ARQUITETU RA E

PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCO CABO DE SANTO AGOSTINHO

VOLUME I – INFORMAÇÕES GERAIS

Maio – 2006 3535235

VOLUME I – INFORMAÇÕES GERAIS

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Prefeito – LUIZ CABRAL DE OLIVEIRA FILHO Vice Prefeito – JOSÉ IVALDO GOMES

Secretário de Planejamento e Meio Ambiente – WILSON DE QUEIROZ CAMPOS JÚNIOR Secretário Executivo de Habitação e Urbanismo – MARCOS GERMANO DOS SANTOS SILVA Secretário de Infra Estrutura – OSWALDO JOSÉ VIEIRA DE MELO Secretário de Assuntos Jurídicos e Defesa da Cidadania – JOÃO BATISTA DE MOURA Secretário Executivo de Defesa Social – JOÃO BATISTA DE MOURA Coordenadoria de Defesa Civil – ANA SANDRA ARRUDA Secretário Regional 1 – OSVALDO LEITE MACIEL Secretário Regional 2 – EDSON MAFRA LUNA Secretário Regional 3 – ISRAEL MARCOS BEZERRA Secretário Regional 4 – VARIVELTON ALVES DA CRUZ

Defesa Civil Regional 1 – JOSÉ KENNEDY DE SANTANA Defesa Civil Regional 2 – EDUARDO FRANCISCO DOS SANTOS Defesa Civil Regional 3 – MIGUEL DE MOURA GONÇALO Defesa Civil Regional 4 – ANTONIO ROBERTO DE BARROS ENOC JOSÉ SEVERIANO

Equipe Técnica da Consultora

ESTELLA SUZANA MATIAS BRAGA HILDA WANDERLEY GOMES

ARQUITETU RA E ENGENHARIA LUIZ ANTONIO WANDERLEI NEVES FILHO

Engenharia – LUCIANA MACÁRIO SIMÕES DA SILVA CRISTIANE BARROSO VIANA Estagiário de Engenharia – ROBSON GOMES Geologia/ Geotecnia – KLEBER ROLIM Arquitetura/ Urbanismo – JAIRO GONÇALVES LIMA FILHO ANDERSON LUIZ ARAGÃO DA SILVA ANTONIO JORDÃO DOS SANTOS NETO Área Ambiental – RICARDO SILVA D’ANUNCIAÇÃO JÚNIOR Área Social – DINIZ GOMES CAMPOS Geoprocessamento – JOSÉ GLEIDSON DANTAS KLEBERTH DOMINGOS

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INTRODUÇÃO

O Ministério das Cidades inovou quando tomou como objeto a cidade em seu conjunto, com a proposta de superar as políticas setoriais e pulverizadas. A tarefa foi facilitada pelo forte impulso social dado nos últimos 20 anos para incluir a questão urbana na agenda política nacional. Um crescente movimento social, incluindo setores populares, profissionais, acadêmicos, parlamentares, empresários e governos locais haviam conquistado algumas vitórias por meio da inclusão do tema urbano na Constituição Federal de 1988 seguido de sua regulamentação com o Estatuto das Cidades em 2001; dedicado ao planejamento e à construção de soluções para os graves problemas há muito tempo acumulados em nossas cidades e sofridos, especialmente, pela parcela de mais baixa renda que compõem a maioria da nossa população. É dispensável aprofundar aqui o diagnóstico dos problemas urbanos no Brasil atual: caos nos transportes coletivos com a decadência da regulação pública, aumento de favelas em níveis inéditos pela falta de alternativas habitacionais para a classe media e para a baixa renda, poluição de rios, córregos, lagos e praias pela falta de saneamento, números de guerra civil nas mortes provocadas pelo trânsito, destruição das áreas ambientalmente frágeis com ocupações ilegais das beiras dos córregos, morros, dunas, mangues, mananciais de água etc. O quadro de exclusão territorial e degradação ambiental encontrado no espaço urbano, além de submeter à maioria da população a uma inserção precária e vulnerável na cidade, geram graves situações de risco de vida por ocasião dos períodos chuvosos mais intensos, atingindo principalmente os habitantes das favelas e loteamentos irregulares instalados nas encostas de morros urbanos e em baixadas junto às margens de cursos d’água. Com o crescimento desordenado de nossas cidades acumulamos problemas para várias gerações. Isto fica ainda mais evidenciado através dos desastres, tais como escorregamentos nos morros e inundações nas baixadas. Já se dispõe de recursos técnicos capazes de melhor conduzir a ocupação nos morros, do ponto de vista de segurança geotécnica, mas estes quase nunca são utilizados. Neste importante momento do urbanismo nacional, quando os municípios terão que elaborar seus planos diretores vale recomendar que todos os municípios com encostas estabeleçam políticas e critérios técnicos claros para a ocupação (ou não ocupação) dos morros. De qualquer modo, parece razoável admitir que o problema do adensamento humano nas cidades tem trazido conseqüências impossíveis de serem vencidas unicamente por esforço unilateral de autoridades locais. Numa segunda perspectiva, pode presumir que o Ministério das Cidades, ao oportunizar uma ampla discussão sobre o tema urbano, está se empenhando no fortalecimento dos laços federativos (união, estados e municípios). Essa estratégia aponta para um ambiente institucional que evite a dispersão de recursos e esforços, e crie maior coesão do poder público para conter os problemas que emergem do crescimento desordenado das cidades. O combate à exclusão territorial e degradação ambiental constituem objetivos centrais das políticas de desenvolvimento urbano e pressupõe uma atuação decisiva na política de prevenção de desastres sócio ambientais. O direito de todos a um lugar seguro onde viver em paz e com dignidade - eixo estratégico da Campanha Mundial pelo Direito à Moradia - alcança hoje maior complexidade e novas dimensões. Enfrentar essas situações exige, de cada governante, muito esforço, criatividade e determinação política, mas requer também que os cidadãos estejam presentes efetivamente para planejar e realizar ações abrangentes e integradas.

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APRESENTAÇÃO

O presente documento contém relatórios divididos em três volumes, sendo: I – Informações Gerais, onde aborda informações gerais do PMRR, justificando a importância deste Plano, as características do município do Cabo de Santo Agostinho e os aspectos metodológicos adotados para elaboração do PMRR; II - Mapeamento de Risco, onde aborda os processos de elaboração do mapeamento, sua interface com os aspectos sociais, geológicos, geotécnicos, ambientais, de engenharia e infra-estrutura, a montagem da base cartográfica, e os quadros gerais do Mapeamento de Risco do Município do Cabo de Santo Agostinho; IIII – Plano Municipal de Redução de Risco, do município do Cabo de Santo Agostinho – PE, onde apresenta as intervenções estruturais, sua hierarquização e planilhas de custos, as intervenções não estruturais, como recomendação necessária à redução de risco, serão apresentadas também os quadros gerais de todos os Setores de Risco, como as intervenções propostas. Este documento reúne os elementos e informações referentes ao Plano Municipal de Redução de Risco, segundo as diretrizes estabelecidas pelo Ministério das Cidades, no seu Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários, Ação de Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários. Ele sintetiza o resultado de uma ação articulada e integrada, desenvolvida em parceria pelo Governo Federal, Estadual e Municipal, com a participação da comunidade. Pretende sensibilizar os agentes públicos para a manutenção desse esforço coletivo e para a consolidação do processo de planejamento e controle urbanos. Neste sentido, verifica-se o grande esforço coletivo para mapear onde está o risco, delimitando seus setores e sua hierarquização. O município do Cabo de Santo Agostinho tem um grande déficit de investimentos em áreas de risco, frente à forte dinâmica de ocupação, que gera quotidianamente novas situações. O trabalho realizado pelo “VIVA O MORRO” identificou muitos pontos de risco no município. A prefeitura encara esta problemática com preocupação e busca enfrentar o desafio de modo sistêmico, com ações estruturadoras e ações pontuais, cujos resultados se perdem no universo dos problemas que a cidade tem a enfrentar nos períodos de chuvas, como os acidentes de deslizamentos, erosões severas, inundações e as respectivas conseqüências, representadas por perdas materiais e - o que é mais grave - de vidas humanas. O objeto do Plano Municipal de Redução de Risco é a composição dos serviços técnicos integrados de engenharia, arquitetura, urbanismo, social, geologia, geotecnia, geoprocessamento abrangendo todos os assentamentos, localizados em áreas de encostas ou margens de cursos d'água no território do Município do Cabo de Santo Agostinho, identificados como áreas sujeitas a situações de risco decorrentes de processos erosivos e/ ou inundação. Já o Plano de Intervenções Estruturais, conforme recomendações do MCidades e da Unidade Gestora, é focado para os setores de encostas. Ressaltamos que o SIG – Sistema de Informações Geográficas será parte do próximo produto, ficando para finalizar o processo de elaboração do PMRR, a Audiência Pública cujo relatório será entregue após esta ser realizada.

