ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS.

ATA Nº 006

PRESIDENTE - DEPUTADO GUILHERME MALUF

O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Boa-tarde, senhoras e senhores aqui presentes! Declaro aberta a presente Audiência Pública, requerida pelos Deputados Guilherme Maluf e José Domingos Fraga, com o objetivo de discutir e debater as dificuldades e entraves ao funcionamento dos hospitais privados em Mato Grosso. Convido para compor a mesa: o Sr. Paulo Roberto Araújo, Superintendente de Atenção Integral à Saúde, neste ato, representando o Secretário Augustinho Moro - que nos justificou a ausência, estará viajando para Curitiba, amanhã, onde participará de um evento, eu também participarei desse evento -; o Sr. Neurilan Fraga, Prefeito de Nortelândia, representando todos os Prefeitos de Mato Grosso; o Dr. José Ricardo de Melo, Presidente do Sindicato dos Hospitais; o Dr. Gabriel Novis Neves, ex-Reitor... O senhor ainda é Presidente da Academia, Dr. Gabriel? Por favor, Dr. Gabriel, nos ajude aqui. Composta a mesa, convido a todos para que, em pé, cantemos o Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL.) O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Gostaria de registrar as presenças: do Dr. Edvaldo Messias, Diretor e proprietário do Hospital São Matheus; do Dr. Altino José de Souza, Diretor e proprietário do Hospital São Matheus; do Sr. João Laércio Moreira, gestor de administração do Hospital São Matheus; do Dr. Francisco de Assis Domingues, Médico e proprietário do Hospital São Lucas, do Município de ; do Dr. Benedito de Moraes, Diretor- Presidente do Hospital Geral de Poconé; do Dr. Linealdo de Aguiar Sobral, Médico do Hospital de Nortelândia; do Sr. Léo Mário, gerente administrativo do Hospital Ortopédico; do Sr. Anderson Leôncio de Oliveira Araújo, faturista do Hospital do Câncer; e o Sr. Caio Cesar de Andrade, assessor técnico da Secretaria Estadual de Saúde. Quero agradecer, também, a presença de todos os funcionários do Hospital Santa Rosa em nome da Srª Geneci, Diretora-Administrativa; do Sr. Claiton Caborda, Vice-Presidente e Vereador da Câmara de ; do Sr. José Aquino Cosme, Presidente do Bairro Bandeirantes, aqui de Cuiabá; do Sr. Jorge Evangelista, Presidente do Conselho de Segurança do Bairro Lixeira. Conduziremos esta Audiência Pública, senhores, da seguinte forma: Primeiro, passaremos a palavra aos membros da Mesa; em seguida, abriremos a inscrição para qualquer um dos senhores que queira fazer o seu pronunciamento, trazer os seus questionamentos, sugestões; e, por fim, retornaremos à Mesa para que os membros façam o fechamento da Audiência Pública.

Pág. 1 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Todos nós sabemos, nós que militamos nesse segmento, Deputado José Domingos Fraga, que hoje a realidade do nosso Estado é a falta de leitos hospitalares - digo isso em todos os segmentos. Gostaria de agradecer a presença e convidar para compor a Mesa o Deputado Eliene Lima. Muito obrigado pela presença, Deputado! A realidade do nosso Estado é a falta de leito hospitalar. Se olharmos para o lado público, os hospitais regionais são plantas antigas e temos uma deficiência de leitos nos hospitais regionais. Os hospitais privados, em Mato Grosso, a maioria não atende o SUS - Sistema Único de Saúde, e também se encontra dentro do limite em função de vários hospitais que foram fechados, uma conjuntura toda de uma política de planos de saúde. Enfim, existe uma dificuldade muito grande na abertura de novos leitos. O paradoxo que vivemos muito no interior é hospital privado. Quando digo privado, pode ser filantrópicos, Santa Casas, não conseguindo prestar o seu papel ou estar em funcionamento. Mesmo faltando leitos hospitalares, esses hospitais do interior encontram-se fechando dia a dia, por exemplo: os hospitais de Rosário Oeste, Poxoreu, , Nortelândia, Poconé, ou fechando ou em grande dificuldade. Então, vivemos esse paradoxo no nosso Estado, falta de leitos... Os leitos que dispomos não conseguimos utilizar. Gostaria de ouvir de todos os senhores sugestões. Vamos ampliar esse debate, especialmente, no momento, senhores, em que poderemos viver, daqui a algum tempo, uma copa do mundo em nosso Estado. E aí, onde vamos colocar? Será necessário uma infraestrutura de saúde. Então, passo a palavra agora ao Deputado José Domingos Fraga para que faça o seu pronunciamento. O SR. JOSÉ DOMINGOS FRAGA - Deputado Guilherme Maluf, que presidi esta Audiência Pública, solicitada por Vossa Excelência e por mim; Sr. Paulo, Superintendente de Atenção Básica da Rede Estadual de Saúde, neste ato, representando o Secretário Augustinho Moro; cumprimento os componentes da mesa, em nome do legendário Dr. Gabriel Novis Neves, que tive a honra de ser seu aluno na ocasião em era o Reitor da Universidade Federal de Mato Grosso; cumprimento toda plateia, em nome do proprietário do hospital privado do Município de Nortelândia, Dr. Aguiar. Deputado Guilherme Maluf, gostaria de dizer a Vossa Excelência e a todos os presentes qual foi, realmente, o objetivo que me levou a subscrever o Requerimento solicitando esta Audiência Pública. Primeiro, Dr. Gabriel, porque sou do interior deste Estado, vivi muito tempo na Capital, mas passei a minha juventude, justamente, no interior. Iniciei a minha vida pública também no interior. Sou oriundo de um município talvez dos mais pobres do Estado de Mato Grosso, que hoje passa por muita dificuldade em todos os aspectos. Prova que os indicadores, seja econômico ou social, é um dos piores do Estado de Mato Grosso. E lá a população vive, por mais que haja um esforço muito grande de todas as lideranças políticas, realmente sob muita dificuldade, falta de emprego, falta de segurança e também a questão da saúde, seja na rede básica, até porque a receita não permite, não só a esse município como a tantos outros do Estado, fazer a lição de casa, onde sequer consegue cobrir 30%, 40 % da sua rede básica, através do Programa Saúde da Família, e fica muito pior ainda quando se trata da saúde curativa. Há um hospital privado lá, quase centenário, mas se encontra em uma situação muito difícil, muito difícil, justamente por falta de receita. Pág. 2 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Se esse problema fosse só no município de Nortelândia, não seria problema, mas no município de Nobres é a mesma coisa, no município de Rosário Oeste idem, no município de Nova Canaã no Norte, no extremo Norte do Estado de Mato Grosso, a mesma coisa, bem como tantos outros que existem no Estado de Mato Grosso. A saúde é um direito de todos e dever do Estado. Como esses municípios não conseguem cumprir com sua obrigação, não têm policlínicas, não têm pronto-atendimento, a porta de entrada das urgências e emergências é justamente o hospital privado. Esses hospitais privados têm baús de créditos podres, de notinhas assinadas e até mesmo de decisões judiciais que fazem com que eles atendam, por força de Lei, sob pena de seus gestores serem presos ou processados por omissão de socorro e tantos outros tipos de processos cabíveis quando não conseguem realmente atender, quando não dão atendimento de emergência e urgência a brasileiros que de fato precisam ser atendidos. Para que o fechamento dos hospitais privados, principalmente de cidades de economia deprimida, cidades pequenas, não aconteça, como está acontecendo, em cascata, eu, Deputado José Domingos Fraga, e o Deputado Guilherme Maluf resolvemos convocar esta Audiência Pública, chamamos o Governo do Estado, para que, em conjunto com os proprietários de hospitais privados e seus diretores, busquemos uma saída, uma saída emergencial, que possa fazer com esses hospitais mantenham suas portas abertas e possam continuar atendendo as urgências e emergências à população carente que precisa do atendimento que o Poder Público Municipal não tem condições de fazer de forma imediata. Precisamos que o Governo realmente seja nosso parceiro. Cabe a mim e ao Deputado Guilherme Maluf, como Parlamentares e como fiscais do cumprimento da legislação e das ações do Governo, fazer e usar desse instrumento que é a audiência pública para buscar alternativas, em conjunto, e cobrar do Governo, para que ele, dentro das suas atribuições, de forma legal, possa socorrer esses hospitais privados que hoje estão na UTI, que precisam de um oxigênio para que possam manter suas portas abertas. Espero, Sr. Paulo Roberto, que o Exmº Sr. Secretário Augustinho Moro tenha lhe dado liberdade para que Vossa Excelência traga sugestões, nem que seja através dos poderes públicos municipais, para abrir um canal de irrigação financeira para que, através das prefeituras ou dos consórcios - porque todos esses municípios fazem parte de uma região de consórcio intermunicipal de saúde - possam comprar serviços desses hospitais privados para que esses hospitais mantenham suas portas abertas, avançando, não só prestar o serviço que já vinha prestando, mas, através dessa irrigação financeira, prestar serviços mais complexos, serviços que possa realmente dar cidadania e dignidade ao povo brasileiro, especificamente ao povo mato- grossense. Portanto, quero agradecer a presença de todos e dizer, Dr. Gabriel, da nossa preocupação com todos os hospitais, que não apenas estão fechando, mas se depauperando. Se a vigilância sanitária tivesse que fazer um pente fino, bastava ver as instalações físicas desses hospitais e a maioria deles, com certeza, seria fechado, mesmo porque seus proprietários, seus diretores, não têm recursos financeiros nem para honrar com a folha de pagamento, com os insumos e com os custeios desses hospitais, quanto mais fazer reformas emergenciais ou as adaptações que são exigidas pela Vigilância Sanitária e esses hospitais precisam. Portanto, fica aqui a nossa preocupação nesse sentido e o chamamento ao Governo, para que, em conjunto com a Assembleia Legislativa e os sindicatos de hospitais privados possamos achar uma saída que dê viabilidade e sustentabilidade a esses hospitais. Pág. 3 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Agradeço, mais uma vez, a presença de todos. Esperamos sair daqui com uma solução para que possamos dizer que estamos cumprindo com a nossa obrigação neste parlamento. Desejo que tenhamos uma boa audiência pública. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Muito obrigado, Deputado, por suas palavras. (PALMAS). Acho interessante frisar, ou registrar, que os hospitais privados - quando digo privado, digo os filantrópicos, as Santas Casas - são vistos, muitas vezes, como adversários do Sistema Único de Saúde e não são. Esses hospitais complementam, de uma forma, diga-se de passagem, muito econômica, porque você pode simplesmente comprar o serviço. Prefeito de Nortelândia aqui presente, existe a concepção por muitos prefeitos de que têm que ser construídos hospitais públicos nos nossos municípios o que é, no meu modo de ver, um erro. Vamos utilizar os hospitais que estão construídos! Há muitos anos no nosso País existia essa concepção de hospitais públicos puros. Eram os antigos hospitais do INAMPS, não sei se vocês se recordam disso hoje, praticamente, todos sucateados. Notamos que os que prosperaram foram os hospitais que fizeram parcerias com instituições privadas. Então, se você pega o INCOR, por exemplo, é uma fundação que atende a área privada e a área pública; o Sarah Kubitschek é a mesma coisa, bem como diversas outras instituições. Como se não bastasse, aparecem legislações novas, dia a dia, exigindo dessas instituições qualidade técnica que muitas vezes não são possíveis serem colocadas de uma forma imediata. Passarei a palavra ao Deputado Federal Eliene Lima, para que faça seu pronunciamento, em seguida, abrirei a palavra aos outros membros da mesa. Quero aproveitar a presença do Deputado Federal Eliene Lima para parabenizá-lo por ter colocado uma emenda para o futuro Parque das Águas, nessa área, na nossa cidade. Parabéns! Uma visão e uma sensibilidade muito grande. Cuiabá ganhará um novo parque, ao lado da Assembleia Legislativa, nesse lago maravilhoso. Parabéns, Deputado! O SR. ELIENE - Obrigado Presidente desta Sessão, Deputado Guilherme Maluf, a quem cumprimento neste momento, bem como cumprimento o Deputado José Domingos Fraga, ambos requerentes desta importante Audiência Pública para discutir um tema que, com certeza, é de extrema urgência de se discutir aqui no Estado de Mato Grosso. Tem a questão da rede particular de saúde que, realmente, tem ano a ano enfraquecido, têm ocorrido os fechamentos de hospitais, de consultórios, de clínicas particulares no Estado, e é preciso, então, buscar essa discussão. Quero também saudar o nosso eterno reitor da Universidade Federal, o Dr. Gabriel Novis Neves; saudar o Superintendente de Saúde, representando o Secretário Augustinho Moro, o Sr. Paulo; o Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Saúde de Mato Grosso, Dr. José Ricardo; o Prefeito Neurilan Fraga, do Município de Nortelândia; e o Deputado Estadual Wagner Ramos, que acaba de chegar. Cumprimentar todos os que participam desta audiência pública; os proprietários de hospitais que vêm do interior. Quero aqui saudar todos, em nome do Dr. Francisco, que vem lá de Juara, que tem problemas também no Município de Juara; as comitivas que vêm do interior participar desta discussão; o Presidente da Câmara de Vereadores do Município de , o Vereador Gustavo Melo; o ex-presidente da Câmara, o Vereador Dr. Zinho; o Vereador Zetão que vem de Alto Araguaia; o Aldir Schneider, de ; enfim, todos os presentes aqui.

