O CUIDADO COM A CIDADE: JUSTIÇA AMBIENTAL, ESPAÇOS, PROCESSOS E RELAÇÕES DE VULNERABILIDADE AMBIENTAL EM SANTA CRUZ DO SUL (RS) Care with the City: Environmental Justice, Spaces, Processes and Environmental Vulnerability Relations in Santa Cruz do Sul (RS)

Ana Flávia Marques1 Tábata Aline Bublitz2

RESUMO: Historicamente as cidades constituem-se em territórios marcados por conflitos de distintas ordens, oriundos de políticas públicas frágeis e do choque de interesses entre diferentes atores sociais. Na cidade de Santa Cruz do Sul (RS) observa-se que a parcela da população urbana detentora de rendas mais baixas ou que faz parte de grupos sociais excluídos está sujeita a maior carga de danos causados por impactos ambientais negativos. Com o intuito de compreender o contexto de formação destes fenômenos e sua espacialização na área urbana, além de fornecer instrumentos para o desenvolvimento de tecnologias sociais capazes de levar as populações vitimizadas à superação do contexto, é que se desenvolve a pesquisa que deu origem ao presente artigo. Utilizando os métodos de abordagem e o arcabouço teórico do campo da Justiça Ambiental, a pesquisa procedeu à identificação das áreas de risco existentes na cidade, bem como ao diagnóstico, análise e classificação dos potenciais conflitos de ordem socioambiental ocorridos em um período de dez anos (2004 a 2014). Os resultados obtidos até o momento evidenciaram uma ligação entre a ocorrência de conflitos socioambientais e os diversos processos envolvidos na estruturação da sociedade, tais como a exploração comercial, industrial e imobiliária - estes mostraram papel importante nos mecanismos de destinação de cargas de danos ambientais à população. Somados os processos descritos às fragilidades naturais do solo em áreas de risco e aos aspectos socioculturais de formação da cidade, percebe-se uma relação destes com o modo como se estruturaram os conflitos. Para além disso, percebe-se a fraqueza política dos atores sociais sobre os quais incidem as injustiças ambientais, o que resulta em maior vulnerabilidade. Após a conclusão da pesquisa, prevista para dezembro de 2016, a mesma deverá dar origem a um projeto de extensão voltado ao desenvolvimento de tecnologias sociais e à capacitação de

1 Doutora em Ciências (UFSCar/SP); professora pesquisadora do Departamento de Ciências Administrativas (UNISC/RS). E-mail: [email protected] 2 Bacharela em Administração (UNISC/RS); bolsista de Iniciação Científica. E-mail: [email protected] populações vitimizadas no intuito de que se formem grupos de trabalho capazes de se mobilizar por maior proteção ambiental e menos exposição aos perigos resultantes de processos e políticas que prezam a valorização do capital em detrimento das necessidades da população.

PALAVRAS-CHAVE: justiça ambiental; conflitos socioambientais; tecnologias sociais.

ABSTRACT: Historically, cities are in areas marked by conflicts of different orders coming from fragile public policies and interests clash between different social actors. In the city of Santa Cruz do Sul (RS) is observed that the share of urban population holds lower incomes or part of excluded social groups are subject to higher load damage caused by negative environmental impacts. In order to understand the formation of the context of these phenomena and their spatial distribution in urban areas, and provide tools for the development of social technologies that get victimized populations to overcome the context it is that develops the research that led to this article. Using the methods of approach and the theoretical framework of the field of environmental justice, research has identified existing risk areas in the city as well as the diagnosis, analysis and classification of potential conflicts of environmental order that occurred in a period of ten years (2004-2014). The results so far have shown a link between the occurrence of environmental conflicts and the various processes involved in the structuring of society, such as the commercial, industrial and real estate - these showed important role in allocation mechanisms charges of environmental damage to the population . Combined with the processes described to natural soil weaknesses in areas of risk and the socio-cultural aspects of formation of the city, you can see a list of these with the way they have structured the conflict. Furthermore, we see the political weakness of the social actors which bear environmental injustices, resulting in increased vulnerability. Upon completion of the survey, scheduled for December 2016, it should lead to an extension project focused on the development of social technologies and the training of people victimized in order that to form working groups able to mobilize for greater protection environmental and less exposure to the dangers of processes and policies that value capital growth at the expense of the population's needs.

