UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA E ZOOLOGIA

DIVERSIDADE DE BORBOLETAS NA MATA ATLÂNTICA DO PARQUE MUNICIPAL DA LAGOA DO PERI, FLORIANÓPOLIS, SC

GABRIELA CORSO DA SILVA

Orientador: Prof. Dr. Benedito Cortês Lopes Co-orientador: Prof a.Dr a. Malva Isabel Medina Hernández

Florianópolis, novembro de 2008 GABRIELA CORSO DA SILVA

DIVERSIDADE DE BORBOLETAS NYMPHALIDAE NA MATA ATLÂNTICA DO PARQUE MUNICIPAL DA LAGOA DO PERI, FLORIANÓPOLIS, SC

Trabalho de conclusão do Curso de Ciências Biológicas, executado durante o semestre de 2008.2, apresentado pela disciplina BIO 5156 - Estágio II, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas.

Coordenador de Estágio: Prof. Dr. Rogério Gargioni Orientador do Estágio: Prof. Dr. Benedito Cortês Lopes Co-orientador do Estágio: Prof a.Dr a. Malva Isabel Medina Hernández

Florianópolis, SC Semestre 2008.2

II AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos, que de uma maneira ou de outra contribuíram para o sucesso desse trabalho e acreditaram em mim. Mais um sonho que se realizou. Obrigada Deus. Obrigada pai e mãe, por acreditarem em mim, por suportarem a saudade e as visitas apenas duas vezes ao ano. À minha irmã Andressa, mesmo não entendendo nada, sempre torcia por mim. Obrigada Rafael, pela ajuda e pelo companheirismo. Pelas que passou acordado enquanto eu estudava, pelos almoços no RU, pela companhia durante esses quatro anos e meio de nossas vidas. Você também é um vencedor! Obrigada a todos os professores pelos ensinamentos e em especial às professoras Tânia Tarabini Castellani e Natalia Hanazaki, por terem despertado em mim a paixão por ecologia. Agradeço aqui também às pessoas sem as quais não seria possível a realização desse trabalho: Paula, Wilson, André, Karla. Aos meus orientadores Dra. Malva Isabel Medina Hernández e Dr. Benedito Cortês Lopes, pela paciência e por tudo que me ensinaram. Agradeço também aos professores que compõem a banca, à FLORAM e todos na Lagoa do Peri que aceitaram a realização do trabalho e colaboraram para tal. Agradeço ao Dr. André Victor Lucci Freitas da UNICAMP, pela ajuda na identificação das borboletas. Agradeço à turma FRACTAIS, por terem tornado esse último ano tão especial e inesquecível.

OBRIGADA!

III ÍNDICE DE TABELAS

Tabelas Página

Tabela 1 . Lista das subfamílias e das espécies de borboletas Nymphalidae 11 coletadas na Lagoa do Peri durante o estudo

Tabela 2 . Número de indivíduos por espécie coletados em cada mês durante um ano de estudo (julho/2007 a junho/2008) na Lagoa do Peri, 24 Florianópolis, SC

Tabela 3. Relação das espécies de borboletas Nymphalidae, suas freqüências e áreas em que foram coletadas de julho/2007 a junho/2008 na 30 Lagoa do Peri, Florianópolis, SC

IV ÍNDICE DE FIGURAS

Figuras Página

Figura 1 . (A) Área de estudo indicando os pontos de coleta de borboletas (modificado de Penteado, 2002) e (B) Vista geral do Parque Municipal da 7 Lagoa do Peri, Florianópolis, SC

Figura 2 . Armadilha para coleta de borboletas 8

Figura 3 . Mata Pluvial de Encosta Atlântica: (A) área da “lagoa” e (B) área do “morro”, Parque Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis, SC 9

Figura 4. Espécies de borboletas Nymphalidae frugívoras coletadas no Parque Municipal da Lagoa do Peri e seus respectivos tamanhos médios (comprimento da asa e envergadura, em centímetros): a) H. epinome (3,4; 6,2); b) B. hyperia (3,0; 5,3); c) N. cyllastros (3,3; 5,5); d) D. creusa (4,7; 8,9); e) O. sulcius (3,8; 6,3); f) O. invirae (4,9; 8,5); g) C. brasiliensis (7, 7; 13,0); h) C. beltrao (7,6; 12,9); i) E. lycomedon (6,0; 10,1); j) M. moruus 12 (2,7; 4,8); k) A. demophon (5,8; 9,2); l) I. drymo (2,2; 3,5); m) M. helenor (6,4; 10,8); n) S. blomfildia (4,6; 7,0); o) C. dirce (3,1; 5,8); p) C. acontius (3,2; 5,9) e q) M. orsis (2,6; 4,5)

Figura 5 . Curva de acumulação de espécies (e intervalo de confiança) calculada para as borboletas Nymphalidae coletadas em áreas de Mata Atlântica do Parque Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis, SC entre 22 julho/2007 e junho/2008

Figura 6 . Distribuição de abundância dos Nymphalidae frugívoros de Mata Atlântica do Parque Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis, SC, 23 coletados de julho/2007 a junho/2008

Figura 7. Relação da riqueza e abundância de espécies de Nymphalidae com a temperatura e a precipitação de julho/2007 a junho/2008 no Parque 26 Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis, SC

V Figura 8 . Análise de agrupamento das borboletas Nymphalidae coletadas ao longo de um ano na Lagoa do Peri entre julho/2007 e junho/2008 27

Figura 9 . Curva de acumulação de espécies calculada para borboletas Nymphalidae coletadas em duas áreas de Mata Atlântica do Parque 28 Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis, SC coletadas entre julho/2007 e junho/2008

Figura 10 . Distribuição de abundância dos Nymphalidae frugívoros de Mata

Atlântica na área da “lagoa” (A) e do “morro” (B), no Parque Municipal da 29 Lagoa do Peri, Florianópolis, SC, coletados de julho/2007 a junho/2008

VI ÍNDICE

Página

ÍNDICE DE TABELAS IV ÍNDICE DE FIGURAS V INTRODUÇÃO 1 OBJETIVOS 5 Objetivos específicos 5 METODOLOGIA 5 Área de estudo 5 Metodologia de coleta 7 Trabalho em laboratório 9 Análise de dados 9 RESULTADOS E DISCUSSÃO 11 Descrição das espécies 13 Análise da comunidade 21 Distribuição espacial das borboletas Nymphalidae no PMLP 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32