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SUMÁRIO

VOLUME I – INFORMAÇÕES GERAIS

1. JUSTIFICATIVA ...... 07

2. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO ...... 09

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS ...... 26

4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ...... 35

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1. JUSTIFICATIVA

A paisagem urbana, das localidades situadas em áreas de risco encontradas mostra um elevado adensamento, com ocupação desordenada, de baixo padrão construtivo e índice de desenvolvimento humano baixo. Apesar de consolidadas, estas áreas sofrem todo inverno situações de enchentes e desabamento de barreiras, apesar do trabalho preventivo desenvolvido pela Prefeitura. Porém os recursos são escassos e não acompanham a velocidade em que surgem os problemas. Foram observadas várias situações, em que, em sua maioria foi deflagrada pelos próprios moradores, sendo necessária uma abordagem sócio educativa nas áreas de riscos; exemplificaremos as situações mais comuns: corte irregular da barreira para criar terreno para os acessos e ampliar as casas e o próprio terreno, fossas construídas (quando tem) em localização inadequada e sem sumidouros adequados, lixo jogado na barreira e nas canaletas dos acessos, entre outras situações. Em alguns pontos as situações são mais agravantes, a drenagem nem sempre está bem dimensionada para a vazão dos volumes de água gerados por grandes precipitações; ou por situação de aterros - nas áreas próximas a rio, mangues - as águas pluviais e servidas escoam livremente, infiltrando-se pelas encostas provocando erosão e nas áreas planas, inundações. O risco é, em grande parte, induzido pelas transformações do meio ambiente natural, particularmente quando As intervenções não respeitam os condicionantes geológicos e morfológicos. Uma encosta estável, de baixo risco, pode passar a apresentar risco alto, quando indevidamente ocupada. Em algumas áreas onde sua ocupação foi progressiva e seguida de tratamentos urbanísticos, as encostas apresentam boas condições de estabilidade, mesmo sendo áreas de suscetibilidade a escorregamentos. O crescimento demográfico moderado permitiu essa ocupação gradual do espaço urbano, mantendo assim a estabilidade das encostas nessas áreas. A ocorrência de sinistros, provocada por inundações e desabamento de barreiras, possui forte associação com a ocupação inadequada; A necessidade por moradia levou a população pobre a criar o lugar através de uma ocupação espontânea, resultado da busca individual ou coletiva pela moradia. A decisão de onde e como morar foi estabelecido a partir de disponibilidade de terras, quase sempre encontrada em áreas de baixo valor imobiliário, na maioria das vezes localizadas nas encostas de morros. As encostas desocupadas tornaram-se suscetíveis a invasões por parte das camadas mais pobres da população que passaram a ocupar essas áreas, criando chão através do cortes das barreiras, sem maiores preocupações com as características físico-naturais; este contexto reflete a situação de ocupação das áreas em risco, em se tratando do Cabo de Santo Agostinho, principalmente porque é uma cidade inserida em um contexto metropolitano, onde a BR 101 corta a Cidade, e possui um pólo médico, atrativo em referência aos municípios circunvizinhos, entre outros fatores relevantes, se sobressaí atualmente à questão da Refinaria, do próprio Complexo Suape. A elaboração do Plano Municipal de Redução de Risco é uma iniciativa do Ministério das Cidades, sob a coordenação metropolitana da Agência Condepe/ Fidem, onde o Município do Cabo de Santo Agostinho encampou esta idéia, contando com a colaboração dos atores sociais representativos dos diferentes segmentos ligados a questão urbana que compõem a sociedade cabense, uma consultora contratada e equipe técnica municipal, também vinculada à questão urbanística. Trata-se, portanto, de um trabalho conjunto entre o poder público municipal e a sociedade civil, expressando uma estratégia de combinar os

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procedimentos técnicos do planejamento com as expectativas e capacidade do poder público e da sociedade de propor mudanças substantivas para a sustentabilidade local, visando à erradicação do risco, por meio da elaboração de um Plano de Redução de Risco e o Mapeamento, hierarquizando as situações mais graves, focado dentro de um processo preventivo. São mudanças que incidem diretamente sobre as formas tradicionais de agir dos principais agentes envolvidos, ou seja, quando o cidadão se torna co-participante de um processo ele se sente, comprovadamente, responsável pelo todo. O PMRR tem, também, um forte caráter educativo. A Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, com o propósito de dar continuidade à concepção e realização de um modelo de planejamento estratégico, para as áreas de morros – através do “VIVA O MORRO” – como base nas articulações/ encaminhamentos junto a Agência Condepe/ Fidem; viabiliza um Plano de Trabalho Participativo, onde todas as proposições técnicas são validadas de forma a compatibilizar o saber técnico junto às famílias inseridas neste contexto de risco. Os ajustes neste documento vão se fazer necessários, porque à medida que a realidade do município é dinâmica, e que se pode constatar que muitos fatores modificam cenários, muitas vezes em períodos curtos, surgirão situações em que será necessário atualizar; com certeza o SIG – Sistema de Informações Geográficas irá auxiliar em muito esta dinâmica; assim se espera que tal iniciativa produza a adequação fundamental para que possa continuar a orientar os esforços da administração pública e da atuação da sociedade, para que se consiga erradicar as principais situações de risco do município e propiciar a toda a população de usufruir de informações até bem pouco tempo restrita somente as equipes técnicas municipais. Estes relatórios – Mapeamento de Risco/ Plano de Redução de Risco – foram amplamente discutidos em reuniões regionalizadas (anexo ata de reuniões), com a equipe municipal e a sociedade civil – elaborado conforme a metodologia sugerida pelo TR do MCidades.

COORDENAÇÃO METROPOLITANA

Considerando a necessidade de realizar o monitoramento e prestar apoio técnico às administrações municipais na elaboração dos Planos Municipais de Redução de Risco - PMRR dos municípios integrantes do espaço territorial da Cidade Metropolitana de , a Agência CONDEPE/ FIDEM – Governo do Estado, criou no âmbito da Câmara Metropolitana de Meio Ambiente e Saneamento - CMMAS, órgão de apoio técnico do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife - CONDERM, uma Unidade Gestora, com função de uniformizar, dá qualidade técnica, e compatibilizar as propostas advindas dos municípios, através da Portaria 01/05.

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2. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

HISTÓRICO

O município do Cabo de Santo Agostinho, segundo alguns historiadores, foi o ponto da descoberta do Brasil. Documentos históricos indicam que entre janeiro e fevereiro de 1500, três meses antes da chegada de Pedro Álvares Cabral à Bahia, o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón desembarcou no local, batizando-o de Cabo de Santa Maria de La Consolación. A história oficial registra que o Rei de enviou uma esquadra de reconhecimento às terras brasileiras, tendo os portugueses desembarcados em 1501, ocasião em que o Cabo de Santa Maria de La Consolación foi rebatizado com o atual nome de Cabo de Santo Agostinho. Em 1811, foi criada a “Vila do Cabo”, através do Alvará de 27 de julho, tendo sido reconhecida pela Provisão Régia de 15 de fevereiro de 1812. Posteriormente, em 9 de julho de 1877, a antiga “Vila do Cabo” foi elevada à categoria de cidade pela Lei Provincial Nº. 1.269 (data em que se comemora a emancipação política), vindo a se tornar município autônomo em 3 de agosto de 1893 através da L.O. Nº. 52.

LOCALIZAÇÃO

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(Perfil Municipal - FIDEM/ 2000)

O município do Cabo de Santo Agostinho, com uma área de 447,88km 2 (IBGE/ Cidades@2005) faz parte da Região Metropolitana do Recife - RMR e constitui-se como o 2º maior município dessa Região, correspondente a 16,1% da área da RMR e 0,45% do Estado. Localizado no litoral sul do Estado de (latitude 8º17’15’’; longitude 35º02’00’’- sede), apresenta altitude de cerca de 30m (sede) e 19 km de orla marítima. Distante 33,6km da capital, Recife, e limita-se ao norte com os municípios de Moreno e Jaboatão dos Guararapes, ao sul com e Escada, ao leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com Vitória de Santo Antão, tendo como vias principais de acesso, a BR - 101 – que interliga o Litoral Sul à Cidade do Recife, e a PE-60 - que interliga a cidade do Cabo de Santo Agostinho até a cidade de São José da Coroa Grande, apresentando-se duplicada no trecho entre a BR-101 e o acesso ao Porto de Suape. A partir do entroncamento com a PE-60, a rodovia PE-28 dá acesso às praias.

De acordo com o IBGE – Censo Demográfico 2000, a população estimada do município é de 152.977 habitantes , representando 4,59% da população da RMR e 1,93% do Estado. Do total de habitantes, 134.486 situam-se na área urbana e 18.491 na rural ( IBGE, Censo 1991, Contagem 1996 e Censo 2000) , sendo a taxa de urbanização de 88%. Com crescimento anual de 2,08% (medido entre 1996 e 2000), o Cabo de Santo Agostinho apresenta uma densidade demográfica atual de 343,45 hab./ km 2.

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MODELO DE GESTÃO

Com o objetivo de atuar sobre a realidade municipal de forma mais próxima das diferentes realidades de seus espaços, estabelecendo canais de interlocução com a sociedade organizada foram criadas, Áreas Político-Administrativas – APA’s, através da Lei nº. 1.773, que dividiu o município em 09 áreas, sendo:

APA 01 – Centro APA 02 – São Francisco APA 03 – Vila da Cohab APA 04 – Vilas do Cabo APA 05 – Praias APA 06 – Ponte dos Carvalhos APA 07 – Pontezinha APA 08 – Jussaral APA 09 – Charneca

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A Administração Municipal utiliza um canal de contato com as comunidades fortalecido pela descentralização da Gestão.

