ENSINO DE MARACATU DE BAQUE VIRADO ATRAVÉS DE SOFTWARE EDUCATIVO

Suzana Mesquita de Borba Maranhão Saulo Batista Jansen Centro de Informática Centro de Informática Universidade Federal de (UFPE) Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Brasil Brasil [email protected] [email protected]

Walter de Carvalho Mattos Galvao Alex Sandro Gomes Centro de Informática Centro de Informática Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Brasil Brasil [email protected] [email protected]

Erika Pessoa Araújo1 Paulo Gileno Cysneiros Centro de Informática Universidade Estadual Vale do Acaraú Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Brasil Brasil [email protected] [email protected]

ABSTRACT Presents the design of an educational software that teaches Maracatu, according to user involvement methodology. Maracatu is a typical rhythm and popular dance of Pernambuco, , deriving from a ritual of the African slaves in . The model used was based in Leontiev’s activity theory in order to proceed with the functional and non-functional requirements of the system. Needs of most representative users were identified. A tool’s prototype was developed.

RESUMO Apresenta o design de uma ferramenta de ensino de Maracatu, segundo metodologia de envolvimento do usuário. O Maracatu é um ritmo musical uma e dança popular típica do estado de Pernambucano, Brasil, com origens em rituais religiosos de escravos africanos em Recife. Utilizou-se o modelo proposto na Teoria da Atividade de Leontiev’ para proceder com a elicitação de requisitos funcionais e não funcionais do sistema. Foram identificadas as necessidades das(os) usuárias(os) mais representativas(os). Foi desenvolvido um protótipo para a ferramenta.

GLOSSÁRIO Esta seção define termos que serão utilizados no decorrer do documento. Acento - Pequeno aumento da intensidade de uma nota ou de um acorde em relação às demais. Tem normalmente um sentido expressivo. Acompanhamento - Base musical que sustenta a parte principal de uma peça musical. Por exemplo, um cantor pode interpretar canções com o acompanhamento de um piano. Andamento - Velocidade em que é executada uma peça musical. Tradicionalmente, os compositores usam as indicações de andamento para indicar o tempo de suas músicas, mas estas somente trazem uma idéia aproximada ao intérprete. Baque - Pode ser uma frase ou um estilo. Por exemplo, existem os dois estilos de Maracatu: baque solto e baque virado. Um baque de Maracatu de estilo baque virado é uma frase. Compasso - Medida que se toma como unidade para dividir uma obra musical em fragmentos de igual duração. Na partitura, cada uma destas partes se separa da seguinte com uma barra vertical chamada barra de compasso. Frase - Grupo de notas que compõe uma seção ou forma uma melodia, ou idéia musical. É comum se ver em partituras as "marcas de frase", que são linhas em curva acima ou abaixo da pauta indicando que nota ou tempo fazem parte da frase. Metrônomo - Aparelho composto por um pêndulo e uma escala graduada, que serve para medir a velocidade do andamento. MIDI - Abreviação de "Musical Instrument Digital Interface", ou "Interface Digital de Instrumentos Musicais". Possibilita que diversos instrumentos digitais possam ser interligados para que interajam uns com os outros. O formato de arquivo que controla um seqüenciador embutido em computadores via MIDI também foi chamado de MIDI. Ritmo - A organização do tempo em música. O ritmo é um dos elementos fundamentais da música. Ocupa-se igualmente da duração dos sons, dos espaços entre eles, das suas relações na acentuação e da divisão de suas frases.

INTRODUÇÃO Pode-se dividir os programas educativos de Computação Musical em cinco categorias: ensino de teoria musical, treino de prática instrumental, ensino de música para crianças, programas para composição e programas de simulação instrumental.