VII INTRODUÇÃO OsinsetossãoformamomaiorgrupodeseresviventesdafacedaTerra, somando aproximadamente 960.000 espécies descritas (TOWNSEND et al. , 2006). Dentro dessa Classe encontrase a Ordem , formada por borboletas e mariposas. As borboletas constituem aproximadamente 13% desta ordem e os adultos diferem das mariposas principalmente por apresentarem antenas claviformes, corpo pequeno e hábitos predominantemente diurnos (BROWN & FREITAS, 1999; TRIPLEHORN & JOHNSON,2005). Asborboletaspossuemmetamorfosecompleta:ovo(5a15dias),lagarta(1 a8meses),pupa(1a3semanas)eadulto(de5diasa1ano),dependendoda espécie(BROWN&FREITAS,1999;RAIMUNDO etal .,2003).Aslagartasdas borboletas possuem hábitos bastante diferenciados dos adultos: em sua maioriasealimentamdefolhas,possuemtrêsparesdepernasverdadeirasno segmento torácico, podendo ou não apresentar pernas falsas em 5 dos 10 segmentos abdominais. Possuem, ao invés de olhos compostos, como os adultos, 6 ocelos de cada lado da cabeça e um par de antenas muito pequenas. Diferenciamse bastante entre as espécies e possuem diversas estratégias de defesa, como camuflagem e toxicidade (TRIPLEHORN & JOHNSON, 2005). As lagartas apresentam estreita relação com plantas hospedeiras,sendoquecadaespéciedelagartaalimentasedeumaespécie oufamíliadeplantasespecífica.Sendoassim,apresençadeumaespéciede borboletaemumdeterminadolocalindicaapresençadasespéciesdeplantas dasquaisaslagartassealimentam(plantashospedeiras),podendoassimas borboletasserusadascomoindicativodapresençadeespéciesvegetais. Os adultos caracterizamse por apresentarem asas com escamas pigmentadas,quedãoumcoloridoespecial,sendobastante apreciados pela suabelezaeharmonia.Asmaxilasestãotransformadasemumaespirotromba, usada para sugar alimentos. Quanto à alimentação, podem ser facilmente reconhecidas duas guildas: borboletas que se alimentam de néctar (nectarívoras)eborboletasquesealimentamdefrutosemdecomposiçãoou fermentados(frugívoras).Asborboletasfrugívoras,apesardesealimentarem

1 de frutos, podem também se alimentar de excrementos de mamíferos, exudadosdeplantasecarcaças(UEHARAPRADO etal.,2007). As borboletas que ocorrem no Brasil se encontram agrupadas em seis famílias (Hesperiidae, Lycaenidae, Nymphalidae, Papilionidae, Pieridae e

Riodinidae),totalizando3.288espécies(BROWN&FREITAS,1999). AfamíliaNymphalidaeéaquecontémomaiornúmerodeespécies,amais diversa relação com plantas hospedeiras e a maior diversidade de formas larvais, sendo as lagartas bastante diversas em relação à cor, tamanho e forma. Dentro dessa família encontramse as borboletas frugívoras. Diferenciamsedasoutrasfamíliasporpossuíremapenasdoisparesdepernas para a locomoção, sendo a perna dianteira bastante reduzida (DeVRIES, 1987). Borboletasdessafamíliasãoencontradasemtodososlugaresdomundo, com exceção da Antártida e estão presentes em maior variedade na região Neotropical,comcercade2.000espéciesregistradas.NoBrasil,asborboletas Nymphalidae somam cerca de 780 espécies (DeVRIES, 1987; BROWN & FREITAS,1999). As borboletas estão distribuídas em todo o território nacional, 2/3 delas vivendo na região de Mata Atlântica, muitas das quais raras e difíceis de encontrar(UEHARAPRADO etal.,2004).Elascompõem42%dototalde130 espéciesdalistadeinvertebradosameaçadosnoBrasil ( LEWINSOHN et al ., 2005),sendoimportantesnãosomentecomobioindicadoras,mastambémvale destacarseupapelecológiconanaturezacomopolinizadoras,decompositoras eherbívoras,nafaselarval. A região de Mata Atlântica inclui paisagens naturais bastante complexas, devidoàaltadiversidadedetopografia,climaevegetação.Apresentagrande diversidadeevegetal,eécaracterizadaporumaltoníveldeendemismo (cercade50%paratodasasespécies),tendosidodeclarada pela UNESCO como Reserva da Biosfera, Patrimônio da Humanidade (MORELLATO & HADDAD,2000). OdomínioMataAtlânticaécompostodeváriostipos de vegetação como Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Densa, Restinga, Manguezal e FlorestaEstacional(IBAMA,2008).NaIlhadeSantaCatarina,aMataAtlântica édivididaem2grupos:FlorestaPluvialdeEncostaAtlântica,ondeoclimaéo

2 elemento determinante, sendo caracterizada pela presença de Canelapreta (Ocotea catharinensis ), Laranjeiradomato ( Sloanea guianensis ) e Palmiteiro (Euterpeedulis );eVegetaçãolitorânea,compostapormangues,vegetaçãode praia,duna,restingaeflorestasdeplaníciesquaternárias(CARUSO,1990). A destruição massiva da Mata Atlântica começou com a chegada dos primeiros colonizadores europeus no Século XVI e durante 500 anos aproximadamente92%dototaldessebiomafoimodificadoouconvertidoem sistemas antrópicos (BROWN & FREITAS, 2000; RIBEIRO et al., 2008). A Mata Atlântica ocupava aproximadamente 12% (1.300.000 km 2) do território nacionalehojeestárestritaaaproximadamente98.000km 2 oua7,6%dasua coberturavegetaloriginal,distribuídaemmuitosfragmentos (MORELLATO & HADDAD,2000). A Ilha de Santa Catarina apresentou como atrativo suas florestas de encostaparaaobtençãodemadeiraparaaconstruçãonavale,comoinícioda colonizaçãoaçoriananoséculoXVIII,foramdesmatadas,em200anos,quase atotalidadedesuasflorestas.Anecessidadedeespaçoparaagriculturaepara moradiaselenhaparaaproduçãodeenergiafezcomqueem1978,87%das florestastivessemsidodesmatadas.AIlhaseencontrahojecobertaporuma vegetaçãosecundáriaemdiversosestágiosdesucessão(CARUSO,1990). AMataAtlânticaestáclassificadacomo“hotspot”,termoquedefineáreas críticasparaconservação,quepossuempelomenos1500plantasendêmicase 75%oumaisdesuaáreaoriginaldestruída(InternationalConservation,2008). Como tal, deve ser um local prioritário para a conservação, e diversas pesquisascomborboletastêmsidofocadasemestudossobrebiodiversidade, incluindo estes insetos como indicadores ecológicos de perturbações ambientais (BROWN, 1997; BROWN & FREITAS, 2000; BARLOW et al., 2007b; LIMAVERDE & HERNÁNDEZ, 2007; UEHARAPRADO et al. , 2007; RIBEIRO etal.,2008). Asespécies,aolongodoprocessoevolutivo,adaptaramseadeterminados conjuntos de condições ambientais. Quando ocorre uma mudança no ambiente, afetando essas condições, as espécies ali presentes reagem de diversasmaneiras,desdeodesaparecimentototal,indiferençaouatémesmo favorecimento. Certos grupos de organismos são usados em análises ambientais, representando os outros componentes do ecossistema. Esses

