O Caso De Parelheiros E Marsilac, Extremo Da Zona Sul Da Cidade De São Paulo
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA HUMANA LÉIA CHRIF DE ALMEIDA A produção da natureza na reprodução da metrópole: o caso de Parelheiros e Marsilac, extremo da zona sul da cidade de São Paulo VERSÃO CORRIGIDA SÃO PAULO 2018 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA HUMANA LÉIA CHRIF DE ALMEIDA A produção da natureza na reprodução da metrópole: o caso de Parelheiros e Marsilac, extremo da zona sul da cidade de São Paulo Dissertação apresentada ao Programa de Pós- . Graduação em Geografia Humana do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestra em Geografia Humana Orientadora: Prof.ª. Drª.Glória da Anunciação Alves _______________________________________________ Prof(a). Dr(a). Glória da Anunciação Alves Orientadora Versão Corrigida São Paulo 2018 Ficha catalográfica Almeida, Léia Chrif de A produção da natureza na reprodução da metrópole: o caso de Parelheiros e Marsilac, extremo da zona sul da cidade de São Paulo / Léia Chrif de Almeida ; orientadora Glória da Anunciação Alves. - São Paulo, 2018. 203 f. Dissertação (Mestrado)- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de Geografia. Área de concentração: Geografia Humana. 1. urbanização. 2. produção do espaço. 3. preservação ambiental. 4. Parelheiros. 5. Marsilac. I. Alves, Glória da Anunciação , orient. II. Título. Agradecimentos A entrega desse trabalho significa o fechamento de ciclo, começado há dez anos. E por esse longo período foram muitas as mudanças, as vivências, o reconhecimento, os encontros, fundamentalmente os encontros. A universidade ao mesmo tempo que abre os olhos diante da vida, do mundo, também se faz dura, áspera e violadora. Ainda mais quando se trata daquilo que a nega, daquilo que escapou, do resíduo, do perfil que foge à regra. Estar na universidade sob determinadas condições é sentir o peso do tempo, o peso do racismo, o peso da classe, o peso da formação que não se teve, do idioma que não se fala, da palavra mal escrita, e tantos outros pesos que ali cabem. Vir das margens do extremo da zona sul, localizar exatamente como e onde começa a história da sua família que também é a sua, deu força, combustível e chão para terminar este trabalho. Para além de um título, esse trabalho significa ultrapassar determinações, significa ser a primeira de quinze primos por parte de pai (constituída de negros) a entrar na universidade, representa o rompimento de uma história já determinada. Dessa forma, não poderia deixar de agradecer primeiramente aos meus pais, Nazira e Ademir que diante de tantos infortúnios impostos pela vida me deram base e orientação sobre os caminhos. Agradeço a minha orientadora Glória da Anunciação Alves, que desde o começo acreditou neste trabalho, e depositou confiança em mim; sempre compreensiva com minhas dificuldades e com as condições materiais de seus alunos, diga-se de passagem, atitude raríssima na universidade. Este trabalho também é resultado dos debates coletivos em torno das obras de Henri Lefebvre realizado em nosso grupo de estudo coordenado pela professora Glória, e por outros grupos, especialmente, o colóquio orientado pela professora Ana Fani. Também, agradeço a todos os colegas que me ajudaram nesse percurso acadêmico: Kamila, pelos apontamentos das escritas mal compreendidas, por ouvir desabafos e choros; ao Leo, que transborda tranquilidade; ao Denys, que tanto me ajudou nas reflexões e nas leituras; à Monique Felix, que tanto ajudou na leitura desse trabalho, e que tanto chamou minha atenção para a narrativa única da geografia urbana baseada nas vilas operárias. Destaco também meus sinceros agradecimentos à banca de qualificação, composta pelos professores, Isabel Alvarez e ao Cesar Simoni Santos, proporcionando as reflexões necessárias para seguir com a pesquisa. À Ana Diegues pelos mapas, à Tatiane Venceslau pela irmandade, a Cristiane Moura, à Marcia Russ, a Kelly minha eterna sista, à Érica Oliveira, a Villiane, à querida Paula minha professora de história do cursinho, à Shirley Patriota e ao professor William da escola Municipal Franklin pela força e compreensão. Poderia dizer que este trabalho foi marcado, pelo antes e depois da ocupação do Crusp. Fugindo assim da bolha que a maioria dos alunos da pós-graduação vivem, e mesmo que eu quisesse estar em uma, novamente a condição de ser mulher e estar vulnerável à violência, me impôs a luta. O Crusp como fruto de uma política sistemática da reitoria em moer alunas e alunos que ali se encontram, vive uma calamidade, mas quem se importante com a periferia dentro da USP? Quero deixar aqui minha homenagem à todas as