As Secretarias Regionais – definidas a partir da divisão territorial existente - Áreas Político-Administrativas – APA’s, assim distribuídas espacialmente:

Regional 1 – APA’s 1 - Centro, 2 - São Francisco e 3 - COHAB

Regional 2 – APA’s 4 - Vilas e 5 - Praias

Regional 3 – APA’s 6 - Ponte dos Carvalhos e 7 - Pontezinha

Regional 4 – APA’s 8 - Jussaral e 9 - Charneca

DADOS GERAIS INDICADORES NÚMEROS Área (IBGE/ Cidades@2005) 447,88km² Participação na área da RMR (FIDEM – Centro de Informações Municipais) 16,10% Coordenadas geográficas (sede) (FIDEM – Centro de Informações Municipais) Latitude 8º17'15" Longitude 35º02'00" Altitude (sede) (FIDEM – Centro de Informações Municipais) 30 m Distância da capital (FIDEM – Centro de Informações Municipais) 33,6 km População (IBGE/ Cidades 2005) 152.977 habitantes Densidade Demográfica (IBGE/ 2000) 343,45 hab/ km² Taxa de urbanização (IBGE/ 1996) 88% Renda Familiar Per Capita (IBGE/ 2000) 0,57 Salários Mínimos Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) (IBGE/ 2000) 0,541 Longevidade (IBGE/ 1991) 64,0 anos

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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, AMBIENTAIS E SÓCIO-ECONÔMICAS

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Abordagem Global

O Homem como ser integrante do meio ambiente é um sistema aberto, natural, que para manter seu padrão de sobrevivência e desenvolvimento necessita de interagir com a natureza, transformando-a conforme sua conveniência e em função daquilo que lhe é ofertado. Estas ações antrópicas vêm contribuindo de forma significativa para a deteriorização e comprometimento dos ecossistemas naturais. Por outro lado, o crescimento explosivo da população humana aparece como o evento terrestre mais significativo já ocorrido nos últimos milhões de anos. Contanto, o crescimento exponencial da população mundial traz consigo, no seu íntimo, uma demanda, sobretudo, de espaço físico, alimento, água, saúde e etc. Para que esta demanda seja atendida a contento os recursos naturais vêm sofrendo agressões cada vez mais consideráveis. O processo de interação do homem com o ambiente, ao longo dos tempos, mostrou que o fator econômico tem um papel decisivo na intervenção da natureza, sobretudo, nos tempos atuais. A industrialização, de fato, trouxe alguns benefícios para a humanidade, provocando profundas mudanças no plano econômico, social e político. Contudo, tal industrialização criou uma forma de exploração da natureza, dependente prioritariamente do sistema produtivo. Assim, o processo de equilíbrio ecológico ficou dependendo de como se dá à interação da população com o ecossistema relacionado a dois fatores fundamentais: a população enquanto consumidora e o modo de produção enquanto instrumento básico do processo produtivo. A partir desse ponto de vista, a ação sobre a natureza não é uma conseqüência apenas do crescimento demográfico, mas soma-se a ele outras necessidades, criadas por força do sistema produtivo, embora essas necessidades passem, posteriormente, a ser vistas como emergente da própria população. Portanto, nota-se que os fatores ambientais, apesar de não serem considerados pelos conceitos e princípios econômicos, são extremamente necessários para que, efetivamente, possa-se alcançar um desenvolvimento baseado no crescimento econômico, construído com justiça social: o desenvolvimento sustentável. Apesar de, teoricamente, poder haver um crescimento populacional e econômico infinitos, os sistemas ecológicos aparecem como fatores determinantes para tal crescimento: basta que as condições ambientais sofram declínios acentuados para que o os outros pilares do desenvolvimento sustentável sofram conseqüências drásticas.

Ecossistemas Relevantes

Um ecossistema pode ser definido como a interação de comunidades de espécies de animais, vegetais e microorganismos entre si e o seu habitat num grau de equilíbrio estável. Os ecossistemas costeiros que se destacam no Litoral Sul do Estado de Pernambuco são os sistemas praiais, estuarinos, que incluem manguezais, recifes coralíneos, recifes de arenito, ilhas costeiras e fluviais, restingas e Mata Atlântica, todos interagindo com um ou mais sistemas, formando um belo mosaico ambiental. Dessa forma, qualquer desequilíbrio pode ter conseqüências significativas. A importância que esses sistemas têm no equilíbrio ambiental é descrita a seguir. O contexto geográfico na qual o litoral do Cabo está inserido (RMR, belas praias, fácil acesso) lhe confere um grande potencial turístico que, pela própria dinâmica econômica,

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tem grande atenção voltada para o seu desenvolvimento, às vezes até em detrimento de outras atividades como no caso de fomento à pesca artesanal. O documento intitulado “Projeto Pólo Litoral Sul” (Outubro de 2001) caracteriza bem isso. O documento faz um breve apanhado dos problemas e conseqüências causados ao meio ambiente paisagístico e de ecossistemas, tratando de algumas alternativas para dirimir e, até mesmo, evitar tais problemas. Para ilustrar as pressões que os ecossistemas descritos abaixo estão sofrendo cita-se o seguinte trecho: “Alguns problemas são observados de forma bastante clara. O ambiente natural sofre devido o comércio na faixa de areia gerar resíduos e lixo. Os espaços públicos perdem em qualidade, desperdiçando-se o potencial paisagístico e turístico. Áreas com potenciais para equipamentos públicos ficam ociosas enquanto as de uso intenso têm sua infra-estrutura em colapso”. De acordo com o Art. 10º § 3º da Lei 7.661/88 que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, “Entende-se por praia a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas, acrescida da faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e pedregulhos até o limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde comece um outro ecossistema”. Os sistemas praiais são zonas sob influência das marés funcionando como ambiente estabilizador da linha de costa. O espaço entre seus grãos de areia, seixos, etc. formam um habitat para animais minúsculos e microorganismos que funcionam como um tipo de biofiltro das águas que banham esses sistemas. O ecossistema estuarino pode ser considerado como uma zona de transição entre o ambiente costeiro o ambiente fluvial que sofrem influência das marés com variações de salinidade. O ambiente é abastecido por grandes quantidades de nutrientes provenientes dos sistemas fluviais e são consideradas “umas zonas de berçário” para várias espécies de peixes e crustáceos. Devido à ação das marés, as zonas estuarinas chegam a prevalecer até mesmo há quilômetros de distância do mar. Os manguezais são ecossistemas específicos sujeitos a inundações periódicas pela ação das marés e sob regime de variações extremas de salinidade. Devido a isso, pode ser considerado como o sistema intermediário entre os ecossistemas aquáticos e terrestres. Esse ecossistema desempenha um importante papel como fonte de matéria orgânica responsável pela produtividade primária da zona costeira, como berçário e abrigo para fauna aquática, como biofiltro dos sedimentos, como proteção contra erosão de áreas estuarinas. Além disso, é uma rica fonte de alimentos para populações que vivem da pesca nessas áreas. Os recifes coralíneos “são ecossistemas marinhos tropicais que abrigam uma imensa diversidade de vida. Formados pela deposição do esqueleto calcário de organismos vivos... Além do papel ecológico, os recifes são importantes para a proteção da costa, atividades de pesca e turismo” (Projeto Recifes Costeiros). Já os recifes de arenito “são estruturas oriundas de antigas praias, formados ao longo dos tempos pela superposição de camadas compactadas de areia, conchas e argila” (Instituto Aqualung). Tanto um como outro oferecem um habitat especifico para inúmeras espécies de animais, plantas e microorganismos que convivem harmonicamente isolados ou em simbiose. As ilhas são ecossistemas isolados que resultaram de acidentes geográficos do relevo continental ou da plataforma submarina, da ação de vulcões, ou da sedimentação de materiais. Estão divididas em três categorias: oceânicas, costeiras e fluviais. Nelas, ocorrem alguns dos ecossistemas descritos nesta seção, mas com especificidades dos aspectos biológicos por conta de seu isolamento geográfico. Para os fins deste perfil, serão consideradas apenas as ilhas fluviais do município do Cabo.

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A restinga é outro ecossistema costeiro que recebe influência direta do mar. Tem solo arenoso e vegetação psamófila (que tem preferência por solos arenosos) e halófila (agüenta amplas variações de salinidade). Pode ser formado de vegetações rastejantes, arbóreas ou uma mescla desses. Os ecossistemas de Mata Atlântica “são formações florestais e ecossistemas associados inseridos no domínio Mata Atlântica com as respectivas delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil, IBGE 1988: Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, manguezais, restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste.” (CPRH) As pressões antrópicas sobre a orla do Litoral Sul do Estado estão contextualizadas de forma sucinta e rica no ZEEC – Litoral Sul (1999) onde este faz uma narrativa das ocupações nesse espaço a partir do século XVI, culminando com as atividades industrial e turística dos dias atuais. Os ecossistemas acima descritos têm uma história de agressão e desequilíbrio sistemático que, apesar dos instrumentos legais de controle e preservação, ainda vêm sendo impactados. Segundo a PMCSA (Projeto Pólo Litoral Sul), os ecossistemas considerados relevantes ao longo da faixa de orla e adjacências são as Reservas Ecológicas Estaduais da Mata do Camaçari (adjacente à Praia de Itapuama), a Reserva Ecológica Mata do Zumbi (ao longo da PE-28 e beirando o Loteamento Enseada dos Corais) e a Reserva Ecológica Mata de Duas Lagoas (também ao longo da PE-28) e o Parque Metropolitano Armando Holanda.

