O Coração Do Brasil Bate Nas Ruas: a Luta Pela Redemocratização Do País
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A praça é do povo: ampliaçãoO coração do Brasil bate da nas ruas: a arenaluta pela redemocratização do país política, movimentos sociais e luta pela redemocratização. A “distensão contro- lada” do general Figueiredo. A praça é do povo: ampliação da arena política, movi- mentos sociais e luta pela redemocra- tização. A “distensão controlada” do gene- ral Figueiredo. A praça é do povo: amplia- ção da arena política,7 movimentos sociais e lutaO pela coração redemocratização. do Brasil A “disten- são controlada”bate nas do ruas: general aFigueiredo. luta A praça é do povo: ampliação da arena polí- 7 tica,pela movimentos redemocratização sociais e luta pela rede- mocratização. doA “distensão país controlada” do general Figueiredo. A praça é do povo: ampliação da arena política, movimentos sociais e luta pela redemocratização. A “distensão controlada” do general Figuei- redo. A praça é do povo: ampliação da are- na política, movimentos sociais e luta pela redemocratização. A “distensão con- trolada” do general Figueiredo. A praça é do povo: ampliação da arena política, JOSÉ ROBERTO FRANCO REIS movimentos sociais e luta pela rede- mocratização. A “distensão controlada” 219 do general Figueiredo. A praça é do povo: Na corda bamba de sombrinha: a saúde no fio da história 1o 220 O coração do Brasil bate nas ruas: a luta pela redemocratização do país A praça é do povo: ampliação da arena política, movimentos sociais e luta pela redemocratização O início do processo de transição para o regime democrático se dá com a ascensão do general Ernesto Geisel à presidência da República, em 1974, quando, diante dos sinais de esgotamento do “milagre econômico” e da ditadura militar, o governo decide pôr em marcha o projeto de abertura “lenta, gradual e segura”. O objetivo do governo Geisel era realizar uma “transição controlada”, com um processo pau- latino de liberalização do regime que suprimisse os instrumentos de exceção, encaminhasse o país a uma progressiva institucionalização e garantisse a volta dos militares aos quartéis sem risco de revanchismos e outras punições. O que se observou, entretanto, como salienta Habert, foi um incessante vai e vem entre a utilização dos mecanismos de repressão e a introdução de outros menos ostensivos, como a subs- tituição do ato institucional n. 5 (AI-5), em janeiro de 1979, “por um conjunto de medidas denominadas salvaguardas constitucionais” (2003, pp. 50-51), tornando-se Geisel – o “ditador da abertura”, nos termos felizes do Jornal do Brasil – o presidente militar que mais cassou políticos de oposição. De qualquer modo, 7 medidas liberalizantes foram adotadas, como o “fim da censura prévia no rádio e na televisão” e o restabelecimento da garantia “do habeas corpus para crimes políticos”(Carvalho, 2003, p. 175). Concebida durante os anos de euforia do “milagre econômico”, a Rodovia Transamazônica ficou conhecida como uma das “obras faraônicas” do regime militar. Seu projeto inicial previa a construção de 8 mil quilômetros de rodovia interligando as regiões Norte e Nordeste com o restante do país. Inaugurada oficialmente em agosto de 1972, a obra consumiu milhões de dólares mas não chegou a ser concluída, resultando num enorme prejuízo para os cofres públicos e deixando um rastro de milhares de quilômetros sem qualquer pavimentação em plena floresta Acervo Arquivo Nacional/ 221 Na corda bamba de sombrinha: a saúde no fio da história Havia, entretanto, nos meios militares resistências sérias ao projeto de distensão “lenta gradual e segura” proposto pelo grupo “castelista” (como eram identificados os militares que arquitetaram a distensão, com destaque para a dupla de generais Geisel e Golbery), notadamente dos setores ligados à comunidade de informações e identificados com a chamada “linha-dura” do regime, para quem o poder militar “deveria se manter inalterado em nome da segurança nacional” e do combate à subversão e ao comunismo (Habert, 2003, p. 49). Esses setores procuravam desestabilizar o processo de transição controlada por meio de atos terroristas marcados por explosões de bombas em entidades importantes como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em bancas de jornais e até em igrejas, “além de ameaçar e seqüestrar” lideranças importantes da sociedade civil organizada (Napolitano, 1998, p. 83) Alguns momentos particularmente significativos e tensos desses embates internos à corporação militar podem ser observados durante os episódios de assassinato, sob tortura, do jornalista Vladimir Herzog (outubro de 1975) e do metalúrgico Manuel Fiel Filho (janeiro de 1976) nas dependências do DOI-CODI de São Paulo (Harbert, 2003, p. 49). Os episódios provocaram protestos e grande indignação na opinião pública nacional, resultando na