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PARECE COMISSÃO DE JUSTIÇA E REDAÇÃO Matéria: Projeto de Lei nº 03/2021 Autoria: Dra. Andréa Delegada, Val Barbieri e Pepa Servidone Ementa: Reconhece como essenciais para a população de Jaboticabal as atividades desenvolvidas por academias, comércio varejista, bares e restaurantes, salões de beleza, escritórios, shoppings e praças de alimentação e dá outras providências I – EXPOSIÇÃO DA MATÉRIA EM EXAME A presente propositura de autoria das vereadoras Dra. Andréa Delegada, Val Barbieri e do vereador Pepa Servidone, pretende que O município reconheça como essenciais para a população de Jaboticabal as atividades desenvolvidas por academias, comércio varejista, bares e restaurantes, salões de beleza, escritórios, shoppings e praças de alimentação e dá outras providências. II – PREAMBULARMENTE Prima facie se faz absolutamente necessário registrar que as Comissões Permanentes, se manifestam apenas e tão somente a respeito de suas competências próprias, ou seja, em hipótese alguma, devem se manifestar a respeito do mérito da matéria em análise. A discussão, votação, aprovação ou rejeição de cada diploma legal em tramitação por essa Casa de Leis, é de competência exclusiva do soberano plenário. PARECER CJR Nº 27/2021 AO PL 3/2021 - Esta é uma cópia do documento assinado por Carlos Eduardo Pedroso Fenerich Para conferir o original, leia código QR ou acesse https://sapl.jaboticabal.sp.leg.br/conferir_assinatura e informe 8058-B29C-623E-41E8. Rua Barão do Rio Branco, 765 - CEP: 14870-330 - Jaboticabal-SP Fone: 16.3209.9477 - Site: www.jaboticabal.sp.leg.br Pag. 1/86 À Comissão de Justiça e Redação cabe, apenas e tão somente, analisar se o projeto por ela apreciado está recepcionado pela Constituição Federal e pelo ordenamento jurídico infraconstitucional, bem como, se sua redação está de acordo com as respectivas normas técnicas. Essa e somente essa, é a competência da Comissão Permanente de Justiça e Redação. I – ANÁLISE DA MATÉRIA O presente projeto de lei pretende reconhecer como essenciais para a população de Jaboticabal as atividades desenvolvidas por academias, comércio varejista, bares e restaurantes, salões de beleza, escritórios, shoppings e praças de alimentação. Conforme asseverado pela Procuradoria de Justiça do Estado de São Paulo, “a Constituição Federal em seu art. 24, XII, estabeleceu competir concorrentemente à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre proteção e da saúde, sendo o modelo de condomínio legislativo, norteado pelo princípio da predominância de interesse, no qual caberá: a) à União editar normas gerais que imprimam coordenação nacional (§ 1º do art.24); b) aos Estados regular matéria de interesse regional, suplementando as normas gerais nacionais (§ 2º do art. 24); c) aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse local (inc. I do art. 30), observadas as regras federais e estaduais fixadas sobre a matéria, a título suplementar (inc. II do art. 30)”. Assim, na forma do disposto no inciso II do art. 30 da Constituição Federal, os municípios detêm, apenas e tão somente, a competência suplementar em face dessa matéria, ou seja, pode atuar ampliando as restrições impostas pelo governo estadual, jamais flexibilizando-as. Foi exatamente nesse sentido que decidiu o colendo Órgão Especial do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao julgar ação direta de inconstitucionalidade em face do Decreto nº 1.316, de 14 de maio de 2020, do Município de Bastos, que estabelecia medidas menos restritivas aos PARECER CJR Nº 27/2021 AO PL 3/2021 - Esta é uma cópia do documento assinado por Carlos Eduardo Pedroso Fenerich Para conferir o original, leia código QR ou acesse https://sapl.jaboticabal.sp.leg.br/conferir_assinatura e informe 8058-B29C-623E-41E8. estabelecimentos comerciais do que aquela determinada pelo Plano São Paulo através do Decreto Estadual nº 64.994/20). Rua Barão do Rio Branco, 765 - CEP: 14870-330 - Jaboticabal-SP Fone: 16.3209.9477 - Site: www.jaboticabal.sp.leg.br Pag. 2/86 O decreto municipal foi julgado inconstitucional na ADI nº 2096423- 90.2020.8.26.000, se posicionando o colendo colegiado no sentido de dar prevalência do decreto estadual sobre as normas municipais de caráter menos restritivo à atividade econômica. “Em outras palavras, aos Municípios não é autorizado afastar-se das diretrizes estabelecidas pelo Estado de São Paulo para a proteção da saúde decorrente da pandemia, cabendo-lhe apenas suplementá-las, nos termos do art. 30, I e II da Constituição Federal, para o fim de intensificar o nível de proteção por elas estabelecido, mediante a edição de atos normativos que venham a torná-las eventualmente mais restritivas. Esse também é o entendimento do Supremo Tribunal Federal. Na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF nº 672), o STF decidiu no sentido de confirmar a competência normativa estadual para normas específicas de inerência a seu território (e supletivamente normas gerais na omissão federal), “assentida a competência normativa municipal desde que não contrarie as