Jader, O Próximo? a Polícia Federal Não Prendeu Ninguém Na Mais Recente Operação Desdobrada Da Lava- Jato, Para Apurar Corrupção Na Obra Da Hidrelétrica De Belo Monte

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Jader, O Próximo? a Polícia Federal Não Prendeu Ninguém Na Mais Recente Operação Desdobrada Da Lava- Jato, Para Apurar Corrupção Na Obra Da Hidrelétrica De Belo Monte Jornal Pessoal A AGENDA AmAzôNicA DE Lúcio FLávio PiNto • ANo XXXi • No 626 • FEvEREiRo DE 2017 • 2a quiNzena • R$ 5,00 LAVA-JATO Jader, o próximo? A Polícia Federal não prendeu ninguém na mais recente operação desdobrada da Lava- Jato, para apurar corrupção na obra da hidrelétrica de Belo Monte. O objetivo foi só coletar provas. Para fortalecer a próxima investida, contra alvos maiores? o dia 16 a Polícia Federal avançou em son Fachin do Supremo Tribunal Federal, que mais uma etapa de desdobramento substituiu Teori Zavascki como relator da Lava- da Operação Lava-Jato, que investiga Jato. Os mandados foram executados nas resi- um esquema de pagamento de propi- dências dos investigados e escritório de trabalho Nnas ao PMDB e ao PT, no valor de 1% sobre o to- no Rio de Janeiro, Brasília/DF e Belém. tal das obras que realizaram empresas integran- Os principais alvos da operação, denomi- tes do consórcio construtor da hidrelétrica de nada de Leviatã, foram Márcio Lobão, filho Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. Todas elas as do senador Édison Lobão, do Maranhão, e o mesmas empreiteiras do esquema de corrupção ex-senador paraense Luiz Otávio Campos, in- na Petrobrás que deu origem às investigações. timamente ligado ao senador Jader Barbalho Os policiais cumpriram seis mandados de e ao seu grupo político, ambos do PMDB. Por busca e apreensão, expedidos pelo ministro Ed- causa do segredo de justiça do processo, a PF se VALE VAI ACABAR • PSDB COM PMDB? limitou a informar que eles, “na me- Sarney, que mandava na Eletronorte, O Diário do Pará padece das limi- dida de suas participações, poderão a criadora de Belo Monte. tações às quais sempre está sujeito um responder pelos crimes de corrupção, As aparências indicam que a Ope- jornal de propriedade de um político. lavagem de dinheiro e organização ração Leviatã, sem prisões, foi apenas Os problemas se complicam ainda criminosa”. Nenhum foi preso, ao con- para a busca de documentos. Os próxi- mais quando o político, dono do jor- trário do que aconteceu na maioria mos alvos da Polícia Federal, seriam os nal, é polêmico como o senador Jader das operações. principais líderes do PMDB. Desde o Barbalho, frequentemente acusado de O crime teria sido o de favorecer o ex-presidente José Sarney até os sena- se apropriar de recursos públicos. consórcio para fazê-lo vencer o leilão dores Renan Calheiros, Romero Jucá, O senador do PMDB nega peremp- da usina. O percentual seria o mesmo Édison Lobão e Jader Barbalho. Todos toriamente todas as acusações que adotado em relação à estatal do petró- são suspeitos de receber propina. lhe foram feitas desde certo momen- leo: pagamento aos intermediários de Há muitos anos, Sarney, em pri- to das apurações pelo grupo-tarefa da 1% do valor da obra. Na época, ela foi meiro lugar, e Jader, depois dele, são Lava-Jato, agora com interjeições de estimada em 19 bilhões de reais. Seu os políticos com maior influência na irritação. Como as informações dos custo atual seria de R$ 33 bilhões. A Eletronorte, a estatal do sistema Ele- delatores se avolumam, observa-se propina, portanto, alcançaria R$ 190 trobrás que comanda o setor energéti- que a Polícia Federal se acerca dele. A milhões. Se fosse hoje, sairia por R$ co na Amazônia. A maioria dos dire- lentidão desse avanço e ela não ter até 330 milhões. tores da empresa foi por eles indicada. agora se dirigido diretamente a ele, é Luiz Otávio, conhecido popular- Sarney e Jader usaram vários prepos- indicador de que não há ainda provas mente por Pepeca, foi ligado ao go- tos, dentro e fora da Eletronorte, que robustas para confirmar as acusações vernador Hélio Gueiros, sendo se- foi criada em 1973 para construir a e autorizar uma investida sobre o ex- cretário de transporte na sua gestão hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocan- governador do Pará. Nada, porém, é (1987/1991). Depois aderiu ao senador tins, também no Pará, que é a quarta seguro. Jader Barbalho, que o mandara pren- maior do mundo. Por isso, o jornal tateia entre a der ao suceder Gueiros (1991/1994), Há alguns anos, Luiz Otávio é o obrigação de manter o seu leitor bem sob a acusação de corrupção. Mesmo principal intermediário de Jader, para informado e a estratégia do dono assim, Pepeca se tornou um dos prin- todos os assuntos políticos e para nesse cão-e-gato em que se acha en- cipais auxiliares de Jader em Brasília. questões deles derivadas. Ele é apon- volvido há meses. É uma situação ex- Acompanhou Jader Barbalho como tado em vários depoimentos