Revista da Câmara São Nicolau Municipal da Ribeira Brava - São Nicolau nº 3 • Abril 2010 • Distribuição Gratuita • Editor: Alfa Comunicações 2010 Ano da Água

Dessalinizadora Primeiro Museu traz mais água da Água de de qualidade Cabo Verde 2

SUMÁRIO

4 a 7 10 14 e 15 Entrevista Formação Profissional Desenvolvimento “Investir na água é “Autarquia forma jovens “Plano Municipal de Água investir na para a necessidade da já está em curso” sustentabilidade da terra” mão-de-obra local”

20 e 21 24 e 25 30 Agricultura Carnaval Artesanato “Aumento da produção “Depois do sucesso deste “Jaci Fonseca quer criar a desafia mercado local” ano, Carnaval 2011 já está sua própria empresa” em preparação”

Propriedade: Câmara Municipal da Ribeira Brava, São Nicolau - Cabo Verde Produção e Edição: Alfa Comunicações, Lda. – Palmarejo – CP- 690 – Praia – Cabo Verde Tlm: (+238) 992 32 38 • Tel: (+238)262 86 77 • Fax: (+238) 262 85 05 • E-mail: [email protected] Editora: Gisela Coelho • Colaboraram neste nº : Gisela Coelho, Karina Moreira Fotografia: Alfa Comunicações, Câmara Municipal da Ribeira Brava • Design: Alfa Comunicações Impressão e acabamento: pré&press - Sintra (Portugal) • Tiragem: 2.500 exemplares • Distribuição Gratuita FICHA TÉCNICA FICHA

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EDITORIAL

no de 2010 com mais água e mais qualidade de vida para o Município” - este é o slogan que, em Janeiro deste ano, marcou o arranque de um projecto estruturante para o Município. “AFalo-vos do Plano Municipal de Água que, prevê, até 2012, levar água canalizada de qualidade a todas as loca- lidades. É um desafio que está em curso e do qual já consegui- mos tirar grandes ganhos. Actualmente, Ribeira Brava é, tal- vez, o único que já consegue ter água na rede, 24horas por dia, na sede do Município. Isto representa um sinal efectivo de que as metas propos- tas já estão a ser alcançadas, mas ainda há muito a fazer. Temos em curso o projecto de construção de uma unida- de de dessalinização de água, que pretendemos que esteja concluído até final deste ano. Com o recurso à água dessalinizada para fornecer à po- pulação, vamos poder canalizar a água dos furos, exclusiva- mente para a agricultura. Aqui está uma das principais rampas de lançamento para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável de quali- dade. Mas é preciso criarmos em nós um espírito mais dinâ- mico e empreendedor, se queremos ganhar os desafios que se impõem hoje em dia no mercado agrícola nacional. A água é o nosso recurso mais precioso e está no cen- tro do nosso desenvolvimento. Dela depende mais e melhor qualidade de vida, mais e melhor produção. Mas é preciso saber racionalizá-la também porque não é um recurso ines- gotável. Precisamos de continuar a investir na rega gota a gota e em formas de cultivo mais eficientes. É necessário apostar- mos em novos produtos, de acordo com as necessidades do mercado porque, com a disponibilidade e qualidade da nossa água, e o nosso micro-clima, principalmente no Vale da Fajã, reunimos todas as condições para desenvolvermos uma agricultura de sucesso. Mas este é um trabalho que tem de ser feito em conjunto pela autarquia, pelos agricultores, com a parceria estratégica do Governo, através do Ministério do Ambiente, Desenvolvi- mento Rural e Recursos Marinhos. Contamos consigo! Juntos vamos conseguir! Américo Nascimento

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“Investir na água é investir na sustentabilidade da terra”

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A autarquia da Ribeira Brava escolheu o ano 2010 como o grande momento de aposta nas potencialidades que este precioso recurso traz para o Município. O objectivo é fornecer água de qualidade através da dessalinização às populações e canalizar a água dos furos para desenvolver a agricultura. Em entrevista à Revista Ribeira Brava, o autarca Américo Nascimento fala destes e de outros projectos em curso que estão a mudar o Município que gere.

