Ensaios Sobre O Perfil Da Comunidade LGBTI+ / Humberto Da Cunha Alves De Souza, Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Toni Reis, (Organizadores)

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Ensaios Sobre O Perfil Da Comunidade LGBTI+ / Humberto Da Cunha Alves De Souza, Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Toni Reis, (Organizadores) HUMBERTO DA CUNHA ALVES DE SOUZA SÉRGIO ROGÉRIO AZEVEDO JUNQUEIRA TONI REIS (ORGANIZADORES) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ensaios sobre o perfil da comunidade LGBTI+ / Humberto da Cunha Alves de Souza, Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Toni Reis, (organizadores). -– Curitiba : IBDSEX, 2020. -- (Coleção livres & iguais ; 3) Vários autores. ISBN 978-65-991261-2-3 1. Direitos humanos 2. Diversidade sexual 3. LGBTI+ - Siglas 4. Pesquisas 5. Políticas públicas 6. Violência contra os homossexuais – Brasil I. Souza, Humberto da Cunha Alves de. II. Junqueira, Sérgio Rogério Azevedo. III. Reis, Toni. IV. Série. 20-40981 CDD-305.3 Índices para catálogo sistemático: 1. LGBTI+ : Diversidade sexual : Sociologia 305.3 Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ REITOR Ricardo Marcelo Fonseca VICE-REITOR Graciela Bolzón de Muniz SUPERINTENDÊNCIA DE INCLUSÃO, POLÍTICAS AFIRMATIVAS E DIVERSIDADE Paulo Vinicius Baptista da Silva ÁREA DE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL Dayana Brunetto Carlin dos Santos ÁREA DE POLÍTICAS DE IGUALDADE RACIAL E NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS Megg Rayara Gomes de Oliveira COLEÇÃO LIVRES & IGUAIS ORGANIZADORES DA COLEÇÃO Humberto da Cunha Alves de Souza (UTFPR) Sérgio Rogério Azevedo Junqueira (IPFER) Toni Reis (Aliança Nacional LGBTI+) CONSELHO EDITORIAL Dayana Brunetto (UFPR) Eliane Rose Maio (UEM) Jaqueline Gomes de Jesus (IFRJ) Leander Cordeiro de Oliveira (UTFPR) Leandro Franklin Gorsdorf (UFPR) Luanna Marley (UnB) Marcielly Cristina Moresco (UnB) Marcio Caetano (UFPel) Megg Rayara Gomes De Oliveira (UFPR) Sérgio Rogério Azevedo Junqueira (IPFER) Toni Reis (Aliança Nacional LGBTI+) PROJETO GRÁFICO Humberto da Cunha Alves de Souza Juh Moraes CAPA E DIAGRAMAÇÃO Juh Moraes REVISÃO Viviane Rodrigues WWW.IBDSEX.ORG.BR Sumário 7 Prefácio Por Dayana Brunetto 10 CAPÍTULO 1 Perfil socioeconômico da amostra da Pesquisa Nacional do Perfil LGBTI+ 2018 Humberto da Cunha Alves de Souza Sergio Rogério Azevedo Junqueira Luiz Ernesto Merkle 67 CAPÍTULO 2 Pesquisas, políticas públicas afirmativas e a população LGBTI+ brasileira Toni Reis 81 CAPÍTULO 3 Percepções sobre violências LGBTIfóbicas a partir das narrativas pessoais expostas na Pesquisa Nacional do Perfil LGBTI+ 2018 Francielle Elisabet Nogueira Lima 97 CAPÍTULO 4 Lesbianidades brasileiras: hábitos, práticas e preferências das lésbicas participantes da pesquisa Andressa Regina Bissolotti dos Santos 112 CAPÍTULO 5 Leitura da saúde LGBTI+ Júlia Monteiro Citon Maurício da Silva Oliveira Milena Santana da Conceição Tatiane Amorim Coelho 131 CAPÍTULO 6 Ideação suicida em pessoas LGBTI+ Diego da Silva Ibson Eduardo Batista Isabel Cristina Pereira Juliana Maria da Cruz Mailson Palhano de Lima Mariane Batista Martins Roberta Previdi Abdul-Hak Sara Chaia 147 CAPÍTULO 7 Criminalização da LGBTIfobia: Uma análise legal e da necessidade de Políticas Públicas Nahomi Helena de Santana 159 CAPÍTULO 8 Religião e política: bancada católica e evangélica contra o avanço das políticas públicas do Brasil para a comunidade LGBTI+ Sérgio Rogério Azevedo Junqueira Marcos Vinicius de Freitas Reis 172 CAPÍTULO 9 Pessoas LGBTI+ sem religião Sandson Rotterdan 189 CAPÍTULO 10 As religiões no Brasil e a população LGBTI+: apontamentos sobre pertencimento e circulação religiosa Edmar Antonio Brostulim Luiz Fernando Botelho Cordeiro 201 CAPÍTULO 11 Oriente se encontra na discussão do Budismo e do Judaísmo na diversidade sexual Luiz Oliveira Marcio Albino 219 Autoras e Autores 223 Sobre a Coleção Prefácio Por Dayana Brunetto A população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais e demais identidades de gênero e orientações sexuais (LGBTI+) do Brasil encontra-se subnotificada. Esse é um fenômeno sociocultural e político complexo que acontece por uma série de fatores. A dificuldade de se assumir e de se engajar politicamente como corpo e experiência fora das rígidas normas de gênero e sexualidade vigentes, o desprezo das esferas de gestão de políticas públicas por esta população, a naturalização e o estímulo às violências e violações de direitos destes sujeitos, dentre outros fatores, contribuem para este quadro de falta de informações sobre a população LGBTI+ brasileira. Com isso, como não existem dados fidedignos e concretos sobre estes sujeitos, políticas públicas específicas são relegadas ao esquecimento. O descaso com as políticas públicas LGBTI+ no Brasil não é exatamente uma novidade, mas tem se feito sentir cada vez mais a partir de 2018, com a intensificação das violências e violações de direitos desta população. Apesar