Estuários e Manguezais

No Cabo de Santo Agostinho, existem dois grandes estuários, são eles a área estuarina formada pelos Rios Jaboatão e Pirapama, no extremo norte do município e a Reserva Biológica de Mangues em SUAPE totalizando 650 ha. Esse tipo de ecossistema está protegido pela Lei Nº 9.931, de 11 de dezembro de 1986, que define como área de proteção ambiental as reservas biológicas constituídas pelas áreas estuarinas do Estado de Pernambuco. Os rios Jaboatão e Pirapama confluem na altura da retaguarda da praia do Paiva e percorrem em direção ao mar dividindo o mesmo leito por cerca de 2 km até desaguarem na Barra de Jangada. Esse trecho está inserido como Zona de Preservação Ecológica e Cultural (ZPEC) no Plano Diretor de Suape. De acordo com Gama (1999), a área total de manguezais nessa Zona equivale a 1.284ha. e se estende até os distritos de Pontezinha e Ponte dos Carvalhos. As principais espécies identificadas foram descritas da seguinte forma: “Nas partes mais próximas do mar domina o Mangue Vermelho (Rhizophora mangle); mais acima, em cotas intermediárias encontra- se o Mangue Branco (Laguncularia racemosa) e Siriúba (Avicennia); e acima do nível médio de preamar vem a ocorrer o Mangue de Botão (Conocarpus)”. Isto constata ainda o bom nível de conservação desse ecossistema, a exceção de alguns pequenos trechos, como no caso da área do Guruji, onde se registrou atividades de carcinicultura. A atividade pesqueira no local é caracterizada pela pesca com rede de espera e tarrafa, pesca de linha, coleta de mariscos e coleta de caranguejos. Segundo depoimentos de membros da Sociedade Beneficente dos Pescadores de Ponte dos Carvalhos, os dois rios em questão vem há anos sofrendo por conta dos despejos industriais, fato que tem causado a mortandade da fauna que alimenta grande contingente daquela população. Além disso, eles também mencionaram a retirada de um banco de mariscos por parte de uma marina na Barra de Jangada, algo que resultou na destruição

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daquele pesqueiro. Gama (1999) também cita os esgotos domésticos como fonte poluidora, a progressiva redução das vazões que deságuam no estuário, a expansão urbana, os aterros clandestinos de mangues e áreas alagadas e a extração de areia do leito do rio como outras pressões que ameaçam esse ecossistema. Para os fins do Projeto Orla, o Diagnóstico Ambiental Integrado da Bacia do Pirapama (Gama, 1999) distingue três trechos nessa área estuarina, onde são especificadas de forma sintética a situação atual e as tendências futuras. A Reserva Biológica de Mangues no extremo sul do Cabo fica na área de SUAPE e é considerada como ZPEC no Plano Diretor do Complexo Industrial. A Reserva é formada pelas Ilhas da Cocaia, Tatuoca, da Cana e dos Barreiros contidas no município de Ipojuca e pela Ilha das Cobras no Cabo de Santo Agostinho. Todas são ilhas sedimentares cobertas por extensos manguezais. A Gamboa do Barroco que fica por trás da faixa da Praia de Suape também é coberta de manguezais. O local é alimentado por uma série de pequenos rios e riachos, a exemplo dos rios Tavares Melo em Ipojuca e Tabatinga (na divisa entre municípios) e o riacho Algodais, do Poma, Tiriri, Jasmim e a confluência do Boa Vista e Rosário do lado do Cabo, e pela drenagem das águas provenientes do continente. As espécies de mangue identificadas no local foram o Mangue Vermelho (Rhizophora mangle), o Mangue Branco (Laguncularia racemosa), a Siriúba (Avicennia sp.) e o Mangue de Botão (Conocarpus sp.).

Recifes Coralíneos e de Arenito

Esse tipo de ecossistema é visto nas praias do Paiva (cerca de 60 ha), Enseada dos Corais (aproximadamente 800m. comprimento), Gaibu (com aproximadamente 800m. comprimento) e o trecho na boca da Baía de Suape com uma extensão total de 3,5km, incluindo o trecho no município de Ipojuca.

Ilhas

O Cabo só tem a Ilha das Cobras que está localizada na Baía de Suape e é banhada pelos riachos que alimentam o Rio Massangana e pelas marés. O principal ecossistema dessa ilha é o manguezal. Além dessa e dentro da Baía de Suape, encontram-se no município vizinho de Ipojuca as Ilhas da Cocaia, Tatuoca, da Cana e dos Barreiros.

Restingas

Os trechos de restinga identificados nas nove praias do Cabo são constituídas, praticamente, das mesmas espécies podendo variar em predominância. As espécies de plantas identificadas, principalmente, na praia do Paiva e nos trechos remanescentes nas outras praias foram o cajueiro (Anacardium occidentale), a mangabeira (Hancornia speciosa), a aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolius), e espécies de cacto, o coração de negro (Cassia apoucouita), a macaíba (Acrocomia intumencens) e outro tipo de palmeira e espécies de bromélias. Do ponto de vista legal, esses ecossistemas estão protegidos pela Lei Nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o novo código florestal, pelo Decreto Estadual Nº. 21.972 de 29 de dezembro de 1999, que Aprova o Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro - ZEEC do litoral sul de Pernambuco, e dá outras providências e a Lei Nº. 11.206, de 31 de

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março de 1995, que dispõe sobre a Política Florestal do Estado de Pernambuco e dá outras providências.

Reservas Ecológicas das Matas do Camaçari, do Zumbi e de Duas Lagoas

Segundo o Diagnóstico das Reservas Ecológicas – Região Metropolitana do Recife (2001), O Governo do Estado de Pernambuco criou, através da Lei Estadual Nº. 9.989 de 1987, 40 dessas áreas com o intuito de proteger os remanescentes de Mata Atlântica existentes. Apesar de estar fora do que se entende como faixa de orla, essas matas têm um valor ambiental importantíssimo. Além de sua rica biodiversidade, também “são áreas de captação de águas subterrânea e contribuem para a manutenção dos mananciais que abastecem parcialmente a porção sul da Região Metropolitana do Recife” (ZEEC – Litoral Sul, 1999). Dessa forma, qualquer atividade ou ação que comprometa a integridade ambiental dessas matas pode causar sérias conseqüências. A Reserva Ecológica da Mata do Camaçari possui 223,30ha. e está inserida numa única propriedade privada adjacente ao Loteamento Praia do Paiva. A área não está cercada e é vigiada pelos guardas do loteamento. Não se constatou a existência de um plano de manejo para a Mata. Segundo o Diagnóstico de Reservas Ecológicas - Região Metropolitana do Recife (2001), “a área apresenta bom estado de preservação, verificando apenas exploração de caulim (barro) em alguns trechos”. Não apresenta indícios de alteração de área natural, seu grau de insularização (porcentagem de cobertura natural no entorno) é baixo e a forma de uso predominante no entorno é de residências de população de baixa renda e de veraneio (parte do loteamento).” É nessa mata que tem origem as águas que alimentam o Riacho Itapuama, que deságua no Rio Pirapama, no lado oposto ao da orla, e outros pequenos riachos que correm para a praia de Itapuama. Já a Reserva Ecológica da Mata do Zumbi possui 292.40ha. de área, dos quais 160 ha sob responsabilidade de SUAPE e o restante no Loteamento Enseada dos Corais. Segundo o Diagnóstico das Reservas Ecológicas – Região Metropolitana do Recife (2001), não existe plano de manejo para a mata e tampouco infra-estrutura para seu funcionamento. A vigilância é feita pelo pessoal de SUAPE, porém só no lado deles. De acordo com o Diagnóstico, “50% da área apresenta bom estado de conservação (área pertencente à SUAPE), 10% é constituída de canavial e 40% é aproveitada para projetos de reflorestamento com espécies nativas. A área pertencente ao Loteamento Enseada dos Corais foi designada Zona de Preservação Rigorosa (ZPR), com o objetivo de aprovar o loteamento, e em seguida esta área seria repassada ao Estado para incorporação à Mata do Zumbi, entretanto isto nunca aconteceu. O principal ponto de pressão sobre a reserva é na área pertencente ao loteamento, onde se observa alteração de área natural”. Encontram-se nessa Mata dois açudes. O açude na Mata vizinha ao Loteamento Enseada dos Corais abastece o Riacho Arrombados que passa pelo meio do Loteamento e encontra-se sob forte pressão antrópica. Na área de Reserva (porção mais ao sul), verifica- se a existência do açude que escoa em direção à Praia de Gaibú, sendo alimentado por uma série de pequenos afluentes ao longo do caminho. A Reserva Ecológica da Mata de Duas Lagoas ocupa uma área de 140,30ha. do antigo Engenho Boa Vista e está inserida dentro da área de SUAPE. Assim como a Mata do Zumbi, não existe um plano de manejo para essa Reserva e a fiscalização também é feita pelo pessoal de SUAPE. De acordo com o Diagnóstico, a Mata encontra-se em bom estado de conservação com preservação da cobertura vegetal e sem indícios de exploração. O

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principal ponto de pressão são os pequenos agricultores que ocupam as áreas do entorno em regime de concessão. Apesar dos comentários feitos anteriormente, é importante ressaltar que no Diagnóstico elaborado pela SECTMA, gerou-se uma matriz de risco baseado na análise de dados coletados e investigações de campo. Nesse contexto, as três Matas descritas aqui foram caracterizadas como em situação de risco extremo. O Cabo apresenta um relevo com 70% de terras montanhosas e 30% de áreas planas e suavemente onduladas, pertencendo ao 2º grupo de bacias hidrográficas de pequenos rios litorâneos do Nordeste. Encontra-se predominantemente moldado sobre o embasamento cristalino, com um conjunto de morros e colinas que se tornam mais concentrados e elevados no interior do município.

A vegetação do município está inserida na zona fitogeográfica da mata e com alguns remanescentes de mata atlântica.