Pág. 4 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Eu gostaria de, primeiro, voltar a repetir o que eu falei no início: é muito importante essa discussão, Dr. Gabriel, porque nós temos percebido, todos os dias, Câmaras de Vereadores, através do seu Presidente ou representantes, vindo a Cuiabá, vindo a Assembleia Legislativa, indo a Câmara Federal, bem como Secretários Municipais de Saúde do Estado inteiro, procurando alternativas e buscando soluções por causa da precariedade que existe na saúde em seus municípios. Esse debate pode até parecer pequeno, mas nós temos a imprensa socializando isso através da TV Assembleia e de outros jornais que estão aqui também e que darão destaque a um debate que eu entendo ser de extrema importância. Então, quando o Deputado Guilherme Maluf e o Deputado José Domingos Fraga buscam as autoridades para discutir com o Governo do Estado, aqui representado pelo Sr. Paulo, Superintendente da Secretaria de Saúde, quando buscam uma das pessoas que mais entende de saúde nesse Estado, que é o Dr. Gabriel, o Sr. José Ricardo, o próprio Deputado Guilherme Maluf, que é médico, e donos de hospitais, cria-se uma discussão coletiva que não está restrita à presença do Deputado Eliene, dos Deputados que aqui estão presentes. Essa discussão está ampliada através da TV Assembleia. Ideias começam a pipocar, começam a surgir no sentido de se buscar uma solução. Eu não tenho duvidas de que esse caso é um caso grave. Agora há pouco, chegou para mim: “ Hospital de Alto Garças também fechou há anos. Se você fizer uma pesquisa, vai constatar aqui de trinta a quarenta municípios com o hospitais fechando. Gente, um serviço essencial à vida, essencial a qualquer comunidade é a questão da saúde. E se existe uma forma, como o Deputado Guilherme Maluf colocou, um paradoxo de que há a necessidade de atender e de que existem recursos federais, existem recursos estaduais e existem recursos municipais, por que não um otimizar e buscar, então, uma forma de conciliar aquela estrutura existente, com os recursos, não deixando esse fechamento, a ociosidade, o gasto que foi feito ser jogado fora? Na semana passada, eu recebi o Secretário de Saúde de Comodoro, e ele ofereceu um hospital de Comodoro, que é particular, a um preço acessível, para que a Prefeitura o adquira, faça parceria com o Governo do Estado e dê condições, tanto de dar continuidade ao funcionamento daquele hospital, como também atender a comunidade no quesito saúde. Então, eu entendo, Deputado Guilherme Maluf, que Vossa Excelência e o Deputado José Domingos Fraga foram muitos felizes em trazer este debate, através desta audiência pública. Quando recebi, em meu gabinete, o convite, fiz questão de vir, mesmo não sendo especialista nessa área, porque nós somos especialistas em gente. Todos os dias, você vai a algum lugar e tem gente que vem lhe procurar: “Olha, nós estamos com problema de saúde.” E nós temos que arranjar uma vaga no Sarah Kubitschek, nós temos arranja uma vaga no Pronto Socorro de Cuiabá. Nós precisamos de uma forma de atender o nosso povo aqui dos distritos, de atender o nosso povo aqui dos municípios. Então, Vossas Excelências, Deputado Guilherme Maluf e Deputado José Domingos Fraga, estão de parabéns por trazer à tona um debate extremamente profícuo e que não estará restrito, como eu já disse, só a este coletivo aqui. Então, eu quero parabenizar e colocar meu gabinete, na Câmara Federal, à disposição também, buscando alternativas que possam somar às ideias que forem hoje aqui colocadas, para que possamos contribuir nesse sentido, fazer com haja, então, uma forma de fortalecer os hospitais particulares, buscando alternativas que, de repente, barateiem mais do que o

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Pág. 6 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Deputado Guilherme Maluf, se demorar em ter uma decisão, baseada nesta audiência pública, do Governo, em socorrer esses hospitais, quando sair essa decisão esses hospitais já morreram também. É a mesma coisa do paciente que está num estado grave, num município, atrás da Central de Vaga, por não ter seu atendimento em Cuiabá. Não é possível convivermos com essa situação nos municípios pequenos, onde esses hospitais, na verdade, fazem a saúde pública gratuita. Eu conheço muito bem a situação do Hospital de Nortelândia e não é diferente dos demais, onde os proprietários desses hospitais particulares terminam, Deputado Guilherme Maluf, fazendo a saúde gratuita porque a população, essa nossa população, principalmente da região de garimpo, não tem poder aquisitivo nenhum para pagar o médico, para pagar o atendimento no hospital! Ele termina fazendo isso de forma gratuita e os municípios não têm condições financeiras de repassar e custear essas despesas. Então, são situações assim que se encontra e não temos caminhos. Eu fiz questão de participar, inclusive o Dr. Aguiar veio, porque acreditamos que a partir desta Audiência Pública alguma luz deverá pintar aí no túnel. Esperamos daqui encontrar saída, que o Governo do Estado também atenda e venha de encontro com os nossos problemas, aí possamos prestar uma saúde de qualidade que a nossa população merece e precisa. Então, dessa forma, Paulo, eu tenho certeza absoluta, pela demonstração que o Secretário Augustinho Moro já tem colocado para nós em outras audiências, tenho certeza de que através desse encaminhamento desta Audiência Pública, nós vamos encontrar soluções. Agora, precisamos ser rápidos, porque senão alguns hospitais não conseguirão respirar, até quando essas soluções forem colocadas em prática. Eu agradeço a todos e meu muito obrigado (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Muito obrigado por suas palavras, Prefeito Neurilan Fraga. Conhecemos um pouquinho a sua região. Por exemplo, esqueci que em Alto Paraguai também fechou o hospital. Está fechado. Então, dia a dia esses hospitais são fechados. Passo a palavra, agora, ao Deputado Wagner Ramos. O SR. WAGNER RAMOS - Boa-tarde a todos os presentes! Eu quero cumprimentar toda a Mesa Diretora, na pessoa do Presidente Deputado Guilherme Maluf, e a todos vocês presentes. Bom, gente, este é um assunto muito interessante e que, realmente, está sendo discutido num momento oportuno. Na realidade, assuntos como este nós já deveríamos estar discutindo há muito tempo, porque sabemos das dificuldades com que passam, hoje, os hospitais particulares e os públicos no Estado de Mato Grosso. Hoje, não é uma questão de dificuldade apenas dos hospitais particulares, não é? E eu tenho visto no Governo do Estado algumas medidas sendo tomadas e que, principalmente, foram tomadas em questão de três, quatro anos atrás, que até então o Secretário Marcos Machado, na época, estava fazendo com que os municípios pudessem ter os seus hospitais públicos, que cada cidade se fortalecesse. Mas, infelizmente, os recursos não são suficientes para atender toda a demanda, não é? E eu como vi o hospital Nossa Senhora Santana - o Dr. Aguiar está aqui -, que, como disse o Prefeito Neurilan Fraga, hoje está com muitas dificuldades; o hospital de Alto Paraguai fechando. Essa é uma realidade nacional e que não passa apenas pelos municípios do Estado de Mato Grosso. Vários municípios, Deputado Guilherme Maluf, estão encontrando essas dificuldades. Pág. 7 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Acompanhei de perto o processo de instalação do hospital público na cidade de Arenápolis e que até hoje a prefeitura não conseguiu colocar para funcionar. Não é isso, Dr. Aguiar? Nós vimos a caso do hospital de Castanheira, em que o Prefeito pediu Emenda de todos os Deputados, construiu o prédio, montou as instalações, mas não consegue funcionar adequadamente. E nós vemos a realidade, hoje, de Cuiabá, sem um hospital público. E, com isso, vocês imaginam, os hospitais públicos onde tem recursos públicos não estão dando conta, imaginem a situação dos hospitais particulares que também passarão por dificuldades. O Governo do Estado tem feito uma parte na questão da divisão do bolo, da seguinte forma: está aqui o Prefeito Aldir Schneider, que foi Prefeito do Município de Sapezal e que foi Presidente do Consórcio intermunicipal de saúde, em que os municípios têm que estar fortalecidos. Tem que estar fortalecidos buscando também o fortalecimento através dos consórcios. Os consórcios intermunicipais é uma forma adequada de buscar viabilidade tanto do público como também do privado. E hoje, em Tangará da Serra, por exemplo, nós temos convênio com clínicas particulares, clínica de raios X, serviços de alta complexidade. Só para se ter ideia, as UTIs públicas funcionam em um hospital particular. Então, essa é uma forma que o Governo encontrou de fazer uma contemplação. Porque sabemos, por exemplo, que se hoje for montado um hospital público, com três hospitais particulares no Município de Tangará da Serra, as dificuldades serão grandes para os hospitais particulares. Buscar convênios junto ao SUS; trabalhar a tabela do SUS, tudo isso, hoje, não são tarefas muito fáceis. Sabemos das dificuldades! Em Cuiabá, Deputado Guilherme Maluf, sabemos que os hospitais particulares sofrem muito pela falta de recursos. O Sr. Gabriel Novis, que, também, foi Secretário de Saúde, sabe das dificuldades que o próprio Estado tem hoje. Antigamente, tínhamos quarenta e seis municípios. Há menos de vinte anos! Hoje, estamos com cento e quarenta e um municípios. Para difundir toda essa demanda em todo o Estado é preciso se desdobrar muito. Então, é uma orientação. De repente, devemos chegar ao Governador do Estado e ao Secretário Augustinho Moro, que, hoje, está representando pelo Sr. Paulo Roberto Araújo, para que, realmente, seja realizada uma gestão para saber de que forma poderá ser feita uma melhor divisão; de que forma os hospitais particulares poderão participa da ativação ou do sistema público de saúde. Todas essas questões são muitas técnicas. Quero dizer, inclusive, que não entendo muito bem do assunto, mas, sentimos no cotidiano, no dia- a dia, principalmente como Parlamentar, o excesso de pedidos, de solicitações, as dificuldades, hoje, por exemplo, de se conseguir um tratamento para fazer os exames de alta complexidade, como na questão de fraturas, de cirurgias. Todas as dificuldades, hoje, as pessoas encontram. Não sei se o Estado faz um repasse adequado para os hospitais particulares, para os convênios que são feitos. Mas entendemos que todas essas dificuldades são grandes! Não é uma tarefa muito fácil. Estamos, inclusive, trabalhando, juntamente com o Deputado José Domingos Fraga, com o Prefeito Neurilan Fraga, a possibilidade de se sentar com a direção do Hospital Nossa Senhora de Santana, em Nortelândia, para ver se conseguimos chegar a um entendimento de que forma manteremos aquilo funcionando. É um hospital particular que tem, hoje, um atendimento público. Hoje, é o hospital solidário, que atende toda a população carente. Então, todas essas questões têm que ser levadas a sério. O Governo e a Secretaria de Saúde precisam dar uma atenção especial. Esperamos, através de Audiências Públicas como esta