como a tremamente delicada. Dela faz prova seu secretário nos cargos que ocupou pessoa autorizada a receber a parcela o noticiário do Diário do dia 15 so- nos governos Dilma e Temer. de 0,5% sobre o valor da obra para o bre a ação, na véspera, da PF atrás de As investigações se basearam em PMDB (outros 0,5% iriam para o PT, provas sobre o pagamento de propina delações premiadas de presos na La- por isso podendo envolver os ex-pre- a intermediário do favorecimento de va-Jato, que se transformaram em in- sidentes Lula e Dilma). empreiteiras na licitação da hidrelétri- quérito, em tramitação no STF. Del- Na mais ingênua das probabilida- ca de Belo Monte. fim Netto, ex-ministro dos governos des, o ex-senador jamais desempe- Foi omitida qualquer referên- militares e ex-deputado federal por nharia essa função sem autorização de cia aos nomes dos políticos visados, São Paulo, também está sendo inves- Jader. Se o intermediário recebeu pro- como o ex-senador Luiz Otávio Cam- tigado. Ele foi o principal conselheiro pina e não a repassou ao destinatário pos, estreitamente vinculado ao gru- econômico tanto de Lula quanto de final, é outra questão, que os investi- po político de Jader, seu padrinho em Dilma Rousseff, de quem se afastou gadores da Lava-Jato devem estar em- Brasília. De modo contrário, o jornal em 2014, durante a campanha pela re- penhados em esclarecer – ou provar. foi fartíssimo ao noticiar a recente eleição da presidente. Se o ex-governador do Pará não prisão do filho do governador Simão Delfim é apontado como inspirador recebeu um tostão sequer, tendo o di- Jatene, do PSDB, seu principal adver- dos detalhes do edital de licitação que nheiro sido usado em campanhas do sário político (até que se prove a falsi- dirigiram o resultado para beneficiar PMDB, com prestação de contas apro- dade das aparências sobre um acordo o vencedor. O leilão foi realizado jus- vada pela justiça eleitoral, é outra con- entre eles). tamente quando Dilma era eleita para versa, que agora vai ficar clara. A questão agora é saber se real- suceder Lula, em 2010. A hidrelétrica, Em nada ajudou a defesa do ex-mi- mente há um esquema de proteção e projetada para ser a terceira maior do nistro de Sarney o seu jornal, o Diário acobertamento dos principais políti- mundo, se tornou a principal obra do do Pará, ter minimizado como pôde a cos citados ou se, em função do peso Programa de Aceleração do Cresci- operação polícia, como se ela não tives- do senador, a PF está sendo mais cau- mento, o PAC, que teve a então minis- se qualquer importância (enquanto o telosa do que nunca, só partindo para tra de Minas e Energia como a gestora. adversário, O Liberal a ela dedicava três a prisão com provas suficientes para Quando ela assumiu a presidência, páginas). Publicou uma nota minúscu- que elas não venham a ser revogadas. chamou o senador Lobão para coman- la, em lugar quase invisível, como para Daí não prender, para não revelar o dar o ministério das Minas e Energia. não deixar de registrar o fato, mas sem conteúdo das provas que já acumulou. Lobão é aliado do ex-presidente José lhe dar a atenção devida. Logo se saberá qual é a verdade. 2 - JORNAL PESSOAL Nº 626 • FEVEREIRO DE 2017 • 2ª quINzENA PMDB e PSDB juntos em aliança para 2018? A opinião pública foi surpreendida diante da aprovação do dinheiro pelo Barbalhos e tentar furar a nau de Hel- pela imagem inesperada: o ministro ministro, que fez questão de entregar der para ela não atracar no governo do da Integração Nacional, Helder Bar- pessoalmente o recurso. Estado. O Diário do Pará fustiga dia- balho, e seu pai, o senador Jader Bar- Mas logo surgiram interpretações riamente o governador Simão Jatene e balho, ambos do PMDB, caminhando políticas. A reaproximação dos inimi- o prefeito Zenaldo Coutinho. alegremente com o prefeito Zenaldo gos tradicionais seria efeito de acordo Como, então, Zenaldo aprontou seu Coutinho, do PSB, pelo Mosqueiro, na nacional entre o PSDB e o PMDB, a melhor sorriso para caminhar ao lado sexta-feira, 17. partir da entrega de quatro ministé- de Helder e Jader? Não devia ser mais Até a véspera a cena era conside- rios do governo Temer aos tucanos.O formal e menos extrovertido? Uma fon- rada impossível. Helder está em plena PSDB não apenas decidiu participar da te tucana diz que não. “Se ele não fosse, campanha, mal disfarçada, para o go- administração peemedebista: teria de- iria deixar que o faturamento do ato fos- verno do Pará em 2018. Aproveita sua finido uma aliança para tentar proteger se todo ele em benefício dos Barbalhos, agenda ministerial para atrair políticos, Temer em troca do seu apoio para a que poderiam ainda criticar a ausência cabos eleitorais e fazer propaganda do eleição do próximo ano. do mais interessado no benefício, que é seu nome. Graças ao trânsito que seu Por ser uma aliança verticalizada, o prefeito.
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