UM FILME DE SINOPSES SINOPSE CURTA

Peping vai casar-se com a mãe do seu filho recém-nascido. Pobre e sem posses, aceita uma oferta de trabalho bem pago que um amigo lhe faz. Mas ao constatar que o trabalho implica matar uma jovem mulher Peping mergulha numa viagem às trevas.

SINOPSE

Peping vai hoje casar-se com a jovem mãe do seu filho recém- -nascido. Para um estudante pobre da academia de polícia não se coloca a questão de recusar uma oportunidade de fazer dinheiro. Já acos- tumado a receber dinheiro sujo de um pequeno cartel de droga, Peping aceita, ingenuamente, uma oferta de trabalho bem pago que um amigo corrupto lhe faz. Rapidamente, Peping mergulha numa intensa viagem às trevas enquanto testemunha o rapto e a tortura de uma lindíssima pros- tituta. Horrorizado e impotente perante esta aterradora operação nocturna dirigida por um assassino psicótico, Peping vê-se forçado a perceber se ele próprio será um assassino...

2 COMENTÁRIOS DE BRILLANTE MENDOZA

Kinatay significa “esquartejar” em filipino. A história foi baseada em acontecimentos reais. Enquanto fazia pesquisa para o meu filme SLINGSHOT, entrevistei pequenos criminosos e deparei-me com a confissão de um estudante de criminologia que passou por uma situação semelhante à da personagem de Peping em KINATAY. Fas- cinou-me ouvir em primeira mão a experiência deste jovem. Pensei que daria um tema interessante para um filme. Atraía-me a ideia de confrontar a morte no momento e no lugar mais inesperados. É acerca de percebermos a total arbitrariedade da morte.

TERROR

Não diria que KINATAY é um filme de terror, embora tenha alguns elementos em comum com o género. Fiz com que o crime surgisse inesperadamente e não logo ao início, o que é uma prática comum nos filmes de terror. Também introduzo lentamente os horrores que a mulher tem de suportar para evocar a emoção do medo. Normal- mente, a intenção proverbial de um filme de terror é, simplesmente, assustar o público. O meu objectivo com este filme era despertar o público para o próximo nível de medo - terem receio daquilo que re- conhecem como perigo, mas também do perigo que desconhecem.

COMO O MUNDO PODE SER VERDADEIRAMENTE PERIGOSO

Qualquer um de nós podia ser como o Peping. Ele é relativamente inocente e não sabe quão perigoso o mundo pode ser. O que lhe acontece em KINATAY podia acontecer a qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. Apesar de o podermos considerar cúm- 3 plice de um crime, ele é também uma vítima. De certa forma, ele é testemunha da sua própria morte. No momento em que Peping entra na carrinha, passa fazer parte daquele gangue criminoso, es- teja, ou não, ciente disso. Nunca será capaz de fugir deles. Mesmo que fosse capaz disso fisicamente, nunca conseguirá psicologica- mente. Ele já lhes vendeu a sua alma.

VÍTIMA E CÚMPLICE AO MESMO TEMPO

Madonna, a prostituta, representa a vulnerabilidade universal de todos os seres humanos. Os assassinos são brutalmente inuma- nos com ela a vários níveis, provando a sua enorme monstruosi- dade. Contudo, decidi intencionalmente não ser demasiado gráfico. Preferi concentrar-me mais em quão mal nos podemos sentir como testemunhas de situações terríveis. Os sentimentos em relação à situação da vítima são os sentimentos de Peping e também os nos- sos. Tal como ele, o público é vítima e cúmplice. Ele gostaria de a salvar, mas não pode. Nós somos testemunhas da existência destes horrores no mundo, mas também estamos presos nesta armadilha: o que é que podemos fazer para pôr fim a isto? Enquanto realiza- dor, apresento esta história como um contributo para a denúncia dos males do mundo. Mas se formos testemunhas destes actos e não fizermos nada, então, também somos cúmplices.

O VALOR DA VIDA

Nas primeiras sequências ainda de dia de KINATAY, há uma cena em que Peping passa por uma multidão e por equipas de televisão reunidas à volta de um suicida empoleirado no alto de um cartaz de publicidade. É irónico que Peping não saiba que mais tarde, nessa mesma noite, estará a questionar o valor da vida, algo que o suicida tem por garantido. É também irónico que tal como este homem faz parte das notícias naquele momento, Peping irá substituí-lo como nova notícia dramática no dia seguinte.

