados: Percentagem Acerto Saídas Jogadores/Treinadores no jornal Record: Verdadeiras - 108 vezes [68%] e Falsas – 50 vezes [32%] – total de 158 nomes

98

Conceito Dimensão Variáveis

Valores Notícia Profissional (Traquina, 2004)

Tipos de Valores Notícia de Seleção

Critérios de Seleção - Valores Morte - Substantivos

Notoriedade x

Proximidade x

Relevância x

Novidade x

Fator Tempo x

Notabilidade x (quantidade, Inversão, falha, excesso/escassez)

Inesperado x

Conflito/Controvérsia x

Critérios de Seleção - Valores Disponibilidade x Contextuais

Visualidade(poder da imagem) x

Dia Noticioso x

Critérios de Simplificação x Seleção - Valores de Construção

99

Amplificação x

Relevância x

Personalização x

Dramatização -

Consonância X

Gráfico 58 - (Dados: Valores Notícia presentes no período “Mercado de Transferências” no jornal O Jogo)

Conceito Dimensão Variáveis

Valores Notícia Profissional (Traquina, 2004)

Tipos de Valores Notícia de Seleção

Critérios de Seleção - Valores Morte - Substantivos

Notoriedade X

Proximidade X

Relevância X

Novidade X

100

Fator Tempo X

Notabilidade X (quantidade, Inversão, falha, excesso/escassez)

Inesperado X

Conflito/Controvérsia X

Critérios de Seleção - Valores Disponibilidade X Contextuais

Visualidade(poder da imagem) X

Dia Noticioso X

Critérios de Simplificação X Seleção - Valores de Construção

Amplificação X

Relevância X

101

Personalização X

Dramatização -

Consonância X

Gráfico 59 - (Dados: Valores Notícia presentes no período “Mercado de Transferências” no jornal A Bola)

Conceito Dimensão Variáveis

Valores Notícia Profissional (Traquina, 2004)

Tipos de Valores Notícia de Seleção

Critérios de Seleção - Valores Morte - Substantivos

Notoriedade X

Proximidade X

Relevância X

102

Novidade X

Fator Tempo X

Notabilidade X (quantidade, Inversão, falha, excesso/escassez)

Inesperado X

Conflito/Controvérsia X

Critérios de Seleção - Valores Disponibilidade X Contextuais

Visualidade(poder da imagem) X

Dia Noticioso X

Critérios de Simplificação X Seleção - Valores de Construção

Amplificação X

Relevância X

Personalização X

103

Dramatização -

Consonância X

Gráfico 60 - (Dados: Valores Notícia presentes no período “Mercado de Transferências” no jornal Record)

Anexo II - Entrevistas

Carlos Pereira Santos (Editor Futebol Nacional O Jogo)

Como se organiza a estrutura do jornal O Jogo em termos editoriais?

O Jogo tem uma linha editorial e uma definição de espaço que dá mais noticiário e espaço aos três grandes. Temos agora o Braga a aproximar-se em termos de impacto e isso leva-nos a redefinir o espaço do jornal.

Os grandes têm mais espaço por uma série de razões, entre as quais com o número de adeptos. Se estamos a falar em 6 milhões para o Benfica, temos que privilegiar o espaço para esse clube. É importante que os mais importantes tenham um espaço de privilégio no jornal. Por isso é que o jornal abre sempre com os três grandes, com a ordem a depender das notícias do dia e da reunião que se faz com os editores.

Futebol nacional abarca todos os outros clubes e tanto o Braga como o Guimarães já têm um espaço independente. Mas já são dois clubes que têm um espaço importante no jornal porque temos muitos leitores no Minho.

104

E, pegando no tema de análise, como é que O Jogo trabalha o mercado transferências?

Podíamos fazer outras coisas e não só as transferências, mas é um problema fazer o jornal durante esse período. A proximidade com as fontes é muito importante... nós contamos muito connosco. Cada um de nós tem as suas próprias fontes - empresários, jogadores. Depois há um trabalho de redação que é feito diariamente e todos os dias temos notícias dos clubes todos. Uma aposta que fazemos, mas que dá trabalho.

Como é que as fontes lidam com o vosso trabalho durante este período?

As fontes também já estão preparadas para isso... temos as fontes que usamos mais que são os nossos próprios jornalistas porque a equipa de futebol nacional está de tal maneira orientada que sabe que é assim mesmo, que neste período temos que ser as próprias fontes do jornal. Se estivermos a falar de um jornal de informação geral, há uma espécie de piquete que liga duas a três vezes por dia para as autoridades para saber se há notícias - a chamada volta – que é feita diariamente. No futebol temos de ligar diariamente para os clubes... imagine: o treinador do Rio Ave é meu amigo e por semana, eu chateio-o três a quatro vezes por semana. Isto vive um bocado de nós.

Depois há os empresários que são gajos muito porreiros quando precisam e maus quando nós precisamos deles. Há uns que damos créditos e outros não... porque nesse período o que eles querem às vezes é colocar jogadores. Quando os conheces bem, sabes o que é notícia e o que é especulação.

Nós estamos a fazer um jogo honesto... o empresário do Serginho não queria pô-lo no Arouca e queria, com a nossa notícia, que o outro clube que estava interessado nele se chegasse à frente. Isso não é história combinada porque há um fundo de verdade. O problema é quando - e às vezes espalhamo-nos – um empresário diz que um jogador pode assinar por um clube e não há qualquer fundo de verdade. Claro que devemos sempre confirmar, sobretudo quando não temos grande confiança no empresário.

Qual o papel dos diretores de comunicação dos clubes neste processo?

Hoje os clubes têm todos um diretor de comunicação. Há aqui há uns anos.... o que está bem é assim, é haver um diretor de comunicação. Embora tenhamos contacto com ele todos os dias e eles dão-nos a informação do dia... a informação já vem filtrada e muitas

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vezes o que sabemos é fintando o diretor de comunicação. Como andamos há muitos anos, isso muitas vezes resulta porque há coisas nos clubes que os diretores não dizem. Normalmente, os diretores são pessoas que foram jornalistas e sabem como um jornal funciona porque senão os jornais vêm todos com a mesma informação.

O diretor de comunicação é excelente para os clubes e mau para os jornais. Ele raramente pensa no leitor, pensa no interesse do clube. Se tiver que fechar uma informação, fecha. Depois a maior parte dos treinos são fechados – treinos que eram ótimos para contar histórias. Hoje em dia só um ou outro clube não fecha os treinos, como o Paços de Ferreira. Isso limita-nos bastante a informação. O clube está um mês de férias e é muito difícil fazer um jornal nesse período. Vive-se muito de entrevistas, de trabalhos de reportagem e de informação que procuramos todos os dias. A informação raramente chega cá, temos de procurá-la. Nesse sentido ganha toda a força de que o jornal é mesmo um fenómeno que morre a cada 24 horas. Nesse período, torna-se mais difícil, mas tem de se fazer. Há outra parte que é que há muita procura por informação de órgãos estrangeiros. O futebol português vai muito buscar jogadores à América do Sul e isso ajuda-nos muito. Os jogadores vão de férias e nós vivemos de entrevistas que lhes fazemos e notícias que vêm de lá e especulação que não é agradável.

A credibilização de um jornal desportivo é posta em causa durante este período?

Compreendo que os leitores por vezes pensem que estamos a mentir, mas nenhum jornal fica contente com uma notícia que depois não se confirma. Este ano fomos indiscutivelmente o jornal que mais notícias demos, e as pessoas apercebem-se disso. Manter este nível ajuda muito a credibilizar... as rádios se há uma notícia no Jogo pegam na notícia e trabalham-na... as televisões também.

Nesse aspeto, quando as coisas não se confirmam, nós ficamos aborrecidos. Há sempre um fundo de verdade no que publicamos porque senão caímos em descrédito. Não podemos dizer que o Gaitán vai para o Atlético Madrid se não for verdade. A credibilização tem que ver com o facto de em Lisboa perceberem que nós damos as notícias dos três porque os três têm o mesmo espaço no jornal. Eu pelo-me por dar notícias. Quando damos a notícia e ela mais tarde é confirmada nós temos o cuidado de

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dizermos que já tínhamos dado a notícia antes. Conseguires ter num jornal de papel uma notícia que ninguém tem, hoje em dia é muito importante.

