Carta Aberta De Apelo Ao Primeiro Ministro, António Costa, À Ministra Da Cultura, Graça Fonseca E
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Senhor Primeiro Ministro, Senhora Ministra da Cultura, Senhores Deputados, O sector cultural, em especial todo aquele que depende de espetáculos “ao vivo”, vive uma situação que é não menos que dramática. Fomos os primeiros a sofrer as consequências das primeiras recomendações de saúde pública (que respeitámos) que limitaram a nossa atividade, logo em final de fevereiro. Tememos que, infelizmente, as limitações que sofremos hoje se possam alargar para além do estado de emergência, sendo já certo que seremos dos últimos sectores a poder retomar em pleno a sua atividade, quanto mais não seja, pela previsível crise de confiança que se poderá instalar na relação entre os espectadores e a comunidade criativa e artística relativamente à frequência e permanência em espetáculos, apresentações ou eventos ao vivo. Temos assistido ao anúncio sucessivo de apoios vários, aplicáveis à generalidade da economia, mas também a outros apoios específicos, justamente implementados, a atividades particularmente afetadas pela crise. Embora reconheçamos as manifestas boas intenções e o esforço do Governo, certo é que as medidas anunciadas para a área da cultura, além de manifestamente insuficientes, ou não respondem às necessidades imediatas do sector, ou deixam autores, artistas e profissionais do espetáculo ainda mais desprotegidos. Não é seguramente com apoios à produção que os profissionais autores, profissionais artistas e profissionais de espetáculo poderão fazer face, no imediato, à situação trágica em que se encontram. É um contrassenso acreditar que todos estes profissionais do espetáculo podem exercer a sua atividade sem que o espetáculo exista. A atividade criativa e artística está absolutamente cancelada, até porque face à disfuncionalidade do mercado de venda de música (em particular o digital), no caso dos artistas, a esmagadora maioria dos rendimentos decorre de espetáculos ao vivo. Se alguns autores e artistas (que não todos) podem ainda continuar a criar (sem por isso serem, necessariamente, remunerados), milhares de técnicos (de som, de luz, de palco, cenógrafos, produtores, assistentes de produção riggers e tantos outros), todos eles profissionais ditos “independentes”, ficaram impedidos de exercer a sua atividade, sem qualquer rendimento, precisamente na altura do ano em que se preparavam para a reatar, após o período de outono e inverno, em que tipicamente o trabalho já escasseia. É tão evidente quanto urgente a necessidade de criação imediata de um verdadeiro fundo de emergência ao setor. Essa deveria ter sido a prioridade imediata, antes mesmo de se desenharem medidas de incentivo à produção cultural, cuja utilidade não se discute, mas que não devem desviar as atenções e esforços dos poderes públicos para o que é, agora, essencial: a sobrevivência e subsistência de largos milhares de famílias que dependem em absoluto do espetáculo. Também a regulação dos contratos relativos a espetáculos que tenham sido ou venham a ser adiados, deixou de lado autores, artistas e profissionais de espetáculos. Estes não só se veem obrigados a aceitar cancelamentos de datas para um período temporal que durará, pelo menos, até ao dia 26 de agosto (90 dias úteis após o final do estado de emergência), como ficam obrigados a aceitar reagendamentos, sem que ao menos lhes seja prestado um sinal. Apesar das suas inequívocas boas intenções, o DL 10-I / 2020, de 26 de março, ao regular, as relações decorrentes dos contratos cancelados, acabou por alargar o horizonte temporal desta suspensão muito além do que poderíamos, nesta fase, esperar, e deixou os autores e artistas nas mãos dos promotores públicos que, por não dependerem de receitas de bilheteira, não têm qualquer incentivo real, nem ao reagendamento, nem ao pagamento (ao menos parcial) dos licenciamentos e cachets devidos. Não é aceitável que os profissionais do espetáculo fiquem dependentes das boas intenções do promotor público do espetáculo, em muitos casos sem qualquer pagamento, e sejam lançados num limbo de incerteza sobre o futuro do espetáculo que contrataram. Estamos certos que a intenção do legislador não era (jamais poderia ser) a de colocar estes profissionais em pior situação que aquela que já tinham. Por isso mesmo, e porque é sempre possível fazer mais e melhor, numa altura em que são apresentados para discussão no parlamento projetos de lei com impacto no sector cultural, vimos apelar aos senhores deputados e ao Governo que promovam e viabilizem: . A criação de um verdadeiro fundo de emergência e apoio ao sector da cultura e, em particular das artes performativas, que contemple também os autores e os profissionais “independentes” do espetáculo; . As necessárias e urgentes alterações e aditamentos