Nov-Dez 2015
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MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO E SECRETARIA DA CULTURA APRESENTAM MARIN ALSOP REGE A SINFONIA Nº 4, DE MAHLER, COM A SOPRANO TAMARA WILSON, E EXCERTOS DE O MESSIAS, DE HÄNDEL, COM O CORO DA OSESP E O CORO ACADÊMICO DA OSESP EDIÇÃO Nº 7, 2015 ISAAC KARABTCHEVSKY REGE O CONCERTO Nº 1 PARA PIANO, DE MENDELSSOHN, COM O SOLISTA ARNALDO COHEN NAOMI MUNAKATA REGE A MISSA Nº 2, DE MIGNONE, COM O CORO DA OSESP, AS VOZES DE MARINA PEREIRA, SOLANGE FERREIRA, JABEZ LIMA E FERNANDO COUTINHO RAMOS E A ORGANISTA DOROTÉA KERR NOV-DEZ BERTRAND CHAMAYOU 2015 INTERPRETA O CONCERTO PARA PIANO, DE SCRIABIN, SOB REGÊNCIA DE CELSO ANTUNES ALEXANDER GAVRYLYUK TOCA O CONCERTO Nº 2, DE TCHAIK- OVSKY, SOB REGÊNCIA DE NEIL THOMSON RYAN WIGGLESWORTH REGE AS QUATRO ÚLTIMAS CANÇÕES, DE STRAUSS, COM A SOPRANO SOPHIE BEVAN DANIEL MÜLLER-SCHOTT APRESENTA O CONCERTO PARA VIOLONCELO, DE SCHUMANN, COM REGÊNCIA DE FABIO MECHETTI RECITAIS OSESP: ARNALDO COHEN INTERPRETA OBRAS DE DEBUSSY, ALBÉNIZ, SCRIABIN E LISZT QUARTETO OSESP APRESENTA OBRAS DE TAKEMITSU, DEBUSSY E VILLA-LOBOS 3 4 RICHARD STRAUSS POR EDWARD SAID 4 NOV NOV NOV NOV 1 11 5, 6, 7 18 12, 13, 14 24 19, 20, 21 32 CORO DA OSESP OSESP OSESP OSESP FABIO MECHETTI REGENTE NAOMI MUNAKATA REGENTE NEIL THOMSON REGENTE RYAN WIGGLESWORTH REGENTE DANIEL MÜLLER-SCHOTT VIOLONCELO MARINA PEREIRA SOPRANO ALEXANDER GAVRYLYUK PIANO SOPHIE BEVAN SOPRANO SOLANGE FERREIRA MEZZO SOPRANO ROBERT SCHUMANN JABEZ LIMA TENOR SERGEI RACHMANINOV RICHARD STRAUSS RICHARD STRAUSS FERNANDO COUTINHO ALEXANDER SCRIABIN EDWARD ELGAR RAMOS BAIXO-BARÍTONO PYOTR IL'YICH TCHAIKOVSKY DOROTÉA KERR ÓRGÃO FRANCISCO MIGNONE FELIX MENDELSSOHN-BARTHOLDY NOV 22 38 ARNALDO COHEN PIANO CLAUDE DEBUSSY ISAAC ALBÉNIZ ALEXANDER SCRIABIN FRANZ LISZT NOV NOV DEZ 26, 27, 28 44 29 50 3, 4, 5 56 OSESP ORQUESTRA DE OSESP ISAAC KARABTCHEVSKY REGENTE CÂMARA DA OSESP CELSO ANTUNES REGENTE ARNALDO COHEN PIANO BERTRAND CHAMAYOU PIANO FLO MENEZES NIKOLAI TCHEREPNIN ANTON BRUCKNER CLAUDE DEBUSSY FELIX MENDELSSOHN-BARTHOLDY ALEXANDER SCRIABIN HEITOR VILLA-LOBOS TORU TAKEMITSU IGOR STRAVINSKY CLAUDE DEBUSSY DEZ DEZ Desde 2012, a Revista Osesp tem ISSN, um selo 6 64 10, 11, 12 70 de reconhecimento intelectual e acadêmico. Isso QUARTETO OSESP OSESP signifi ca que os textos aqui publicados são dignos MARIN ALSOP REGENTE de referência na área e podem ser indexados nos TORU TAKEMITSU TAMARA WILSON SOPRANO sistemas nacionais e internacionais de pesquisa. CLAUDE DEBUSSY CORO ACADÊMICO DA OSESP HEITOR VILLA-LOBOS CORO DA OSESP GUSTAV MAHLER GEORG FRIEDRICH HÄNDEL 1 PATROCÍNIO EXECUÇÃO APOIO REALIZAÇÃO VEÍCULOS [email protected] 2 Anuncio_Assinaturas_21x28.ai 1 20/10/15 15:11 MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO E SECRETARIA DA CULTURA APRESENTAM Assine: Valor promocional até 20.12 TEMPORADA 2O16 osesp.art.br | ou ligue 4003 2052 3 RICHARD STRAUSS, C. 1947 4 5 m seu brilhante perfil de Johnny Carson para Talvez para a geração pós-Segunda Guerra Mun- a revista The New Yorker, Kenneth Tynan che- dial, seja necessário ter um contato precoce e ines- gou à conclusão de que, seja lá o que Carson perado com Strauss para que a misteriosa magia seja Efizesse, ele era o único a fazê-lo, e sempre apreendida e, de modo ainda mais