Rui Baioneta (Subeditor Sporting jornal Abola)

É mais complicado ter informação no período do mercado de transferências?

O verão e o mercado de inverno são sempre tempos mais complicados. Há informação, contra informação, desinformação... Isso tens que perceber com quem estás a falar, tens de confirmar todas as informações. Nada aqui é publicado sem ser verdadeiramente confirmado. A informação chega e tu tens de perceber até porque não tens muito tempo quem podes contactar. Chega-te a informação de um empresário que o jogador A interessa a clube B. Há elementos no jornal que tentam entrar em contacto com o clube para perceber se esse jogador faz ou não sentido. No Verão passado, eu tinha 12 nomes de potenciais reforços do Sporting e desses 12 só 1 faria eventualmente sentido. Seria ridículo no jornal do dia a seguir publicar os 12 nomes. Há aqui jogos de interesse e as fontes estarem inquinadas e te enganarem.

Qual o papel dos assessores/diretores de comunicação dos clubes?

Os assessores de imprensa não te dão grande ajuda. Em termos de transferências, se estão informados não te passam essa informação. O meio do futebol é muito apetecível, então a cada dia que passa saltam nomes novos. Depois cabe-te aqui como jornalista ter as fontes certas para te ajudarem, e isso nem toda a gente tem. Se um jogador vai à capa é porque há qualquer coisa, há um fundo de verdade, há um indício forte que o jogador interessa. Aqui não se fazem capas só por rumores. Às vezes até não damos a notícia se até ao fim do dia não temos a certeza absoluta que a informação é certa.

Ganha-se e perde-se muito crédito para os leitores nesta altura?

São fases muito difíceis de trabalhar, há uma margem de erro grande. Ou tens contacto com gente de clubes que te pode confirmar ou não essa hipótese ou então é muito complicado. Há publicações que atiram nomes e mais nomes e em dez nomes não

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acertam um. Isso descredibiliza o jornal e a própria classe. As pessoas gostam de ouvir nomes se houver fonte de verdade. Se for só poeira para o ar as pessoas sentem-se enganadas. Depois as pessoas às vezes leem as coisas como mais lhe dá jeito. Uma coisa é dizeres que um jogador interessa, outra é dizer que ele está contratado. Isso são movimentações que temos de estar atentos. Por haver interesse não quer dizer que a transferência acabe por se oficializar. O "interessa" nem sempre se concretiza.

Um jornal pode não lançar uma notícia de um negócio a pedido de um clube, para que este não perca esse mesmo negócio?

Nós trabalhamos para os leitores, não para os clubes. Pouco me importa se um clube ganha ou perde dinheiro num negócio. Tenho é de ser fiel ao meu jornal e aos meus leitores. (É possível guardar uma notícia só para o dia em que se confirma?) Aqui não, nunca me pediram para guardar uma notícia só porque dá jeito ao clube que não saia.

André Monteiro (jornalista Record)

É mais complicado ter informação no período do mercado de transferências?

É a altura mais aliciante e interessante tendo em conta a obtenção e publicação de notícia pura e dura, notícia pura e dura, tendo em conta num jornal desportivo muita da informação que temos e procuramos por vezes não podemos encarar como informação de facto noticioso. Quando trabalhas num jornal generalista, se trabalhares numa secção de crime, sociedade... se não for assassinado uma pessoa no Porto, é quase certa que vai haver um problema de violência doméstica em Braga.... Há uma maior área de notícia mais abrangente noutro tipo de jornalismo. No nosso caso, que trabalhamos por secções - por clubes ou divisões - tu tens de ser capaz de encontrar a notícia dentro daquele universo. O mercado, por ser algo específico e por naturalmente estamos a fazer de situações objetivas – estamos a falar de transferências - consegue ser mais interessante que outras alturas do nosso trabalho. É um período bastante exigente, que as pessoas não têm noção... muito exigente em termos de concorrência e do dia a dia do teu trabalho... torna o teu trabalho mais tardio porque nunca podes dar uma edição

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por fechada muito cedo porque estás sempre na expetativa de poderes encontrar ou saber algo mais que pode noticioso. Diria que é mais interessante.

Como se trabalha a informação e a contrainformação durante este período?

A contra informação vem sobretudo de dois fatores: vêm da meia informação, da pista que recebes ou algumas vezes tens de perceber se é fidedigna ou se está subjacente algum interesse de agente... de empresário, dirigente ou jogador.... Agora, naturalmente, ao trabalhares com o mercado estás a mexer com a vida de muitas pessoas e o dinheiro de muitas pessoas. Por isso, a contrainformação é na expetativa de alguns desses agentes tirar algum partido das suas condições, ou por uma questão de dinheiro. Um exemplo muito básico da contrainformação neste período: é tu receberes uma informação - dirigente, empresário, jogador – a valorizar um jogador a dizer que está a ser negociado por um clube ou um clube dizer que já rejeitou várias propostas por um jogador para o valorizar.... é esta contrainformação que encontras. E tens a não informação que é quando não tens disponibilidade destas partes de não te dizerem nada. Isto é algo que tens que trabalhar durante o ano para quando chegares a essa altura perceberes se estás a receber uma informação verdadeira ou não. Tens de alimentar as fontes, manter o contacto com elas, falando com elas sobre o que se vai passando, percebendo o que as pessoas também vão sendo... Essa contrainformação tem de ser gerida durante o ano. Não podes ser um bom jornalista de mercado se ligares o telemóvel apenas a 1 de julho e o desligares a 31 de agosto.

Qual o papel dos assessores de comunicação?

Os assessores de imprensa no mercado tens sempre duas valências deles... Em todas as áreas há bons e maus profissionais... o facto de seres um bom profissional não basta - falando de assessores – te centrares apenas na defesa do teu patrão. No caso deles não basta proteger - é trabalhar para que não haja informação. Também se podem proteger clubes e jogadores dando informação que pode defender quem está em questão. Tens assessores que confirmam ou desmentem, apenas. Coloca-lo perante uma informação e ele ou confirma ou desmente. A relação com essa fonte tem de ser trabalhada durante

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o ano porque no mercado se tiveres uma pista, informação em que não estás a conseguir confirmar ou não.... se uma das vias que queres confirmação é um assessor, não vai bastar só falares com ele ano a ano e no mercado não teres cumplicidade com ele para que ele te ajude. Portanto, tens a vertente da confirmação/não, confirmação e tens a vertente de ele te ajudar se é verdade ou mentira e te orientar. Tu próprio tens de perceber se a orientação que ele te dá é boa ou não, se ele está a mentir ou não.

E a credibilização é posta à prova durante este período?

Sentimos que a credibilização é posta à prova.… nas redes sociais, tantas vezes ouvimos que aquele jornal já deu 40 reforços para aquele clube e etc.… essa é uma credibilidade que tem de ser protegida pelo próprio jornalista porque penso que o jornalista não pode disparar nomes só porque ouvi dizer... Por outro lado, era necessário que as pessoas percebessem também que quando um jornal fala de um clube "este clube está interessado neste jogador"… só o facto do clube estar interessado já é notícia. Se o jogador vai ou não, é outro assunto. Agora, o acompanhamento do processo tem de ser bem medido para não te deixares enganar e dispares em catadupa e descredibilizes o jornal e o teu nome. Creio que ainda há falta de perceção do público porque às vezes só se leem os títulos e a notícia não é bem assim. "Estar interessado" não quer dizer que o jogador vem mesmo. Depois há os agentes que não ajudam, ao desmentir tudo que é noticiado e passado pouco tempo as coisas se confirmam. Quando o jogador vem já ninguém se lembra que aquela notícia até era verdadeira porque já estão noutro patamar... é um período muito importante para teres credibilidade e isso exige cautela e confiança e respeito pelo que te estão a dizer. É um processo difícil entre o que tu queres que é dar notícia e o teres de confirmar se aquilo é ou não verdade.

Um jornal pode não lançar uma notícia de um negócio a pedido de um clube, para que este não perca esse mesmo negócio?