Dentre os programas para ensinar teoria musical, encontram-se os que tratam de fundamentos teóricos, os que tratam de treinamento de ouvido e os que tratam de leitura de partituras e solfejo. Sendo que os dois primeiros estilos consideram as três dimensões da música: melodia, ritmo e harmonia. Alguns programas que ensinam ritmos são o Rhythm Tutor (www.vimas.com/ve_rtr.htm), o Tap It (www.hitsquad.com/smm/programs/Tap_It_II/download.shtml) e vários outros cujo funcionamento é basicamente apresentar um ritmo e, algumas vezes, solicitar que o usuário o repita. Muito interessante também é o programa Aurália (www.hitsquad.com/smm/programs/Auralia/download.shtml), que permite que o usuário identifique qual é o estilo musical dos ritmos apresentados.

Os programas de simulação instrumental são destinados ao ensino de um instrumento específico ,apresentando como tocá-lo. O objetivo é simular um professor tocando o instrumento. Um exemplo é o software D'Accord Violão (www.daccord.com.br) que ensina a tocar violão.

A proposta deste artigo é apresentar uma ferramenta que suporte o ensino do instrumento tambor, presente no ritmo do Maracatu de baque virado. Tal ferramenta, por um lado, pode ser classificada como um software de simulação instrumental, já que sua interface simula um tambor sendo tocado. Por outro lado, o software possui características semelhantes aos programas de ensino de ritmos, sendo que o ritmo é apenas o Maracatu de baque virado. O sistema atende as necessidades do professor e de seus alunos, sendo usado como ferramenta mediadora do ensino e da aprendizagem na macro-atividade ENSINAR A TOCAR TAMBOR DE MARACATU DE BAQUE VIRADO.

Este artigo está organizado da seguinte maneira. Primeiramente, é descrito o que o Maracatu de baque virado e como é realizada a atividade de se ensinar esse ritmo. Depois, descreve como foi a experiência de especificar e construir um protótipo para um software com tal propósito educacional, destinado a um público sem grande experiência musical.

MARACATU DE BAQUE VIRADO O que é? O Maracatu é muito popular em Pernambuco e possui raízes religiosas e históricas, com origens na cultura de escravos africanos que vieram para a região pernambucana. Apresenta variações de tipos e nomes, como Maracatu de baque virado, Maracatu nação, Maracatu rural, Maracatu de orquestra, entre outros. Informações sobre maracatus encontram-se em www.maria- brazil.org/maracatu.htm; www.leaocoroado.org.br; www.africaproducoes.com.br/maracatupernambuco/

O Maracatu de baque virado ou nação tem como seguidores os devotos dos cultos afro-brasileiros da linha Nagô. A música vocal denomina-se toadas e inclui versos com procedência africana. Seu início e fim são determinados pelo som de um apito. O tirador de loas é o cantador das toadas, que os integrantes respondem ou repetem ao seu comando. O instrumental, cuja execução se denomina toque, é constituído pelo gonguê, tarol, caixa de guerra e tambores. “O tarol anuncia levemente um ritmo rufado, intercalado de pausas. Quase no mesmo instante, o gonguê (agogô) entra na cadência antecedendo as caixas de guerra. O tarol já passou do esquema inicial às variações quando entram os zabumbas (tambores). O marcante acrescenta espaçados e violentos baques (sinônimo de toques, daí o baque solto e baque virado). O meião segue o toque do marcante e por fim os repiques aumentam a intensidade do conjunto.”, explica o maestro pernambucano Guerra Peixe. Um dos maiores símbolos dos cortejos de grupos de Maracatu de baque virado é uma boneca negra, segurada pela pessoa que representa a dama de passo. A boneca chama-se Calunga e encarna a divindade dos orixás, recebendo em sua cabeça os axés e a veneração do grupo.

O Maracatu hoje Esta cadência sempre fascinou compositores eruditos como Guerra Peixe e Marlos Nobre e autores populares de Pernambuco como o frevista Capiba, os Irmãos Valença e o poeta Ascenso Ferreira, além de recriadores do folclore como a paulista Inezita Barroso e o compositor armorial Antonio Nóbrega. Nos últimos anos o Maracatu conquistou de vez o gosto popular através do ritmo e das letras de músicos brasileiros como Gilberto Gil, Jorge Ben, Alceu Valença, Antúlio Madureira e a dupla Lenine e Lula Queiroga, mas foi com o movimento mangue beat - uma busca de revitalizar as raízes da música pernambucana através da ótica eletrônica - que Chico Science & Nação Zumbi colocaram o estilo no centro do palco. Hoje, não só em Pernambuco, mas no Brasil e em países europeus como Alemanha e Itália, existem grupos e músicos profissionais e amadores que tocam o Maracatu de baque virado.