de algumas conquistas fundamentais no campo do Direito, os retrocessos são nítidos. Nesses tempos de ataques à ciência, à pesquisa, à educação, às universidades públicas e às populações vulneráveis, este livro traz uma perspectiva de recorte do perfil da população LGBTI+ do Brasil, por meio de uma pesquisa que apresenta dados produzidos a partir de metodologia e análise crítica fundamentada em saberes científicos, realizada em 2018. Esse ano precedeu uma mudança substancial no cenário político brasileiro e configurou esses tempos de obscurantismo quando a pesquisa é publicada. Com a pandemia da Covid-19, a situação de vulnerabilidade das populações LGBTI+, negras, indígenas, periféricas, de migrantes e refugiadas/os foi potencializada e escancarou as desigualdades sociais e econômicas, relativizando até mesmo o conceito de humanidade. Vivemos em tempos de uma acelerada necropolítica, como problematiza Achille Mbembe, que avança em direção aos corpos LGBTI+ e demais populações 7 vulneráveis. O Estado Brasileiro provoca intencionalmente a morte pelas suas instituições ou deixa à morte, abandonando esses corpos e experiências à própria precariedade. Precariedade esta problematizada por Judith Butler como uma configuração política intencional de vulnerabilidade potencializada. As teorizações de Judith Butler sobre os corpos que importam menos possibilitam uma análise de como os corpos LGBTI+ vêm sendo produzidos como corpos lidos pela sociedade ocidental como descartáveis, passíveis de serem violados, agredidos e aniquilados, porque são colocados à margem do que se considera humano. Corpos, experiências e vidas que engrossam as estatísticas de casos de lesbofobia, homofobia, bifobia e transfobia não investigados ou aos quais as instituições não conferem a mesma importância. A importância desta pesquisa, ainda que apresente apenas um recorte do perfil da população LGBTI+ no Brasil, se potencializa, considerando que demonstra que corpos e experiências LGBTI+ existem em todo território nacional o que justifica e demanda políticas públicas específicas. É inaceitável, mas muito comum nesse Brasil de 2020, que uma jovem lésbica peça o exame preventivo em uma unidade de saúde de uma capital como Curitiba, por exemplo, e que lhe seja negado esse direito pela profissional de enfermagem na triagem porque ela não faz sexo! A transformação dessa realidade passa por diversos movimentos históricos, sociais e culturais. Nossa sociedade brasileira precisa rever conceitos como a ética, por exemplo. A partir de uma concepção de ética como cuidado de si e das outras pessoas talvez seja possível problematizar o tempo presente. Michel Foucault em suas teorizações problematiza também a questão do poder nos demonstrando que todas as relações são relações de poder, macro e micro localizadas. O autor mostra ainda que onde existe o poder, existe a resistência. Assim, esta obra consiste também em uma estratégia de resistência no sentido de visibilizar a população LGBTI+ brasileira. No que se refere aos corpos e experiências LGBTI+, talvez possamos aprender com as feministas que trouxeram a intimidade, o privado, o pessoal, para o campo da política, borrando as fronteiras entre o público e o privado, implodindo o lugar que engessava seus corpos e experiências como submissas, limitadas e incapazes por se tratarem de corpos que performavam feminilidades. Judith Butler problematiza o 8 sujeito do feminismo ao questionar quais são os corpos e experiências que cabem no sujeito mulher. Talvez possamos perguntar quais os corpos e experiências que cabem no movimento LGBTI+ brasileiro, ou ainda assumir um desafio para as próximas pesquisas de como podemos possibilitar que LGBTI+ periféricas, negras, indígenas, quilombolas, migrantes, refugiadas, dentre outras representatividades que aqui foram subsumidas também participem desses processos. A filósofa demonstra também a estratégia da coalizão política como uma forma de se pensar no coletivo, sem anular as especificidades. Essa estratégia pode ser interessante na medida em que fundamentada numa ética-política pode possibilitar a superação da fragmentação produzida pelas disputas de poder internas a sociedade civil organizada e, com isso, produzir deslocamentos na configuração do que estamos vivendo. Este é o desafio! É passada a hora de amadurecer como movimento social LGBTI+. Uma iniciativa em relação a esse desafio se apresenta com esse livro. Desejo a todas, todes e todos uma excelente leitura! Curitiba, 10 de julho de 2020 DAYANA BRUNETTO é professora de didática da Universidade Federal do Paraná; Pesquisadora do Laboratório de Investigação em Corpo, Gênero e Subjetividades na Educação LABIN/UFPR; Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero – NEG/UFPR; Ativista da Liga Brasileira de Lésbicas e ativista/pesquisadora da Rede Nacional de Ativistas e Pesquisadoras Lésbicas e Bissexuais – Rede LésBi Brasil. 9 CAPÍTULO 1 Perfil socioeconômico da
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