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1º COLOCADO NO TEMA II

ESTRUTURA PRODUTIVA FLUMINENSE, ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS, AMBIENTE DE

NEGÓCIOS E FORMALIZAÇÃO

TRABALHO E CONDIÇÕES DE VIDA NAS FAVELAS CARIOCAS

MARCELO NÉRI

RESUMO 2

Utilizando inicialmente os microdados do Censo 2000 fazemos um zoom sobre a situação do trabalho nos morros cariocas, em particular nas comunidades de

Cidade de Deus, Jacarezinho, , Maré, Complexo do Alemão comparando com as demais áreas do município do . Optamos por realizar um contraste deste grupo de regiões administrativas (RAs) com o de RAs de renda mais alta compostas por Lagoa, Barra da , Botafogo, Copacabana e Tijuca. A renda média do trabalho é cerca de 5,3 vezes maior no grupo das áreas mais ricas. Agora ao contrário do estereótipo do malandro do morro carioca, a jornada de trabalho média lá é cinco horas semanais a mais do que no asfalto. O fator fundamental é a desigualdade de escolaridade: média de 11,9 anos completos de estudo de um trabalhador nos bairros de luxo contra 6,2 anos nas comunidades de baixa renda.

Como existe retorno crescente de educação, cada ano a mais de escolaridade rende mais aos ocupados dos bairros de alta renda: 180,5 reais por cada ano de estudo de um ocupado nos bairros ricos contra 65,9 reais dos pobres. Os resultados confirmam que os diferenciais controlados de renda per capita de pessoas nas cinco comunidades de baixa renda analisadas são até 115.8% menores do que na região administrativa da Lagoa, aquela que apresenta a maior renda. Ou seja, os dados comprovam a existência de um viés de renda contra o favelado. Um fato que chama a atenção é que apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais fundamental: cerca de 81% de todas as fontes de renda nestas áreas advém do trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta. Este resultado é confirmado por equações mincerianas de renda domiciliar per capita onde a dummy favela explica cerca de metade dos diferencial explicado por outras variáveis observáveis. Posteriormente, fazemos um experimento de diferença em diferença usando os 3 microdados das PNADs 1996 a 2008 para o município do Rio de Janeiro abertos neste estudo, separando os aglomerados sub-normais, como aproximação das favelas e comparando com as demais áreas da cidade. O exercício permite testar e analisar a evolução recente do viés contra os favelados. O diferencial é maior na renda total (-0,49) do que na renda do trabalho (-0,4). Ou seja, apesar das agruras da vida privada das favelas cariocas, a maior carência parece ser a de Estado no que tange a políticas redistributivas que caracterizam o país nos últimos anos. Por outro lado, a análise de diferença em diferença demonstra que estes diferenciais vem caindo ao longo do tempo. A renda de todas as fontes nas favelas vis a vis as demais áreas tem desempenho qualitativamente similar porém com menor crescimento relativo do que o do trabalho nos últimos anos. Se a chegada de novos programas assistenciais como o Bolsa Familia as comunidades de baixa renda da

Cidade do Rio de Janeiro pode explicar parte do resultado. a maior parte da melhora relativa (e o maior crescimento relativo) das favelas mais uma vez advém da renda do trabalho.

Trabalho e Condições de Vida nas Favelas Cariocas 4

1. Favelas . 2. Metrópoles . 3.Informalidade. 4.Cidades. 5. Rio de Janeiro

1. Introdução O Rio é um estado voltado mais para fora do que para dentro. Os nomes dos principais jornais locais, “Jornal do Brasil” e “O Globo”, refletem o interesse cosmopolita fluminense. O título dos jornais de outros estados faz, em geral, referência à respectiva unidade da federação. No caso dos pesquisadores do Rio, ou melhor dos “Tres Rios”, o ato de olhar para o futuro da Região Metropolitana, da cidade e do Estado, é atípico. O Rio tem vocação para questões nacionais. A recíproca também é verdadeira. Os olhos do Brasil e do mundo também se voltam com freqüência para o Rio. Isto desde os tempos em que o Rio era sede da Corte

Portuguesa. A presença da sede da Rede Globo reforça a visibilidade da vitrine carioca. As imagens do Rio, nem sempre aquelas que causam orgulho local, como da violência e o desemprego nas favelas cariocas, são transmitidas ao vivo e em cores para o resto do país.

O Rio é o Estado mais metropolitano da federação, 76% da população fluminense mora numa metrópole. Não há nenhum estado que chegue perto disso.

No período 1997 a 2003, vivemos no Brasil uma grande crise metropolitana. As

áreas metropolitanas não são as áreas mais pobres, mas foram as localidades onde a renda caiu mais. São Paulo, o maior município brasileiro, foi entre os mais de 5 mil municípios do Brasil onde a pobreza aumentou mais entre os censos de 1991 e

2000, o que dá idéia de como tamanho de cidade e sua evolução social se relacionaram na década de 1990. Tem sido patente a incapacidade do Estado brasileiro nos seus três níveis em lidar com a crise metropolitana, em particular no tema trabalho. De forma que a experiência das grandes favelas cariocas quer pelo 5 problema mais substantivo local, quer pelo seu simbolismo nacional, permite-nos olhar a partir de um dos epicentros da crise metropolitana pregressa tirar lições potencialmente valiosas para a crise iniciada em setembro de 2008.

O Censo 2000 aplicado ao Rio pela sua data e abertura geográfica propiciada por seus dados permitem talvez um dos melhores ângulos para traçar uma fotografia estatística da chamada crise metropolitana. O presente estudo descreve o nível e a evolução das condições de trabalho e de vida no Rio de Janeiro dando destaque à análise das grandes favelas cariocas, tais como Complexo do Alemão, Jacarezinho e Rocinha bem como de reassentamentos urbanos como os da Cidade de Deus e

Maré. O foco nessas comunidades ilustra talvez o lado mais difícil da crise metropolitana brasileira, o surgimento e crescimento de uma nova pobreza muito próxima de áreas de alta riqueza e desassistida pelo Estado. Inovamos ao trabalhar com microdados da PNAD abertos para aglomerados subnormais como aproximação das comunidades de baixa renda e as demais comunidades do município do Rio de Janeiro para oferecer uma visão mais recente da saída desta situação de decadência das grandes cidades brasileiras até 2008. Estes dados permitem situar a composição de renda do município do Rio frente as demais capitais e as periferias das grandes metrópoles brasileiras.

O plano do trabalho é o seguinte: As três seções iniciais analisam a partir do

Censo Demográfico a situação de trabalho e moradia das seis maiores favelas e reassentamentos cariocas. A seção 2 analisa alguns aspectos não trabalhistas das condições de vida nas grandes favelas cariocas. As seções três e quatro estuda as condições de trabalho e o diferencial de renda entre as áreas cariocas. As seções cinco e seis detalham a partir dos microdados da PNAD os diferenciais de renda do trabalho e total entre aglomerados sub-normais e as demais áreas cariocas. detalha 6 a comunidade da Rocinha, analisamos rapidamente as principais características sócio-demográficas e as atividades empresariais lá exercidas. A seção sete busca contextualizar as análises através de uma retrospectiva da crise social recente nas grandes metrópoles brasileiras vis à vis a adoção de novas políticas sociais. As principais conclusões são deixadas para a última seção.

2. Cidade de Deus: O Reassentamento

Cidade de Deus , o filme brasileiro com maior número de indicações da história do Oscar, tem como cenário uma comunidade que protagonizou uma valiosa experiência sobre efeitos de reassentamentos urbanos a partir da remoção de favelas. O relativamente longo período da existência da comunidade, cuja criação remonta a 1966, na cidade do Rio de Janeiro, permite extrair lições úteis para o desenho de um menu de políticas alternativas de provisão de infra-estrutura pública em áreas desfavorecidas — sem a remoção de famílias para outras áreas, como preconiza o programa Favela-Bairro, em execução na cidade — ou de regularização fundiária, em pauta no debate político, função da crise metropolitana brasileira em curso. Mais metropolitano e favelizado estado da federação, o Rio de Janeiro é um privilegiado laboratório de políticas habitacionais.

A realocação de comunidades marginalizadas é um exercício complexo de economia política que pode ser enxergado a partir de diferentes perspectivas dos diversos tipos de atores envolvidos no processo. Em primeiro lugar, a dos antigos vizinhos da favela, no coração da Zona Sul carioca, que perceberam um ganho de capital derivado da valorização imobiliária. Em segundo, as perspectivas do setor público, aí incluindo aspectos políticos e financeiros imediatos e futuros, como custos de remoção ou mudanças prospectivas na arrecadação de impostos, como o 7

Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Por último, e mais importante na perspectiva da pobreza, a ótica dos reassentados, que se confunde com a narrativa perseguida no filme.

É a partir dessa última perspectiva que iremos analisar as condições de habitação, trabalho e vida dos moradores da Cidade de Deus. Em particular, até que ponto a comunidade compartilha os mesmos problemas sociais de outras favelas de grande porte da cidade do Rio de Janeiro, como Rocinha, Complexo do Alemão,

Jacarezinho e Maré 11. Essas comunidades constituem cinco das 32 regiões administrativas cariocas e podem ser analisadas em detalhe a partir do Censo 2000 do IBGE 2. A comparação desses retratos sociais fornece impressões iniciais sobre possíveis implicações dos reassentamentos.

Comecemos por alguns indicadores ligados à habitação, relacionados à própria origem da Cidade de Deus. A proporção de moradias em terreno próprio

(82,8%) é maior que a média das outras quatro comunidades (73,2%) e mesmo de outras do Estado do Rio de Janeiro. O volume de financiamento habitacional (6,9%)

é bem superior ao das quatro comunidades (1,5% da média), o que legitima a idéia de que acesso a crédito e maior formalidade dos direitos de propriedade fundiária caminha de mãos dadas. O acesso das famílias a bens duráveis de alto valor, mais sujeito a restrições de crédito, é maior na Cidade de Deus que nas demais comunidades — máquinas de lavar (55,4% contra 38,3%), automóveis (19,3% contra

12,8%), televisores (99,1% contra 97, 4%) e gravadores de videocassete (61% contra 53,6%) —, o que permitiu à quase-totalidade de seus habitantes assistirem à

1 Apesar de não ser considerada favela — tecnicamente falando, por ser objeto de planejamento urbano —, os habitantes da Maré a tratam pelo nome de favela. cerimônia do Oscar e permitirá a mais da metade deles assistir ao filme no conforto 8 de seus lares 23.

Além de financiamento habitacional e títulos de propriedade, um sinal da presença do Estado na vida dos moradores da Cidade de Deus é o acesso a alguns serviços públicos. A comparação, no entanto, revela números próximos aos das outras comunidades analisadas: rede geral de água (98,2% contra 97,7%), canalização no domicílio (98,3% contra 96.2%) e iluminação (99,1% contra 99,4%).

O lixo coletado é o único item a apresentar maior discrepância favorável à comunidade: (79,1% contra 52,4% das outras quatro comunidades).

Como vimos na tabela da seção anterior, das cinco comunidades analisadas, a da Cidade de Deus tem a maior renda média do trabalho: R$439 contra R$396 da média das outras quatro, embora a jornada de trabalho fique em nível idêntico: 45,8 horas semanais. O diferencial salarial pode ser explicado pela maior escolaridade média dos ocupados (7,2 anos completos de estudo), também a mais alta entre as quatro comunidades analisadas (6,1 anos). Como a taxa histórica brasileira demora cerca de uma década para que escolaridade média suba um ano, a Cidade de Deus está cerca de uma década à frente da das demais favelas, mas 10 anos atrás da totalidade do estado. No item taxa de desemprego, os 22,3% registrados pela comunidade representam o recorde entre as grandes favelas cariocas (média de

19,1%) e de todas 32 regiões administrativas da cidade ou dos 92 municípios do estado. A alta taxa de desemprego não resulta de maior atividade econômica, de vez que a Cidade de Deus tem a menor taxa de participação no mercado de trabalho entre as favelas consideradas (67,9% contra 70,2% da média). A diferença

2 Dos habitantes da Cidade de Deus, 24,2% têm renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo, índice idêntico à média das demais comunidades de baixa renda analisadas. Consistentemente com as imagens do filme, a Cidade de Deus é a região administrativa carioca com maior presença de pessoas que se consideram negros ou pardos (62%), mas — diferentemente do nome — é a terceira em proporção de pessoas sem religião. fundamental na renda percebida no grupo de comunidades é a maior participação 9 de transferências pelo estado, que é mais importante na Cidade de Deus (25,3% contra 19,4%). As condições de moradia da comunidade estão mais próximas das observadas nas grandes favelas cariocas do que no resto da cidade. No entanto, a carência de Estado aparece um pouco menos ali do que nas demais favelas.

Obviamente, simples comparações de retratos de comunidades diversas tiradas num dado ponto do tempo não são capazes de determinar relações de causalidade entre reassentamentos e condições de moradia e de trabalho dos envolvidos. Para isso, era preciso ter uma seqüência de fotografias, de modo a permitir comparar as mesmas pessoas antes e depois da mudança 3, ou preferivelmente um filme que acompanhasse a história de vida dessas pessoas 4.

Serviços e Transferências Públicas

Acesso a Serviços Públicos Transferências

Água rede Canalização do Iluminação Lixo coleta % da Renda Não geral micílio elétrica do Trabalho

Cidade de Deus 98.2% 98.3% 99.1% 79.1% 25.3% Média das demais 4 favelas 97.7% 96.2% 99.4% 52.4% 19.4% Maré 99.5% 97.5% 99.6% 85.0% 17.9% Rocinha 95.3% 96.4% 98.3% 10.7% 18.0% Complexo do Alemão 97.6% 92.9% 99.9% 48.8% 18.2% Jacarezinho 98.5% 97.9% 99.7% 64.8% 23.5% UF (Rio de Janeiro) 81.8% 92.9% 98.9% 83.0% 31.9%

Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE.

3 A programa Favela Bairro, recentemente empreendida pelo Instituto Pereira Passos é um excelente exemplo deste tipo de metodologia. 4 Janice Perlman realiza agora nova pesquisa de campo, entrevistando novamente moradores (e seus familiares) de algumas favelas cariocas, o que faz há cerca de 35 anos. Entre eles, ex- moradores da favela da Catacumba, removida da Lagoa Rodrigo de Freitas para a Cidade de Deus. Há cerca de um ano encontrei Janice no aeroporto de uma cidade do Nordeste, onde estava em busca de ex-moradores que tinham regressado à terra natal.

10 Duráveis e Moradia Financiamento Regularização Acesso a Bens Duráveis Habitacional Fundiária Tem Tem automó Tem videoc Domicílio próprio máquina de la Tem televisão Terreno próprio vel assete pagando var Cidade de Deus 55.4% 19.3% 99.1% 61.0% 6.9% 82.8% Média das demais 4 favelas 38.3% 11.9% 97.4% 53.6% 1.5% 73.1% Maré 38.0% 14.3% 97.1% 49.6% 4.2% 67.3% Rocinha 35.6% 8.9% 96.9% 54.1% 0.4% 71.7% Complexo do Alemão 38.3% 15.2% 97.6% 53.9% 0.8% 82.6% Jacarezinho 41.2% 9.0% 98.0% 56.7% 0.7% 71.0% UF (Rio de Janeiro) 52.1% 34.2% 97.4% 57.6% 5.7% 70.6%

Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE.

3. O Trabalho nos Morros Cariocas

Os dois temas mais presentes em pesquisas de opinião feitas nos últimos anos sobre os principais problemas brasileiros são acima de tudo metropolitanos: desemprego e violência, invariavelmente. Neste processo, a violência carioca tem figurado nas páginas policiais nacionais, em especial a das grandes favelas como

Complexo do Alemão, Maré, e Rocinha. Em que medida a atual onda de violência nos morros cariocas é acompanhada por um mau desempenho trabalhista?

O Censo 2000 permite analisar o desempenho trabalhista nas principais favelas cariocas. Note que em função de diferenças metodológicas, estes dados não são comparáveis àqueles de outras bases de dados como a Pnad, a PME e mesmo do Censo 1991, inviabilizando análises temporais. Trabalhamos aqui com as três favelas citadas acima, mais Cidade de Deus e Jacarezinho que constituem 5 das 32 regiões administrativas (RAs) cariocas. Optamos por realizar um contraste deste grupo de RAs com o de RAs de renda mais alta compostas por Lagoa, Barra da

Tijuca, Botafogo, Copacabana e Tijuca. Utilizamos aqui o banco de dados do Mapa do Fim da Fome II para fazer um zoom sobre a situação do trabalho nos morros cariocas. A renda média do trabalho é cerca de 5,3 vezes maior no grupo das áreas11 mais ricas. Agora ao contrário do estereótipo do malandro do morro carioca, a jornada de trabalho média lá é cinco horas semanais a mais do que no asfalto. O resultado destes dois vieses torna os diferenciais de salário-hora superiores aos observados na renda mensal: 11,8 reais-hora contra 1,99 reais-hora. Um fator é a diferença de cerca de onze anos de idade média entre os dois universos analisados, os jovens têm menos experiência - o que prejudica os salários e mais predisposição a trabalhar mais horas. Outro é a diferença na taxa de informalidade que libera os mercados do piso de salário e do teto de horas impostos pela legislação trabalhista explicando parte dos contrastes. A taxa de cobertura previdenciária entre os ocupados que moram nos bairros de alta renda é de 74,5% contra 68,9% das comunidades de baixa renda. Informalidade trabalhista e fundiária parecem caminhar lado a lado. Já as taxas de participação não são muito diferentes nas

áreas observadas. Cerca de 70% das pessoas em idade ativa em ambas as áreas estão economicamente ativas, isto é trabalhando ou procurando trabalho. A taxa de desemprego representa relevante diferencial entre morro e asfalto: 9,9% nos bairros de alta renda contra 19,1% nas favelas em questão, resultado qualitativamente consistente ao de uma série de pesquisas de campo nos morros cariocas pela

Ence/IBGE contratada pela Secretaria Municipal do trabalho. O excesso de oferta de mão de obra gera uma pressão para baixo no rendimento do trabalho local.

