Arquivos De Zoologia MUSEU DE ZOOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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Arquivos de Zoologia MUSEU DE ZOOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ISSN 0066-7870 ARQ. ZOOL. S. PAULO 37(4):349-502 20.04.2006 REVISÃO TAXONÔMICA DO GÊNERO ANOMIOPUS WESTWOOD, 1842 (COLEOPTERA, SCARABAEIDAE, SCARABAEINAE) VIRGÍNIA LUZIA CANHEDO1 ABSTRACT The Neotropical genus Anomiopus Westwood, 1842 (Coleoptera, Scarabaeidae, Scarabaeinae) is reviewed. The type-species A. virescens Westwood, 1842 is designated. Keys to species, redescriptions of taxa, descriptions of new species, illustrations and distributional data are supplied. Seven species are synonymized: A. smaragdinus (Westwood, 1842) = Onthocharis bella Waterhouse, 1891; A. chalceus (Harold, 1867) = O. westwoodii Waterhouse, 1891; A. myrmidon (Westwood, 1842) = O. constricta Waterhouse, 1891; A. germari (Harold,1867) = O. oblonga Waterhouse, 1891 = O. wittmeri Martínez, 1952; A. virescens Westwood, 1842 = O. flavicornis Harold, 1862 = O. melancholica Martínez, 1955. Lectotypes of A. batesii (Waterhouse, 1891), A. laetus (Waterhouse, 1891), A. simplex (Waterhouse, 1891) and A. parallelus (Harold, 1862) are designated. Twenty five new species are described: A. tuberculicollis (Trinidad: St. George), A. gracilis (Venezuela: Bolívar), A. genieri (Venezuela: Bolívar, Sucre, Tachira; Trinidad: St. George; Guiana: Potaro District), A. foveicollis (Peru: Madre de Dios, Loreto, Huanuco; Colômbia: Amazonas; Brasil: Amazonas, Pará), A. globosus (Brasil: Amazonas), A. octodentatus (Brasil: Minas Gerais), A. latistriatus (Bolívia: Beni), A. validus (Peru: Loreto, Huanuco), A. howdeni (Brasil: Amazonas), A. idei (Peru: Loreto), A. mourai (Brasil: Rondônia, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás), A. sulcatus (Brasil), A. palmispinus (Venezuela: Bolívar), A. sulcaticollis (Brasil: Minas Gerais), A. cambeforti (Peru: Cuzco), A. hirsutus (Venezuela: Bolívar), A. galileoae (Brasil: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul), A. serranus (Brasil: Tocantins, Minas Gerais, São Paulo), A. birai (Paraguai: Cordillera, Caaguazú, Concepción; Brasil: Mato Grosso do Sul), A. alexandrei (Venezuela: Bolívar; Brasil: Roraima), A. edmondsi (Venezuela: Bolívar), A. pumilius (Brasil: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro), A. andrei (Brasil: Pará, Amazonas, Acre, Espírito Santo), A. gilli (Peru: Loreto) and A. zaguryi (Brasil: Amapá, Pará, Amazonas, Acre). Keywords: Anomiopus; Coleoptera; Neotropical; Scarabaeidae; taxonomy. 1.Bolsista CAPES e FAPERGS, Museu de Ciências Naturais, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 1188, CEP 90001-970, Porto Alegre, RS, Brasil. Fone (Fax): (051) 3336-3306. Recebido para publicação em 15.II.00 e aceito em 27.IX.02. 350 Arquivos de Zoologia INTRODUÇÃO Autores subseqüentes (Harold, 1862, 1867a,b, 1880; Waterhouse, 1891; Bruch, 1925; O gênero Anomiopus é exclusivamente Paulian, 1939; Martínez, 1944, 1955a,b) acrescen- Neotropical, com a maioria das espécies na Amé- taram outras espécies ao gênero e desde 1842, quan- rica do Sul. Forma um grupo bastante característi- do o gênero foi descrito por Westwood, até 1955 co, reunindo espécies com habitus, em geral, alon- com os últimos trabalhos descritivos de Martínez, gado, convexo, às vezes, algo deprimido Anomiopus compõe-se de 30 espécies. A maioria dorsalmente, coloração castanho-clara a castanho- das descrições são sucintas e insuficientes para escura com reflexos metálicos cúpreos ou identificá-las. Desse modo, o trabalho objetiva reu- esverdeados, o comprimento entre 3 e 9 mm. nir toda a informação pregressa, redescrever as es- Dejean (1835, 1837) arrolou sob o nome pécies registradas na literatura, propor algumas Onthocharis, as espécies “oblonga Dej.” proceden- novas espécies detectadas com base em caracteres te de “Brasilia”, “parallela Lacordaire” e ainda não considerados e promover sua identifica- “myrmidon Lacordaire”, ambas procedentes de ção através de chaves dicotômicas. Informações Cayenne, sem, contudo, caracterizá-las biológicas constantes na literatura e no material morfologicamente, motivo pelo qual esses nomes examinado e dados sobre a distribuição geográfica foram considerados nomina nuda. também são abordados. Westwood (1842) propôs o gênero Anomiopus para as espécies A. virescens e A. nigricans, ambas com procedência vaga “Bra- MATERIAL E MÉTODOS sil”. Descreveu, também Scatonomus myrmidon, Cayenne e S. smaragdinus, Brasil. O mesmo tra- Foram examinados 596 exemplares conser- balho foi integralmente publicado no ano seguinte vados a seco (transfixados por alfinetes (Westwood, 1843). Em 1847, Westwood estabele- entomológicos, colados em cartão, acondicionados ceu o gênero Onthocharis para transferir em tubinhos de plásticos ou em mantas de algo- S. myrmidon e S. smaragdinus, concordando com