Às portas de assinalar dois anos de mandato à fren- Temos investido no atendimento às pessoas de for- te dos destinos da Câmara Municipal da Ribeira Bra- ma personalizada e já fizemos um trabalho considerável va, que balanço é que faz da sua gestão? na área social, desde a habitação social, passando pelo Pode parecer uma frase feita, mas o balanço é po- desencravamento das localidades, pela assistência aos sitivo. Todavia, nós vamos apresentar o balanço deste mais vulneráveis, seja através de géneros, medicamen- mandato no próximo dia nove de Junho, como fizemos tos ou evacuações, que fazemos em grande número no ano passado, para o julgamento dos munícipes. para São Vicente e Praia. Assim, serão os próprios munícipes a fazer a sua Por outro lado, temos feito um trabalho extraordiná- avaliação do nosso trabalho durante os primeiros dois rio, principalmente no Ensino Básico Integrado (EBI), anos do nosso mandato. sem descurar o Ensino Secundário e Superior, onde, em todos os níveis, há apoios concretos da autarquia. O que destaca durante estes dois anos? Temos investido no aspecto visual das escolas e Primeiro, destaco uma nova forma de governar o procedemos à pintura de vários estabelecimentos de Município. Uma forma aberta, participativa, onde os ensino. Continuamos o nosso projecto ambicioso de um munícipes, a qualquer momento, podem dialogar com computador por escola, que pode parecer pouco, mas o Presidente da Câmara, obtendo sempre uma respos- que para a escola do EBI significa muito. ta, mesmo que a resposta, às vezes, não ser~ja aquela É nas escolas que está a base do desenvolvimento que se está à espera. do Município e é por isso que também temos apostado As reivindicações são geralmente justas e legitimas, na formação profissional, onde temos na Escola Profis- mas às vezes é preciso mostrar às pessoas que não é sional do Caleijão, o embrião deste objectivo. Investi- possível fazer tudo de uma vez. Porque, hoje fazemos mos também na formação de formadores para o ensino uma coisa e amanhã já é preciso fazer outra. profissional no Município. Segundo, nós temos dado às comunidades uma Neste momento está a decorrer uma formação no atenção especial, com o entendimento que todas as co- Centro de Extensão Rural de Fajã, com o apoio da Câ- munidades têm direito à sua “gota de água”. mara Municipal. Já apoiamos também a formação de Daquilo que é a minha avaliação pessoal, do que jovens em Beleza e Estética e temos a decorrer uma prometemos na campanha eleitoral, tenho quase plena importante formação de 17 jovens na área de constru- convicção que vamos chegar aos 100% e até ultrapas- ção civil (pedreiros). sar algumas das realizações propostas. Neste caso estamos a formar especificamente para o mercado de trabalho, porque há de facto uma carên- cia de profissionais – pedreiros, para trabalharem em obras na ilha. Somos uma Câmara de rosto humano. Primeiro, pela forma como dialogamos com as pessoas, pela for- ma como fazemos visitas às comunidades, pelo aten- “Investir na água é investir dimento às pessoas mais carenciadas e segundo pela importância que damos à área da juventude.

No campo da juventude têm um projecto ousado, a habitação jovem? na sustentabilidade da terra” Sim, julgo sermos o único Município em Cabo Verde a ter um programa específico para a habitação jovem.

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“Somos uma Câmara de rosto humano. Primeiro, pela forma como dialogamos com as pessoas, pela forma como fazemos visitas às comunidades, pelo atendimento às pessoas mais carenciadas e segundo pela importância que damos à área da juventude.”

Temos disponibilizado para alguns jovens lotes de ter- que a Vila ainda está destruída, mas na verdade já está reno com todo o projecto incluído, desde a estabilidade, tudo normalizado. como o projecto de arquitectura, e estão isentos do pa- Havia quem desconfiasse, inclusive, que não tería- gamento da licença de construção. mos condições de organizar as festas do Município e Também temos outro projecto para a aquisição de elas aconteceram dentro da normalidade. casa própria, com a perspectiva de, ainda este ano, ar- Logicamente que não foi um processo fácil, mas com rancarmos com a construção de 24 moradias, direccio- a confiança que transmitimos à população, foi possível nadas principalmente aos jovens quadros. repor a normalidade em todo o Município. É lógico que ainda há muito por fazer, principalmente Falando ainda da juventude, como é que está o pro- nas encostas e ribeiras que ficaram muito danificadas e jecto da Praça Digital da Ribeira Brava? nas estradas. Em termos financeiros é um trabalho que Nós temos feito algumas experiências pontuais, como ainda nem é possível calcular. foi o caso do Dia do Emigrante, nas Festas do Município. Estamos a recompor as vias de penetração, mas há Temos uma equipa do NOSI a trabalhar no SIM – Siste- urgência, principalmente na encosta da Vila, na Ladeira ma de Informação Municipal e na Praça Digital também. de Igreja e Monte Fora, que estão a sofrer intervenções Estamos a investir no acesso à informação para os no que diz respeito à preservação e contenção, com a munícipes, diria até que queremos democratizar esse construção de arretos e diques, para suster os terrenos acesso. Temos a Rádio Comunitária a funcionar há que ficaram extremamente abalados. mais de um ano e queremos ligá-la à internet para que os nossos emigrantes a possam ouvir na diáspora e ter Interior uma participação activa na vida do Município. do Museu da Água Depois de passados quase seis meses da catástrofe das chuvas, é visível o elevado nível de recuperação do Município. O que é que ainda está por fazer, ten- do também em conta a preparação para as próximas chuvas? Depois do cenário que foi mostrado na Comunicação Social, as pessoas chegam à Ribeira Brava e pensam