Obviamente, as taxas de participação, informalidade e desemprego tanto quanto as taxas de salários são variáveis endógenas, mesmo no curto prazo.

O fator fundamental é a desigualdade de escolaridade: média de 11,9 anos completos de estudo de um trabalhador nos bairros de luxo contra 6,2 anos nas comunidades de baixa renda. Como existe retorno crescente de educação, cada ano a mais de escolaridade rende mais aos ocupados dos bairros de alta renda: 180,5 12 reais por cada ano de estudo de um ocupado nos bairros ricos contra 65,9 reais dos pobres.

Os vieses observados na renda, jornada e retorno do estudo das pessoas em favelas pode ser sintetizada através do diferencial de salário-hora por ano de estudo de cerca de 307% entre os dois grupos de localidades. Um fato que chama a atenção é que, apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais fundamental: 81% de todas as fontes de renda nestas áreas advêm do trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta. Apesar das agruras da vida privada das favelas cariocas, a maior carência parece ser a de estado.

MAPA TRABALHISTA Subdistritos do Rio de Janeiro População Ocupada

Subdistrito Renda em Jornada Educação Salário por Reais em Horas Salário- dos Ano de Mensais Semanais Hora Ocupados Escola Grandes Favelas Cariocas 405 46.0 1.99 6.2 65.9 Rio de Janeiro Jacarezinho 368 46.0 1.81 6.6 55.6 Maré 395 46.6 1.91 6.0 65.3 Complexo do Alemão 396 45.0 1.99 6.1 65.2 Rocinha 434 45.8 2.14 5.7 76.4 Cidade de Deus 440 45.8 2.17 7.2 60.8

Bairros de Renda Alta Cariocas 2145 40.8 11.82 11.9 180.5 Lagoa 2766 41.2 15.18 12.3 224.7 2664 42.3 14.21 11.2 238.5 Botafogo 1913 40.3 10.73 12.3 155.4 Copacabana 1761 40.7 9.77 11.8 149.1 Tijuca 1631 40.0 9.22 11.8 137.7 Estado do Rio de Janeiro 736 43.4 3.83 8.2 89.3 Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE,

13 MAPA TRABALHISTA Subdistritos do Rio de Janeiro População Ocupada

% da Taxa de Taxa de Tx de Subdistrito Renda do Idade Desemprego Participação Formalidade Trabalho

Grandes Favelas Cariocas 80.6 19.1 70.1 27.3 68.92 Rio de Janeiro Jacarezinho 76.5 21.5 69.4 29.1 67.77 Maré 82.1 18.2 70.6 27.0 67.77 Complexo do Alemão 81.9 19.5 68.5 27.2 65.77 Rocinha 82.0 17.2 72.5 26.0 73.60 Cidade de Deus 74.7 22.3 67.9 29.0 71.34

Bairros de Renda Alta Cariocas 62.9 9.9 71.2 38.3 74.53 Lagoa 63.0 8.7 71.6 38.8 75.20 Barra da Tijuca 74.8 10.4 71.0 31.9 70.42 Botafogo 63.1 9.2 72.7 39.5 76.48 Copacabana 50.8 10.3 70.4 43.0 72.94 Tijuca 61.0 11.4 69.5 38.8 76.75 Estado do Rio de Janeiro 68.1 17.1 66.7 31.0 64.5 Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE,

Equação de Renda: Há um viés contra o favelado?

É importante precisar se apenas atributos pessoais como gênero, raça, idade,

escolaridade, etc. explicam a totalidade dos diferenciais de renda, ou se existe

discriminação contra o favelado, no sentido de que pessoas com atributos

observáveis similares têm acesso a oportunidades de trabalho e de renda diferentes.

Uma forma de fazer isso é comparar a renda familiar per capita de todas as fontes

de moradores das favelas com os moradores de outras regiões com os mesmos

atributos observáveis (sexo, raça, e polinômios de idade e escolaridade). Os

resultados confirmam que os diferenciais controlados de renda per capita de

pessoas nas cinco comunidades de baixa renda analisadas são até 115.8%

menores do que na região administrativa da Lagoa, aquela que apresenta a maior

renda. Ou seja, os dados comprovam a existência de um viés de renda contra o

favelado.

Diferenciais de Renda Familiar Per Capita (base Jacarezinho) 14 População entre 15 e 65 anos de idade Estimativas Estimativas Não Controladas Controladas** Complexo do Alemão -1.74% 3.39% Jacarezinho 0.00% B 0.00% B Maré 7.88% * 12.98% * Santa Cruz 9.69% * 1.72% 10.44% * 5.96% * Cidade de Deus 14.52% * 9.69% * Rocinha 18.31% * 25.11% * 26.00% * 11.73% * Bangu 34.76% * 18.14% * Portuária 36.34% * 27.67% * Campo Grande 38.41% * 18.78% * Anchieta 45.15% * 22.63% * 49.80% * 25.31% * Penha 51.47% * 25.65% * São Cristovão 57.02% * 32.39% * Madureira 61.27% * 28.96% * Inhaúma 64.08% * 31.01% * Ramos 68.55% * 35.64% * Rio Comprido 68.75% * 35.89% * Irajá 76.40% * 37.36% * Ilha de Paquetá 78.78% * 51.89% * Jacarepaguá 82.65% * 46.82% * Santa Teresa 85.54% * 47.54% * Ilha do Governador 96.06% * 53.75% * 101.43% * 50.03% * Centro 113.17% * 66.26% * 147.78% * 75.43% * Tijuca 155.25% * 78.91% * Barra da Tijuca 172.05% * 103.61% * Botafogo 182.60% * 97.29% * Copacabana 183.49% * 99.32% * Lagoa 205.29% * 115.80% * Fonte: CPS/FGV/IBRE a partir dos microdados do Censo Demográfico 2000. B: Todos os dados es tão em comparação com o Jacarezinho (variável omitida na regressão). * Estatisticamente significante ao nível de confiança de 95%. ** Controlada pelas variáveis: sexo, cor ou raça, idade, educação, uf e tamanho de cidade.

De maneira geral, os vieses observados na renda, jornada e retorno do estudo das pessoas em favelas pode ser sintetizada através do diferencial de salário-hora por ano de estudo de cerca de 307% entre os dois grupos de localidades. Um fato que chama a atenção é que apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais fundamental: cerca de 81% de todas as fontes de 15 renda nestas áreas advém do trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta.

Agora quando estendemos a análise para a periferia do Grande Rio notamos áreas onde a renda total e a aquela proveniente de transferências do Estado se situam

5 ambas a níveis de 20 a 25% menores que as das grandes favelas cariocas . Ou seja, apesar das agruras da vida privada das favelas cariocas, e da periferia fluminense, a maior carência parece ser a de estado.

4. Evolução Recente da Renda os Aglomerados Subnormais Cariocas a partir das PNADs

Dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar nos permitem avaliar alguns indicadores de renda e trabalho nas favelas cariocas até

2007. Neste caso note que estamos abrindo a parte de município do Rio de Janeiro pela PNAD o que não é normalmente aberto nas divulgações do IBGE a não ser no

âmbito do convênio com a Prefeitura do Rio que é o único com este tipo de convênio. Outro ponto é que neste caso a aproximação para as favelas seria os setores censitários formados de aglomerados subnormais que são características atribuídas pelo próprio IBGE aos setores antes de ir para o campo, não sendo totalmente satisfatória do ponto de vista empírico e diferente das grandes favelas e reassentamentos urbanos que são áreas que correspondem a Regiões

Administrativas isoladas no Censo 2000. No te diferenças dos questionários do

Censo e da PNAD. Feitas estas ressalvas, conforme podemos observar nos gráficos abaixo, a taxa de ocupação nos aglomerados subnormais cariocas atinge o nível

5 O exemplo mais marcante é Engenheiro Pedreira, distrito de Japeri, que apresenta o maior déficit per capita de pobreza de todo estado superando inclusive o de áreas com São Francisco de Itabapoana no Norte Fluminense (veja o detalhamento a nível de regiões administrativas cariocas e subdistritos fluminenses. De toda a forma a taxa de pobreza nestes locais é menos da metade a de municípios mais pobres brasileiros como Centro do Guilherme no Maranhão. mais baixo em 2001 com 39,1% assumindo trajetória ascendente a partir de então 16 atingindo 44,8% em 2006, mas caindo no último ano para 41,2%. Em 2007, a taxa de ocupação nestas localidades está 3,77 pontos de percentagem inferior ao nível apresentado nas demais localidades cariocas em 2007. Numa perspectiva de longo prazo, se olharmos o avanço dos últimos 11 anos, a proporção de ocupados residentes nas favelas manteve-se praticamente constante (41,7% em 1996 contra

42,36% em 2007).

Taxa de Ocupação - Município do Rio de Janeiro

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Nesse mesmo intervalo de 11 anos, a escolaridade média do carioca ocupado sobe 1,34 anos de estudo, sendo este avanço relativo pouco maior nas favelas (1,5 contra 1,17 nos demais lugares). Em 2007, a escolaridade média do carioca ocupado atinge 10,9 anos de estudos (7,5 entre os moradores de favelas).

Educação Média dos Ocupados - Município do Rio de Janeiro 17

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Em termos de evolução da renda do trabalho, os dois grupos apresentaram queda desde o início das séries. A redução de salário dos cariocas foi de 18,5% no período entre 1996 e 2007, esta menos sentida nas favelas (cai 15,7% contra de 20,4% dos outros locais). Ao incluímos outras fontes de renda individuais, observamos trajetória semelhante, conforme podemos ver no segundo gráfico abaixo.

Renda do Trabalho dos Ocupados - Município do Rio de Janeiro

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Renda dos Ocupados - Município do Rio de Janeiro 18

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

5. Renda Domiciliar: Decomposição em Diferentes fontes.

A seguir apresentamos a decomposição da renda dos ocupados cariocas em diferentes fontes. Optamos por analisar aqui a renda domiciliar per capita, ou seja, a renda socilaizada no interior dos domicílios, já que incluimos fontes diversas alternativas ao trabalho, tais como transferências públicas de programas sociais e aposentadorias. Os dados mostram que a renda do trabalho é relativamente mais importante nas favelas (87,7% contra 83,7% nas demais localidades). Em termos de transferencias públicas, os programas sociais respondem por 0,52% da renda nas favelas cariocas (0,59% no resto do Rio), enquanto que a previdência até 1 salário mínimo contribui com 4,5% (1,06%). Já quando avaliamos a previdência acima de 1 salário mínimo destacamos as demais localidades (16,08% da renda).

Decomposição de Renda Domiciliar per Capita Por Fontes de Renda 19 Nível de Rendimentos Ocupados Município do Rio

Renda Renda Outras Piso Previdencia todas Transferências Categoria Ano todos os rendas Previdencia as Pública - BF* Pós-piso > trabalhos privadas - SM* fontes SM* Não especial 2007 1075,7 900,31 14,37 6,3 11,39 143,32 Aglomerado 2007 358,63 314,67 2,43 1,87 16 23,66 subnormal Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Decomposição de Renda Domiciliar per Capita Por Fontes de Renda Participação (%) das Diferentes Fontes Ocupados Município do Rio

Renda Renda Outras Piso Previdencia todas Transferências Categoria Ano todos os rendas Previdencia as Pública - BF* Pós-piso > trabalhos privadas - SM* fontes SM* Não especial 2007 100 83,70 1,34 0,59 1,06 13,32 Aglomerado 2007 100 87,74 0,68 0,52 4,46 6,60 subnormal Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Equações de Renda: Como anda o viés contra o favelado?

Os dados mais recentes confirmam qanalisados nas duas últimas seções confirmam que apesar de toda precariedade trabalhista, precariedade ainda maior se refere a presença do setor público nos aglomerados subnormais. Mas será que esta diferença tem se mantido, aumentado ou diminuido no período recente?

Equação Minceriana 20

A equação minceriana de salários serve de base a uma vasta literatura empírica de economia do trabalho. O modelo salarial de Jacob Mincer (1974) é o arcabouço utilizado para estimar retornos da educação, entre outras variáveis determinantes do salário. Mincer concebeu uma equação para rendimentos que seria dependente de fatores explicativos associados à escolaridade e à experiência, além de possivelmente outros atributos, como sexo, por exemplo.

Essa equação é a base da economia do trabalho em particular no que tange aos efeitos da educação. Sua estimação já motivou centenas de estudos, que tentam incorporar diferentes custos educacionais, como impostos, mensalidades, custos de oportunidades, material didático, assim como a incerteza e a expectativa dos agentes presentes nas decisões, o progresso tecnológico, não- linearidades na escolaridade etc. Identificando os custos da educação e os rendimentos do trabalho, viabilizou o cálculo da taxa interna de retorno da educação, que é a taxa de desconto que equaliza o custo e o ganho esperado de se investir em educação -- a taxa de retorno da educação, que deve ser comparada com a taxa de juros de mercado para determinar a quantidade ótima de investimento em capital humano. A equação de Mincer também é usada para analisar a relação entre crescimento e nível de escolaridade de uma sociedade, além dos determinantes da desigualdade.

O modelo econométrico de regressão típico decorrente da equação minceriana é: ln w = β0 + β1 educ + β2 exp + β3 exp² + γ′ x + є onde w é o salário recebido pelo indivíduo; educ é a sua escolaridade, geralmente medida por anos de estudo; exp é sua experiência, geralmente aproximada pelo idade do indivíduo; x é um vetor de características observáveis do indivíduo, como raça, gênero, região; e є é um erro estocástico. Este é um modelo de regressão no formato log-nível, isto é, a variável dependente - o salário - está em formato logaritmo e a variável independente mais relevante - a escolaridade - está em nível. Portanto, o coeficiente β1 mede quanto um ano a mais de escolaridade causa de variação proporcional no salário do indivíduo. Por exemplo, se β1 é estimado em 0,18, isso quer dizer que cada ano a mais de estudo está relacionado, em média, com um aumento de salário de 18%. Matematicamente, tem-se que:

Derivando, encontramos que ( ∂ ln w / ∂ educ ) = β1 Por outro lado, pela regra da cadeia, tem-se que: (∂ ln w / ∂ educ) = ( ∂ w / ∂ educ) (1 / w) = ( ∂ w / ∂ educ) / w)

Logo, β1 = ( ∂ w / ∂ educ) / w, correspondendo, portanto, à variação percentual do salário decorrente de cada acréscimo unitário de ano de estudo. Aplicamos exercícios de diferença em diferença a fim de captar o 21 desempenho relativo das favelas frente às demais localidades do município do Rio de Janeiro. Analisamos a renda domiciliar per capita carioca em diferentes pontos do tempo: 1996, 1999, 2001, 2005 e 2008 6.

Estimador de diferenças-em-diferenças Exemplo de metodologia aplicada a dois períodos distintos

Em economia, muitas pesquisas são feitas analisando os chamados experimentos. Para analisar um experimento natural sempre é preciso ter um grupo de controle, isto é, um grupo que não foi afetado pela mudança, e um grupo de tratamento, que foi afetado pelo evento, ambos com características semelhantes. Para estudar as diferenças entre os dois grupos são necessários dados de antes e de depois do evento para os dois grupos. Assim, a amostra está dividida em quatro grupos: o grupo de controle de antes da mudança, o grupo de controle de depois da mudança, o grupo de tratamento de antes da mudança e o grupo de tratamento de depois da mudança. A diferença entre a diferença verificada entre os dois períodos, entre cada um dos grupos é a diferenças-em-diferenças, representada com a seguinte equação: g3 = (y 2,b – y2,a) – (y 1,b – y1,a) Onde cada Y representa a média da variável estudada para cada ano e grupo, com o número subscrito representando o período da amostra (1 para antes da mudança e 2 para depois da mudança) e a letra representando o grupo ao qual o dado pertence ( A para o grupo de controle e B para o grupo de tratamento). E g3 é a estimativa a partir da diferenças-em-diferenças. Uma vez obtido o g3, determina-se o impacto do experimento natural sobre a variável que se quer explicar.

Apresentamos abaixo os resultados estimados a partir de uma equação do log da renda domiciliar per capita total e de todas as fontes aplicadas ao município do Rio de Janeiro. Além de vários controles sócio-demográficos incluimos entre as variáveis de tratamento o fato da pessoa estar ou não residindo em uma residência situada num agregado sub-normal, como aproximação de favela. Outra variável de interesse é a variável dummy ano que interagindo com a dummy de agregado sub- normal. Corroborando o que vimos nas seções acima, a renda controlada dos agregados sub-normal é menor (-0,49), porém ela está menos distante da renda das outras localidades quando observamos a renda proveniente do trabalho (-0,40). Este resultado é robusto quando analisamos a renda individual para as pessoas

6 Optamos por excluir da análise os anos 2004 e 2006 para fugirmos do que chamamos de “efeito suplemento”. Melhor explicando, nesses dois anos a parte suplementar do questionário da PNAD se refere a perguntas detalhadas sobre as fontes renda. Acreditando que esta diferença pode influenciar nas respostas das pessoas, o que prejudicaria as comparações temporais, decidimos por não incluí- los na análise. ocupadas em idade ativa, ou seja, sem a hipótese de socialização intra-domiciliar. 22

A análise de diferença em diferença indica que há um crescimento relativo da renda do trabalho nos aglomerados subnormais em relação aos demais em particular a partir de 2005 chegando a 0,14 em 2008 (era 0,06 em 2005). A renda de todas as fontes tem desempenho qualitativamente similar porém com menor crescimento relativo nos últimos anos chegada de novos programas assistenciais como o Bolsa

Familia as comunidades de baixa renda da Cidade do Rio de Janeiro mas que grande parte da melhora e o crescimento relativo das favelas vem da renda do trabalho. A regressão completa pode ser encontrada no anexo.

Os resultados mostram acúmulo relativo favorável às favelas ao longo dos anos. Analisando por partes os resultados da regressão, percebemos:

1- Renda da favela inferior às demais localidades (-0,49).

2- Maiores níveis de renda em 1996. Apesar da queda, essa distância foi

diminuindo ao longo do tempo a partir de 2005 quando era 0,14 menor que

a de 1996. Atinge em 2008, a renda inferior em 0,06 quando comparado a

1996.