KEYWORDS: environmental justice; environmental conflicts; social technologies.

INTRODUÇÃO

O município de Santa Cruz do Sul (SCS) está localizado na porção central do estado do , no Vale do . Apresenta uma população estimada de 125.353 habitantes (IBGE, 2014). O Senso Demográfico em 2010 apontava um total de 118.374 habitantes, sendo que destes, 105.190 residiam na área urbana, o que representava 88% do total3. Além disso é preciso considerar a existência de uma massa populacional flutuante que aflui à cidade por tempo determinado em razão da busca por instituições de ensino superior (Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC e Universidade do Estado do Rio Grande do Sul, UERGS, prioritariamente). Esses dados caracterizam um munícipio com um adensamento da população urbana, o que por si só, já apresenta riscos potenciais de sobrecarga nos serviços urbanos e mesmo nos serviços de sustentação da vida oferecidos pelos ecossistemas. As condições naturais da cidade de SCS, como a presença de encostas com colúvios e zonas de inundação do Rio Pardinho4, somadas à densificação da população urbana5 e a decisões político-econômicas ligadas principalmente ao desenvolvimento de atividades produtivas e pressão imobiliária (PINHEIRO, R. J. B.; NUMMER, A. V. & BRESSANI, L. A., 2012), têm exposto a população urbana com menor renda a situações de risco e conflitos socioambientais. Refletir sobre os riscos e conflitos socioambientais originários deste contexto remete diretamente ao conceito de Justiça Ambiental, caracterizado por Henri Acselrad (2004) como decorrente da percepção de que depósitos de lixos químicos e radioativos ou de indústrias com efluentes poluentes concentram-se desproporcionalmente na vizinhança das áreas habitadas pelos grupos urbanos com menores rendas.

Dessa forma, por justiça ambiental, passou-se a entender o conjunto de princípios que asseguram que nenhum grupo de pessoas, sejam grupos étnicos, raciais ou de classe, suporte uma parcela desproporcional de degradação do espaço coletivo. Complementarmente, entende-se por justiça ambiental a condição de existência coletiva própria a sociedades desiguais onde operam mecanismos sociopolíticos que destinam a maior carga de danos ambientais do desenvolvimento a grupos sociais de trabalhadores, populações de baixa renda, segmentos raciais discriminados, parcelas marginalizadas e mais vulneráveis da cidadania. (ACSELRAD, 2004-a, p. 09-10).

3 As estimativas populacionais para os anos de 2011 e 2012 não podem ser utilizadas, uma vez que não consideram o domicílio (rural ou urbano) da população. Os números populacionais referentes ao Censo 2000 foram recalculados conforme a divisão territorial atual (2001). 4A cidade é conhecida pelos problemas de instabilidade de encostas e inundações desde a década de 1970 (GREHS, 1976; BRESSANI et al., 2008). 5População urbana de Santa Cruz do Sul em 2000: 93.786; em 2010: 105.190 habitantes (dados FEE, 2010), o que reflete um incremento de mais de 10 mil habitantes em 10 anos.

Pensar em justiça ambiental aplicada à cidade de SCS implica compreender de forma espacializada os próprios conceitos de crescimento e desenvolvimento que foram/são adotados nas políticas urbanas, bem como o conceito de sustentabilidade (não apenas econômica, mas socioambiental) ao longo do tempo. Para tanto, é preciso que sejam conhecidas, identificadas e categorizadas as situações de risco ou os conflitos socioambientais. A investigação que deu origem a este artigo se propôs, portanto, a identificar as zonas de risco existentes na área urbana de SCS, bem como os conflitos socioambientais ocorridos no intervalo de tempo de 2004 a 2014, compreendendo 10 anos no total, através de levantamentos junto ao jornal local (Gazeta do Sul)6 apresentando denúncias feitas em sua origem por membros de populações de baixa renda ou situações de potencial conflito socioambiental envolvendo estes contingentes. Foram considerados de caráter socioambiental – conforme conceituação sugerida por Acselrad (2004-b) - os conflitos desencadeados quando certas atividades ou instalações afetam a estabilidade de outras formas de ocupação em espaços conexos, sejam estes ambientes residenciais ou de trabalho, mediante impactos indesejáveis transmitidos pelo ar, água ou solo. Os conflitos identificados foram categorizados em situações-problema, de acordo com sua influência e áreas de risco identificadas: (i) Destinação de resíduos sólidos urbanos e disposição inadequada de lixo; (ii) Poluição do solo, ar e água; (ii) Convivência de pessoas com valões; (iv) Enchentes; (v) Loteamentos em áreas de proteção ambiental/deslizamentos; (vi) Moradias em áreas inadequadas; (vii) Especulações imobiliárias e privatização de áreas verdes; (viii) Desastres naturais e residências frágeis; (ix) Populações atingidas pela poluição industrial; (x) Problemas de saneamento (falta de água, problemas na rede de esgoto, etc.).