3 organismos são chamados de indicadores biológicos e podem refletir tanto mudançasnoestadoabióticocomonoestadobióticodeumambiente.Podem também refletir o impacto das mudanças ambientais em um habitat, comunidadeouecossistema,oupodemserindicativosdadiversidadedeum grupooutaxa,oudadiversidadegeral,dentrodeuma área (BROWN, 1997; McGEOCH,1998;BROWN&FREITAS,2000;UEHARAPRADOetal.,2003; BARLOW etal.,2007a,b). Biólogos têm contado principalmente com invertebrados e plantas superiores como grupos indicadores de distúrbios ambientais, mas os invertebrados respondem a pequenas mudanças de habitat e pequenas intensidades de impacto ambiental, sendo mais comumente utilizados (LEWINSOHN et al., 2005). Segundo Brown (1997), para um grupo ser considerado umbombioindicadorelenecessita ser relativamente comum na natureza,biológicaetaxonomicamentebemconhecido,facilmenteidentificado e observado em qualquer lugar ou estação do ano, bem disseminado e comparávelentrelugaresehabitats. As borboletas frugívoras estão correlacionadas com a riqueza total de espécies, sendo um grupo apropriado para avaliação ambiental (UEHARA PRADO et al., 2003; BARLOW et al.,2007a).Afragmentaçãodehabitats,a degradaçãodapaisagemnaturaleasmudançasemfatoresclimáticossãoas causasmaisreconhecidasdodeclíniodaspopulaçõesdeborboletas,porestas possuíremumaestreitaassociaçãocomfatoresfísicosespecíficoserecursos vegetais. São também facilmente amostradas e com baixo custo, sua taxonomiaesistemáticasãoamplamentebemdefinidas,possuemciclodevida curto e baixa resiliência e são bastante carismáticas, podendo ser usadas comoespéciebandeira,jáquechamamatençãodacomunidadenãocientífica, sendo úteis em programas de monitoramento ambiental (BROWN, 1997; BROWN&FREITAS,2000;UEHARAPRADO etal.,2007).

4 OBJETIVOS O presente trabalho teve por objetivo o levantamento de espécies de borboletas Nymphalidae frugívoras em duas áreas do Parque Municipal da LagoadoPeri,avaliandoseavariaçãosazonaleanalisandoasrespostasdo grupoàsmodificaçõesambientaisatravésdemedidasdeabundância,riqueza ediversidade.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Realizar um levantamento de espécies de borboletas frugívoras da famíliaNymphalidaenaMataAtlânticadoParqueMunicipaldaLagoado Peri. • Avaliar a variação da abundância e da riqueza de espécies nos diferentesmesesaolongodeumano. • Verificar a distribuição das espécies de Nymphalidae em duas áreas com diferentes altitudes e graus de perturbação ambiental dentro do Parque. METODOLOGIA Área de estudo OParqueMunicipaldaLagoadoPeri(PMLP,coordenadas27°43'S,48°32' W)localizasenomunicípiodeFlorianópolis,noestadodeSantaCatarina,com umaáreadecercade20ha(Figura1).FoitombadocomoPatrimônioNatural em junho de 1976 e está preservado através da Lei Municipal nº 1.828, regulamentada pelo Decreto Municipal nº 091/82 (SIMONASSI, 2001). De acordocomoartigo5odoNovoCódigoFlorestalde1965,aáreaqueformao Parqueétombadaedepreservaçãopermanente. Foitransformadaem1981 em Parque da Lagoa do Peri, estando, desde então, sob jurisdição da Fundação Municipal do Meio Ambiente (FLORAM). A área é composta principalmentedeFlorestaOmbrófilaDensa,sendobastanteafetadapelaação antrópica. No passado, a maior parte da área do Parque era usada para agricultura, estando atualmente em diferentes estágios de regeneração (CARUSO,1990).

5 DeacordocomaclassificaçãodeStrahler,aIlhade Santa Catarina tem clima úmido com domínio acentuado de Massa de Ar Marítima Tropical Atlântica no decorrer do ano. O clima da região é controlado pela atuação predominante das massas de ar Intertropical (quente) e Polar (fria), que determinam seu caráter mesotérmico. A massa tropical atlântica tem maior atuação na primavera e verão enquanto que a polar atua mais no inverno (CARUSO,1990). Paraaanálisesazonalforamutilizadososdadosdatemperaturamédiae deprecipitaçãopluvialdecadamês,obtidosjuntoàEpagri/Ciram(Empresade Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina/ Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina). Os dados de temperatura média foram obtidos na estação meteorológica localizada no bairro Itacorubi, Município de Florianópolis, e a precipitaçãomensalfoiobtidanaestaçãometeorológica localizada dentro do ParqueMunicipaldaLagoadoPeri. Ilha de Santa Catarina pontos de coleta Modificado de Penteado, 2002 (A)

6 (B) Figura 1 .(A)Áreadeestudoindicandoospontosdecoletadeborboletas(modificado de Penteado, 2002) e (B) Vista geral do Parque Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis,SC Metodologia de Coleta As coletas foram realizadas com armadilhas de captura com isca. A armadilha é constituída de uma rede tubular de 70 cm de comprimento, de voal, com os bordos superiores e inferiores reforçados por morim, por onde passam dois aros metálicos de 26 cm de diâmetro cada, com superfície superior fechada e a inferior aberta (Figura 2). Quatro fios de náilon são transpassadosaolongodaredetubularesãoligadosaumdiscodemadeira de29cmdediâmetro,quedista5cmdaaberturainferiordaredeeondeaisca é colocada em uma placa de Petri. A isca consiste em banana madura amassadaregadacomcaldodecana,esteúltimousadoparaaceleramentodo processo de fermentação (ALMEIDA et al ., 1998). O método de captura por armadilha com isca reduz a possibilidade de capturas ao acaso, já que as borboletasdessafamíliasãoatraídasporumrecurso alimentar, e também a amostragempodesersimultâneaeoesforçopadronizadoemdiferentesáreas, oquenãoocorrecomoutrosmétodos(UEHARAPRADO etal.,2003).