Pág. 8 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. e de reuniões que serão feitas, de uma vez por todas, sensibilizar para que o serviço melhore a cada dia. O número de habitantes cresceu muito, mas, também, o número de municípios. Hoje, as divisões... Só para se ter uma ideia, o Estado conseguiu adquirir, recentemente, sessenta ambulâncias. Faltaram mais oito ambulâncias para se fazer uma distribuição correta. Temos municípios que, hoje, não têm ambulâncias. Transportam pacientes em camionetas porque não têm ambulâncias. Todas essas dificuldades são grandes, tanto do hospital público, como no privado. Mas acredito que deve haver um caminho, Deputado Guilherme Maluf - e parabenizo-o por esta Audiência Pública -, para se discutir essas ações e trazer os hospitais privados para encontrarmos uma solução para resolver o problema da saúde no nosso Estado. Muito obrigado, Deputado (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Muito obrigado, Deputado Wagner Ramos. Com a palavra, o Dr. Gabriel Novis Neves. O SR. GABRIEL NOVIS NEVES - Falar antes do Presidente do Sindicato é um risco grande, mas, em todo caso... Machado de Assis morreu há 150 anos. Ele dizia o seguinte: “Podeis elogiá-lo! O homem morreu!”. Vou dizer uma coisa: Eu acho que ser velho é bom. Na minha velhice tive um lugar nessa Mesa porque o nosso Presidente, Deputado Guilherme Maluf, segue a Lei do Estatuto do Idoso e me colocou, razoavelmente, acomodado. Então, a velhice é boa! Esta Audiência Pública é a segunda da qual participo na minha vida. Não é uma Audiência Pública para o Estado de Mato Grosso. Esta é uma Audiência para o Brasil. O problema da saúde de Cuiabá, do interior, é, também, do Brasil. Qualquer cidade do Brasil tem esse problema; qualquer Estado tem esse problema! É um problema nacional. Vamos discutir aqui é um problema nacional. Quero agradecer aqui a iniciativa do Deputado Guilherme Maluf; quero agradecer aqui, com muito orgulho, o meu ex-aluno, Deputado José Domingos Fraga, que, inclusive, deu-me um título nobre de legendário, que não é para qualquer um! Quero cumprimentar o outro querido ex-aluno. É bom ser velho! É bom ser velho! Façam tratamento, caminhem, não fumem, assim como eu, porque é bom. O Deputado Federal Eliene Lima ainda está aí? Ele já foi! Como é espiritualista, pois, chamou-me de eterno, deve estar sentindo, em algum lugar, vibrações do meu agradecimento de eternidade. A eternidade em vida é complicada, ainda mais para nós, que somos médicos! Mas o Deputado Eliene Lima deu-me esse adjetivo e fico muito grato pela eternidade. Quero cumprimentar, também, o jovem Deputado Wagner Ramos; o representante do Secretário Estadual de Saúde; o jovem Prefeito de Nortelândia. O Presidente do meu Sindicato... Sou sindicalizado e falar, Presidente, é um risco muito grande. Eu anotei aqui e me resta pouco a falar, porque tudo que era importante já foi dito. Vou quebrar o protocolo porque é difícil chamar o Deputado José Domingos Fraga de Excelência e para mim ele será sempre o Zé. Alguns cabelos brancos foram causados pelo José Domingos Fraga. Pág. 9 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. O José Domingos Fraga teve a sorte de ser menino do interior. Talvez, se não fosse menino do interior, não seria o líder que é hoje e nem estaria aqui, na Assembleia Legislativa. Até o Ataulfo Alves tem uma canção maravilhosa, Zé Domingos: “Meus tempos de criança”. E o menino do interior é o privilegiado! Graças a Deus, acho que a maioria aqui foi menino do interior! Então, José Domingos Fraga, o interior é isso: é jogo de botão pela calçada; é missa na Matriz, no domingo; é a professorinha, que tanto nos inspirava e que foi banida do sistema educacional e, hoje, é educadora. São tantas coisas que o menino do interior sabe e, depois, quando chega a minha idade diz: Eu não sei o porquê crescemos! Eu não sei! O Deputado Eliene Lima já foi embora, mas, é especialista em gente. Sendo especialista em gente, faz parte da classe médica, porque médico trata de gente, e todos nós, aqui, somos especialistas em gente. Tudo que vou falar aqui, que anotei, já foi dito. Mas, estamos numa Casa de Leis. A Assembleia Legislativa é uma Casa de Leis. Já foi lembrado, aqui, pelos Deputados Guilherme Maluf e José Domingos Fraga que saúde é um direito de todo cidadão que nasce neste país e é dever do Estado. E nós aqui debatendo o problema da saúde, que temos direito, sendo que o Estado é o responsável. Então, alguma coisa está errada com o Estado. Esta Audiência Pública, Deputado Guilherme Maluf, que cuidei do Hospital Geral até cair o umbigo dele... É bom ser velho, não é? Falamos a verdade e todo mundo acha engraçado, mas eu cuidei do Deputado Guilherme Maluf no Hospital Geral! Esta Audiência Pública, Deputados Guilherme Maluf e Deputado José Domingos Fraga, meu querido aluno, não é uma junta médica para salvar o paciente. Já foi falado aqui por vários companheiros, que utilizaram da palavra, que o paciente quando está na UTI, atrás da Central de Regulação, e quando conseguir a vaga, ele estará na missa de sétimo dia. Então, não estamos aqui, em absoluto, para salvar o paciente. Esta Audiência Pública, meu Deputado Guilherme Maluf, que me perdoe se estou avançando muito o sinal e depois vou levar uma suspensão do sindicato, parece mais uma reunião no Instituto Médico Legal, onde os médicos, ali reunidos, discutem sobre as dúvidas para a causa da morte do paciente. O paciente morreu, a saúde do Brasil morreu! É só ligar a televisão, ler os jornais, que verá que é isso. Então, parece mais uma reunião do médico legal. O Deputado Maluf estava presente, e o José Ricardo me convidou, e se arrepende até hoje, segundo informações preciosas que tenho do Sindicato, em me convidar para fazer uma palestra de final de ano no Sindicato. E eu disse que a medicina liberal, no Brasil, de qualidade morreu em 1956, em Santos. Falei isso no mês de dezembro, próximo ao natal. Um negócio muito desagradável. Mas, eu não posso mais mentir! Eu não tenho mais tempo! Apesar da eternidade que o Deputado Eliene me deu, aqui, tenho pavor àquele fogo do purgatório por tempo indeterminado, do inferno, nem se fala! Mas, morreu quando foi criada a primeira cooperativa de serviços médicos. Morte! Muitas pessoas não ficaram sabendo. De lá para cá a coisa degringolou! Mas degringolou mesmo! O Governo Federal pulou fora do barco e resolveu terceirizar os serviços médicos, hospitalares, abandonaram o serviço de saúde pública, mas ditando as normas de financiamento e fixando valores de serviço. Eu ainda sou da época - estudei medicina na Praia Vermelha no Rio de Janeiro - em que cada instituto tinha um hospital, cada hospital melhor do que o outro. Tinha o IPASE, o hospital do servidor do Estado, onde ficava o Presidente da República, Ministro, Embaixadores, Pág. 10 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. autoridades, aquela coisa toda; tínhamos o hospital dos bancários; o hospital dos comerciários; o hospital dos industriários, enfim, todo mundo tinha onde se hospitalizar quando adoecia. Depois descobriram que não é um bom negócio. O bom negócio é o que? Eu não sei o que é um bom negócio. E começaram a fechar os hospitais. Então, o Governo Federal fechou e jogou isso para o Estado. O Estado, por sua vez, resolveu seguir o exemplo do Governo Federal e jogou em cima dos municípios. Então, o município é culpado por tudo. Temos aqui vários prefeitos, Deputados que representam prefeituras; temos aqui pessoas que conhecem a vida do interior; e nós moramos, não é nem no Estado e nem no Brasil, nas cidades e o problema fica lá. Eu me emocionei quando o nosso Prefeito de Nortelândia falou que cada vez que a sua Secretaria de Saúde pede uma ambulância, ele sente uma dor profunda na região precordial esquerda, denunciando enfarte eminente, porque ambulância não é saúde. E o hospital também não significa saúde, é a falência da saúde. Existe um paízsinho muito pequeno, chamado Costa Rica, onde todas as vezes que fecham um hospital, é uma festa. Por quê? Porque a população não precisa do hospital. Claro, você tem que ter um hospital de referência, mas não para internar febre, diarreia, vômitos, náuseas ou verminoses. O hospital não significa saúde, muito pelo contrario. Você veja que a coisa estoura na cabeça do município. E o município fica sem saber o que fazer. E quem sofre com isso? É quem paga imposto, a população pobre, porque vivemos num país extremante injusto, que tem saúde de rico, de pobre; educação de pobre, de rico; DAS de pobre, DAS de rico, e aí vai - desculpe-me, Deputado Guilherme Maluf - e quem sofre também são os dedicados e encompridados trabalhadores de saúde, taxados de preguiçosos, mafiosos, mercantilistas, desatualizados, quando o que esses trabalhadores querem é apenas condição de trabalho. Ninguém que trabalha com saúde quer propina, mas, sim, condições de trabalho. Não tendo condições de trabalho, não adianta os jornais oferecerem, dizendo o seguinte: Tem municípios oferecendo trinta mil por mês ao médico, mas ele não vai. Não que o médico esteja ganhando rios de dinheiro - ele não está -, o médico hoje é um proletário, mas, de que adianta você ganhar trinta mil reais e não ter condições de trabalho?! Então, ele não vai. Esse é o quadro que eu, mais ou menos, consigo visualizar, após cinquenta anos de medicina, falando em nome, no momento, de um Hospital - sou Diretor de um Hospital hoje. Estou acabando, Deputado Guilherme Maluf. Deputado Guilherme Maluf, Deputado José Domingos Fraga e Deputado Wagner Ramos, que está saindo, faço uma reflexão e uma pergunta. Nós lemos jornais. O Banco está em dificuldades, o Governo dá dinheiro para o banco; o agricultor está em dificuldades, dá dinheiro para o agricultor; tem concurso de Miss, dá dinheiro para Miss; vem a Copa do Mundo, já tem em caixa R$500 milhões, tem recursos subsidiados - temos esqueletos de hotéis aqui que custam milhões. E para Hospital não tem nenhum incentivo, nenhum subsídio? Acho que tem que criar uma linha de subsídios também, como tem para tudo. Como tem para tudo! (PALMAS). (PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE - INAUDÍVEL.) O SR. GABRIEL NOVIS - Isso você fala. Porque não é possível, senhores, abrirmos os jornais e lermos que o Brasil irá gastar não sei quantos bilhões em uma Copa do Mundo e agora na Assembleia Legislativa, que é