6 Além da classificação feita a partir das notícias do jornal local, a pesquisa objetivava a busca de dados sobre conflitos registrados no Ministério Público, porém o acesso aos dados, por serem sigilosos, foi negado às pesquisadoras. Na reta final da pesquisa (segundo semestre de 2016) estão sendo levantados dados complementares junto aos Núcleos de Defesa Civil e ao Corpo e Bombeiros. Estas situações foram agrupadas em classes específicas segundo a natureza do fato desencadeante (Classe 1: Disposição de lixo/resíduos; Classe 2: Loteamentos em Áreas de Risco/áreas protegidas; Classe 3: Atividades Industriais; Classe 4: Ausência de Saneamento). Além disso, buscou-se relacionar os conflitos mais frequentes a grandes processos que possam marcar as políticas urbanas, tais como (i) enfraquecimento ou ausência da capacidade de controle ambiental por parte das agências públicas (insuficiência das atividades de fiscalização, de vistoria dos empreendimentos licenciados e de controle dos lançamentos clandestinos de lixo e ou esgoto); (ii) expansão das atividades imobiliárias; dentre outros identificados. As informações coletadas e sistematizadas, quando do término da pesquisa, serão disponibilizadas a grupos sociais organizados, a Universidades, bem como a órgãos públicos, desta forma contribuindo para com a formação de atores sociais preocupados com a crescente exclusão social, a precarização das condições de sustentação da vida, a violação dos direitos humanos, as injustiças socioambientais e também a constatação acerca dos limites da atual política de ciência e tecnologia no país. Esta pesquisa contribui para que as populações fragilizadas do ponto de vista socioambiental percebam a importância da ação cidadã no que se refere a minimização dos riscos a que se encontram sujeitas e, a partir desta percepção, possam desenvolver Tecnologias Sociais (TSs) capazes de contribuir para a superação dos problemas. Dentre os fatores que estão implicados na construção e no desenvolvimento de uma TS encontra-se a sustentabilidade socioambiental e econômica – preceitos que permeiam as investigações acerca da justiça ambiental, tema da presente pesquisa -, cujos atributos de construção influenciam na transformação social; participação direta da população; inclusão social; melhoria das condições de vida; atendimento às necessidades sociais; inovação, organização, sistematização, acessibilidade e apropriação das tecnologias; diálogo entre diferentes saberes (acadêmicos e populares); difusão e ação educativa; construção da cidadania e de processos democráticos e busca de soluções coletivas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES (DESENVOLVIMENTO)

O levantamento feito para os 10 anos da pesquisa (2004-2014) permitiu a identificação de 376 registros de conflitos, os quais foram categorizados nas quatro classes apresentadas na Tabela 1. Cabe ressaltar que deste número total de conflitos, 149 se enquadraram em mais de uma classe (por exemplo: alguns conflitos oriundos de problemas de saneamento também apresentam relação com problemas originários da incorreta disposição de resíduos).