7

Figura 2 .Armadilhaparacoletadeborboletas

AsarmadilhasforamdispostasnaáreanortedaLagoadentrodoParque:5 armadilhasforamdispostasemumaáreaplanalocalizadapróximaàLagoa,a qual é freqüentemente utilizada por parte da população para caminhadas e atividadesdelazer(Figura3A,áreada“lagoa”);eoutras5armadilhasforam colocadas em uma área na encosta de um morro, mais distante da Lagoa, ondeatrilhaémaisraramenteutilizada(Figura3B,áreado“morro”).Asáreas decoletadistanciamseentresiemcercade300metros.Asarmadilhasforam colocadas a 250 metros de distância uma da outra em um transecto linear, durantedoisdiasdeexposiçãoacadamês,sendoasborboletascoletadasao finaldesseperíodo.Esseprocessofoirepetidoumavezpormêspor12meses, dejulhode2007ajunhode2008.

8 (A) (B) Figura 3 .MataPluvialdeEncostaAtlântica:(A)áreada“lagoa”e(B)áreado“morro”, ParqueMunicipaldaLagoadoPeri,Florianópolis,SC

Trabalho em laboratório Após as borboletas coletadas serem mortas por compressão torácica e colocadasemumeterizadorpor15minutos,foramarmazenadasemenvelopes entomológicos devidamente identificados e levadas ao laboratório. No laboratório,asborboletasforamesticadasesecasemestufadurante2diasa 40º C para posteriormente serem incorporadas à coleção entomológica e identificadas.Utilizandoseumaréguamilimetrada,mediuseocomprimentoda asaanterior(dabasedaasadireitaanterioratéasuaponta)eaenvergadura dasasas(dapontadaasaanteriordireitaàpontadaasaanterioresquerda)de cada indivíduo coletado. A identificação até espécie ocorreu por meio de bibliografia e com a ajuda do Dr. André Victor Lucci Freitas da Universidade EstadualdeCampinasqueconfirmouasidentificações.

Análise de dados Asborboletascoletadasforammedidasdeacordocompadrõesusuaisde avaliação de tamanho em borboletas (envergadura e comprimento da asa). Paraavaliarotamanhodasespécies,foicalculadaumamédiaparacadauma delas. Paracalcularmedidasecológicasdacomunidade,foimontadoumbancode dadoscomasinformaçõesdonúmerodeindivíduosporespéciecoletadosem cadaarmadilha.Paraobservarsehouvesuficiênciaamostralduranteoestudo construiuse uma curva de acumulação de espécies com os dados

9 provenientes das 120 armadilhas expostas ao longo doano.Estaanálisefoi realizada através do programa EstimateS (COLWELL, 2006). Calculouse A abundânciarelativadecadaespécieeconstruiuseumacurvadedistribuição deabundânciadacomunidadedeborboletasNymphalidae. Paramostraravariaçãosazonalaolongodos12mesesamostradosfoi descrita a abundância e riqueza de espécies para cada mês de coleta. Posteriormente,foifeitaumaanálisedeCorrelaçãodeSpearmanentreessas medidas e as variáveis ambientais de precipitação e temperatura. Para comparar a semelhança entre os dados de coleta dos diferentes meses, calculouse a similaridade de BrayCurtis e foi construído um dendrograma paramostraropadrãosazonaldacomunidadedeborboletasaolongodoano deamostragem,utilizandooprogramaPrimerv.6(PRIMERE,2004). ParaobservaradistribuiçãodasespéciesdentrodoParqueecompararas comunidadesdeambasasáreasdecoleta(“lagoa”e“morro”),foramrepetidos os procedimentosdeanáliseatravés de curvas de acumulação de espécies, mas desta vez foram incluídos os dados provenientes das 60 armadilhas expostasemcadaárea,eaabundânciarelativadecadaespécie,construindo curvas de distribuição de abundância para ambas as áreas. O índice de diversidade ShannonWiener foi calculado por área de coleta, a fim de compararadiversidadeentreelas(KREBS,1999).

10 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram coletados 80 indivíduos de 17 espécies de Nymphalidae pertencentesa6subfamílias,duranteos12mesesde coletas realizados na LagoadoPeri,Florianópolis(Tabela1).

Tabela 1 .ListadassubfamíliasedasespéciesdeborboletasNymphalidaecoletadas naLagoadoPeriduranteoestudo

Subfamília Espécie Biblishyperia (Cramer,1782) acontius Jenkins,1985 Hamadryasepinome (C.Felder&R.Felder,1887) orsis (Drury,1782)

Brassolinae Caligobeltrao(Illiger,1801) Caligobrasiliensis (C.Felder,1862) Dasyophthalmacreusa Stichel,1904 Eryphanislycomedon(C.Felder&R.Felder,1862) Naropecyllastros (Doubleday,1849) Opopterasulcius (Staudinger,1887) Opsiphanesinvirae (Hübner,1818) demophon (Linnaeus,1758) Memphismoruus (Prittwitz,1865) Ithominae Ithomiadrymo Hübner,1816 Morphohelenor Fruhstorfer,1912 Nymphalinae Coloburadirce (Linnaeus,1764) Smyrnablomfildia (Fabricius,1781)

Asborboletascoletadasduranteoestudopossuemuma grandevariação de tamanho, a qual pode ser visualizada na fotografia da Figura 4, que apresentaosdadosdocomprimentodaasaanterioreenvergaduramédiade cadaespécie.

11

a b

e c d f

h i g

j l k

m

*

n o p q

* foto retirada da internet

Figura 4. Espécies de borboletas Nymphalidae frugívoras coletadas no Parque MunicipaldaLagoadoPerieseusrespectivostamanhosmédios(comprimentodaasa eenvergadura,emcentímetros):a) H.epinome (3,4;6,2);b)B.hyperia(3,0;5,3);c)N. cyllastros (3,3;5,5);d)D.creusa (4,7;8,9);e)O.sulcius (3,8;6,3);f)O.invirae (4,9; 8,5);g)C.brasiliensis (7,7;13,0);h)C.beltrao (7,6;12,9);i) E.lycomedon (6,0;10,1); j)M.moruus (2,7;4,8);k)A.demophon (5,8;9,2);l) I.drymo (2,2;3,5);m) M.helenor (6,4;10,8);n)S.blomfildia (4,6;7,0);o)C.dirce (3,1;5,8);p)C.acontius (3,2;5,9)eq) M.orsis (2,6;4,5)

12 Descrição das espécies

As espécies a seguir foram descritas (dados de distribuição, plantas hospedeiras e características gerais) com base nos trabalhos de DeVries (1987) e Brown (1992). Algumas espécies aqui descritas ainda não foram registradasparaoestadodeSantaCatarina.