Isso não pode acontecer.... tu tens de efetivamente de perceber isso e por isso quando tenho empresários que me ligam a dizer que "este jogador vai para ali, mas para já não escreva". É assim, eu percebo que para eles tu estás a libertar uma notícia que pode

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complicar a vida deles..., mas não podes por em causa a informação que tens de dar ao leitor porque estás a deixar de cumprir o teu papel. Por isso é que eu digo aos empresários que, para isso, mais vale não me ligarem. Se tiveres uma situação desse tipo, não podes deixar de dar. Tens de perceber até que ponto escrevendo o que tens de escrever, não é o estragar o negócio a quem quer que seja.... é teres o cuidado de não secar a fonte. Isto muito especificamente quando a pessoa te pede para aguentares um pouco a informação. Quando eu tenho alguém que me pede para proteger a informação que não o agente, então isso é fazer um favor.... mas se tiveres um agente que te dá a informação e te pede para não escrever... se tu achares que tens vantagem em continuar com a fonte, tens de ter cuidado no texto, na abordagem, sem nunca colocar em causa a verdade e o que interessa.

Pedro Mendonça, jornalista A Bola TV

O mercado de transferências é o período mais complicado para se trabalhar?

Eu penso ao contrário... porque acho que é aquele período que te permite, tendo em conta o jornalismo atual.… cada vez mais se faz menos jornalismo. Porque há menos recursos, mais informação que temos de preparar... e por isso acho que essa altura é a melhor porque há muita informação dispersa, tens de manter os contactos com as fontes, tens de ter boas fontes para chegares àquela que é mais verdadeira. Para um jornalista, podes-me dizer que é um período complicado porque há sede de dares mais informação, mas acho que é o mais apelativo para trabalhar porque tens esse "salero" com o facto de trabalhares realmente.

E como se lida com a contrainformação?

Há muita contrainformação e tens de saber selecionar as fontes porque toda a gente está interessada em ser notícia... é o jogador que quer procurar lançar-se e passa- te informação que por vezes não é verdadeira para que possa ser falado... "Falem bem ou mal, mas falem”. Há empresários que querem abrir algumas portas... os treinadores, quando não têm emprego, também gostam de te passar informações para serem

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falados... O Domingos estava alegadamente numa lista de 6 ou 7 clubes, mas acho que temos o bom senso de perceber que não estava em todos esses clubes. Há esse trabalho de bastidores sobretudo nos jogadores mais jovens porque eles acham que assim podem entrar na ribalta. Tens de fazer a destrinça do que é verdade ou mentira. Com a experiência que ganhas, tu percebes que de 100 contactos só podes confiar em 5 ou 6.

Nesta altura se não tiveres proximidade com as fontes não tiras notícias. Os empresários, por terem interesses, passam-te informações porque eles têm um negócio... mas tu tens que ter uma boa relação com eles porque são eles que sabem tudo e te falam de futebol. O meio de empresários é um T0 e quando tu me passas uma informação, eu também te passo uma informação. Nesta altura, é muito importante - era chegar à redação, ler os jornais, pegar na lista e telefonar para vários empresários para perceber como estava a atividade – mas quando tu ligas eles sabem que tu és e vais começando a ganhar confiança com eles. E quando precisas de confirmar algo tu podes ter essa informação com eles.

E a credibilização de um órgão é muito posta à prova nesta altura?

Se fosse há 10 anos, toda a gente se acreditava nos jornais... hoje em dia já não, com as redes sociais e a internet. Hoje já fazes o filtro do que te interessa. Os que são fiéis seguidores dos clubes não ligam muito a isso..., mas tens um exemplo do programa Mais transferências que sabes que 90% da credibilidade não existia. Se fores uma pessoa informada ao veres aquilo já estás de pé atrás. É importante que as pessoas percebam que podem acreditar no jornalista X ou Y. É importante sentires-te bem contigo mesmo. O maior predicado de um jornalista é a sua credibilidade porque escrever todos escreverem, mas com verdade poucos conseguem. O que acontecia há muitos anos era…" Se a bola diz é porque é verdade"… hoje em dia já não é verdade. As pessoas já estão muito atentas atualmente. Também é verdade que há muita especulação e então podes defender-te assim, não dizendo quem são as tuas fontes…" O Jogo sabe, A Bola sabe"… e aí é que está a credibilidade. Eu gosto de O Jogo e acredito que quando eles dizem algo, sei que é verdade. Na RR, sei que notícias do Benfica são verdade. Se for a TVI já não acredito. Em teoria, se o jornalista assina essa peça é porque

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tem fontes que o confirmam. É porque todos temos fontes próximas - amigos, familiares... e se eu me acredito no que me dizem, eu escrevo.

Um jornal pode não lançar uma notícia de um negócio a pedido de um clube, para que este não perca esse mesmo negócio?

Infelizmente sim. O jogo de interesses é tão grande que imparcialidade é coisa que não existe. Se eu tenho uma relação próxima com um clube e quero preservar, então não avanço com a notícia. Tens o CM que dão tudo e que são os que vendem mais.... eu posso ter boas relações, mas não posso deixar de dar a notícia. Se eu espero uma semana e no dia a seguir um concorrente dá a notícia, eu perco a notícia e perco leitores.... infelizmente os números da venda dos jornais, as quebras provam que as pessoas são mais inteligentes. Acho que para um jornalismo eficaz tu deves dar tudo para não estares condicionado por um clube e para todos os adeptos poderem ler. Mas ainda existem clubes a pedir a diretores dos jornais para não darem uma informação.

Rui Pedro Braz (jornalista e comentador TVI)

Como surgiu a ideia do programa “Mais Transferências”?

Antes de mais, o mérito tem de ser dado ao Sérgio Figueiredo que teve a ideia. Ele detetou o interesse das pessoas quando não há futebol em quem vai reforçar os plantéis porque se tivermos em conta que estamos numa silly season, há também o "todo o jogador que é contratado é um Pelé, um Maradona"… aquele é que vai resolver tudo. Ele teve essa ideia e depois todo o mérito nessa fase de construção tem que ser dado ao Sousa Martins que disse que, para resultar, tinha de ser um programa dinâmico. O Pivot está a falar em janela, há outra janela com imagens a passar (retiradas das redes sociais, ou Youtube), depois tem um título, um lead, um oráculo, muita informação no ecrã, à medida que se vai desenvolvendo as coisas mudam... depois na última fase, eu e o Pedro Sousa também tivemos uma quota parte da responsabilidade.

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E como lidam com as críticas de que por vezes dão muitas notícias falsas?

O problema é que o público em Portugal ainda tem de ser educado em certas coisas...aquilo que demos como exclusivo teve uma taxa de acerto elevada. O que acontece é que muitas vezes – estamos a falar de um programa que esteve no ar 4 meses, três vezes por dia, ou seja, com mais de 300 emissões - e por isso nem sempre conseguimos informação em primeira mão e acabas por recorrer aos jornais desportivos e aí nós púnhamos o que os jornais davam. Como é evidente, nem todas as notícias dos jornais são verdadeiras. Depois, muitas das notícias que damos são verdadeiras, mas depois não se concretizam. Wolfswinkel...demos que o Sporting estava a negociar, mas não se concretizou, mas, felizmente para nós, houve notícias dele em Lisboa nas redes sociais. Schelotto... nós damos em primeira mão que o Sporting estava interessado nele. O mercado fechou, todos disseram que era mentira e depois ele acabou mesmo no Sporting. Demos a notícia que Vitor Valdés era um sonho de Jesus e na altura todos disseram que era impossível...neste momento ele está emprestado ao St. Liège e volta a estar na órbita do Sporting. Como a proposta do Everton ao Carrillo que nós demos, desmentida por todos, mas que hoje já todos sabem que foi verdade; o Mitroglou, que o Sporting desmentiu o interesse e depois soube-se que era verdade; o Danilo Pereira, que o Sporting desmentiu e Jesus já confirmou que era um jogador que queria; o Douglas, que o Sporting desmentiu e Jesus depois confirmou que era prioridade.