Tabela 1: Classificação dos Conflitos Socioambientais Urbanos em SCS (2014-2014)

Registros Classe Situação-problema

Destinação de resíduos sólidos /disposição 77 Disposição de inadequada de lixo lixo/resíduos Poluição do solo, ar e água 70

Enchentes 112

Loteamentos em áreas de proteção 49 ambiental/deslizamentos Loteamentos em Áreas de Moradias em áreas inadequadas 97 risco/Áreas protegidas Especulações imobiliárias e privatização de 21 áreas verdes

Desastres naturais e residências frágeis 34

Atividades Populações atingidas pela poluição industrial 8 Industriais

Ausência de Problemas de saneamento (falta de água, 89 Saneamento problemas na rede de esgoto)

Fonte: Dados da pesquisa. Para uma melhor compreensão espacial da distribuição das áreas de fragilidades socioambientais apresenta-se duas cartas temáticas com objetivo meramente ilustrativo. A Figura 1 mostra espacialização de informações disponíveis no Plano Diretor de Santa Cruz do Sul (2014) sobre áreas de conflitos socioambientais.

Figura 1: Localização de Áreas de Conflitos Socioambientais Urbanos em SCS Fonte: KLEIN, P. a partir de dados da pesquisa (2015).

Apresentação e Análise dos Conflitos: (Re)Conhecendo a Cidade A seguir apresenta-se uma breve discussão sobre o contexto de cada classe de conflitos expondo os interesses em disputa, os agentes sociais envolvidos, as áreas de maior incidência dos mesmos e os possíveis caminhos sociais para sua abordagem. O desenvolvimento rápido e desordenado da área urbana de SCS se deu em função do seu papel de relevância no complexo agroindustrial do fumo, o qual se inicia na década de 1970, levando à atração de grandes empresas de tabaco para a região (DEEKE, 2012). A imigração em massa resultante do aumento da oferta de empregos resultou em um processo acelerado de ocupação dos entornos da Zona Industrial o qual, aliado à impossibilidade de pleno emprego nas atividades econômicas oferecidas, fez com que nas últimas décadas aumentasse consideravelmente o nível de pobreza urbana, principalmente nos bairros periféricos (SILVEIRA et al., 2014, p. 67). Deste modo, o primeiro conjunto de conflitos analisado está associado à formação clandestina de lixões e à poluição de arroios (poluição advinda ou não de atividades industriais) Os bairros afetados em geral fazem parte da zona Sul e Oeste e integram, em alguns casos, a Área de Risco de Alagamento e a Zona Industrial7, sendo eles: Zona Industrial, Faxinal Menino Deus, Santa Vitória e Bom Jesus. O núcleo central também é atingido pela poluição, porém sem a formação de lixões. As pressões sociais pela maior fiscalização nas zonas periféricas do perímetro urbano chocam-se com a opção do poder público de voltar seus esforços a ambientes mais visados pelos interesses do setor imobiliário, como a região central. As comunidades localizadas nestas áreas convivem diariamente com ambientes degradados pelo acúmulo de resíduos, mau cheirosos, com infestação de agentes patogênicos e poluição visual. Somente em dezembro de 2013 foi implementado o primeiro Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos, com objetivos específicos como “o aprimoramento à prestação dos serviços de manejo de resíduos sólidos urbanos a toda a população” e instituíram-se métodos como a Coleta Seletiva Solidária8 em nove bairros do município (Centro, Higienópolis, Goiás, Avenida, Independência, Universitário, Várzea, Renascença e Santo Inácio) e a Coleta Robotizada9, apenas na região central. Os demais bairros, porém, ainda contam somente com a Coleta Convencional, ineficiente em locais que não podem ser acessados por caminhões (encostas de morro, como por exemplo em alguns locais do Bairro Margarida). Outro ponto conflitivo resultante da segregação urbana refere-se à exposição de comunidades inteiras às fragilidades de áreas de risco (deslizamentos e enchentes; fenômenos climáticos) e à ausência ou ineficiência de políticas públicas de moradias inclusivas. Questões relacionadas à crise da moradia são atuais alvos de denúncia pelo movimento de Justiça Ambiental, pois tratam da “transformação do solo urbano em mercadoria, sujeito à valorização exagerada que empurra aqueles que não conseguem acesso aos imóveis formais para áreas sujeitas a riscos ambientais e ecologicamente sensíveis” (RBJA, 2014).