Como o Maracatu é Ensinado Hoje Como ícone da cultura popular pernambucana o Maracatu ganhou espaço para ser ensinado em escolas públicas e particulares, com o objetivo de educar jovens e divulgar e manter a cultura de Pernambuco. Outra forma de aprender é se matriculando em oficinas de percussão ou se juntando a um grupo de Maracatu já formado. Em todos os casos, o principal meio de transferência do conhecimento da habilidade de tocar os instrumentos é através do processo de repetição. O aluno vê o professor tocar e acompanha o toque junto com ele. Aprendido o toque, a experiência do aluno vai aumentando gradativamente ao tocar com outros alunos e seguido dos outros instrumentos. Algumas escolas utilizam partituras, mas isso é uma minoria, pois em geral as aulas são direcionadas para estudantes que não precisam conhecer a teoria musical.

MODELANDO A ATIVIDADE DE ENSINAR MARACATU DE BAQUE VIRADO A modelagem cognitiva para elicitação de requisitos de usuários pode ser realizada de diversas maneiras. Adotamos como modelo único os preceitos da teoria da atividade [Leontiev 1975] dada seu alto grau de abstração. Segundo essa teoria qualquer atividade humana é mediada tornando suas estruturas são passíveis de análise. A utilização dessa teoria permite expressar em um modelo os elementos que estruturam uma atividade, o que facilita a identificação da interface mais adequada para a criação de programas como ferramentas de ensino da atividade. Esse trabalho explora a aprendizagem do instrumento tambor acompanhado ou não do instrumento caixa no Maracatu de baque virado. Podem-se destacar algumas atividades dentro da macro- atividade ENSINAR A TOCAR TAMBOR DE MARACATU DE BAQUE VIRADO. As atividades analisadas foram: (1) PEDIR PARA REPETIR, (2) TOCAR ACOMPANHADO e (3) ALTERAR ANDAMENTO DO RITMO.

Pedir para Repetir Essa atividade captura o efeito da principal maneira de aprendizado utilizada atualmente para ensinar tambor para o público alvo. O professor toca um baque e o estudante deve ouvir e tentar repetir. Seus elementos são listados abaixo. Ferramenta: o instrumento tambor. Usuário: professor. Objeto: aluno que não precisa conhecer teoria musical. Regras: 1) o aluno deve estar atento no que o professor irá tocar, 2) o professor deve dar instruções sobre a intensidade de cada batida e da velocidade relativa de conjunto de batidas dentro de um mesmo baque, 3) o aluno deve repetir o que o professor fez. Comunidade: o professor, o aluno e outras pessoas com que o aluno deseje tocar em conjunto. Divisão do trabalho: o professor toca, ensina e pede para o aluno repetir. O aluno escuta, repete e pede ajuda ao professor.

Tocar Acompanhado Essa atividade captura o sincronismo entre aluno e professor, exigindo que ambos toquem o mesmo baque ao mesmo tempo, sendo que o professor tocará o instrumento caixa e o aluno tocará o tambor. Ferramenta: o instrumento tambor e o instrumento caixa. Usuário: professor. Objeto: aluno que não precisa conhecer teoria musical. Regras: 1) o aluno precisa ter um conhecimento prévio sobre o baque que irá tocar, 2) o aluno deverá acompanhar o professor tocando o instrumento tambor de acordo com o ritmo determinado pelo instrumento de acompanhamento caixa. Comunidade: o professor, o aluno e outras pessoas com que o aluno deseje tocar em conjunto. Divisão do trabalho: o professor e o aluno tocam ao mesmo tempo. O aluno tenta sincronizar suas batidas com as do professor.