misterioso, per- com perfeição. Era comediante de stand-up, apre- sista depois. Posso lembrar perfeitamente que foi sentador de talk show, celebridade de Hollywood — na primavera de 1949, aos 13 anos, que ouvi pela mas o fenômeno Carson, que durou mais de duas primeira vez sua música sendo tocada, quando Cle- décadas, supera qualquer uma dessas definições e é mens Krauss levou a Filarmônica de Viena para o mais do que a soma delas. Cairo. Eu desconhecia completamente a ligação ín- Proporções guardadas, o mesmo vale para Ri- tima do regente com Strauss (foi ele que fez o libre- chard Strauss, cuja carreira impressionantemente to de Capriccio [1940-1], a última ópera do composi- longa ocorreu em paralelo com muitas das grandes tor), mas o Till Eulenspiegel (1894-5) que apresentou mudanças na música do século xx e teve contato foi impressionante em suas grandes torrentes de com elas de estranhas maneiras, sem de fato delas som, no virtuosismo lúdico e no cromatismo “avan- participar. Glenn Gould descreveu a serena indife- çado” e atraente de suas harmonias. rença de Strauss em relação a todas as tendências à sua volta, enquanto despreocupadamente fazia a sua própria música, mais ou menos como Tynan produção musical de Strauss foi muito escreveu sobre Carson. Certamente, há muito de variada, embora provavelmente seja sua verdade nessa visão sobre Strauss, mesmo se isso obra operística que ainda se ouça com significa esquecer o efeito musical devastador de Amais frequência. No entanto, ele escre- Salomé (1903-5) e de Elektra (1906-8), óperas à sua veu sempre de maneira interessante e com um época consideradas revolucionárias a ponto de se- acabamento profissional idiomático em cada gê- rem escandalosas. Schoenberg, Mahler e Debussy nero e cada combinação, seja para instrumentos estiveram entre os primeiros entusiastas de Strauss, de sopro, violino ou piano, seja para conjuntos de mas é a densidade das associações literárias e cul- câmara e grande orquestra. turais em torno da sua carreira que torna Strauss Em geral, acredita-se que, tendo ido um passo talvez a figura mais rica, e de algum modo a mais adiante de Wagner em Salomé e Elektra, Strauss depois enigmática, da música do século xx. recuou: Der Rosenkavalier [O Cavaleiro da Rosa] (1909- A longa ligação de Strauss com Hugo von 10) e Ariadne auf Naxos [Ariadne em Naxos] (1916), Hofmannsthal e seu ambiente é citada ocasional- por exemplo, pertencem a um idioma menos avan- mente na monografia de Hermann Broch sobre o çado, de harmonias menos exuberantes do que, di- poeta e também no absolutamente brilhante e pou- gamos, Lohengrin [de Wagner] ou Hänsel und Gretel [de co conhecido estudo de Theodor Adorno sobre Humperdinck], embora as complexidades dos textos Strauss como compositor e virtuoso da regência.1 de Hofmannsthal sejam muito maiores e mais belas Quase sem exceção, todos os grandes nomes da do que a dos textos de qualquer das obras anteriores. música da Europa Central no início do século xx, Mas será que a imensa produção operística tardia (afi- especialmente da ópera, tinham algo a ver com nal, isso inclui obras formidáveis como Arabella, Ca- Strauss, de regentes como Mahler, Clemens Krauss, priccio, Intermezzo, Die ägyptische Helena e Daphne) foi Karl Böhm e Herbert von Karajan a cantores como simplesmente um retorno hábil, mas reacionário, às Lotte Lehmann, Richard Tauber, Maria Jeritza e simplificações do início do romantismo alemão, ou Ljuba Welitsch, e até os mais famosos empresários será que há alguma outra conquista modernista mais e produtores, como Diaghilev e Max Reinhardt. importante que perpassa o conjunto dessas obras? 1. Said faz referência ao livro Hofmannsthal und seine Zeit: eine Studie (Suhrkamp, 2001), de Hermann Broch, e ao artigo “Richard Strauss”, publicado por Adorno no quarto volume da revista Perspectives of New Music, em 1965. [N.E.] 6 A admirável e irônica descrição que Adorno vezes de natureza polifônica. Isso fica evidente nas fez de Strauss — dizendo que ele é algo como um óperas desde Salomé, em que as boas qualidades de agente de trânsito musical, avançando sem transi- João Batista (como ocorre com Chrysothemis em ção entre grande tensões e uma falsa serenidade; de Elektra) são associadas a melodias elevadas, em to- que é o compositor de uma música ilusória, “na me- nalidade maior, mas geralmente banais. O trabalho dida em que é o retrato de uma vida que não exis- narrativo da partitura é entregue aos personagens, te”; de que seu estilo “não tem fundamento”, que é cujos momentos climáticos — por exemplo, a dis- meramente a “simples vontade do sujeito da compo- cussão entre os judeus reunidos — passam do pon- sição”, sem as restrições da disciplina da organiza- to, são exagerados, embora dando mostras de maes- ção formal e viciada em efeitos súbitos do tipo que tria técnica. Isso chama atenção e contribui para nos lembram como no início do século as pessoas se revelar a fraqueza do texto. O contraste no primei- deleitavam com o poder que lhes era conferido ao ro ato de O Cavaleiro da Rosa entre a ária do tenor ligar e desligar interruptores de energia — explica italiano e a tagarelice do trabalho de transição de muitas das idiossincrasias e fraquezas do composi- boa parte do que está a seu redor é realmente forte. tor (comparado com Wagner, por exemplo). Mas Adorno escreve como contemporâneo de Strauss, que via nele uma prática estética oposta à da Segun- m resumo, a música de Strauss é composta da Escola de Viena, de cuja causa era defensor e fi- de discrepâncias não resolvidas sublinhando lósofo. No entanto, a carreira do compositor tem a ausência de formas musicais (sonata, varia- fundamentos mais interessantes do que Adorno ad- Eção, rondó etc.) que tinham garantido a conti- mite, revelados quase com a mesma frequência com nuidade da música de um período anterior. Há uma que suas obras são executadas hoje. sublime confiança no trabalho artesanal que, como O primeiro é a relação de Strauss com os textos, observou Adorno, leva as coisas adiante ao mesmo que frequentemente são notáveis. Poucos composi- tempo que, sem constrangimento, chama atenção tores se interessaram tão seriamente pela dimensão para si mesmo e para todo tipo de falta de transição, literária e poucos desenvolveram tantas relações de sequência e de resolução. de trabalho com bons escritores. No entanto, sua Essas ausências e a alternância abrupta entre uma música às vezes parece ocultar o sentido das pala- doce cadeia melódica e uma incansável e competente vras ou, mesmo sendo bela, parece passar por cima propensão para o exercício musical fazem com que das complexidades e das alusões do texto.