7A Área de Alagamento consiste em um perímetro a oeste do núcleo central e ao longo das margens do rio Pardinho e de seus afluentes, sujeito a inundações e a Zona Industrial está localizada ao sul do núcleo central, e é destinada à instalação de atividades industriais de qualquer porte e natureza, onde a construção de unidades residenciais unifamiliares é vetada (SANTA CRUZ DO SUL, 1998).

8 Sistema de recolhimento dos materiais recicláveis nas residências, empresas, comércio e instituições em geral, feitos pelos catadores da COOMCAT – Cooperativa dos Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul (SANTA CRUZ DO SUL, 2013).

9 O serviço de coleta robotizada é feito por um caminhão compactador equipado com um sistema de braços robotizados que elevam o contêiner, despejando os resíduos em um grande compartimento compactador. Este contêiner deve receber apenas lixo orgânico e rejeito (SANTA CRUZ DO SUL, 2013). Em SCS este é um dos problemas mais evidentes quando se fala em vulnerabilidade urbana. Em dez anos de registros, despontam conflitos relacionados à grande exposição de comunidades às consequências de alagamentos, e também a fragilidades de moradias mediante desmoronamentos. Estes fatos, em diversos aspectos aparecem desencadeados por um terceiro tipo de conflito: o estabelecimento de moradias em áreas de proteção ambiental e de risco. Durante o período estudado houve uma grande concentração destes problemas em bairros integrantes de áreas de risco, como Bairro Várzea e Santa Vitória (Área de Alagamento), Santo Inácio, Margarida, Belvedere e (Área de Escorregamento/Cinturão Verde)10. Estas zonas vitimam famílias com desastres envolvendo casas invadidas pela água, muros derrubados e paredes e alicerces com estruturas ameaçadas. A maioria vive em casas autoconstruídas, sem estrutura suficiente para suportar os eventuais movimentos de massa das encostas de morro11 ou vendavais de forte intensidade, não possuem acesso a serviços de água encanada ou energia elétrica e estão estabelecidos em grande número, em solos impermeabilizáveis e áreas baixas, propícias a alagamentos. Ainda que saibam da condição frágil das áreas ocupadas, fatores como a incapacidade financeira de alugar ou adquirir um imóvel em locais mais seguros e, eventualmente regularizados, os fazem permanecer. Em 2005, segundo dados da Secretaria de Habitação, 1.852 famílias em um total de 27 pontos da área urbana, viviam de forma irregular, sendo o principal deles, o Bairro Bom Jesus (MULLER, 2005). O governo municipal iniciou em 2011 uma série de obras por meio do Pró Moradia (Programa de Aceleração do Crescimento) (PAC, 2011), porém questiona-se a sua efetividade, uma vez que os loteamentos sorteados para as famílias de baixa renda que se enquadram nos requisitos do Governo Federal para concorrerem às moradias estão sendo construídos em bairros da zona sul12 e em zonas alagáveis (COSTA; BRAGA, 2004, p. 200),

10 Segundo demarcação especificada pelo Plano Diretor municipal, estas três zonas especiais (ou de risco) recebem esse nome devido às suas características de topografia, geologia e cobertura florestal, além de necessitar de proteção e regulamentação especial (SANTA CRUZ DO SUL, 1998).

11 Estudos apontam que diversas partes do entorno do Cinturão Verde apresentam evidências de movimentos de encostas com danos severos em residências (EISENBERGER; BRESSANI; FILHO, 2003). “Pode-se inferir que o deslocamento total observado na encosta entre os anos 1997 e 2002 foi de aproximadamente 40 cm na direção horizontal e 20 cm na direção vertical” (BRESSANI, 2004, p. 80).