Pág. 11 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Casa do Povo, sabermos que o povo deste Estado está morrendo a míngua. Isso não é compatível com a dignidade, senhores! Isso não é compatível! Quando se faz saúde, compram-se ambulâncias. Ambulância não é saúde. Ambulância agrava o problema da saúde. Transporte aéreo também agrava a parte financeira da área da saúde - é muito caro! Os senhores não sabem a dureza da burocracia, quando atendemos uma alta complexidade que, se fosse para fora, só de transporte aéreo, UTI no ar, ficaria três vezes mais caro do que toda a despesa que o Estado pagaria para um hospital privado. É um absurdo! Isso tem que ser conscientizado! Todo mundo tem que saber. Tem que ser divulgado o levantamento de quanto se gasta de UTI no ar, de transporte e quanto uma equipe altamente qualificada cobra para produzir esses procedimentos aqui. Temos um exemplo, Deputado Guilherme Maluf, dos mais tristes. Temos um colega, um estudioso, um dos mais brilhantes desta cidade, que foi credenciado pelo Ministério da Saúde para fazer transplante renal, e fazia muito bem - as estatísticas, quando ele fazia transplante renal nos hospitais privados, eram elevadas - mas o administrador público vê sempre o médico, os profissionais de saúde, como ladrões, corruptos, mercantilistas, mafiosos, e esse colega teve que pedir descredenciamento do Ministério da Saúde. Ele não faz mais transplante renal no Brasil. Ele pode fazer nos Estados Unidos, em Cuba, na África, mas no Brasil não faz, para viver livre dessa situação altamente constrangedora. Quem sabe disso? Ninguém! Temos um serviço, também de alta complexidade, e só não fazemos porque a equipe que trabalha conosco não é sócia da empresa, senão, faríamos - e eles são jovens e precisam. Aí vem a pergunta: se a situação dos hospitais privados é tão difícil, porque que vocês atendem o SUS, o Governo? Nós atendemos através de liminares, porque temos, também, o compromisso social. O que não podemos é sofrer um estupro econômico produzindo esses procedimentos. A liminar chega e você tem que internar o paciente na mesma hora. Agora, ninguém sabe como é que vai fazer para receber. Temos conta de um ano sem receber. O serviço foi versado, as contas não foram pagas, o hospital vai ao banco, pega dinheiro a juros e vai quebrar. Em Cuiabá é uma vergonha a quebradeira! Vou lembrar alguns casos, como o de um hospital que fez transplante de coração, implantou um sistema de medicina à distância, orientado por técnicos israelitas, virou matagal! Um hospital de arquitetura tecnicamente perfeita virou casa assombrada, abandonada! Um hospital que atendia um público razoável da nossa cidade, hoje funciona como garagem de ambulâncias! Outro hospital tradicional virou laboratório de setor administrativo! O Hospital Geral virou hospital de ensino - era de quatrocentos e cinquenta leitos. Hoje, funciona muito mal e está fechado, com cento e oitenta leitos! A Santa Casa, que trabalhava com quatrocentos leitos, hoje trabalha com duzentos, para não fechar! O Hospital Psiquiátrico, que tinha muitos doentes, hoje é pronto-atendimento e não interna ninguém, mas deveria estar atuando. O Neuropsiquiátrico, que atendia muito também, fechou! Os hospitais menores fecharam! Discute-se muito a rivalidade Cuiabá/Campo Grande. Sou cuiabano, nasci na rua de baixo, meu umbigo está enterrado no quintal da minha casa, tenho raízes aqui, só saí para estudar e voltei - posso falar. O número de leitos hospitalares em Cuiabá, Deputado Guilherme Maluf, é menor do que o número de leitos da Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande. E nós temos três tipos de hospitais com características diferentes: temos o hospital público, o particular e o assistencial. Eles têm características diferenciadas. O hospital de ensino é diferente. Pág. 12 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Campo Grande tem dois grandes hospitais de ensino, Deputado Guilherme Maluf. Então, nós não temos leitos e não há - o Deputado Guilherme Maluf reclamava isso aqui na fala dele - nenhum projeto, pelo menos, de reposição desses leitos. Não há nenhuma barreira de proteção a Cuiabá. Eu, quando fui Secretário de Saúde pela primeira vez, trabalhei para lançar o Hospital Central, que se diz Hospital das Clínicas de Cuiabá. Hoje, eu sou contra. Sou contra e acho que o problema de Cuiabá é fortalecer os municípios, é fazer essa barreira nos municípios, é pegar esse dinheiro e colocar nos municípios. Mas não é só a obra física! É gente! É treinamento! E isso é decisão política. Todos que estão aqui, com exceção do Deputado Maluf, com exceção do Deputado José Domingos Fraga, não têm poder político de decidir se vai investir no interior, não só com obras físicas, porque isso é barato, mas em gente, em tecnologia. Num hospital, em cinco anos, seus equipamentos ficam obsoletos; em quinze anos, sua estrutura física não serve para nada! E o que aqui em Cuiabá nós verificamos são remendos, remendos, remendos e remendos. Não existe nenhum empresário investindo em hospital. Não existe nenhum empresário! Esta semana um jornalista me perguntou o seguinte: “O seu hospital foi um sonho?” Falei: Não! (RISOS) E eu acredito que todos os donos de hospitais aqui nunca sonharam em ter hospital. O nosso hospital surgiu por necessidade! Nós não tínhamos onde trabalhar. Ou nós abandonávamos a medicina, ou nós teríamos que montar um hospital. Mas sonho, não! Sonho, não! Nós sabíamos que nós iríamos entrar num lugar para trabalhar e a nossa vida seria um eterno pesadelo. E a vida continua um pesadelo. Nós temos trinta anos de atividade e não fechamos. Nós merecemos já uma comenda daqui da Assembleia Legislativa em termos de longevidade, eternidade. Trinta anos sem falir!Trinta anos! Isso, porém, tem um preço. Isso tem um preço! Eu não vejo nenhum empresário querendo investir e vejo muitos médicos... O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Dr. Gabriel, permita-me uma observação? O SR. GABRIEL NOVIS NEVES- Toda! O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Nos próximos dez, quinze, vinte anos, eu não acredito que haverá nenhum empresário querendo investir em hospitais aqui em nosso Estado. O SR. GABRIEL NOVIS NEVES - Nenhum empresário investe em hospital! Existem certo hospitais filantrópicos em que o diretor diz o seguinte: “Nós não podemos internar certas patologias, porque dão prejuízo”. Agora, o Brasil é um país das leis, é um país das leis, riquíssimo em leis. Lei no Brasil é igual a vacina: umas pegam, outras não pegam. A maioria das leis no Brasil não pegou. E tem uma coisa chamada ANS - Agência Nacional de Saúde, que regula os procedimento médicos, funciona em Brasília, fez um projeto para o Brasil, não sabe que o Brasil é totalmente diferenciado, e o modelo é canadense com uma mistura de norueguês e sueco. Agora, os preços desses procedimentos que a ANVISA, a vigilância, exigem dos hospitais, senhores, são os preços dos comércio em hospitais da Etiópia! Exigem serviços canadenses, mas o preço é da Etiópia. Todos nós estamos falidos! Eu coloquei lembretes aqui, porque, mesmo não tendo mal de Alzheimer, na minha idade não quero correr nenhum risco (RISOS). Sou o único aqui que fiz um exame para saber Pág. 13 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. se tenho o gene do mal de Alzheimer. Eu não tenho. Tenho setenta quatro anos, mas não tenho mal de Alzheimer. E, finalmente, um problema também que entra na parte hospitalar é o atendimento. Está totalmente interrompida a relação médico/paciente, a relação médico/serviço público. O médico do serviço público, se demorar ao atender um paciente, é demitido, porque é muito lerdo, quando o paciente precisa é de tempo. O melhor equipamento que existe não é ambulatorial, é o tempo para ouvir o seu paciente. Isso está interrompido, totalmente interrompido! Gente, eu poderia continuar aqui abusando da paciência de vocês, mas tem tanta gente aqui que vai falar... Eu só quero falar, Deputado Guilherme Maluf, que a Clínica Femina está aqui representada não só pelo Diretor-Presidente atual, porque minha vocação é a de Vice- Presidente, mas o Presidente atual está impossibilitado, mas a Clínica Femina está aqui representada pela Srª Giovana, que é a nossa Gerente-Geral Administrativo-Financeira. Também trouxemos a Srª Jaqueline, que é do faturamento e vive o drama de mandar e receber de volta, de mandar e receber de volta. Isso em futebol chama-se valorizar o tempo. O Governo valoriza o tempo. Você faz o serviço, manda e devolve, manda e devolve, manda e devolve. Quando você larga, já foram seis meses, oito meses. Aí no final do ano não empenha e no início do ano não abre o Orçamento. E o hospital fica no vermelho, o hospital vai para o banco e o hospital está quebrado! Nós trouxemos aqui também a Srª Edilma, que sofre com essa quebra de relacionamento que não existe mais entre o médico e o paciente, entre o hospital e o paciente. Isso é uma guerra, gente! Isso é uma guerra! E, finalmente, trouxemos aqui também a Srª Cláudia, que faz parte da nossa farmácia. Eu abusei, mas velho pode ser abusado. Já me chamaram de gênio, já me chamaram de lendário, legendário. Então, utilizando essas prerrogativas, eu abusei do tempo dos senhores. Muito obrigado (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Muito obrigado, Dr. Gabriel. Convido, agora, para fazer uso da palavra, o Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Saúde, Dr. José Ricardo de Melo. O SR. JOSÉ RICARDO DE MELO - Boa-tarde a todos. Cumprimento a Mesa, em nome do Deputado Guilherme Maluf. Falar depois dessa - vou inventar mais uma aqui - lenda viva, que é o Dr. Gabriel, é complicado, porque ele é médico e político, é tudo, tem o dom da palavra. Vou tentar ser bastante prático, porque ele colocou praticamente tudo aquilo que o setor sente. Só para esclarecer um pouco de história, todo mundo aqui conhece o SESC - Serviço Social do Comércio, todo mundo aqui conhece o SESI - Serviço Social da Indústria, todo mundo conhece o SEST - Serviço Social de Transporte. Alguém conhece o SES - Serviço Social da Saúde? Não! Porque não deixam, não permitem fazer o serviço social da saúde. O serviço social de saúde está englobado no SESC, que para a região centro-oeste nós geramos setecentos milhões/ano, e 0,3% disso aí é investido em saúde. Vocês sabem como é que eles investem em saúde? Curso para manicuro, pedicuro, massagens orientais! É isso que está lançado na nossa saúde. Tem curso de formação de faturistas nos hospitais? Alguém já viu? Alguém já viu curso de formação de gestores hospitalares financiado pelo governo? Culpam a saúde por ser o último setor a se profissionalizar. Concordo! Está certo, a saúde é o último, mas, por quê? Porque não tem recurso. Pág. 14 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. É bobagem dizer que saúde se faz com pouco recurso, por quê? Qualquer hospital, quanto melhor se faz... Eu não gosto de falar público ou privado. Eu falo hospital. Saúde é para todo mundo. Quando se fala em gasto na saúde, tem! Tem e muito gasto, por quê? Qualquer hospital no Brasil, quanto melhor se faz, mais se gasta e essa conta não fecha nunca. Pega o Hospital de Rondonópolis, faça-o bem feito... Vamos puxar um pouquinho mais a história. Em Mineiros... É legal a medicina. Não é do meu tempo. É do tempo do Dr. Gabriel Novis Neves. Por que todo mundo ia para Mineiros? Porque alguém lá, duas ou três médicas, fazia uma medicina interessante e que todo mundo ia para Mineiros se tratar. Também teve uma época, aqui em Mato Grosso, em que foi setor hospitaleiro. E, puxando um pouco mais a história, o Dr. Gabriel é formado no Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro é dos hospitais de maior estatização do Brasil, que era INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), durante a década de 60. No início da década de 70 houve uma deterioração do hospital do Rio de Janeiro, drenando completamente a medicina para o Estado de São Paulo. Quem é referência, hoje, no Brasil? São Paulo. São Paulo foi inteligente. Tem poucos hospitais públicos em São Paulo. O Estado tem muita relação público, privado e fundações. O Hospital Albert Einstein é uma instituição filantrópica. O Hospital Sírio Libanês tem filantropia. Então, quando se fala público ou privado... Eu acho que não vou alongar essa relação, porque Mato Grosso tem solução, sim, e nós temos aqui dentro pessoas competentes, sérias e que podem fazer diferente do que se faz lá fora, basta tentar. É a primeira vez. Hoje é um dia tão importante para nós, porque há quatro ou cinco anos, eu discuti muito isso com o Guilherme. Vou chamá-lo de Guilherme pela intimidade, o Deputado Guilherme Maluf. E um dia ele falou: “Zé Carlos, ou fazemos ou fazemos.” Por quê? Porque ninguém nos recebe na Assembléia Legislativa, ninguém nos recebe na Câmara de Vereadores, ninguém nos recebe para nada. Nós nunca fomos ouvidos. Nunca! Que dia um gestor de saúde chamou o setor, que faz realmente o serviço, para discutir? Nunca! Muda-se secretário igual muda de roupa. Secretários que não estão no setor, são secretários que não têm treinamento e o prefeito fica sem ação porque não tem política. Que política nós temos aqui no Estado? Nosso Estado foi campeão de transplante renal no setor oeste. Não fazemos nenhum mais, tudo por implicância de um secretário em cima de um hospital privado! Compra-se hospitais e põe para funcionar, porque a coisa mais barata que existe é hospital. Comprar tijolo, comprar cama, isso é rápido, tem crédito do jeito que vocês quiserem para isso. Agora, fazer funcionar, o hospital funciona com gente. Nós temos a nossa especialidade. O Estado tem uma grande especialidade: gerar emprego. O setor saúde no país emprega quatro milhões de pessoas, eu gostaria de ver qual setor, em qualquer instância, emprega mais do que nós. Nunca nós vamos trocar gente por máquinas, porque nós precisamos é de gente para trabalhar. Hoje, nós temos doze mil famílias diretas aqui, Guilherme. Doze mil famílias! Quando vemos setor privado aqui, o setor você está vendo representado pelo meu, pelo menos meu povo está aqui, Dr. Gabriel, os vermelhinhos lá, são todos vermelhos, trabalham com a gente. Eles têm famílias, têm as obrigações em casa, que precisam do emprego igual ao setor público. Por que os hospitais públicos funcionam e os hospitais particulares não? Inverso: os hospitais particulares, os hospitais teoricamente chamados de privados, nós nunca fomos chamados para partir para uma discussão, e gostaríamos. Gostaríamos muito de formar esse bloco, Maluf, junto com gestores. E Pág. 15 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. agora entrou um outro setor que está nos invadindo, que é o setor judiciário. Todo dia temos ações, liminares. Hospital é uma ciência. Na época em que as liminares invadiram nossas UTIs... O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Desculpa, Zé Ricardo, estou interrompendo, sobre essa questão das liminares. E, o mais incrível é que vêm as liminares forçando o atendimento, Dr. Gabriel, mas não vem liminar forçando o pagamento... (APLAUSOS). O SR. JOSÉ RICARDO DE MELO - Na verdade, você vive isso aí e sabe que... Bem, eu acho que esse bloco da discussão, o judiciário, hoje, o Ministério Público, então, já selecionei essas liminares, os custos nos nossos hospitais hoje são caríssimos os impostos que nós pagamos. Que incentivos vocês veem para os hospitais, seja público, seja privado? Não se têm incentivos. Tem, sim, regras! FPI... Uma vez entrou um batalhão no meu hospital. O que é isso? “FPI”. O que é isso? “FPI”. O que é FPI? Não sei o que é FPI. E cobram, cobram duro. Agora, o interessante é que o pessoal que faz a saúde no Estado, tratam nos nossos hospitais. Eles não se tratam nos hospitais deles, que eles cuidam. Teimam em se tratar conosco. Mas a população pode... Eu nunca vi nenhum tipo de gestor em hospital público. No meu hospital tem, vários. Eles freqüentam, usam e elogiam. Mas não sabem das dificuldades que é trabalhar para funcionar; que os proprietários são só geradores de empregos e de sofrimento, porque ninguém mais agüenta os encargos trabalhistas. Hoje, contratar um funcionário tem que pensar dez, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta vezes antes de colocarmos para trabalhar. Por que não tem incentivos para quem gera emprego? Por que o setor da agricultura é tão privilegiado e o setor da saúde é tão abandonado? Eu conheço a situação dos interiores: de Nobres, conheço de Rosário... Estive ontem, em Cáceres, discutindo, porque inventaram mais uma coisa que nós temos a obrigação, que é o lixo hospitalar. Nós somos obrigados a cuidar do lixo, e cuidá-los. Não é só colocar na porta, não. Nós temos que cuidar. Um hospital que produz, hoje, cinco mil quilos de lixo, paga dez mil reais por mês. Quem vai pagar essa conta? Os hospitais? Nós não temos mais. Então, Deputado Guilherme Maluf, se eu ficasse falando aqui, acho que falaria o dia inteiro. Mas, o mais importante disso, naquela conversa que nós tivemos há cinco anos atrás, representa, ou pelo menos é a primeira vez que ocupamos o lugar para falar com vocês, podemos muito contribuir com o privado e com o público. Podemos muito... Basta chamá-los. Tem donos de hospitais aqui... Nós podemos fazer. O Hospital Infantil e Maternidade Femina não faz cirurgia cardíaca pelo SUS infantil. Pergunta, por que ela não faz mais? Porque não pagam. Tem quinhentos contos lá de dívida deles... E aí? Quem é que suporta esse tipo... Então, tem uma máxima nos hospitais que diz assim: “quem usa não paga, quem paga não faz e quem faz não está satisfeito!” É verdade! Quem usa não faz... essa é a máxima que tem nos hospitais. Eu acho que é muito importante isso, Deputado Guilherme Maluf, que não seja só essa Audiência pública. O setor está aqui bem representado. Gostaríamos, juntamente com os senhores: gestores Deputados, Prefeitos, de discutir um plano para Mato Grosso em nível nacional... O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - José Ricardo, permita-me um aparte.