3 - Há crescimento relativo das favelas ao longo dos anos, captado pelos sinais positivos das dummies interativas. Estamos em 2008 na melhor situação relativa (menor distancia entre favelas e o restante) em particular a partir de 2005 chegando a 0,93 em 2008 (era 0,039 em 2005). .

Os efeitos são parecidos quando analisamos a renda do trabalho.

Equação renda domiciliar per capita 23 Município do Rio de Janeiro

Wald 95% Limites Pr > Qui- Parametro Estimativa Erro Padrão de Confiança Qui-Quadrado Quadrado asubnormal Sim -0.4910 0.0228 -0.5358 -0.4463 462.50 <.0001 asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . anoo 1999 -0.1036 0.0128 -0.1287 -0.0785 65.21 <.0001 anoo 2001 -0.1394 0.0129 -0.1647 -0.1141 116.63 <.0001 anoo 2005 -0.1402 0.0130 -0.1657 -0.1147 116.15 <.0001 anoo 2008 -0.0619 0.0132 -0.0877 -0.0361 22.11 <.0001 anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo Sim 1999 0.0844 0.0321 0.0214 0.1473 6.90 0.0086 asubnormal*anoo Sim 2001 0.0129 0.0329 -0.0517 0.0774 0.15 0.6958 asubnormal*anoo Sim 2005 0.0391 0.0334 -0.0263 0.1045 1.37 0.2418 asubnormal*anoo Sim 2008 0.0938 0.0342 0.0268 0.1609 7.53 0.0061 asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . .

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Equação renda domiciliar per capita do trabalho Município do Rio de Janeiro

Wald 95% Limites Pr > Qui- Parametro Estimativa Erro Padrão de Confiança Qui-Quadrado Quadrado asubnormal Sim -0.4043 0.0247 -0.4526 -0.3559 268.80 <.0001 asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . anoo 1999 -0.1372 0.0143 -0.1652 -0.1092 92.34 <.0001 anoo 2001 -0.1804 0.0144 -0.2085 -0.1522 157.83 <.0001 anoo 2005 -0.1828 0.0144 -0.2111 -0.1545 160.18 <.0001 anoo 2008 -0.0778 0.0147 -0.1065 -0.0491 28.18 <.0001 anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo Sim 1999 0.0982 0.0349 0.0299 0.1665 7.94 0.0048 asubnormal*anoo Sim 2001 0.0757 0.0359 0.0053 0.1460 4.44 0.0350 asubnormal*anoo Sim 2005 0.0616 0.0364 -0.0097 0.1329 2.87 0.0905 asubnormal*anoo Sim 2008 0.1443 0.0375 0.0709 0.2178 14.85 0.0001 asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE 4. Zoom sócio-demográfico na Rocinha 24

A miséria atinge 19.45% da população fluminense e 14,57% dos cariocas em

2000. Importante destacar que apesar de possuir a menor proporção de pobres, a cidade do Rio dada a sua população é a que mais contribui para a pobreza total do

Estado (30,35%), isso se deve ao fato de grande parte da população fluminense aí residir. Dividindo o município em Regiões Administrativas, ela varia desde menos de

4% nas RAs de Botafogo, Copacabana e Lagoa até 29.4% no Complexo do Alemão.

Outras favelas e ressentamentos como Jacarezinho (27,54%), Cidade de Deus

(26,02%), Maré (25.235) e Rocinha (21.89%) se destacam entre as regiões mais miseráveis do município. Dessa forma, o conjunto das cinco grandes favelas cariocas se equipara a periferia metropolitana fluminense (25,87% contra 24,73% de miseráveis), sendo a segunda acompanhada de maior desigualdade, enquanto nas favelas o índice de gini varia de 0.31 a 0.34, na periferia metropolitana é 0.48.

Nas tabelas do apêndice encontramos o custo da erradicação da miséria no

Estado, município do Rio e em todas as regiões administrativas. Os dados mostram que seriam necessários na melhor das hipóteses R$ 14,04 em média, por pessoa mês, para acabar com a pobreza no estado, totalizando um custo de R$ 109 milhões mensais e R$ 1.3 bi anuais. Analisamos o custo da erradicação da miséria sob outras duas perspectivas, como por exemplo: cada miserável fluminense deveria receber, em média R$ 39,24; por outro lado cada não miserável deveria contribuir com R$ 9,47, para que a miséria fosse totalmente aliviada. No conjunto de favelas, o recebimento médio por miserável seria R$ 40,67 (R4 1,21 acima da periferia fluminense), enquanto a contribuição dos que estão acima da linha, R$ 14,17 (R$

0,79 a mais). Os dados permitem a população em nível de localidades enxergarem a sua vizinhança desde uma perspectiva própria. Por exemplo, o déficit social da 25

Rocinha é de 575 mil reais mensais, o que daria cerca de 3,56 reais mensais por cada não miserável da região administrativa vizinha da Lagoa (inclui e

Leblon), a mais rica da cidade. Portanto, a renda média fluminense (ou mesmo da

Zona Sul Carioca) oculta a riqueza da Bélgica, a miséria da Índia e a violência da

Colômbia.

MAPA DO FIM DA FOME DA POPULAÇÃO TOTAL Rio de Janeiro - Medidas de Miséria

Transferências Mínimas para Erradicar a Miséria % Miseráveis R$ não R$ pessoa R$ total mês R$ miserável miserável

Brasil 33.15 14.04 2,371,086,203 21.00 42.35 UF - Rio de Janeiro 19.45 7.63 109,159,553 9.47 39.24 Periferia Metropolitana 24.73 9.81 48,251,803 13.38 39.46 Município do Rio de Janeiro 14.57 5.89 34,172,061 6.90 40.45 Grandes Favelas Cariocas 25.87 10.47 3,237,898 14.17 40.67 Cidade de Deus 26.02 11.57 439,851 15.64 44.48 Complexo do Alemão 29.40 11.84 769,867 16.77 40.28 Jacarezinho 27.54 9.91 360,977 13.67 35.97 Maré 25.23 9.62 1,091,600 12.87 38.14 Rocinha 21.89 10.22 575,604 13.09 46.70 Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados da amostra do Censo Demográfico 2000/IBGE.

Detalhamos agora um perfil dos moradores da Rocinha tendo como base os dados do Censo Demográfico de 2000. Apresentamos na tabela a seguir as principais características dos moradores de uma das comunidades de baixa renda mais conhecidas, através dos seguintes atributos sócio-demográficos: gênero, faixa etária, posição na família, escolaridade, raça, religião, estado civil, natureza da união. Incluímos também algumas variáveis de natureza econômica como setor de atividade e contribuição previdenciária.

Realizamos a seguir uma breve análise desta população comparando às características sócio-demográficas dos cariocas e dos cariocas em situação de miséria. Identificamos 56307 moradores na Rocinha, destes, 38,49% ocupam a posição de filhos nos domicílios, e 31,64% são chefes. Quando olhamos os domicílios dos cariocas em situação de miséria vemos que neste caso aqueles que 26 ocupam a posição de filhos representam 48,12%. Um dado importante é a questão etária, o maior grupo na Rocinha é daqueles que têm entre 20 e 24 anos (12,12%), o número de pessoas idosas, é relativamente baixo, ou seja, na Rocinha temos majoritariamente mais crianças e jovens. Entre os miseráveis o grupo mais representativo é o das crianças de 0 a 4 anos (15,52%), seguido pelo grupo daqueles que têm entre 5 a 9 (13,78%) e de 10 a 14 anos (11,45%). Quando olhamos o total de cariocas (pobres e não pobres), notamos que, diferente da

Rocinha e dos lugares pobres, o grupo etário mais significativo é o dos idosos

(12,76%).

Na Rocinha e no município do Rio como um todo, a maioria das pessoas se denominou de cor branca, 53,86% e 58,4% respectivamente, já entre os cariocas miseráveis, a maior parte deles (44,03%) se autodenominaram de cor parda e

39,78% de cor branca.

Um dos quesitos mais importantes a ser analisado é a posição na ocupação, nos 3 universos em análise a maior parcela da população é composta por inativos:

39,35% entre os miseráveis; 37,26% entre o total dos cariocas, e 28,96% na

Rocinha. Na Rocinha o grupo dos empregados com carteira também é bastante representativo: 26,93%.

Uma outra variável social de grande importância é o nível de educação, a maioria dos cariocas (33.34%) tem de 8 a 11 anos de estudo, na Rocinha o grupo mais numeroso, 31,75%, têm de 4 a 7 anos de estudo; por outro lado, na Rocinha, aqueles que não têm nenhum grau de instrução representam o segundo grupo mais relevante. Quando nos voltamos para o grupo dos cariocas miseráveis, a situação muda, a maior parte deles não tem grau de instrução, comprovando a forte ligação 27 existente entre miséria e baixa educação.

Sendo assim, as variáveis que mais distinguem estes três grupos são a escolaridade, a faixa etária e a raça. Resumidamente, a Rocinha é composta por crianças e jovens, que ocupam a posição de filhos no domicílio, a maioria se denomina de brancos e depois de pardos, por um lado temos um grupo numeroso que têm um nível de educação relativamente razoável (de 4 a 7 anos ) contrastando com um grupo também significativo cujo nível de educação é extremamente baixo

(sem instrução ou menos de 1 ano de estudo). Vimos também que a maior parte dos moradores da Rocinha é inativa e trabalhadores com carteira assinada. Podemos dizer que a Rocinha apresenta certas características similares ao conjunto do município e outras que a assemelham às localidades pobres do município. Apresentamos abaixo a tabela completa dos Retratos Sociais da Rocinha e 28

RETRATO SOCIAL U niverso: M em bros efetivos no dom icílio M unicípio do Rio de Janeiro . R ocinha T otal M iserável Total C om posição Com posição Com posição V ertical N º de Pessoas N º de Pessoas N º de Pessoas V ertical (% ) V ertical (% ) ( % ) Total 5798361 100.00 844582 100.00 5 6 3 0 7 1 00.00 S e x o M asculino 2721064 46.93 389290 46.09 2 7 7 1 9 4 9 .2 3 F em inino 3077297 53.07 455293 53.91 2 8 5 8 8 5 0 .7 7 Posição na Fam ília C h efe 1919541 33.10 238258 28.21 1 7 8 1 7 3 1 .6 4 C ônjuge 1169197 20.16 129110 15.29 1 1 1 0 2 1 9 .7 2 F ilho(a) 2212764 38.16 406439 48.12 2 1 6 7 2 3 8 .4 9 Pai, m ãe, sogro(a) 85900 1.48 5361 0.63 3 4 7 0 .6 2 N eto(a) 167602 2.89 39019 4.62 1 8 0 4 3 .2 0 Irm ão, irm ã 79918 1.38 8144 0.96 1 2 7 0 2 .2 6 O utro parente 127580 2.20 15435 1.83 1 6 8 9 3 .0 0 A gregado 35859 0.62 2817 0.33 6 0 8 1 .0 8 F aixa etária 0 a 4 447063 7.71 131098 15.52 6 1 3 8 1 0 .9 0 5 a 9 433332 7.47 116359 13.78 5 3 9 9 9 .5 9 10 a 1 4 441613 7.62 96686 11.45 4 6 8 0 8 .3 1 15 a 1 9 501546 8.65 84316 9.98 5 4 0 4 9 .6 0 20 a 2 4 507406 8.75 67660 8.01 6 8 2 6 1 2 .1 2 25 a 2 9 463798 8.00 59926 7.10 6 0 4 8 1 0 .7 4 30 a 3 4 439121 7.57 59761 7.08 5 3 4 3 9 .4 9 35 a 3 9 454426 7.84 59046 6.99 4 4 9 9 7 .9 9 40 a 4 4 431442 7.44 48271 5.72 3 6 1 7 6 .4 2 45 a 4 9 380790 6.57 34239 4.05 2 6 9 8 4 .7 9 50 a 5 4 315859 5.45 24226 2.87 1 9 9 6 3 .5 4 55 a 5 9 242069 4.17 17303 2.05 1 1 6 4 2 .0 7 60 ou m ais 739896 12.76 45690 5.41 2 4 9 5 4 .4 3 C or ou raça B ra nca 3400298 58.64 336002 39.78 3 0 3 2 6 5 3 .8 6 P re ta 541996 9.35 123577 14.63 4 8 8 8 8 .6 8 A m arela 12916 0.22 1760 0.21 0 0 .0 0 P a rd a 1785680 30.80 371874 44.03 2 0 5 0 1 3 6 .4 1 Indígena 15345 0.26 2477 0.29 4 0 0 .0 7 O utras 42127 0.73 8892 1.05 5 5 3 0 .9 8 R eligião Sem religião 771806 13.31 174943 20.71 7 6 0 8 1 3 .5 1 C atólica 3546767 61.17 435348 51.55 3 8 9 2 5 6 9 .1 3 E vangélica 1067722 18.41 201431 23.85 8 4 4 6 1 5 .0 0 E spiritualista 203284 3.51 8204 0.97 2 4 0 0 .4 3 A fro-brasileira 101947 1.76 11957 1.42 3 4 5 0 .6 1 O rientais 56917 0.98 2545 0.30 1 8 1 0 .3 2 O utras 49918 0.86 10156 1.20 5 6 2 1 .0 0 A nos de E studo Sem instrução ou m enos 945416 16.30 266938 31.61 1 5 2 4 5 2 7 .0 7 1 a 3 661100 11.40 155195 18.38 1 1 1 4 7 1 9 .8 0 4 a 7 1405515 24.24 248005 29.36 1 7 8 7 5 3 1 .7 5 8 a 1 1 1933383 33.34 158276 18.74 1 0 3 9 1 1 8 .4 5 12 ou m ais 833395 14.37 13052 1.55 1 2 2 4 2 .1 7 ignorado 19551 0.34 3118 0.37 4 2 6 0 .7 6 N atureza da últim a C asam ento civil e 1447715 24.97 92167 10.91 5 6 2 1 9 .9 8 Só casam ento civil 640399 11.04 74141 8.78 5 9 0 1 1 0 .4 8 Só casam ento religioso 34500 0.59 4199 0.50 8 4 0 1 .4 9 U nião consensual 1092097 18.83 196280 23.24 1 7 0 7 2 3 0 .3 2 N unca viveu 1703255 29.37 230339 27.27 1 5 3 3 6 2 7 .2 4 Ignorado 880396 15.18 247457 29.30 1 1 5 3 7 2 0 .4 9 E stado C ivil C asado(a) 1770445 30.53 152898 18.10 1 1 7 4 1 2 0 .8 5 D esquidado(a) 132100 2.28 10902 1.29 6 1 2 1 .0 9 D ivorciado(a) 149077 2.57 9303 1.10 4 9 4 0 .8 8 Viúvo(a) 329628 5.68 24499 2.90 1 4 7 5 2 .6 2 Solteiro(a) 2536716 43.75 399524 47.30 3 0 4 4 8 5 4 .0 7 Ignorado 880396 15.18 247457 29.30 1 1 5 3 7 2 0 .4 9 Posição na O cupação D esem pregado 441442 7.61 136522 16.16 4 9 2 1 8 .7 4 In a tiv o 2160433 37.26 332360 39.35 1 6 3 0 4 2 8 .9 6 Funcionário Público 167543 2.89 1805 0.21 3 2 2 0 .5 7 Em pregado com carteira 1114682 19.22 51660 6.12 1 5 1 6 4 2 6 .9 3 Em pregado sem carteira 435192 7.51 42597 5.04 4 4 5 6 7 .9 1 C onta-própria 497620 8.58 30211 3.58 3 4 1 6 6 .0 7 Em pregador 88320 1.52 272 0.03 1 3 4 0 .2 4 Não-rem unerado 11247 0.19 1336 0.16 2 3 0 .0 4 Próprio consum o 1486 0.03 362 0.04 3 1 0 .0 6 Ignorado 880396 15.18 247457 29.30 1 1 5 3 7 2 0 .4 9 C ontribuia para C ontribui 1606548 27.71 60937 7.22 1 7 0 9 6 3 0 .3 6 Não Contribui 709544 12.24 67306 7.97 6 4 5 0 1 1 .4 6 Ignorado 880396 1 5 .1 8 247457 2 9 .3 0 1 1 5 3 7 2 0 .4 9 Fonte: CPS/FGV processando os m icrodados do Censo D em ográfico 2000/ IB G E também detalhamos numa outra tabela esse Retrato detalhado por faixas etárias.

5. Os Empresários da Rocinha 29

O principal objetivo desta seção do trabalho é subsidiar a aplicação de políticas locais de incremento das atividades micro-empresariais nas áreas de baixa renda. Em particular, empreendemos um estudo de caso dos micro-empresários da favela Rocinha. Mais forte do que a escassez nas favelas de recursos privados, seja de capital físico, humano ou social, é a escassez de serviços e políticas públicas.

Neste sentido o universo aqui analisado constitui num laboratório privilegiado acerca dos constrangimentos e carências que devem ser combatidos através da ação pública e de suas possíveis interações com ações privadas.

a. Perfil dos micro-empresários da Rocinha

Segundo a tabela 1 abaixo, podemos verificar que os micro-empresários da

Rocinha geralmente pertencem mais ao sexo masculino (existem 8,2% mais homens do que mulheres), são casados ou apresentam união livre (65.4%) e apresentam faixa etária de 26 a 50 anos, visto que 70,23% da população concentram-se nesta faixa de idade. Esta participação dos indivíduos em prime-age é bastante similar às encontradas segundo a PNAD. De acordo com esta última pesquisa, 69.31% dos contas-próprias e 68.71% dos empregadores de empresas com até cinco empregados se situavam nesta faixa etária.