12 O loteamento Santa Maria está sendo construído em uma faixa de terra próxima ao Arroio das Pedras, próximo à divisa do Bairro Santa Vitória, enquanto o Loteamento Mãe de Deus está localizado no Bairro Santuário, extremamente próximo à várzea do rio Pardinho, ambas as áreas consideradas potencialmente alagáveis (MENEZES, 2014). fato que reforça a negligência do poder público em relação ao direito comum de acesso a recursos de promoção da qualidade de vida e bem-estar, além dos serviços básicos de saneamento. Com essa prática, os programas federais e municipais dificilmente conseguem eliminar o problema da irregularidade. Com o remanejamento das famílias em questão, surge um mercado ilegal de moradias sobre o qual é difícil ter controle13. Cabe ressaltar que este fato também advém da falta de renda dos beneficiários dos projetos habitacionais para arcar com as despesas dos serviços básicos que recebem as novas moradias. O que acaba ocorrendo é que, de modo a desocupar uma área de risco, as populações da área urbana de Santa Cruz do Sul são direcionadas a outros locais também frágeis, porém com gastos maiores de manutenção. Pontos que contribuem para a situação de ocorrência de enchentes referem-se às canalizações e desvios realizados desde o início da urbanização da cidade. Ainda em meados de 1970, foram canalizados o Arroio Jucuri e o Arroio Preto, e foi retilinizada a área mais baixa do Arroio Lajeado, destacando-se o núcleo central como alvo da maioria das intervenções. “A ocupação foi se dando sob perspectiva de certo ordenamento e planejamento, principalmente nos bairros centrais, o que possibilitou e promoveu a sua ocupação perante ações corretivas, onde as medidas estruturais14 atenuam a vulnerabilidade e minimizam danos” (MENEZES, 2014, p. 104). Estas intervenções recondicionam o perigo para áreas próximas ou ainda, à jusante das mesmas, tendo-se o incremento de maiores volumes de água em menos tempo em função da retilinização das drenagens e da presença de densas infraestruturas urbanas impermeabilizadas no núcleo central (MENEZES, 2014). Em registros identificados durante a investigação, surgiram queixas envolvendo inclusive o “surgimento” de sangas como uma consequência de desvios efetuados em cursos d’água a montante desses bairros (BOROWSKY, 2006). Poucas medidas estruturais foram implementadas com vistas a mitigar os danos das inundações. Durante a pesquisa verificou-se apenas a incorporação de algumas medidas não estruturais, como o zoneamento de usos do solo, a demarcação das áreas de risco e a criação de programas comunitários. Registros apontam que em 2007 houve uma tentativa de minimização das enchentes no Bairro Várzea por parte da Prefeitura, em que diques de

13“Um levantamento feito pela Secretaria de Habitação aponta que, desde 1992, 746 pessoas que foram contempladas com casas ou terrenos por meio dos programas habitacionais do município acabaram vendendo ou trocando suas moradias de forma ilícita” (SETÚBAL, 2004).