ao DL 10-I /2020, de 26 de março, que regula o regime aplicável aos espetáculos adiados, designadamente, no sentido de: Garantir – e não apenas autorizar ou sugerir – que as entidades públicas contratantes, procederão a pagamentos, nos casos de cancelamento, ou adiantamentos de preços acordados (cachets), nos casos de reagendamento, no momento do cancelamento ou adiamento da primeira data agendada. Estabelecer um prazo imperativo para o reagendamento, findo o qual os artistas e agentes culturais contratados ficariam desobrigados de efetuar a sua prestação (fazendo deles o valor adiantado). Garantir que os valores entretanto pagos são equitativamente distribuídos pela cadeia de valor e chegam, efetivamente, aos agentes culturais e profissionais de espetáculos. Com estas medidas não se gastaria um euro a mais que aqueles que se encontram já orçamentados, comprometidos e contratados e, seguramente, injetar-se-ia um volume financeiro no setor, de montante muito superior ao milhão de euros que foi alocado à linha de emergência para a produção cultural que, sejamos claros, não consegue responder às mais elementares questões de subsistência real dos autores e artistas portugueses e da comunidade artística em geral. Com estas medidas, e apenas com elas, se alcançará uma regulação que permita repartir justamente os custos da crise económica que todo estamos a sofrer. É sempre tempo de fazer melhor. A nossa esperança e o nosso apelo é que o façam com a urgência que a situação reclama. NÃO CANCELEM A CULTURA! NÃO SUSPENDAM OS AUTORES, ARTISTAS E PROFISSIONAIS DOS ESPETÁCULOS! 1601 subscritores Abel David Ferreira Batista Álvaro Ricardo Mouco Moura Lopes Abílio Sousa Amalia Baraona Adelaide Megre Amândio Filipe Ademar Jorge Pereira de Oliveira Amélia Almeida Ferreira Adriana Campos Amor Electro Afonso Passos Ana Almeida Pinto Agir Ana Alves Alan Romero Ana Bacalhau Albertino Carvalho Ana Borralho Alberto A. Araújo Fernandes Ana Braga da Silva Costa Alberto Santos Lopes Valongo Ana C. Henriques Albina Fernanda de Jesus Pereira Ana Carina Brissos Pereira Alda Branca Pereira Ana Carina Lopes Alessio Vellotti Ana Catarina Fernandes Ribeiro Alex Marques Ana Catarina Grilo Alexandra Babo Ana Catarina Guerreiro Colaço Santos Alexandra Natura Ana Catarina Ribeiro de Moura Alexandra Prezado Ana Catarina Silva Alexandra Rosa Ana Chaves Alexandra Sargento Ana Cláudia Lopes Gonçalves Alexandre Brandão Ana Cláudia Rodrigues Serrão Alexandre Dias da Silva Ana Clérigo Alexandre Duarte Ana Cloe Sanguinho Alves Paulino Alexandre Ferreira Alves Ana Cristina Alexandre Luís Ventura Meirinhos Ana Cristina da Silva Ferreira Alexandre Manuel Amaral Gonçalves Ana Deus Alexandre Miguel Ana Dos Santos Alexandre Miguel dos Santos Jorge Ana Elisa Ribeiro Alexandre Monteiro (The Weatherman) Ana Fernandes Alexandre Sá Ana Fragata Alexandre Santos Ana Gasparinho Aline Frazão Ana Isabel Baptista Álvaro Nogueira Pinto Ana Isilda Caldeira Ana Jordão André Filipe Fernandes dos Santos Ana Lopes André Filipe Menalha Trindade Gravata Ana Margarida Cartaxo André Filipe Neves Marques da Silva Ana Margarida Couto Sousa André Gago Ana Margarida Fonseca Ferreira Pinto André Gil Mata Ana Margarida Leal André Madeira (MGDRV) Ana Maria Pinto André Miguel Batista Patrão Ana Marisa Oliveira André Mota Ana marta André Ramalhais Ana Moura André Rodrigues Ana Mula André Rosario Moreira Ana Natividade André Simões Calado de Brito Ana Paula Aidos André Sousa Machado Ana paula cardoso baltazar André Sousa Machado Coelho da Silva Ana Pepe André Tavares Ana Pinto André Tavares Ana Pires Braguês Responsável André Tiago Rodrigues Xisto Rosinha Ana Raquel Oliveira Ribeiro dos Santos André Vicente Ana Raquel Pinheiro Andrea Graf Ana Rita Almeida Andreia Alves Ana Rita Cunha Andreia Antunes Ana Rita Inácio Andreia Carvalho Ana Rita Teixeira Andrés Pancho Ana Romana Andresa Soares Ana Saltão Angel Fragua Ana Sofia Gavancha Cordeiro Ângela Alves Ana Sofia Gonçalves Ângela Anacleto Ana Sofia Meirinho Esteves Angela Macedo Ana Sofia Pereira da Silva Ângela Marques Ana Vargas e Pires Ângela Pereira Anabela Pinto Ângela Pinheiro Anabela Santos Ângela Ribeiro Anabela Vicente Ângelo Firmino André Almeida Rodrigues Ângelo Freire André Boaventura Aníbal zola André Fernandes António Alexande Moreira de Sousa André Fernandes António Almeida André Ferreira Maia António Belém António Capelo Barbara Carvalho António Carlos Coimbra Bárbara Maciel António Correia Bárbara Passos António Dias Bárbara Wahnon António Dinis Lourenço Beatriz de Medeiros António Fernandes Beatriz Noronha António Gamboa Benedita Campos António Jorge Claro Pimenta Nogueira Bernardo Álvares António José Ramos da Cruz Bernardo Gavina (Panda e os Caricas) António José Silva Bernardo Saldanha Antonio Lago Pinto Bernardo Santo Tirso António Lebres Bernardo Tinoco Antonio Manuel Pinto de Almeida Biah