Metaleurop: OS SAQUEADORES Desmascarados GLENCORE

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Metaleurop: OS SAQUEADORES Desmascarados GLENCORE CICLO INTEGRADO DE CINEMA, DEBATES E COLÓQUIOS NA FEUC DOC TAGV / FEUC INTEGRAÇÃO MUNDIAL, DESINTEGRAÇÃO NACIONAL: A CRISE NOS MERCADOS DE TRABALHO MetaleuroP: OS SAQUEADORES DESMASCARADOS UM FILME DE CHOEURS DE FONDEURS E attac-ROMANS GLENCORE: A Multinacional DOS FLIBUSTEIROS DA ECONOMIA UM FILME DE PatRICE DES MAZERY CICLO INTEGRADO DE CINEMA, DEBATES E COLÓQUIOS NA FEUC DOC TAGV / FEUC INTEGRAÇÃO MUNDIAL, DESINTEGRAÇÃO NACIONAL: A CRISE NOS MERCADOS DE TRABALHO http://www4.fe.uc.pt/ciclo_int/2007_2008.htm ParaÍSOS FISCAIS, INFERNOS SOCIAIS: O ENCERRAMento DA MetaleuroP CONFERÊNCIA JEAN-LOUIS MARTIN MetaleuroP: OS SAQUEADORES DESMASCARADOS (2003) UM FILME DE CHOEURS DE FONDEURS E attac-ROMANS GLENCORE: A Multinacional DOS FLIBUSTEIROS DA ECONOMIA (2004) UM FILME DE PatRICE DES MAZERY MESA REDONDA E DEBate COM JEAN-LOUIS MARTIN (DIRIGENTE SINDICAL DA MetaLEUROP), SALDANHA SANCHES (FDUL), ULISSES GARRIDO (CGTP), JOÃO PROENÇA (UGT) E ANTÓNIO CASIMIRO (FEUC) TeatRO ACADÉMICO DE GIL VICENTE 18 DE JANEIRO DE 2008 Parte I. 1. Crónicas publicadas no jornal Le Monde 05 Já não têm emprego, alguns estão doentes, perderam tudo 05 A multiplicação dos planos sociais preocupa o governo 08 Uma fábrica de família 12 Os administradores judiciais da Metaleurop Nord querem alargar o procedimento de saneamento financeiro a todo o grupo 18 Na caça aos ‘patrões vigaristas’ faltam as munições 20 O Estado atribui aos assalariados da Metaleurop Nord uma ‘indemnização por prejuízo moral’ de 15.000 euros 23 Como os assalariados de Metaleurop Nord tiveram êxito em rever a decisão judicial de encerramento da sua fundição, na instância judicial superior 25 O Tribunal Supremo anula a extensão da liquidação da Metaleurop 28 Dois anos depois da sua recuperação judicial, Metaleurop aproveita a subida do chumbo para voltar a ser cotada na Bolsa de Paris 29 O tribunal recusa o pedido de condenar a Metaleurop SA 32 2. Textos apresentados na Assembleia Nacional Francesa 32 Proposta de resolução apresentada na Assembleia Nacional Francesa 32 Ontem Metaleurop Nord, hoje Samsonite e amanhã? 39 Parte II. 1. Crónicas de outros jornais 41 Glencore: Empresa de comércio internacional Suiça liga a City a fraude com o petróleo Iraquiano 41 Glencore: Glencore emerge como colosso industrial 47 Matérias-Primas: Glencore entra na luta pelos activos da Russneft 52 Parte III. 1. Paraísos Fiscais 57 Os Paraísos fiscais e o mal-desenvolvimento 57 Um contexto de injustiça fiscal generalizada 68 As ‘caixas pretas’ da mundialização financeira 73 Dinheiro sujo: a má fé americana 76 Fiscalidade e deslocalizações 80 Porquê uma fiscalidade internacional? 86 PARTE I. 1. CRÓNICAS PUBLICADAS NO JORNAL LE MONDE Já não têm emprego, alguns estão doentes, perderam tudo Jean-Paul Dufour Artigo publicado na edição de 23.01.03 Numa região já atingida pelo desemprego e pelo saturnismo1 devido aos resíduos da fábrica, os 830 assalariados esperam “um plano social digno deste nome”. Em Noyelles-Godault, a fundição polui o ambiente desde 1894”. Numa situação de choque, a confusão e as interrogações. O delegado da CGT da fábrica, Farid Ramou, evoca “um imbróglio sócio-jurídico muito pesado”, e o perfeito de Pas-de-Calais, Cirilo Schott, reconhece que “ainda não dispõe de todos os elementos”. À saída de um Comité de empresa extraordinário, na terça-feira, 21 de