14 “As medidas estruturais correspondem às obras que podem ser implantadas visando à correção e/ou prevenção dos problemas decorrentes de enchentes” (CANHOLI, 2014) contenção e canos escoariam a água acumulada em direção ao Arroio Preto. No entanto, a validade do empreendimento, primeiramente questionada pelos moradores locais se mostrou, posteriormente, uma solução mal planejada. Conforme verificação nos registros levantados, as obras teriam iniciado em janeiro de 2007 e, em setembro uma “enxurrada fez com que parte das barreiras desmoronasse” (MACHADO, 2008). Outro aspecto importante em relação à segregação habitacional refere-se as burocracias impeditivas aos processos de regularização fundiária das áreas ilegalmente ocupadas. Ao mesmo tempo em que o Estado não oferece opções seguras de habitação, falha em criar mecanismos de acesso aos direitos individuais. No lado oposto ao processo de áreas frágeis do ponto de vista ambiental ilegalmente ocupadas, observa-se o processo de privatização de áreas públicas no espaço urbano, para uso da parcela da população urbana que busca segurança, isolamento, homogeneidade, equipamentos de lazer e prestação de serviços, todos relacionados à vida segregada dos condomínios fechados (CAMPOS, 2014). Fenômenos como estes, em Santa Cruz do Sul, desencadeiam um investimento cada vez maior na especulação imobiliária visando a ocupação de áreas como o Cinturão Verde, uma Área de Preservação regulamentada pelo Plano Diretor e que acaba sendo usada para a venda de um local bucólico para a moradia, sem a interferência do restante da cidade (PALMA; RODRIGUES; BOZZETTI, 2014). Essa dinâmica produz uma série de conflitos em relação ao uso e ocupação do solo, e foi identificada como um dos maiores problemas envolvendo a segregação espacial na cidade. O que se torna mais grave nesse caso, segundo Palma, Rodrigues e Bozzetti (2014, p. 93), é a “apropriação de recursos naturais que se encontram no interior dessas áreas e deveriam ser acessíveis a toda a população”. Em busca da sua parcela de direito sobre esses recursos, os atores sociais, sem posse de ferramentas eficazes para lutar, acabam se manifestando por meio da ocupação ilegal das encostas. Apesar de ciente dos prejuízos da privatização de áreas da floresta, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente percebe a transformação do lugar em área de preservação privada como uma alternativa à indisponibilidade de fiscais para o controle rigoroso necessário caso se constituísse em área pública (MULLER, 2009), ainda que biólogos da cidade manifestem opiniões contrárias à prática. Os mesmos problemas acontecem com a supervalorização das áreas centrais da cidade, bastante visadas para a instalação de grandes empreendimentos imobiliários sob forma de complexos habitacionais de alto custo. Como exemplo, é possível citar o megaprojeto residencial e comercial atualmente em andamento na área central15. Engenheiros questionam os impactos que a construção de tal empreendimento causará na área central, pois segundo eles, Santa Cruz do Sul não possui estruturas de água e esgoto capazes de atender a um contingente tão grande de pessoas que virão habitar o residencial (GEHRKE, 2014). Com relação ao saneamento urbano, atualmente apenas 1% dos 500 litros de esgoto produzidos por segundo na cidade de Santa Cruz do Sul, são tratados. O restante deságua no Rio Pardinho, por meio dos arroios que recebem os dejetos e os levam até o ponto de deságue. Muitas residências possuem o tradicional sistema de fossas sépticas que realizam um tratamento primário do esgoto retirando pelo menos 50 % da matéria orgânica. Apesar disso, o Plano Nacional de Saneamento Básico considera o método adequado somente quando utilizado corretamente – ou seja, quando é feita manutenção e limpeza anual (GULARTE, 2014). De acordo com informações do Plano Municipal de Saneamento de Santa Cruz do Sul (2010), há aproximadamente 47 km de rede coletora no perímetro urbano, sendo que, destes, 21 km, presentes na área central, foram instalados em 1952 e o restante implantado após a elaboração do projeto existente. Com isso, apenas o quadrilátero central e algumas ruas no entorno possuem acesso aos serviços de coleta. A maioria das demais residências têm sistemas individuais de tratamento, e as restantes, nem isso. Há muitos casos, como no Bairro Arroio Grande, em que os dejetos são depositados diretamente em arroios (GULARTE, 2014). Essa situação representa um risco grave à saúde das famílias ribeirinhas. A ocorrência de doenças infectocontagiosas, o mau cheiro das ruas após uma enxurrada e os repetitivos alagamentos de vias devido ao entupimento de bueiros demonstram o preço de uma conta que o santa-cruzense paga sem perceber, devido à fragilidade dos serviços de saneamento (GULARTE, 2014). Na conflitualização destes processos, entram em cena agentes do poder público responsáveis pela regularização das moradias e eventual investimento em estruturas de coleta de esgoto com canalização dos arroios e as populações de baixa renda habitantes de áreas irregulares. A localização espacial da população envolvida condiz com a acessibilidade que seu nível de renda propicia. Nas áreas onde o esgoto é tratado, a conta aumenta em 70% para custear o volume consumido em água no seu tratamento. Por outro lado, a instalação de um