O problema é que houve muitas notícias que puseram a nu a fragilidade negocial do Sporting e os próprios clubes têm estratégias para denegrir quem dá essa informação e com as redes sociais isso é fácil. Mas nós lidamos com isso bem porque o público com quem lidamos é um público inteligente e depois há o público marginal que a nós pouco nos aquece e arrefece e a quem damos pouca importância.

E é fundamental a relação entre jornalistas e fontes durante este período?

É fundamental essa proximidade, mas não amizade. Entre jornalista e fonte tem de haver uma relação de respeito e confiança porque senão a relação é minada. A fonte só será fonte se for alguém em quem podes confiar e essa fonte tem de confiar para saber que, por mais pressões que possas sentir, nunca vais divulgar quem é. É importante

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manter sempre esse respeito por cima de qualquer interesse pessoal. Muitas vezes a fonte passou-te informação que naquele momento era verdadeira, mas depois não se confirmou. Em nenhum setor corre tanta informação tão rapidamente como o futebol. Às vezes, o que é verdade às 4 da tarde é mentira às 6. Não quer dizer que o que tu dizes hoje seja mentira amanhã. Muitos processos não chegam a bom porto.

E como é que vocês lidaram com a especulação e contrainformação?

Uma coisa é especular... o jogador está livre, o plantel daquele clube precisa e vamos lá lançar a ver se pega. Depois o público tem de perceber o que faz ou não sentido. Tu não tens noções dos insultos que fomos alvo naquele mês desde que demos o Maxi no FC Porto e o dia em que ele foi apresentado na Holanda. Não vacilamos na certeza que tínhamos e tivemos que aguentar de forma firme durante um mês em que todos os outros órgãos iam dizendo que o Maxi ia para múltiplos sítios, quando nós sabíamos que ele estava careca de assinar pelo FC Porto. O Teo foi oferecido ao Benfica já depois de estar fechado com o Sporting.... o Coates aterrou em Lisboa e ainda foi oferecido ao Benfica. Nós demos o interesse do Sporting no Suk e o Sporting desmentiu-nos e depois o presidente do Setúbal veio mostrar a proposta. O Marega e o José Sá, tínhamos a certeza absoluta que era verdade que eles iam apresentar-se no Sporting e quando foram jogar ao Dragão foram desviados. E por mais que o Sporting diga que não é verdade, nós sabemos que estava tudo certo. Há múltiplas coisas que as pessoas nem sequer imaginam que acontece durante esta fase.

E como explica que os jornais optem por não raras vezes não identificarem as fontes diretamente, utilizando o “A Bola sabe”, “O Jogo apurou”, “Record afirma”?

Neste momento, com os anos de profissão que tenho – 5 anos de comunicação social, mestrado em liderança, MBA em Gestão Desportiva – e posso garantir que o jornalismo que se faz em Portugal é dos melhores que se faz no mundo. Basta ver os jornais em Itália, Inglaterra, Espanha para perceber que cá temos muito mais credibilidade que nesses países. Em Espanha, temos a Marca e o AS que atacam o Barça; o Mundo Deportivo que ataca o Real. Em Portugal há qualidade, mas há tendência para

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desvalorizar o que é nosso. Em França, podes fazer uma capa com um jogador de ténis, com um esquiador e vai vender. Comparando com os países onde o futebol é a força motora – e falo de Itália, Espanha, Inglaterra – o jornalismo que se faz em Portugal dá 10 a zero e há necessidade de proteção de fontes. Uma coisa é quando explicas um orçamento de estado e dizes que tens a fonte que é um assessor de um ministro... no caso do futebol estás a falar de negócios que envolvem milhões e milhões de euros. Podes comprar o jornalismo de economia e futebol... quando se fala de um banco que vai à falência não encontras uma fonte identificada porque estamos a falar de negócios de muitos milhões e mundos em que a confiança é determinante. E uma fonte que se identifique perde a confiança do mercado...seja o mercado financeiro ou futebolístico. A partir de momento em que divulgas as fontes estás a queimar a possibilidade de ter novamente informações dessa pessoa como estás a queimar a pessoa no seio do mercado e é isso que as pessoas não percebem.

E é possível não lançar uma notícia de um negócio a pedido de um clube, para que este não perca esse mesmo negócio?

É possível... o jornalismo é uma relação de compromisso. Se queimas a tua relação hoje com uma fonte... ele diz-te "Isto é em off e tu mesmo assim dás" nunca mais tens nada dessa fonte. A partir do momento em que trais a fonte, em que pões em causa o respeito, nunca mais tens nada dele. Por isso, se ela te diz que algo é confirmado, mas não podes dar, tu tens de respeitar porque essa opção de dar o exclusivo pode ser para ti noutro dia. Se estiveres de consciência tranquila, podes perder a notícia hoje, mas ganhas as próximas 5. É uma relação de compromisso, respeito e confiança com a tua ética, com o público e a tua entidade patronal.

E quão importante é ter fontes noutros países?

É importante, mas nem sempre é possível, mas é importante porque como é evidente... hoje em dia, o peso que os empresários ganham nas negociações... o mercado já não é o que era... antes havia o clube e o jogador e o empresário pelo meio a intermediar. Hoje há muitas partes e é importante alimentar fontes noutros sítios. Aí tens de recorrer

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ao teu bom senso... ele está-te a querer impor algo, mas tu pensas que aquele clube não precisa de jogadores para aquela posição, não trabalha com aquele clube... há muitas coisas que te podem levar a desconfiar e depois tens de cruzar as fontes, falar com o treinador do clube, com a assessoria do clube.... Tens de fazer o máximo possível para cruzar fontes para descobrir a veracidade da informação sem nunca por em causa a confiança do sigilo com que te comprometes com a fonte. O grande objetivo é dar mais tiros certos que errados e errar ao mínimo.

Fernando Eurico (jornalista Antena 1)

Como descreve, em termos jornalísticos, o período do mercado de transferências?

É o mais interessante porque nos obriga a puxar a cabeça e a procurar informação de forma mais forte, mas é aliciante porque temos a sensação que os nossos ouvintes procuram a informação... o que entram, saem. Juntando esse apetite ao aliciante de descobrir primeiro que o outro torna essa parte aliciante, mas é difícil porque as fontes são cada vez mais reduzidas. A política de comunicação dos clubes espreme-nos e temos de ter a capacidade – porque há muito leva e traz, há muita contrainformação de agentes - e o nosso crivo tem de ser apurado para não cairmos na tentação de dizermos que um jogador vai para um clube e nem é uma hipótese. Nós tentamos cultivar sobretudo com as fontes que nos parecem credíveis ou nunca nos deixaram ficar mal e tentamos ao longo da época em que não precisamos tanto delas, faz parte da função de cortesia, de irmos estabelecendo algum contacto para mostrarmos que estamos na corrente.

E como é que as pessoas podem confiar num órgão se este raramente identifica diretamente as fontes?

Ou as pessoas confiam ou não. Eu acho que é uma forma de proteger as fontes... nós temos uma fonte que nos dá no meio da arbitragem as notas dos árbitros 1 ou 2 dias do árbitro.... conseguimos divulgar as nomeações dos árbitros porque temos uma fonte que nos faculta a informação. Por sabermos que há pessoas que querem saber isso no

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imediato em certos jogos grandes. É uma forma de proteger quem nos faculta essa a informação... por vezes temos essa discussão de usar esse tipo de expressão "A Antena 1 sabe" e o nosso diretor já nos disse para usarmos com muita parcimónia porque com o manancial de informação que já há essa é uma expressão quase obsoleta. Quem deu primeiro ou quem não deu torna-se agora quase irrelevante. Quando foi a nomeação do Proença para a final da Liga Campeões, eu tive a informação de uma pessoa que tinha estado a jantar com ele e o Proença confidenciou que ia apitar esse jogo. A informação foi-me passada com alguma reserva e eu para proteger a fonte disse que o árbitro que ia apitar aquele jogo ia apitar a final da Liga dos Campeões.

E a credibilização é posta fortemente à prova?

A credibilização é muito posta à prova durante essa altura para um órgão de informação como a Antena 1. Num jornal de desporto como o nosso que tem no máximo 15 minutos, é tanta a informação, tantas são as transferências que não podemos dizer que "A antena 1 sabe, apurou" e há a reunião entre nós para que o nosso ouvinte possa absorver a informação e manter a credibilização no que dizemos.