mulheres que sofreram violências dentro desse espaço, e todas as lutadoras que ocuparam a SAS. A Suzi, a Geyse, a Andreza, a Luiza, a Araci, a Vanessa, Dini do Sintusp, a Lígia, a Professora Silvana Martins e todas as outras professoras da Rede Não Cala. Nesse processo de luta, conheci lindas mulheres, Mariana Fidelis advogata, Juliana Ferreira, Juliana Mercuri, Ana Musa, Mariana Boaventura, Mireya, mulheres que estão sempre na contenção para fortalecer, só agradeço. Dedico também às pretas de quebrada, mulheres extraordinárias que estão dia a dia construindo novas narrativas na periferia. Não poderia deixar de agradecer ao meu companheiro Rafael Alves, pela paciência, pelo carinho, pela dedicação e todo cuidado que teve comigo nesses tempos. Por fim, fecho dizendo que estamos, ainda que muitos se neguem a olhar para o lado, saindo da condição de objeto a ser estudado, dissecado, e avaliado pela academia, para nós mesmas escrevermos nossa história. E mesmo com todos os limites e dificuldades que possam existir, estamos aqui, como corpo negro, periféricos, em resistência. Dedicado à todas as pessoas que vivem em constante partida nas metrópoles, Dedico à todas as mulheres, sobretudo as negras, que vieram antes de mim e esgarçaram-se para eu aqui estar. Resumo A pesquisa tem por objetivo analisar os conteúdos das políticas ambientais na periferia do extremo da zona sul de São Paulo, nos Distritos de Parelheiros e Marsilac. Os dois Distritos fazem parte dos Mananciais da região metropolitana de São Paulo, e estão submetidos às leis de proteção ambiental, e, portanto, teoricamente, desde 1975, são orientados a seguirem as restrições normativas para os usos e ocupação do solo concernentes à essa legislação. No entanto, no mesmo contexto em que foram promulgadas as normas urbanas que visavam estruturar e ordenar o espaço urbano da, hoje, região metropolitana, tivemos também neste período grandes deslocamentos populacionais para os Mananciais, seja da população vinda de outros estados, ou de deslocamentos intraurbanos. Sendo assim, os maiores contingentes populacionais rumo aos mananciais se deram após a implementação das legislações ambientais de 1975, revelando o contexto de reestruturação e mudanças a nível global, que se expressará no e por meio do espaço urbano. Tal situação se torna bastante evidente nos anos seguintes, devido aos rearranjos espaciais que configuraram esse novo momento da metrópole paulistana. De tal modo, consideraremos o espaço, bem como os espaços que possuem certa concentração de vegetação, como uma nova raridade e, quanto mais amplo o processo de reprodução do capital, mais rarefeito esses espaços se tornarão. Nesse mote, as periferias se reconfiguram e se complexificam. Seguindo essa perspectiva, compreenderemos os novos projetos no extremo da zona sul de São Paulo levados a cabo pelas políticas ambientais, principalmente com a implantação das Áreas de Preservação Ambiental. A pesquisa buscou demonstrar como este espaço periférico, tutelado pelas legislações ambientais, está sendo incorporados no processo de reprodução do espaço urbano de São Paulo por meio do empreendedorismo urbano ou das especificidades da localização, e, principalmente, pela possibilidade de “liquidez” que cada “potencialidade” do lugar tende a oferecer ao mercado. Assim, foi criado em 2014 o Polo de Ecoturismo de São Paulo, que engloba Parelheiros, Marsilac e na Ilha do Bororé, com a proposta de articular as potencialidades das áreas de Proteção Ambiental podem proporcionar. Em suma, buscamos compreender as finalidades e os conteúdos da proteção da natureza no atual momento da urbanização contemporânea. Palavras-chaves: urbanização, produção do espaço, área de preservação ambiental, planejamento estratégico, ecoturismo, Parelheiros, Marsilac Abstract The purpose of the research is to analyze the content of environmental policies in the outskirts of geographical south end of São Paulo: Parelheiros and Marsilac districts. The two districts are part of the watersheds of metropolitan area of São Paulo, and are subject to environmental protection laws; therefore, theoretically, since 1975, they are oriented to follow the normative restrictions for land uses and occupation of those relating areas and their constraints laws. However, in the same context of the enactment of urban norms aimed at structuring and ordain the urban space of nowadays metropolitan region, we also had, during this period, a large migration of the population to these watersheds area, coming from other states, or from intra-urban displacements. Thus, the largest population contingents towards to those water sources occurred after the implementation