Alterar Andamento do Ritmo Essa atividade auxilia o aluno no treinamento das batidas, visto que lhe dá possibilidade de diminuir ou aumentar o andamento das batidas, até que ele se adapte ao baque. Ferramenta: o instrumento tambor e, opcionalmente, o instrumento caixa. Usuário: professor. Objeto: aluno que não precisa conhecer teoria musical. Regras: o aluno deve seguir o andamento que o professor determinar. Comunidade: o professor, o aluno e outras pessoas com que o aluno deseje tocar em conjunto. Divisão do trabalho: o professor pode solicitar que o aluno altere seu andamento ou pode alterar o andamento do ritmo, se o aluno estiver tocando acompanhado.

O SOFTWARE COMO FERRAMENTA DE ENSINO De acordo com o modelo apresentado na seção 4, é proposta uma nova ferramenta de software para auxiliar o professor no ensino do Maracatu de baque virado. O software foi planejado para atender as necessidades do professor e do aluno na macro-atividade ENSINAR A TOCAR TAMBOR DE MARACATU DE BAQUE VIRADO.

Foram identificadas que as principais necessidades do professor para geração de casos de uso centrados conforme metodologia apresentada em [Kujala and Kauppinen 2001] seriam: (1) visualizar a execução de um exercício, (2) resolver um exercício já definido, (3) manter exercícios para ele ou determinados alunos resolverem, (4) visualizar e analisar como foi o desempenho seu ou de um aluno na realização de um exercício, (5) visualizar um ritmo utilizando notação simples e (6) manter frases rítmicas.

Já o aluno possui outras necessidades. São elas: (1) visualizar a execução de um exercício, (2) resolver um exercício já definido, (3) manter exercícios para ele mesmo resolver, (4) visualizar e analisar como foi seu desempenho na realização de um exercício e (5) visualizar um ritmo utilizando notação simples.

A Figura 1 ilustra o diagrama de casos de uso, utilizando notação UML (Unified Modeling Process) da ferramenta proposta. Por simplicidade, os casos de uso relativos à manutenção e acesso de usuários não serão analisados.

Figura 1. Casos de uso da ferramenta proposta

Tais necessidades dos usuários são atendidas conforme descrito a seguir, destacando o que é possível para o professor e para o aluno. A descrição de cada requisito funcional engloba alguns requisitos não-funcionais.

Visualizar a execução de um exercício O usuário da ferramenta poderá escolher um exercício e visualizá-lo. Significa que o programa irá apresentar uma animação sincronizada com um som de como tocar o ritmo do exercício. O usuário poderá alterar os valores de alguns parâmetros, que são descritos na tabela a seguir.

Metrônomo: indica se o usuário deseja ou Acompanhamento: indica se o usuário não visualizar o metrônomo do compasso deseja ou não ouvir o som do caixa na realização do exercício. durante a realização do exercício. Volume do acompanhamento: indica qual o volume do som do caixa, instrumento de acompanhamento, enquanto o usuário está tocando acompanhado. Este som é a composição dos valores do som e este parâmetro. Andamento: indica a velocidade do Número de repetições: indica o número compasso, ou seja, o quão rápido o de vezes que o usuário deverá repetir a usuário deverá tocar. Caso tocando seqüência de frases rítmicas definidas no acompanhado, indicará a velocidade do exercício. caixa. Variar acompanhamento: indica qual o Volume do som: indica qual o volume do ritmo de caixa que deve ser tocado dentre som que os instrumentos (tambor e caixa) alguns pré-definidos. emitirão. TABELA 1

Resolver um exercício O usuário da ferramenta poderá escolher um exercício e realizá-lo. Realizá-lo significa tocar cada batida do baque no tambor de modo a compor o ritmo do exercício. O usuário poderá alterar os mesmos parâmetros da seção 5.1.