Reservas Ecológicas Estaduais Total ou Parcialmente no Município do Cabo

Nome Área (ha.) Municípios abrangidos Mata de Bom Jardim 245 Cabo Mata de Camaçari 223 Cabo Mata de Contra-Açude 115 Cabo Mata de Duas Lagoas 140 Cabo Mata do Zumbi 292 Cabo Mata Serra do Cotovelo 978 Cabo e Moreno Mata Serra do 357 Cabo e Moreno Mata do Sistema Gurjaú 1.077 Cabo, Moreno e Jaboatão dos Guararapes Mata do Urucu 515 Cabo, Escada e Vitória de Stº Antão Fonte: Anuário Estatístico do Brasil -1994

A hidrografia do município é bem hierarquizada, estando incluída nos recursos hídricos de superfície da Região Metropolitana do Recife, e tem como principais rios: Pirapama - com elevado índice de poluição decorrente de resíduos industriais e da falta de sistema de saneamento básico no município; Gurjaú - principal afluente do Pirapama que abastece o Recife desde 1918, com descarga mínima de 65.000 m3/dia; Jaboatão - que recebe pesada carga poluidora dos municípios de Jaboatão e Moreno. Em relação à área costeira no que se refere à hidrografia e à vegetação, observam-se zonas estuarinas de frágil preservação, com a destruição dos manguezais e aterros, pela pressão da urbanização desordenada, afetando diretamente o lugar de produção de recursos do mar. Observam-se também problemas relativos aos esgotos domésticos e industriais, lançados nos cursos d’água, e a ameaça das descargas de petróleo, óleo e derivados oriundos do Porto de Suape.

Ao se estabelecer um quadro com os problemas ambientais, numa dimensão ampla tanto do ponto de vista antrópico quanto físico e biológico do Município, verifica-se:

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Problemas Ambientais no Município do Cabo

Efluentes industriais e domésticos: Poluição dos rios, estuários, riachos e canais Esgotos, lixo orgânico e inorgânico; Resíduos industriais nocivos, herbicidas. Poluição Atmosférica Emissão de partículas, inseticidas, herbicidas. Poluição Sonora e Visual Veículos, letreiros, luminosos. Poluição Portuária Petróleo e demais combustíveis Desmatamento Mangues e matas Erosão Falta de drenagem e desmatamento Assoreamento de rios e riachos Destruição da cobertura vegetal Concentração fundiária Monocultura e altas densidades urbanas Queimadas Corte da Cana Desequilíbrio Espacial da dotação de Assentamentos em áreas de risco, Infra-estrutura urbana dificuldade de acessos Favelização Baixo padrão de Habitabilidade Desordem Espacial /urbanística Falta de disciplinamento do uso do solo Indicadores de saúde, renda, educação, Baixa Qualidade de Vida moradia e lazer insuficientes

Saneamento e Energia Dentre os componentes da infra-estrutura básica domiciliar, o esgotamento sanitário é o mais precário no município, uma vez que menos de 1% das residências são beneficiadas com esgotos adequados, enquanto que 87,5% dos domicílios são abastecidos com água e 65,31% com energia elétrica (COMPESA/1998 e CELPE/1998). O serviço de coleta regular de lixo atende a cerca de 80% da população (FIDEM – Perfil Municipal 2000), sendo o restante do lixo depositado em terrenos baldios (mais de 20%), queimado, jogado em rios, lagos ou mar (FIDEM – Perfil Municipal 1998). A precária condição de saneamento básico é responsável pelo registro de algumas doenças como a Esquistossomose, que tem crescido de maneira alarmante no município, com notificações de 2 casos em 1997 e 2.900 em 2000; Leptospirose, com incidência maior especialmente em épocas de chuva (8 notificações em 1997 e 43 em 2000); Diarréia (nenhum caso 1997 e 696 em 2000); Hepatite Viral (23 em 1997 e 21 em 2000); e Dengue, também expressivamente crescente (185 casos em 1997 e 4.765 em 1998) (FIDEM – Perfil Municipal 2000). Um dos principais problemas urbanos do Cabo está na quase inexistência de um sistema de esgotamento sanitário que tem reflexos diretos na saúde da população e, com mais intensidade, na causa mortis das crianças. Neste sentido, 22% da mortalidade dos menores de 1 ano de idade tem como causa as doenças infecciosas e parasitárias diretamente associadas à precariedade da limpeza e da higiene pessoal, à escassez d’água e às precárias condições de habitabilidade da moradia e do seu entorno. Relacionados ao aspecto da alta densidade urbana - sobretudo nas áreas de morros no distrito-sede - verifica-se uma série de problemas ambientais provocados pelo corte abrupto das encostas, pelo desmatamento indiscriminado, pelo acúmulo de lixo que obstrui os canais que, por sua vez, provocam alagamentos, desestabilização de taludes e erosão de superfície.

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DIAGNÓSTICO SOCIO-ECONÔMICO

"... desenvolvimento social é mais do que a passagem da condição de pobre para a de rico, de uma economia tradicional rural para uma sofisticada: carrega ele consigo não apenas a idéia da melhor condição econômica, mas também a de maior dignidade humana, mais segurança, justiça e eqüidade". (relatório da ONU 1980).

De fato, o conceito de desenvolvimento de uma localidade, região ou país é bem mais abrangente que o mero conceito derivado de renda. O desenvolvimento deve ser definido em relação ao que as pessoas podem e devem ser e fazer, que denomina de efetivações, no sentido de potencialidades. A ação política (ou pública) deve ter o objetivo de ampliar a capacidade das pessoas de serem responsáveis por atividades e estados valiosos e valorizados, ou seja, na linha de uma ética da capacidade. Disso decorre a orientação de que uma boa ação pública não somente distribui bens a receptores passivos, mas também amplia as escolhas das pessoas e promove suas capacidades, incluindo a capacidade de escolha. De acordo com esta ótica, o desenvolvimento humano, sustentável e socialmente justo, se apoiaria no tripé economia-saúde-educação. Reitera que a pobreza, o analfabetismo, a injustiça social e a degradação ambiental estão todos inter-relacionados como fatores negativos para o desenvolvimento humano. Muito embora tenha sediado, desde os anos 60, o 1º Pólo Industrial do Estado de Pernambuco, a industrialização do Cabo teve baixo impacto ao nível da transformação do padrão de vida médio de seus habitantes, ao ponto de, mais de quarenta anos depois, os indicadores sociais do município ainda terem forte perfil de subdesenvolvimento, pobreza e acúmulo de problemas. A proximidade do Recife e do município do Jaboatão dos Guararapes, sobretudo Prazeres e orla marítima, também representa o contato com a modernidade, quando milhares de trabalhadores locais se deslocam em busca de trabalho ou emprego. Assim, passa-se a observar uma mistura na identidade cultural dos habitantes do Cabo. Hoje quem mora na área urbana do Cabo não trabalha na sua indústria, quem trabalha na área rural mora na periferia urbana e a maioria dos trabalhadores da indústria não mora no Município. Esta realidade provoca uma profunda quebra nos laços de solidariedade social. Um elemento decisivo na desestruturação do espaço urbano do Cabo, no contexto ambiental e social, é o baixo nível de renda da maioria da sua população, medido pelo rendimento mensal dos chefes de família, onde 87% do total percebe até 3 salários mínimos (IBGE/ Cidades@ 2005). Foi observado que 66 % dos chefes de domicílio, da Regional 1 , percebem até 2 Salários mínimos, enquanto que na Regional 3 este percentual alcança 75%. Na Regional 2 e 4 estes números ultrapassam os 80% e 90%, respectivamente. Pode-se afirmar ainda que 41% dos chefes de domicílios do Cabo (PEA – População Economicamente Ativa) percebem até 1 salário mínimo. Tomando-se os Chefes de família que têm menos de 1 ano de estudo, no município do Cabo, os números não alimentam otimismo e apontam para a necessidade de uma política educacional que comporte cursos de requalificação profissional, além de programas de alfabetização de adultos. Em tempos de globalização e de crescente demanda por trabalhadores multifuncionais e com exigência mínima de 2º grau do ensino formal, o município apresenta um forte déficit, com tendências para a ampliação da exclusão social.

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A Qualidade de Vida da População

De um modo geral, o município do Cabo apresenta indicadores sociais inferiores aos dos outros grandes municípios da Região Metropolitana do Recife. No IDH - Índice de Desenvolvimento Humano, indicador síntese da qualidade de vida da população, o Cabo alcançou, em 2000, 0,541 situando-se na décima sexta posição no Estado de Pernambuco e a décima dentro da Região Metropolitana, bem abaixo de , Recife, e Jaboatão dos Guararapes.

Renda

Apesar de ser o terceiro PIB da RMR e a terceira renda per capita regional, o Cabo se situa em sétimo lugar no percentual dos chefes de família que ganham até um salário mínimo; são cerca de 40% dos chefes de família (PEA – População Economicamente Ativa) nesta condição, percentual bem acima do apresentado por Paulista (melhor indicador) que registra 32%, e também da média regional, estimada em 37%. Este desempenho parece contraditório com o nível geral da renda per capita e com a estrutura produtiva do município, com destaque significativo para a indústria (e insignificante peso da agropecuária), dominada, portanto, por atividades formais. Como mostra o gráfico adiante, o Cabo é o município com a maior concentração relativa da indústria no PIB, ao contrário de Olinda, no extremo oposto, dominada pelas atividades terciárias, especialmente serviços. Esta relativa desproporção do setor industrial na economia cabense pode representar uma restrição na difusão da renda e na integração e irradiação das atividades econômicas e cadeias produtivas locais, reduzindo o efeito renda e a dinamização da economia. O Cabo se especializa e passa a comprar serviços e produtos dos outros municípios, inibindo o terciário e o comércio local, perdendo também o potencial que decorre da sua posição estratégica no eixo do litoral sul do Estado.