É fundamental ter fontes noutros países durante este período de mercado? Devo dizer que, no meu caso, tenho muitos companheiros no Brasil que fui conhecendo em grandes eventos e vamos trocando informações e contactos e muitas vezes são conversas que não vão dar em notícias. Recordo-me das últimas vezes que me ligaram por um jogador do FCP que ele não jogasse, o Walter, e eu expliquei que ele estava num clube onde a personalidade dele era complicada e eles gostaram de saber isso e quiseram saber mais. Partilhei informação que os meus colegas não tinham acesso como também às vezes pergunto sobre jogadores brasileiros que podem vir cá e me podem ajudar. Temos que cultivar esses contactos porque um dia podem ser úteis.

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E qual é o papel dos empresários?

Os empresários, quando lhes dá jeito, reconhecem. Quando somos nós a tomar a iniciativa eles têm sempre muitos problemas. Liguei uma vez a um empresário para falar de um jogador que estava em alta e o empresário disse-me que não podia falar porque tinha 3 negócios pendentes com o Sporting e disse se abrisse a boca a situação podia não cair bem e os negócios podiam cair por terra. A nossa função também passa por entender isso. Mas isso para perceber que, se não houvesse negócios pendentes, ele falaria. Os empresários funcionam muito na base de interesse que têm. As agências de comunicação embora saibam que nos seduzem para abordarmos um tema, sabem que a liberdade de escolha é nossa e funciona na perspetiva do interesse para o jornal.

E é possível não se dar uma notícia por pedido de um clube para que este não o perca?

Se é possível não dar uma notícia para não perder um negócio?... Na Antena 1 ainda há tempos ficamos com relações algo azedas com a FPF porque demos uma informação que eles não queriam que déssemos, mas a nossa função não é agradar a instituições, mas sim dar informação, mesmo que se possa perder uma fonte. Na altura até nos foi oferecida uma entrevista com um jogador importante caso não déssemos a informação. Perdemos a entrevista, mas demos a informação.

Pedro Azevedo, 28 anos na RR

É complicado trabalhar no período do mercado de transferências?

Complicada nunca é. É de facto uma altura intensa, mas não complicada. Dá-nos muito prazer. A principal razão para termos sucesso no que fazemos é ter interesse. Olhamos para o mercado com um manancial de informação como um desafio e nunca um obstáculo. Há duas fases: o mês de janeiro com o mercado de inverno, menos agitado e palpitante que o do verão. As fases finais de Europeus e Mundiais acabam por mitigar a importância da informação desportiva no Verão. Mas os nomes mais sonantes cativam sempre as pessoas. Junho a agosto são meses muito intensos. As redações estão mais

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despidas porque nós temos férias em ciclos idênticos aos dos jogadores porque temos que acompanhar as competições e as nossas férias têm de ser iguais. Mas a Bola Branca tem o historial de dar em primeira mão e os ouvintes e leitores nessa altura de facto têm uma profusão pelas notícias de mercado que damos.

Como é a relação com as fontes neste período?

Nós temos muitas fontes porque temos uma velha tradição... é um programa que tem 36 anos a BB e tem um prestígio e credibilidade muito grande. As fontes são essenciais para credibilizar as notícias. Temos a felicidade das pessoas do futebol gostarem da BB e os nossos fornecedores de notícias, quer sejam empresários de futebol – que hoje têm muito protagonismo – os dirigentes, os próprios jogadores, famílias de jogadores – temos uma carteira de contactos muito grande. Estamos neste ramo há muitos anos e as pessoas conhecem-nos. Mas nem sempre as notícias se confirmam: nós demos uma notícia em primeira mão no último dia de mercado... o FC Porto quis Rafa, o Braga quis um valor, o FC Porto não se mostrou disposto a atingir esse valor e essa notícia nas últimas horas prendeu os ouvintes, os leitores da Rádio Renascença. Uma não-transferência superou as transferências desse dia.

E a credibilidade é fortemente posta à prova?

A credibilidade é posta todos os dias. Um programa que tem este prestígio, que foi eleito pela Federação Portuguesa de Futebol o melhor programa do século é colocado à prova todos os dias. Evidentemente que nesta altura está mais exposto porque é nessa altura que as notícias se sucedem com nomes. Nesta área há muita paixão e, portanto, não se pode falhar. Há um cuidado grande nesta altura. Houve uma notícia em janeiro que nos foi dada como garantida, mas eu segurei a notícia, não a dei. Não a demos e acabou por ser uma boa decisão porque esse jogador não foi para o Sporting. E se essa notícia tinha sido dada com a certeza teríamos dado com as canastras na água. Mas na procura pela credibilização acabamos por não a dar.

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Qual o papel dos assessores de imprensa, diretores de comunicação e empresários?

Os assessores de imprensa não têm tido papel nenhum na transferência de jogadores. Os diretores de comunicação não tratam este tipo de notícias porque essa não é a área deles. Eles são a ponte entre os clubes e os jornalistas e essas transferências muitas vezes só podem ser anunciadas depois de concretizadas, sob pena do negócio se poder estragar. Por essa razão, os diretores de comunicação desviam-se dessas notícias e praticamente não nos fornecem dados com transferências pois podem por em causa o sucesso de uma negociação. Hoje o mercado anda muito rápido. Os clubes tentam comprar bom e barato para venderem depois caro. Acho que o mercado português tem alguma lacuna como a não aposta em jogadores portugueses. Apostando no produto estrangeiro os clubes tentam comprar barato para vender caro. E quando as notícias saem antes do tempo, os clubes podem dar-se mal com isso. Por isso vermos esse "fechamento" dessas notícias pelos assessores.

Temos de separar as águas em três fases: a primeira é quando nem havia empresários. O primeiro em Portugal terá sido mas há 25 ou 30 anos a figura não havia. Tenuemente havia um ou outro intermediário que por vezes de limitação ou comodidade de um jogador.... depois uma segunda fase em que existem muitos e aparecem muitos porque as pessoas começaram a ver que ali estava uma área de negócio rentável. E agora temos uma terceira fase em que só há empresários se o jogador quiser.... porque qualquer pessoa agora pode intermediar um negócio porque essa figura foi abolida pela FIFA. Hoje assistimos a uma proliferação de empresários notória, com nomes que nem sequer conhecemos porque não é preciso haver uma creditação para tal. E aqui reside para o jornalista uma área que requer cuidado. O jornalista tem de estar prevenido para alguma conveniência que surge para promover um jogador, para o tentar vender, tentar tirá-lo de um clube não há meio mais privilegiado que um meio de comunicação. Cabe aí ao jornalista perceber até que ponto e recorrendo a outras fontes reunir essa informação para credibilizar essa notícia.

Acredita que as pessoas gostam sempre de ser “alimentadas” de notícias nesta fase?

A questão que se coloca é que estamos numa era de canibalismo de notícia. Se há meia dúzia de anos havia menos velocidade de informação, se podíamos avançar com essas notícias de uma forma mais absolutista, mais assumida. Hoje corremos o risco de ficar

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mal vistos. Hoje em dia uma notícia dura um dia. E, com esta profusão, esta distribuição e aceleração de notícias, nós corremos o risco de as coisas não serem bem assim. Agora eu defendo, e acho que faz parte da imagem da Bola Branca, até porque o ouvinte está muito habituado a isso – porque as pessoas acham que, se dá na Bola Branca, é porque é verdade – e então nós temos essa obrigação porque nesta área, tudo o que dizemos é visto à luz da verdade adquirida e no fundo, voltando ao início, não me parece nada mal que a BB advogue para si as notícias que dá. Nós atualmente temos 3000 citações de notícias nossas. Quer sejam entrevistas distintivas, notícias em primeira mão, reportagens nossas.... temos 3000 citações em rádios, jornais e até televisões que citam constantemente notícias nossas, notícias da Bola Branca.

É importante ter fontes noutros países, durante esta época?

