Europa, Educação, Cidadania”

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Europa, Educação, Cidadania” LILIANA RODRIGUES NUNO FRAGA (ORG.) “Europa, Educação, Cidadania” 1ª Edição - 2018 Título Europa, Educação, Cidadania Organizadores Liliana Rodrigues & Nuno Fraga Edição Centro de Investigação em Educação – CIE-UMa Universidade da Madeira Campus da Penteada, 9020-105 Funchal Design Gráfico Énio Freitas Impressão e Acabamento Oficinas de São Miguel Outeiro de São Miguel, 6300-035 Guarda Tiragem 150 Exemplares ISBN 978-989-54390-0-3 Depósito Legal www.uma.pt/cie-uma © CIE-UMa 2018 Projeto UID/CED/04083/2019 FDCTI-RAM – CIE-UMa ÍNDICE Nota de Apresentação .................................................................................................. 5 Liliana Rodrigues Inadiável educação para a cidadania europeia: razões, matérias e instrumentos ....... 7 Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim Retrato da Europa em 2017 - A coesão social ............................................................ 19 Liliana Rodrigues De Prometeu a Sísifo. O valor das lideranças escolares numa Europa “unida na diversidade” ............................................................................................................... 33 Nuno Fraga Cidadania e educação em geociências: subsídios do tempo geológico ...................... 52 Luísa Martins, Jorge Bonito & Luis Marques Diversidad, interculturalidad y educación plástica; marco de aproximación para educación primaria..................................................................................................... 77 Alfonso Revilla Carrasco Currículo e cidadania .................................................................................................. 87 Jesus Maria Sousa Competências do reportório do professor no futuro – Plataformas digitais europeias.................................................................................................................... 97 Elsa Fernandes & Sónia Martins Educação ambiental e cidadania europeia ............................................................... 109 Hélder Spínola Convivência democrática e cidadania: um exemplo de boas práticas na Educação Pré-escolar ............................................................................................... 117 Catarina Freitas & Gorete Pereira Abordagem curricular da educação para a cidadania na Europa ............................. 131 Maria Fernanda Gouveia Características de um líder para o aumento do ID&I de uma região ultraperiférica........................................................................................................... 141 Miriam de Jesus Educar para a cidadania num contexto global – O desporto como instrumento de atuação ................................................................................................................ 153 Helder Lopes; Ana Rodrigues; Ana Correia; Ricardo Alves; Catarina Fernando & Élvio Gouveia Dinâmicas da educação para a cidadania no sistema educativo português............. 160 Alice Mendonça Educação em Ciências: da perspetiva europeia às especificidades regionais .......... 170 Sílvia Carreira, Mariana Ribeiro & Dalila Calaça 3 ▪ ▪ 4 NOTA DE APRESENTAÇÃO Liliana Rodrigues O tema deste debate, “Europa, Educação e Cidadania”, é um espaço de reflexão sobre temas chaves no espaço europeu. É ainda um olhar crítico sobre a tríade - Europa, Educação, Cidadania – a partir das linhas de investigação do CIE-UMa: Currículo, Inovação Pedagógica e Administração Educacional. Os valores fundamentais da Europa, como a democracia, os direitos humanos e o Estado de direito, só serão perpetuáveis pela memória e pela educação, mas também e fundamentalmente pela investigação. É ela que nos permite o diagnóstico, a análise e a execução de projectos sociais e educativos que garantam a consciência individual e colectiva sobre como e onde deve ser feito o combate à violência, ao racismo, à xenofobia, ao extremismo, à intolerância e à discriminação. Atualmente, haverá em todo o mundo cerca de 21 milhões de crianças traficadas, muitas das quais serão vítimas de exploração laboral ou sexual. A maior parte delas ainda tem fé em nós. Uma fé que só um ser humano pode ter: o desejo de ser tratado como uma pessoa e não como uma mercadoria. E isto também se aplica à prostituição infantil que ocorre debaixo dos nossos olhos, dentro da nossa casa, em que crianças migrantes são forçadas a vender o seu corpo por cinco euros. A maioria das portas europeias continua mentalmente fechada e o medo avança, transportando consigo a intolerância e o ódio. É necessário desconstruir este discurso da discriminação e da xenofobia. É urgente olhar para as questões de inclusão no trabalho como pontes para a tolerância e para a humanidade. E isto cabe aos que chegam e aos que já cá estão. A preocupação com a “segurança das