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DISTRIBUIÇÃO SETORIAL DA RMR E SEUS MUNICÍPIOS - 1998

90

80

70

60

50 Percentual 40

30 Agropecuária Comércio 20 Indústria Serviços 10

0 Recife Olinda Ipojuca Moreno Paulista Igarassu Itamaracá Araçoiaba Abreu e Lima e Abreu Região Metropolitana Região São Lourenço da Mata da Lourenço São Cabo de Santo Agostinho Santo de Cabo Jaboatão dos Guararapes dos Jaboatão Municípios

Índice de Desenvolvimento Infantil – IDI

Quanto ao Índice de Desenvolvimento Infantil, o Cabo de Santo Agostinho, com IDI de 0,544, ocupa também a 9ª posição dentre os 14 municípios que integram a RMR e 15ª dos 185 municípios do Estado. Este baixo valor, em comparação com os demais municípios da RMR, é explicado pelos índices que compõem o IDI, que mostram percentuais bastante desfavoráveis em relação à escolaridade dos pais de crianças de 0 a 6 anos, onde, no município, 26% das mães e 49% dos pais destas crianças têm menos de quatro anos de estudo. O baixo valor de IDI deve-se também ao pequeno percentual de crianças desta faixa etária matriculadas em creches (1,13%) e pré-escola (21,53%) (“Situação da Infância Brasileira” - UNICEF/2001) .

Saúde A situação da saúde no município do Cabo de Santo Agostinho, apesar da melhoria na taxa de mortalidade infantil, apresenta alguns pontos que merecem uma atenção especial,

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como: o grande número de partos de gestantes adolescentes, com uma média anual acima de 30%; o fato de os óbitos decorrentes de “causas externas de lesões” e envenenamento, ser o segundo grupo de causa mortis (17%), incluindo-se, neste grupo, os homicídios e os acidentes de trânsito; e o alto número de óbitos causados por neoplasias (9% do total de óbitos no município), terceiro maior grupo de causas de mortes, sendo o câncer de colo de útero o mais expressivo, estando em ascensão. O primeiro maior grupo de causas de mortes é o de doenças do aparelho circulatório, responsável por 30% dos óbitos (IBGE – Cidades@ 2005). As cinco principais causas de mortes em crianças menores de um ano estão classificadas como: afecções perinatais, responsáveis por 41,68%; doenças infecto - parasitárias, com 24,22%; anomalias congênitas, 11,18%; doenças do aparelho respiratório, 10,56%; sintomas, sinais e afecções mal definidas, 6,21%, e, por fim, as demais causas com 6,21%. (Fonte: DIE/DIEVIS/SES-PE ) A mortalidade por afecções perinatais é advinda das condições de saúde no período reprodutivo e da falta de consultas periódicas ao serviço de atenção pré-natal, condições fundamentais para a redução da morbi-mortalidade perinatal. Como é do conhecimento da comunidade científica, cerca de 30.000 mortes no Brasil é devido à diarréia. Sabe-se que a morbi-mortalidade por doenças infecto-parasitárias pode ser atribuída às precárias condições de vida, incluindo-se a má distribuição de renda, o desemprego, o baixo nível educacional, a ausência de saneamento e a desnutrição. As doenças do aparelho circulatório ocupam o primeiro lugar como causa geral de óbito, considerando todas as faixas de idade, em 2000, e as causas externas como a segunda, incluindo os acidentes de trânsito, os homicídios, os acidentes de trabalho, os suicídios, os afogamentos ou outros tipos de violência. Estas causas externas encontram razão não apenas na urbanização, como também na tumultuada BR-101 e na crescente onda de violência que afeta a sociedade, porém se apresentam de forma crescente em outros grandes centros urbanos.

Educação

A educação no Cabo de Santo Agostinho apresenta uma situação completamente controversa quando se comparam os níveis Fundamental e Médio, uma vez que as taxas de escolarização para os dois níveis foram, em 2004, de 38.179 (matrículas) e 10.898 (matrículas), respectivamente, em números absolutos. Este baixo número de matrículas na faixa etária de 15 a 19 anos pode ser atribuído ao pequeno número de escolas de nível médio, as quais totalizam 19, contra 125 de Ensino Fundamental (IBGE – Cidades@2005) . Considerando ainda que a taxa de evasão escolar, neste nível, atinge 24%, a situação do Ensino Médio no município torna-se ainda mais preocupante. Em termos de evasão escolar, foi registrada para o Ensino Fundamental uma taxa de quase a metade do Ensino Médio, mas ainda elevada (13%), sendo a de reprovação de 24%. A taxa de analfabetismo no município é também bastante alarmante. Cerca de 20% das crianças entre 11 e 14 anos e 29% da população com 15 anos ou mais são analfabetas (FIDEM – Perfil Municipal 2000 ).

Um longo caminho ainda deve ser percorrido para se atingir melhores níveis. Os dados claramente evidenciam que a melhoria dos padrões de qualidade de vida dos municípios depende mais de ações públicas e sociais voltadas para a reintegração sócio – educacional - cultural das suas pessoas e comunidades, ou seja, vale mais a pena conscientizar .

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DIAGNÓSTICO URBANÍSTICO

O processo de ocupação urbana do município do Cabo de Santo Agostinho gerou três grandes concentrações, que são: Cabo-Sede, o distrito de Ponte dos Carvalhos, que também inclui Pontezinha, e a ocupação litorânea. O ecossistema urbano do Cabo se caracteriza por um desequilíbrio espacial na dotação de infra-estrutura social e econômica, determinado por uma forte concentração fundiária que impulsionou o êxodo rural quando da implantação do distrito industrial na década de 70. Este crescimento urbano desordenado fez com que as populações pobres invadissem áreas inadequadas, como morros, sobretudo na sede e alagados. Já em 1980, a população urbana do Cabo atingia 78.6%, aumentando para 86.4% em 1991 e 87.9% em 1996. O crescimento e adensamento urbano da sede induzido, na década de 80, pelas construções promovidas pela COHAB trouxe, naquele momento, uma configuração de padrão construtivo, mas que hoje já adquire uma outra imagem a partir de acréscimos e reformas que em nada lembram à ocupação original. Além disso, ocupações irregulares têm surgido a partir de invasões e loteamentos clandestinos, constituindo-se em um desafio a um controle urbano eficaz. Relacionados ao aspecto da alta densidade urbana - sobretudo nas áreas de morros no distrito - sede - verifica-se uma série de problemas ambientais provocados pelo corte abrupto das encostas, pelo desmatamento indiscriminado, pelo acúmulo de lixo que obstrui os canais que, por sua vez, provocam alagamentos, desestabilização de taludes e erosão de superfície. O Plano Diretor do Município, - 1986, selecionou 10 (dez) zonas críticas assim distribuídas:

Zonas com os Maiores Problemas de Barreiras e Drenagem ZONAS DENOMINAÇÃO ÁREA (Ha) Nº. DE POPULAÇÃO HABITAÇÕES 01 Sapucaia 5,0 220 1.100 02 São Francisco (A) 4,5 225 1.125 03 São Francisco (B) 3,0 150 750 04 São Francisco (C) 0,7 37 187 05 Malaquias 4,8 240 1.200 06 Fundaio do Cruzeiro 5,0 250 1.250 07 Torrinha 6,6 280 1.400 08 Canal do São Francisco 1,5 50 250

09 Canal do Malaquias 0,8 19 95 10 Canal do Centro 2,2 50 80 Total 34,0 1.487 7.437 Fonte: Plano Diretor do Cabo - 1986

No período de 1978 a 1996 ocorreu no município o loteamento de grandes glebas, inicialmente mais concentradas ao longo do litoral, que resultou na oferta de 16.063 lotes, resultantes de apenas 9 loteamentos e correspondendo ao maior volume de áreas parceladas na RMR, no período. Todavia as áreas urbanas são carentes de um processo de ordenamento e em alguns trechos de revitalização, como é o caso do Centro Histórico. Além do mais, observa-se uma sensível carência de áreas de lazer, tais como praças e

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parques, as quais se constituem em importantes espaços de convívio coletivo e de integração comunitária. A urbanização no distrito de Pontes dos Carvalhos, que inclui Pontezinha, apresenta-se com um padrão arquitetônico e sócio-econômico uniforme, mas ainda com a marca da forte interferência do fluxo de tráfego que durante anos fluiu pela antiga BR 101, perturbando e secionando a integração urbana local. Nas praias observa-se a necessidade urgente de implantação efetiva do Parque Armando Holanda como elemento indispensável à contenção de processo de invasão e ocupação desordenada que vem pondo em risco um rico patrimônio ambiental, cultural e geográfico, único cabo do litoral de Pernambuco. As demais áreas litorâneas apresentam uma diversidade de padrões construtivos. Observa-se, nessas áreas, uma predominância de ocupação e adensamento construtivo carentes de uma ação mais enérgica de controle e ordenamento, que valorize o patrimônio ambiental. É necessário ainda, que seja contida a privatização de alguns trechos de praia pelo controle de acesso, por parte de alguns loteamentos, no sentido de resgatar a praia para o uso coletivo. A estes problemas vêm se associar aspectos da formação dos principais centros urbanos do município, a sua sede e o distrito de Ponte dos Carvalhos. Em primeiro lugar, a associação do latifúndio e da monocultura da cana-de-açúcar, que provocou o insulamento dos espaços urbanos, tolhendo sua expansão. Em segundo lugar a construção de grandes vias de acesso que margeiam os pólos urbanos, provocando todo um conjunto encadeado de efeitos perversos de descentramento urbano, circulação viária caótica, engarrafamentos, acidentes de trânsito, degradação paisagística, entre outras deseconomias.