Temos fontes... falo frequentemente com colegas meus que me encaminham para noutras fontes. Tenho contacto no Brasil, Argentina, México, Colômbia, falo frequentemente com um colega na Grécia, na França, na Espanha – onde inclusivamente dou várias entrevistas, porque eles têm muito interessante e recentemente com a vinda de jogadores espanhóis - têm muito interesse... e por isso fazer uma ronda por todas estas fontes, mesmo fora do mercado, é importante porque amanhã há um nome que é falado para Portugal e esses contactos fornecem-nos essa notícia primeiramente, sobretudo naqueles mercados que podem fornecer o futebol português.

E pode acontecer um órgão de informação não dar uma notícia a pedido de um clube, para que não perca o negócio?

Pode acontecer porque o futebol é negócio, os grandes negócios têm de ser comunicados à CMVM sob pena de serem severamente punidos e há alturas me que nós sabemos a notícia, quando essa notícia é proveniente do clube, o clube chega a esse entendimento connosco. O clube fornece uma notícia, mas nós temos de cumprir regras e essa notícia só pode ser dada a partir de determinada hora. E nesses casos o jornalista não está a violentar a sua consciência, não está a quebrar de regra.... não está

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a trabalhar ao serviço de um clube. O clube tem a nossa confiança porque está a fornecer-nos essa informação, mas diz-nos as regras e como funcionam.

Como temos edições às horas certas, pedimos para só divulgarem certas notícias depois de avançarmos com a notícia. Há aqui uma relação de confiança entre as partes, desde que a emissão da notícia não violente consciências, eu penso que não há qualquer quebra da ética. É natural que já tenha acontecido, mas não nos fere porque não trocamos uma relação de confiança com as nossas fontes por regras que ambos estabelecem. Eu nunca troquei a confiança por um exclusivo porque é uma questão de linhagem e nós não trocamos a boa relação com as nossas fontes, com os nossos agentes - relação de confiança mútua porque a fonte sabe que nós somos de confiança e nós sabemos que essa fonte também é de confiança - por um exclusivo.

João Ricardo Pateiro (jornalista TSF há 19 anos)

É complicado trabalhar durante o período do mercado de transferências?

É difícil, mas aliciante porque é um tempo fértil em notícias. Penso que para quem é jornalista, gosto de procurar as notícias, acho que é muito aliciante esse período, mas também perigoso porque há muita contrainformação, muito boato, muita gente a tentar usar os jornalistas como veículos para algumas mensagens, mas é um período que a mim me agrada como jornalista.

Como é feita a filtragem entre informação e contra informação?

A filtragem é feita com a segurança que temos nas fontes e quando há uma fonte que ainda não conhecemos ficamos com reserva. Por exemplo, os empresários podem ser boas fontes mas é preciso ter muita confiança para ter a garantia que o que está a dizer- nos é verdade e não está a induzir-nos em erro.

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A credibilização de um órgão é fortemente posta em causa neste período?

As pessoas apercebem-se das notícias verdadeiras e se começarmos a falhar muito, se o ouvinte começa a perceber que as notícias são baseadas em boatos e uma rádio dá eco disso começa a descredibilizar-se. O papel dos assessores não é muito relevante. Eles não abrem muito o jogo. Confesso que não tenho grande abertura do lado dos assessores. O meu caminho raramente vai por aí. Não me lembro de ter dado uma notícia com base no que o assessor diz. Há notícias que a pessoa que nos dá não quer que se saiba a notícia porque pode dar em xeque algumas situações e isso tem de ser respeitado. E isso é válido no desporto, na economia, na política, seja onde for. Isso é uma regra jornalística e que não pode ser quebrada.

E é importante ter fontes noutros países, neste período?

Para além de fontes, é importante ter contactos com jornalistas de outros países e esses conseguem-se em mundiais, europeus e que depois pontualmente nos interessam. Ainda ontem recebi uma chamada da Cadena COPE para falar comigo sobre alguns assuntos do futebol português. É importante a proximidade das fontes e o número de vezes que recorreste a ela e nunca te enganou. Quando recorres a uma fonte e ela nunca te enganou, isso credibiliza. Se for uma fonte que é a primeira ou segunda vez que recorres, aí tens de ter mais cautelas. Eu tenho duas ou três fontes que quase de olhos fechados assino porque sei que quando nunca se enganam.

E os adeptos adoram esta fase do mercado?

Acho que os adeptos adoram esta fase do mercado.... acho que os adeptos tendo consciência que muita coisa é boato e que há aqui muita notícia que não é verdade, o adepto adora essas notícias, essas novelas. Fala-se muito, das caraterísticas do jogador. Eu sei porque já fui adepto e lembro-me que adorava o período de se falar de quem vem, não vem, qual vai ser o plantel.

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E pode acontecer um órgão de informação não dar uma notícia a pedido de um clube, para que não perca o negócio?

Se um clube quiser que eu trabalhe em prol dele tem de me contratar. Se eu tiver uma notícia tenho de dar a notícia. Eu dei a notícia do Villas Boas vir para o FC Porto. Ele ligou para a TSF para desmentir, ligou-me e eu disse-lhe: "André, a sua vida é treinar equipas" e o meu trabalho é dar notícias. O receio dele é que, tendo a notícia saído mais cedo, que o Pinto da Costa e o FCP ficassem aborrecidos, pensando que tinha sido ele a divulgar, e que abortassem. Eu sabia que era verdade e não estava preocupado com o facto de ele poder ou não vir. Nunca deixaria de dar uma notícia porque o clube A ou B pode perder ou não um negócio. Eu trabalho para a TSF, disso não tenho dúvidas.

Anexo III - Peças realizadas durante o estágio e escolhidas para o DVD

1 - INF_ADEUS_RAUL_15102015

2 - INF_ATLMADRID_VALENCIA_25102015

3 - INF_BRUNO_LEQUIPE_12112015

4 - INF_CHELSEA_TERROR_27102015

5 - INF_CITY_LIVERPOOL_21112015

6 - INF_CR7_GOLOS_ESPANHA_30112015

7 - INF_ESTREIAS_SANTOS_14112015

8 - INF_FRANCA_ALEMANHA_13112015

9 - INF_GERACOES_MUSEU_09102015

10 - INF_HOQ_PORTO_SPORTING_14112015

11 - INF_INTOCAVEIS_LOPETEGUI_06102015

12 - INF_LEAKS_MANE_OTAMENDI_LIMPEZA_11112015

13 - INF_MUSEU_RONALDO_16092015

14 - INF_NEVILLE_GIGGS_19102015

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15 - INF_PORTUGAL_APURADO_08102015

16 - INF_RAUL_C_JIMENEZ_04092015

17 - INF_REGRESSO_JESUS_LUZ_22102015

18 - INF_RUI_VITORIA_DERBIS_21102015

19 - INF_SCP_SLB_FCP_DOMINGO_07112015

20 - INF_SCP_TRIUNFOS_EUROPA_26112015

Exemplos de “Offs” escritos durante três meses de estágio n’ A Bola TV

3 Setembro

Destaque: André Villas Boas suspenso

Título: André Villas-Boas punido com seis jogos de castigo/ Zenit considera castigo de André Villas-Boas um «sério problema»

Proposta de pivô: Villas-Boas foi castigado com seis jogos de suspensão pela F. Russa.

Texto Off 2: (VT1). Na base da suspensão estão os protestos do treinador português com o quarto árbitro no encontro com o Kylya Sovetov. O técnico não vai liderar a equipa de S. Petersburgo nos próximos seis jogos, entre os quais o encontro com o líder CSKA. Villas-Boas foi ainda condenado a pagar 10 mil rublos, cerca de 135 euros. Com o Zenit na terceira posição da liga russa, a seis pontos do líder CSKA, o treinador português tem estado sob pressão dos adeptos do clube (VT2). Entretanto, o Zenit já reagiu a este castigo... O Zenit considera o castigo de André Villas-Boas um sério problema... O clube russo já veio avisar que vai tomar uma decisão depois de discutir a situação com o treinador português... O emblema de São Petersburgo, que conta no plantel com os também portugueses Luís Neto e Danny, ocupa a terceira posição do campeonato, a seis pontos do líder, o CSKA Moscovo...