DADOS GERAIS 30 População (%) Sexo Masculino 54.10 Feminino 45.90 Idade 15 Anos ou Menos 0.60 16 a 20 Anos 4.71 21 a 25 Anos 6.21 26 a 30 Anos 12.22 31 a 35 Anos 15.03 36 a 40 Anos 18.24 41 a 45 Anos 12.32 46 a 50 Anos 12.42 51 a 55 Anos 8.12 56 a 60 Anos 4.61 61 a 65 Anos 3.51 66 a 70 Anos 1.10 Mais de 70 Anos 0.90 Estado Civil Solteiro 23.50 Casado/União Livre 65.40 Separado/Divorciado 7.80 Viúvo 3.30 Fonte : Rocinha

De acordo com a tabela 2 abaixo, nota-se que entre os micro-empresários da

Rocinha predomina a baixa escolaridade, pois o analfabetismo abrange 11,81% da população e 66,56% da população era alfabetizado, mas possuía apenas o 1 0 grau

(completo ou incompleto). De acordo com a PNAD de 1996 existia entre os contas- próprias cariocas 6,34% de analfabetos e 51.53% de alfabetizados com até o 1 0 grau completo. Estas mesmas estatísticas sobem respectivamente para 2.41% e 49.17% entre empregadores com até cinco empregados.

O baixo nível de educação dos micro-empresários da Rocinha pode ser também captado pela baixa participação relativa daqueles com 2 0 grau completo:

8.9% entre os micro-empresários da Rocinha contra 12.66% e 24.89% com superior incompleto entre os contas-próprias e empregadores com até cinco empregados cariocas. A escassez de capital humano entre os micro-empresários da Rocinha pode se apresentar como um importante redutor da taxa de retorno dos outros 31 tipos de capital utilizados pelos micro-empresários.

Os micro-empresários da Rocinha normalmente possuem imóvel próprio

(82,68%). Embora a pesquisa não apresente a participação de direitos formais de propriedade que poderiam facilitar o uso do imóvel como colateral de empréstimos.

Apenas 14.21% habitam imóveis alugados.

Quanto à ocupação dos micro-empresários da Rocinha, eles geralmente são biscateiros ou dedicam-se à produção doméstica (33,4%), são micro ou pequeno proprietário (43,8%), ou ainda são autônomos, do tipo, chofer, caminhoneiro, pedreiro, corretor, técnico, professor particular (14,63%), conforme a tabela 2.

A variável econômica síntese da pesquisa talvez seja a renda familiar desses micro-empresários. Nota-se que a renda mensal familiar concentra-se na faixa de

200 a 800 reais, visto que enquanto 45,81% dos micro-empresários da Rocinha se inserem nesta faixa, somente 15,57% dos micro-empresários recebe de 1000 a 1500 reais como renda mensal familiar e apenas 17,56% ganha mais de 1.500 reais. (vide tabela 2)

Quanto às características de fecundidade: 80,10% dos micro-empresários da

Rocinha têm filhos: 78,35% têm até 3 filhos e 87,7% dos seus domicílios são constituídos por até 5 pessoas.

Em resumo, os atributos pessoais predominantes entre os micro-empresários da Rocinha são os seguintes:

(i) 54.1% são homens;

(ii) 70.23% encontram-se na faixa de idade de 26 a 50 anos;

(iii) 65.4% são casados/união livre;

(iv) 80.1% têm filhos; (v) 82.68% moram em imóvel próprio; 32

(vi) 78.37% possuem apenas até o primeiro grau completo;

(vii) 66.87% pertencem à faixa de renda familiar até 1.000 reais;

(viii) 33,4% são biscateiros ou dedicam-se à produção doméstica, 43,8% são micro ou pequeno proprietários, 14,63% são autônomos do tipo, chofer, caminhoneiro, pedreiro, corretor, técnico, professor particular.

DADOS PESSOAIS E FAMILIARES 33

População (%) Nível Escolar Analfabeto 11.81 1º Grau Completo 53.75 1º Grau Incompleto 12.81 2º Grau Completo 4.10 2º Grau Incompleto 10.41 2º Grau Técnico Incomp./Comp 2.30 Superior Incomp./Comp 4.80 Ocupação Funcionário de Alto/Médio Escalão 1.24 Funcionário de Baixo Escalão 2.18 Profissional Liberal com Curso Superior 0.73 Autônomos (corretor, técnico, prof. particular) 4.67 Autônomos ( chofer, caminhoneiro, pedreiro) 9.96 Biscateiro, Produção domética 33.40 Médio ou grande proprietário 0.21 Pequeno proprietário 16.29 Micro proprietário 27.59 Empregados domésticos 1.04 Outros 2.70 Renda Mensal Familiar Até 200 reais 9.28 200 a 400 reais 14.97 400 a 600 reais 16.47 600 a 800 14.37 800 a 1000 11.78 1000 a 1500 15.57 1500 a 2000 9.08 Mais de 2000 8.48 Nº de Pessoas no Domicílio Até 2 Pessoas 22.40 3 Pessoas 26.20 4 Pessoas 23.10 5 Pessoas 16.00 6 Pessoas 5.00 7 Pessoas ou mais 7.30 Tem Filhos 80.10 Quantos Filhos 1 Filho 33.42 2 Filhos 28.66 3 filhos 16.27 4 Filhos 11.14 5 Filhos ou mais 10.51 Tipo de Domicílio Imóvel próprio 82.68 Imóvel alugado 14.21 Imóvel de familiares 2.80 Outros 0.30 Fonte : Rocinha b. Perfil dos Empregados em Micro-empresas da Rocinha 34

A fim de completar a análise dos recursos humanos das micro-empresas da

Rocinha analisamos o perfil dos empregados e dos familiares ocupados nestes empreendimentos.

Ao todo, 56,9% das micro-empresas da Rocinha não recebem qualquer ajuda da família, segundo a tabela 3. Ou seja, 43,1% dos micro-empresários são auxiliados por suas respectivas famílias, revelando a importância relativa da célula básica do tecido social, a família, como insumo das atividades microempresariais locais. 38,42% do total de micro-empresários recebem auxílio familiar por intermédio do trabalho de seus membros, principalmente do cônjuge (20%) e de seus filhos

(16,20%) e somente 3,3% dos micro-empresários recebe dinheiro da família como forma de ajuda.

As micro-empresas da Rocinha geralmente não contam com a ajuda de mais nenhum funcionário em seus empreendimentos, além de seus próprios familiares

(76,82%). 18,1% das micro-empresas da Rocinha possuem 1 ou 2 pessoas auxiliando suas atividades, enquanto 5.1% possuem três ou mais funcionários.

A maior parte dos funcionários contratados pelas micro-empresas da Rocinha são fixos (81,7%) e quando decidem empregar trabalhadores ocasionais, os micro- empresários normalmente contratam apenas um funcionário (73,81%). Além disso, nota-se que normalmente as micro-empresas decidem contratar apenas 1 funcionário fixo (53,61%) ou no máximo de 2 a 5 funcionários fixos (39,7%), mas muito dificilmente elas contratam mais de 5 funcionários (1,3%).

A faixa etária dos funcionários das micro-empresas da Rocinha situa-se entre

19 a 35 anos de idade, pois tal faixa de idade representa 54,44% dessa população.

Portanto, como somente 22,22% dos funcionários das micro-empresas situam-se na faixa etária de 35 a 50 anos, podemos dizer que os funcionários são relativamente 35 jovens.

Nesse sentido, ao compararmos os dados referentes à idade dos micro- empresários e de seus funcionários (respectivamente, tabelas 1 e 3), podemos concluir que os funcionários das micro-empresas sejam mais jovens que os seus patrões, uma vez que:

(i) de um lado, 44,34% dos funcionários situam-se na faixa de idade até os 25 anos, tal porcentagem cai para 11,52%, ao considerarmos os proprietários das micro-empresas.

(ii) por outro lado, 47,03% dos funcionários situam-se na faixa de idade de 26 a 50 anos, tal porcentagem sobe para 70,03%, ao considerarmos os proprietários das micro-empresas.

Em suma, a análise do trabalho adicional em relação ao desenvolvido pelos proprietários revela a importância do trabalho dos cônjuges e de filhos, evidenciando a relevânciado chamado capital social aqui representado através da família na operação destes empreendimentos. As micro-empresas da Rocinha geralmente não contam com a ajuda de mais nenhum funcionário em seus empreendimentos, além de seus próprios familiares (76,82%), sendo 18.3% destes funcionários ocasionais e em geral jovens (44,34% até 25 anos de idade). Apenas 5.1% das micro-empresas possuem três ou mais funcionários.

DADOS DOS FUNCIONÁRIOS DAS MICRO-EMPRESAS 36 População (%) Ajuda Familiar Não tem 56.90 Dinheiro 3.30 Trabalho 38.42 Filhos 16.20 Cônjuge 20.00 Pais 3.10 Outros Parentes 11.70 Outra forma de Ajuda 1.38 Compra Produto p/negócio 0.43 Entrega encomendas 0.26 Divulgação 0.26 Outros 0.43 nº de Pessoas que Ajudam na Atividade além do Familiares Nenhuma 76.82 1 Pessoa 12.99 2 Pessoas 5.09 3 a 5 Pessoas 3.80 Mais de 5 Pessoas 1.30 Funcionários Fixos 81.70 1 Funcionário 53.61 2 Funcionários 22.16 3 a 5 Funcionários 17.53 Mais de 5 Funcionários 6.70 Ocasionais 18.30 1 Funcionário 73.81 Mais de 2 Funcionários 26.19 Faixa de Idade dos Funcionários Menores de 14 Anos 1.85 14 a 18 Anos 12.96 19 a 25 Anos 29.63 26 a 35 Anos 24.81 35 a 50 Anos 22.22 Maiores de 50 Anos 8.52 Fonte : Rocinha

c. Perfil das Micro-empresas da Rocinha 37

De acordo com a tabela 4 abaixo, constatamos que as micro-empresas da

Rocinha apresentam como atividades principais a venda de produtos alimentícios

(21,93%), a posse de bar/birosca (18,94%) e a realização de serviços diversos

(13,16%). Em termos mais genéricos, a atividade de vendas supera a atividade de serviços nas micro-empresas da Rocinha.

A maioria dos micro-empresários da Rocinha não tem outra atividade e dedica-se apenas a sua atividade principal (87,75%), e entre os 12,25% que desempenham uma atividade empresarial complementar, nota-se mais da metade destas atividades extra (6,57% do total) se refere à venda de produtos alimentícios, roupas e acessórios e 25% (3% do total) se refere a biscates e serviços diversos.

Em consonância com os dados do último parágrafo, a grande maioria dos micro-empresários pobres da Rocinha não tem acesso a outras fontes de renda

(74,47%) e apenas 16,92% desses micro-empresários possuem outro negócio ou um emprego como outra fonte de renda. As aposentadorias e pensões complementam a renda de apenas 2,6% da população.

Quanto à intensidade das atividades microempresariais 94,71% se ocupam durante os 12 meses por ano, 73,27% operam em mais de 5 dias por semana e

91.5% dedicam acima de 5 por dia à atividade.

Quanto à sazonalidade dos negócios, apesar de 30,40% dos micro- empresários não considerar que existam melhores épocas para o trabalho, mas

45,5% consideram sub-períodos do verão carioca representados por itens como mês de dezembro, o fim de ano, o ano novo e o verão os melhores períodos do ano para o desempenho de suas atividades. Este tipo de informação explorado nos últimos dois parágrafos pode ser útil na formulação do fluxo de pagamento dos contratos 38 de crédito.

Os micro-empresários da Rocinha realizam tal atividade entre 1 a 5 anos

(37,75%), mas nota-se que enquanto 74,47% da população desempenham essa atividade a menos de 10 anos, apenas 19,72% a desempenham há 11 anos ou mais. 39 DADOS OCUPACIONAIS

População (%) Atividade Principal Serviços Diversos 13,16 Biscates, Chaveiro, Etc 10,27 Costura 4,29 Diarista/Babá/Cozinheira/Chofer 11,47 Bar/Birosca 18,94 Venda, Roupas e Acessórios 9,17 Venda de Produtos Alimentícios 21,93 Venda Diversos 10,77 Outra Atividade Não tem outra Atividade 87,75 Serviços Diversos 1,39 Biscates, Chaveiro, Etc 1,59 Costura 0,50 Diarista/Babá/Cozinheira/Chofer 0,70 Bar/Birosca 0,70 Venda, Roupas e Acessórios 2,49 Venda de Produtos Alimentícios 4,08 Venda Diversos 0,80 Tempo que realiza a atividade Menos de 1 ano 21,61 1 a 5 anos 37,35 6 a 10 anos 18,43 11 a 15 anos 7,57 16 a 20 anos 6,77 21 a 25 anos 2,89 26 a 30 anos 3,09 Mais de 30 Anos 2,29 Outras Fontes de Renda Não tem Outras Fontes de Renda 74,47 Outro Negócio 7,31 Emprego 9,61 Aluguel 5,11 Outros 3,30 Aposentadoria e Pensões 2,60 Não Sabe/Não Respondeu 0,20 Horas Por Dia que Dedica a Atividade Até 4 Horas 8,50 5 a 8 Horas 28,20 9 a 12 Horas 47,60 Mais de 12 Horas 15,70 Dias Por Semana que se Dedica a Atividade Até 5 Dias 26,73 Mais de 5 Dias 73,27 Meses Por Ano que de Dedica a Atividade Até 11 Meses 5,29 12 M eses 94,71 Melhores Épocas para o Trabalho Não Existe 30,40 Início do Mês 3,10 Final do Mês 2,54 Dezembro 4,76 Fim de Ano e Ano Novo 21,13 Inverno 3,32 Verão 19,59 Outros 15,16 FONTE: ROCINHA

6. Conclusões e extensões 40

As diversas safras de microdados colhidas comprovaram que na virada da década passada uma crise social se instalou nas metrópoles brasileiras 7. Como exemplo extremo, a taxa de miséria no município de São Paulo aumenta cerca de

50% entre 1991 e 2000. No município do Rio de Janeiro a miséria cai 19% neste período, o que representa uma inversão da decadência de desempenho relativo frente a São Paulo, observada nas décadas anteriores. No período 2000-02 observamos a continuidade desta tendência: a taxa de miséria baseada em renda do trabalho sobe 1,57% no município de São Paulo e cai 1,68% no do Rio. Neste mesmo período a taxa de miséria sobe mais nas periferias destas capitais, 10,4% e

18,3%, o que faz com que o aumento da miséria na Grande São Paulo seja inferior a do Grande Rio, 5,3% contra 7,3% (média móvel de 12 meses segundo cálculos feitos sobre os microdados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME/IBGE)).

O ônus da crise se concentra no espaço metropolitano, já o bônus dos novos programas sociais se dirige para os grotões de miséria. Isto vale para a implantação de programas constitucionais como a Previdência Rural e o Benefício de Prestação

Continuada; para programas ad hoc emergenciais do final da década de 90 como as frentes de trabalho contra a seca no Nordeste; para as bolsas do projeto Alvorada

(Escola, Alimentação etc) implantados a partir de 2000, para as ações do Fome

Zero. Mais recentemente o Bolsa Família começa a contemplar de maneira mais intensiva as áreas metropolitanas com destaque para as periferias.

7 Néri (2006) demonstra que a chamada crise metropolitana pelo menos no que tange a indicadores sociais baseados em renda como pobreza se prolonga até 2003 sofrendo uma reversão desde então. A pesquisa indica que a miséria atinge 14,57% dos cariocas em 2000 varia desde 41

menos de 4% nas RAs de Botafogo, Copacabana e Lagoa até 29.4% no Complexo

do Alemão. Outras favelas e ressentamentos como Jacarezinho (27,54%), Cidade

de Deus (26,02%), Maré (25.235) e Rocinha (21.89%) se destacam entre as regiões

mais miseráveis do município. Os dados permitem a população no nível de

localidades enxergar a sua vizinhança desde uma perspectiva própria. Por exemplo,

o déficit social da Rocinha é de 575 mil reais mensais, o que daria 3,56 reais

MAPA DO FIM DA FOME DA POPULAÇÃO TOTAL Rio de Janeiro - Medidas de Miséria - Linha de R$79*

Transferências Mínimas para Erradicar a Miséria % Rio de Janeiro Subdistrito R$ não Miseráveis R$ pessoa R$ total mês R$ miserável miserável

Brasil 33.15 14.04 2,371,086,203 21.00 42.35 UF - Rio de Janeiro 19.45 7.63 109,159,553 9.47 39.24 Município do Rio de Janeiro 14.57 5.89 34,172,061 6.90 40.45 Lagoa 3.99 1.78 299,310 1.85 44.55 Rocinha 21.89 10.22 575,604 13.09 46.70 Fonte: CPS/IBRE/FGV processando os microdados da amostra do Censo Demográfico 2000/IBGE. mensais por cada não miserável da região administrativa vizinha da Lagoa (inclui

Ipanema e ), a mais rica da cidade. Portanto, a renda média da zona sul

carioca oculta a riqueza da Bélgica, a miséria da Índia e a violência da Colômbia.

a. Extensões

Pesquisas de opinião apontam o desemprego e a violência como os dois

problemas a ocupar mais as preocupações dos brasileiros. Os números do

desemprego e da violência brasileira têm a cara dos jovens periferias e das favelas

metropolitanas. Marcos Lisboa e Mônica Viegas exploram a relação entre as duas

variáveis 8. Eles demonstraram que as condições de desemprego durante a

8 Richard Freeman mostra que se incorporássemos à relativamente baixa taxa de desemprego americana, o contingente de presidiários, a mesma mudaria de patamar, ficando mais próximas das congêneres européias. juventude são determinantes da probabilidade de o indivíduo ser vítima de 42 homicídio. Esta probabilidade é maior durante todo o ciclo de vida do sujeito, e não apenas durante a fase que o desemprego está alto. Os jovens tragados para atividades criminosas tendem a não mudar de vida mesmo que a macroeconomia reaja favoravelmente. Estes custos permanentes do desemprego se aplicam em particular às grandes metrópoles brasileiras que, nos últimos anos, foram, e continuam sendo o epicentro da nossa crise econômica e social. Nesse sentido, as mudanças na política social, ocorridas na última década, como a expansão da previdência rural patrocinada pela Constituição de 1988, o projeto Alvorada de

Fernando Henrique, ou mesmo o Fome Zero de Lula são altamente meritórias, mas não compensam este quadro. Pois o bônus das novas ações foi para os grotões de miséria, enquanto o ônus das crises recentes está concentrado nas grandes cidades. Os números do desemprego e da violência brasileira têm a cara dos jovens das periferias. A taxa de desemprego entre 15 e 29 anos é 22.6%, quatro vezes e meia maior do que as do grupo de 35 a 39 anos de idade. Cabe lembrar que a taxa de desemprego dos jovens quadruplicado entre 1989 e 2001. Apesar do quadro de desespero inercial traçado acima, os novos tempos trazem bons augúrios que talvez permitam à sofrida juventude metropolitana reverter esta tendência.