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3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

O Plano Municipal de Redução de Risco – PMRR do Cabo de Santo Agostinho foi desenvolvido a partir do Plano de Trabalho, validado pelos órgãos competentes. Abordaremos a seguir as atividades/ metodologia que foram utilizadas para o desenvolvimento dos Produtos. Considerando atividades integradas e multidisciplinares, porém com suas devidas responsabilidades bem definidas.

Os aspectos metodológicos reúnem os elementos e informações que deverão estabelecer a forma e as condições para elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos , segundo as diretrizes estabelecidas pelo Ministério das Cidades, no seu Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários, Ação de Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários.

Conforme o estabelecido no referido TR, foi seguido o referencial teórico-conceitual do Instituto Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), assim como as referências da Agência das Nações Unidas voltada para a Redução de Desastres (UNITED NATIONS DISASTERS RELIEF OFFICE – UNDRO) e do Resumo Executivo do Programa Viva o Morro do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – CONDERM e Fundação de Desenvolvimento Municipal – FIDEM, havendo ajustes e adaptações à realidade local durante o desenvolvimento dos trabalhos.

Outro conceito que impregnou o desenvolvimento dos trabalhos é o de habitabilidade , o qual visa dar uma abordagem mais abrangente à questão do risco, incorporando, nas propostas de intervenções, elementos que extrapolem a questão da resolução técnica e pontual por si, tais como a criação de espaços de vivência, com o aproveitamento da paisagem local, a acessibilidade e etc. Finalmente, a sustentabilidade desses conceitos é alicerçada num processo participativo, através do quais as comunidades se envolveram tanto nas reuniões de apresentação/ acompanhamento, como na indicação das localidades (em campo) e validação das soluções. Esse referencial funcionou como o eixo condutor de todas as etapas de trabalho, possibilitando a articulação e integração das atividades e de seus produtos.

1 – Mapeamento de Risco consiste na espacialização qualificada e atualizada dos fatores (ambientais, geotécnicos, geológicos, infra-estruturais e sócio-econômicos), que com a ação das águas (chuvas, enxurradas, inundações) resultam em acidentes que causam danos materiais e humanos, contendo a atualização das informações descritivas e cartográficas de risco, com uso de imagem de satélite ou mapas a serem fornecidos pelo Governo Municipal; o zoneamento e a hierarquização dos setores de risco (4 níveis – muito alto, alto, médio e baixo); o cadastro dos setores de risco através da sistematização e tratamento das informações. O Mapeamento é estruturado de forma a permitir o cruzamento das informações cartográficas disponíveis (bases fornecidas pelo Governo Municipal) com as informações descritivas (levantadas e desenvolvidas em campo durante elaboração do PMRR). O Mapeamento foi elaborado por uma equipe técnica da consultora, formada por engenheiros civis, arquitetos, estagiário de engenharia, técnico social, geólogo e equipe de geoprocessamento; juntamente com uma equipe da prefeitura – coordenadoria de Defesa Civil e a representatividade das comunidades diretamente envolvidas.

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Uma parte da equipe técnica participou do curso de capacitação de equipes municipais em Mapeamento e Gestão de Risco Ambiental em Assentamentos Precários, que tem como objetivo primordial a análise de risco, o mapeamento e o monitoramento de áreas de risco sujeitas a deslizamentos, erosões e inundações, bem como preparar-se para a montagem de um sistema de gerenciamento de áreas de risco, o que facilitou todo o processo, a partir do modelo de abordagem para Gerenciamento de Áreas de Risco (UNDRO – Agência das Nações Unidas voltada para a redução de desastres naturais) adaptado para o Brasil, sendo: 1.Identificação do Risco, 2.Análise e Cartografia dos Riscos, 3.Medidas de Prevenção, 4. Planejamento para Situações de Emergência e 5. Informações Públicas e Gerenciamento.

ATIVIDADES

 Definição das áreas a serem mapeadas

Metodologia > Articulação com os órgãos competentes para solicitar relatórios e mapas disponibilizados, com indicação das áreas de risco; > Solicitar a Defesa Civil - mapeamento dos atendimentos de áreas de risco; > Reuniões com equipe técnica da Prefeitura para proposição das áreas; > Visitas as áreas indicadas para: - Localização precisa das áreas de risco, - Definição do perímetro, - Conversas informais com poder local. > Análise para definir sobre as poligonais das áreas em situação de risco.

 Montagem da base cartográfica

Documentação Cartográfica Solicitada:  UNIBASES (escala 1:1.000)  Fotografias aéreas, as mais recentes disponíveis (escala 1:20.000)  Cartas temáticas de altimetria e recursos hídricos  Cartas de Nucleação SUL (escala 1:20.000)  Mapa de Unidades de Relevo (escala 1:10.000)  Imagem Orbital de alta resolução (igual ou menor que 1m.)  Mapeamento de pontos de riscos existentes no município (Defesa Civil).

Metodologia > Levantamento junto à municipalidade de todo o acervo de documentos cartográficos disponíveis em formato digital, esteja em modo Vetorial ou Raster ; > Identificação das escalas cartográficas e sistema de projeção e referência; > Conversão de todas as bases para um arquivo formato único; > Seleção dos Planos de Informação (layers) necessários para subsidiar o mapeamento de Risco.

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 Interação com a sociedade organizada e a comunidade diretamente beneficiada

Metodologia > Articulação junto ao Governo Municipal, levantamento das entidades organizadas do Município; > Visitas as áreas indicadas para conversas informais; > Reuniões com lideranças das áreas para apresentação do processo do PMRR; > Definição junto à equipe técnica da prefeitura e as lideranças locais de um processo sistemático de acompanhamento para elaboração do PMRR.

 Elaboração da base cartográfica, com zoneamento e hierarquização dos setores de risco.

Metodologia > Parametrização das bases cartográficas fornecidas pela prefeitura; > Considerar lançamento na unibase dos setores de risco as divisões político- administrativas pré-existentes; > Sobreposição da UNIBASE a imagens orbitais disponíveis; > Montagem de bases cartográficas para levantamento técnico de campo.

 Identificação das feições geográficas pertinentes e suas representações

Metodologia > Pesquisa em campo, para identificação na cartografia:  Setor de risco polígono  Encosta linha espessa  Edificação (moradias/ equip. urbanos) polígono  Micro-drenagem linha  Macro-drenagem linha espessa  Vias de acesso (ruas/ escadarias) linha  Vias principais linha espessa  Fossa séptica ponto  Vegetação de porte ponto  Lixo polígono

 Análise dos condicionantes Geológicos-Geotécnicos

Metodologia > Realizar reuniões com os técnicos envolvidos no mapeamento de risco para permitir melhor integração dos dados e dinamização do trabalho; > Uso de método analítico ou comparativo ( risco relativo) para identificação dos graus de risco, ou seja, simples comparação entre as situações de riscos identificadas; > Definir fatores topográficos e geológicos como atributos da susceptibilidade; > Análise da Vulnerabilidade: descrição da ocupação, número de moradias ameaçadas, infra-estrutura ameaçada, equipamentos públicos ameaçados; > Trabalho de campo, para investigações geológico-geotécnicas; >Tratamento e geocodificação das bases/ imagens de satélite em meio digital para compatibilização com o sistema de mapeamento; > Individualização de encostas por setores relativamente homogêneos;

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> Confecção de mapas temáticos; > Apresentação de Carta Geotécnica em escala de 1:5000;

 Demarcação dos Setores de Risco

Metodologia > Com base nas informações obtidas em campo e com o apoio de técnicas de interpretação de imagem, serão lançados sobre a Base Cartográfica elementos geométricos representativos das feições mapeadas.

 Cadastro dos setores de risco através da sistematização e tratamento das informações

Metodologia > Treinamento da equipe interdisciplinar para o levantamento de campo e o preenchimento da ficha cadastral. > Levantamento de campo, efetuado com equipe interdisciplinar e com o preenchimento da ficha cadastral; > Levantamento fotográfico; > Indicação na base cartográfica das correções / atualizações necessárias de forma esquemática; > Marcação na base cartográfica das residências ameaçadas e indicadas para remoção; > Indicação na base das intervenções de infra-estrutura, de forma esquemática.

 Seleção e caracterização dos assentamentos precários sujeitos a processos de escorregamentos de solos e inundações.

Metodologia: > Utilização dos parâmetros indicados nas tabelas abaixo > Adequação das soluções de acordo com as necessidades de cada setor > Integração com técnicos do Governo Municipal

Grau de Risco para Processos de Instabilização do Tipo Escorregamentos e Solapamento

Grau de Probabilidade de Acontecimento Risco Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade para o desenvo lvimento de processos R1 de escorregamentos e solapamentos. Baixo Não há indícios de desenvolvimento de instabilização de encostas e de margens de drenagens. É a condição menos crítica.Mantidas as condições existentes, não se espera a ocorrência de eventos destrutivos no período de um ciclo chuvoso. Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes R2 (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor Médio são de média potencialidade para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos. Observa-se a presença de alguma(s) evidência(s) de instabilidade (encostas e margens de

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drenagens), porém incipiente(s). Mantidas as condições existentes, é reduzida a possibilidade de ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de c huvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso. Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o desenvolvimento de proces sos de R3 escorregamentos e solapamentos. Observa-se a presença de Alto significativa(s) evidência(s) de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em taludes, etc.). Mantidas as condições existentes, é perfeitamente possível à ocorrência de eventos des trutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso. Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de muito alta pote ncialidade para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos. As evidências de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em taludes, R4 trincas em moradias ou em muros de contenção, árvores ou postes Muito Alto inclinados, cicatrizes de e scorregamento, feições erosivas, proximidade da moradia em relação ao córrego, etc.) são expressivas e estão presentes em grande número e/ou magnitude. É a condição mais crítica. Mantidas as condições existentes, é muito provável a ocorrência de eventos de strutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso.