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25 Setembro

Destaque: Conceição mexe com o Braga

Título: 6.ª jornada - V. Guimarães-SC Braga, domingo, 19h15/ Sérgio Conceição no banco do rival aquece balneário liderado por Paulo Fonseca

Proposta de pivô: A ida de Sérgio Conceição para o V. Guimarães teve consequências no balneário bracarense. As declarações do técnico na apresentação em Guimarães não passaram ao lado da equipa.

Texto Off 2: Sérgio Conceição deixou marca em Braga, levando o clube de regresso às competições europeias e à final da Taça de Portugal. Por isso, a mudança para o eterno rival trouxe motivação adicional aos bracarenses e é mais um condimento para o dérbi minhoto. Vitória de Guimarães e Sp. Braga vão-se defrontar no próximo domingo na cidade berço, num duelo em que Sérgio Conceição vai reencontrar a sua antiga equipa.

Destaque: Conceição pensa no dérbi

Título: 6.ª jornada V. Guimarães - SC Braga, domingo, 19h15/ Treinador do V. Guimarães não tem muito tempo para conhecer a nova casa e só pensa em vencer o Braga

Proposta de pivô: Sérgio Conceição chegou, viu e tem de começar a vencer. Esta é a mensagem do Vitória de Guimarães antes do dérbi frente ao Sp. Braga.

Texto Off 2: O ex-técnico dos bracarenses recusa qualquer tipo de vingança, mas quer- se estrear no domingo com uma vitória frente ao rival minhoto. Por isso, Sérgio Conceição não tem muito tempo para conhecer os cantos à casa. Neste momento, para os vimaranenses, o mais importante é regressar às vitórias. O jogo com o rival minhoto é uma excelente oportunidade para isso, num duelo em que Sérgio Conceição vai reencontrar a sua antiga equipa.

Destaque: Vieira vai ter de mexer

Título: 6.ª jornada Marítimo-Tondela, domingo, 16 horas/ vai promover quatro mudanças no onze para o jogo com o Tondela

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Proposta de pivô: Para o jogo de domingo com o Tondela, o treinador Ivo Vieira vai, ao que tudo indica, alterar quatro peças comparativamente ao onze que foi derrotado com o SC Braga.

Texto Off 2: A derrota na última jornada trouxe dores de cabeça a Ivo Vieira para o jogo com o Tondela. Raúl Silva e João foram expulsos, enquanto Dyego Sousa vai ficar de fora por lesão. Alex Soares vai ser o único jogador maritimista a sair do onze por opção técnica.

Deyvison, Tiago Rodrigues, Diallo e Xavier foram testados na equipa que previsivelmente vai ser titular. Apesar de treinar-se sem limitações, o avançado Marega deve continuar de fora das escolhas do treinador do Marítimo.

Destaque: Gouveia quer vitória

Título: 6.ª jornada Rio Ave-Académica, segunda-feira, 20h00/ Filipe Gouveia quer estrear-se no banco da Académica com uma vitória perante o Rio Ave

Proposta de pivô: Filipe Gouveia quer começar da melhor forma o percurso enquanto técnico principal na Académica. O novo treinador garantiu muito trabalho para recolocar a briosa no caminho das vitórias.

Texto Off 2: Em declarações ao site oficial do clube, Gouveia pediu a ajuda de todos os adeptos para que os bons resultados regressem a Coimbra. A começar já na próxima segunda-feira, quando a briosa se deslocar a Vila do Conde para defrontar o Rio Ave. Recorde-se que Filipe Gouveia já esteve ao serviço da Académica entre 2011 e 2013, período no qual foi adjunto de . Nesse período, o agora técnico principal contribuiu para a conquista da Taça de Portugal em 2012.

Destaque: Portugal eliminado

Título: Seleção portuguesa empata com a Eslováquia e é eliminada do Euro-2015

Proposta de pivô: A seleção da Associação Portuguesa de MiniFootball empatou esta sexta-feira com a Eslováquia a um golo. Com este resultado, Portugal é eliminado do mini-EURO 2015 no 3.º lugar do grupo...

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Texto Off 2: Após a derrota frente à Inglaterra e a vitória perante a Letónia, a equipa liderada por Sandro Mendes precisava da vitória para passar à fase seguinte. Na primeira parte, Portugal chegou à vantagem por José Carlos ao minuto 20. No segundo tempo, a Eslováquia entrou mais pressionante e acabou por chegar ao empate. Esta foi a primeira participação da seleção nacional nesta competição.

Destaque: Georgette Duarte (1925 – 2015)

Título: Faleceu a «Gazela» de Belém antiga atleta e recordista do Belenenses

Proposta de pivô: Morreu esta sexta-feira, ao final da tarde, com 89 anos, Georgete Duarte, atleta do Belenenses durante década e meia.

Texto Off 2: Georgete Duarte conquistou o formidável registo de 46 títulos nacionais individuais nos 100, 200 metros, comprimento e salto em altura. Duarte foi mesmo recordista nacional dos 200 metros entre 1949 e 1960. O corpo vai estar em câmara ardente a partir das 15h00 deste sábado, na Casa Mortuária da Moita, com o funeral marcado para as 11h00 de domingo. A Bola TV endereça as mais sentidas condolências à família de Georgete Duarte.

5 outubro

Destaque: Adiamento União - Benfica

Título: União da Madeira e clube da Luz trocam «acusações» sobre adiamento do jogo

Proposta de pivô: Continua a polémica relacionada com o adiamento do União da Madeira - Benfica. A equipa madeirense pretendia que o jogo tivesse acontecido esta segunda-feira. Já os encarnados recusaram a proposta devido à ausência de alguns internacionais.

Texto Off 2: O União da Madeira - Benfica não se realizou devido ao nevoeiro que se fez sentir no Estádio da Choupana. A proposta do clube madeirense passava por realizar o jogo esta segunda-feira. O Benfica não aceitou e o União não escondeu a frustração pela decisão. Por isso, o clube madeirense publicou uma fotografia na conta oficial de Facebook onde mostra o «autêntico dia de sol» que esteve na ilha durante esta segunda

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feira. O Benfica reagiu à publicação e divulgou igualmente uma fotografia. Através da conta oficial do Twitter, os encarnados referiram que «sem jogadores não dá, mesmo com todo o sol da ilha». Na fotografia, pode ver-se que foram «apagados» do onze inicial Nico Gaitán, Samaris, Mitroglou, Eliseu, Nélson Semedo e Gonçalo Guedes, todos eles futebolistas com compromissos com as respetivas seleções esta semana.

Destaque: Liverpool despede Rodgers

Título: Liverpool rescinde contrato com treinador Brendan Rodgers/ Jurgen Klopp e Carlo Ancelotti lideram a lista de candidatos/ Brendan Rodgers confessa que está «incrivelmente desapontado» por ter sido demitido

Proposta de pivô: O Liverpool anunciou este domingo a rescisão do contrato com o treinador Brendan Rodgers. Depois do empate no dérbi frente ao Everton, o treinador foi despedido do clube de Anfield Road, que deixa na 10.ª posição.

Texto Off 2: Já esta segunda-feira, através de comunicado, Brendan Rodgers confessou que se encontra «incrivelmente desapontado» depois de ter sido demitido. Ainda assim, o treinador confessa que foi «uma honra e um privilégio orientar, nos últimos três anos, um dos maiores clubes da história». Já a empresa proprietária do clube, informou no site oficial que o processo para a contratação de um substituto está em curso. De acordo com a imprensa inglesa, a direção do emblema inglês está em contactos com Jurgen Klopp para saber se está disponível para iniciar este novo projeto. Caso Klopp não esteja interessado, o italiano Carlo Ancelotti ex-Real Madrid é outra forte hipótese para ocupar a posição de Brendan Rodgers.

Destaque: Favoritas seguem em frente

Título: Petkovic, Bencic, Radwanska e Kuznetsova estão nos oitavos do Open da China

Proposta de pivô: Andrea Petkovic, Belinda Bencic, Svetlana Kuznetsova e Agnieszka Radwanska estão nos oitavos de final do Open da China.