Subfamília Nymphalinae

É a subfamília mais heterogênea e menos conhecida filogeneticamente. Podem ser palatáveis ou impalatáveis para seus predadores vertebrados e podemapresentarcoloraçãocrípticaouaposemática.Contémborboletasque se alimentam inteiramente de néctar floral e algumas que se alimentam de sucosdefrutasemdecomposição. Colobura dirce (Linnaeus, 1764)

Distribuição :DesdeoMéxico,atravessandoaAméricaCentraleAmérica doSul,comexceçãodoextremosul. Planta-hospedeira : Cecropia spp.(Urticaceae). Hábitos : Ocorrem do nível do mar até 1.500 metros de altitude, em associação com todos os tipos de habitats, especialmente florestas secundárias.Alimentamsedefrutosemdecomposiçãoefezes.

Smyrna blomfildia (Fabricius, 1781)

13 Distribuição : Desde o sul do Texas, passando pelo México, América CentraleporçãonorteecentraldaAméricadoSul,incluindoseoestadode SantaCatarina. Planta-hospedeira :EspéciesdeUrticaceae. Características: O gênero contém 2 espécies. Borboletas com vôo bastanterápido. Hábitos :Alimentamsedefrutosemdecomposiçãoefezes. Subfamília Biblidinae

Formadaporborboletasgeralmentedetamanhopequeno.Muitasespécies desta subfamília apresentam coloração disruptiva e críptica, e poucas com coloraçãodeadvertência.Algumasespéciesapresentamasasasposteriores terminadasemcauda.

Biblis hyperia (Cramer, 1782)

Distribuição: Desde o sul do Texas, passando pelo México, América CentraleporçãonorteecentraldaAméricadoSul,incluindoseoestadode SantaCatarina. Planta-hospedeira: Tragiavolubilis (Euphorbiaceae). Características: Éassociadaalocaisperturbados.Éfacilmenteidentificada pelacorpretacompadrõesvermelhosnaasaposterior.

14 Catonephele acontius Jenkins, 1985

Distribuição: PorçãonortedaAméricadoSul,descendopelooesteatéo Paraguai.NoBrasil,éencontradasomentenapartesuldopaís. Planta-hospedeira: Alchornea e Dalechampia (Euphorbiaceae). Características: Possuem dimorfismo sexual bem acentuado, sendo o macho preto com padrões laranja forte e as fêmeas pretas com bandas transversaisamarelas. Hábitos: Habitamgeralmenteplanícies.

Hamadryas epinome (C. Felder & R. Felder, 1987)

Distribuição: NaAméricadoSul,passandopeloBrasil(costaleste,desde aBahiaatéSantaCatarina),Bolívia,ParaguaieArgentina. Planta-hospedeira: EspéciesdeEuphorbiaceae. Características: Osindivíduosproduzembarulhosestalantesdurantesuas interações.Posicionamsedecabeçaparabaixonotroncodeárvorescomas asasabertascontraosubstrato. Hábitos: Visitam frutos em decomposição e são facilmente coletadas em armadilhas.

15 (Drury, 1782)

(Fêmea) * (Macho) * * Fotosretiradasdainternet

Distribuição: Brasil,desdearegiãoamazônicaatéaregiãosul. Planta-hospedeira: Dalechampia e Tragia (Euphorbiaceae). Características: Asadianteirapossuiumapontarecurvada. Hábitos: Florestaúmidaemclareiras.

Subfamília Brassolinae

Estão entre as maiores espécies dos neotrópicos. Todos os gêneros (à exceçãode Narope )sãoreconhecidosporapresentarocelonapartedeforada asa.Essasubfamíliaécompostadeaproximadamente12gêneroseomaior númerodeespéciesocorrenaPlanícieAmazônica.Têmgrandeimportância econômica, pois os gêneros comumente são pragas agrícolas. Não há evidênciasdequesejamimpalatáveisaosseuspredadores.

Caligo beltrao (Illiger, 1801)

Distribuição: PorçãolestedoBrasil,desdeaBahiaatéaregiãosul. Planta-hospedeira: Cyperaceae,MarantaceaeeMusaceae. Características: As borboletas deste gênero são conhecidas como os gigantesdosNeotrópicos.

16 Hábitos: Vivem em locais baixos, não ultrapassando os 1.600 m de altitude.

Caligo brasiliensis (C. Felder, 1862)

Distribuição: AméricaCentral(Honduras,GuatemalaePanamá),extremo nortedaAméricadoSuleBrasil(SuldaBahia,MinasGerais,EspíritoSanto, RiodeJaneiro,SãoPaulo,ParanáeSantaCatarina). Planta-hospedeira: Heliconiaceae,MarantaceaeeMusaceae. Características: São os gigantes dos Neotrópicos , conhecidas como borboletacoruja. Hábitos: Vivememlocaisbaixos,nãoultrapassandoos1.600mdealtitude.

Dasyophthalma creusa Stichel, 1904

(Macho) (Fêmea)

Distribuição: Brasil,desdeaAmazôniaatéosuldopaís. Planta-hospedeira: Bactris sp.(Arecaceae). Características: Possuisomenteumageraçãoporano,noverão. Hábitos: Habitaflorestasdensas.

17 Eryphanis lycomedon (C. Felder & R. Felder, 1862)

Distribuição: DesdeoMéxico,passandopelaAméricaCentraledo Sul, emflorestastropicais. Planta-hospedeira: Bambus(Poaceae)epalmeiras(Arecaceae). Hábitos: Possuemhábitocrepuscular. Características: O gênero foi recentemente revisado e a espécie identificadapelaDra.CarlaM.Penz(UniversityofNewOrleans,USA). Narope cyllastros (Doubleday, 1849)

Distribuição: DesdeoMéxico,AméricaCentralatéaAmazônia.Sugerese queestesejaoprimeiroregistroparaaespécienoestadodeSantaCatarina. Planta-hospedeira: Bambus(Poaceae). Hábitos: Atraídosporfrutoseexcrementosetêmhábitoscrepusculares. Opoptera sulcius (Staudinger, 1887)

18 Distribuição: Brasil(regiãodeSãoPauloatéSantaCatarina). Planta-hospedeira: Bambus(Poaceae).

Opsiphanes invirae (Hübner, 1818)

Distribuição: HondurasatéaAmazônia,porçãonorteecentraldaAmérica doSul,incluindoseoestadodeSantaCatarina. Planta-hospedeira: Palmeiras(Arecaceae). Características: Ocorredoníveldomaraté600mdealtitudenacostado AtlânticoemassociaçãocomFlorestasTropicais. Hábitos: Possuihábitocrepuscular,tendoumvôobastanterápido.