DE FORA PARA DENTRO

Quando vemos Peping na academia de polícia, o professor está a dar uma aula acerca da necessidade de investigar de fora para den- tro. De fora para dentro. Tentei mostrar esta situação e como a per- sonagem principal leva uma vida normal. Quis mostrar a sua relação não apenas com a família mas também com o ambiente à sua volta até ao seu envolvimento com os criminosos. É à noite, durante a missão com os criminosos, que descobrimos os seus sentimentos mais profundos e a visão que tem de si próprio e do seu futuro. 4 CONTRASTES

Em KINATAY, as minhas intenções eram muito específicas, não apenas no que toca ao tratamento narrativo da progressão do dia para a noite, mas também para o design de produção e para a fotografia. Queria que o aspecto luminoso e alegre do dia contras- tasse com a escuridão e o suspense das cenas nocturnas à medida que a personagem se aproxima do esconderijo dos criminosos. Os barulhos da rua durante o dia, e os ruídos e a música assustadores durante a noite, enquanto os criminosos viajam na carrinha, foram de grande importância na construção daquilo que a personagem principal está a viver interiormente. Tal como a personagem, a ci- dade de é muito misteriosa. À noite, torna-se algo comple- tamente diferente.

TEMPO REAL E SUSPENSE

Durante a aterradora missão de Peping, há longos momentos em que assistimos a seu terror em tempo real. Acho que o tempo real foi a melhor escolha para a criação de suspense porque aproxima o público da experiência vivida pela personagem. Quanto mais cru é o tratamento, mais eficaz se torna, por causa da sensação docu- mental. Também foi importante para mim colocar a personagem de Peping numa situação inesperada. Mantenho deliberadamente público e Peping na escuridão para prolongar o suspense. Ao reve- lar aos poucos todos os pormenores durante o trajecto de Peping, somos capazes de melhor perceber aquilo por que Peping está a passar. Quis que o público sentisse que estava a andar naquela carrinha com ele.

5 FILMAR DENTRO DA CARRINHA

Filmei as cenas de dia em 35mm e as cenas nocturnas em HD. Quis dar maior contraste entre as duas partes do filme. Logística e tecni- camente, KINATAY foi, até à data, o meu filme mais difícil. Há muitas cenas que têm lugar dentro da carrinha dos criminosos. A equipa de iluminação teve que ficar no tejadilho da carrinha em movimento para iluminar os rostos dos actores que estavam no interior. A ver- dadeira fonte de luz vinha dos postes de iluminação e dos carros que passavam. Os microfones foram colocados dentro da carrinha enquanto eu, o director de fotografia e o director de som estávamos aninhados nas traseiras da carrinha.

VERDADE E HONESTIDADE

O que há em comum entre KINATAY e SERBIS, e com todos os meus restantes filmes, é a verdade e a honestidade que tento re- tratar na apresentação e nas histórias. Aprendo muito com todos os filmes que faço, e acho que ainda tenho muito que aprender. Uma das coisas que aprendi ao fazer KINATAY é estar sempre prepara- do para qualquer adversidade. Muitas vezes, estou completamente sozinho na minha visão de realizador, mas estes desafios não me afastam dos meus objectivos.

6 OS ACTORES (Peping)

Coco Martin é muitas vezes referido como o príncipe do cinema independente nas Filipinas por causa dos seus inúmeros papéis em filmes independentes aplaudidos pela crítica. KINATAY éo quinto filme que Martin faz com Brillante Mendoza depois de SER- BIS (2008), /SLINGSHOT (2007), KALELDO/ SUMMER HEAT (2006) e MASAHISTA/ (2005). Martin par- ticipou noutros filmes, nomeadamente em NEXT ATTRACTION, de Raya Martin, JAY, de Francis Xavier Pasion e DAYBREAK e TAMBOLISTA, de Adolfo Alix Jr. Martin tornou-se numa reconhe- cida celebridade graças às suas participações televisivas em im- portantes séries dramáticas, tais como “” (The Two of Us), “Ligaw Na Bulaklak” e “Daisy Siete”. Martin apareceu em vários anúncios de televisão (BPI, Globe, Smart) antes de se estrear no cinema com MASAHISTA/ THE MASSEUR, que lhe valeu o prémio para Melhor Actor do .