15 München Open Mall Residence – construção planejada para a Rua Ernesto Alves, Bairro Centro, Santa Cruz do Sul (288 apartamentos e 43 espaços comerciais previstos). sistema de fossa séptica individual também se torna custoso em relação ao investimento financeiro. A cidade possui, há 15 anos, uma ETE16 capaz de tratar todo o esgoto da zona urbana durante 30 anos, mas que opera muito aquém disso. Ou seja, possui um local para tratar seu esgoto, mas carece de uma rede coletora abrangente e eficaz. A rede de abastecimento de água da área urbana também é alvo de críticas em relação a problemas de abastecimento (principalmente) na zona sul da cidade. Nota-se que os discursos apresentados pela empresa de saneamento local não buscam sequer justificativas, uma vez que os problemas estruturais resultantes da falta de investimento são visíveis. A rede distribuidora, segundo a Companhia Rio-grandense de Saneamento - CORSAN (empresa responsável pelos serviços de saneamento), é antiga e frágil17 e seus constantes rompimentos juntamente com fatores geográficos ocasionam a presença de bolsões de ar na tubulação, levando a problemas de abastecimento. Sendo uma cidade composta por grandes declividades e alguns bairros estarem localizados em partes altas, de fato, pode ocorrer uma perda da carga piezométrica18, que, segundo Mello e Farias (2001) resulta de uma demanda maior que a capacidade instalada do sistema de distribuição, e a falta de água resultante dessa deficiência faz com que o ar flua para os pontos de menor pressão (as moradias) preenchendo os espaços deixados pela água através dos equipamentos controladores. Ainda que a área urbana conte com o Lago Dourado (reservatório artificial que capta água do rio Pardinho para ser utilizada no abastecimento da cidade), a CORSAN afirma que a sua capacidade de acumulação não condiz com o divulgado, devido à profundidade inicial projetada para o Lago não ter sido obtida na construção, revelando que a real capacidade de reserva é metade do que poderia ser. No período pesquisado predominaram problemas relacionados a vazamentos da rede pluvial e cloacal central e consequentes períodos marcados pelo desabastecimento de água e alagamentos, mas notam-se problemas também nos bairros periféricos em relação ao despejo de esgoto e bairros de maior altitude, em relação à falta de água.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

16 A Estação de Tratamento de Esgoto Pindorama consiste em lagoas construídas para o tratamento de efluentes domésticos, localizadas na região da Várzea do Rio Pardinho (SANTA CRUZ DO SUL, 2010). 17 Hoje existem em torno de 120 km de redes de fibrocimento e ferro fundido na cidade (SANTA CRUZ DO SUL, 2010), as quais tendem a ter mais rachaduras e, consequentemente, causar falta de água (ELLWANGER, 2012). 18 Representa a pressão neutra da água em um determinado ponto, expressa em altura da água na tubulação. Para que haja fluxo de água entre dois pontos é necessário que a energia total em cada ponto seja diferente. A água fluirá sempre de um ponto de maior energia para o ponto de menor energia total (MARANGON). Apropriação das Informações: Redesenhando a Cidade, Construindo o Sonho Coletivo Amartya Sen (2011), discutindo a ideia de Justiça, conceito que perpassa e conduz a pesquisa que origina este artigo, provoca uma análise profunda sobre as assimetrias que produzem as injustiças na vida das pessoas reais. Sen provoca a discussão sobre a justiça a partir do emprego conceitual de duas palavras do sânscrito oriundas da antiga ciência indiana do direito, ambas significando em sentido amplo ‘justiça’, porém claramente diferentes para os eruditos hindus: niti, denotando adequação organizacional e nyaya, referindo-se à vida que as pessoas são realmente capazes de levar ou à justiça realizada. Os resultados da observação dos conflitos socioambientais urbanos e dos riscos aos quais são expostos os cidadãos que ocupam a faixa de renda menos privilegiada da cidade permitem pensar em uma ‘urbe oficial’, justa no sentido do termo sânscrito niti, e em outra cidade, aquela para a qual não há nyaya ou justiça real. Neste sentido, a construção de caminhos para a justiça ambiental urbana real parece passar obrigatoriamente pela compreensão dos processos que levam à injustiça; processos históricos, culturais, econômicos e políticos oriundos de decisões tomadas por apenas uma parcela da população. Aquela parcela que tem voz. Para que a outra parcela conquiste sua voz é preciso se valer de conhecimento, organização social e planejamento. E é neste sentido que a próxima etapa desta pesquisa refere-se a levar informações, através de um trabalho de extensão multidisciplinar, às populações vulneráveis reconhecidas pelo levantamento de dados da pesquisa, visando a produção de tecnologias sociais que as fortaleçam para a busca da superação das injustiças. O repensar e redimensionar as ações reais que possam criar uma cidade para todos os seus cidadãos significa abordar de forma assertiva os conflitos na construção de territórios onde a justiça não seja apenas um conceito de igualdade, voltado aos iguais (quem são os iguais?), aos pares, aos que têm direito de escolha.

REFERÊNCIAS

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