normas gerais federais ou as normas estaduais e no limite do interesse local.” (doc. 1). O Município de Bauru, através do Decreto nº 15.247, de 24 de janeiro de 2021, promoveu, da mesmíssima forma que se pretende fazer com o projeto de lei ora em análise, a flexibilização das restrições impostas pelo Decreto Estadual nº 65.460, de 08 de janeiro de 2021. Em 29 de janeiro de 2021, ou seja, apenas cinco dias após a edição do decreto pelo Município de Bauru, o colendo Órgão Especial do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, através do Desembargador Ferreira Rodrigues, apreciando ação direta de inconstitucionalidade proposta de Procuradoria de Justiça, concedeu medida liminar, determinando que fosse cumprido todo o determinado no PARECER CJR Nº 27/2021 AO PL 3/2021 - Esta é uma cópia do documento assinado por Carlos Eduardo Pedroso Fenerich Para conferir o original, leia código QR ou acesse https://sapl.jaboticabal.sp.leg.br/conferir_assinatura e informe 8058-B29C-623E-41E8. decreto estadual (doc. 2). O Município de Bauru editou então a Lei nº 7.435, de 03 de fevereiro Rua Barão do Rio Branco, 765 - CEP: 14870-330 - Jaboticabal-SP Fone: 16.3209.9477 - Site: www.jaboticabal.sp.leg.br Pag. 3/86 de 2021, aprovado por 14 de seus 15 vereadores, objetivando reconhecer diversas atividades como essenciais, em desacordo como o decreto estadual. A Procuradoria de Justiça aditou a referida ADI, requerendo a concessão de medida liminar para que fosse suspensa a eficácia do citada lei (doc. 3). Em 08 de fevereiro de 2021, ou seja, apenas cinco dias após sua edição, a lei foi considerada ineficaz pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (doc. 4). O Município de Bauru foi imediatamente notificado da decisão judicial foi obrigado a cumprir fielmente o decreto estadual (doc. 5). O projeto de lei, ora em análise é absolutamente similar ao de Bauru. Outros municípios, igualmente, já tiveram diplomas legais similares declarados liminarmente inconstitucionais. O último de que se tem notícia foi o município de Ilhabela. O Desembargador Claudio Godoy, também a pedido da Procuradoria de Justiça do Estado de São Paulo, concedeu medida liminar em ação direta de inconstitucionalidade, suspendendo eficácia da Lei Municipal nº 1.457/21 de autoria do Vereador Felipe Gomes, aprovado por unanimidade, que declarava a essencialidade para a saúde pública dos serviços de educação física, esportes e afins como forma de prevenir doenças físicas e mentais em Ilhabela (doc. 6). A Câmara Municipal de Ribeirão Preto, em sessão realizada em 09 de fevereiro de 2021, aprovou parecer que considerou inconstitucional projeto de lei idêntico a esse, ou seja, projeto de lei que pretendia considerar essenciais as atividades desenvolvidas pelo comércio em geral, restaurantes e bares. O presidente da comissão permanente da Câmara Municipal de PARECER CJR Nº 27/2021 AO PL 3/2021 - Esta é uma cópia do documento assinado por Carlos Eduardo Pedroso Fenerich Para conferir o original, leia código QR ou acesse https://sapl.jaboticabal.sp.leg.br/conferir_assinatura e informe 8058-B29C-623E-41E8. Ribeirão Preto, Vereador Isaac Nunes afirmou que o projeto traria falsa esperança ao setor e desordem na pandemia. Rua Barão do Rio Branco, 765 - CEP: 14870-330 - Jaboticabal-SP Fone: 16.3209.9477 - Site: www.jaboticabal.sp.leg.br Pag. 4/86 Afirmou ainda que: “Sabemos das necessidades e importância deste segmento, mas não compete ao município a decisão.” (doc. 7) A Procuradoria Jurídica da Câmara Municipal de Jaboticabal, se manifestou pela inconstitucionalidade da matéria (fls. 14/18). IV. DECISÃO DA COMISSÃO Diante de todo o exposto, a Comissão de Justiça e Redação, por unanimidade de seus membros, recomenda que o Projeto de Lei nº 03/2021, na forma do disposto no ordenamento jurídico vigente, seja declarado inconstitucional e, em decorrência, devidamente arquivado. Ao soberano plenário para decisão. Jaboticabal, 29 de março de 2.021. DR. EDU FENERICH - PRESIDENTE DR. MAURO HENRIQUE CENÇO - MEMBRO DR. PAULO HENRIQUE ADVOGADO - MEMBRO PARECER CJR Nº 27/2021 AO PL 3/2021 - Esta é uma cópia do documento assinado por Carlos Eduardo Pedroso Fenerich Para conferir o original, leia código QR ou acesse https://sapl.jaboticabal.sp.leg.br/conferir_assinatura e informe 8058-B29C-623E-41E8. Rua Barão do Rio Branco, 765 - CEP: 14870-330 - Jaboticabal-SP Fone: 16.3209.9477 - Site: www.jaboticabal.sp.leg.br Pag. 5/86 DOCUMENTO 01 PARECER CJR Nº 27/2021 AO PL 3/2021 - Esta é uma cópia do documento assinado por Carlos Eduardo Pedroso Fenerich Para conferir o original, leia código QR ou acesse https://sapl.jaboticabal.sp.leg.br/conferir_assinatura e informe 8058-B29C-623E-41E8. Rua Barão do Rio Branco, 765 - CEP: 14870-330 - Jaboticabal-SP Fone: 16.3209.9477 - Site: www.jaboticabal.sp.leg.br Pag. 6/86 tis. 1 MINISTÉRIO PÚBLICO PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA Mpsp IDO ESTADO DE SÃO PAULO SUBPR0CURAD0RIA-GERAL DE JUSTIÇA JURÍDICA EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO o o o Processo SEI 29.0001.0016642.2021-66 o e.o N co....