Poderão existir três meios de entrada para tocar o ritmo. A primeira, simples de implementar e irreal na prática, é utilizar duas teclas do teclado para a baqueta da mão esquerda e direita respectivamente. Nesse caso, a intensidade de cada batida poderia ser computada como inversamente proporcional ao tempo que o usuário mantém uma tecla pressionada. Pois quanto mais forte a batida, mais rápido será o tempo de interação baqueta-tambor.

A segunda possibilidade é acoplar uma bateria MIDI ao computador. Esse dispositivo é capaz de reconhecer a intensidade e tempo de cada batida, enviando eventos MIDI que o programa poderia tratar. No entanto, essa abordagem implica que o cliente deve possuir uma bateria MIDI para utilizar o software.

A terceira alternativa é a mais realista e de mais difícil implementação. Permitir que o usuário toque num tambor e acoplar um microfone e um programa que capte os sons emitidos pelo usuário. O problema maior seria identificar a batida no som captado pelo microfone de modo mais fiel possível.

Manter exercícios O usuário poderá juntar uma seqüência de frases rítmicas para compor um exercício. Para tal, o usuário deve indicar o que deve ocorrer em cada compasso. Além disso, deverá indicar quais os valores dos parâmetros descritos na seção 5.1 e explicitar quais podem ter seus valores alterados pelo usuário que irá resolver o exercício. Caso o usuário seja um aluno, poderá apenas definir exercícios para si próprio. Caso seja o professor, poderá definir o exercício para ele (individual), somente para o grupo de professores (avaliação) ou para todos os usuários do sistema (pública). Além disso, o criador do exercício também poderá excluir exercícios criados.

Visualizar e analisar desempenho na realização de um exercício O sistema armazenará como o usuário realizou um exercício, gravando o tempo de cada batida em relação ao tempo inicial, se esta foi realizada pela baqueta da mão esquerda ou direita (no caso do meio de entrada ser o teclado) e com qual intensidade.

O aluno poderá visualizar o seu desempenho na realização dos exercícios. O professor, além do seu desempenho, poderá visualizar o desempenho dos alunos que orienta.

O sistema deverá permitir ainda a geração de alguns relatórios que indiquem o desenvolvimento do usuário na resolução de exercícios.

Visualizar um ritmo utilizando notação simples O sistema poderá apresentar o ritmo escolhido utilizando uma notação simples. Desse modo, os usuários não precisam saber teoria musical para conseguir visualizar de modo formal, porém simples, um determinado ritmo.

A tela terá quadradinhos que indicam a divisão do tempo com marcações verticais indicando os compassos. A cada batida estará associado um número que indica a intensidade do som.

Manter frases rítmicas O professor poderá gravar uma nova frase rítmica no sistema. Esta frase irá compor o repositório de frases rítmicas do sistema que é utilizado para elaboração de exercícios. O professor deverá indicar se a frase rítmica deve ser apresentada somente para ele (individual), somente para o grupo de professores (avaliação) ou para todos os usuários do sistema (pública). Além disso, o criador da frase rítmica também poderá excluir frases criadas.

RYTHMOS: PROTÓTIPO DA FERRAMENTA DE ENSINO A escolha das funcionalidades que englobam o protótipo foi baseada nas necessidades mais importantes dos usuários. Elas estão descritas nas seções 5.1., 5.2. e 5.4. A seção 5.1. foi implementada contendo os parâmetros Acompanhamento, Volume do som, Volume do acompanhamento, Andamento e Número de Repetições. A seção 5.2. foi implementada com o teclado sendo o único meio de entrada e com os mesmos parâmetros de funcionalidade anterior. A seção 5.4. foi parcialmente implementada, sendo considerado como critério de avaliação apenas o número e ordem de batidas realizadas por cada mão.

Uma outra simplificação adotada é que só existe um perfil de usuários, que são os alunos. Para viabilizar a execução das funcionalidades, foram criados exercícios que são compostos apenas por uma frase rítmica. Ao todo, foram definidos sete exercícios e classificados como inicial, intermediário e avançado.

O protótipo encontra-se em http://www.cin.ufpe.br/~epa/applet/AppletApresentacao.html. Batizada de Rythmos, a interface gráfica da ferramenta é apresentada nas subseções abaixo.