Pág. 16 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. O mais interessante é que todos os hospitais públicos têm dividas de tributos, Dr. Gabriel. Poderíamos pagar essas dívidas com prestação de serviço, dando qualidade de atendimento à população. O SR. JOSÉ RICARDO DE MELO - Vossa Excelência sabe que apresentamos um projeto. As faculdades conveniadas ao PROUNI fizeram um acordo: Elas sediam vagas em troca de impostos. Vossa Excelência sabe que os hospitais têm um projeto na gaveta - estão tentando desencadeá-lo - para trocar tributos por atendimento. E não é só esse, Deputado Guilherme Maluf. Há vários projetos que podem ser feitos, juntamente, com os Prefeitos. Gostaria de deixar registrada uma coisa muito importante: Os hospitais que atendem o SUS não fecham a conta. O SUS, pelo preço que é praticado, não fecha a conta. Era isso que eu queria deixar bem registrado aqui. Muito obrigado (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Com a palavra, o representante da Secretaria Estadual de Saúde, Sr. Paulo Roberto Araújo. O SR. PAULO ROBERTO ARAÚJO - Boa-tarde a todos! Quero agradecer o Deputado Guilherme Maluf, que tem oportunizado à Secretaria Estadual de Saúde participar dessas discussões de relevância para o Estado Mato Grosso. Antes de iniciar qualquer tipo de discussão, de dissertação, com relação ao tema, é preciso colocar algumas situações, algumas informações, ao público. Em primeiro lugar, necessariamente, passa pela discussão do financiamento do Sistema Único de Saúde, em nível de Brasil. Temos a Emenda Constitucional nº 29... Inclusive, gostaria de falar ao Deputado Federal Eliene Lima, que estava presente, para que possa, juntamente, com a nossa Bancada Federal e a Bancada da Saúde, no Congresso Nacional, de fato, efetivar e consolidar a Emenda Constitucional nº 29, que trata da questão dos financiamentos para o Sistema Único de Saúde. E importante lembrar, também, a Lei nº 8.080, que criou o Sistema Único de Saúde, que traz alguns limitadores com relação ao faturamento, ao financiamento, principalmente, no tocante à questão dos hospitais privados conveniados ao Sistema Único de Saúde. Ela faculta a participação dos hospitais privados ao Sistema Único de Saúde e nos amarra a um critério estabelecido pelo Sistema Único de Saúde, que é a tabela do Sistema Único de Saúde. E, também, traz no seu art. 38: “Art. 38 Não será permitida a destinação de submissões e auxílio às instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade lucrativa.” A Secretaria Estadual de Saúde, através do Governo do Estado, busca alternativas no sentido de fortalecer essa parceria, que à Secretaria Estadual de Saúde é bem-vinda. Citamos, por exemplo, o ex-prefeito de Sapezal, Sr. Aldir Schneider Presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde da região da Tangará da Serra, onde temos duas variáveis muito importantes que têm que ser colocadas aqui. Essa é uma das estratégias que a Secretaria Estadual de Saúde se utiliza para, de fato, efetivar a saúde com as parcerias necessárias, sendo pública ou privada. É a estratégia do Consórcio Intermunicipal de Saúde, onde a Secretaria entra com uma parte e os municípios entram com outra, através de um Colegiado Regional, com um único intuito, que é de levar a saúde àquela região. Agora, essas discussões de forma pulverizada, como acontecem em algumas regiões, logicamente, prejudicam os financiamentos, propriamente ditos, na área hospitalar.

Pág. 17 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Naquele momento, quando se tinha uma união e uma única referência - já trouxemos uma discussão, propriamente dita, de financiamento na área hospitalar - a recomendação técnica para que se abra uma unidade hospitalar é, justamente, buscar reforço junto ao Colegiado Regional no sentido de levar a referência para aquele município. Não adianta pulverizar os recursos da saúde em cidades, por exemplo, como Matupá, Juara, , com 8km, 10km, pois, cada uma tem uma unidade hospitalar. Se, hoje, temos dificuldades com financiamento junto ao Sistema Único de Saúde, a ideia é unir os esforços com uma única finalidade já que os recursos são escassos. Então, por que não ir para uma unidade hospitalar, dentro de uma referência única, sendo ela pública; sendo ela privada? É lógico que na privada há critérios, existe uma tabela para ser cumprida em nível nacional, que é a tabela do Sistema Único de Saúde. A Secretaria, também, trabalha com outra fonte de financiamento, que é a Portaria 112, que trata dos recursos da média e alta complexidade. Antigamente, para repasse de recursos, ela era carimbada, o que inviabilizava, inclusive, a aplicação de recursos por parte do gestor. Hoje, não! Ela traz uma modalidade fundo a fundo. Antigamente, a forma de repasse era através de convênio, que inviabiliza, inclusive, a prestação de contas da parte dos Prefeitos. Quem foi Prefeito sabe das dificuldades que há quando se recebe um recurso público para, depois, prestar contas desse recurso. Hoje, o Estado, através da Secretaria Estadual de Saúde, investe cinquenta e quatro milhões de reais, nos municípios que têm características regionais; que, de fato, assumem aquela referência pública - estou falando de pessoa jurídica, pois, o município, dentro do seu território pode comprar no privado, no público -, justamente, para afunilar uma discussão futura de financiamento e não pela dificuldade que há, hoje, por exemplo, das demandas que vêm de forma pulverizada. O critério, hoje, da Secretaria Estadual de Saúde no sentido de financiar, de fato, a assistência no interior é seguindo essas características. Logicamente, temos alguns hospitais regionais que são administrados pelo Estado. É gestão pública, onde, de fato, a Secretaria Estadual de Saúde, juntamente com o colegiado, com o Consórcio Intermunicipal de Saúde, estabelece um parâmetro mínimo de atendimento àquela região. Agora, é lógico que não temos como fugir daqueles procedimentos, que, infelizmente, por conta de vários inviabilizadores, só há no Município de Cuiabá. Sabemos, hoje, da dificuldade, por exemplo, de se conseguir profissionais especialistas para o interior do Estado de Mato Grosso. Talvez, hoje, uma das maiores dificuldades é garantir, de fato, a alta complexidade no interior de Mato Grosso. Em que pese, em alguns momentos, ter recursos financeiros para efetivar alguns serviços, hoje, carecemos do profissional, que nos remete, inclusive, a uma discussão maior com as Universidades Federais. E a Secretaria Estadual de Saúde vem buscando parcerias no sentido de fazer as capacitações, de prever convênios e parcerias com as unidades de ensino. Temos aqui os Hospitais Júlio Müller, HGU, aos quais, de forma descentralizada de recurso fundo a fundo, o Município de Cuiabá tem a oportunidade, a partir do momento que tem esse teto financeiro dentro do seu município, de contratualizar as unidades privadas. Cito aqui o Hospital Júlio Müller, AMECOR, HGU, entre outros e, consequentemente, essa unidade pública que é o Pronto Socorro Municipal de Cuiabá. Enfim, são várias situações que, de fato, têm que ser pontuadas e que nos remetem, inclusive, a uma discussão em nível nacional da questão da tabela do SUS. É público e notório, no Brasil inteiro, a questão da tabela do SUS, em que pese o esforço do Governo Federal, do Ministro, de reajustar alguns procedimentos. Cito a questão das UTIs. Infelizmente, há outros procedimentos Pág. 18 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. que se tornam inviáveis, inclusive, a prestação de serviço dentro de uma unidade pública que é subsidiada por recurso público, por dinheiro público, pelo Estado ou pelo Município. Então, é uma discussão muito maior com relação à questão do financiamento. Agora, na questão dos hospitais privados, nos remete apenas a duas situações que, de fato, o Estado pode intervir: Uma, que é por produção, seguindo as regras de habilitação de credenciamento. Fez, comprova, paga, através dos sistemas oficiais, que é o CHD e o SIA - Sistema de Informação Ambulatorial e Sistema de Informação Hospitalar; ou a outra forma, que é a forma que hoje vem sendo utilizada pelo Estado, inclusive está no nosso termo de meta, que é a contratualização de serviços, através da meta. Hoje, temos alguns hospitais, como o de Sinop, Cáceres, Poconé e outro, que não me lembro aqui, que utilizamos essa meta. Temos metas lá de 90 a 100%, ou recebe 100%. O Governo Federal, através desse programa de incentivo, que foi instituído pelo Governo Federal, dá os incentivos necessários para que mantenhamos, de fato, essa contratualização em vigência. E ela traz uma discussão um pouco diferenciada, porque nesta comissão onde se avalia, de fato, essa contratualização, tem o representante do hospital, porque, normalmente, o que se reclama é que no momento que há esse relacionamento, não há esse envolvimento com aqueles hospitais prestadores de serviços. Neste modelo de contratualização, de fato, há essa discussão. Todo faturamento, toda fatura, quando é fechada no final de mês, tem lá o representante do hospital, com sua equipe toda de técnico, o Conselho, o representante do usuário e a equipe técnica, enfim, é um quebra pau, porque das outras duas vezes que participei... Então, é discussão ponto a ponto. Talvez, seja um modelo adotado como estratégia para que nós, de fato, alcancemos os objetivos. Agora, eu não posso, novamente, fugir na questão da tabela SUS. Infelizmente, temos uma tabela SUS em que alguns procedimentos, se for detalhar custos, são inviabilizantes para os hospitais privados no sentido de prestar o serviço. Então,... O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Mas, Paulo, desculpe interrompe-lo, a contratualização não é uma forma de fugir a tabela SUS? O SR. PAULO ROBERTO ARAÚJO - Olha, vamos dar um exemplo aí: O hospital é contratualizado e tem metas de 90% a 100%. A partir do momento que o hospital consegue alcançar a meta de 91%, é lógico, ganhará os 100%. Seria uma forma, sim, de trabalhar a tabela diferenciada, a partir do momento que ele tem um incentivo da contratualização. Agora, a regra, os parâmetros que utilizamos é a tabela SUS, com incentivos, uma modalidade que nos permite contratar com recursos, não somente da tabela SUS, seria a contratualização, através de incentivo que o Governo Federal dá, que é o IAC - Incentivo à Contratualização, que é mês a mês. Existem regras. E essas regras de parâmetros de faturamento são revistas a cada três meses. Se de repente, porventura, a unidade hospitalar não conseguiu alcançar aquela meta que ele pactuou, é passível repactuação. Enfim, serão abertas as discussões e aquelas pontuações propriamente ditas, vamos colocar, discutir e inserir... Não sei se de fato trago alguma novidade, provavelmente não, mas que, de fato, posso colaborar, posteriormente, com outras informações a respeito das parcerias com os hospitais privados e, também, algumas estratégias hoje que a Secretaria Estadual de Saúde vem, de forma, implantando para que garantamos, de fato, não só a saúde pública em Cuiabá, mas, como

Pág. 19 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. bem o Dr. Gabriel colocou, o fortalecimento e a descentralização dos serviços no interior do Estado de Mato Grosso. Cito, por exemplo, que há alguns anos não se via o atendimento de UTI no interior do Estado de Mato Grosso. E reforçamos essa parceria institucional entre a Secretaria de Estado de Saúde e os hospitais privados, conveniados ao Sistema Único de Saúde. Posso citar, de cabeça, por exemplo: em Tangará da Serra, onde temos uma parceria, inclusive com tabela diferenciada, não é a tabela praticada pelo Sistema Único de Saúde. Vale ressaltar que o Estado pratica a tabela diferenciada no interior do Estado de Mato Grosso e aqui em Cuiabá. Cito Juína, também, que tem essas parcerias, onde conseguimos abrir novos serviços, por exemplo, de TRS - Serviço de Terapia Substitutiva, coisa que há dez anos não se pensava. Hoje, temos em Tangará da Serra, Sinop, Rondonópolis. Enfim, tem alguns procedimentos que na alta complexidade que, de fato, conseguimos descentralizar, justamente, utilizando esse disposto que é do relacionamento público privado. No mais, muito obrigado! O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Muito obrigado, Sr. Paulo. Passaremos a palavra, agora, aos senhores que queiram fazer o seu pronunciamento. O primeiro inscrito é o Sr. Benedito Moraes, Diretor-Presidente do Hospital de Poconé, que dispõe de cinco minutos. O SR. BENEDITO MORAES - Deputado Guilherme Malu, em seu nome cumprimento todas as autoridades da mesa; cumprimento o ex-Reitor da Universidade Federal de Mato Grosso, professor do meu filho no curso de Medicina; cumprimento todos os nossos companheiros médicos, enfermeiros, técnicos e diretores de hospitais. Gostaria de agradecer, Deputado Guilherme Maluf, Deputado José Domingos Fraga, por esta oportunidade. Lamento não poder ver este plenário, aqui, com muito mais pessoas, porque conheço a realidades dos hospitais do Estado de Mato Grosso, principalmente dos hospitais beneficentes e filantrópicas, aos quais somos beneficentes filantrópicos. Estou aqui, Deputado Guilherme Maluf, para pedir socorro. O Hospital Geral de Poconé, gerenciado pela sociedade beneficente poconeana, da qual sou Diretor-Presidente e também administrador, porque não temos como pagar administrador, faço os dois serviços, já decretou estado de concordata, já colocamos a situação para o Prefeito e para o Secretário de Saúde daquele município. Anteontem, estive com o Promotor de Justiça para quem coloquei a situação do hospital, dizendo que esta em concordata e com os dias contados para decretarmos falência. A situação não nos permite trabalhar assim como esta. Primeiro, pela questão que já foi falada aqui, que os recursos oriundos do SUS é muito pouco, e o nosso hospital depende de 99.70 dos recursos do SUS. Nós temos planos de saúde, alguns particulares, que de 30 de agosto de 1996 até hoje nunca passou de três mil reais/mês para completar o recurso do SUS. Já trabalhamos por produtividade, mas não deu certo. Passamos a contratualizar, como disse aqui o Dr. Paulo, que também não está dando certo, porque durante todo esse tempo todas as coisas subiram, menos o repasse. Subiu 12% do salário mínimo este ano, ano passado, sobe medicamento, sobe tanta coisa, mas a receita, nem o pós-fixado, Dr. Paulo, nem o fixo e o incentivo, que é pior, nas metas que o senhor disse. É o que acaba conosco lá, do qual tivemos, o ano passado, noventa mil cortado por não ter cumprindo uma das metas quantitativas.