Colocação do 1ºcano de adução de água a Chã de Norte

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A Vila voltou à normalidade e já são visíveis A autarquia quer disponibilizar a totalidade da água dos as intervenções depois das chuvas furos para desenvolver uma agricultura de qualidade

Nas ribeiras temos um trabalho de fundo a fazer com Ao completarmos dois anos de mandato, este co- o desassoreamento e a construção de muros, para obri- lectivo camarário já tem um percurso feito. Temos de- gar a água a correr no leito das ribeiras. monstrado que temos uma forma de governar diferente É um trabalho muito longo, que exige maquinaria pe- e com isso todos ficamos a ganhar, porque, só estando sada, mas vamos trabalhar sem descanso para atingir- juntos é que conseguiremos alcançar esse objectivo de mos esse objectivo que é dar mais segurança à Vila. desenvolver o Município.

Quais são neste momento os maiores constrangi- Que projectos é que destaca para 2010? mentos ao desenvolvimento do Município? Tenho que destacar o ambicioso projecto da estrada Diria que o nosso maior desafio é encontrar a sus- que liga a Vila da Ribeira Brava ao aeroporto. Foi um tentabilidade económica. Temos que ser nós próprios projecto pensado por nós e apresentado ao Governo os protagonistas do nosso desenvolvimento e, o recur- para financiamento. Na primeira quinzena de Abril, o so à água está no centro desse desenvolvimento. Governo que já financiou este projecto vai assinar aqui Temos um Plano Municipal da Água para cumprir até na Ribeira Brava o contracto com a empresa que vai 2012, até ao final do nosso mandato. construir a estrada. Trata-se de uma infra-estrutura es- O objectivo é ter água dessalinizada até ao final des- truturante para o desenvolvimento da ilha e do Municí- te ano, para libertarmos toda a água das nascentes dos pio e dentro de três meses já estará em andamento. furos para a agricultura. Assim vamos poder produzir Em relação aos acessos destaco ainda com grande com mais qualidade e gerar mais emprego para a po- satisfação a continuação da estrada de ligação ao Carri- pulação. çal, que embora seja construída aos poucos, representa muito para aquela localidade. Mas para isso não basta ter água. É preciso o enga- Depois temos o projecto de electrificação de Covoa- jamento de várias entidades para poder criar condi- da que rondará os 15 mil contos e que vai revolucionar ções para esse desenvolvimento. Como é a relação a vida daquela população. da autarquia com instituições fundamentais como o Aqui, estamos a estudar ainda a possibilidade de Ministério do Ambiente e Agricultura? acedermos a Covoada via túnel, uma vez que o acesso Temos uma relação excelente com todas as institui- é um dos grandes constrangimentos para a população ções porque estamos aqui para servir todo o Município desta zona. e não para nos servirmos do Município. Já temos um possível traçado para a estrada, mas Neste aspecto somos uma câmara totalmente há estudos que precisam ser feitos e claro que é uma aberta. obra a equacionar a longo prazo. “O objectivo é ter água dessalinizada até ao final deste ano, para libertarmos toda a água das nascentes dos furos para a agricultura. Assim vamos poder produzir com mais qualidade e gerar mais emprego para a população.”