dão) pertencentes a instituições nacionais ou es- os comentários de Erichson (1843) que discutiu a trangeiras e coleções particulares. No texto são ci- inclusão dessas espécies em Scatonomus como tadas como siglas oficiais, conforme consta nas inapropriada, pois pertenciam ao gênero guias de remessa, ou como as adotadas por Arnett Onthocharis Dej., bem diferente de Scatonomus. & Samuelson (1986). Estão relacionadas, a seguir, Redescreveu, ainda, Anomiopus e as espécies com seus respectivos curadores entre parênteses. A. virescens e A. nigricans e considerou o grupo, BDGC: Bruce D. Gill, Ottawa, Ontario, Canadá na época, provisoriamente como um subgênero. (coleção particular); BMNH: The Natural History Lacordaire (1856), ao tratar o gênero Onthocharis, Museum, Londres, Inglaterra (Malcon D. Kerley); designou O. smaragdinus como a espécie-tipo do CMNH (= ICCM): The Carnegie Museum of Na- gênero e considerou Anomiopus Westwood sinô- tural History, Pittsburgh, PA, Estados Unidos nimo júnior de Onthocharis Westwood; enfatizou (Robert L. Davidson); DZIS: Departamento de as colocações de Erichson (1843) que, ao exami- Zoologia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de nar uma série de exemplares do Museu de Berlim Mesquita Filho”, Ilha Solteira, SP, Brasil (Carlos verificou que os espécimens apresentavam uma A. H. Flechtmann); DZUP: Departamento de Zoo- transição gradual no alargamento dos logia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, metatarsômeros, desde a forma mais larga como PR, Brasil (Kety Zanol); EGIC: Everardo Grossi, em A. virescens até a condição mais estreita como Nova Friburgo, RJ, Brasil (coleção particular); em A. myrmidon, concluindo ser o gênero FGIC: Françoise Génier, Ottawa, Ontario, Canadá Anomiopus muito semelhante a Onthocharis. (coleção particular); FVMC: Fernando Zagury Vaz- Halffter & Edmonds (1982), com base na de-Mello, Viçosa, MG, Brasil (coleção particular); lei da prioridade, revalidaram o nome Anomiopus HAHC: Henry Howden & Anne Howden Westwood, 1842, grafado, porém, erroneamente Collection, Ottawa, Ontario, Canadá (coleção par- (Onomiopus) na lista dos gêneros dos Dichotomiina ticular); INPA: Instituto Nacional de Pesquisas da neotropicais e incluíram Onthocharis Westwood, Amazônia, Manaus, AM, Brasil (Célio Magalhães); 1847 na sinonimia. ISNB: Institut Royal des Sciences Naturelles, Bru- Vol. 37(4), 2006 351 xelas, Bélgica (Marcel Cludts); JNLC: Júlio N. C. ao longo da borda. Escavação central da borda Louzada, Lavras, MG, Brasil (coleção particular); clipeal: a emarginação mais larga da borda clipeal, MACN: Museo Argentino de Ciencias Naturales na qual, medialmente, estão os dentes clipeais “Bernardino Rivadavia”, Buenos Aires, Argentina medianos e nos ângulos externos pode apresen- (Axel O. Bachmann); MAPA: Museu Anchieta, tar-se apenas arredondada ou guarnecida com os Porto Alegre, RS, Brasil (Fernando Meyer); dentes laterais internos (fig. 2). Emarginação en- MCNZ: Museu de Ciências Naturais, Fundação tre os dentes clipeais medianos: o espaço, geral- Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, mente estreito, profundo e em forma de U, que RS, Brasil (Maria Helena M. Galileo); MCZC: separa os dentes medianos (fig. 2). Carena: a ele- Museum of Comparative Zoology, Harvard vação estreita do tegumento, em forma de quilha, University, Cambridge, MA, Estados Unidos marcada nos desenhos com traço mais espesso; (Phillip D. Perkins); MNHG: Muséum d’Histoire carena ou quilha proepisterno/basisternal (fig. 4): Naturelle, Genebra, Suíça (Ivan Löbl); MNHN: a carena oblíqua da propleura que separa o Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris, Fran- proepisterno do basisterno e, na grande maioria ça (Yves Cambefort); MNHP: Museo Nacional de das espécies, apresenta-se uniformemente engros- Historia Natural del Paraguay, Assunção, Paraguai sada; carena-transversa propleural (fig. 4) sepa- (Carlos Aguilar Julio); MZSP: Museu de Zoolo- ra os proepisternos dos proepimeros; carena gia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, dorsal anterior das protíbias (fig. 8) situa-se na Brasil (Ubirajara R. Martins de Souza); NHMB: face dorsal, próximo a borda externa, acompa- Naturhistorisches Museum Basel, Basiléia, Suíça nhando a fileira de pontos setosos; carena das (M. Brancucci); OXUM: Hope Entomological meso- e metatíbias (fig. 10) refere-se às carenas Collections, Oxford University Museum, Oxford, longitudinais da face ventral, no máximo duas, Inglaterra (I. Lansbury); UNSM: University of uma mediana, outra próxima da borda interna. Nebraska State Museum, Lincoln, Nebraska, Esta- Estria: é um sulco longitudinal, fino, pontuado, dos Unidos (Brett C. Ratcliffe); USNM: United geralmente mais próximo da borda interna, na face States National Museum of Natural History, dorsal das protíbias (estria dorsal, fig. 8) e/ou na Smithsonian Institution, Washington, D.C., Esta-