Subfamília Charaxinae

São bastante coloridas na partedorsal daasa, mas na parte ventral são bastante crípticas, assemelhandose a folhas mortas. Incluem um grande númerodeborboletastropicaisepoucasespéciesderegiõestemperadas.São borboletasbastanteresistentesedevôorápido. Archaeoprepona demophon (Linnaeus, 1758)

Distribuição: México,AméricaCentral,eporçãonorteecentraldaAmérica doSul.NoBrasilnãoéencontradaapenasnaregiãodocerrado.

19 Planta-hospedeira: spp. (), Malpighia glabra (Malpighiaceae)e Ocotea spp.(Lauraceae). Características: Bemdistribuídadoníveldomaraté1.600mdealtitude emassociaçãocomflorestasprimáriaseemestágiosecundáriodesucessão. Memphis moruus (Prittwitz, 1865)

Distribuição: México,AméricaCentral,AméricadoSul.Nãoéencontrada naregiãodaCaatingadoNordestebrasileironemnoCerrado. Planta-hospedeira: Euphorbiaceae,LauraceaeePiperaceae. Características: Ocorreem florestasprimáriaseemestágiosecundáriode sucessão.Têmumvôobastanterápido.

Subfamília Ithominae

São espécies inteiramente Neotropicais. São pequenas e apresentam coloraçãoclara,transparenteoutigrada.Possuemolhospequenosemrelação aotóraxeumabdômenlongoedelgado.

Ithomia drymo Hübner, 1816

Distribuição: Colômbia. Já foi registrada na Ilha de Santa Catarina por Carneiro etal.(2008). Planta-hospedeira: Athenaeapicta eAurelianalucida (Solanaceae).

20 Características: Habitam florestasúmidas.

Subfamília Morphinae

São umas das mais espetaculares borboletas e sua biologia é pouco conhecida.Sãobastanteexploradascomercialmente.Habitamplanícies,sendo poucasespéciesencontradasemregiõesaltas.Todasasespéciesapresentam adultosexclusivamentefrugívoros. Morpho helenor Fruhstorfer, 1912

Distribuição: México,AméricaCentraletodaaAméricadoSul. Planta-hospedeira: Bignoniaceae, Erythroxylaceae, Menispermaceae, PoaceaeeSapindaceae. Hábitos: Machosefêmeaspossuemhábitosdiferentes.Osmachosvoam maispróximosderiosenabeiradeflorestasefêmeassãoencontradasdentro damataetemcoloraçãomenosconspícua.

Análise da comunidade

O número de indivíduos (80) e espécies (17) coletadas neste estudo foi menorqueemoutrossobreborboletasNymphalidaerealizadosanteriormente noestado.OnúmerodeespéciesdeNymphalidaecitadasporBrowneFreitas (2000)paraaregiãodeJoinville,lestedoestadodeSantaCatarina,éde190 espécies. Um estudo mais recente aponta a existência de 74 espécies em Florianópolis, incluindo a Lagoa do Peri e a região de Naufragados (CARNEIRO etal.,2008).Abaixariquezanopresentetrabalhodeveseaofato

21 dequeesteestudoincluiusomenteasespéciesdeNymphalidae frugívoras, capturadas em armadilhas com isca, enquanto os outros trabalhos incluíram tambémborboletasNymphalidaenectarívoras. A curva de acumulação de espécies, realizada a partir da riqueza de espécies por mês de coleta, com as 120 armadilhas totais, demonstrou insuficiênciaamostral,sendoqueonúmerode17espéciesparaaáreadeve aumentarconsideravelmentecomumesforçomaiordecoleta(Figura5).

22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9

Riqueza de espécies de Riqueza 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Amostras

Figura 5 .Curvadeacumulaçãodeespécies(eintervalodeconfiança)calculadapara asborboletasNymphalidaecoletadasemáreasdeMataAtlânticadoParqueMunicipal daLagoadoPeri,Florianópolis,SCentrejulho/2007ejunho/2008

Dentre as espécies de borboletas Nymphalidae coletadas no estudo, 12 espéciesjáhaviamsidocoletadasnaIlhadeSantaCatarinaanteriormentepor Carneiro etal .(2008).Cincoespéciesaindanãohaviamsidoregistradasparaa ilha: A.demophon , C.beltrao , E.lycomedon,N.cyllastros e O.invirae ,sendo estetrabalhoumaimportantecontribuiçãoparaoconhecimentodadiversidade de borboletas Nymphalidae na Ilha de Santa Catarina, já que são escassos outroslevantamentosenvolvendoadiversidadedestegruponoestado. DasespéciescoletadasnoParqueMunicipaldaLagoa do Peri duranteo trabalho,aqueobtevemaiorabundânciafoi M.helenor ,com42%dototalde

22 indivíduos.Umgrupointermediáriodeabundância,entre11equatroindivíduos coletados, é composto pelas espécies H. epinome com 13,75% do total, S. blomfildia com10%,D.creusa com6,25%e O.sulcius com5%(Figura6).As espécies raras ou pouco abundantes, com no máximo dois indivíduos capturadosaolongodoano,somaram70%dasespécies,12nototal,oque explica o motivo da curva de acumulação de espécies ter mostrado insuficiência,nãoalcançandoumaassíntota.

40 34 35

30

25

20

15 11 10 8 Número de indivíduos de Número 5 4 5 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 0

M H S D O C C C C M M A B E I N O ...... e . . . h d . h b c s b b a d m d l c i p o y y r n e l r u e r c i r e c y y i o e a o r o p l v l n m l l c s m o m l e u c t s n r i e a i o r e u s o m r n f s i a i t r o s a m i u li i u p i o l a o e u a e t e e d s s h r r n s d o ia s o o s i n n s

Figura 6 .DistribuiçãodeabundânciadosNymphalidaefrugívorosdeMataAtlânticado Parque Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis, SC, coletados de julho/2007 a junho/2008 Emrelaçãoaopadrãosazonal,entreosmesesdenovembroeabrilforam coletados84%dosindivíduos.Omêsdedezembromostroumaiorabundância, com19indivíduoscoletadosdecincoespéciesdiferentes.Omêsdejaneirofoi odemaiorriqueza,comseisespécies,e13indivíduoscoletados(Tabela2). Omêsdeagostonãoapresentounenhumindivíduocoletado.Osmesesde maio, junho e outubro caracterizamse por apresentarem baixo número de indivíduos.Nomêsdemaioobteveseapenasumúnicoindivíduodaespécie O.invirae ,quenãofoiencontradaemnenhumoutromêsdecoleta.Omêsde outubro também só apresentou um único indivíduo de S. blomfildia , que foi