substituição do comandante do II Exército, general Ednardo D’Ávila Melo, identificado com a linha-dura do regime, que justificara ambas as mortes com a versão escandalosa de suicídio. Tais disputas se manifestaram também na demissão do ministro do Exército Silvio Frota, que se apresentou como candidato dos “duros” à sucessão presidencial de Geisel e questionou abertamente 1o a autoridade do presidente e em grande medida a própria continuidade do processo de abertura política do país. Na lógica “castelista” de uma transição controlada para o regime democrático não estava previsto que as ruas e praças do país viessem a ser ocupadas por diversos movimentos de protesto e de contestação às políticas da ditadura militar, forçando o governo, e também a oposição liberal, a aceitar uma ampliação da agenda política relacionada com os rumos da redemocratização do país. Com efeito, o que se observa desde os anos de 1970 é um processo de fortalecimento da chamada sociedade civil, que, afastada do espaço da “grande política”, procurava, como aponta Napolitano, agir coletivamente e politizar um conjunto de questões relacionadas ao cotidiano da vida nas grandes cidades, ocupando praças, igrejas, bares, escolas, e transformando-os, em espaços públicos de “reorganização política e de oposição ao regime”. (1998, p. 48) Um dos mais importantes desses movimentos foi o que se organizou em torno da questão do custo de vida (Movimento do Custo de Vida – MCV). No seu primeiro encontro, em 1972, o MCV reuniu 46 donas de casa, e poucos anos depois, em 1978, promoveu uma manifestação com mais de vinte mil pessoas na Praça da Sé, em São Paulo, entregando simbolicamente às autoridades um abaixo-assinado contra a carestia com mais de um milhão de assinaturas, o que revelava um processo crescente de politização e estruturação do movimento (Idem, p. 50). Em 1977 foi a vez de os estudantes retornarem à praça pública, com a realização de manifestações e encontros em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte nos quais se mesclavam reivindicações específicas da categoria com exigências democráticas. A mobilização culminou com a invasão, em agosto daquele mesmo ano, do campus da PUC de São Paulo, “comandada pelo próprio secretário de Segurança Pública do estado, coronel Erasmo Dias” (Idem, p. 65). Empregando grande violência, as forças policiais “depredaram as instalações físicas da universidade” e feriram 222 O coração do Brasil bate nas ruas: a luta pela redemocratização do país 7 Generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva, os mentores da transição “lenta gradual e segura” para a democracia Acervo CPDOC/FGV Com a “abertura”, a política volta às ruas “Quebra-nós”, charge de Mayrink Boletim Abrasco, n. 13, nov.-dez. 1984, p.1 Acervo Abrasco Policiais jogam bombas de efeito moral e prendem mais de 2 mil alunos em encontro de estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo, 22 set. 1977 Acervo Agência Estado 223 Na corda bamba de sombrinha: a saúde no fio da história estudantes, professores e funcionários, provocando a solidariedade e a simpatia de amplos setores da sociedade civil para com as lutas estudantis e as causas democráticas em geral (Idem). No campo específico da luta sindical e trabalhista, o ano de 1978 foi marcante, com o início de um movimento grevista na região do ABC paulista envolvendo milhares de trabalhadores. Conhecidas como greves dos “braços cruzados, máquinas paradas”, organizaram-se por locais de produção em paralisações de curta duração que tinham como principal ponto de pauta maiores índices de reajuste salarial, o que significava o questionamento da “política salarial e trabalhista da ditadura” (Habert, 2003, pp. 61-62). No ano seguinte se observa um processo de generalização das greves, que passaram a envolver milhões de trabalhadores de várias categorias e de todo o país: além de metalúrgicos, professores, médicos, enfermeiros, lixeiros, cobradores e motoristas de ônibus, bancários, mineiros, trabalhadores da construção civil etc., num total de mais de três milhões de trabalhadores e 430 greves. (Idem) Em torno do movimento grevista organizou-se uma ampla rede de solidariedade da população, principalmente nos bairros populares, com a instituição de fundos de greve para oferecer apoio aos envolvidos no movimento. Assembleias imensas, reunindo mais de cem mil trabalhadores no estádio de Vila Euclides, 1o Operários em greve ocupam a sede da Scania, no ABC paulista, em maio de 1979 Foto: Luciano Vicione Acervo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Disponível em http:// www.abcdeluta.org.br/ materia.asp?id_CON=196 Helicóptero do Exército sobrevoa assembleia dos metalúrgicos durante a greve de 1980 Foto: Ricardo Malta Acervo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Disponível em http:// www.abcdeluta.org.br/ materia.asp?id_CON=243 Durante