Janeiro, o presidente de Metaleurop Nord, Gilbert-Alain Ferrar, considerou que a apresentação à falência não está na ordem de trabalhos 1 O saturnismo, ou plumbismo, é o nome dado à intoxicação pelo chumbo. Ela afecta milhões de pessoas em todo o mundo como resultado da poluição ambiental, além de outras espécies, como as aves aquáticas. Em humanos, as principais fontes de intoxicação são as tintas que contém chumbo, baterias de automóveis, pilhas, soldas, e emissões industriais. Em outras espécies, somam-se o chumbo usado em projécteis para a caça (que também são uma causa de saturnismo em humanos com projécteis alojados) e os pesos para linhas de pesca, que são ingeridos por peixes, por sua vez ingeridos pelas aves. Em humanos, a intoxicação pode levar a um quadro clínico evidente ou a alterações bioquímicas mais subtis. Os sintomas mais comuns são dores abdominais severas, úlceras orais, constipação, parestesias de mãos e pés e a sensação de gosto metálico. O exame físico pode demonstrar a presença de uma linha de depósito de chumbo na gengiva e neuropatia periférica. Outras alterações incluem anemia (porfiria secundária e inibição da medula óssea), disfunção renal, hepatite e encefalopatia (com alterações de comportamento, redução no QI). Extraído de: Wikipedia. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Saturnismo. 5 no plano imediato, mas o perfeito acredita que corre o risco de ter “ele que intervir dentro de alguns dias”. Enquanto Ferrar, não disponível, estava “em reunião” todo o dia, uma quinzena de representantes do pessoal foi recebida por Cirilo Schott durante uma hora e meia, na terça-feira à tarde, para “uma análise da situação”. “O Estado foi bem claro. Demonstrará firmeza e considera que o tratamento reservado a esta fábrica e às pessoas que aí trabalhavam são inaceitáveis”, sublinha o perfeito. Os assalariados felicitam-se. Mas, “para além deste apoio declarado, queremos actos concretos”, declarou Farid Ramou. As acções jurídicas contra a Metaleurop SA? “Quaisquer que sejam os resultados, sabe-se efectivamente que estas serão longas. E, esperando, o que nos importa é o destino dos 830 assalariados”, recorda o delegado da CGT. “Basta de tantas palavras em termos políticos, diz Francis Dubus, representante da CFDT. “Necessitamos de resultados, ou seja, de um plano social digno deste nome, duma reconversão desta bacia de emprego ou então duma manutenção da zona industrial.” Como muitos outros, não crêem nos eventuais compradores evocados por Ferrar. “É uma mensagem de esperança que ele nos quer dar”, explica um militante da CGT. Mas não conhece a empresa desde há tanto tempo como nós. Por nosso lado, sabe-se que isto supõe mercados e grandes investimentos para se atingir uma situação normal. 32 crianças contaminadas Com toda a lógica, os participantes na reunião decidiram discutir a hipótese da apresentação à falência. “Deveremos ter uma perspectiva melhor da situação antes de poder definir as modalidades do envolvimento do Estado”, reconhece o perfeito. Enquanto se espera, os sindicatos aceitaram empenhar-se neste sentido. “Disseram- nos que iam formar grupos de trabalho sobre os diferentes dossiers. Vamos também participar”, diz Farid Ramou. Para procurar, em conjunto com as autoridades públicas, que estas levem os responsáveis a tomar as medidas necessárias. Só a vertente social foi evocada nesta terça-feira. A poluição? “Não é a nossa primeira preocupação”, diz um responsável sindical, com um ar cerrado. Instalada 