Pág. 20 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Então, é muito difícil Deputado, a saúde de Mato Grosso! A saúde de Poconé está um caos. Não adianta nada falar que Poconé é o portal de entrada do Pantanal; não adianta nada falar que o pantanal é patrimônio histórico e imexível da nação; não adianta nada disso, porque, se não tem saúde, não tem como viver. Poconé é um município pobre que depende de um único hospital, fundado em 12 de junho de 1943 - não tem outro hospital - que sempre bancou a saúde naquele município, tem dívidas oriundas de tudo isso, de longos e longos anos, com INSS, com FGTS, enfim, tantas coisas. Isso é difícil! Desde o começo de janeiro, começo de fevereiro, hoje já são 19 do mês de março, estamos sem receber um centavo da Secretaria do Estado. Não tenho como comprar mais medicamentos, estou aqui com meu enfermeiro chefe, com os meus técnicos de enfermagem, que estão em estado de greve, temos até amanhã para pagá-los, se não pagá-los até amanhã, pararão. Ontem suspendi as internações, porque não temos medicamentos, doutores, para dar para os nossos pacientes - estou aqui com provas, eu gosto de falar e comprovar. Compramos na DINOL, alguns dos senhores devem saber, com dois cheques pré- datados, e estamos com esses dois cheques vencidos e desenvolvidos. Agora a DINOL não nos vende nem no dinheiro, nem no dinheiro! Tivemos que transferir dois pacientes, um por falta de oxacilina 500mg, e o outro por falta de iparina. Não tínhamos R$500,00 para comprar a iparina, uma caixa custa muito caro, mas o outro custava R$75,00. Sabe como tivemos que comprá-lo, Dr. Gabriel Novis? Comprei no município de Rondonópolis, porque só tinha aqui na DINOL. Na farmácia não tinha, procuramos em outras distribuidoras e não tinha. A DINOL tinha, mas não nos vendeu por causa dessa dívida que temos. Está aqui a nota da DINOL. Tem o telefone, Dr. Paulo, e a Secretaria sabe disso. Eu liguei para a Secretaria e informei a situação que estamos atravessando. Nossos funcionários não têm como pagar a luz, estão com a luz cortada, não têm mais como comprar no supermercado. Perdemos dois médicos. Antes de ontem perdemos um clínico E hoje perdemos o único cirurgião que tínhamos no hospital, porque não receberam esse mês e têm medo de trabalhar e não receber. Essa é a situação do hospital de Poconé. Está se falando que Cuiabá deverá ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Deputado Guilherme Maluf, Vossa Excelência deverá ser Deputado. No ano que vem haverá outra eleição e Vossa Excelência deverá estar em 2014 na Assembleia Legislativa, mas, se Vossas Excelências não tomarem cuidado, se Vossas Excelências não trabalharem, do jeito que Vossa Excelência e o Deputado José Domingos Fraga estão começando, a saúde vai fechar. Conheço vários hospitais que estão fechados e muitos outros que não estão aqui. Não sei porque não estão aqui todos os hospitais filantrópicos, segmento do qual fazemos parte, porque sempre estamos reunindo, talvez não foram convidados. Quero agradecer o Sr. Antonio, que é do Sindicato dos Enfermeiros, que me ligou ontem, às 17:00 horas, falando da realização desta audiência pública, porque eu ainda não tinha assistido o chamado para a audiência através da mídia. Estamos nessa situação! Gostaria de falar ao Dr. Paulo: Dr. Paulo, ao invés da Secretaria de Saúde mandar a Vigilância Sanitária para fechar o Hospital porque as lavanderias não têm máquina de lavar, não têm máquina de passar, vá aos municípios fazer uma visita para ver que o que está faltando é recurso para trabalharmos, porque sabemos trabalhar. Se, hoje, a Vigilância Sanitária... Porque já estamos com cento e setenta e três itens de irregularidades no Ministério Público. Pág. 21 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Anteontem, tivemos essa audiência e eu disse ao Promotor: Pegue o Hospital, Promotor! Está lá! Pegue na hora que o senhor quiser. Pegue para ver se o senhor tem condições de trabalhar sem cometer nenhuma irregularidade! Se a Vigilância Sanitária for hoje lá... A calandra queimou. Não temos como passar ferro. Estamos passando ferro na mão. A máquina de lavar é de 1912 - não sei de quando, é de antes do Hospital - faz tempo que não tem. Temos que pagar uma lavanderia que não é apropriada para lavar roupas hospitalares. Então, se a Vigilância Sanitária for lá, fechará do mesmo jeito por causa disso, por causa de porta, por causa do Centro Cirúrgico, que não pode mais ter azulejo, e por uma série de coisas que os hospitais são obrigados a fazer. Eu acho que a Vigilância Sanitária, a Secretaria de Saúde, deveria estar lá com seus técnicos para ver isso. Temos sessenta leitos pactuados com o SUS, Deputado. A nossa estrutura é muito boa, é um dos melhores hospitais do interior. Eu convido o Deputado Guilherme Maluf, como médico, para ir lá conhecer. O que falta? Equipamento e mão-de-obra especializada. É isso que falta em muitos municípios para deixar de matar gente aqui nos corredores dos Prontos-Socorros de Várzea Grande e de Cuiabá (PALMAS). A nossa referência é o Pronto-Socorro de Várzea Grande. E se fechar? Morrerão muito mais pessoas por falta de atendimento. Então, enquanto a onça pintada, que está acabando com todo o gados dos nossos fazendeiros, tem proteção e não pode morrer; enquanto as ariranhas, que estão acabando com os peixes dos córregos e dos corixos do Pantanal, porque comem de 5kg a 8kg de peixe/dia, não podem morrer; o homem pantaneiro pode morrer todos os dias por falta de medicamento. (PALMAS) É uma vergonha o que está acontecendo no nosso Município! (PALMAS). Desculpe-me, Dr. Paulo. Eu sei que o senhor não deveria estar escutando isto. Eu também já fui Secretário e sei que, muitas vezes, o chefe manda o seu substituto para não ouvir o que deveria. Quem deveria ouvir isto aqui era o Secretário de Saúde, Augustinho Moro. Era ele quem deveria ouvir. (PALMAS) Mas fica aqui o nosso convite: Visitem o hospital de Poconé. Temos estrutura até para desafogar, quem sabe, algum atendimento de Cuiabá, de Várzea Grande, de Nossa Senhora do Livramento ou de outro município, desde que tenha um pouco mais de equipamento. Pedimos a lavanderia - todas as quatro máquinas estavam queimadas, quebradas. Conseguimos fazer uma antecipação de receita, que acabou de nos quebrar, e compramos a centrífuga e a secadora, mas faltam a máquina de lavar, a calandra e outros equipamentos para arrumar nosso centro cirúrgico, que é um bom centro cirúrgico. Temos duas salas para cirurgia lá, falta um pouco de equipamento. Vocês conhecem a nossa realidade. Quem sabe até se interessem, porque já coloquei à disposição da Secretaria, se quiserem pegar o hospital, porque o prédio é do Estado. Não custa nada o Estado pegar o nosso hospital para gerenciar, porque a Prefeitura não quer. A Prefeitura não quer! Antes de a UNIC assumir o Hospital Geral, colocamos o nosso hospital à disposição do Reitor da UNIC, quando começou o curso de medicina, para eles assumirem o hospital de Poconé. Não quiseram! Então, estamos lá trabalhando porque sabemos da realidade. Fui político, fui vereador por três mandatos de 1989 a 2000, conheço a realidade do município. Não sou formado na área, por isso vocês estão vendo o meu palavreado, minha formação é técnico em contabilidade, mas tenho filhos médico e enfermeiro, mas hoje, na qualidade de administrador do hospital, estou em contato diário com médicos. Não tenho a teoria, mas a prática para discutir saúde eu já adquiri. Pág. 22 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Então, fica aqui o nosso pedido de socorro. Se vocês não quiserem ver Poconé sem hospital, o Governo precisa nos ajudar, porque com oitenta e um mil que nos passam, dessa contratualização que o Dr. Paulo falou aqui, temos que cumprir duas metas: qualitativa e quantitativa. Se você não cumprir é pau! Se não cumprir desconta! Perdemos noventa mil reais no ano passado. Se não fosse um leilão que fizemos, que a sociedade poconeana ajudou, já tínhamos fechado, porque no mês de dezembro não tínhamos como pagar nada. Foi esse leilão que cobriu esses noventa mil reais, porque a nossa receita era de oitenta e um mil reais e teve uma alta “muito grande” este ano, passou para oitenta e dois mil reais. Está aqui. Olhem, senhores, está aqui. Não estou aqui para mentir para vocês, se vocês quiserem ver, está aqui. No ano passado, era de oitenta e um mil cento e quatro reais e oitenta e três centavos, e este ano passou para oitenta e dois mil cento e quatro reais e oitenta e três centavos. Mil reais de aumento! Mil reais de aumento! Precisamos de 99,70% do recurso do SUS. Está atrasado. Não vimos neste ano nem sombra de dinheiro. Aquelas pessoas que estão ali devem falar - inscreveram-se para falar. O sindicato que está lá e é o sindicato quem tem negociado para não deixar aquelas pessoas pararem de trabalhar. Graças a Deus! Nunca vi sindicato, e eu sou sindicalista, ajudar patrão. O sindicato dos enfermeiros têm nos ajudado. Muito obrigado, Sr. Antônio, por vocês terem orientado os nossos trabalhadores a não pararem há alguns dias. Então, fica aqui esse nosso pedido, esse nosso convite. E também, em nome da minha diretoria eu tenho autoridade para falar, se alguém quiser pegar, se o Estado quiser pegar, se uma ONG quiser pegar, se quiser gerenciar o hospital de Poconé, desde que seja para melhorar, que não seja para fechar mais rápido do que nós vamos fechar, está lá à disposição de qualquer um de vocês. Muito obrigado (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Nós agradecemos o seu pronunciamento. Esse é um desabafo. E eu tenho certeza que a sua situação é similar a de muitos municípios de Mato Grosso. Com a palavra, a próxima inscrita, Srª Tânia Rondon de Souza, neste ato representando o Sindicato de Enfermagem de Poconé. Sr. Benedito, esta semana, a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa fará uma visita ao seu município. O senhor pode aguardar que nós vamos agendar (PALMAS). A SRª TÂNIA RONDON DE SOUZA - Boa-tarde a todos e a todas. Eu, como funcionária daquele hospital, há, mais ou menos, vinte anos, entrei era bem mais nova, sei que está uma situação de relaxo muito grande por parte do Governo do Estado. Há uma falta de atenção muito grande com o hospital de Poconé, e pode até ser que com outros hospitais também, pelo que já ouvimos aqui. Só que o que nós temos que falar, não podemos deixar essa oportunidade passar, eu vi na mídia a realização desta audiência pública, é que esta audiência pública é muito importante. Gostaria de parabenizar os dois Deputados por esta iniciativa, porque, se nós não falamos, lamentamos a coisa, mas continua errada. Então, eu gostaria de falar da falta de atenção muito grande. Hoje nós já estamos com quase noventa dias sem receber o nosso salário. Imaginem vocês, imaginem os Secretários de Saúde que deveria estar aqui para ouvir isso de nós. Porque nós somos mães de família, temos filhos Pág. 23 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. que precisam estudar, temos que pagar o supermercado, o cartão de crédito... É um transtorno muito grande. E, como representante do Sindicato do Município de Poconé, estou aqui, bem como o Sr. Dejamir e o Sr. Antônio, que está ali de lado, que vieram também representar. Nós realmente temos sido muito parceiros mesmo do hospital, porque nós entendemos que é dali que sai o nosso pão de cada dia. Nós temos sido muito mesmo amigáveis com o hospital. Só que chega uma situação que não dá mais! Eu até conversei com o Presidente. Se esse recurso não entrar, nós vamos parar na terça-feira. A enfermagem de Poconé vai parar, e vai parar porque nós não temos hoje nem condições de comprar o sabão para lavar a roupa com que vamos trabalhar. Nós sabemos que aquele doente que esta lá no leito não tem culpa, nós sabemos que aquele paciente que esta ali, não está por acaso, está ali porque está precisando. Só que nós também temos que ver o nosso lado. Como nós vamos estar com estado físico e mentalmente bem para estarmos atendendo aqueles pacientes? Sem salário, sem boa alimentação... Como é que está a nossa saúde, primeiro, para podermos estar cuidando dos pacientes que estão lá? Nós sabemos que eles não têm culpa. Mas se o nosso repasse não entrar... O último dinheiro que recebi de salário, gente, foi em dezembro. Nunca mais, até hoje. Não é uma vergonha, por parte do Estado? O nosso hospital lá é metas. E, como o representante do Secretário aqui já disse, se passa mês a mês, mas o nosso lá está desde janeiro, gente, sem receber. Eu não sei porque o Estado está segurando e porque não faz esse repasse. Então, assim, é uma situação muito difícil para nós. Nós vamos, sim, parar na terça-feira, porque nós não temos mais condições físicas e mentais de trabalhar. Nós sabemos que o doente não tem culpa, mas também não podemos deixar a desejar como está. Muito obrigada pela oportunidade. E gostaria aqui de dizer, Sr. Benedito, que nós somos parceiros, sim! O Sindicato é parceiro, sim! Mas por chegar a essa situação que chegou, nós estamos tomando providências. Porque nós somos cobrados! Nós que somos representantes de sindicatos somos cobrados por outros colegas! Então, nós não podemos deixar a desejar. Se o nosso repasse não entrar na conta até amanhã, sexta-feira; na segunda-feira, estaremos nos mobilizando e pararemos na terça-feira. Enquanto não recebermos, não vamos trabalhar, com exceção daqueles casos que são emergenciais, que não podemos deixar. Mas vamos fazer todo um aparato na lei, para não ter problema. Só que vamos parar! Muito obrigada (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Muito obrigado, Srª Tânia. Com a palavra, o Dr. Francisco de Assis Domingues, médico do Hospital São Lucas de Juara. Nós temos, nesta audiência pública, a presença de Juara, de Poconé, de Nortelândia e de vários municípios de Mato Grosso. O SR. FRANCISCO DE ASSIS DOMINGUES - Boa-tarde, Deputado Guilherme Maluf, Deputado José Domingos Fraga, por esta audiência pública. Cumprimentar aqui o Dr. Gabriel, que eu conheci pela mídia, pelos telejornais, que não é só centenário, mas faz arte do patrimônio histórico de Mato Grosso. Deputado Guilherme Maluf, quando nós chegamos a Juara, nós chegamos em cinco profissionais de São Paulo, formados na USP, também não tinha hospital para trabalhar. Idealismo, sim, de levar saúde até o interior; mas de construir hospital não. Aí nós compramos um hotelzinho, reformamos e começamos a atender. Só que chegavam os baleados, os esfaqueados, pessoas carentes, e todos eram atendidos do mesmo jeito. Até que um dia, numa visita do ex- Pág. 24 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. governador Carlos Bezerra, nos foi feita uma proposta: “Eu libero o BNDES para vocês, consigo uma linha de crédito, vocês financiam, aumentam e atendem o antigo INPS.” E assim fizemos. Novecentos e setenta mil dólares na época. Loucura! Naquela época, foram para lá: um anestesista, um ortopedista, um cirurgião, um endoscopista, um ginecologista e um pediatra. Todos de um nível muito bom. Levantamos esse recurso, começamos a atender e, hoje, vinte e quatro anos depois, o município, para ter esses mesmos profissionais, paga para atender pelo SUS, nada mais nada menos do que cinco a seis vezes o mesmo valor que é pago aos profissionais do Hospital São Lucas para atender pelo SUS. Graças a Deus, temos uma reputação boa como profissionais, e o particular, que soma hoje de 60 a 70%, supre a carência. Instalamos ar, tomografia, ultrassom 4D, de última geração, densitometria, mamografia, e nenhum centavo é feito dentro desta estrutura. Há um ano, praticamente, instalado, nós temos essa dificuldade. Eu conversava, hoje, com o Dr. Agostinho de Aripuanã, no voo de lá para cá - o Dr. Agostinho foi um dos médicos pioneiros na região, para vocês que não conhecem, foi Prefeito de lá também -, e ele falava: “Fechei o hospital. Fechei, porque, enquanto eu trabalhava sozinho, eu dava plantão sem receber um centavo da Prefeitura. Meus companheiros que trabalhavam comigo também. Eram vinte e quatro horas à disposição do município, da sociedade, da comunidade e não recebia nada. Agora o gestor entende que sou uma persona non grata , porque eu tinha um hospital particular, e canaliza os recursos para o hospital público.” E, quando eu fiz a conta do que se gasta com um paciente do hospital público e com um paciente do hospital privado, a diferença é muito grande! Aí o dinheiro, o recurso, que é o imposto nosso, esse é público ou é privado? Ou se canaliza porque o prédio é público, e o prédio foi de alguém que teve o idealismo em atender a comunidade? Diferencia-se isso? E quando você vai pagar o imposto, não existe diferença entre quem atende a comunidade e a sociedade daquele que pega recursos do BNDES a longo prazo para montar um motel e paga as mesmas taxas de imposto que pagam os proprietários de hospitais? Uma diferença, um agravo: Para a cama do motel o imposto é mais barato, porque não é tão cara quanto a do hospital, que custa de cinco a seis mil reais um leito, quando se trata de um leito mais sofisticado. E com mais um agravo: Quem vai ao motel não pega nota, mas quem vai ao hospital pega. Então, diante de tudo que escutei, das dificuldades de Poconé, do desrespeito aos que prestam serviço à comunidade, eu acho que está faltando comunicação entre nós da saúde; de nós ligados ao setor público/privado. Porque eu fui Secretário de Saúde e sei que se não tiver uma atenção básica forte, não tem como ter qualidade de saúde. Tivemos aceitação, Deputado Guilherme Maluf, na nossa gestão como Secretário, de 93% pelo Ministro Serra. Baseado, praticamente, em quê? Na atenção básica à saúde Era a estrutura do Hospital São Lucas, nessa época, que dava suporte aos acidentados, que não é muito, e o atendimento mais especializado, como endoscopia, raios X e etc. Após, por questões políticas, montou-se o Hospital Municipal, que eu acho que foi bom, foi uma parceria que nos desafogou, no sentido profissional. Mas vemos que quando se fala em hospital que atende convênio, ele é visto como se fosse uma persona non grata , como diz o Dr. Augustinho. Nós temos que rever esses conceitos. Faz-se parceria na educação; faz-se parceria nas estradas; faz-se parceria em tudo e na saúde, quando o mundo está tentando fazer parceria com a iniciativa privada, o Brasil, os gestores, por falta de informação, começam a se fechar cada vez mais. Eu vejo o quanto custa ao público, para quem paga imposto...