Steven Levitt, o autor do best-seller Freaknomics causou espanto ao revelar como a principal causa da redução da criminalidade em estados americanos em meados da década de 90, a lei de aborto promulgada duas décadas antes. A idéia é tão simples quanto politicamente incorreta como muitas vezes a vida é (embora não gostemos disso): o fato de a lei diminuir o nascimento de filhos indesejados de pobres mulheres solteiras gerou uma redução da oferta de criminosos duas décadas depois! No Brasil, a contrapartida feminina da predisposição de jovens homens solteiros a atividades criminosas9 é a incidência da gravidez precoce que sobe de 43

7,97% para 9.1% entre 1980 e 2000 enquanto a taxa de fecundidade para todos os grupos etários cai de 4.4 para 2.3 filhos por mulher. Em particular, enquanto a taxa de fecundidade entre as moradoras de 40 a 45 anos de favelas cariocas é duas vezes maior que aquelas em bairros de alta renda, entre as adolescentes dos morros cariocas a taxa é cinco vezes maior que as adolescentes dos bairros de alta renda (0,27 filhos por menina entre 15 a 19 anos na Rocinha contra 0,054, na Lagoa respectivamente). Se o Brasil não revolucionar a educação reprodutiva dos jovens em áreas de alta violência, vamos colher mais e mais tragédias como as recentes noticiadas. A Rocinha é a região administrativa da cidade com o menor nível de educação da população em geral e da população ocupada entre todas do municio do Rio de Janeiro.

No que tange ao último aspecto, paises e pais que cuidam de suas crianças, desde a sua idade mais tenra, viabilizam seu futuro. James Heckman, o Nobel de

Economia, Flávio Cunha nos brindam com suas mais recentes descobertas sobre a importância da Educação na Primeira Infância. Elas demonstram que crianças que tiveram a oportunidade de freqüentar o equivalente a creches e pré-escolas, apresentaram na idade adulta renda mais alta e probabilidades mais baixas de prisão, de gravidez precoce e de depender de programas de transferência de renda do estado no futuro. Ou seja, acaba sendo mais produtivo do ponto de vista social e fiscal, prevenir do que remediar, investindo desde a primeira infância. A educação nesta primeira fase da vida constitui o verdadeiro custo de oportunidade social – qual seja a oportunidade de investimento com maior retorno social disponível. E

9 Neri (2004) isola fatores de risco associados à chance de cada indivíduo estar ou não presidiário, comparando-se pessoas com as demais características iguais exceto uma. Por exemplo: comparamos homens e mulheres com atributos iguais, isto é descontando o fato de que mulheres, na média, têm mais educação do que homens entre outras características. O exercício confirma que o principal fator de risco é o sexo. Os homens têm 46.3 vezes mais chance de estarem presidiários do que as mulheres, considerando as demais características iguais. Em seguida, a léguas de distancia, está o estado civil. Ser solteiro é um importante fator de risco 4.8 vezes maior que os demais. Depois vem o fator idade. mais: quanto menor for a idade da criança objeto do investimento educacional 44 recebido, mais alto será o retorno percebido.

Observamos abaixo uma visão local através de gráfico com as regiões administrativas do município do Rio de Janeiro, plotando a relação entre a proporção de crianças de 4 a 6 anos na pré-escola e a proporção de empregadas domésticas morando na respectiva localidade. Entre as mulheres adultas da Rocinha 21% são domésticas (ou 47% das ocupadas). Notamos em lugares mais pobres, nas favelas em particular, a proporção de domésticas em idade ativa cai com o aumento da taxa de crianças na pré-escola. Estas pobres mulheres vão cuidar dos filhos de outras e deixam os seus filhos em casa, fora da pré-escola.

% Pré-Escola x % Domésticas

Botafogo 100 Lagoa 90 Rocinha 80 70 60 50 40 Complexo do Alemão 30 % Pre = -1.2905 %Dom + 86.969 20 R2 = 0.4919 10 0 0 3 5 8 10 13 15 18 20 23

% Domésticas na População Feminina em Idade Ativa

O chamado jeitinho brasileiro perpassa várias esferas das nossas vidas privadas, mas está presente acima de tudo nas relações econômicas com o estado, aí incluindo aquelas de natureza trabalhista, consumidora e empresarial. É sempre bom rever conceitos e cifras relativas à evasão tributária que constitui junto com o futebol, o esporte nacional. A diferença é que a maioria dos brasileiros é apenas tele-espectadora do esporte bretão enquanto uma parcela substancial e 45 desconhecida da nossa população é praticante da informalidade. Na verdade, a característica essencial da evasão tributária é ter poucos espectadores. A informalidade está associada a encargos fiscais crescentes imprimidos pelos vários níveis de governo, sem que correspondentes benefícios sociais sejam percebidos coletiva ou individualmente. A taxa de informalidade elétrica em favelas e outras ocupações ilegais é de 41.2% diante de 4.43% dos condomínios de casas e apartamentos, o que evidencia uma correlação forte entre informalidades fundiária e elétrica. A taxa de informalidade varia substancialmente entre as regiões metropolitanas pesquisadas, indo de 3.27%, em Belo Horizonte, a 16.2%, em

Salvador. No Sudeste, o Rio de Janeiro é a que apresenta a taxa mais próxima dos níveis nordestinos, com 10.6%. Esse resultado seria consistente com a alta informalidade trabalhista observada no mercado de trabalho do Rio 10 . A comparação revela ainda que a chance de um morador do Rio ser gato é 98.96% acima dos paulistanos. Agora, quando comparamos moradores dessas duas metrópoles com características, como as citadas acima, exatamente iguais, essa estatística cai para

97.57%. Ou seja, a alta informalidade de energia elétrica consumida pelos moradores do Rio é pouco explicada pela posse de características associadas aos

“gatos” e mais um atributo específico da região.

A informalidade previdenciária é principalmente um fenômeno de evasão fiscal fornecendo indícios sobre o não pagamento de impostos e encargos trabalhistas. Esta última escolha se deve ao fato da amostra do Censo Demográfico

2000 permitir analisar a informalidade previdenciária no nível de cada municipalidade isolada, pela alta taxa de amostragem utilizada (cerca de 10% da população) vis a

10 Entretanto, a relação entre informalidade laboral e energética não é muito expressiva: entre aqueles domicílios cujo chefe contribui com a previdência, a informalidade elétrica é de 10.9% ante 9.4% das demais. vis a de outras pesquisas. Segundo dados do Censo Demográfico 2000, existem 46

63,4% dos trabalhadores ocupados fluminenses contribuem para a Previdência

Social. Não se devem olhar os diversos tipos de informalidade (trabalhista, previdenciária, empresarial, fundiária e mesmo elétrica) de maneira isolada, mas quantificar complementaridades e substituições entre diferentes tipos. Por exemplo, se tomarmos as cinco maiores regiões administrativas cariocas, as grandes favelas cariocas como Complexo do Alemão, Jacarezinho, Rocinha e Maré, que figuram entre as mais pobres da cidade, não figuram entre as cinco mais informais. Ou seja, as informalidades fundiária e previdenciária não andam de mãos dadas nesse caso, conforme se poderia esperar. Analisando internamente o município do Rio de

Janeiro, Vila Isabel é líder em formalização (77,24%). Em seguida, Botafogo

(76,54%), Lagoa (76%), Tijuca (75,51%) e Méier (73,80%). Entre os cinco menos, 4 são da zona oeste do município. Guaratiba com 53,56% é o mais informal.

Ocupados - % Contribui

 Mais o Vila Isabel 77.24 o Botafogo 76.54 o Lagoa 76.00 o Tijuca 75.51 o Méier 73.80

 Menos o Guaratiba 53.56 o Ilha de Paquetá 53.92 o Santa Cruz 60.87 o Campo Grande 63.41 o Bangu 63.57

Um banco de dados da sociedade 47 O Mapa do fim da fome II é um banco de dados georreferenciado permitindo a localização física dentro de estados e municípios das áreas sujeitas às condições sociais mais adversas. Contém um amplo conjunto de informações sobre riquezas e carências das localidades. Estas informações podem ser estendidas em diversas direções desejadas e são passíveis de serem levantadas em qualquer estado ou município brasileiro, constituindo num poderoso instrumento para que a sociedade e governos possam elaborar programas focados de desenvolvimento social.

Ra n k i n g P o r S u b d s i s t r i t o - R i o d e J a n e i r o Mé d i a d e A u t o m ó v e l

Il h a d e P a q u e t á

Ja c a r é z i n h o

Ti j uc a

Ba r r a d a T i j u c a La g o a Ro c i n h a 0. 0 0 5 - 0 . 1 6 6 0. 1 6 6 - 0 . 3 3 1 0. 3 3 1 - 0 . 5 2 2 0. 5 2 2 - 0 . 7 5 1 0. 7 5 1 - 1 . 1 8 3 Fo n t e : C P S / I B RE / F G V a p a r t i r d o s m i c r o d a d o s C e n s o de m o g r á f i co d e 2 0 0 0 / I B G E

48 Taxa de Moradores em Favelas (%) Regiões Admnistrativas - Rio de Janeiro Maré Complexo do Alemão

Jacarézinho

Centro Botafogo

Guaratiba 0 - 7.92 Rocinha 7.92 - 17.766 Cidade de Deus 17.766 - 31.865 31.865 - 61.187 61.187 - 100 Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo demográfico de 2000/IBGE

Conclusão (sumário executivo) 49

Utilizando inicialmente os microdados do Censo 2000 fazemos um zoom sobre a situação do trabalho nos morros cariocas, em particular nas comunidades de

Cidade de Deus, Jacarezinho, Rocinha, Maré, Complexo do Alemão comparando com as demais áreas do município do Rio de Janeiro. Optamos por realizar um contraste deste grupo de regiões administrativas (RAs) com o de RAs de renda mais alta compostas por Lagoa, Barra da Tijuca, Botafogo, Copacabana e Tijuca. A renda média do trabalho é cerca de 5,3 vezes maior no grupo das áreas mais ricas. Agora ao contrário do estereótipo do malandro do morro carioca, a jornada de trabalho média lá é cinco horas semanais a mais do que no asfalto. O fator fundamental é a desigualdade de escolaridade: média de 11,9 anos completos de estudo de um trabalhador nos bairros de luxo contra 6,2 anos nas comunidades de baixa renda.

Como existe retorno crescente de educação, cada ano a mais de escolaridade rende mais aos ocupados dos bairros de alta renda: 180,5 reais por cada ano de estudo de um ocupado nos bairros ricos contra 65,9 reais dos pobres. Os resultados confirmam que os diferenciais controlados de renda per capita de pessoas nas cinco comunidades de baixa renda analisadas são até 115.8% menores do que na região administrativa da Lagoa, aquela que apresenta a maior renda. Ou seja, os dados comprovam a existência de um viés de renda contra o favelado. Um fato que chama a atenção é que apesar de todas as adversidades enfrentadas pelo trabalhador das comunidades de baixa renda, a renda do trabalho desempenha lá um papel mais fundamental: cerca de 81% de todas as fontes de renda nestas áreas advém do trabalho contra 63% das áreas de renda mais alta. Este resultado é confirmado por equações mincerianas de renda domiciliar per capita onde a dummy favela explica cerca de metade dos diferencial explicado por outras variáveis observáveis. Posteriormente, fazemos um experimento de diferença em diferença usando os 50 microdados das PNADs 1996 a 2008 para o município do Rio de Janeiro abertos neste estudo, separando os aglomerados sub-normais, como aproximação das favelas e comparando com as demais áreas da cidade. O exercício permite testar e analisar a evolução recente do viés contra os favelados. O diferencial é maior na renda total (-0,49) do que na renda do trabalho (-0,4). Ou seja, apesar das agruras da vida privada das favelas cariocas, a maior carência parece ser a de Estado no que tange a políticas redistributivas que caracterizam o país nos últimos anos. Por outro lado, a análise de diferença em diferença demonstra que estes diferenciais vem caindo ao longo to tempo o que pode ser resultado da chegada de novos programas assistenciais como o Bolsa Familia as comunidades de baixa renda da

Cidade do Rio de Janeiro. A renda de todas as fontes tem desempenho qualitativamente similar porém com menor crescimento relativo do que o do trabalho nos últimos anos. Se a chegada de novos programas assistenciais como o Bolsa

Familia as comunidades de baixa renda da Cidade do Rio de Janeiro pode explicar parte do resultado a maior parte da melhora relativa (e o maior crescimento relativo) das favelas mais uma vez vem da renda do trabalho.

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53 MAPA DA RENDA Rio de Janeiro - Informações dos Domicílios Rendas Médias de Todos*

Nº pessoas Subdistrito Índice Gini na família Familiar per capita Trabalho principal Demais trabalhos Total da UF 0.54 3.15 413.99 281.78 11.70 Areia Branca 0.38 3.24 227.54 165.79 4.07 Nova Aurora 0.35 3.47 143.43 111.84 2.44 Jardim Redentor 0.35 3.43 169.08 130.89 2.04 Parque São José 0.34 3.42 160.25 123.88 2.54 Lote XV 0.39 3.42 189.88 147.26 1.37 Japeri 0.37 3.36 184.04 132.09 2.00 Engenheiro Pedreira 0.38 3.43 144.29 113.47 3.66 Centro de Queimados 0.40 3.25 248.49 177.46 9.33 Nordeste 0.34 3.58 135.56 102.49 2.33 Oeste 0.35 3.47 161.01 122.62 1.20 Portuária 0.39 3.12 283.52 204.20 3.04 Centro 0.41 2.25 632.06 41 1.93 21.15 Rio Comprido 0.47 3.05 481.76 324.58 13.78 Botafogo 0.47 2.46 1497.24 945.28 53.54 Copacabana 0.48 2.27 1632.09 828.46 46.89 Lagoa 0.52 2.58 2227.16 1401.97 68.26 São Cristovão 0.42 3.05 363.37 249.02 6.47 Tijuca 0.47 2.78 1181.33 721.14 41.97 Vila Isabel 0.45 2.82 1005.54 640.90 46.88 Ramos 0.44 3.00 427.55 290.88 7.55 Penha 0.44 3.10 360.33 253.92 6.42 Méier 0.45 2.92 619.76 402.35 18.43 Irajá 0.42 3.10 450.26 306.39 8.11 Madureira 0.42 3.05 388.12 250.52 8.19 Jacarepaguá 0.48 3.14 527.38 378.21 14.81 Bangu 0.41 3.20 286.95 205.26 5.96 Campo Grande 0.44 3.25 304.30 215.85 7.66 Santa Cruz 0.40 3.34 212.18 150.28 3.86 Ilha do Governador 0.49 3.08 615.96 415.35 18.74 Ilha de Paquetá 0.40 2.76 457.61 233.62 16.22 Anchieta 0.40 3.19 310.10 208.28 6.28 Santa Teresa 0.49 2.80 573.70 406.38 18.34 Barra da Tijuca 0.55 3.01 1694.51 1268.08 57.20 Pavuna 0.38 3.28 247.85 178.75 4.05 Guaratiba 0.43 3.32 232.91 171.22 5.80 Inhaúma 0.41 3.09 400.22 277.67 6.50 Rocinha 0.34 3.16 219.95 180.33 3.66 Jacarezinho 0.31 3.14 177.98 136.23 2.18 Complexo do Alemão 0.34 3.38 177.31 145.13 1.07 Maré 0.33 3.25 187.25 153.78 1.77 Realengo 0.43 3.15 339.67 237.67 7.10 Cidade de Deus 0.34 3.20 207.56 155.13 1.88

Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE. * Os valores referentes as rendas são médias em que aos valores missing são atribuídos zeros (existe imputação).

54 MAPA DA RENDA Tabela 3 - Rio de Janeiro - Informações dos Domicílios Rendas Médias de Todos*

Apos. e pensã Transf. Pública Todas as font Subdistrito o Aluguel Transf. Privadas s Outras es Total da UF 91.68 12.36 6.79 0.98 8.71 413.99 Areia Branca 45.40 5.53 2.05 0.88 3.82 227.54 Nova Aurora 23.33 1.34 1.60 0.72 2.17 143.43 Jardim Redentor 28.06 3.05 2.14 0.75 2.16 169.08 Parque São José 26.27 2.22 1.51 0.87 2.96 160.25 Lote XV 32.42 2.59 2.62 1.11 2.51 189.88 Japeri 39.55 2.88 1.32 0.95 5.25 184.04 Engenheiro Pedreira 22.51 1.52 1.02 0.29 1.82 144.29 Centro de Queimados 42.94 5.94 1.86 1.00 9.96 248.49 Nordeste 25.04 1.29 1.53 1.02 1.87 135.56 Oeste 25.16 1.83 1.21 0.84 8.14 161.01 Portuária 60.89 5.16 3.26 1.63 5.35 283.52 Centro 163.06 13.65 12.73 1.16 8.39 632.06 Rio Comprido 114.90 11.17 9.99 1.22 6.13 481.76 Botafogo 363.00 56.26 36.18 2.08 40.91 1497.24 Copacabana 551.51 93.51 44.22 1.68 65.83 1632.09 Lagoa 427.63 135.41 62.06 1.65 130.19 2227.16 São Cristovão 86.67 11.05 4.33 1.07 4.75 363.37 Tijuca 336.53 36.56 20.61 1.57 22.96 1181.33 Vila Isabel 262.56 22.57 16.05 0.93 15.63 1005.54 Ramos 107.27 9.64 5.35 1.17 5.70 427.55 Penha 82.11 7.31 4.76 0.82 5.00 360.33 Méier 166.40 11.81 10.40 1.03 9.34 619.76 Irajá 114.63 8.36 5.91 0.81 6.05 450.26 Madureira 107.73 7.26 5.53 1.14 7.74 388.12 Jacarepaguá 105.24 11.93 7.81 1.12 8.26 527.38 Bangu 62.78 4.42 3.69 0.90 3.95 286.95 Campo Grande 65.53 5.97 3.98 1.00 4.31 304.30 Santa Cruz 48.01 2.59 3.03 0.95 3.46 212.18 Ilha do Governador 136.94 18.65 9.47 1.28 15.52 615.96 Ilha de Paquetá 172.35 26.23 9.19 0.00 0.00 457.61 An chieta 77.25 5.35 3.90 1.10 7.93 310.10 Santa Teresa 102.93 22.64 8.67 1.89 12.83 573.70 Barra da Tijuca 231.59 66.09 33.06 1.49 37.00 1694.51 Pavuna 54.04 4.31 2.64 1.09 2.97 247.85 Guaratiba 43.85 5.06 2.18 0.69 4.11 232.91 Inhaúma 99.82 6.31 3.40 1.38 5.14 400.22 Rocinha 21.28 9.90 1.28 0.91 2.60 219.95 Jacarezinho 30.97 2.72 1.58 1.87 2.43 177.98 Complexo do Alemão 24.82 1.95 1.40 1.62 1.32 177.31 Maré 21.96 4.93 1.51 1.06 2.23 187.25 Realengo 82.12 5.30 3.25 0.84 3.37 339.67 Cidade de Deus 41.99 2.93 1.26 0.83 3.54 207.56

Fonte: CPS/IBRE/FGV a partir dos microdados Censo Demográfico de 2000/IBGE. * Os valores referentes as rendas são médias em que aos valores missing são atribuídos zeros (existe imputação).