Login Efetuar login é necessário para manter um histórico do desempenho de cada aluno na realização dos exercícios. Além disso, será necessário para, no futuro, identificar usuários alunos e professores. A tela de login é apresentada na Figura 2.

Cadastro de Novo Usuário Já que existe login, é necessário cadastrar usuários. Atualmente, como todos os usuários são alunos, os únicos dados solicitados no cadastro são o Nome, Login e Senha do usuário. A tela de cadastro de usuário é apresentada na .

FIGURA 2.LOGIN FIGURA 3.CADASTRO DE USUÁRIOS

Interface Principal A, abaixo, apresenta a interface principal do sistema. É nessa tela em que ocorre a visualização e execução de exercícios. Os números da imagem são explicados a seguir: 1. Barra de visualização da atividade atual – indica que o usuário está visualizando o ritmo chamado Ritmo 1. 2. Barra de menu – possibilita que o usuário escolha ritmos para serem visualizados ou tocados. 3. Tambor da mão esquerda – animação da mão esquerda de um tocador de tambor. 4. Tambor da mão direita – animação da mão direita de um tocador de tambor. 5. Indicativo de progresso – indica quantas repetições o usuário já visualizou/tocou do número total. 6. Metrônomo – indica as quatro divisões do compasso quaternário do ritmo de Maracatu de baque virado. 7. Botão de Play – indica se é tempo de visualizar/tocar. No caso da Figura 4, o play pressionado, indica que o tempo de visualização já começou. O usuário deve apertar para começar a animação ou o exercício. 8. Botão de Stop – indica que deve parar o tempo de visualizar/tocar. O usuário deve apertar para parar. Caso o usuário não pressione essa tecla, o tempo só irá acabar quando terminar o último compasso da repetição de número máximo. 9. Controle de volume – utilizado para alterar o volume dos instrumentos tambor e caixa. 10. Controle do acompanhamento – utilizado para alterar o volume do instrumento de acompanhamento, o caixa. 11. Controle de andamento - utilizado para alterar o andamento do baque, ou seja, para diminuir/aumentar o tempo de duração de cada compasso. 12. Número de repetições – utilizado para indicar o número de vezes que o exercício deve se repetir. Não é igual ao número de compassos, pois um exercício terá, em geral, mais de um compasso.

FIGURA 4. TELA PRINCIPAL DO SISTEMA

Apresentação dos Resultados da Avaliação A interface gráfica da avaliação se limita a um pop-up que apresenta o nível de corretude da atividade de realizar o exercício. Os possíveis níveis são: acertou tudo, errou a mão, errou o número de batidas e errou tudo.

CONCLUSÃO Neste artigo se apresentou o design centrado no usuário de um software educativo para o ensino do ritmo do Maracatu de baque virado.

Foi realizada uma pesquisa sobre os softwares educativos na área de computação musical e sobre o método de ensino utilizado pelos professores na área. Foram desenvolvidos modelos da atividade de ensinar o Maracatu de baque virado.

Baseado na análise das atividades de ensinar, aprender e exercitar que ocorrem na aprendizagem desse ritmo, foi proposta uma nova ferramenta de software para auxiliar o professor no ensino do Maracatu. Espera-se, com essa ferramenta, que o professor obtenha um maior aproveitamento em suas atividades fazendo com que seu alunado aprenda mais rápido e possa exercitar os exercícios propostos por ele.

Por outro lado, é reconhecido o fato de que a aprendizagem de um instrumento é muito mais do que a aprendizagem de um ritmo, pois envolve também o treinamento da coordenação motora do aluno e a inserção num meio que contém pessoas que observarão e julgarão o modo como o aluno está tocando. Esse fato não pôde ser abordado pela ferramenta.

Por último, foi gerado um protótipo para a ferramenta proposta.

Numa fase seguinte do projeto, será realizada uma avaliação de usabilidade do sistema. A interface será analisada segundo guidelines de interface e princípios de design.

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