23 encontrado somente nos meses de julho, setembro, outubro e dezembro. A espécie C.dirce foicoletadaapenasnosmesesdejunhoejulho. Os meses de setembro, dezembro e janeiro foram os únicos que apresentaramindivíduosde H.epinome .Jásetembroejaneirosãoosmeses em que esteve presente a espécie M. moruus . Os meses de dezembro e janeiroapresentaramindivíduosde M.orsis . A espécie M. helenor , além de ser a mais abundante, foi a que esteve presenteemmaiscoletasaolongodoano,seisnototal:novembro,dezembro, janeiro,fevereiro,marçoeabril,mostrandofortesazonalidade. Muitas espécies estiveram presentes somente em um mês de coleta: E. lycomedon e N.cyllastros emjulho, B.hyperia emnovembro, A.demophon em janeiro, I.drymo e C.brasiliensis emfevereiroe O.invirae emmaio. Os meses de março e abril obtiveram três espécies cada, sendo destas, duasespéciesemcomum( O.sulcius e M.helenor ). Tabela 2 .Númerodeindivíduosporespéciecoletadosemcadamêsduranteumano deestudo(julho/2007ajunho/2008)naLagoadoPeri,Florianópolis,SC Espécie J A S O N D J F M A M J Total Archaeopreponademophon 1 1 Biblishyperia 1 1 Caligobeltrao 1 1 2 Caligobrasiliensis 2 2 Catonepheleacontius 1 1 2 Coloburadirce 1 1 2 Dasyophthalmacreusa 3 2 5 Eryphanislycomedon 1 1 Hamadryasepinome 2 3 6 11 Ithomiadrymo 1 1 Memphismoruus 1 1 2 Morphohelenor 5 9 1 3 12 4 34 Mysceliaorsis 1 1 2 Naropecyllastros 1 1 Opopterasulcius 1 2 1 4 Opsiphanesinvirae 1 1 Smyrnablomfildia 1 1 1 5 8 Número de indivíduos 5 0 5 1 6 19 13 7 15 7 1 1 80

Número de espécies 5 0 4 1 2 5 6 4 3 3 1 1 17

24 As borboletas frugívoras demonstram certa sazonalidade, sofrendo influênciadefatoresclimáticos,topográficos,davegetaçãoedosolo(BROWN &FREITAS,2000).Asborboletasapresentamemgeralmaioresabundâncias deindivíduosnasépocasmaisquentes,correspondentesaoperíododechuvas (BROWN,1997),oquepodeserexplicadoempartepelofatoqueémaiora ofertaderecursosalimentaresnaprimaveraeverão.Adistribuiçãoderecursos nutricionais é provavelmente o maior fator controlador da estrutura das populações de borboletas não migratórias em florestas tropicais (GILBERT, 1984). Quandoanalisadasarelaçãodaabundânciaedariquezacomasvariáveis ambientais de temperatura e precipitação, o número de indivíduos coletados mostra correlação positiva com a temperatura [r s=0,73; p<0,01], e com a precipitação [r s=0,57; p=0,05]. Já o número de espécies não mostrou correlação com a temperatura e precipitação: [r s=0,39; p=0,21] e [r s=0,54; p=0,07] (Figura 7). Podemos observar claramente no gráfico que nos meses em que há um aumento na temperatura e na precipitação o número de indivíduoscoletadostambémémaior. AabundânciadeborboletasNymphalidaedaLagoadoPerimostrouestreita relação com a sazonalidade, sendo os meses mais quentes os de maior sucessodecoleta.SegundoBrown&Freitas(2000),emlugarescosteirosno Brasil, os meses de maior riqueza são de abril a setembro, sendo bastante pobres no verão e na primavera. No presente estudo, os meses em que se obteve maior riqueza foram os correspondentes ao período de primavera verão,dedezembroamarço.Estefatopodeserexplicadopeloclimadaregião sulserbastantediferenciadodorestodopaís,semumaforteestaçãosecae com períodos bem característicos nas diversas estações, com temperaturas bastante definidas ao longo do ano. A temperatura média mínima registrada durante o estudofoi de 15,44 oCemjulho/2007eamáximafoinomêsde fevereiro/2008com25,04oC.

25 30 500

450 25 400

350 20 Númerodeindivíduos 300 Númerodeespécies 15 250 precipitação(mm) temperatura(oC) 200

10 (mm) Precipitação 150

100 5 50

0 0

o o ro ro o bro rç ulh ei a J tubro m Abril Maio unh Agosto u M J O Jan Setembro Nove Dezemb Fevereiro Figura 7. Relação da riqueza e abundância de espécies de Nymphalidae com a temperatura e a precipitação de julho/2007 a junho/2008 no Parque Municipal da LagoadoPeri,Florianópolis,SC

Naanálisedeagrupamento,quecomparaasemelhançaentreosmesesa partir do número de indivíduos por espécie, se observa que os meses mais frios tiveram certa similaridade na comunidade de borboletas, assim como houvecertasimilaridadeentreosmesesmaisquentes(Figura8).

26 0

Figura 8.AnálisedeagrupamentodasborboletasNymphalidaecoletadasaolongo deumanonaLagoadoPerientrejulho/2007ejunho/2008 Nodendrogramaépossívelobservaraformaçãodedois grandes grupos comapenas6%desimilaridadeentresi:umenvolvendoosmesesdejunho, julho e outubro e outro grande grupo com os meses de janeiro, fevereiro, março,abril, setembro, novembro e dezembro. Dentre este último formouse um segundo grupo com os meses de fevereiro, março e abril (além de novembro),osquaiscorrespondemaosmesescommaiorprecipitação(entre 211,7e447,4mm),comsimilaridadede55%.Ooutrosubgrupoquepodeser observadoenvolveosmesesdesetembro,dezembroejaneiro,agrupadoscom uma similaridade de quase 40%. Correspondem ao grupo dos meses com precipitaçãointermediária(entre123,8e133,3mm).Omêsdemaioapareceu isoladonodendrogramaporapresentarapenasumindivíduocoletado,deuma espéciequefoiexclusivadestemês( O.invirae ).

27 Distribuição espacial das borboletas Nymphalidae no PMLP

Naáreadomorroforamcoletadasnoveespécies,eaáreapertodalagoa apresenta uma maior riqueza, com 15 espécies coletadas. A curva de acumulaçãoparaasduasáreasseparadamentemostraqueaáreadomorro obteveboasuficiênciaamostral,sendoqueemcoletasfuturaspoucasespécies novas aparecerão. Na área da lagoa, a amostragem indicouse insuficiente, comojámostradoparaacurvatotal,sendonecessáriasmaiscoletasparaa curvaatingiraestabilidade(Figura9).