JULIO DIAZ (Vic)

Julio Diaz estreou-se no cinema com SINNER OR SAINT (1984), sob o pseudónimo de Rani Regaliza. Celebrizou-se como actor dramático em TAKAW TUKSO (1987), onde contracenava com , e HUBAD NA PANGARAP (1988). De entre outros seus filmes destaque-se ALIWAN PARADISE (1982), BAYANI (1992) e SAKAY (1993). Participou em dois filmes de Brillante Mendoza: SERBIS e KINATAY.

7 MARIA ISABEL LOPEZ (Madonna)

Maria Isabel Lopez licenciou-se em Belas Artes na Universidade das Filipinas. Começou a sua carreira como modelo. Em 1982, foi coroada como Binibining Pilipinas-Universe e representou as Filipinas no concurso de Miss Universo em Lima, no Perú. No final do seu reinado, assinou um contrato exclusivo com a Viva Films. O seu primeiro filme foi SANA BUKAS PA ANG KAHAPON em 1983 e também participou no aclamado WORKING GIRLS de Ish- mael Bernal, em 1984.

MERCEDES CABRAL (Cecille)

Mercedes Cabral participou em SERBIS e KINATAY de Brillante Mendoza. Teve também um papel secundário em BALIW (2007) e, mais tarde, recebeu o prémio de Melhor Actriz Secundária na edição de 2007 do Festival UP Inbox TV and Radio pelo seu desempenho no filme digital BITIN. Além de KINATAY, participou noutro filme em competição no Festival de Cannes, em 2009: THIRST, do realizador coreano Park Chan-wook. É estudante de Belas Artes na Universidade das Filipinas.

8 BRILLANTE MENDOZA (Realizador) KINATAY é o sétimo filme do premiado realizador Brillante Mendoza. Mendoza pôs o cinema filipino na história quando, em 2008, SERBIS se tornou no primeiro filme do seu país a integrar a competição oficial do Festival de Cannes desde 1984. MASAHISTA (THE MASSEUR), a primeira longa-metragem de Mendoza, ganhou o Leopardo de Ouro em 2005 no Festival de Locarno, assim como o Interfaith Award em Brisbane e o Prémio do Público em Turim. Os seus filmes seguintes venceram mais prémios internacionais. MANORO (THE TEACHER) ganhou o CinemAvvenire no Festival de Turim, em 2006, e os prémios de Melhor Filme e Melhor Realizador no Cinemanila 2006. KALELDO (SUMMER HEAT) ganhou o Netpac Award em Jeonju 2007, e o prémio de Melhor Actriz em Durban 2007. FOSTER CHILD venceu o Prémio de Melhor Actriz em Nova Deli 2007, o Prémio Especial do Júri em Cazaquistão 2007 e o Prémio Signis em Las Palmas 2008. TIRADOR (SLINGSHOT) venceu o Prémio Especial do Júri em Marraquexe 2007 e o Prémio Caligari em Berlim 2008. Foram-lhe também atribuídos os prémios para Melhor Filme, Melhor Realiza- dor e prémio Netpac em Singapura 2008. Brillante Mendoza nasceu em San Fernando, nas Filipinas. Estu- dou Belas Artes e Publicidade na Universidade de Santo Tomas, em Manila. Antes de se dedicar à realização, trabalhou como direc- tor de produção no cinema, na publicidade e no teatro.

9 FILMOGRAFIA 2009 LOLA

2009 KINATAY

2008 SERBIS (SERVICE)

2007 TIRADOR (SLINGSHOT)

2007 FOSTER CHILD

2006 MANORO (THE TEACHER)

2006 KALELDO (SUMMER HEAT)

2005 MASAHISTA (THE MASSEUR)

10 FICHA ARTÍSTICA COCO MARTIN Peping

JULIO DIAZ Vic

MERCEDES CABRAL Cecille

MARIA ISABEL LOPEZ Madonna

JOHN REGALA Sarge

JHONG HILARIO Abyong

11 FICHA TÉCNICA Realização BRILLANTE MENDOZA

Argumento ARMANDO LAO

FotografiaODYSSEY FLORES

Direcção Artística HARLEY ALCASID, DEANS HABAL

Design de Produção DANTE MENDOZA

Música Original TERESA BARROZO

Montagem KATS SERRAON

Casting ED INSTRELLA

Produção Executiva DIDIER COSTET

110’ | 35 mm | Cor | 1:1.85 | Dolby SR | falado em tagalog | 2009 | França / Filipinas Distribuído por Alambique 12