Pág. 25 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Conversando com o antigo Diretor do Hospital Municipal de Juara, ficamos sabendo que enquanto eles arrumaram mais de dez vezes o aparelho de raios X, nós arrumamos uma vez; enquanto nunca sumiu uma sonda de ultrassom nossa, lá sumiu; enquanto o equipamento de cirurgia oftalmológica que o Ministro José Serra nos deu, à época, que chegou importado dos Estados Unidos, sumiu as objetivas, o nosso não sumiu. Então, somos nós que investimos. Não é empresário que investe em hospital. Quem investe são os médicos, porque querem ter qualidade de trabalho. Nós cuidamos, estamos no dia-dia cuidando. Tendo plantonista ou não, estou lá. Por quê? Porque eu quero que onde eu trabalho tenha, realmente, qualidade. Se faltar, eu vou lá assumir, como sempre assumi e é assim com todos os colegas que montaram hospital no interior, que não foi com o intuito de ter uma estrutura hospitalar, mas, sim, dar assistência, ter um local decente para trabalhar, penso. Então, eu acho que a mentalidade dos nossos gestores têm que ser reformulada. E nós acreditamos que, se um Governo pensa em fazer saúde e fizer atendimento hospitalar com qualidade e baixo custo, ele tem que propiciar isso, tem que tirar o ICMS que hoje conta com a municipalização. O repasse, que é do Governo Federal, era direto, não se cobrava o ICMS, era só no fim, depois de todo o trabalho prestado. Ou seja, descontava-se o imposto ISS quando se passava aos profissionais. Agora, está descontando ISSQN na nota cheia, ou seja, em cima da luz que já pagou, dos funcionários que já pagou e de todos os prestadores que você já pagou. Então, é uma bitributação. Ou faz isso, ou, realmente, daqui a alguns anos, os que existirem estarão sucateados, ou só a minoria da elite terá um hospital de qualidade atendendo. Acredito que nós temos que reformular toda a política de atendimento hospitalar no Brasil. E acho que realmente é uma questão brasileira. O Estado de São Paulo, que eu sou originário, a maior parte do atendimento é filantrópico, é privado e lá se gasta menos do que aqui. Por quê? Porque aqui se construiu a indústria da compra de equipamento hospitalares. Todo mundo está lembrado do Sanguessuga, vários casos, na minha cidade é um exemplo típico. Temos um equipamento de setenta e cinco mil dólares em que a fábrica havia fechado há seis anos. Quer dizer, isso faz parte do quê? De uma lavagem de dinheiro. É um termo forte, mas é a pura verdade. E, nós que fomos para essa região para dar esse atendimento, somos vistos com uma certa ressalva. O gestor fala: “Vamos contratar quatro tomografias de vocês”. Você fala: “Obrigado. Não quero.” Ué!... Quer pagar preço de SUS para eu atender quatro. Não tem cabimento, é melhor... Fazer favor com chapéu dos outros é fácil. Então, eu acho que tem que ser reformulado. E acredito, Deputado Guilherme Maluf, que esse foi o primeiro passo. Acho que esse daí pode se tornar um movimento nacional para se rever, entendeu? Senão, estaremos como alguns anos atrás, como estava a telefonia, as estradas, a energia, a Vale do Rio Doce, todo mundo pagando caro e tendo um péssimo serviço. Muito obrigado (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Obrigado, Dr. Francisco. Convido agora o Sr. Aldir Schneider, ex-prefeito de Sapezal, que trabalhou comigo na Secretaria de Saúde, uma pessoa que aprendeu a conhecer a saúde muito na prática, não é, Schneider? O SR. ALDIR SCHNEIDER - Boa-tarde a todos! Em nome do Deputado Guilherme Maluf, cumprimento a todos da Mesa e dizer que estão de parabéns os dois Deputados pela ousadia, chamar para discussão desse assunto da saúde que, não preciso repetir tudo aqui, está um caos em todo o Estado de Mato Grosso.

Pág. 26 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Mas, eu quero trazer uma reflexão. Concordo com o Sr. Ricardo, que diz que não se deve diferenciar o hospital público e privado, são hospitais de toda ordem e todos estão com dificuldades. E a reflexão que eu quero chamar, é quanto cada um gasta na saúde. Nós temos a União que repassa aos municípios em torno de 11%, 12%, 13% de toda a arrecadação. O Estado repassa para os municípios 25%, que é fatiado entre as prefeituras, portanto, ele fica com 75% do dinheiro. Tira o Estado, a União fica com quase isso do dinheiro nacional, federal. E nós percebemos que a União aplica 8% na saúde; o Estado 12% e o município 15%. E como já foi dito aí, é nos municípios que estão os problemas e o prefeito sabe disso. E, como ex-prefeito, nós já passamos por isso. Ferramentas, leis que pegam e não pegam, nós temos, como diz o Sr. Paulo, várias formas de fazer funcionar. Nós temos contratualização, temos consórcio, temos toda a forma e é possível fazer. O que falta é vontade política, sim! Não adianta esconder. O nosso ex-reitor, Dr. Gabriel Novis Neves falou: o Estado precisa. Se nós subirmos de 12% para 15%, porque tudo isso que falamos é falta de dinheiro, alguns problemas de gestão, interesse particular de “a” ou “b”, mas, principalmente, falta de dinheiro. Se nós subirmos de 12% para 15% o Estado, se nós imaginarmos a sete, oito, nove anos atrás, sei lá... Lembro-me que há sete anos a receita do Estado, o orçamento do Estado girava em torno de três bilhões, hoje chega perto de nove bilhões. Se nós pegarmos 3% desses nove bilhões, ainda temos o incentivo fiscal, temos empresas que tem incentivo fiscal, a famosa discussão do incentivo fiscal para empresários, por que não fazer na saúde? Esses 3% representam quanto? Duzentos e cinqüenta milhões por ano! Se nós temos cento e quarenta municípios, aí eu falo que nem Sapezal, que tem hospital construído através do Grupo Maggi, que tomou empréstimo do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, e o BNDS disse o seguinte: “Se você aplicar numa atividade social, cobro a metade dos juros, mas, você tem que trazer a nota e dizer em que gastou.”. Para se construir um hospital, portanto, usa-se dinheiro do BNDES. Então, é dinheiro público, que é administrado, hoje, por uma entidade religiosa. Nós repassávamos quarenta e cinco mil ao mês para essa instituição. Hoje, repassamos noventa mil por mês e tem um excelente serviço. Então, fazendo essa conta: Cento e quarenta um município com duzentos e cinquenta milhões por ano, dá mais um milhão e duzentos mil por ano para cada município. Isso significa quase cem mil reais por mês para cada município. Como há municípios que não precisam disso, como Sapezal não precisa, usam cinquenta mil e o resto coloca em convênios da grande Capital, que é o centro de referência. Coitados dos prefeitos, que sem dinheiro não poderão... Coitado do Prefeito Wilson Santos, que, cada vez mais, por causa dessas ambulâncias, virão mais... Coitado do Secretário Augustinho Moro, que está levando a Pasta da Saúde não de barriga, com simplicidade, com honestidade, pela vontade de fazer, mas, não sei até quando! Só na conversa daqui pra lá, com jogo de cintura. Mas o problema vai explodir! E rapidamente! Então, a Assembleia Legislativa e o Deputado Guilherme Maluf estão de parabéns por chamar à discussão. É preciso cobrar dos nossos Deputados Federais: Cadê a Emenda nº 29? Cadê essa normatização final? Convênios, parcerias, com os hospitais privado ou público, o que não se deve discutir, dá para fazer. Há dinheiro para isso! O que falta é vontade política! Porque se tínhamos há cinco anos, seis anos, em torno de três bilhões de receita e, hoje, temos quase três vezes mais; e se a