comunidades”, por conta da migração, apenas tem inflamado o clima de intolerância, o qual tem encontrado terreno fértil nas redes sociais e nos discursos insensatos. Uma coisa é o necessário controlo. Outra coisa é insinuar perigo onde ele não existe. Caberá também à educação reforçar a necessidade de desconstruir este discurso. É através dela que nos são indicados os caminhos da solidariedade e do respeito pela diferença. Hoje, a UE trabalha para uma dimensão social mais forte. Trabalha porque a Europa está enfraquecida. Não só devido à crise financeira e económica, mas também devido à crise migratória. Uma crise que tem posto em causa todo o papel solidário da UE em dar resposta a uma matéria 5 ▪ que é hoje prioridade deste continente. Uma crise que por si só espelha tragédias humanas, com a agravante de impulsionar o repúdio face ao que melhor caracteriza a Europa: a diversidade. O crescimento de “islamofobias” e de “xenofobismos” coloca a Europa numa situação incerta, conduzindo ao fortalecimento de forças populistas que não se demoram em concentrar as questões de segurança, como prioridades da UE, que, apesar de importantes, extravasam todos os limites toleráveis. É sobre estes desafios específicos que a Europa terá de se debruçar. Terá de retomar as suas conquistas através da Educação, da inclusão social e da continuidade da coesão social, económica e territorial para garantir a dignidade dos cidadãos europeus e de todos aqueles que vivem neste continente. Estamos a falar dos pilares sociais, em que a educação e a cultura desempenham um papel fundamental. O discurso, nos corredores de Bruxelas, já não assenta tanto na questão económica, mas na questão humanitária e educacional. A aposta é claramente feita numa juventude que precisa de defender esta União e de uma classe política que quer resgatar o amor dos cidadãos a esta Europa. Aqui fica o contributo de investigadores e políticos para este resgate. Liliana Rodrigues Bruxelas, 10 de Dezembro 2018 ▪ 6 INADIÁVEL EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA EUROPEIA: RAZÕES, MATÉRIAS E INSTRUMENTOS Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim A - RAZÕES FUNDAMENTAIS Agradeço à Senhora Eurodeputada Doutora Liliana Rodrigues, o convite para participar neste encontro. Felicito a Senhora Eurodeputada por todas estas iniciativas cívicas que concorrem para o Bem Comum do Povo Madeirense e para a difícil construção de uma nova União Europeia, difícil mas bem ao alcance de todos nós. Expresso a honra que é para mim, uma vez mais ter o privilégio de apresentar trabalho na Universidade da Madeira, Esta a um passo tão marcante na minha vida pública. A União Europeia tem de ser uma forte vontade de criar e de transformar. De avançar sempre em sucessivos estilos novos e formas novas. Não pode ficar pela conservação do seu património espiritual e material, nem apenas pela conservação de usos e de costumes. Mais. A União Europeia tem de saber corresponder, de modo permanentemente actualizado, à sua realidade. Esta, hoje, de inequívoca mundialização começada pela expansão portuguesa e castelhana. Por outro lado, há uma cidadania europeia que consiste no vínculo jurídico entre o Cidadão e a União Europeia, vínculo que funciona nos dois sentidos, dados os direitos e obrigações que o Cidadão tem para com a União Europeia, e os direitos e obrigações que Esta tem para com Aquele. A jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia exprime um esforço de transição de uma comunidade económica para uma união política. Uma passagem da cidadania económica para a cidadania social, até se alcançar a urgente política social comum, a que se poderá chamar um definitivo “Contrato Social Comum”. Na redacção do Tratado de Lisboa, “a cidadania da União Europeia acresce à cidadania nacional e não a substitui”. A cidadania não é igual a nacionalidade, mas os Estadosmembros têm de aceitar a cidadania da União Europeia conferida por outro Estado-membro. Assim, estamos perante relações que não devem ser entendidas como aquelas entre o Cidadão e o Estado jacobino nascido da Revolução Francesa. 7 ▪ Estado este profundamente centralizado e fortemente nacionalista nas suas experiências liberais, marxistas e fascistas. Hoje, em pleno século XXI, as sociedades europeias são completamente diferentes. A alfabetização está generalizada. Mormente devido ao desenvolvimento científico acelerado no domínio das novas tecnologias, os Cidadãos, sem precedentes, têm um fantástico e mais volumoso acesso à informação. Está institucionalizada a liberdade de escolha individual, apesar das massificações promovidas pelas oligarquias de teor diversificado que controlam os Estados, os partidos políticos e a comunicação social. A Cultura deixou de ser privilégio de poucos. Neste século XXI, a situação é diferente dos três séculos anteriores. O
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