Texto Off 2: [VT1] A alemã Andrea Petkovic esteve no court por apenas 49 minutos. Depois de conquistar o primeiro set, por 6-2, a partida foi interrompida devido a uma

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indisposição da adversária, Eugenie Bouchard. A jovem de 21 anos teve tonturas e abandonou o encontro visivelmente perturbada. [VT2]. Por outro lado, partida muito equilibrada entre Belinda Bencic e Madison Brengle. As tenistas estiveram no court durante cerca de duas horas e meia, mas no final, a suiça Bencic foi superior e venceu o encontro por 6-7, 6-4, 6-3.

[VT3] Svetlana Kuznetsova teve vida difícil para ultrapassar a norte-americana Sloane Stephens. A tenista russa perdeu o primeiro set por 3-6, mas ainda foi a tempo de dar a volta, vencendo o segundo e terceiro parciais por 6-3 e 6-4. [VT4] Agnieszka Radwanska também perdeu o primeiro parcial, mas frente à germânica Mona Barthel. Ainda assim, depois da derrota por 4-6 no primeiro set, a trigésima terceira classificada do ranking WTA deu a volta ao resultado, vencendo o segundo e terceiro sets por 6-1 e 6-4, seguindo para a próxima ronda do Open da China.

Destaque: Rodrigues em terceiro

Título: Hélder Rodrigues acabou a primeira etapa do Rali de Marrocos na terceira posição/ Elisabete Jacinto terminou o primeiro dia na 10.ª posição da classe open

Proposta de pivô: Hélder Rodrigues terminou esta terça-feira a primeira etapa do Rali de Marrocos em todo-o-terreno na terceira posição. Nos camiões, Elisabete Jacinto terminou o dia na 10.ª posição da classe open, sendo a sétima entre os camiões.

Texto Off 2: Na última grande prova antes do Rali Dakar 2016, o piloto da Yamaha gastou mais 2.51 minutos do que o líder Joan Barreda. Em relação aos restantes portugueses, Paulo Gonçalves, da Honda, terminou na quinta posição, com Rúben Faria, da Husqvarna, a fechar em décimo primeiro lugar. Nos camiões, Elisabete Jacinto concluiu o primeiro dia na 10.ª posição da classe open, que inclui também carros e buggys. Na terça-feira corre-se a segunda etapa da prova, em Draa, com 224 quilómetros.

28 outubro

Destaque: Empate em Chaves

Título: 13.ª jornada Desp. Chaves – FC Porto B, 2-2

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Proposta de pivô: Desportivo de Chaves e FC Porto B empataram esta sexta-feira a dois golos. Esmael e Chidozie fizeram os golos dos dragões. Sandro Lima e Ludovic apontaram os tentos da equipa flaviense.

Texto Off 2: [VT1] O FC Porto B inaugurou o marcador aos 36 minutos, na sequência de uma grande penalidade por falta de Fábio Santos sobre Esmael. Foi o próprio avançado do Panamá a converter o castigo máximo. Bola para um lado, guarda-redes para o outro e golo do FCP B.

[VT2] A equipa comandada por Vítor Oliveira chegou à igualdade na segunda parte. Aos 63 minutos, erro do guarda-redes João Costa, que fez um mau passe para Chidozie. Sandro Lima não perdoou e acabou por fazer o empate na partida.

[VT3] A equipa de Luís Castro voltou à liderança no marcador dois minutos depois. Canto apontado na esquerda e Chidozie, na pequena área, a desviar para o golo. O guarda- redes António Filipe ainda tentou evitar a festa portista mas já não foi a tempo...

[VT4] O Chaves restabeleceu a igualdade aos 83 minutos. Ludovic, isolado perante João Costa, não perdoou e deu 1 ponto ao D. Chaves. Com estes resultados, os flavienses chegam ao quinto lugar com 20 pontos. O FC Porto B é líder, com 27 pontos.

Destaque: PSG vence em Rennes

Título: 12.ª jornada Rennes – PSG, 1-0

Proposta de pivô: No jogo inaugural da décima segunda jornada, o líder PSG venceu no terreno do Rennes por 1-0. Angel Di Maria fez o único golo da partida, aos 75 minutos.

Texto Off 2: {VT1] O único golo do encontro surgiu à entrada para o último quarto de hora do encontro. Jogada pelo lado esquerdo do ataque dos parisienses e cruzamento de Lucas Moura para finalização de Angel Di Maria para o golo da vitória. Com esta vitória, o PSG consolida a liderança e fica com 32 pontos. O Rennes mantém o sétimo posto, com 17 pontos.

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Destaque: Oitavos final Torneio Basileia

Título: Rafael Nadal, Roger Federer e Jack Sock seguem para meias finais do Torneio de Basileia

Proposta de pivô: Nadal, Federer e Sock venceram os encontros nos quartos de final do Torneio de Basileia.

Texto Off 2: [VT1] Rafael Nadal voltou a dar a volta a um resultado. Depois de perder o primeiro set perante Mario Cilic por 4-6, o jogador espanhol fez a reviravolta, vencendo os segundo e terceiro parciais por duplo 6-3. Nadal vai defrontar Gasquet nas meias finais. [VT2] Roger Federer também passou por dificuldades. Depois de vencer o primeiro parcial por 6-3, o suíço perdeu o segundo set para Goffin por 3-6. Federer ainda foi a tempo de vencer o encontro, ganhando o terceiro parcial por 6-1. O número 2 mundial vai agora jogar com Jack Sock na meia final do torneio suíço.

[VT3] O jogador norte americano também venceu o encontro em três sets. Diante do compatriota Donald Young, Sock perdeu o primeiro set por 5-7, mas venceu o segundo e terceiro parciais por 6-4 e 6-2. Segue assim em frente no torneio suíço, no qual vai agora defrontar o também suíço Roger Federer na meia final.

11 novembro

Destaque: FC Porto perde na Alemanha

Título: FC Porto derrotado (89-81) pelo Fraport Skyliners na terceira jornada do Grupo G da FIBA Europe Cup

Proposta de pivô: O FC Porto somou esta quarta-feira a segunda derrota em três encontros do Grupo G da FIBA Europe Cup, ao perder por 89-81 na visita aos alemães do Fraport Skyliner.

Texto Off 2: Na equipa de Moncho Lopez, Brad Tinsley, com 17 pontos, foi o jogador mais concretizador. Com esta derrota, a segunda em três encontros, os azuis e brancos somam quatro pontos e seguem na terceira posição, atrás do Fraport Skyliners e do KRKA Novo Mesto, primeiro e segundo classificados, respectivamente. Os Dragões

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voltam a entrar em campo para a Taça da Europa da FIBA na próxima terça-feira às 21h00, no Dragão Caixa, frente ao KRKA Novo Mesto.

Destaque: Contador no Algarve

Título: Alberto Contador inicia época de 2016 na Volta ao Algarve

Proposta de pivô: Alberto Contador revelou que vai participar na Volta ao Algarve, prova que se realiza de 17 a 21 de fevereiro e que o ciclista espanhol venceu em 2009 e 2010.

Texto Off 2: O corredor da Tinkoff participa na prova portuguesa com o objetivo de "estar a cem por cento de motivação e condições" na Volta a França de 2016. Alberto Contador, que faz 33 anos em dezembro, quer voltar a conquistar o Tour e admite que esta pode ser a sua última temporada. Entre outros troféus, o espanhol conta no currículo com 2 Voltas a França, 2 Voltas a Itália e 3 Voltas a Espanha.

Destaque: Milagre no Alasca

Título: Esquiador canadiano escapa a queda de cerca de 500 metros no Alasca

Proposta de pivô: Ian Mc Intosh conseguiu sobreviver a uma queda de 487 metros na cordilheira Neacola, no Alasca.

Texto Off 2: Ian, de 24 anos, encontrava-se no Alasca, a 10 de abril, para as gravações do filme "Paradise Waits". Ao descer a cordilheira Neacole, o esquiador canadiano acabou por cair e rebolar ao longo da montanha. A descida, de 487 metros, acabou por acontecer em menos de um minuto. Mais tarde, Ian admitiu que "não havia maneira de parar" e que tentou fazer de tudo para magoar-se o mínimo possível. O milagre acabou mesmo por acontecer, pois Mc Intosh saiu ileso da queda.

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