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1 Quase seis meses depois das chuvas que fustigaram o Município, a Vila da Ribeira Bra- va está de volta à nor- malidade. Quem viu as imagens resultantes das enxurradas fica admira- do ao visitar a Vila da Ribeira Brava; parece que nada aconteceu. A reconstrução de vias de acesso às localidades afectadas e de aquedu- tos já é visível em vários lugares, para além das obras estruturantes em curso, como é o caso 5 do Centro para jovens, chafariz e lavandaria de Água das Patas, que vão ser inaugurados no inicio do mês de Maio. A destacar ainda a construção de dez casas sociais na Preguiça e os Obras em curso polivalentes do Morro e Estância de Brás. No mês de Abril é assinado o contrato para a construção da estrada para o aeroporto, uma das principais obras estruturantes para este ano.

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1) Edifício CRP e Auditório Municipal 2) Polivalente do Morro 3) Aqueduto Pico Agudo 4) Reconstrução em Pandulha - Vila 5) Dez casas sociais na Preguiça 6) Obras na estrada do Vale 7) Polivalente Estância de Brás 8) Aqueduto Fundo- 9) Capela Estância de Brás 10) Capela de 11) Aqueduto de Marica 12) Futuro Chafariz e Centro Social de Água das Patas 13) Orfanato do Caleijão

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1) Edifício CRP e Auditório Municipal 2) Polivalente do Morro 3) Aqueduto Pico Agudo 4) Reconstrução em Pandulha - Vila 5) Dez casas sociais na Preguiça 6) Obras na estrada do Vale 7) Polivalente Estância de Brás 8) Aqueduto Fundo-Talho 9) Capela Estância de Brás 10) Capela de Carvoeiros 11) Aqueduto de Marica 12) Futuro Chafariz e Centro Social de Água das Patas 13) Orfanato do Caleijão

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Autarquia forma jovens para a necessidade da mão-de-obra local

Silvino da Luz Os novos pedreiros trabalharão na reconstrução do município

O recém-criado centro de Formação Profissional do Caleijão abriu guir maior estabilidade profissional as portas para formar 17 jovens pedreiros. Esta primeira formação no futuro” explica. do centro conta com a parceria da Comissão Regional de Parceiros Este jovem, assim como os res- e tem como objectivo mais imediato suprimir a necessidade de tantes formandos serão integrados, mão-de-obra para os trabalhos de reconstrução do Município. depois do estágio, nas equipas que vêm trabalhando na recuperação Outro objectivo é dotar os be- mativas, beneficiando jovens de vá- das infra-estruturas e estradas mu- neficiários de um instrumento para rias localidades. Os jovens das loca- nicipais, danificadas pelas chuvas o auto-emprego futuro. Em Março, lidades de Carriçal, Morro, Belém e de Outubro último. os alunos receberam formação teó- (zona Leste da ilha) foram Depois da conclusão desta pri- rica no centro durante duas sema- os primeiros a serem contemplados, meira acção, serão abertas mais nas e receberam formação prática mas estima-se que em breve mais turmas, para abranger outras zo- no terreno, fazendo trabalhos de jovens serão alvo desta formação. nas do Município, como garante medição, levantamento de parede, Silvino da luz, jovem desempre- Francisco Lubrano. reboque e muitos outros. gado e com o sexto ano de escolari- O centro, cujos trabalhos de re- Depois da formação prática os dade, é um dos beneficiários da for- cuperação e apetrechamento con- novos pedreiros beneficiam ain- mação e confessa depositar grandes taram com o apoio do Instituto de da de um período de estágio, que expectativas no que tem aprendido. Emprego e Formação Profissional durará cerca de um mês, durante “A experiência tem sido muito “IEFP”, e do Ministério da Agricultu- o qual continuarão a ser seguidos proveitosa. É a primeira vez que re- ra, Desenvolvimento Rural e Recur- pelo formador. cebo formação num ofício específi- sos Marinhos, pretende ainda abrir De acordo com o vereador, Fran- co. Não tinha nenhuma experiência cursos nas áreas da Agro-pecuária, cisco Lubrano, esta formação está a de construção civil e espero que Atendimento ao Público, Culinária ser desenvolvida por unidades for- esta formação me ajude a conse- e Informática, entre outros.

Revista Ribeira Brava • Abril 2010 Revista Ribeira Brava • Abril 2010 EMPREENDEDORISMO 11 Dona Artemisa quer preservar a costura tradicional Costureira há 25 anos, Artemisa Nascimento é um exemplo de perseverança e amor à profissão. Dedica-se de corpo e alma à costura, ofício que herdou da mãe. No seu ateliê no Alto de São João emprega uma costureira e duas ajudantes.