Pág. 27 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. União, também, nesses últimos dez anos triplicou a arrecadação... Mas a população não triplicou e estamos com problemas triplicados. Então, é preciso refletir! Parabéns, Deputado! É necessário gritar! Como disse Poconé: É preciso berrar! Esta discussão, Deputado... O Dr. Gabriel disse que é a segunda vez que está em condições de falar, na sua vida... E aqui é um exemplo para todos! Dizer que é a segunda vez, mas, é a primeira vez que eu, que estou em Mato Grosso há trinta anos, participo de uma audiência pública onde se pode reclamar, falar da saúde. É isso que precisamos fazer. Parabéns Deputado; parabéns Mesa e todos os parceiros. Tenho certeza que vontade o Secretário Estadual de Saúde do Estado tem; que os Prefeitos têm. É preciso vontade política do Governo de, realmente, colocar 15%, porque pode, e do Governo Federal, também, aumentar de 8% para 10%, porque pode. Melhorando a tabela todos nós sobreviveremos. Daqui a pouco, os hospitais estão com problemas. Então, imaginem nós, do interior, de todas essas regiões, que já estão quase... Nem hospital lá tem. O povo já morreu. Muitas pessoas já morreram pela falta de assistência. Então, a política de saúde tem que ser refeita. É preciso rever tudo. Muito obrigado, Deputado! O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Com a palavra, para concluir as inscrições, o Dr. Aguiar, do Município de Nortelândia. O SR. AGUIAR- Boa-noite a todos! Em nome do meu amigo Prefeito Neurilan Fraga, cumprimento todos os componentes da Mesa, e, como não poderia deixar de ser, em nome do Sr. Benedito, cumprimento toda a plateia. Muito me honra estar aqui hoje! Muito me alegra, Deputado Guilherme Maluf! Achei que estava em uma briga sozinho. Achei que estava no alagado que estamos vendo em São Paulo, achando que ninguém fará nada por nós. A percepção dos Srs. Deputados, das autoridades e do eminente, ex-Reitor, Dr. Gabriel Novis Neves, alegra-me por saber que não estamos sozinhos nessa briga. Quando do pronunciamento do Sr. Benedito, fechei os olhos e passou um filme na minha cabeça. Se houver outros proprietários de hospitais do interior, de municípios pobres, principalmente, oriundos do garimpo, como do Sr. Benedito e meu, sabem o que o Sr. Benedito falou aqui. O Sr. Benedito não usou palavras técnicas, mas, usou o que nós observamos no nosso dia a dia, na nossa realidade. Eu não estou falando gente... Quando vim aqui era para falar do Hospital Nossa Senhora de Santana, que presta serviços há quarenta anos ao Município de Nortelândia. Infelizmente, não somos de Sapezal. Então, hoje, onde tínhamos raio x, não temos mais, porque, infelizmente, não podemos fazer a manutenção do aparelho. Não temos ultrassom, mas, temos, sim, boa vontade para trabalhar. Preocupo-me quando se fala em remoção de paciente para Cuiabá, a famosa ambulância/terapia, que o Prefeito da minha cidade tão bem relatou. Preocupo-me tanto, Dr. Gabriel, porque temos um hospital de um padrão menor, mas, graças a Deus, nunca mandamos uma placenta prévia, um descolamento de placenta para Cuiabá. O nosso serviço de referência é o Hospital Santa Helena, mas, conseguimos resolver esse tipo de dificuldade no nosso Município, evitando, mais uma vez, o que eu falei, a ambulância/terapia Pág. 28 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. e, principalmente, poupando a vida do paciente. Porque nem sempre um paciente com descolamento de placenta vai andar 240km e chegar aqui bem de situação. Então, nós assumimos, até porque é nossa especialidade. O outro colega, que é meu sócio, também, tem especialidade. Mas para que façamos esse tipo de trabalho, Dr. Gabriel, ficamos com alguns internamentos na gaveta da minha faturista. Porque o número de AIH que tenho nem sempre é suficiente. E não é pelo fato de internar paciente com febre, mas, pelo fato de ter uma população carente, oriunda de garimpo, que adoece mais. E o senhor conhece isso porque é médico e sabe! Então, na realidade, o que gostaria de dizer aqui é que nós, do Hospital Nossa Senhora de Santana, estamos pagando para prestar assistência à população. Fico triste quando olho uma ambulância, por exemplo, ou olho a propaganda na televisão: “O SUS é seu! Exija!” Exija de quem? Exigir do dono do hospital, que, coitado, está morrendo lá, está pagando para prestar um serviço! Fico feliz por estar aqui e saber que não estou sozinho; saber que há uma compreensão desta Casa, que entendeu que é preciso fazer alguma coisa; e fico feliz, principalmente, por saber que outras pessoas estão no mesmo barco e não vamos afundar. Se Deus quiser! Muito obrigado! (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Muito obrigado, Dr. Aguiar. Com isso, concluímos as inscrições e faremos alguns encaminhamentos. Se alguém quiser fazer algum encaminhamento... O SR. NEURILAN FRAGA - Eu, Deputado. O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Pois não, Prefeito! O SR. NEURILAN FRAGA - Eu queria dar a seguinte sugestão: a Secretaria de Saúde conhece a realidade desses hospitais que estão aí, a situação caótica. Eu acho que Vossa Excelência proporá um encaminhamento de outras reuniões, discussão em grupos, mas, acho que a Secretaria de Saúde já deveria tomar algumas providências no sentido de socorrer, rapidamente, esses hospitais, porque senão, daqui a pouco, será aquilo que falei, quanto sair o remédio, o paciente já morreu. E o Dr. Gabriel foi muito feliz quando falou que aqui já está virando uma junta médica do IML, já morreu o paciente. Mas, acredito que ainda está respirando. Poderia, Paulo, até levantar essa situação de discutir uma forma paliativa até ter uma coisa mais definitiva, mais planejada e tal. Então, queria sugerir que a Secretaria pudesse antecipar essa saída. O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Paulo, você tem alguma sugestão de encaminhamento? O SR. PAULO ROBERTO ARAÚJO - Na verdade, eu iria até responder aqui uma informação a uma situação que foi colocada pelo Diretor do hospital de Poconé, que o calendário de pagamento da contratualização é no dia 20 do mês subsequente. No caso de vocês, janeiro e fevereiro foram pagos no dia 17/03. Janeiro, por problemas de orçamento, orçamentário - Estado e município normalmente têm esse problema no início do ano... Mas, fevereiro, que seria a data do dia 20, antecipamos para o dia 17. E é assim, a Secretaria cumprirá aquilo que está sob gestão da Secretaria Estadual de Saúde, que é a questão da contratualização. E aquilo que está sob gestão da Secretaria, na questão do CHD e SIA, um calendário de pagamento que estaremos disponibilizando, talvez neste mês, para que os prestadores de serviço trabalhem mais ou menos com a data futura de recebimento. Esse seria Pág. 29 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. o encaminhamento, hoje, dessa reunião. E quaisquer outros encaminhamentos futuros passarão pela decisão do Secretário de Estado de Saúde, Dr. Agostinho Mouro. O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Gostaria, Paulo, de... (PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE - INAUDÍVEL.) O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Sr. Benedito, quer falar no microfone para que possamos registrar? Porque está Audiência Pública está sendo transmitida ao vivo pela TV Assembleia Legislativa. O senhor está dizendo que não recebeu recurso? O SR. BENEDITO DE MORAES - Então, o Dr. Paulo está dizendo que pagou no dia 17. Eu fui à tribuna e disse que não recebemos até hoje. Então, está havendo uma contradição. Eu estou reafirmando que quando saí de Poconé, às 13:35 horas, quando sai do hospital, passei no caixa eletrônico e puxei o meu extrato e vi que não tinha entrado na nossa conta o dinheiro. E estão dizendo que já pagaram. Não estou dizendo que não pagaram. Agora, até as 13:35 horas... Se aqui tiver algum caixa eletrônico do Banco do Brasil, pode confirmar se o que estou dizendo é verdade ou não. O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Então, Sr. Benedito, vamos aguardar até o final do dia de hoje para ver se o dinheiro entra na conta. O senhor retornará para Poconé... Se o senhor não receber isso até amanhã, 48 horas - acho que é um tempo razoável para que o dinheiro entre na sua conta - por favor, comunique à Comissão de Saúde, que faremos as devidas cobranças ao Secretário e ao Governador do Estado. Mas, para concluir... (PARTICIPANTE FALA FORA DO MICROFONE - INAUDÍVEL.) O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Pois não, Doutor. O SR. LINEALDO DE AGUIAR - Deputado Guilherme Maluf, gostaria de convidar Vossa Excelência e o Deputado José Domingos Fraga, o Deputado Eliene Lima, se possível, e o Deputado Wagner Ramos, que também fossem até Nortelândia conhecer a nossa realidade. O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Estaremos presentes sim! Aceitamos o seu convite e marcaremos uma visita para conhecer a situação do hospital de Nortelândia. O SR. LINEALDO DE AGUIAR - Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (GUILHERME MALUF) - Então, para concluir, acreditamos que o Estado de Mato Grosso, primeiro, tem que fazer um diagnóstico desses hospitais. E aí, Dr. José Ricardo, acredito que o Sindicato poderia auxiliar a Secretaria Estadual de Saúde nesse diagnóstico. Eu sei que muitas vezes alguns desses hospitais, Dr. Paulo, não são viáveis. É verdade! Até por evolução do sistema de saúde, enfim, os Hospitais Regionais que foram abertos, e não é de interesse público, vamos dizer assim, porque há outras alternativas. E nós sabemos que quando há o hospital público, ele prevalece sobre os interesses privados. Isso é perfeitamente aceitável. Mas, nós sabemos também que muitos desses lugares, muitas dessas cidades, esse hospital privado, filantrópico, beneficente é o único atendimento da cidade. E, nesses casos, o poder público tem que olhar para essas instituições de uma forma diferenciada. Ao invés de permitir que faça de uma construção de estrutura pública, eu insisto em que deva ser estudada uma parceria com esses hospitais privados. Pág. 30 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Quando digo privado, volto a repetir: Pode ser filantrópico, pode ser beneficente, porque ainda há, Sr. Benedito, um estigma de que hospital privado é um vilão do sistema de saúde, e não é. Como é que o seu hospital pode ser considerado vilão? O hospital do Dr. Aguiar, que vem salvando vidas e, muitas vezes, não recebendo, como o senhor mesmo fez um pronunciamento, o Dr. Francisco? Mas, como foi falado aqui, nos últimos segmentos, infelizmente, que faltam fazer uma organização - e quando digo organização, é até mesmo organização política - precisamos ter representante. Desde que assumi como Deputado Estadual, venho promovendo algumas discussões na Comissão de Saúde. O Dr. Zé Ricardo também vem profissionalizando o Sindicado, desde quando o assumiu. E é interessante que essas instituições se façam representar no sindicato, levando os seus pleitos. A minha sugestão de encaminhando, por último, é que o sindicato, junto com a Secretaria, faça um levantamento desses hospitais: Quais os hospitais estão em condições difíceis? Por que não funciona essa relação público-privada? Por que não funciona? Paralelamente a isso, estou sugerindo que façamos um grupo de trabalho e estou sugerindo seis representações nesse grupo de trabalho, que pode funcionar na Comissão de Saúde desta Casa de Leis. Nós temos que utilizar esta Casa de Leis, porque esta e a Casa do povo, é a voz do povo, Sr. Benedito. Então, estou propondo, aqui nesta Comissão ou neste grupo de trabalho, um representante do Ministério Público, da Secretaria de Estado de Saúde, do Poder Judiciário, da Assembleia Legislativa, que no caso será a Comissão de Saúde, do Sindicato dos Hospitais e da AMM, que representa os prefeitos de Mato Grosso. Então, vou fazer esse encaminhamento, aqui, para que componhamos esse grupo de trabalho. E, em cima desse grupo de trabalho, trazer propostas, encaminhamentos, porque a Secretaria de Estado de Saúde foi muito clara: Só existem duas políticas para compra de serviços, a contratualização e a convencional. Acredito e tenho a vivência de outras alternativas no Brasil, Sr. Benedito. Por exemplo, existem alguns Estados que isentam hospitais de pagamento de ICMS sobre equipamentos, ou seja, dando a chance a essas instituições de repor seus equipamentos. Sabemos que no nosso Estado muitos equipamentos agrícolas têm essa isenção. Não estamos inventando nada. Por que não podemos propor uma legislação que diminua o ICMS para reposição dos equipamentos para esses hospitais, seja público, seja privado, ou municipais? É como o Dr. José Carlos, colocou: “Hospital é hospital”. Então, essa é uma proposta que o grupo pode fazer como encaminhamento ao Governador do Estado. Existem Estados onde o ICMS da luz é reduzido no procedimento hospitalar - outro encaminhamento. Tem que ser esclarecida essa questão da bitributação que o Dr. Francisco levantou. Se já existe uma proposta do Governo Federal, sabemos, para a área universitária privada, que é o PROUNI, um Projeto do Governo Lula, aliás, um excelente Projeto, onde existe uma compensação de tributos, por que não podemos ter isso na área de saúde? Então, estou propondo a criação desse grupo de trabalho, solicitando ao Dr. José Ricardo, Presidente do Sindicato, que faça esse diagnóstico conjunto com a Secretaria Estadual de Saúde e subsidie esse grupo de trabalho com as informações necessárias. Pág. 31 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DISCUTIR AS DIFICULDADES E ENTRAVES AO FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS PRIVADOS EM MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 19 DE MARÇO DE 2009, ÀS 15:00 HORAS. Se alguém mais tiver alguma sugestão, peço que se pronuncie, para que possamos finalizar os nossos trabalhos. Acredito, como ninguém mais quer se pronunciar, que podemos encerrar os trabalhos com esse encaminhamento. Agradeço a todos. Declaro encerrada a presente audiência pública.

Equipe Técnica: - Taquigrafia: - Amanda Sollimar Garcia Taques Vital; - Ariadne Fabienne e Silva de Jesus; - Cristiane Angélica Couto da Silva Faleiros; - Dircilene Rosa Martins; - Suely Maria Pita Rocha. - Revisão: - Ila de Castilho Varjão; - Nilzalina Couto Marques; - Regina Célia Garcia; - Rosa Antonia de Almeida Maciel Lehr; - Rosivânia de França Daleffe.

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