55 Panorama das Favelas Cariocas ?? A pesquisa se vale de panoramas estatísticos e simuladores de modelos multivariados aplicado ao conjunto de pequenos negócios operantes nestas comunidades de baixa renda. Estes dispositivos versam sobre geração de trabalho e renda, acesso a serviços públicos como luz, esgoto e água, e dinâmica demográfica (migração), entre outras. O panorama pode ser acessado no link: http://www.fgv.br/ibrecps/Credi_FavelasRJ/index.htm. Nele podemos observar uma série de estatísticas trabalhistas em diferentes grupos socioeconômicos nas principais favelas cariocas.

Nas tabelas abaixo geradas a partir do dispositivo acima podemos ver o perfil da população ocupada nessas localidades. Na primeira coluna observamos o total das comunidades. Apresentamos uma síntese do perfil destes ocupados comprado ao perfil da população em idade ativa nestas comunidades. Os dados mostram que 59,44% dos ocupados nas favelas são mulheres (na PIA, elas representam 51,42% da população), 53,57% dos ocupados são chefes de família (42,2% na PIA), 18,37% tem entre 30 e 35 anos (15,46%), 43,96% são brancos (43,65%) e 37,37% têm entre 4 e 7 anos de estudo (39,43%), Caracterizando melhor o tipo ocupação, 57,51% dos ocupados nas56 favelas são empregados com carteira de trabalho assinada, 21,11% são sem carteira e 18,35% conta-própria. Do total, 68,52% contribuem para previdência. Estas e outras observações podem ser encontradas no dispositivo construído.

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Ocupados - População População Total Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Total 100 100 100 100 100 100

Ocupados - População Sexo Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Masculino 59 ,44 58,52 57,92 61,43 61,54 52,04 Feminino 40,56 41,48 42,08 38,57 38,46 47,96

Ocupados - População Posição na Família Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Chefe 53,57 54,97 53,07 53,49 54,08 50, 02 Cônjuge 21,98 22,54 22,46 22,01 21,79 21,09 Filho(a) 17,04 13 18,66 19,25 15,93 22,25 Pai, mãe, sogro(a) 0,29 0,21 0,3 0,4 0,25 0,37 Neto(a) 0,68 0,3 0,86 0,74 0,66 1,11 Irmão, irmã 2,28 3,48 1,87 1,36 2,4 1,89 Outro parente 3,14 3,57 2,31 2,41 3,62 2,94 Agregado 0,79 1,81 0,46 0,34 0,72 0,33 Pensionista 0,2 0,13 0 0 0,46 0 Empregado(a) doméstico(a) 0,02 0 0 0 0,05 0 Individual em domicílio coletivo 0,01 0 0 0 0,03 0

Ocupados - População Faixa Etária Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus 15 a 19 6,71 6,83 5,97 6,75 7,18 5,59 20 a 24 16,8 18,31 14,41 16,78 17,24 15,17 25 a 29 16,3 17,14 15,69 15,35 17,32 13,68 30 a 35 18,37 19,48 16,88 18,03 17,94 19,92 36 a 39 10,58 9,96 10,61 9,94 11,08 11,14 40 a 44 11,26 11,41 11,94 10,94 10,86 12,27 45 a 49 8,48 7,52 9,85 9,12 8,38 7,97 50 a 54 5,96 5,29 8,17 7,12 4,95 6,21 55 a 59 3,11 2,23 3,65 3,28 2,86 4,64 60 ou mais 2,43 1,82 2,82 2,69 2,2 3,41

Ocupados - População Cor ou raça Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Branca 43,96 53,96 40,67 42,75 42,31 37,45 Preta 12,26 9,2 17,63 13,52 10,34 16,36 Amarela 0,18 0 0 0,26 0,15 0,61 Parda 42,47 35,88 40,99 42,25 45,93 44,41 Indígena 0,35 0,14 0,07 0,53 0,48 0,26

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Ocupados - População Anos de Estudo Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Sem instrução ou menos de 1 ano 6,94 10,14 6,51 7,79 5,97 3,45 1 a 3 15,5 18,29 10,53 15,3 16,26 13,46 4 a 7 37,37 37,61 36,16 36,68 39,94 30,87 8 a 11 36,5 29,41 43,43 37,31 34,2 48,09 12 ou mais 3,01 3,75 2,87 2,07 2,88 4

Ocupados - População Imigração - UF ou País Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Menos de 1 ano 0,49 0,41 0,47 0,18 0,82 0,08 De 1 a 5 anos 8,33 13,69 4,72 3,79 11,16 1,25 De 6 a 10 anos 6,19 9,97 3,83 4,11 7,22 2,22 Mais de 10 anos 28,87 32,35 24,98 30,66 30,68 17,48 Não migrou 56,12 43,58 66 61,25 50,12 78,97

Ocupados - População Imigração - Município Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Menos de 1 ano 0,8 0,75 0,68 0,22 1,39 0,08 De 1 a 5 anos 9,96 16,27 6,14 4,86 13,04 1,63 De 6 a 10 anos 6,84 11,1 3,96 4,61 7,91 2,71 Mais de 10 anos 30,01 32,49 26,84 33,69 31,19 18,36 Não migrou 52,39 39,4 62,39 56,61 46,47 77,22

Ocupados - População Posição na ocupação Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Funcionário público 2,13 1,35 1,6 2 2,41 3,36 Empregado com carteira 57,51 64,95 56,11 52,65 56,04 59,46 Empregado sem carteira 21,11 18,8 20,08 22,2 21,89 21,7 Conta-própria 18,35 14,14 21,26 21,95 18,79 14,91 Empregador 0,65 0,53 0,65 0,95 0,66 0,27 Não-remunerado 0,21 0,1 0,3 0,25 0,19 0,31 Próprio consumo 0,03 0,13 0 0 0,02 0

Ocupados - População Religião Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Sem religião 15,39 12,3 20,37 16,44 15,26 14,32 Católica 62,79 72,52 49,42 58,85 64,4 60,89 Evangélica 18,65 12,14 25,9 21,87 17,92 19,47 Espiritualista 0,81 0,56 1,2 0,92 0,44 1,9 Afro-brasileira 0,86 0,63 1,22 0,72 0,64 1,88 Orientais 0,21 0,31 0,33 0,09 0,19 0,2 Outras 1,29 1,54 1,56 1,11 1,15 1,34 59

Ocupados - População Situação Conjugal Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Acompanhado(a) 60,35 60,18 58,73 62,78 61,62 53,75 Solitário(a) 39,6 5 39,82 41,27 37,22 38,38 46,25

Ocupados - População Quintil Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus 1º 5,74 3,82 6,79 7,71 5,82 4,29 2º 14,91 11,22 15,79 16,93 15,79 13,9 3º 19,92 19,51 21,54 19, 96 20,27 17,75 4º 26,01 24,82 26,89 24,79 27,53 24,35 5º 33,42 40,63 29 30,6 30,6 39,71

Ocupados - População Situação Conjugal-Detalhamento Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Casamento civil e religioso 15,09 11,4 17,03 17,94 15,03 14,7 Só casamento civil 13,44 12,41 14,99 15,26 12,82 12,51 Só casamento religioso 0,9 1,57 0,73 0,87 0,86 0,14 União consensual 30,92 34,79 25,99 28,71 32,91 26,4 Separado(a) 3,07 3,15 3,41 3,33 2,95 2,55 Desquitado(a) 1,16 0,92 1,44 1,19 1,06 1,61 Divorciado(a) 0,99 0,63 1,78 1,18 0,88 0,84 Viúvo(a) 1,73 1,57 2,48 1,88 1,41 2,07 Solteiro(a) 32,69 33,56 32,16 29,64 32,09 39,18

Ocupados - População Maternidade Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus É mãe 28,18 28,71 29,81 27 26,96 31,74 Não é mãe 12,16 12,45 12,02 11,45 11,25 16,09

Ocupados - População Contribuia para previdência (apenas ocupados) Complexo Cidade de Categoria Todos Rocinha Jacarezinho do Alemão Maré Deus Contribui 68,52 73,18 67,12 64,92 67,71 70,88 Não contribui 31,48 26,82 32,88 35,08 32,29 29,12

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE

Simulador de Renda das Favelas Cariocas 60

O simulador de renda das favelas cariocas pode ser acessado no link: http://www.fgv.br/ibrecps/rio/simulafavelas. Nele podemos estimar a renda das principais favelas e compará-las com outras regiões administrativas do município do Rio de Janeiro.

Passos para utilização: Selecione as suas características e local de moradia no formulário. Clique em Simular.

O gráfico apresenta a renda domiciliar per capita simulada. Uma das barras representa o Cenário Atual (resultado a partir das características selecionadas) e a outra o Cenário Anterior (apresenta a simulação anterior).

Modelos utilizados para simular a renda 61

Equação do Log da RFPC para 15<=IDADE<=65 Rio de Janeiro (Com controle) Estimated Regression Coefficients Standard Parameter Estimate Error t Value Pr > |t| Intercept 5.0385212 0.01473651 341.91 <.0001 RA Anchieta 0.4515214 0.01700251 26.56 <.0001 RA Bangu 0.3476105 0.01567581 22.17 <.0001 RA Barra da Tijuca 1.7204583 0.01934092 88.95 <.0001 RA Botafogo 1.8259525 0.01682180 108.55 <.0001 RA Campo Grande 0.3841006 0.01559714 24.63 <.0001 RA Centro 1.1317031 0.02262469 50.02 <.0001 RA Cidade de Deus 0.1451603 0.02213247 6.56 <.0001 RA Complexo do Alem -0.0173823 0.01943698 -0.89 0.3712 RA Copacabana 1.8349436 0.01808703 101.45 <.0001 RA Guaratiba 0.1044393 0.01851074 5.64 <.0001 RA Ilha de Paquetá 0.7878292 0.06040195 13.04 <.0001 RA Ilha do Governad 0.9605552 0.01697291 56.59 <.0001 RA Inhaúma 0.6407837 0.01752430 36.57 <.0001 RA Irajá 0.7640033 0.01667985 45.80 <.0001 RA Jacarepaguá 0.8265424 0.01578693 52.36 <.0001 RA Lagoa 2.0528543 0.01855022 110.66 <.0001 RA Madureira 0.6127003 0.01581345 38.75 <.0001 RA Maré 0.0787874 0.01718512 4.58 <.0001 RA Méier 1.0142838 0.01590403 63.78 <.0001 RA Pavuna 0.2599792 0.01660603 15.66 <.0001 RA Penha 0.5146628 0.01608459 32.00 <.0001 RA Portuária 0.3633952 0.02186312 16.62 <.0001 RA Ramos 0.6854664 0.01759233 38.96 <.0001 RA Realengo 0.4979972 0.01633643 30.48 <.0001 RA Rio Comprido 0.6874869 0.02102887 32.69 <.0001 RA Rocinha 0.1831349 0.01952819 9.38 <.0001 RA Santa Cruz 0.0968507 0.01599817 6.05 <.0001 RA Santa Teresa 0.8553710 0.02504690 34.15 <.0001 RA São Cristovão 0.570 2347 0.01974212 28.88 <.0001 RA Tijuca 1.5525012 0.01777077 87.36 <.0001 RA Vila Isabel 1.4778141 0.01734263 85.21 <.0001 RA zzJacarezinho 0.0000000 0.00000000 . . Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE

Equação do Log da RFPC para 15<=IDADE<=65 62 Rio de Janeiro (Com controles sócio-demográficos) Estimated Regression Coefficients Standard Parameter Estimate Error t Value Pr > |t| Intercept 4.8964495 0.01849143 264.80 <.0001 SEXO Homem 0.0550576 0.00262816 20.95 <.0001 SEXO Mulher 0.0000000 0.00000000 . . fxcor Afro -0.2347782 0.00283680 -82.76 <.0001 fxcor nAfro 0.0000000 0.00000000 . . IDADE -0.0271907 0.00057767 -47.07 <.0001 idade2 0.0005167 0.00000738 70.05 <.0001 educa 0.0404978 0.00123497 32.79 <.0001 educa2 0.0045064 0.00007013 64.26 <.0001 UF Rio de Janeiro 0.0000000 0.00000000 . . Tipo Capital - Região 0.0000000 0.00000000 . . RA Anchieta 0.2263050 0.01627398 13.91 <.0001 RA Bangu 0.1814262 0.01507793 12.03 <.0001 RA Barra da Tijuca 1.0360519 0.01719547 60.25 <.0001 RA Botafogo 0.9728850 0.01596632 60.93 <.0001 RA Campo Grande 0.1877888 0.01499041 12.53 <.0001 RA Centro 0.6626204 0.02124429 31.19 <.0001 RA Cidade de Deus 0.0969338 0.02121472 4.57 <.0001 RA Complexo do Alem 0.0338567 0.01860276 1.82 0.0688 RA Copacabana 0.9931607 0.01685740 58.92 <.0001 RA Guaratiba 0.0596453 0.01748839 3.41 0.0006 RA Ilha de Paquetá 0.5188936 0.04947631 10.49 <.0001 RA Ilha do Governad 0.5375362 0.01586541 33.88 <.0001 RA Inhaúma 0.3101307 0.01655297 18.74 <.0001 RA Irajá 0.3735617 0.01589546 23.50 <.0001 RA Jacarepaguá 0.4682171 0.01505265 31.11 <.0001 RA Lagoa 1.1580391 0.01700700 68.09 <.0001 RA Madureira 0.2896177 0.01518704 19.07 <.0001 RA Maré 0.1298418 0.01678968 7.73 <.0001 RA Méier 0.5003498 0.01520276 32.91 <.0001 RA Pavuna 0.1173429 0.01587379 7.39 <.0001 RA Penha 0.2565451 0.01537925 16.68 <.0001 RA Portuária 0.2766879 0.02059310 13.44 <.0001 RA Ramos 0.3564274 0.01651097 21.59 <.0001 RA Realengo 0.2531116 0.01561041 16.21 <.0001 RA Rio Comprido 0.3588662 0.01858739 19.31 <.0001 RA Rocinha 0.2511355 0.01922998 13.06 <.0001 RA Santa Cruz 0.0172302 0.01538210 1.12 0.2627 RA Santa Teresa 0.4753880 0.02163588 21.97 <.0001 RA São Cristovão 0.3239387 0.01831885 17.68 <.0001 RA Tijuca 0.7891425 0.01647918 47.89 <.0001 RA Vila Isabel 0.7542602 0.01621056 46.53 <.0001 RA zzJacarezinho 0.0000000 0.00000000 . . Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados do Censo Demográfico 2000/IBGE

63

Simulador Recente da Renda Carioca

Com base nos microdados da PNAD/IBGE processamos modelos estatísticos que estimam a renda do carioca até 2008. Os resultados da regressão podem ser encontrados a seguir, ou podem ser acessados de forma interativa e amigável no link http://www.fgv.br/ibrecps/rio/renda . Nele podemos simular a renda dos habitantes do Rio de Janeiro, incluindo as favelas cariocas até o ano 2008.

Passos para utilização: Selecione as suas características e local de moradia no formulário. Clique em Simular.

O gráfico apresenta a renda domiciliar per capita simulada. Uma das barras representa o Cenário Atual (resultado a partir das características selecionadas) e a outra o Cenário Anterior (apresenta a simulação anterior).