Num mercado cada vez mais as- pôr em andamento um longo sediado pela produção industrial esta processo, que chega a demo- mulher não baixa os braços à concor- rar meses. rência e continua a fidelizar os seus “Antigamente havia duas clientes, oferecendo um serviço per- lojas de material de costura sonalizado e de qualidade. mas acabaram por fechar as O negócio já não é igual aos tem- portas. Para pessoas como pos em que ainda não existiam lojas eu que decidiram manter-se chinesas ou boutiques com roupa im- no ramo, as coisas tornaram- portada, mas Dona Artemisa sente-se se mais complicadas. Tenho Com alguma dificuldade D. Artemisa consegue atrair realizada, por fazer o que gosta e por de encomendar todo o mate- ainda algumas jovens para a profissão conseguir manter o seu negócio. rial da Praia, com os custos que a “Ser costureira foi uma escolha. operação implica” esclarece. Tive oportunidade de estudar e che- Segundo explica esta costureira guei mesmo a frequentar um curso de de mão cheia, além dos preços ele- enfermagem, mas descobri que era vados, a irregularidade da ligação como costureira que me sentia mais marítima é outro quebra-cabeças feliz”, explica convicta. para o transporte do material. Apesar da tradição de costura por “Há quatro meses que o navio encomenda estar a cair cada vez mais “Tarrafal” sofreu uma avaria e, desde em desuso, ela é responsável ainda então, estamos sem ligação marí- pelo abastecimento de uma grande tima com a cidade da Praia. Temos franja do mercado da ilha, produzindo que trazer tudo de avião, o que fica batas, uniformes escolares, vestidos muito mais caro. Por esta altura, por e fatos para baptizados, casamentos exemplo, já podia estar a confeccio- e ocasiões festivas. nar os uniformes para o ano lectivo Os largos anos de experiência e 2010/2011, mas ainda não comecei a sua própria criatividade e inovação por falta de material, ” realça. conferem qualidade ao seu trabalho, A falta de mão-de-obra qualifica- O ateliê emprega três pessoas feito com minúcia e perfeição. da é outro constrangimento do sec- Dona Artemisa é conhecida tam- tor, como o provam as três máquinas Esta dinâmica empresária garan- bém pela sua habilidade para a con- que Dona Artemisa mantém paradas te que não se arrependeu da esco- fecção de trajes de carnaval, que por falta de quem as opere. lha que fez. “Podia ter feito um curso representam a maior fatia do seu vo- “Noutras áreas os jovens pa- superior ou ter uma profissão mais lume de negócios. gam para ter formação. Aqui no valorizada socialmente. Mas o certo Além do mercado local também ateliê tenho de pagar às pessoas é que me sinto totalmente realizada. costura para as ilhas do Sal e San- que ensino. Contudo é recompen- Trabalho no que gosto e tenho os tiago. Contudo, para conseguir res- sante, pois sei que estou a trans- rendimentos necessários para man- ponder às solicitações e ter as enco- mitir um conhecimento útil para a ter o negócio, gerar emprego e viver mendas prontas a tempo, é preciso preservação da tradição”. com dignidade” conclui Artemisa.

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Kevin Silva Vila O concelho tem desenvol- Fernanda vido a bom ritmo. Tivemos re- centemente muitos prejuízos Gomes em obras, que já estavam Estância Brás terminadas, por causa das A autarquia tem chuvas, mas os trabalhos de desenvolvido um ex- reconstrução têm avançado. O que ainda faz falta é a pre- celente trabalho e paração da camada juvenil na nossa localidade para responder aos desafios este trabalho é visí- do desenvolvimento do con- vel em várias áreas. celho. Deve haver uma maior aposta na formação profissio- Há muitas obras em nal da juventude. curso. Concluímos recentemente a remodelação da capela local e há mais geração de emprego. Contudo, os ho- Evandro mens têm sido mais beneficiados pelo tipo de trabalho que existe. É preciso haver emprego Oliveira feminino também, porque muitas famílias são Talho chefiadas por mulheres que precisam de rendi- mentos para cumprir os seus compromissos. A O concelho mudou muito localidade precisa também de um posto de tele- nos últimos anos. Foi feito fone público para quem não tem ainda telefone muito investimento na juven- fixo em casa. tude e agora já temos centros de juventude, infra-estruturas desportivas e os jovens tem mais opções. O acesso à água também melhorou muito Victor no município. Muitas casas já têm água canalizada. Em Talho precisamos de um centro social para que a população tenha Ramos um sítio para se reunir e intervir mais no desenvolvimento da Preguiça comunidade. Tem havido uma boa dinâmica de crescimento no concelho. A nossa Gardénia Silva localidade ganhou Campinho recentemente a De uma forma geral todo o Casa do Pescador, concelho tem beneficiado de onde podemos melhores condições de vida. guardar o nosso Contudo faltam ainda algumas material, fazer o conserto dos botes, entre outras intervenções na melhoria dos coisas. Contudo precisamos de mais incentivos acessos para algumas locali- à pesca, criação de casas vocacionadas no mu- dades. As estradas foram mui- nicípio, já que todo o material tem de vir de fora. to danificadas pelas chuvas O nosso cais está agora a receber obras mas é do ano passado, mas é visível preciso que se pense também em intervenções o trabalho que a câmara tem mais estruturantes que permitam atracagem e levado a cabo para recuperá-las. Em Campinho já foi feito descargas de navios de maior porte. algum trabalho na via de acesso e agora temos esperança de vir a ter água canalizada.