20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 Riqueza de espécies LAGOA Riqueza de espécies MORRO 6 5 4 3 2 1 0 Amostras Figura 9.CurvadeacumulaçãodeespéciescalculadaparaborboletasNymphalidae coletadas em duas áreas de Mata Atlântica do Parque Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis,SCcoletadasentrejulho/2007ejunho/2008 O gráfico de distribuição de abundância para a área da lagoa mostra claramenteadominânciadeumaespécie,sendoasoutrasdeocorrênciamais constante, com poucos indivíduos. Na área do morro, a diferença entre o número de indivíduos da espécie mais abundante para a segunda mais abundanteébemmenorquenaáreadalagoa.Adistribuiçãodeabundância

28 paraasduasáreasdecoletaseparadamentemostraquenalagoa,aespécie M.helenor correspondea44%dototaldeindivíduoscapturadosenaáreado morro, amesma espécie corresponde a 40%, sendo esta a mais abundante nasduasáreas.Aespécie H.epinome ,segundamaisabundantenaáreado morro, corresponde a 23,3% do total, e na lagoa a somente 8%, sendo a terceiramaisabundantenessaárea(Figura10).

25 22 20

15

10 5 4 5 3 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 0

s a or us sa i o me i u ra mo rae en nsis t uus t y i no e re el i yper lastrosinv h con C. dirce mor h bel . dr l . ep . sulciu a . I M. orsis O D. c B. C. O M. H. C. M S. blomfildia brasili N. cy C. (A)

25

20

15 12

10 7 5 3 3 1 1 1 1 1 0

r o n s me ra o sis eno o lt d r el in e me . o p M sulciu D. creusa C. b O. M. h H. e S. blomfildiaA. demophon E. lyco (B) Figura 10 .D istribuiçãodeabundânciadosNymphalidaefrugívorosdeMataAtlântica na área da “lagoa” (A) e do “morro” (B), no Parque Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis,SC,coletadosdejulho/2007ajunho/2008 Houve uma diferença grande, tanto em relação à abundância quanto à riqueza,entreasduasáreasdecoletadopresenteestudo.Naáreadomorro foramcoletados30indivíduos,sendoduasespéciesexclusivasdestaárea.Na área perto da lagoa foram coletados 50 indivíduos, sendo oito espécies

29 exclusivas.Asespécies C.beltrao,D.creusa,H.epinome , M.orsis,M.helenor , O.sulcius e S.blomfildia foramencontradasemambasasáreas.Asespécies B. hyperia , C. brasiliensis, C. acontius, C. dirce , I. drymo, M. moruus , N. cyllastros e O. invirae foram encontrados somente na área da lagoa e A. demophon eE.lycomedon somentenaáreademorro(Tabela3). Tabela 3. RelaçãodasespéciesdeborboletasNymphalidae,suasfreqüênciaseáreas emqueforamcoletadasdejulho/2007ajunho/2008naLagoadoPeri,Florianópolis, SC Espécie Morro Freqüência. Lagoa Freqüência. Relativa % Relativa % Archaeopreponademophon 1 3,33 0 0,00 Biblishyperia 0 0,00 1 2,00 Caligobeltrao 1 3,33 1 2,00 Caligobrasiliensis 0 0,00 2 4,00 Catonepheleacontius 0 0,00 2 4,00 Coloburadirce 0 0,00 2 4,00 Dasyophthalmacreusa 3 10,00 2 4,00 Eryphanislycomedon 1 3,33 0 0,00 Hamadryasepinome 7 23,33 4 8,00 Ithomiadrymo 0 0,00 1 2,00 Memphismoruus 0 0,00 2 4,00 Morphohelenor 12 40,00 22 44,00 Mysceliaorsis 1 3,33 1 2,00 Naropecyllastros 0 0,00 1 2,00 Opopterasulcius 1 3,33 3 6,00 Opsiphanesinvirae 0 0,00 1 2,00 Smyrnablomfildia 3 10,00 5 10,00 Totaldeindivíduos 30 100,00 50 100,00 Totaldeespécies 9 15 DiversidadedeShannonWiener 2,501 - 2,994 - AáreadaLagoaapresentouclaramentemaiorriquezaemaiorabundância deindivíduos.SegundoBrown&Hutchings(1997),asáreasmaisdeterioradas dematatendematerumamaiorriquezaemaiorabundânciadeindivíduos,já queoefeitodebordafazcomquemuitosindivíduosdeáreasabertassejam encontrados dentro da mata. No estudo, embora as duas áreas apresentem sinaisdeatividadesantrópicas,aáreadalagoaé mais aberta, a trilha mais utilizadaemaismovimentadaquenaáreadeencosta,sendoexplicadoentãoo porquêdemaiorriquezaeabundâncianesselocal.

30 Através do coeficiente de similaridade de Sorensen, pôdese analisar a similaridadeentreasduasáreasdecoleta.Ovalorobtidofoide0,58,oque mostra que as duas áreas apresentam razoável similaridade de espécies, já que á área da lagoa apresentou oito espécies exclusivas e o morro duas, contraseteencontradasemambasasáreas. Quandoanalisadaspormeiodaporcentagemdesimilaridade,queincluia abundância relativa de cada espécie, a similaridade entre as áreas foi de 69,3%,oquemostraumamaiorsemelhança.Issopodeserexplicadodevidoà grande abundância de M. helenor , que soma mais de 40% dos indivíduos coletados,emcadaárea. A diversidade de ShannonWiener calculada para ambasasáreasmostra queaáreadalagoaalcançouumaltovalordediversidade, próximo de 3,0, sendoumpoucomaisdiversaqueaáreadomorro,oqualatingiuumíndicede 2,5. Estudos anteriores demonstram a preferência de algumas espécies e subfamílias por determinados ambientes (BROWN & FREITAS, 2000; UEHARAPRADO et al ., 2003). A espécie D. creusa e outros da subfamília Brassolinae são sensíveis à fragmentação florestal, possivelmente por apresentarem indivíduos grandes que necessitam de mais espaço e recurso alimentar.Sãoindicadorastantodoefeitodapaisagem quanto indiretamente dosefeitosemvariáveisbióticas. Aespécie M.orsis eassubfamíliasBiblidinaeeCharaxinaeemgeralsão favorecidas pela fragmentação florestal, pois apresentam distribuição preferencialemáreasfragmentadasecorrelacionamsecomvariáveisquenão diferementrepaisagens.JáasubfamíliaMorphinae,àqualpertenceaespécie maisabundantenopresenteestudo,estáassociadapositivamenteàpresença de vegetação. Portanto, os resultados da diversidade de borboletas do presente estudo mostram que a área pode ser caracterizada como um ambienteperturbado,combastanteinfluênciaantrópica, sendo umfragmento dentro de uma ilha, mas com certo grau de conservação, apresentando espéciesdeambientesfechadoseconservadosdeMataAtlântica.

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