Centro De Memória Do Esporte Escola De Educação Física, Fisioterapia E Dança Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul
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CENTRO DE MEMÓRIA DO ESPORTE ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DANÇA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROJETO GARIMPANDO MEMÓRIAS Margarete Maria Pioresan (Meg) (Entrevista) 2015 CEME-ESEFID-UFRGS FICHA TÉCNICA Projeto: Garimpando Memórias Número da entrevista: E-589 Entrevistada: Margarete Maria Pioresan (Meg) Nascimento: 01/01/1956 Local da entrevista: Casa da Entrevistada/Salvador – BA Entrevistadoras: Luiza Aguiar dos Anjos e Suélen de Souza Andres Data da entrevista: 08/09/2015 Transcrição: Luiza Loy Bertoli Copidesque: Suélen de Souza Andres Pesquisa: Luiza Loy Bertoli/ Suélen de Souza Andres Revisão Final: Silvana Vilodre Goellner Total de gravação: 1 hora 26 minutos e 17 segundos Páginas Digitadas: 41 páginas Observações: Entrevista produzida para o Programa Futebol e Mulheres desenvolvido pelo Grupo de Estudos sobre Esporte, Cultura e História (GRECCO) O Centro de Memória do Esporte está autorizado a utilizar, divulgar e publicar, para fins culturais, este depoimento de cunho documental e histórico. É permitida a citação no todo ou em parte desde que a fonte seja mencionada. Sumário Trajetória no handebol; Formação universitária; Campeonatos pelo handebol; Seleção brasileira de handebol; Preparação e dificuldades; Atuação como goleira; Mídia no handebol; Futebol; Trajetória no futebol; Estudos e trabalho; Seleção brasileira de futebol; Jogos Olímpicos; Campeonato Mundial de Futebol; Recordações. 1 Dia 08 de Setembro de 2015. Entrevista com Margarete Maria Pioresan a cargo das pesquisadoras Suélen de Souza Andres e Luiza Aguiar dos Anjos para o Projeto Garimpando Memórias do Centro de Memória do Esporte. S.A. – Meg, para iniciar a gostaríamos de agradecer muito a sua disponibilidade para conceder esta entrevista. Para começar tu poderia contar um pouquinho da tua trajetória dentro do esporte, especificadamente até a entrada no handebol? M.P. – Bem, eu conheci o handebol através da faculdade de Educação Física. Eu sou do interior do Paraná, de Toledo, e quando eu tive que sair vocês não eram nem nascidas provavelmente. Em 1975 não tinha faculdade como hoje que já têm várias. Eu fui para Maringá, na UEM1, me formei lá. Eu fazia esporte dentro do colégio. Vôlei, queimada, sempre tive essa disposição. Conheci o handebol na faculdade através da matéria de handebol, da disciplina de handebol com o professor José Marin Mechia do Paraná. E ele achou que eu tinha que ser goleira, porque eu era bem magra, mais do que sou hoje, era toda espevitada, então, ele me pôs no gol. Então comecei assim. Em 1975, meu primeiro semestre na disciplina de handebol, comecei como goleira de handebol; eu nem sabia o que era handebol, porque em Toledo nunca ninguém jogava naquela época. S.A. – Nem mencionavam? Nem sabiam da existência desse esporte? M.P. – Eu tinha dezoito, dezenove anos. E não me lembro, eu fazia ping-pong no colégio, queimada, um pouquinho de basquete, mas o handebol não existia. Ninguém praticava, ninguém falava. Eu não lembro, se falavam, eu não me interessava, eu só conheci aquilo ali: ping-pong. S.A. – E a partir daí, quando chegastes à faculdade e fez a disciplina de handebol, o professor tinha equipe e te convidou? Como é que foi? M.P. – Era a equipe da faculdade, certo. Já no primeiro ano, nós fomos aos Jogos Universitários do Paraná, eu não lembro se era em Campo Mourão, uma coisa assim, uma 1 Universidade Estadual de Maringá. Margarete Maria Pioresan (Meg) 2 cidadezinha. E eu já fiz parte, já fui titular, entendeu? Já joguei lá de titular, no primeiro semestre, e aí joguei todos os anos da faculdade, foram três ou quatro, não lembro, acho que três na época. Fui goleira da seleção da Universidade. Mas já peguei também em 1975 a seleção paranaense para ir para o JUBs2 em Maceió. Também já fui titular. No primeiro semestre que conheci o handebol, fui saber o que era a goleira e já fui embora. Joguei até me formar e ainda depois vim para o Rio de Janeiro, mas continuando, joguei todos os anos lá no Paraná pela faculdade e pela seleção, só handebol, não jogava futebol. S.A. – E a equipe da Universidade de Maringá3 já existia antes de tu chegares ou ela era recente? M.P. – Não, eu acho que já existia. A UEM já existia, já tinha a faculdade de Educação Física, foi reconhecida ainda quando eu estava estudando. Então já tinha a equipe, agora não posso te responder se já ia para o JUBs, eu não me lembro disso, sei que eu fui ao primeiro ano, em 1975, para o JUBs. Então já existia sim. L.A. – E essa seleção paraense que você participava era a seleção universitária? M.P. – Universitária. A gente participava dos Jogos Universitários Paranaenses, pelas universidades - Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Curitiba -, e durante os jogos já tinha a sondagem e já saia a convocação do vôlei, do basquete, do handebol, para ir aos jogos universitários brasileiros, o JUBs. S.A. – Você jogou então pela universidade de Maringá, e vi também que tu jogaste pela faculdade de SUAM do Rio de Janeiro. É isso? M.P. – É, então. Formei-me e queria dar continuidade aos estudos e fazer fisioterapia, certo? No meu último ano de faculdade em 1978, os jogos foram em Curitiba, o JUBs. E veio os jogos do Rio e me convidaram para jogar handebol pela SUAM - Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta - hoje virou Universidade lá em Bonsucesso. E eu com vontade de dar meus pulinhos dentro do esporte, porque gostei daquela brincadeira [risos] 2 Jogos Universitários Brasileiros. 3 Universidade Estadual de Maringá. Margarete Maria Pioresan (Meg) 3 de jogar, gostei. Também queria fazer faculdade. Então eles me ofereceram bolsa, ofereceram a faculdade, me formei em fisioterapia pela SUAM e aí ofereceram o primeiro emprego de professora num colégio de aplicação dos cariocas que faziam parte da faculdade. Então tive todas essas coisas e vim embora. Fui para o Rio, joguei pela faculdade até completar vinte e oito anos, que é a idade limite para você jogar o JUBs Fiz faculdade, me formei em fisioterapia, comecei a trabalhar dentro da área de Educação Física e meu primeiro emprego, logo no Rio com aquele pessoal todo descolado... Jogaram-me para as feras e eu falei: “agora vamos embora, né”. Depois peguei a seleção de handebol, a primeira que teve em 1983. Cheguei no início de 1979, entrei para a faculdade em 1980 e me formei em Fisioterapia. Em 1983 teve a primeira seleção brasileira de handebol feminino oficial que a gente participou em Buenos Aires no primeiro Campeonato Sul-americano, fomos campeãs, ganhamos de um gol da Argentina. S.A. – É, a gente até procurou um pouco sobre a seleção, porque agora para o projeto de doutorado tenho a intenção de estudar a primeira seleção e sua trajetória. M.P. – Eu acho que essa foi a primeira, o técnico foi o William Felipe, é professor da Gama Filho4 junto com o Leoni Nascimento, os dois caminhavam juntos, um era do feminino, professor da faculdade, disciplina de handebol, e o outro do masculino. E aí um pegava a seleção universitária feminina e o outro a masculina. Hoje em dia o Leoni comenta alguma coisa no SporTV de handebol; o William acho que se aposentou mas não tem registro. Eu também procuro, [palavra inaudível] clicar lá no Google, vai aparecer uma coisa dele, mas para você conseguir a história, você teria que falar com o presidente da Federação5 que é o Manoel Luiz6, ele mora em Aracajú, aqui pertinho. Ele até hoje está na seleção, há anos. L.A. – E você acompanhou esse movimento de constituição dessa primeira seleção? Você ouviu falar alguma coisa do tipo: “Estão querendo montar” ou de repente te convidaram? 4 Universidade Gama Filho. 5 Confederação Brasileira de Handebol. 6 Manoel Luiz Oliveira. Margarete Maria Pioresan (Meg) 4 M.P. – Olha, eu jogava pela faculdade, certo? Jogos Universitários Carioca, ia para JUBs7 representando a seleção carioca, que nem eu fazia no Paraná, só que lá no Paraná eu não joguei muito por clubes. Quando cheguei ao Rio, o handebol já estava mais desenvolvido, então meu primeiro clube foi o Flamengo8 e eu sou vascaína, mas acabei até torcendo para o Flamengo. O William Felipe era o técnico do Flamengo e nós tínhamos uma equipe muito forte, a gente ia para o Campeonato Brasileiro e sempre éramos uma das favoritas. E aí começou, isso foi logo, eu acho que em 1980, assim que cheguei, foi tudo junto. E aí começou a pipocar, sul-americana lá em Buenos Aires. Então a primeira seleção surgiu. O presidente da Confederação Brasileira não era o Luiz, era o Zé Maria9. E aí o William virou o técnico do Flamengo, pois ele sendo professor da [palavra inaudível], ele tinha uma visibilidade maior. Ele era do karatê, a formação dele não era handebol, mas ele começou a trabalhar com o handebol e como não tinha muito... Eu acho que ele tinha uma parceria com o presidente da Confederação. Ele desenvolveu um trabalho no Rio e acabou sendo convidado. A base da seleção brasileira não foi a base do Flamengo, foi uma seleção, ele fez uma seleção inclusive com pessoas do Paraná, com Soraia10, com a falecida Eliane11, eram todas daquela época, minhas parceiras, quando começou era uma “puta”12 seleção, e ele fez uma seleção com Anita13, com Dorinha14... Acho que a Dorinha estava nesse primeiro, posso até estar falhando em algum nome, mas tinha o pessoal aqui do Nordeste, São Paulo. L.A. – E pelo Flamengo, os campeonatos que vocês participavam, tinham equipes de vários lugares do Brasil ou era mais centralizado em alguma região? M.P. – Olha, na verdade a gente fez um campeonato, acho que foi no Rio Grande do Sul, tinham mais equipes.