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Conselho Municipal da Juventude envolve jovens na dinâmica local

O Conselho Municipal da Ju- Aliás o fomento à iniciativa juvenil ventude de Ribeira Brava realizou é uma das preocupações do conce- em Abril a sua primeira Assem- lho, que acolheu no mês de Abril a bleia-Geral, com o objectivo de XIV Semana Nacional da Juventude, definir as estratégias para o sector, que reuniu em Ribeira Brava jovens em 2010. de todo o país. O órgão, que já se encontra do- O encontro resultou de uma parce- tado dos meios necessários para o ria entre a Direcção-Geral da Juven- seu funcionamento, pretende ser de tude e a autarquia local e constituiu acordo com o vere- uma oportunidade ador Carlos Barbo- única de troca de sa um parceiro da experiências para a Câmara Municipal juventude. na definição de polí- Sob o lema Jo- ticas e no relaciona- vens Unidos, Nação mento com a cama- Vencedora!, os cinco Carlos Barbosa da juvenil. dias de actividades O objectivo é serviram também integrar os jovens para incentivar ao nos desafios do Conselho Municipal da empreendedorismo desenvolvimento Juventude ja funciona juvenil, estimular a local, de modo a terem uma voz consciência do voluntariado e pro- activa, na resolução dos problemas mover comportamentos saudáveis, do município. entre os jovens. É neste âmbito que a autarquia Outro projecto que a autarquia pretende realizar, ainda em 2010, o quer concretizar recentemente é a recenseamento de todas as associa- instalação de uma Praça Digital. As ções juvenis do município. Desta for- negociações com o Núcleo Opera- ma a instituição quer ter uma visão cional da Sociedade de Informação, mais realista da participação social NOSI, já estão em curso, para que dos jovens, conhecer as áreas de os jovens do concelho possam ter Autarquia já iniciou negociações para a intervenção de cada associação e um acesso gratuito e de qualidade à instalação de uma praça digital projectar futuras parcerias. internet pública.

Localidades ganham infra-estruturas desportivas Indissociável da juventude, o desporto tem de uma placa para a modalidade. Serão também também merecido investimentos. Em curso es- criadas comissões de Atletismo e Ciclismo, além tão as obras das placas desportivas de Estância do incentivo à prática do Voleibol escolar. Brás e Morro. Também estão concluídos os pro- A criação do Conselho Municipal do Des- jectos para o estádio de futebol da Preguiça e do porto, para apresentação de propostas de acti- polidesportivo coberto da vila da Ribeira Brava. vidades e sugestões de políticas desportivas, é Além do Futebol, a autarquia quer incentivar outro dos projectos da Câmara Municipal para a à prática do Basquetebol, através da construção juventude.

