Tese Completa Versão Pós Defesa Ok
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0 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS DOUTORADO EM ESTUDOS DE LINGUAGEM ALEXSANDRA FERREIRA DA SILVA A CONSTRUCIONALIZAÇÃO GRAMATICAL DE “FOI QUANDO” COMO CONECTOR NITERÓI 2015 1 ALEXSANDRA FERREIRA DA SILVA A CONSTRUCIONALIZAÇÃO GRAMATICAL DE “FOI QUANDO” COMO CONECTOR Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração: Linguística. Subárea: Língua Portuguesa. Orientadora: Profª. Drª. NILZA BARROZO DIAS Coorientadora: Profª. Drª. MARIANGELA RIOS DE OLIVEIRA Niterói 2015 2 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá S586 Silva, Alexsandra Ferreira da. A construcionalização gramatical de “foi quando”como conector / Alexsandra Ferreira da Silva. – 2015. 284 f. Orientadora: Nilza Barrozo Dias . Coorientadora: Mariangela Rios de Oliveira. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Letras, 2015. Bibliografia: f. 179-184. 1. Língua portuguesa. 2. Gramática. I . Dias, Nilza Barrozo. II. Oliveira, Mariangela Rios de. III. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Letras. IV. Título. CDD 469.5 3 ALEXSANDRA FERREIRA DA SILVA A CONSTRUCIONALIZAÇÃO GRAMATICAL DE “FOI QUANDO” COMO CONECTOR Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração: Linguística. Subárea: Língua Portuguesa. BANCA EXAMINADORA Profª. Drª. NILZA BARROZO DIAS (UFF) – Orientadora Profª. Drª. MARIANGELA RIOS DE OLIVEIRA (UFF) – Coorientadora Profª. Drª. MARIA LUIZA BRAGA (UFRJ) Profª. Drª. VIOLETA VIRGINIA RODRIGUES (UFRJ) Prof. Dr. IVO DA COSTA DO ROSÁRIO (UFF) Profª. Drª. VANDA MARIA CARDOZO DE MENEZES (UFF) Prof. Dr. MARCIA DOS SANTOS MACHADO VIEIRA (UFRJ) - Suplente Prof. Dr. ROSANE SANTOS MAURO MONNERAT (UFF) - Suplente 4 Aos meus pais, ao meu marido e ao meu filho, pelo amor de sempre e por caminharem junto comigo na construção deste ideal. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, por ser a base de TUDO em minha vida. Aos meus queridos pais, Ivan e Leila, pelo incentivo ao estudo desde os primeiros passos. À minha mãe, tão querida, por dividir comigo os cuidados com meu filho durante esta caminhada. Ao meu amado marido, Marcelo, pela presença segura em minha vida, pelo amor e pelo companheirismo de sempre – em todos os sentidos – que fizeram este trabalho possível. Ao meu filho amado, o pequeno Marcos Gabriel, por tornar este trabalho paradoxalmente mais árduo e prazeroso; e pela alegria que trouxe em minha vida. À minha querida irmã, Angela, pela amizade e por compartilhar comigo tantas experiências essenciais. Às professoras Nilza e Mariangela, minhas orientadoras, pelo profissionalismo, pela seriedade, pela competência e pela amizade nesses anos de convivência. Aos membros titulares e suplentes desta banca, por gentilmente aceitarem o convite de participar desta etapa acadêmica tão importante. Agradeço às professoras Violeta e Maria Luiza, pelos apontamentos realizados durante o exame de qualificação. À querida amiga Milena, pela companhia, parceria e amizade durante a graduação, o mestrado e o doutorado; agradeço-a pelo incentivo nesta longa caminhada, sempre juntas. Aos queridos amigos do grupo D&G, no qual esta pesquisa cresceu e se desenvolveu. Em especial, às amigas Ana Beatriz, Ana Claudia, Sirley e Rossana, pela presença amiga e pelas dicas preciosas. Finalmente, a toda minha família e amigos que, compreendendo minhas ausências, sempre estiveram presentes em minha vida, ao longo desta jornada. 6 EPÍGRAFE A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. Carlos Drummond de Andrade 7 RESUMO Investigamos diferentes usos de “foi quando” em perspectiva pancrônica. Através da análise de dados que remontam ao século XIII, registramos um processo de mudança gradual que conduziu ao uso de “foi quando” como conector em sincronias mais recentes. O resultado desse processo de mudança é analisado na perspectiva de construcionalização gramatical, conforme Traugott e Trousdale (2013). Para esse estudo, adotamos como referencial teórico os pressupostos da Linguística Funcional Centrada no Uso – LFCU. Desse modo, com base no reconhecimento da importância de se abordar os fenômenos linguísticos em seu contexto efetivo de uso, procedemos, inicialmente, a uma pesquisa sincrônica na qual analisamos notícias publicadas nos sites : www.g1.globo.com e www.odia.ig.com.br. Posteriormente, pesquisamos dados diacrônicos em textos narrativos, disponíveis no Corpus do Português, em www.corpusdoportugues.org. Selecionamos, ao todo, 406 dados de uso de “foi quando”. Os resultados obtidos apontam que os usos de “foi quando”, em viés sincrônico, apresentam