64 Equação renda individual - 2008

Município do Rio de Janeiro

Wald 95% Standard Confidence Parameter Estimate Error Limits Chi-Square Pr > ChiSq Intercept 7.4669 0.3013 6.8764 8.0574 614.19 <.0001 SEXO Homens 0.2578 0.0207 0.2172 0.2984 154.86 <.0001 SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . fxage 10 a 14 -1.6034 0.1354 -1.8689 -1.3380 140.17 <.0001 fxage 15 a 19 -1.1385 0.0651 -1.2660 -1.0110 306.29 <.0001 fxage 20 a 24 -0.9476 0.0502 -1.0459 -0.8492 356.76 <.0001 fxage 25 a 29 -0.7357 0.0452 -0.8243 -0.6472 265.38 <.0001 fxage 30 a 35 -0.5677 0.0432 -0.6523 -0.4830 172.78 <.0001 fxage 36 a 39 -0.4532 0.0484 -0.5481 -0.3584 87.73 <.0001 fxage 40 a 44 -0.4187 0.0443 -0.5056 -0.3319 89.38 <.0001 fxage 45 a 49 -0.3824 0.0444 -0.4694 -0.2954 74.23 <.0001 fxage 50 a 54 -0.3534 0.0424 -0.4365 -0.2703 69.47 <.0001 fxage 55 a 59 -0.1868 0.0435 -0.2721 -0.1015 18.43 <.0001 fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . edu 1 a 3 -0.1460 0.2459 -0.6279 0.3359 0.35 0.5526 edu 12 ou mais 1.0174 0.2427 0.5417 1.4931 17.57 <.0001 edu 4 a 7 -0.0321 0.2432 -0.5088 0.4445 0.02 0.8949 edu 8 a 11 0.3032 0.2423 -0.1717 0.7780 1.57 0.2108 edu Sem instrução ou menos de 1 ano -0.2379 0.2461 -0.7203 0.2445 0.93 0.3337 edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . cor Amarela -0.1443 0.1649 -0.4676 0.1790 0.77 0.3816 cor Branca 0.2204 0.0326 0.1565 0.2842 45.81 <.0001 cor Indígena -0.1962 0.2585 -0.7029 0.3104 0.58 0.4478 cor Parda 0.0414 0.0344 -0.0261 0.1089 1.45 0.2292 cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . migra 5 a 9 Anos 0.1694 0.0716 0.0292 0.3097 5.60 0.0179 migra Ignorado -0.0309 0.0429 -0.1151 0.0532 0.52 0.4716 migra Mais de 10 Anos 0.0494 0.0255 -0.0006 0.0993 3.75 0.0527 migra Menos de 4 Anos 0.2541 0.0662 0.1244 0.3838 14.74 0.0001 migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CHAVPO Conta-Própria -0.2289 0.1651 -0.5525 0.0947 1.92 0.1657 CHAVPO Desempregado -1.6650 0.7519 -3.1386 -0.1913 4.90 0.0268 CHAVPO Empreg. Agrícola -0.4340 0.4493 -1.3147 0.4467 0.93 0.3341 CHAVPO Empreg. Doméstico -0.4139 0.1699 -0.7469 -0.0808 5.93 0.0149 CHAVPO Empreg. com carteira -0.2640 0.1677 -0.5928 0.0648 2.48 0.1155 CHAVPO Empreg. sem carteira -0.2696 0.1666 -0.5961 0.0570 2.62 0.1057 CHAVPO Empregador 0.3543 0.1728 0.0157 0.6930 4.21 0.0403 CHAVPO Func. Público 0.1136 0.1686 -0.2169 0.4440 0.45 0.5006 65 Wald 95% Standard Confidence Parameter Estimate Error Limits Chi-Square Pr > ChiSq CHAVPO Inativo -0.1765 0.2266 -0.6206 0.2676 0.61 0.4360 CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2587 0.1338 -0.5208 0.0035 3.74 0.0531 CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4755 0.0533 -0.5798 -0.3711 79.70 <.0001 CONTRIBU Desempregado 0.1072 0.7420 -1.3472 1.5615 0.02 0.8851 CONTRIBU Ignorado -0.7264 0.0621 -0.8482 -0.6046 136.62 <.0001 CONTRIBU Inativo -0.7852 0.1685 -1.1154 -0.4549 21.71 <.0001 CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal Sim -0.1474 0.0321 -0.2103 -0.0844 21.07 <.0001 asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . Scale 0.7234 0.0069 0.7100 0.7371

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE Equação renda domiciliar per capita - 2008 66

Município do Rio de Janeiro

Wald 95% Standard Confidence Parameter Estimate Error Limits Chi-Square Pr > ChiSq Intercept 6.7347 0.2675 6.2104 7.2590 633.89 <.0001 SEXO Homens -0.0469 0.0187 -0.0836 -0.0102 6.26 0.0123 SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . fxage 0 a 4 -0.2482 0.1228 -0.4889 -0.0075 4.08 0.0433 fxage 10 a 14 -0.3580 0.0449 -0.4459 -0.2700 63.66 <.0001 fxage 15 a 19 -0.4774 0.0419 -0.5595 -0.3953 129.85 <.0001 fxage 20 a 24 -0.6132 0.0448 -0.7010 -0.5253 187.16 <.0001 fxage 25 a 29 -0.5850 0.0427 -0.6687 -0.5014 187.92 <.0001 fxage 30 a 35 -0.6524 0.0414 -0.7336 -0.5713 248.56 <.0001 fxage 36 a 39 -0.5786 0.0468 -0.6704 -0.4868 152.55 <.0001 fxage 40 a 44 -0.5996 0.0425 -0.6828 -0.5164 199.40 <.0001 fxage 45 a 49 -0.5078 0.0419 -0.5900 -0.4256 146.69 <.0001 fxage 5 a 9 -0.2776 0.1194 -0.5117 -0.0435 5.40 0.0201 fxage 50 a 54 -0.4738 0.0413 -0.5548 -0.3929 131.69 <.0001 fxage 55 a 59 -0.2803 0.0434 -0.3653 -0.1953 41.79 <.0001 fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . edu 1 a 3 -0.0170 0.2334 -0.4746 0.4405 0.01 0.9418 edu 12 ou mais 1.2060 0.2318 0.7518 1.6603 27.08 <.0001 edu 4 a 7 0.1505 0.2319 -0.3041 0.6051 0.42 0.5165 edu 8 a 11 0.4670 0.2311 0.0140 0.9200 4.08 0.0433 edu Sem instrução ou menos de 1 ano -0.0219 0.2341 -0.4808 0.4369 0.01 0.9253 edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . cor Amarela 0.1034 0.1687 -0.2272 0.4341 0.38 0.5398 cor Branca 0.3741 0.0298 0.3158 0.4325 157.84 <.0001 cor Ignorado 0.4113 0.2356 -0.0504 0.8730 3.05 0.0808 cor Indígena 0.1494 0.2039 -0.2502 0.5489 0.54 0.4637 cor Parda 0.0466 0.0314 -0.0150 0.1082 2.19 0.1386 cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . migra 5 a 9 Anos 0.2433 0.0684 0.1092 0.3774 12.64 0.0004 migra Ignorado -0.0247 0.0405 -0.1042 0.0547 0.37 0.5416 migra Mais de 10 Anos 0.0952 0.0261 0.0440 0.1464 13.27 0.0003 migra Menos de 4 Anos 0.3651 0.0609 0.2458 0.4845 35.96 <.0001 migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CHAVPO Conta-Própria 0.1600 0.1116 -0.0587 0.3788 2.06 0.1517 CHAVPO Desempregado -0.3248 0.3607 -1.0317 0.3821 0.81 0.3678 CHAVPO Empreg. Agrícola -0.7071 0.4925 -1.6724 0.2582 2.06 0.1511 CHAVPO Empreg. Doméstico 0.0021 0.1201 -0.2332 0.2374 0.00 0.9859 CHAVPO Empreg. com carteira -0.0156 0.1155 -0.2420 0.2108 0.02 0.8923 67 Wald 95% Standard Confidence Parameter Estimate Error Limits Chi-Square Pr > ChiSq CHAVPO Empreg. sem carteira 0.0533 0.1138 -0.1697 0.2762 0.22 0.6395 CHAVPO Empregador 0.5033 0.1256 0.2571 0.7495 16.05 <.0001 CHAVPO Func. Público 0.2117 0.1173 -0.0181 0.4415 3.26 0.0710 CHAVPO Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CHAVPO Inativo 0.1890 0.2027 -0.2082 0.5862 0.87 0.3511 CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2138 0.1531 -0.5139 0.0862 1.95 0.1625 CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4563 0.0605 -0.5749 -0.3378 56.95 <.0001 CONTRIBU Desempregado -0.5984 0.3527 -1.2898 0.0929 2.88 0.0898 CONTRIBU Ignorado -0.6809 0.0701 -0.8183 -0.5436 94.39 <.0001 CONTRIBU Inativo -0.8358 0.1832 -1.1949 -0.4766 20.81 <.0001 CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal Sim -0.4305 0.0271 -0.4837 -0.3774 252.07 <.0001 asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . Scale 0.8305 0.0062 0.8183 0.8428

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

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Equação renda individual do trabalho - 2008

Município do Rio de Janeiro

Wald 95% Standard Confidence Parameter Estimate Error Limits Chi-Square Pr > ChiSq Intercept 6.0257 0.7360 4.5833 7.4681 67.04 <.0001 SEXO Homens 0.3129 0.0232 0.2674 0.3583 182.21 <.0001 SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . fxage 10 a 14 -1.1807 0.4011 -1.9669 -0.3945 8.66 0.0032 fxage 15 a 19 -0.5634 0.0748 -0.7100 -0.4168 56.74 <.0001 fxage 20 a 24 -0.3898 0.0573 -0.5020 -0.2775 46.28 <.0001 fxage 25 a 29 -0.1742 0.0521 -0.2763 -0.0720 11.16 0.0008 fxage 30 a 35 -0.0142 0.0502 -0.1126 0.0842 0.08 0.7774 fxage 36 a 39 0.1126 0.0546 0.0057 0.2196 4.26 0.0390 fxage 40 a 44 0.1124 0.0511 0.0121 0.2126 4.83 0.0280 fxage 45 a 49 0.1128 0.0516 0.0116 0.2140 4.77 0.0289 fxage 50 a 54 0.0643 0.0518 -0.0372 0.1658 1.54 0.2144 fxage 55 a 59 0.0669 0.0570 -0.0448 0.1786 1.38 0.2406 fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . edu 1 a 3 -0.1038 0.2501 -0.5941 0.3865 0.17 0.6782 edu 12 ou mais 0.9522 0.2449 0.4723 1.4321 15.12 0.0001 edu 4 a 7 0.0373 0.2457 -0.4442 0.5187 0.02 0.8794 edu 8 a 11 0.2737 0.2444 -0.2053 0.7527 1.25 0.2628 edu Sem instrução ou menos de 1 ano -0.0693 0.2508 -0.5608 0.4222 0.08 0.7822 edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . cor Amarela -0.1248 0.1811 -0.4798 0.2301 0.48 0.4906 cor Branca 0.1692 0.0368 0.0970 0.2414 21.08 <.0001 cor Indígena -0.2261 0.3096 -0.8329 0.3807 0.53 0.4652 cor Parda -0.0016 0.0384 -0.0768 0.0736 0.00 0.9667 cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . migra 5 a 9 Anos 0.1712 0.0739 0.0265 0.3160 5.37 0.0204 migra Ignorado 0.0155 0.0500 -0.0826 0.1136 0.10 0.7563 migra Mais de 10 Anos 0.0914 0.0301 0.0324 0.1504 9.22 0.0024 migra Menos de 4 Anos 0.2537 0.0665 0.1235 0.3840 14.58 0.0001 migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CHAVPO Conta-Própria 0.7287 0.6892 -0.6221 2.0795 1.12 0.2904 CHAVPO Empreg. Agrícola 0.7480 0.7956 -0.8113 2.3074 0.88 0.3471 CHAVPO Empreg. Doméstico 0.5444 0.6908 -0.8094 1.8983 0.62 0.4306 CHAVPO Empreg. com carteira 0.6689 0.6895 -0.6825 2.0203 0.94 0.3320 CHAVPO Empreg. sem carteira 0.7241 0.6891 -0.6264 2.0747 1.10 0.2933 CHAVPO Empregador 1.3912 0.6907 0.0374 2.7450 4.06 0.0440 69 Wald 95% Standard Confidence Parameter Estimate Error Limits Chi-Square Pr > ChiSq CHAVPO Func. Público 1.1097 0.6896 -0.2420 2.4614 2.59 0.1076 CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.3948 0.1272 -0.6441 -0.1456 9.64 0.0019 CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4937 0.0508 -0.5932 -0.3942 94.56 <.0001 CONTRIBU Ignorado -0.8556 0.0596 -0.9725 -0.7387 205.74 <.0001 CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal Sim -0.0915 0.0345 -0.1591 -0.0239 7.03 0.0080 asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . Scale 0.6871 0.0077 0.6722 0.7024 Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

70

Equação renda domiciliar per capita do trabalho - 2008

Município do Rio de Janeiro

Wald 95% Standard Confidence Parameter Estimate Error Limits Chi-Square Pr > ChiSq Intercept 5.8415 0.3021 5.2495 6.4336 373.98 <.0001 SEXO Homens -0.0443 0.0211 -0.0857 -0.0029 4.40 0.0358 SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . fxage 0 a 4 0.4429 0.1403 0.1678 0.7180 9.96 0.0016 fxage 10 a 14 0.2392 0.0538 0.1337 0.3446 19.74 <.0001 fxage 15 a 19 0.1408 0.0496 0.0436 0.2380 8.06 0.0045 fxage 20 a 24 -0.0963 0.0519 -0.1980 0.0053 3.45 0.0632 fxage 25 a 29 -0.0950 0.0493 -0.1917 0.0016 3.71 0.0539 fxage 30 a 35 -0.1529 0.0476 -0.2461 -0.0597 10.34 0.0013 fxage 36 a 39 -0.0486 0.0531 -0.1526 0.0555 0.84 0.3605 fxage 40 a 44 -0.0634 0.0489 -0.1591 0.0324 1.68 0.1945 fxage 45 a 49 0.0122 0.0485 -0.0829 0.1073 0.06 0.8011 fxage 5 a 9 0.3843 0.1366 0.1166 0.6520 7.92 0.0049 fxage 50 a 54 -0.0014 0.0486 -0.0966 0.0939 0.00 0.9778 fxage 55 a 59 0.0062 0.0519 -0.0956 0.1079 0.01 0.9051 fxage 60 ou mais 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . edu 1 a 3 0.1819 0.2647 -0.3369 0.7007 0.47 0.4920 edu 12 ou mais 1.2293 0.2628 0.7143 1.7443 21.89 <.0001 edu 4 a 7 0.3322 0.2630 -0.1833 0.8476 1.60 0.2066 edu 8 a 11 0.5664 0.2621 0.0528 1.0801 4.67 0.0307 edu Sem instrução ou menos de 1 ano 0.1847 0.2657 -0.3360 0.7054 0.48 0.4870 edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . cor Amarela 0.2047 0.1876 -0.1631 0.5724 1.19 0.2753 cor Branca 0.4019 0.0335 0.3362 0.4675 144.09 <.0001 cor Ignorado 0.2809 0.2667 -0.2419 0.8036 1.11 0.2923 cor Indígena 0.1655 0.2264 -0.2782 0.6093 0.53 0.4647 cor Parda 0.0777 0.0352 0.0088 0.1466 4.88 0.0272 cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . migra 5 a 9 Anos 0.3398 0.0747 0.1935 0.4861 20.71 <.0001 migra Ignorado 0.0255 0.0462 -0.0650 0.1161 0.31 0.5806 migra Mais de 10 Anos 0.1300 0.0305 0.0704 0.1897 18.23 <.0001 migra Menos de 4 Anos 0.3455 0.0661 0.2159 0.4752 27.30 <.0001 migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CHAVPO Conta-Própria 0.2973 0.1258 0.0507 0.5438 5.59 0.0181 CHAVPO Desempregado -0.2458 0.4019 -1.0335 0.5419 0.37 0.5408 CHAVPO Empreg. Agrícola -0.3846 0.5157 -1.3953 0.6261 0.56 0.4558 71 Wald 95% Standard Confidence Parameter Estimate Error Limits Chi-Square Pr > ChiSq CHAVPO Empreg. Doméstico 0.1005 0.1340 -0.1621 0.3630 0.56 0.4532 CHAVPO Empreg. com carteira 0.1031 0.1293 -0.1503 0.3566 0.64 0.4251 CHAVPO Empreg. sem carteira 0.2164 0.1278 -0.0340 0.4668 2.87 0.0904 CHAVPO Empregador 0.8262 0.1397 0.5523 1.1000 34.96 <.0001 CHAVPO Func. Público 0.4104 0.1310 0.1536 0.6672 9.81 0.0017 CHAVPO Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CHAVPO Inativo 0.2372 0.2403 -0.2337 0.7081 0.97 0.3235 CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2867 0.1598 -0.5998 0.0265 3.22 0.0728 CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4797 0.0634 -0.6041 -0.3554 57.17 <.0001 CONTRIBU Desempregado -0.6919 0.3923 -1.4607 0.0770 3.11 0.0778 CONTRIBU Ignorado -0.8028 0.0737 -0.9473 -0.6583 118.60 <.0001 CONTRIBU Inativo -0.9525 0.2180 -1.3797 -0.5252 19.09 <.0001 CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal Sim -0.2940 0.0301 -0.3531 -0.2349 95.11 <.0001 asubnormal ZZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . Scale 0.8656 0.0070 0.8519 0.8795