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PLANO MUNICIPAL DE ÁGUA “Ano de 2010 com mais água e mais qualidade de vida para o Município” Actualmente, o Município da Ri- Em Janeiro deste ano, a Câmara Municipal da Ribeira Brava arrancou com beira Brava é, talvez, o único que já o slogan “Ano de 2010 com mais água e mais qualidade de vida para o consegue ter água na rede, 24ho- Município”. Trata-se de um projecto estruturante, – O Plano Municipal de ras por dia, na sede do Município. Água – que, prevê, até 2012, levar água canalizada a todas as localidades. Isto representa um sinal efectivo de que as metas propostas já estão a ser alcançadas. No entanto, Américo Nascimen- to, autarca da Ribeira Brava re- conhece que ainda há zonas que carecem de água em quantidade e qualidade. “Temos ainda muito trabalho pela frente em termos de adução de água e vamos ter que ter água dessalinizada para cumprirmos essa meta, explica o edil ribeirabra- vense. O projecto para a instalação de um dessalinizador, que vai permitir melhorar o abastecimento de água às populações deverá estar conclu- ído até ao final deste ano. O autarca adianta que já está assegurado o financiamento para o dessalinizador, assim como para a infra-estrutura onde vai ficar co- locado. Só esta parte do projecto está avaliada em um milhão e seiscen- Américo Nascimento, Adilson Melício, Moisés Borges e António Querido tos mil dólares e vai ser financiada “Esperamos ter o dessaliniza- que, pelo menos tenhamos água por uma organização que se chama dor na Ribeira Brava dentro de seis em Caleijão, embora o nosso pro- IBSA – Índia, Brasil e Sul de África, meses. Ainda vamos ter de fazer os jecto seja levar água através da através das Nações Unidas. respectivos furos na zona da Pre- gravidade a toda a ilha, em parce- Américo Nascimento adianta guiça. Já temos um reservatório ria com a Câmara Municipal do Tar- que os estudos de viabilidade já fo- em Caleijão, mas vamos ter neces- rafal”, explica o autarca. ram realizados, assim como o con- sidade de construir outro na zona Este projecto compreende vá- curso para a concessão da obra. da Preguiça, de mil toneladas, para rias etapas e não diz respeito ape-

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Colocação do 1ºTubo de Adução de Água a Chã de Norte Para debaterem o Plano e parti- ciparem num conjunto de iniciativas promovidas pela autarquia, alusivas a esta efeméride, estiveram na Ribei- ra Brava dirigentes da ADAD – Asso- ciação para a De- Moisés Borges fesa do Ambiente e esteve na Ribeira Desenvolvimento, Brava para participar o Director Geral do nas comemorações do Dia Internacional Ambiente e Sane- da Água amento, Moisés Borges, António Querido em repre- fica situada a 22 quilómetros da Ri- sentação das Nações Unidas para o beira Brava. Ambiente, Antão Fortes Presidente Durante o evento Américo Nas- da Comissão Executiva da Electra, cimento afirmou que “para já, a nos- Água dos furos para agricultura Hipólito Gomes responsável da pro- sa meta, nesta primeira fase, é che- nas a água para consumo. Ele en- dução e distribuição da Electra, ve- gar aos seis quilómetros de rede, globa uma forte componente ligada readores e eleitos municipais, entre ou seja, a Chã de Norte. O nosso à agricultura. outras personalidades. objectivo final é fazer a cobertura a Com a produção de água des- Os participantes elogiaram o todas as localidades, para que toda salinizada, a água dos furos ficará trabalho da autarquia e aborda- a gente tenha água canalizada na exclusivamente disponível para o ram a possibilidade da execução sua residência”. desenvolvimento da agricultura. de projectos ligados às energias A 1ª fase do projecto prevê a Américo Nascimento destaca renováveis porque a dessaliniza- ligação entre Lombinho e Chã de que o objectivo é “produzir mais e ção com recurso exclusivamente à Norte, numa extensão de seis qui- aumentar as nossas capacidades energia convencional, faz com que lómetros, orçada em cerca de dez em termos agrícolas, através, por a água chegue ao consumidor final mil contos. Já a segunda fase, que exemplo, da especialização em de- a um preço relativamente elevado. deverá estar concluída até 2012, terminados produtos. Isto irá abrir Tendo em vista este projecto compreende então a ligação até novas oportunidades ao mercado e ambicioso, no âmbito destas co- Juncalinho, num projecto orçado ao Município”. memorações, a Câmara Municipal em cerca de vinte e oito mil contos. Este Plano Municipal de Água, inaugurou um reservatório de água O Plano Municipal de Água da orçado num total de trezentos mil de 500 metros cúbicos na localida- Ribeira Brava faz parte de uma es- contos, esteve em discussão no de de Calejão e lançou o primeiro tratégia de desenvolvimento sus- âmbito das comemorações do Dia cano para a adução de água a Chã tentável do Município, que passa Internacional da Água, celebrado de Norte, com o objectivo de che- pelo combate ao desemprego e no passado dia 22 de Março. gar a Juncalinho, localidade que luta contra a pobreza.

