XV CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA

26 a 29 de Julho de 2011, Curitiba (PR)

Grupo de Trabalho Violência e Sociedade

A incidência da violência doméstica contra crianças nos bairros da cidade de Santa Maria-RS

Autora: Mari Cleise Sandalowski1

Co-autores: Vinicius Foletto Bevilaqua2, Paola Stuker3, Gabriela Felten da Maia4.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – UFSM

1 Professora Doutora em Sociologia do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria. 2 Acadêmico do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria. 3 Acadêmica do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria. 4 Mestre em Ciências Sociais pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Cultura, Gênero e Saúde. RESUMO

Este estudo tem por objetivo elaborar um mapeamento das ocorrências de violência doméstica contra crianças no cenário urbano santa-mariense, a partir de um diagnóstico da disposição desta forma de conflito nos bairros da cidade. Neste sentido, as questões relativas a esta temática precisam ser percebidas como aspectos que estão inseridos em diversas instâncias sociais como, por exemplo, o sistema judiciário, as relações familiares, econômicas, culturais e políticas de uma determinada sociedade. Nestas instâncias, os indivíduos estabelecem relações de sociabilidade que estão permeadas por interesses, conflitos e estratégias de se conduzir em sociedade, isto é, suas posições sociais estão inseridas em um contexto de hierarquização, representações sociais e relações de poder.

Palavras-chave: violência doméstica, crianças, família

INTRODUÇÃO

A violência doméstica contra as crianças constitui hoje um dos parâmetros de discussão apresentados pelos movimentos sociais e pela sociedade civil. Reconhecida há poucas décadas como um problema social no país, ela passa a ser investigada em suas diversas formas, seja física, sexual ou psicológica. Ao contrário da violência familiar, o conceito de violência doméstica é mais amplo, pois abrange não apenas os conflitos existentes entre membros consangüíneos, mas também os embates sociais vivenciados no âmago das relações interpessoais entre os indivíduos que possuem algum tipo de relação doméstica. Deste modo, ela engloba além do grupo familiar aquelas formas de violências praticadas por amigos, vizinhos e parentes afins (Saffioti, 2000).

A importância da pesquisa “Cartografia da violência doméstica contra crianças na cidade de Santa Maria/RS”5, que fundamenta este artigo, é subsidiar o debate público sobre esta forma de violência, bem como contribuir para a formulação de políticas públicas voltadas para o controle deste tipo de violência na área urbana.

A temática da violência envolve outras problemáticas sociais adjacentes tais como a saúde, os direitos humanos, a cidadania e o trabalho. O combate à violência pressupõe o investimento governamental em políticas públicas de melhoria na distribuição de renda, educação em tempo integral e moralização dos recursos públicos. Neste sentido, os estudos sobre esta temática devem levar em consideração que os direitos sociais não podem mais ser observados somente como norma jurídica reguladora e detentora de poder e dos direitos positivados do Homem, pois a dignidade humana surge da sociedade e dos fatos sociais.

A meta do estudo apresentado consiste, portanto, em produzir uma cartografia da violência doméstica contra crianças na cidade de Santa Maria, com as respectivas características sócio-econômicas dos envolvidos nesta forma de conflito. O intuito do mapeamento da incidência desta violência no cenário urbano é disponibilizar os dados obtidos aos órgãos públicos e privados, a fim de auxiliá-los no combate a este tipo de violência e na elaboração de políticas públicas.

5 Para viabilizar a realização deste projeto, fora utilizado o auxílio de um aluno bolsista com apoio financeiro proveniente do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) nos anos de 2010 e 2011. Contou-se também com a ajuda de alunos voluntários do curso de bacharelado em Ciências Sociais/UFSM durante a fase de coleta e tabulação de dados. METODOLOGIA

Os procedimentos de pesquisa adotados neste estudo consistem na utilização de uma abordagem quantitativa e qualitativa do objeto investigado. Para isto, atribuiu- se aos formulários6 elementos que satisfizessem ambas as perspectivas.

As variáveis coletadas, relacionadas ao incidente, foram: natureza do fato, bairro onde ocorreu o fato, quem efetuou o registro da ocorrência. Em relação ao acusado, os dados coletados foram: sexo, cor da pele, idade, escolaridade, bairro de residência, estado civil e relação social com a vítima. Os dados coletados da vítima foram: sexo, idade, cor da pele, escolaridade e bairro de residência.

Do total de 2822 ocorrências policiais registradas na Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente ao longo do ano de 2009, 703 casos referem-se às relações sociais de violência doméstica contra criança em Santa Maria.

A sistematização dos dados fora realizada através do programa informacional SPSS 13.0. Esta ferramenta fora escolhida por ser capaz de abarcar quantidades massivas de dados e ainda assim possuir uma flexibilidade organizacional que torna possível este manuseio dos dados. A construção da base cartográfica está sendo realizada com o auxílio do software informacional ArcGis v8.3. Este software possibilita a criação e construção de mapas cartográficos a partir de uma base de dados previamente estabelecida. Devido a pesquisa ainda estar em andamento, esta etapa, a construção de mapas, encontra-se em desenvolvimento. Como bibliografia fora utilizada fontes que abarcam os temas de infância, família e sociologia jurídica.

O ESPAÇO FAMILIAR COMO UMA INSTÂNCIA SOCIAL DE CONFLITO

A família torna-se objeto de investigação de cientistas sociais brasileiros a partir dos anos oitenta, mais especificamente. Até aquela data, a preocupação sociológica voltava-se para temas macro-sociais, como trabalho, democratização do país, lutas sociais, políticas nacionais.

Este redirecionamento no interesse da Sociologia para questões de caráter micro-social provém do cenário nacional nesse período, marcado pelas novas

6 O formulário utilizado na fase de coleta de dados encontra-se disponíveis na secção “anexo” deste artigo. demandas dos movimentos sociais, que colocam no centro de seus debates, problemas relacionados à infância, às mulheres, aos idosos, à família, à violência doméstica, dentre outros. Juntamente com a abertura política do país, ocorre o deslocamento de algumas problemáticas sociológicas, cujos temas passam a ser institucionalizados nas academias (Heilborn e Sorj, 1998).

Contudo, é necessário lembrar que em um primeiro momento as pesquisas realizadas sobre situações de violência doméstica tinham como objetivo investigar aqueles conflitos em que as vítimas eram mulheres. Somente anos mais tarde, no limiar da década de noventa, que crianças e adolescentes passam a constituir-se em objeto de análise7 das ciências sociais.

Para Adorno (2000), a adolescência passou a constituir-se um problema para a sociedade civil a partir do momento em que ela passou a ser associada à delinqüência. Entretanto, põe em ressalva que este grupo desempenha na contemporaneidade um duplo papel, ou seja, mesmo que estudos realizados,

“... pela literatura especializada internacional quer nacional apontem crescente envolvimento de adolescentes com o mundo do crime violento, as mesmas fontes não cessam igualmente de apontar a crescente vitimização destes segmentos” (ADORNO, 2000: 69).

A pesquisa social a respeito da temática da violência doméstica é cada vez mais extensa, podendo-se citar os trabalhos de Saffioti (1995, 2000), Côrrea (1983), Soares (1999), Heilborn (1992,1998) nos quais pode ser constatada a diversidade de interpretações sobre este assunto.

Para estas autoras, há a necessidade de distinguir os conceitos de violência doméstica e violência familiar/intrafamiliar, pois estes possuem sentidos distintos. Enquanto esta abarca as situações de violência em que as agressões são praticadas pelo grupo domiciliar consangüíneo, aquela possui um caráter mais amplo, pois, além de englobar pessoas que possuem laços de consangüinidade entre si, inclui também aqueles indivíduos que possuem algum vínculo com a família da vítima, como amigos, vizinhos e parentes afins (Soares, 1999; Saffioti, 2000).

7 Os estudos realizados até os anos noventa enfocavam a infância e a adolescência através de seu envolvimento com a periculosidade e sua inserção na criminalidade, questões estas diretamente ligadas à pauperização deste grupo e de suas famílias. Portanto, estas pesquisas tinham um caráter macro-social fugindo da problemática dos conflitos de violência doméstica, inseridos em relações de micro poderes (Adorno, 2000). Embora partam de um conceito comum, as discordâncias nas suas interpretações são latentes. Bandeira e Suàrez (2002) apresentam uma divisão em relação às abordagens metodológicas sobre a temática ao tentar explicar o fenômeno da violência doméstica.

A primeira perspectiva está ancorada no pressuposto teórico-metodológico marxista. Saffioti (1995) e Ardaillon e Debert (1987) entendem que o espaço familiar está permeado por relações de dominação e exploração. Neste sentido, o sexo é fundamental para a existência das relações de gênero, do mesmo modo que a classe é para o capitalismo.

Logo, o gênero é percebido como determinante para o exercício da violência doméstica, motivo que explicaria a maior vitimização de mulheres no âmbito familiar, pelo fato da hegemonia do poder masculino permear as relações entre homens e mulheres. À supremacia masculina é atribuído um caráter universal, já que o modelo patriarcal de dominação é estendido a todos os tipos de sociedade.

A subalternidade feminina constituída na hierarquia de gênero é o modelo que perpassa os estudos de Heilborn (1987) e Gregori (1992). Partindo da interpretação proposta por Bourdieu, estas autoras percebem a dominação masculina como uma forma de violência simbólica, cujos modos ritualizados e codificados de uma determinada cultura apresentam-se como arbitrários. A divisão das atividades e das coisas é feita a partir de um sistema de oposições sancionadas pela sociedade, tidas como naturalizadas e inscritas na subjetividade dos indivíduos.

A dominação é percebida através das diferenças visíveis entre o corpo feminino e o corpo masculino, por meio de uma visão mítica do mundo, que também é produto da arbitrariedade e modelada pelas estruturas de dominação que a produzem (Bourdieu, 1999). Aqui, tanto os homens quanto mulheres são dominados pelo modelo das relações sociais presentes em um determinado grupo e ambos os gêneros reproduzem o ciclo de dominação a que estão expostos; não há assim a separação entre vítimas e algozes (Bourdieu, 2002).

Esta forma de interpretação da violência doméstica foge das concepções determinísticas e universalizantes. Ao invés de compreender as relações sociais em termos binários, procura analisar as suas complexidades estruturais e conjunturais, cujas diferenças são incorporadas pelas relações de poder. A terceira linha de indagação compreende os estudos de Côrrea (1983) e Soares (1999), para quem há outros elementos, além do gênero, que podem contribuir para as agressões praticadas no interior das famílias, como a classe social, o estresse, a etnia e a própria aceitação da violência. A família, e não o gênero feminino, aparece como central nesta análise, fazendo com que todos os seus membros possam ser vítimas potenciais destas situações de violência.

Procurando reproduzir as imagens e os papéis sociais atribuídos aos homens e mulheres na sociedade e enfatizar a construção social da violência, estas autoras tentam incorporar alguns elementos do modelo foucaultiano para explicar a classificação social em relação àquelas situações concebidas como normais e anormais. Uma vez não cumpridas as expectativas e os comportamentos esperados pela sociedade (para os homens correspondentes a idéia de bom trabalhador, bom pai, bom provedor de lar, e, para a mulher o de boa mãe e boa dona de casa) os indivíduos seriam rotulados negativamente dentro de seu grupo. O poder aparece como uma teia, circulando entre as pessoas. As mulheres se valeriam, deste modo, do micro-poder como forma de cavar espaços de luta, não estando destituídas do mesmo, como quer a primeira perspectiva (Côrrea, 1983).

Por fim, a violência doméstica é investigada a partir da noção de conflito. Tendo como referência os estudos de Simmel, Suàrez e Bandeira (2002) entendem este fenômeno como disseminado e invisibilizado na sociedade. As relações humanas são perpassadas pelo conflito, o qual é inerente e habitual.

Para Simmel (1995), o conflito tem um papel preponderante nas relações sociais, pois alimenta não somente a mudança social e o processo de sociação entre os indivíduos como também promove a união, a comunicação entre eles e entre os grupos. Assim, não é possível falar em sociedades sem conflito. Este está presente em qualquer organização social, seja no trabalho, nas relações conjugais, familiares, na política, nas associações, nos processos jurídicos, etc. É a partir dos princípios de combate e de união que se dá a sua unidade, sendo a sociedade o resultado destas duas categorias de interação. O significado do conflito por ele mesmo,

“... est déjà la résolucion des tensions entre les contraíres; lê fait qu‟il vise la paix n‟est que une expression parmi d‟autres, particulièrement évidence, du fait qu‟il est une synthèse d‟éléments, un contre autrui qu‟il faut ranger avec un pour autrui sous un seul concept supérieur. Ce concept est défeni par l‟opposition commune à ces deux formes de relation contre la simple indifférence mutuelle des éléments ; le rejet comme la suppression de la socialisation sont aussi des négations ; mais c‟est précisément en s‟en différenciant que le conflit désigne le moment positif qui tisse avec son caractère de négation une unité qui n‟est que conceptuelle, mais impossible à défaire en fait” (SIMMEL, 1995 : 20).

Deste modo, a violência, independente de suas características, vai ser um desdobramento deste conflito e é entendida como a tentativa de um indivíduo impor a sua vontade a outro, através do uso real ou simbólico da força. A fim de diferenciar as diversas faces que a violência assume no cotidiano das pessoas, estas autoras a classificam em duas modalidades: para elas, existe a violência racional, que abarca aqueles conflitos entre indivíduos desconhecidos como a criminalidade, por exemplo, que seria a mais combatida pelos órgãos de segurança frente às exigências da sociedade, para que se mantenha a ordem social, e a violência ritualizada, que faz parte do cotidiano das pessoas, podendo ser encontrada nas relações de trabalho, na religiosidade e na família. Logo, por ser invisível e disseminada, esta última forma de violência é percebida como natural (Suàrez; Bandeira, 2002).

A tese, na qual está centrada esta abordagem metodológica, entende o conflito interpessoal como algo inevitável nas relações sociais entre homens e mulheres, entre homens, entre mulheres e entre pais e filhos. Esta idéia indica o contexto relacional em que pode aparecer a discordância, independente de suas motivações, incluindo tanto os antagonismos presentes nos espaços domésticos, como aqueles que aparecem no âmbito do trabalho, da vizinhança, das crenças religiosas. Portanto, este conceito de conflitualidade permite,

“... aprofundar a idéia de que estas violências se perpetuam porque firmam as imagens tradicionais de homem e de mulher, bem como dos papéis que lhes são atribuídos. Acontecem como formas de sociabilidade ancoradas na desvalorização de um paradigmático „feminino‟ que não tipifica apenas as mulheres, mas outras categorias socialmente fragilizadas” (SUÀREZ; BANDEIRA, 2002: 306).

Torna-se necessário, em razão disto, fugir daquelas explicações alicerçadas somente em elementos sócio-estruturais como fatores desencadeadores da violência. Sabe-se que a privação de alguns componentes básicos para a sobrevivência pode influenciar no envolvimento com a violência e a criminalidade; contudo, é preciso ressaltar, que esta explicação não é totalmente satisfatória para compreender a violência ritualizada, ou seja, aqueles conflitos interpessoais vivenciados no cotidiano dos atores sociais.

A prática desta forma de violência, além das condições sócio-estruturais, é influenciada, também, pelas mudanças ocorridas nas relações sociais nas últimas décadas do século passado. Este processo de modernização, ao mesmo tempo em que alterou profundamente as relações de poder existente na sociedade brasileira, também estendeu o campo de realizações individuais. Este fenômeno desencadeou novos antagonismos e novas formas de conflitualidade, dentro de uma sociedade que passou a se deparar com um contra-senso: a difusão, por um lado, da ideologia individualista entre todos os setores da sociedade, conferindo-lhes o direito à cidadania, e, por outro, a permanência da sua organização no modelo hierárquico e não no princípio do contrato social. Logo,

“... se as explicações socioestruturais são insuficientes para dar conta da expansão desenfreada da diversidade de violências é nas mediações e parcerias entre o diálogo estruturalista e o modelo interacionista, isto é, no jogo de posições interativas, que é possível se interpretar a constante mudança da prática (ou identidades) entre interlocutores e integrantes da violência” (Zaluar, apud SUÀREZ E BANDEIRA, 2002: 313).

Nestas perspectivas estão inseridos os estudos que tratam do modo como os conflitos domésticos são incorporados e solucionados pelo sistema judiciário brasileiro. Embora, estas pesquisas abordem como objeto de análise as mulheres, acredita-se que tenham relevância para este trabalho em razão do referencial teórico-metodológico utilizado, cuja instituição familiar e as relações sociais entre seus membros aparecem como centrais nos discursos jurídicos.

RESULTADOS PARCIAIS DA PESQUISA

Os dados desta pesquisa foram coletados na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), entre os meses de maio de outubro de 2010, na cidade de Santa Maria/RS. Neste momento o projeto encontra-se com resultados parciais. A análise dos dados permite identificar os bairros que apresentam os maiores índices de violência doméstica contra crianças8, dentre os quais destacam-se as seguintes regiões: com 44 casos, com 44, Centro com 38, Salgado Filho com 38 e o bairro Pinheiro Machado com 33. No bairro Nova Santa Marta não pode ser identificado a prevalência de um determinado tipo de violência doméstica em detrimento de outros, enquanto o bairro Camobi apresenta a maior quantidade de dados concentrados na categoria Lesão corporal.

Bairros com os maiores índices de violência doméstica9 Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo Válido Nova Santa Marta 44 6,3 7,1 7,1 Camobi 44 6,3 7,1 14,2 Centro 38 5,4 6,1 20,4 Salgado Filho 38 5,4 6,1 26,5 Pinheiro Machado 33 4,7 5,3 31,8 Outros10 422 60,0 68,2 100,0 Total 619 88,1 100,0 Missing NSA 53 7,5 NR 31 4,4 Total 84 11,9 Total 703 100,0

Fonte: Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de Santa Maria.

Após a coleta dos dados, os casos relacionados à variável natureza do fato apresentaram-se concentrados na categoria Lesão corporal, mostrando-se dispersos e relativamente distribuídos entre as outras variáveis.

Desse modo, esta categoria, nesta pesquisa, refere-se àquelas situações nas quais o acusado comete uma violência que influencie um estado de dano a saúde física da vítima. Este delito tem representado 23,0% dos casos. A lesão corporal apresenta os maiores índices de prática em alunos da mesma escola que a vítima estuda, com 45 (38,5%) dos 117 casos; “pai” com 13 (11,1%) e “vizinhos” com 12 (10,3%). O bairro

8 Para a tabela completa, ver anexos. 9 Para tabela completa, ver anexos. 10 São 43 bairros ao total: Centro, Bonfim, Nonoai, Nsª Srª de Fátima, Nsª Srª de Lourdes, Nsª Srª do Rosário, Nsª Srª Medianeira, Carolina, , Chácara das Flores, Divina Providência, Nsª Srª Do Perpétuo Socorro, Salgado Filho, Campestre do Menino de Deus, Itararé, , , Nsª Srª das Dores, Presidente João Goulart, Camobi, João Luiz Pozzobon, Cerrito, Pé-de-Plátano, São José, Lorenzi, , Urlândia, Duque de Caxias, , Passo D‟ Areia, Patronato, , Agro-industrial, , Juscelino Kubistchek, Pinheiro Machado, Renascença, Nova Santa Marta, São João e Tancredo Neves. Camobi reflete uma peculiaridade, a categoria que mais aparece nos registros é a lesão corporal, com 17 dos 44 casos que ocorrem neste bairro.

A distribuição entre categorias, em ordem decrescente, após a Lesão corporal, apresentou-se da seguinte maneira: Ameaça (69 casos; 10,1% válido11) e Maus tratos (59, 8,7%). Importante salientar que um dos empecilhos para o entendimento desta variável social fora o próprio tratamento que os dados recebiam por parte dos operadores de direito. Eventualmente, no histórico12 de alguns boletins de ocorrência, as narrativas dotadas de conteúdo semelhantes com outros B.O.s, quando enquadradas em determinadas categorias da variável natureza do fato, apresentavam tratamentos notavelmente diferentes, evidenciando como o papel subjetivo do operador de direito é crucial no destino da objetivação do dado.

11 O programa informacional SPSS v17 faz a diferenciação entre percentuais totais e percentuais válidos, ou seja, na primeira distinção o programa considera todos os casos apresentados, incluindo as categorias Não se aplica e Não respondeu, as quais o SPSS identifica como categorias missing. Na esfera dos percentuais válidos, o programa realiza a diferenciação apresentando os casos válidos referentes ao universo dos dados que encontram identificação direta com a realidade e, com isso, excluí do cálculo os dados que fazem referência à categoria missing. 12 Esta secção do B.O. caracteriza-se por possuir o entendimento do operador do direito sobre a narrativa do denunciante. A partir dela, o operador do direito descreve no histórico sua percepção, caracterizando esta secção como um momento muito subjetivo. Obs.: não significa que em outros momentos do B.O. sejam rigidamente objetivos, porém, estas outras secções tem como característica uma menor liberdade criativa na hora do enquadramento dos dados. Natureza do fato: índices mais elevados13 Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

Válido Maus tratos art. 136 59 8,4 8,7 8,7 Lesão corporal 162 23,0 23,8 32,5 Ameaça 69 9,8 10,1 42,6 Estupro 11 1,6 1,6 44,3 Atentado violento ao 36 5,1 5,3 49,6 pudor Negligência 15 2,1 2,2 51,8 Desaparecimento 62 8,8 9,1 60,9 Rapto14 30 4,3 4,4 65,3 Localização 31 4,4 4,6 69,9 Abandono de 30 4,3 4,4 74,3 incapaz Abandono material 30 4,3 4,4 78,7 Retenção de menor 41 5,8 6,0 84,7 Outros 104 14,8 15,3 100,0 Total 680 96,7 100,0 Missing NSA 21 3,0 NR 2 ,3 Total 23 3,3 Total 703 100,0 Fonte: Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de Santa Maria.

13 As categorias de missing NSA e NR significam, respectivamente, Não se aplica e Não respondido. A pesquisa compreendeu NSA como os dados que, nas ocorrências, apresentavam-se fora das expectativas padrões de enquadramento em alguma categoria, dúbios ou de interpretação extremamente volátil. Algumas categorias da natureza do fato foram extraídas diretamente dos B.O.s, ou seja, para facilitar a pesquisa procurou-se transplantar alguns elementos que, recebendo o devido tratamento sociológico, contemplassem os requisitos e, com isso, fossem operacionais. 14 Esta categoria representa os casos nos quais a criança é levada, tanto por meios físicos quanto psicológicos, contra sua vontade pelo acusado para outro lugar sem o consentimento da pessoa que retém a guarda da vítima. Natureza do fato: Maus tratos, Lesão corporal e Ameaça

Natureza do fato Total Maus tratos Lesão art. 136 corporal Ameaça Outros Bairro Centro 0 9 6 22 37 Bomfim 0 1 0 3 4 Nonoai 0 0 0 2 2 Nsª Srª de Lourdes 1 0 0 18 19 Nsª Srª do Rosário 1 5 1 8 15 Nsª Srª Medianeira 1 2 0 5 8 Carolina 0 3 0 4 7 Caturrita 0 0 0 4 4 Chácara das Flores 0 5 0 2 7 Divina Providência 1 1 0 1 3 Nsª Srª do Perpétuo 0 2 2 9 13 Socorro Salgado Filho 4 3 10 21 38 Campestre Menino de 1 2 0 4 7 Deus Itararé 2 8 1 8 19 Km 3 1 0 0 2 3 Menino Jesus 0 0 6 1 7 Nsª Srª das Dores 0 4 0 7 11 Pres. João Goulart 0 5 4 9 18 Camobi 3 17 2 21 43 João Luiz Pozzobon 0 1 0 5 6 São José 0 0 0 6 6 Lorenzi 13 2 0 8 23 Tomazetti 1 3 2 5 11 Urlândia 2 4 1 11 18 Noal 0 1 1 3 5 Passo d' Areia 1 3 1 8 13 Patronato 3 6 1 12 22 Boi Morto 1 0 2 6 9 Jucelino Kubistchek 0 1 1 10 12 Pinheiro Machado 4 8 1 18 31 Nova Santa Marta 3 10 5 26 44 São João 0 2 1 1 4 Tancredo Neves 1 7 3 10 21 Distritos de SM 0 5 0 6 11 Outros 11 24 8 47 90 Dom antônio Reis 0 3 1 0 4 Outras cidades 0 0 0 7 7 Total 55 147 60 340 602

Fonte: Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de Santa Maria.

De acordo com a tabela acima, nota-se que o bairro Lorenzi apresenta um elevado índice da categoria Maus tratos, com 13 (23,6%) dos casos. O bairro Salgado Filho contém 10 (16,7%) ocorrências referentes à categoria Ameaça. Nos demais bairros, percebe-se que os dados encontram-se relativa e igualmente distribuídos. Porém, os indicadores que se mostraram fora do padrão anterior revelam a necessidade de um melhor entendimento sobre suas naturezas, visto que a disparidade entre eles é significante.

O que o acusado é da vítima Percentual Percentual Frequência Percentual válido cumulativo Válido Pai 107 15,2 22,0 22,0 Mãe 150 21,3 30,9 52,9 Avós 20 2,8 4,1 57,0 Irmãos 8 1,1 1,6 58,6 Padrasto 20 2,8 4,1 62,8 Madrasta 13 1,8 2,7 65,4 Outros parentes 25 3,6 5,1 70,6 Vizinhos 39 5,5 8,0 78,6 Outros 43 6,1 8,8 87,4 Aluno da mesma 61 8,7 12,6 100,0 escola Total 486 69,1 100,0 Missing NSA 20 2,8 NR 197 28,0 Total 217 30,9 Total 703 100,0 Fonte: Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de Santa Maria.

Nota-se, segundo a tabela acima, que tanto a mãe quanto o pai das crianças são identificados como os principais acusados pela prática de violência doméstica, visto a própria indicação porcentual de cada acusado. Porém, uma categoria destacou-se ao longo do trabalho de campo, ou seja, durante a coleta e análise dos dados foram identificadas situações de conflito doméstico que envolviam alunos da mesma escola, geralmente relacionados à natureza do fato Lesão corporal15. Durante o cruzamento das variáveis idade e relação social do acusado com a vítima identificou-se que 13 dos 30 casos da categoria Abandono de incapaz a mãe consta como a acusada desta forma de violência, cuja idade corresponde à faixa etária dos 17 aos 25 anos de idade. A hipótese para compreender esta situação aponta para o seguinte pressuposto: sendo esta mãe bastante jovem e que devido a sua imatura estabilização financeira esta não possui condições necessárias para manter uma responsabilidade protetora em relação a vítima16, delegando esta função para outros

15 75,0% dos casos deste acusado foram Lesão corporal. 16 Importante salientar que esta hipótese ainda se encontra em estágio inicial, sendo necessários mais estudos para se obter o devido entendimento frente a esta questão social. membros familiares ou para o próprio pai da criança. Em contrapartida, a categoria Pai apresenta poucas ocorrências tipificadas como Abandono de incapaz. Os fatos referentes a este acusado somam 6 casos, distribuídos entre as faixas etárias 26 a 30 e 36 a 40 anos, onde 5 destes pertencem a ultima faixa etária mencionada.

Cruzamento de dados: O que o acusado é da vítima x Quem efetuou a denúncia

Quem efetuou a denúncia Conselho tutelar/ Escola/ Brigada Pai Mãe Militar Outros Total O que o Pai 0 91 7 7 105 acusado é Mãe 115 2 6 18 141 da vítima Avós 7 6 4 3 20 Irmãos 0 6 1 1 8 Padrasto 8 3 5 4 20 Madrasta 3 6 4 0 13 Outros parentes 6 13 5 1 25 Vizinhos 7 23 4 5 39 Outros 6 24 5 7 42 Aluno da mesma 17 40 0 3 60 escola Total 169 214 41 49 473

Fonte: Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de Santa Maria.

Os dados da pesquisa têm refletido a violência doméstica praticada dentro da família, pois as ocorrências encontram-se concentradas em torno da tríade “pai-mãe- criança”. A criança acaba se tornando, não apenas durante a disputa jurídica, alvo de um embate entre seus pais. Por exemplo, o pai ou a mãe manipula a criança para que ela aos poucos deixe de gostar do outro ente familiar. Esta disputa revela-se, no final, uma disputa pessoal entre pai e mãe. Com isto, a criança acaba sofrendo uma violência simbólica, entendida como um processo que dá sentido ao mundo, que impõe determinados significados que são incorporados pelo sujeito, dando outra forma à realidade. Exercida através da dominação, ocultada como um dado, uma natureza, impondo-se como legítima e universal. Ao final, a criança sofre mais que seus pais, pois não vê somente a desconfiguração da figura paterna ou materna, mas a desconstrução do seu ambiente familiar, ou seja, nestas situações evidencia-se a prática da alienação parental17.

CONCLUSÃO

Após a apresentação e interpretação dos dados preliminares, percebe-se a relevância da violência doméstica contra as crianças como tema a ser debatido pela sociedade civil. Desse modo, este artigo tentou apontar algumas características deste tipo de violência, mostrando que independentemente do contexto sócio-econômico ou cultural dos bairros, esta violência está presente cotidianamente neles, tornando relevante o estudo, não apenas dos implicantes relacionados à criança e sua infância, mas também os envolvidos em sua esfera doméstica.

A partir deste estudo, tenta-se evidenciar a importância da elaboração de políticas públicas específicas que contemplem a situação de vítima, políticas essas que podem fornecer opções para encarar determinados contextos que apresentam configurações violentas, não somente destinados à criança, mas também às demais pessoas envolvidas nestes conflitos.

De acordo com os resultados da pesquisa, entende-se que a maioria das ocorrências registradas na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente situam- se dentro do contexto familiar, mostrando que a relação pai-mãe-criança não ocasiona somente momentos de afeto, mas também tem-se configurado em situações de disputa onde a criança torna-se objeto das desavenças conjugais de seus pais. Porém, esta situação não isenta a criança de sofrer possíveis formas de violência e vitimização, visto que nessa desconstrução familiar ela percebe o esfacelamento do seu lar e/ou o afastamento e a não convivência com um (ou mais) de seus familiares.

17 Definição jurídica: considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, S.; BORDINI, E.; LIMA, R. O Adolescente e as Mudanças na Criminalidade Urbana. In: Revista da Fundação SEADE: A Violência Disseminada – São Paulo em Perspectiva. Vol. 13/n° 4, 2000, p. 62-74. ARDAILLON, D; DEBERT, G. Quando a vítima é mulher. Análise de julgamentos de crimes de estupro, espancamento e homicídios. Brasília: CNDM, 1987. ARIÈS, Phillipi. A história social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. 160 pg. ______. Pierre Bourdieu entrevistado por Maria Andréa Loyola. Rio de janeiro: Ed. UERJ, 2002. 98 pg.

CORRÊA, Mariza. Morte em família. Representação jurídica de papéis sociais. Rio de Janeiro: Graal, 1983. GREGORY, Maria Filomena. “Fazendo Gênero? A Antropologia da Mulher no Brasil”. In: COSTA, Albertini de O; BRUSCHINI, Cristina (orgs).Uma questão de gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992, p. 93-126. HEILBORN, Maria L. Cidadania para as mulheres. Encarte especial de Ciência Hoje, Rio de Janeiro (SBPC), 1987, p. 5-28. HEILBORN, Maria L.; SORJ, Bila. Estudos de Gênero – Seminário “As Ciências Sociais no Brasil: Tendências e Perspectivas (1970 – 1975). São Paulo: ANPOCS, 1998, p. 1-26. SAFFIOTI, Heleieth I. B. Já se Mete a Colher em Briga de Marido e Mulher. In: A Violência Disseminada – São Paulo em Perspectiva. Revista da Fundação SEADE, Vol. 13/n° 4, p. 82-91, 2000. SAFFIOTI, Heleieth I. B.; ALMEIDA, Suely. Violência de Gênero – Poder e Impotência. Rio de Janeiro: ed. Revinter, 1995. 218 p. SIMMEL, George. Le Conflit. Paris: Ed. Circe, 1995. 160 p. SOARES, Musumeci Bárbara. Mulheres invisíveis: violência conjugal e as novas políticas de segurança. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. 320 p. SUÀREZ, Mireya; BANDEIRA, Lourdes. A politização da violência contra a mulher e o fortalecimento da cidadania. Pg. 295-320. IN: BRUSCHINI, Cristina; UNBEHAUM, Sandra (orgs.). Gênero, democracia e sociedade brasileira. São Paulo: Fundação Carlos Chagas: Ed. 34, 2002. 448 pg. ______. Já se Mete a Colher em Briga de Marido e Mulher. In: A Violência Disseminada – São Paulo em Perspectiva. Revista da Fundação SEADE, Vol. 13/n° 4, 2000, p. 82-91.

5. Anexos [tabelas]

Natureza do fato

Percentual Percentual Frequência Percentual válido cumulativo Valido Maus tratos art. 136 59 8,4 8,7 8,7 Lesão corporal 162 23,0 23,8 32,5 Ameaça 69 9,8 10,1 42,6 Estupro 11 1,6 1,6 44,3 Atentado violento ao pudor 36 5,1 5,3 49,6 Negligência 15 2,1 2,2 51,8 Desaparecimento 62 8,8 9,1 60,9 Rapto 30 4,3 4,4 65,3 Outros 56 8,0 8,2 73,5 Localização 31 4,4 4,6 78,1 Desobediência 3 ,4 ,4 78,5 Abandono de incapaz 30 4,3 4,4 82,9 Abandono material 30 4,3 4,4 87,4 Retenção de menor 41 5,8 6,0 93,4 Maus tratos Art. 136 e lesão 5 0,7 0,7 94,1 corporal Ameaça e lesão corporal 6 0,9 0,9 95,0 Retenção de menor e maus 3 0,4 0,4 95,4 tratos art. 136 Maus tratos art. 136 e atentado violento ao pudor 1 0,1 0,1 95,6

Furto 11 1,6 1,6 97,2 Danos morais e lesão 1 0,1 0,1 97,4 corporal Lesão corporal e abandono 1 0,1 0,1 97,5 material Maus tratos art. 136 e 1 0,1 0,1 97,6 ameaça Homicídio 1 0,1 0,1 97,8 Agressão 7 1,0 1,0 98,8 Falecimento 2 0,3 0,3 99,1 Abuso sexual e agressão 6 0,9 0,9 100,0 física Total 680 96,7 100,0 Missing NSA 21 3,0 NR 2 ,3 Total 23 3,3 Total 703 100,0

Mês da ocorrência

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo Válido Janeiro 65 9,2 9,2 9,2 Fevereiro 56 8,0 8,0 17,2 Março 72 10,2 10,2 27,5 Abril 72 10,2 10,2 37,7 Maio 61 8,7 8,7 46,4 Junho 53 7,5 7,5 53,9 Julho 41 5,8 5,8 59,7 Agosto 49 7,0 7,0 66,7 Setembro 64 9,1 9,1 75,8 Outubro 71 10,1 10,1 85,9 Novembro 62 8,8 8,8 94,7 Dezembro 37 5,3 5,3 100,0 Total 703 100,0 100,0

Quem efetuou a denúncia

Percentua Frequência Percentual l válido Percentual cumulativo Válido Pai 201 28,6 30,0 30,0 Mãe 313 44,5 46,6 76,6 Avós 42 6,0 6,3 82,9 Outros parentes 23 3,3 3,4 86,3 Vizinhos 5 0,7 0,7 87,0 Conselho tutelar escola/ 71 10,1 10,6 97,6 brigada militar Outros 16 2,3 2,4 100,0 Total 671 95,4 100,0 Missing NSA 7 1,0 NR 25 3,6 Total 32 4,6 Total 703 100,0

Bairro onde ocorreu o fato

Percentual Percentual Frequência Percentual válido cumulativo Válido Centro 38 5,4 6,1 6,1 Bomfim 4 0,6 0,6 6,8 Nonoai 4 0,6 0,6 7,4 Nsª srª de Lourdes 19 2,7 3,1 10,5 Nsª srª do Rosário 15 2,1 2,4 12,9 Nsª srª Medianeira 8 1,1 1,3 14,2 Carolina 7 1,0 1,1 15,3 Caturrita 4 0,6 0,6 16,0 Chácara das Flores 8 1,1 1,3 17,3 Divina Providência 3 0,4 0,5 17,8 Nsª srª do Perp. Socorro 14 2,0 2,3 20,0 Salgado Filho 38 5,4 6,1 26,2 C. Men. de Deus 7 1,0 1,1 27,3 Itararé 20 2,8 3,2 30,5 Km 3 3 0,4 0,5 31,0 Menino Jesus 7 1,0 1,1 32,1 Nsª srª das Dores 12 1,7 1,9 34,1 Pres. João Goulart 18 2,6 2,9 37,0 Camobi 44 6,3 7,1 44,1 João Luiz Pozzobon 6 0,9 1,0 45,1 São José 7 1,0 1,1 46,2 Lorenzi 24 3,4 3,9 50,1 Tomazetti 11 1,6 1,8 51,9 Urlândia 18 2,6 2,9 54,8 Noal 5 0,7 0,8 55,6 Passo d' Areia 13 1,8 2,1 57,7 Patronato 22 3,1 3,6 61,2 Boi Morto 10 1,4 1,6 62,8 Jucelino Kubistchek 14 2,0 2,3 65,1 Pinheiro Machado 33 4,7 5,3 70,4 Renascença 1 0,1 0,2 70,6 Nova Santa Marta 44 6,3 7,1 77,7 São João 4 0,6 0,6 78,4 Tancredo Neves 22 3,1 3,6 81,9 Distritos de SM 11 1,6 1,8 83,7 Outros 90 12,8 14,5 98,2 Dom Antônio Reis 4 0,6 0,6 98,9 Outras cidades 7 1,0 1,1 100,0 Total 619 88,1 100,0 Missing NSA 53 7,5 NR 31 4,4 Total 84 11,9 Total 703 100,0