graus distintos de gramaticalidade, em que o uso mais gramatical se apresenta na língua como instância de uma microconstrução, nos termos de Traugott (2008). Verificamos, ainda, conforme Traugott (2010), que os diferentes graus de gramaticalidade de “foi quando” são decorrentes de um processo de mudança diacrônica. Esse processo é observado a partir do estudo dos contextos que conduzem à mudança, conforme Heine (2002). Consideramos que a interpretação induzida pelo contexto nos permite uma análise da mudança construcional em pequenos passos. Nesse sentido, concluímos que os usos de “foi quando” se apresentam, basicamente, em três tipos de contextos, conforme Heine (2002): contexto inicial, contexto ponte e contexto de mudança. Verificamos que o contexto inicial configura-se como o mais concreto, o mais composicional e o menos esquemático, abarcando os usos com menor grau de gramaticalidade, identificados em nossa pesquisa como os casos listados no Padrão I – [foi verb.ligação ] e [quando adv.integrante ]. O contexto ponte é considerado híbrido, contemplando os usos em nível intermediário de gramaticalidade, listados no Padrão II – [foi verb.copulativo [quando adv.relativo ]]. Já o contexto de mudança configura-se como mais abstrato, mais esquemático e menos composicional, relacionando os casos listados no padrão III – [foiquando conector ]. Assim, o estudo de “foi quando” nos contextos evidenciou neoanálises de forma morfossintática e significado semântico/ pragmático que levaram à criação da microconstrução [foiquando conector ], um pareamento forma nova -significado novo . Constatamos, nesta tese, que o resultado de uma série de reajustes que ocorre nesses contextos é a construcionalização gramatical de “foi quando” como um conector, uma microconstrução que apresenta significado abstrato e procedural, no sentido de que é utilizada para estabelecer relações linguísticas entre porções textuais como um mecanismo de coesão. Palavras-chave: Construcionalização, Microconstrução, Conector. 8 ABSTRACT It has been investigated the different uses of “foi quando” in a panchronic perspective. By analysing samples dating as early as the 13th century, it was possible to register a gradual changing process which led to the use of “foi quando” as a connector in more recent synchronies. The result of this changing process has been analyzed under the grammatical constructionalization perspective, presented by Traugott and Trousdale (2013). For this study, we adopted the concepts of Usage-based Functional Linguistics. Thus, as we recognize the importance of studying linguistic phenomena in their effective context of use, we proceed to a synchronic research in which we have analyzed news items published in the sites: www.g1.globo.com and www.odia.ig.com.br. After that, diachronic data have been researched in narrative texts available in the Portuguese Corpus, found in www.corpusdoportugues.org. We selected, in all, 406 uses of “foi quando”. The results reveal that the uses of “foi quando”, in a synchronic perspective, present distinctive degrees of grammaticality in which the most grammatical form is present in the language as an instance of micro-construction, using Traugott (2008) term. It is also been verified, according to Traugott (2010), that different degrees of grammaticality of “foi quando” are the result of a changing diachronic process. According to Heine (2002), this process is observed from the study of contexts which lead to change. We consider that the context induced interpretation allows us an analysis of the constructional change in small steps. Bearing this in mind, we have reached the conclusion that the uses of “foi quando” appear in three different contexts, acording to Heine (2002): initial context, bridging context and “switch” context. We have verified that the initial context seems to be the most concrete, the most compositional and the least schematic, embracing the uses with a lower degree of grammaticality, which have been identified in this research as the listed cases in Pattern I – [foi linking verb ] and [quando integrating adverb ]. The bridging context is considered to be hybrid, comprising the uses in intermediate grammaticality listed in Pattern II – [foi copula verb [quando relative adverb ]]. Finally, the “switch” context, which is the most abstract, schematic and the least compositional, relates cases that are listed in Pattern III – [foiquando connector ]. Besides, the study of “foi quando” in the mentioned contexts has shown neoanalysis of form morphosyntactic and semantic/pragmatic meaning which lead to the creation of a