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

72 Equação domiciliar per capita do trabalho Município do Rio de Janeiro Com dummy interativa FAVELA * ANO

Wald 95% Limites Pr > Qui- Parametro Estimativa Erro Padrão de Confiança Qui-Quadrado Quadrado Intercept 6.5558 0.2412 6.0831 7.0285 738.92 <.0001 SEXO Homens -0.0280 0.0080 -0.0436 -0.0123 12.22 0.0005 SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . fxage 0 a 4 0.4277 0.2580 -0.0780 0.9333 2.75 0.0974 fxage 10 a 14 0.4433 0.2288 -0.0052 0.8917 3.75 0.0527 fxage 15 a 19 0.2698 0.2287 -0.1785 0.7181 1.39 0.2382 fxage 20 a 24 0.1875 0.2288 -0.2609 0.6359 0.67 0.4125 fxage 25 a 29 0.1785 0.2288 -0.2699 0.6270 0.61 0.4352 fxage 30 a 35 0.1398 0.2287 -0.3085 0.5880 0.37 0.5412 fxage 36 a 39 0.1294 0.2289 -0.3191 0.5780 0.32 0.5717 fxage 40 a 44 0.1672 0.2287 -0.2811 0.6155 0.53 0.4648 fxage 45 a 49 0.2828 0.2288 -0.1656 0.7311 1.53 0.2164 fxage 5 a 9 0.4730 0.2578 -0.0323 0.9783 3.37 0.0665 fxage 50 a 54 0.4135 0.2288 -0.0349 0.8619 3.27 0.0707 fxage 55 a 59 0.5621 0.2289 0.1134 1.0108 6.03 0.0141 fxage 60 ou mais 0.7528 0.2285 0.3049 1.2006 10.85 0.0010 fxage Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . edu 1 a 3 -0.8086 0.0595 -0.9252 -0.6921 184.90 <.0001 edu 12 ou mais 0.5026 0.0587 0.3876 0.6177 73.36 <.0001 edu 4 a 7 -0.6399 0.0586 -0.7547 -0.5250 119.18 <.0001 edu 8 a 11 -0.2401 0.0582 -0.3541 -0.1260 17.02 <.0001 edu Sem instrução ou menos -0.8584 0.0602 -0.9763 -0.7405 203.49 <.0001 de 1 ano edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . cor Amarela 0.2941 0.0879 0.1218 0.4664 11.19 0.0008 cor Branca 0.3835 0.0129 0.3582 0.4087 885.33 <.0001 cor Ignorado 0.6474 0.1619 0.3301 0.9647 15.99 <.0001 cor Indígena 0.1140 0.1041 -0.0901 0.3180 1.20 0.2737 cor Parda 0.0251 0.0138 -0.0020 0.0521 3.30 0.0691 cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . migra 5 a 9 Anos 0.1511 0.0307 0.0908 0.2113 24.16 <.0001 migra Ignorado 0.0429 0.0189 0.0059 0.0799 5.16 0.0231 73 Wald 95% Limites Pr > Qui- Parametro Estimativa Erro Padrão de Confiança Qui-Quadrado Quadrado migra Mais de 10 Anos 0.0809 0.0110 0.0594 0.1024 54.28 <.0001 migra Menos de 4 Anos 0.2203 0.0289 0.1636 0.2769 58.05 <.0001 migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CHAVPO 11 -2.5256 0.8218 -4.1364 -0.9149 9.44 0.0021 CHAVPO Conta-Própria 0.1965 0.0468 0.1048 0.2882 17.62 <.0001 CHAVPO Desempregado -0.2900 0.1710 -0.6252 0.0452 2.88 0.0899 CHAVPO Empreg. Agrícola -0.1713 0.2102 -0.5833 0.2407 0.66 0.4152 CHAVPO Empreg. Doméstico -0.0097 0.0505 -0.1086 0.0893 0.04 0.8480 CHAVPO Empreg. com carteira 0.0346 0.0487 -0.0609 0.1301 0.50 0.4778 CHAVPO Empreg. sem carteira 0.1114 0.0478 0.0176 0.2051 5.42 0.0199 CHAVPO Empregador 0.6207 0.0534 0.5161 0.7253 135.17 <.0001 CHAVPO Func. Público 0.2216 0.0493 0.1251 0.3181 20.24 <.0001 CHAVPO Ignorado 0.1469 0.1361 -0.1198 0.4136 1.17 0.2803 CHAVPO Inativo 0.0558 0.0889 -0.1184 0.2299 0.39 0.5304 CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.0861 0.0695 -0.2223 0.0500 1.54 0.2151 CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.3428 0.0274 -0.3964 -0.2892 157.06 <.0001 CONTRIBU Desempregado -0.4420 0.1685 -0.7723 -0.1117 6.88 0.0087 CONTRIBU Ignorado -0.5256 0.0309 -0.5862 -0.4649 288.36 <.0001 CONTRIBU Inativo -0.4768 0.0823 -0.6381 -0.3156 33.59 <.0001 CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal Sim -0.4910 0.0228 -0.5358 -0.4463 462.50 <.0001 asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . anoo 1999 -0.1036 0.0128 -0.1287 -0.0785 65.21 <.0001 anoo 2001 -0.1394 0.0129 -0.1647 -0.1141 116.63 <.0001 anoo 2005 -0.1402 0.0130 -0.1657 -0.1147 116.15 <.0001 anoo 2008 -0.0619 0.0132 -0.0877 -0.0361 22.11 <.0001 anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo Sim 1999 0.0844 0.0321 0.0214 0.1473 6.90 0.0086 asubnormal*anoo Sim 2001 0.0129 0.0329 -0.0517 0.0774 0.15 0.6958 asubnormal*anoo Sim 2005 0.0391 0.0334 -0.0263 0.1045 1.37 0.2418 asubnormal*anoo Sim 2008 0.0938 0.0342 0.0268 0.1609 7.53 0.0061 asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . 74 Wald 95% Limites Pr > Qui- Parametro Estimativa Erro Padrão de Confiança Qui-Quadrado Quadrado asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . Scale 0.8204 0.0027 0.8152 0.8257 Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

Equação domiciliar per capita do trabalho Município do Rio de Janeiro Com dummy interativa (favela * ano)

Wald 95% Limites Pr > Qui- Parametro Estimativa Erro Padrão de Confiança Qui-Quadrado Quadrado Intercept 6.4743 0.3333 5.8210 7.1275 377.36 <.0001 SEXO Homens -0.0286 0.0089 -0.0461 -0.0112 10.31 0.0013 SEXO Mulheres 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . fxage 0 a 4 0.3422 0.3450 -0.3340 1.0185 0.98 0.3212 fxage 10 a 14 0.3596 0.3237 -0.2748 0.9940 1.23 0.2665 fxage 15 a 19 0.1322 0.3237 -0.5021 0.7666 0.17 0.6829 fxage 20 a 24 -0.0033 0.3237 -0.6377 0.6311 0.00 0.9919 fxage 25 a 29 0.0127 0.3237 -0.6217 0.6472 0.00 0.9686 fxage 30 a 35 -0.0046 0.3236 -0.6389 0.6298 0.00 0.9888 fxage 36 a 39 -0.0044 0.3238 -0.6390 0.6302 0.00 0.9892 fxage 40 a 44 0.0231 0.3237 -0.6113 0.6575 0.01 0.9432 fxage 45 a 49 0.1031 0.3237 -0.5313 0.7376 0.10 0.7500 fxage 5 a 9 0.3756 0.3449 -0.3004 1.0516 1.19 0.2762 fxage 50 a 54 0.1226 0.3237 -0.5119 0.7571 0.14 0.7050 fxage 55 a 59 0.1640 0.3239 -0.4708 0.7989 0.26 0.6125 fxage 60 ou mais 0.1625 0.3236 -0.4717 0.7966 0.25 0.6156 fxage Ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . edu 1 a 3 -0.6451 0.0636 -0.7698 -0.5204 102.83 <.0001 edu 12 ou mais 0.5042 0.0626 0.3814 0.6270 64.80 <.0001 edu 4 a 7 -0.5123 0.0626 -0.6349 -0.3897 67.04 <.0001 edu 8 a 11 -0.1829 0.0620 -0.3045 -0.0613 8.69 0.0032 edu Sem instrução ou menos -0.6805 0.0645 -0.8070 -0.5541 111.34 <.0001 de 1 ano edu ignorado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . cor Amarela 0.3077 0.0950 0.1216 0.4939 10.50 0.0012 75 Wald 95% Limites Pr > Qui- Parametro Estimativa Erro Padrão de Confiança Qui-Quadrado Quadrado cor Branca 0.4210 0.0142 0.3931 0.4490 874.61 <.0001 cor Ignorado 0.7064 0.1749 0.3637 1.0491 16.32 <.0001 cor Indígena 0.1939 0.1134 -0.0285 0.4162 2.92 0.0874 cor Parda 0.0423 0.0152 0.0126 0.0720 7.77 0.0053 cor Preta 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . migra 5 a 9 Anos 0.2076 0.0327 0.1435 0.2716 40.32 <.0001 migra Ignorado 0.1105 0.0216 0.0682 0.1529 26.15 <.0001 migra Mais de 10 Anos 0.1200 0.0126 0.0952 0.1447 90.37 <.0001 migra Menos de 4 Anos 0.2914 0.0309 0.2308 0.3520 88.83 <.0001 migra Não imigrou 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CHAVPO Conta-Própria 0.2967 0.0525 0.1939 0.3995 31.98 <.0001 CHAVPO Desempregado -0.2361 0.1996 -0.6274 0.1552 1.40 0.2369 CHAVPO Empreg. Agrícola 0.0242 0.2255 -0.4178 0.4663 0.01 0.9144 CHAVPO Empreg. Doméstico 0.0770 0.0560 -0.0328 0.1867 1.89 0.1693 CHAVPO Empreg. com carteira 0.0987 0.0543 -0.0077 0.2051 3.30 0.0691 CHAVPO Empreg. sem carteira 0.1933 0.0534 0.0886 0.2979 13.09 0.0003 CHAVPO Empregador 0.8553 0.0590 0.7395 0.9710 209.86 <.0001 CHAVPO Func. Público 0.3430 0.0548 0.2355 0.4505 39.13 <.0001 CHAVPO Ignorado 0.1721 0.1491 -0.1201 0.4644 1.33 0.2483 CHAVPO Inativo -0.1377 0.1037 -0.3409 0.0654 1.77 0.1839 CHAVPO Não Remunerado 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . CONTRIBU Contribui Prev Priv -0.2125 0.0726 -0.3548 -0.0702 8.57 0.0034 CONTRIBU Contribui Prev Pub -0.4034 0.0286 -0.4595 -0.3474 199.13 <.0001 CONTRIBU Desempregado -0.5861 0.1965 -0.9713 -0.2010 8.90 0.0029 CONTRIBU Ignorado -0.6764 0.0324 -0.7398 -0.6129 436.17 <.0001 CONTRIBU Inativo -0.4106 0.0956 -0.5980 -0.2232 18.44 <.0001 CONTRIBU ZContribui Prev Pub e Priv 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal Sim -0.4043 0.0247 -0.4526 -0.3559 268.80 <.0001 asubnormal ZZNão 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . anoo 1999 -0.1372 0.0143 -0.1652 -0.1092 92.34 <.0001 anoo 2001 -0.1804 0.0144 -0.2085 -0.1522 157.83 <.0001 anoo 2005 -0.1828 0.0144 -0.2111 -0.1545 160.18 <.0001 anoo 2008 -0.0778 0.0147 -0.1065 -0.0491 28.18 <.0001 anoo 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo Sim 1999 0.0982 0.0349 0.0299 0.1665 7.94 0.0048 76 Wald 95% Limites Pr > Qui- Parametro Estimativa Erro Padrão de Confiança Qui-Quadrado Quadrado asubnormal*anoo Sim 2001 0.0757 0.0359 0.0053 0.1460 4.44 0.0350 asubnormal*anoo Sim 2005 0.0616 0.0364 -0.0097 0.1329 2.87 0.0905 asubnormal*anoo Sim 2008 0.1443 0.0375 0.0709 0.2178 14.85 0.0001 asubnormal*anoo Sim 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 1999 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2001 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2005 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 2008 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . asubnormal*anoo ZZNão 91996 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 . . Scale 0.8501 0.0030 0.8443 0.8559 Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados da PNAD/IBGE

77

Evolução Recente das Condições de Vida no Município do Rio de Janeiro

A Geografia da Pobreza

Entre 2003 e 2008 houve uma redução de 43.03% da pobreza o que corresponde à saída de 19,3 milhões de pessoas da miséria com uma renda abaixo de 137 reais em termos domiciliares per capita. Entre as 27 capitais das Unidades de Federação brasileiras e as periferias das seis maiores metrópoles o destaque da redução no período 2003 a 2008 foi o município de Palmas (- 80,9%) e nas menores reduções temos o município do Rio (-34,8%). Já em termos dos níveis das séries em 2008, o município Rio ocupa a 21 primeiro lugar no ranking das maiores taxas de miséria (10,18% da população), duas posições abaixo da periferia (11,15%).

% Classe E %%% Var (%) Var (%)

rank 2008 2008 rank 2007 rank 2003 rank 2007/2008 rank 2003/2008

18 Periferia do Rio de Janeiro - RJ 11.15 22 12.88 25 18.00 22 -13.43% 4 -38.06% 21 Rio de Janeiro - RJ 10.18 15 16.34 29 15.62 34 -37.70% 1 -34.83% Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD

Na passagem do Ano I D.C. (um ano depois da crise) no dia 15 de setembro quando a crise irrompeu as bolsas de valores lá fora, o que podemos dizer dos seus efeitos no bolso do carioca pobre? (não confundir com (pobre carioca). Damos seqüência aqui, com dados até julho de 2009, ao monitoramento da evolução da composição da população em seus diversos estratos econômicos. A PME permite um olhar destes tipos de áreas o período pós-crise (leia-se na PME renda do trabalho no âmbito das seis maiores metrópoles apenas). No período Julho de 2008 quando comparado a Julho de 2009 a pobreza trabalhista caiu -0,6% na capital do Rio de Janeiro.

78 Classes Econômicas Locais

O líder da renda média no Brasil (R$ 1249 por mês e da participação das classes ABC é o município de Florianópolis (92,6% da população de lá). A chamada cidade maravilhosa tem 75,3% nas classes ABC (7ª entre as 27 capitais) e cada carioca ganha 1015 reais (6ª maior).

% Classe ABC %%% Var (%) Var (%)

rank 2008 2008 rank 2007 rank 2003 rank 2007/2008 rank 2003/2008

7 Rio de Janeiro - RJ 75.32 12 67.90 5 66.24 7 10.93% 33 13.71% 17 Periferia do Rio de Janeiro - RJ 63.98 15 62.27 14 53.45 25 2.75% 31 19.70% Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD

Julho de 2009, nove meses após a chegada da crise aqui, já há uma visão clara dos seus efeitos na renda dos trabalhadores brasileiros nas seis maiores metrópoles do país. Uma síntese pode ser encontrada na soma das classes ABC, que subiu 1,81% no período de crise e 25,7% na auspiciosa fase anterior à chegada da crise no Brasil, embora a crise já estivesse presente nos países desenvolvidos desde meados de 2007. Um aspecto inovador foi abrir as periferias e capitais. Como exemplo deste processo veja que o desempenho do município do Rio de Janeiro, que teve aumento de 1,16%.

Fontes de Rendas e Mudanças Se algo mudou o segundo esforço é saber: Por que mudou? Mudou em que? Estas últimas perguntas sugerem as duas linhas complementares de resposta aqui exploradas, a saber: a primeira olha para os determinantes próximos da distribuição de renda e para os componentes primários da renda das pessoas, o papel de pensões e aposentadorias, programas sociais e trabalho. A análise da participação de diferentes tipos de renda por classe econômica pode ser útil para aferir os impactos prospectivos de diferentes instrumentos de política pública sobre a distribuição de renda, tais como, por exemplo, as medidas adotadas no bojo da crise externa iniciada em setembro de 2008, senão vejamos: Aumentos do Bolsa Família e de outros programas não previdenciários79 tendem a beneficiar predominantemente a classe E brasileira que tem 16,25% de seus proventos desta modalidade de renda. A classe C é aquela que percebe a maior proporção de benefícios previdenciários totais 20,73%. Agora se optamos por separar a renda de benefícios previdenciários em rendimentos individuais percebidos até 1 salário mínimo e benefícios acima deste piso, pois a diferenciação de reajustes destas faixas foi a tônica da política de reajustes desde 1998. O maior beneficiário de reajuste do piso previdenciário é a classe D com 12,66% das rendas vinculadas ao piso. Finalmente, o reajuste de pensões e aposentadorias acima deste piso beneficia acima de tudo a classe AB com 18,94% de seus proventos associados a esta fonte. Esta medida está em debate hoje para ser implementada.

As Capitais das Rendas O Rio ficou como a capital dos aposentados cujas rendas correspondem a 28,8% do bolso do carioca, a mais alta proporção de todas 27 capitais. Em termos de renda do trabalho o município do Rio ficou com a última posição (67,98% do total)

Participação das diferentes fontes de renda no total (%) – 2008 80 Capitais e Periferias Metropolitanas

Outras Transferênci Previdencia Piso Renda todos rendas as Pública - Pós-piso > Previdencia os trabalhos privadas BF* SM* - SM* %%%%%

2008 2008 2008 2008 2008

Porto Velho - RO 81.95 1.63 1.43 2.33 12.66 Rio Branco - AC 82.51 3.60 0.95 2.74 10.20 Manaus - AM 84.80 1.27 1.75 2.13 10.05 Boa Vista - RR 86.11 1.19 3.11 3.53 6.06 Belém - PA 75.98 2.19 2.00 3.39 16.44 PA Periferia 81.09 2.14 3.34 3.79 9.64 Macapá - AP 86.74 1.02 3.15 2.29 6.80 Palmas - TO 88.31 3.35 1.26 1.39 5.68 São Luís - MA 82.62 0.87 1.68 3.30 11.53 Teresina - PI 71.67 4.54 1.55 3.43 18.81 Fortaleza - CE 75.75 2.58 1.85 3.58 16.24 CE Periferia 75.83 1.29 3.85 10.53 8.50 Natal - RN 78.89 2.47 1.50 3.57 13.56 João Pessoa - PB 73.92 2.61 2.37 2.84 18.27 Recife - PE 71.53 2.83 2.90 3.22 19.52 PE Periferia 72.38 1.78 2.15 7.07 16.63 Maceió - AL 80.36 2.47 1.94 3.61 11.63 Aracaju - SE 79.67 1.18 0.75 2.96 15.44 Salvador - BA 77.69 2.49 1.46 2.80 15.57 BA Periferia 81.89 2.08 1.95 4.31 9.76 Belo Horizonte - MG 75.49 2.82 1.28 2.42 17.98 MG Periferia 81.29 1.28 1.48 4.82 11.12 Vitória - ES 69.97 2.57 0.46 1.64 25.35 Rio de Janeiro - RJ 67.98 2.34 0.86 1.60 27.22 RJ Periferia 72.51 0.77 0.66 4.28 21.78 São Paulo - SP 80.51 2.39 2.18 1.56 13.36 SP Periferia 80.93 1.58 1.88 2.64 12.97 Curitiba - PR 77.13 2.43 2.38 1.54 16.52 PR Periferia 85.16 1.13 1.33 3.62 8.76 Florianópolis - SC 77.00 2.12 2.17 1.41 17.30 Porto Alegre - RS 72.26 2.49 1.20 1.65 22.39 RS Periferia 76.90 1.56 1.47 3.95 16.13 Campo Grande - MS 82.75 3.16 1.48 2.49 10.12 Cuiabá - MT 81.54 1.74 0.72 2.03 13.97 Goiânia - GO 79.07 3.10 1.75 2.33 13.75 Brasília - DF 79.62 1.62 1.48 0.85 16.43 Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD