MAPA DOS ESPAÇOS PÚBLICOS ESPORTIVOS DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

Patrícia Cardoso Trauer, Acadêmica do Curso de Educação Física da UFSM.

Matheus F. Saldanha Filho Professor Mestre do Curso de Educação Física da UFSM.

RESUMO Este estudo apresenta o diagnóstico de praças e parques da cidade de Santa Maria-RS e identifica a distribuição, diversificação e qualidade dos espaços públicos de lazer esportivos. O trabalho é resultado de uma pesquisa ampla que envolveu os municípios de Canoas e São Leopoldo, ela aponta que no processo de planejamento para construção e reorganização dos espaços públicos e equipamentos a população e os profissionais da área não são chamados a contribuir sobre suas aspirações e necessidades da comunidade. Os resultados sugerem a necessidade de orientar as políticas públicas voltadas para o campo do investimento, abrangendo as regiões com maior carência.

ABSTRACT This study presents the diagnosis of squares and parks of the city of Santa Maria-RS and identifies the distribution, diversification and quality of public spaces for recreational sports. The work is the result of a more extensive search involving the municipalities Sao Leopoldo and Canoas, it suggests that in the planning process for construction and reorganization of public spaces and equipment the population and the professionals in the area are not required to contribute about their aspirations and needs of the community. The results suggest the need to target public policies directed to the field of investment, covering the regions with greater grace.

Introdução

As cidades contemporâneas, maiores representantes da diversidade humana – ou nas palavras de Nelson Rodrigues, laboratório da vida humana -, apresentam uma nova configuração do espaço urbano, bem como uma nova forma de leitura deste espaço, tanto material, configuração e social. A cidade torna-se, assim, um laboratório para construir e

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testar as teorias sobre a vida humana, e sua diversidade tem despertado cada vez mais o interesse da antropologia e de outras ciências. No caso dos espaços públicos para o esporte e lazer, é preciso compreendê-lo por meio do seu entrelaçamento de processos vitais, de seus agentes sociais. Não se deve entender os espaços urbanos apenas como meio ambiente, mas, sim como construtor de estilos de vida, formando tipos específicos que são portadores de suas vozes. Em seu livro, Ferrara (1998) ressalta que a história da cidade se dá a partir do uso do espaço público e dos seus usuários, suas formas de uso, seus gostos, suas escolhas, etc. Desta forma, ela não é só uma manifestação concreta, é feita de seres humanos que nela habitam e, principalmente, de suas ações. É feita da diversidade humana e serão os agentes sociais que compõem esta diversidade que darão significação ao espaço e vida à cidade. O espaço público, sem os usos e as significações humanas a ele atribuídas, é vazio de significados. O espaço público abriga uma complexa rede de articulações culturais, ele transforma a mente das pessoas, reorganiza as noções de tempo e espaço, configura imagens e transforma-se de acordo com seus atores sociais à medida que transforma os próprios atores. O espaço público adquire uma dimensão humana, e se torna movimento de várias culturas corporais. Estes espaços se tornam palco de inovações, manifestações, ações coletivas e transformações sociais. Para entender o processo dinâmico da cidade, é preciso lembrar que ela não está desprovida de atores, ou seja, não é possível separar o indivíduo do espaço público, como pretende o pensamento cartesiano. É o processo dinâmico das pessoas que a ela dá vida: “viver é agir, um espaço público animado é um espaço que vive” (Moles e Rohmer, 1982). Essa dinâmica é formada por uma rede complexa, que inclui aqueles que comumente são excluídos dos usos comuns do espaço público como: comércio formal, shoppings centers, parques de diversões, museus, galerias e etc. Para compreender esta questão apresentamos este estudo que tem como objetivo apresentar o diagnóstico da distribuição, diversificação e qualidade dos espaços públicos esportivos para o lazer do município de Santa Maria no estado do . O trabalho é resultado de um sub-projeto desenvolvido por uma pesquisa mais ampla que envolveu também os municípios de Canoas e São Leopoldo através da pesquisa guarda- chuva intitulada “Mapa da Juventude: um Estudo Sobre as Atividades de Lazer dos Jovens nas Cidades de Santa Maria, São Leopoldo e Canoas/RS”. Projeto este, integrado a partir de fevereiro de 2006 entre UFSM, ULBBRA e UNISINOS e financiado pelo Centro de Desenvolvimento do Esporte Recreativo e do Lazer – REDE CEDES – do Ministério do Esporte. Neste recorte, é tratada a necessidade em se fazer um diagnóstico dos espaços públicos de lazer esportivo dentro de um contexto que identifica ser esta uma forma de orientar as políticas públicas voltadas para o campo do investimento, percebendo as suas carências mais significativas. Preocupações desta natureza têm se tornado mais presentes quando está em jogo a relação entre espaço urbano, lazer e contemporaneidade. Gonçalves et all. (2007) no seu estudo sobre as praças entendem que ela deveria ser num espaço multifuncional e adaptável para permitir uma ocupação mais livre e criativa que possibilitasse uma participação dinâmica da comunidade na praça. No urbano, quando a natureza é preservada, ela surge, geralmente, sob a forma de parque, praças, áreas verdes e de proteção ambiental servindo até mesmo como grandes pulmões da cidade. Os parques urbanos são espaços públicos de lazer com características únicas. Como pensar a cidade como espaço múltiplo de lazer? Considerando certos

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equipamentos como praças e parques, como pensar na qualificação de tais espaços no âmbito dos municípios? Que relação tais aspectos teriam com a ordem sócio-econômica e com a atual situação das cidades, notadamente as metrópoles? De início somos solicitados a reconhecer que o futuro das cidades parece preocupante em um momento onde se percebe um certo esvaziamento da esfera pública, um desgaste pronunciado do tecido urbano, uma decomposição das relações sociais, algo bastante claro em várias cidades latino-americanas. As preocupações com os espaços de lazer não são recentes no Brasil. Para compreender melhor esse processo devemos considerar as articulações do ponto de vista histórico do Parque Paisagístico, que é o grande precursor deste movimento urbano de construção de áreas de recreação para acesso da população. A desigualdade aos bens culturais tem sido apontada como um dos elementos que tem contribuído para o aprofundamento da violência na sociedade. Estudos têm apontado que são nas regiões mais carentes, onde os espaços comunitários de relação como parques e praças são diminutos, que o acesso ao lazer se dá de uma forma muito precária principalmente para os portadores de necessidades especiais. Portanto, compreender como esta realidade se constituiu e apontar estratégias para superar esta realidade são características fundamentais para a democratização do esporte na sociedade; pois os espaços públicos para o lazer esportivo, parques, praças e escolas públicas, permitem uma distribuição igualitária para o conjunto da cidade levando em consideração a diversificação e qualidade das áreas esportivas? O fato de o lazer ter uma posição periférica no debate sobre políticas públicas acabou por ocasionar uma distribuição desigual deste patrimônio cultural nas cidades brasileiras. Poder conhecer como esta dinâmica se processou e construir indicadores que auxiliem o poder público a melhor orientar a aplicação dos seus investimentos torna-se fundamental para a garantia do acesso e acessibilidade a todos os cidadãos. Esse estudo permitiu criar uma estratégia de planificação urbana visando à garantia e ampliação do acesso aos espaços esportivos para o conjunto da cidade; a formulação de políticas públicas que possam combater a monocultura de um esporte a partir da ampliação do acesso a diferentes modalidades de lazer ao mesmo tempo a superação das desigualdades de gênero, raça/etnia e classe social tão comum em nossa cultura.

Metodologia

Esta é uma pesquisa de caráter exploratório. Participaram do estudo os parques, praças, espaços públicos potenciais e escolas públicas municipais. No término da coleta de dados em junho de 2007 a pesquisa ficou composta pelo universo de 37 praças, 2 parques, um centro desportivo municipal, 41 escolas públicas municipais na cidade de Santa Maria. Os dados foram coletados através de visita direta ao espaço investigado permitindo uma visualização espacial do contexto e registro fotográfico dos espaços. Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram: uma planilha de apontamentos para análise dos espaços, registros fotográficos e um GPS para auxiliar na medição dos terrenos. Na planilha foram registrados os seguintes elementos das praças: tipo de espaço (praça, parque, área verde, escola municipal), os espaços esportivos (quadra de futsal, vôlei, basquete, cancha de bocha, campo de futebol, pista de caminhada, etc), características a respeito da iluminação (se existia, não existia ou estava sem funcionar), cobertura das quadras (se havia ou não), do terreno (se era plano, inclinado ou irregular), a

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área infantil (brinquedos da pracinha, quantos têm e quantos estão em uso). O corte temporal do estudo foi de março de 2006 até agosto de 207.

O Município investigado: Santa Maria/RS

A cidade está há 286 km de Porto Alegre/RS e é dividida em 8 regiões administrativas com 41 bairros, segundo a nova configuração urbana prevista na Lei Complementar Nº 042, de 29 de dezembro de 2006. Possui uma área de 1823 km2, e uma população atual estimada em 280.000 habitantes (entre os fixos e flutuantes). Localizada na região centro do estado e rodeada pelo sinuoso perfil de montanhas da Serra Geral, Santa Maria é conhecida como coração do Rio Grande. Segundo dados do IBGE (2000), a base econômica de Santa Maria/RS é, preponderantemente, composta pelo setor terciário (Comércio e Prestação de Serviços) que absorve quase 80% da população ativa, seguida pelo setor primário e, por ultimo a indústria de pequeno e médio porte. Sobre a vulnerabilidade os dados do IBGE (2000) informam que 26,3 % de crianças em famílias com renda inferior à 1/2 salário mínimo, caracterizando índices de vulnerabilidade. O Percentual de pessoas com renda per capta abaixo a ½ salário mínimo = 5,5%. Mesmo que IDH: em 2000, segundo a classificação do PNUD, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Santa Maria é 0,845; valor considerado bom, pois o município está entre as regiões consideradas de alto desenvolvimento humano (IDH maior que 0,8). Além do que, o município ocupa o 46° lugar no Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. No IDH estão equacionados três sub-índices direcionados às análises educacionais, renda e de longevidade de uma população. O resultado das análises educacionais é medida por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior). Comparando os anos de 1991 e 2000, os principais índices específicos que compõem o IDH e o IDH-M de Santa Maria são os seguintes: IDH – Educação: em 1991 era de 0,885 e em 2000 de 0,932. IDH – Renda: em 1991 era de 0,735 e em 2000 de 0,785. IDH – Municipal: em 1991 era de 0,792 e em 2000 de 0,845. A cidade hoje está divida em unidades urbanas segundo a Lei Complementar Nº 042, de 29 de dezembro de 2006, onde “Cria unidades urbanas, altera a divisão urbana de Santa Maria, dá nova denominação aos bairros e revoga a Lei Municipal nº 2770/86, de 02/07/1986, Artigos 2º a 25 e dá outras providência”. Para concluir esta síntese de caracterização da cidade apontamos que o município apresenta 24,86% da sua população crianças e adolescentes (pessoas abaixo de 15 anos de idade), 67,60% de jovens de adultos e 7,53% de idosos (pessoas acima de 65 anos). Conforme a data da aprovação da Lei, os dados por bairros do município relacionados à nova divisão, estão aguardando resultado do censo. Portanto, as informações abaixo da população por bairros seguem conforme a Lei Municipal N°2770/86. Tabela - 1 Índice da população por bairro BAIRROS POPULAÇÃO BAIRROS POPULAÇÃO 856 Anais do IV Congresso Sulbrasileiro de Ciências do Esporte

(habitantes) (habitantes) Centro 29324 Passo D’Areia 7750 Salgado Filho 14180 Perpétuo Socorro 6355 Juscelino Kubitscheck 12498 João Goulart 6012 Medianeira 11896 Tomazzetti 6829 13311 Nossa Senhora das 6106 Dores Cohab Passo da Ferreira 11705 Cohab Camobi 2460 (Tancredo Neves) (Fernando Ferrari) Nossa Senhora de 12900 Chácara das Flores 3487 Lourdes Patronato 10564 3080 Itararé 10128 São José 3817 Urlândia 9928 Pá de Plátano 2916 Rosário 7184 Cerrito 815 Parque Pinheiro 11315 Machado Km3 4678 Locais sem bairro 19560

Distribuição, diversificação e qualidade dos espaços públicos para o lazer esportivo na Cidade de Santa Maria /RS

Os espaços públicos da cidade de Santa Maria estão sob a responsabilidade da Prefeitura Municipal. A documentação encontrada para o primeiro mapeamento foi disponibilizada pelo Escritório da Cidade e pela Secretaria de Esporte e Lazer, entretanto não foi possível encontrar apenas um órgão ou secretaria responsável pelo controle e organização dos dados das praças públicas e áreas de lazer da cidade. O que acontece é que cada órgão possui uma função, como a Secretaria de Obras, na construção, por exemplo, mas isso legitimamente está descentralizado pela Prefeitura Municipal e acabam por não ter as principais tarefas como a manutenção e conservação das vias urbanas, pintura, iluminação, pequenos reparos, varrição e outras ações relacionadas à limpeza dos diferentes logradores públicos, dentre eles, as praças e os parques. O estudo revelou que 8 praças não existem, estão nomeadas, mas não foram encontradas nos endereços e nas redondezas que estariam; são “fantasmas”; 5 praças possuem nomes e não foram mapeadas no estudo, pois nos confundiram quanto à sua estrutura, pois não apresentavam área livre e nem tampouco poderiam ser reconhecidas (foram praças acreditamos que, ou invadidas, ou os nomes foram atualizados e nos confundiram com as encontradas, ou também seriam “fantasmas”). A listagem das escolas municipais que nos foram repassadas pela administração pública foi de 79 escolas no total, entretanto, trabalhamos com as escolas municipais que estavam dentro do perímetro urbano e deixamos de lado as dos distritos vizinhos, e as que trabalhavam apenas com a educação infantil. Sobre sua localização, houve uma concentração dos espaços em algumas regiões da cidade, como na central e oeste, outras, no entanto, não possuem qualquer forma de espaço para o esporte e lazer. Na cidade de Santa Maria/RS, então, encontramos e mapeamos um total de 37 praças, 2 parques, um centro desportivo municipal e 41 escolas públicas municipais. Enquanto que em 24 bairros não há se quer uma área pública e de

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lazer, na grande maioria das que as possui algum destes espaços há uma grande discordância na sua distribuição. Dos 40 bairros do município, 09 deles possuem apenas 1 praça; 2 bairros possuem duas praças; 3 bairros com 3 praças; dois bairros com 5 praças e um bairro com 4 praças. Os dois maiores bairros de Santa Maria (classificação por área) são estritamente diferentes no que diz respeito à localização destas infra-estruturas: Camobi, o maior bairro, é também o que agrega um maior número de praças. É possível perceber, que a situação se torna agravante no momento em que podemos comparar o segundo maior bairro, , sem um parque ou praça pública. Os dados por regiões seguem conforme a nova lei que divide a cidade em 8 Regiões Administrativas e 41 Bairros: A Região Administrativa – R. A. - Centro Urbano é composta por 7 bairros e uma área de aproximadamente 8,14 km². O perímetro urbano inicia na esquina da Avenida Borges de Medeiros no sentido norte, até encontrar o eixo da Rua Fernandes Vieira. Quanto ao número de espaços, apresenta um total de 9 praças, 1 centro desportivo, 2 parques e 3 escolas municipais. Tabela – 2 Distribuição dos espaços na Região Centro Urbano Escolas Bairro Espaços Municipais Bonfim 1 praça - 4 praças e 1 Centro 1 parque Bairro Nonoai 3 praças 1 1 Centro Nossa Sra. De Fátima Desp. Mun.e 1 - parque Nossa Sra. De Lourdes - - Nossa Sra. Medianeira 1 praça 1 Nsa. Sra. Do Rosário - -

Denomina-se R.A. Norte a unidade setorial do perímetro urbano, cuja delimitação inicia no cruzamento da antiga estrada desativada da Caturrita, no sentido noroeste, até encontrar o leito da linha férrea Santa Maria-Uruguaiana. A região nortte possui 6 bairros e abrange uma área de aproximadamente 12,58 km². Está composta por apenas 1 praça e 7 escolas municipais. Tabela – 3 Distribuição dos espaços na Região Norte Escolas Bairro Espaços Municipais Carolina - 1 Caturrita - 3 Chácara Das Flores - 2 Divina Providência - - N. Sra. Perp. Socorro - 1 Salgado Filho 1 praça -

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A região Nordeste é composta por 6 bairros em uma área de 19,86 km²; onde o perímetro urbano inicia no limite intermunicipal Santa Maria - Itaara (defletindo-se no sentido norte pela linha férrea que vai em direção ao Município de Itaara), junto ao curso d’água da nascente do Arroio Vacacaí-Mirim. Apresenta um total de 2 praças e 4 escolas municipais. Tabela – 4 Distribuição dos espaços na Região Nordeste Escolas Bairro Espaços Municipais Campestre do Menino - 1 Deus Itararé 1 praça 1 - 1 - - Nsa. Sra. Das Dores 1 praça - Pres. João Goulart - 1

A região Leste é a segunda maior região da cidade classificada pela área, com 20,52 km² e composta por um único e maior bairro da cidade, cuja delimitação inicia na confluência de uma sanga, que nasce a leste da Rua José Paulo Teixeira no Bairro Amaral, com o Rio Vacacaí-Mirim, no sentido a jusante, até a sua foz. A região abrange a Universidade Federal de Santa Maria e a Base Aérea, que ficam na saída da RS158 em direção a capital Porto Alegre. O bairro Camobi que compõe a região leste possui 8 praças e 6 escolas municipais. A R. A. Centro-Leste conta com 4 bairros e apresenta uma área de 20,22 km². A delimitação inicia num ponto do Rio Vacacaí-Mirim, cruzamento com a Estrada Municipal Ângelo Berleze, no sentido norte, até encontrar a ponte sobre o Rio Vacacaí-Mirim. Esta região apresenta 4 praças e 3 escolas municipais. Tabela – 5 Distribuição dos espaços na Região Centro-Leste Escolas Bairro Espaços Municipais Cerrito - - Diácono João Luiz 1 praça 1 Pozzobon Pé-De-Plátano - 2 São José 3 praças -

A região Sul possui 4 bairros distribuídos em uma área de 13,23 km², cuja delimitação inicia no cruzamento do eixo da canalização do Arroio Cadena, no sentido a montante, até alcançar a projeção do eixo da Rua Irmã Dulce. Sem nenhuma área verde com parques ou praças, a região apresenta apenas 5 escolas municipais. Tabela – 6 Distribuição dos espaços na Região Sul

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Escolas Bairro Espaços Municipais Dom Antônio Reis - 1 Lorenzi - 1 - 1 Urlândia - 2

A Região Centro-Oeste possui 5 bairros em uma área de 6,42 km². onde o perímetro urbano inicia no ponto que dista 20 metros ao noroeste da projeção do eixo da Rua 12, do Loteamento Alto da Boa Vista, sobre a linha de divisa oeste da área militar. Com 5 praças, a região também possui e 6 escolas municipais. Tabela – 7 Distribuição dos espaços na Região Centro-Oeste Escolas Bairro Espaços Municipais Duque de Caxias 2 praças 1 1 praça 1 Passo D'areia 1 praça 2 Patronato 1 praça 1 - 1

Sendo a maior região em relação ao número de bairros e à área, a região Extremo- Oeste possui 8 bairros e apresenta uma área de 25,82 km² que inicia no cruzamento do Arroio Ferreira, no sentido a montante, até encontrar a linha férrea Santa Maria – Uruguaiana. Tanto extremo-oeste como apenas oeste, a região apresenta 8 praças e 7 escolas municipais. Tabela – 8 Distribuição dos espaços na Região Extremo-Oeste Escolas Bairro Espaços Municipais Agro-Industrial - - - - Juscelino Kubistchek 5 praças 3 - 1 Pinheiro Machado - 2 Renascença - - São João - 1 Tancredo Neves 3 praças -

Considerações Finais

A realização de estudos com o objetivo de diagnosticar a estrutura esportiva e de lazer nos municípios brasileiros é recente e tem contribuído para os gestores públicos da área construir e proporem ações articuladas entre os diversos níveis da administração

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pública e ou em articulação com a iniciativa privada e organizações da sociedade civil. Para concluir este estudo, deixamos as seguintes considerações: 1 – Democratizar o acesso às políticas públicas de esporte e lazer implica democratizar e qualificar o espaço público; 2 – O estudo constatou que a grande maioria das regiões da cidade não conta com um número suficiente de espaços públicos específicos de esporte e lazer para o atendimento da população; 3 – O estudo aponta que nas grandes regiões da cidade, as pessoas buscam por áreas abertas (parques, praças, etc.), pois sentem a necessidade de estar em contato com o meio ambiente. Observou-se que nos poucos espaços para o esporte e lazer, existentes na cidade, tornam-se locais centralizadores de muitas pessoas; 4 – Registra-se que os espaços públicos existentes carecem, na maioria, de manutenção, de equipamentos e de animadores importantes na re-significação do espaço urbano; 5 – No desenvolvimento do estudo observou-se um descompasso entre os vários setores da administração municipal em relação aos espaços públicos quanto à responsabilidade de construção, modernização, revitalização, preservação, otimização e maximização de espaços e equipamentos para o esporte e lazer com segurança e qualidade, visando o interesse e necessidades da população, contemplando a acessibilidade de pessoas com deficiência e pessoas com necessidades especiais, idosas e idosos; 6 – A pesquisa aponta que no processo de planejamento para construção e reorganização dos espaços públicos e equipamentos a população e os profissionais da área não são chamados a contribuir sobre suas aspirações e necessidades da comunidade. É preciso enfatizar que esses processos precisam contar com a participação dos profissionais da área, garantindo-se, assim, as qualidades técnicas requeridas e as especificidades da área, precisam contar também com a participação da comunidade, viabilizando a satisfação dos interesses culturais a serem satisfeitos e/ou superados, através da animação sociocultural, e a manutenção dos vínculos com a cultura local. Infelizmente, o conceito da arquitetura dos espaços públicos para o desenvolvimento do esporte do lazer ainda é “amadora”, excludente e tradicional; 7 – No processo de construção dos espaços e dos equipamentos e adaptação de equipamentos, não se observa à redução das barreiras arquitetônicas, pois essas impossibilitam as pessoas idosas e portadoras de deficiência e/ou de necessidades especiais de usufruírem desses espaços, bem como equipamentos para a demanda de todos os segmentos da comunidade. Como também desconhece a importância, nesses espaços, existirem vegetação, cobertura dos espaços, bancos, iluminação, lixeiras, banheiros, placas sinalizadoras e informativas, etc.; 8 – O estudo menciona a necessidade de manutenção adequada e dinamização no uso dos equipamentos públicos de esporte e lazer existentes e a ampliação da rede física e dos equipamentos para a prática diversificada de atividades corporais, não ficando restritos aos esportes tradicionais e aos espaços e equipamentos para as crianças; 9 – O desenvolvimento do estudo etnográfico contata a diversificação dos espaços esportivos, apesar de ter ido além do futebol, voleibol, pois, identificam-se espaços para o skate, bocha, bicicross, não garante um universo mais amplo de possibilidades que devem ser oferecidos e necessita agora um estudo sobre como estes espaços têm sido ocupados. 10 – A distribuição exige que outros espaços esportivos, que não o futebol, deva ter uma melhor manutenção e que a participação comunitária é fundamental para o

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conhecimento do valor do ambiente e da cultura, e para o incentivo a um comportamento destinado à co-participação, preservação, valorização e revitalização desses espaços; 11 - Este mapeamento constatou que a maioria dos espaços pesquisados não possui ações estratégicas, com orientação por profissionais, agentes sociais, animadores culturais, voluntárias e voluntários da sociedade capacitados e qualificados; 12 - Considerando que os aspectos legais não garantem o estabelecimento de políticas públicas para o setor do esporte e lazer, neste sentido é fundamental entender todo o processo de planejamento, construção, administração e animação dos equipamentos para uma política de democratização da cultura esportiva. Torna-se, assim, importante a relação que se estabelece entre o público usuário, os profissionais e os equipamentos públicos de esporte de lazer, verificando o comportamento de praticantes e espectadores, uso de equipamentos específicos e não específicos, modificações ou adaptações, e expectativas de atuação profissional. 13 - Estudar sobre praças e parques nos espaços urbanos significa estar situado num tempo e espaço que são o tempo e o espaço que vão da modernidade até a contemporaneidade.

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