6 em Noyelles-Godault desde 1894, esta fábrica, que foi a mais importante fundição de chumbo europeia, contaminou, no entanto, largamente os arredores. O último estudo, feito em 2001-2002 pelo Serviço regional da saúde, revelou que, em 2002, 32 crianças de idade entre os 2 e os 4 anos de idade, de entre 331 examinadas nas zonas ribeirinhas, apresentavam uma taxa de chumbo no sangue superior à norma autorizada de 100 microgramas por litro. A proporção atinge 25% em Evin- Malmaison, situado sob os ventos dominantes. Mas Metaleurop Nord representa numerosos empregos e o quarto das receitas fiscais da comunidade de Hénin- Carvin (126.000 habitantes), duramente atingida pela recessão mineira: em certas localidades, a taxa de desemprego atinge os 25 %. Os raros pioneiros da defesa do ambiente, que se manifestaram a partir dos anos 1970, durante muito tempo pregaram no deserto. Se a poluição dos solos foi sublinhada em 1997, a despistagem do saturnismo nas crianças foi lançada apenas em 1993. O traumatismo do encerramento anunciado despertou o velho ressentimento de uma parte da população, que torna “os ecologistas” responsáveis por esta decisão. Ludovic Dopierala, que acaba de apresentar queixa pelo envenenamento, decidiu calar-se durante algum tempo: “Prefiro esperar que as pessoas se acalmem, façam o ponto da situação, se virem contra os verdadeiros responsáveis e deixem de procurar bodes expiatórios que se limitaram a respeitar a lei e a tentar proteger as suas crianças.” O presidente do Comité que reúne uns 60 habitantes de Evin- Malmaison, ele também, apresentou queixa e Jean-Pierre Wirtgen não esconde o seu medo: “Recebi ameaças verbais várias vezes, na frente de testemunhos, afirmou.” Como por toda a parte, há também por aqui pessoas que reagem sem estar a reflectir. Eu não lhes quero mal. Eu compreendo-os. Já não têm mais trabalho, e alguns estão doentes. Não poderão sequer vender a sua casa. Estão como nós: perderam tudo. Mas certos meios de comunicação social ávidos de sensacionalismo colocam uns contra os outros. É dramático. Em Noyelles-Godault, ninguém deseja atiçar a tensão, e cada um sabe que não há nenhuma urgência: uma poluição centenária não se elimina em poucos meses. “As medidas tomadas permitiram que os resíduos anuais de chumbo da 7 fábrica na atmosfera passassem de 360 toneladas nos anos 70 para 17 toneladas este ano”, sublinha o perfeito que, quarta-feira de manhã, devia dar oficialmente posse a uma Comissão local de informação e de vigilância (CLIS), comissão esta que a zona industrial até aí ainda não tinha. Mas, reconhece, “o plano social é evidentemente, para nós, a prioridade absoluta”. A multiplicação dos planos sociais preocupa o governo Benoît Hopquin e Frédéric Lemaître Artigo publicado na edição de 25.01.03 Para além do processo Metaleurop, directamente gerido por Matignon, as supressões de empregos na Daewoo, ACT Manufacturing, Matra, Arcelor e Ar Lib forçam Jean-Pierre Raffarin a reconsiderar as suas prioridades sociais. Enquanto vários ministros intervieram de forma dispersa sobre o processo Metaleurop, os serviços do primeiro-ministro multiplicaram as reuniões de crise na quinta-feira 23 e na sexta-feira 24 de Janeiro. O governo, que vai ter que gerir importantes e vários planos sociais, não quer dar a impressão de que com o clima criado pela decisão de não avançar já com a lei de modernização social favorece o regresso “dos patrões vigaristas”.
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