Grau de Risco para Inundações

Grau de Probabilidade de Acontecimento Risco O setor apresenta condições potenciais para o desenvolvimento de processos de inundação (localização em baixadas ou próximo a R1 cursos d’água, por exemplo), mas os eventos de inundação são Baixo pouco freqüentes, não tendo sido verificada a ocorrência de eventos de magnitude significativa (ou seja, que implicou a remoção dos moradores) nos últimos 5 anos. R2 O setor apresenta eventos freqüentes de inundação, com registros Médio ou relatos de moradores indicando a ocorrência de pelo menos 1 evento de magnitude significativa nos últimos 5 anos. R3 O setor apresenta freqüência elevad a de ocorrência de inundações, Alto com registros ou relatos de moradores indicando a ocorrência de pelo menos 2 eventos de magnitude significativa nos últimos 5 anos. O setor apresenta freqüência extremamente elevada de ocorrência R4 de inundações, com registros ou relatos de moradores indicando a Muito Alto ocorrência de pelo menos 3 eventos de magnitude significativa nos últimos 5 anos.

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2 – Plano Municipal de Redução de Riscos consiste na proposição das intervenções estruturais, com modelos de intervenções de engenharia, com estimativa de custos, e intervenções não estruturais, com a elaboração de um plano de gerenciamento permanente de defesa civil, além da identificação de programas e fontes de recursos para a implementação do plano.

ATIVIDADES

 Mapeamento da situação sócio-econômico dos setores

Metodologia > Articulação junto ao Governo Municipal, para solicitação de relatórios que contenha informações, nesta esfera; > Visitas / Conversas informais, com lideranças locais, para levantamento de informações do setor.

 Interação com a sociedade organizada e a comunidade diretamente beneficiada

Metodologia > Reuniões junto às lideranças locais, para que as comunidades se envolvam tanto na indicação do problema como na validação de soluções.

 Indicação e sugestão de ações de educação ambiental junta às comunidades

Metodologia > Articulação junto aos órgãos públicos e privados, para levantamento de ações desenvolvidas, na área ambiental; > Ter como referência, as atividades da Agenda 21 – local; > Reuniões com equipe técnica da Prefeitura e as lideranças locais para elaborar um plano articulado e integrado com as diversas áreas afins, como limpeza urbana, saúde, meio ambiente, entre outras.

 Avaliação da probabilidade de ocorrência de processos associados a escorregamento de encostas

Metodologia > Avaliação qualitativa e quantitativa das perdas humanas e materiais em decorrência de acidentes associados ao risco; > Avaliação das conseqüências do potencial processo destrutivo decorrente.

 Definição da Matriz de Risco e da sistematização e tratamento das informações

Metodologia > Avaliação de modelos e conceitos recomendados pelo TR, UNDRO, Viva o Morro e outros; > Definição dos critérios para formulação da Matriz de Risco; > Elaboração da ficha de cadastro e definição da metodologia de levantamento de campo;

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 Indicação das intervenções estruturais.

Metodologia: > Visita técnica com levantamento em campo das intervenções necessárias e alternativas adequadas para cada setor de risco, abrangendo dimensões e tipologia, tais como revestimento, contenção e impermeabilização de taludes, execução de pavimentação e/ou drenagem de vias e acessos e escadarias (ver tabela abaixo); > Análise no levantamento técnico, dos casos de ser possível à adoção de mais de uma alternativa de intervenção; > Integração com técnicos do Governo Municipal; > Reuniões para avaliação e sugestões.

Tipo de Descrição Intervenção Serviços de limpeza de entulho, lixo, etc. Recuperação e/ou limpeza de Serviços de Limpeza sistemas de drenagem, esgotos e acessos. Também incluem obras de e Recuperação limpeza de canais de drenagem. Correspondem a serviços manuais e/ou utilizando maquinário de pequeno porte. Implantação de sistema de drenagem superficial (canaletas, rápidos, caixas Obras de Drenagem de transição, escadas d´água, etc.). Implantação de proteção superficial Superficial, Proteção vegetal (gramíneas) em taludes com solo exposto. Eventual execução de Vegetal (Gramíneas) acessos para pedestres (calçadas, escadarias, etc.) integrados ao sistema e Desmonte de de drenagem. Proteção vegetal de margens de canais de drenagem. Blocos. Desmonte de blocos rochosos . Predomínio de serviços manuais e/ou com maquinário de pequeno porte. Obras de Drenagem Execução de sistema de drenagem de subsuperfície (trincheiras drenantes, DHP, poços de rebaixamento, etc.). Correspondem a serviços parcial ou De Subsuperfície totalmente mecanizados. Implantação de estruturas de contenção localizadas, como chumbadores, Estruturas de tirantes, microestacas e muros de contenção passivos de pequeno porte Contenção (h = 5 m e l = 10 m). Obras de contenção e proteção de margens de Localizadas ou max max canais (gabiões, muros de concreto, etc.). Correspondem a serviços parcial Lineares ou totalmente mecanizados. Obras de Execução de serviços de terraplenagem. Execução combinada de obras de Terraplenagem de drenagem superficial e proteção vegetal (obras complementares aos Médio a Grande serviços de terraplenagem). Obras de desvio e canalização de córregos. Porte Predomínio de serviços mecanizados. Implantação de estruturas de contenção de médio a grande porte (h > 5 m Estruturas de e l > 10 m), envolvendo obras de contenção passivas e ativas (muros de Contenção de Médio gravidade, cortinas, etc.). Poderão envolver serviços complementares de a Grande Porte terraplenagem. Predomínio de serviços mecanizados. Remoção de As remoções poderão ser definitivas ou não (para implantação de uma Moradias obra, por exemplo). Priorizar eventuais relocações dentro da própria área ocupada, em local seguro.

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 Indicação das intervenções não estruturais.

Metodologia: > Articulação com órgãos institucionais de áreas afins; > Elaboração de um Plano Preventivo de Defesa Civil; > Promoção de agenda de capacitação aos técnicos e da sociedade; > Integração com técnicos do Governo Municipal; > Digitalização dos dados levantados em um sistema de geoinformação elaborado para o município; > Reuniões para avaliação e sugestões, junto à municipalidade e a sociedade civil organizada.

 Definição de critérios para priorização das intervenções.

Metodologia: > Utilização dos critérios a serem definidos junto à municipalidade, considerando as diretrizes do MCidades, para a elaboração de uma planilha final de priorização, definida também a partir do grau de risco em cada um dos setores, quando pronta deverá ser utilizada como referência pelo Governo Municipal, nas ações prioritárias. > Integração com técnicos do Governo Municipal

 Identificação de fontes de recursos e programas compatíveis ao Plano de Intervenções

Metodologia > Articular junto à equipe técnica: - levantamento dos projetos, programas e ações executadas com recursos municipal, estaduais e federais, cujas ações sejam compatíveis com as intervenções propostas; - levantamento de potenciais parceiros públicos, privados e não governamentais; - identificação de agentes com atuação em campos complementares nas questões de risco.

 Interação com a sociedade organizada e a comunidade diretamente beneficiada

Metodologia > Reuniões junto às lideranças locais, possibilitando a articulação e integração das atividades dentro de uma construção de um processo participativo; > Produção de um painel, junto a órgãos afins, públicos, privados, não governamentais e lideranças locais, para troca de informações e experiências, em especial, para levar à problemática dos morros as comunidades.

 Estimativa de custos para as intervenções.

Metodologia: > Os preços dos serviços serão estimados a partir da tabela de preços da EMLURB – Prefeitura do Recife;

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> Os quantitativos (como extensões, áreas e/ou volumes) serão levantados em campo ou graficamente, chegando-se ao orçamento individualizado das intervenções para cada setor de risco, onde serão incluídos os serviços complementares (10%); > Integração com técnicos do Governo Municipal;

Desta forma, o PMRR do Cabo de Santo Agostinho é uma importante ferramenta de planejamento urbano e ambiental, definindo diretrizes de ações de defesa civil e subsidiando políticas habitacionais de interesse social.

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4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Instituto Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT)

Agência das Nações Unidas - voltada para a Redução de Desastres (UNITED NATIONS DISASTERS RELIEF OFFICE – UNDRO)

Programa Viva o Morro do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – CONDERM e Fundação de Desenvolvimento Municipal – FIDEM

IBGE – 2000

IBGE@ cidades2005

Plano Diretor do Cabo – 1986

FIDEM – Centro de Informações Municipais – Perfil Municipal – 1988

Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários, Ação de Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários

Projeto Pólo Litoral Sul – 2001

Mapa de Vegetação do Brasil – IBGE – 1988

Plano Diretor de Suape

Diagnóstico das Reservas Ecológicas – RMR – 2001

AGENDA 21

Documentos Institucionais – Área da Saúde/ Educação/ Assistência Social

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