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Aeroporto internacional marca nova era para ilhas do Norte International Airport marking a new era for the North Islands

O aeroporto internacional de São Pedro, na ilha de São Vicente, inaugurado a 22 de Dezembro pelo primeiro-ministro José Maria Neves, vai ter uma influência decisiva no incremento da actividade económica não só em São Vicente, como também nas duas ilhas vizinhas do norte, Santo Antão e São Nicolau. São Pedro’s international airport, in São Vicente island was inaugurated on the 22nd of December by the Prime Minister José Maria Neves. The airport will have an incisive influence for economic activity increment not only in São Vicente, but also in neighboring north islands – Santo Antão and São Nicolau.

Sede: AeroportoS: Aeroporto Internacional Amílcar Cabral São Pedro – Ilha de São Vicente Tel.: 232 37 15 Ilha do Sal – Cabo Verde E-mail: [email protected] Telefone: 241 13 94/72 Fax: 241 15 70/25 37 Aeroporto da Praia – Ilha de Santiago – Tel.: 263 93 35 E-mail: [email protected] – Balcão de Informação: Tel.: 241 12 29 E-mail: [email protected] anto o Governo como as autoridades locais e he Government, local authorities and econom- os operadores económicos da região norte do ic operators of the archipelago’s north region arquipélago manifestaram o seu optimismo manifested their optimism with the opening to Aeroporto internacional com a abertura do aeroporto a voos interna- international flights in the airport. As a reflex, Tcionais, uma vez que vários investimentos foram pro- variousT investments have been planned, taking into ac- jectados, tendo em conta as ligações de e para o Mindelo count air connections between Mindelo and the islands marca nova era para e as ilhas de Santo Antão (sem infra-estrutura aeropor- of Santo Antão (which doesn’t have airport infrastruc- tuária) e São Nicolau (com apenas um aeródromo para ture) and São Nicolau (which only has an air-field for ilhas do Norte voos domésticos). domestic flights). O aeroporto internacional de São Vicente vai igual- São Vicente international airport will equally sup- mente apoiar a criação de um centro de logística na ilha port the creation of a logistics centre in the island and International Airport e incrementar as actividades ligadas ao Porto Grande increment activities related to Porto Grande, which que deverá tornar-se num porto de pesca internacional should become an international fishery port to provide marking a new era for the para prestar serviço às frotas que actuam na região. No- services to fleets in the region. New opportunities arise vas oportunidades também surgem para o for naval repair services for CABENAVE North Islands serviço de reparação naval nos estaleiros shipyard. da CABENAVE. The same confidence in the future and O mesmo sentimento de optimismo optimism sentiment was expressed by the e confiança no futuro foi expresso pela Mayor of São Vicente City Hall, who em- presidente da Câmara Municipal de São phasized that the island is entering a new Vicente, que salientou a entrada da ilha era with new challenges and perspec- numa nova era, com outros desafios e tive of improved living quality for mind- perspectivas de melhoria da qualidade elense’s. de vida dos mindelenses. São Pedro international airport is en- O aeroporto internacional de São Pe- dowed with modern equipments holding dro está dotado de equipamentos moder- a capacity of 500 passengers’ traffic per nos com uma capacidade que chega aos hour. The landing strip has two thou- 500 passageiros por hora. A pista possui sand meters long and 45 meters wide. dois mil metros de comprimento por 45 Besides of traditional domestic flights, metros de largura. Para além dos voos the parking slab is capacitated to re-

O aeroporto internacional de São Pedro, na ilha de São Vicente, inaugurado a 22 de Dezembro pelo primeiro-ministro José Maria Neves, vai ter uma influência decisiva no incremento da actividade económica não só em São Vicente, como também nas duas ilhas vizinhas do norte, Santo Antão e São Nicolau. São Pedro’s international airport, in São Vicente island was inaugurated on the 22nd of December by the Prime Minister José Maria Neves. The airport will have an incisive influence for economic activity increment not only in São Vicente, but also in neighboring north islands – Santo Antão and São Nicolau. domésticos tradicionais, a placa de es- ceive joint operations from two aircrafts tacionamento tem capacidade para re- like 757 Boeing, which are the type of ceber a operação conjunta de duas ae- aircrafts used by TACV Air- ronaves tipo Boeing 757, aparelhos que lines in international flights, or plains a TACV-Cabo Verde Airlines utiliza nos like Airbus A-320 or A-310 operated by seus voos internacionais, ou ainda avi- TAP Air Portugal. ões como o Airbus A-320 ou o A-310, Cape Verde now counts with four in- operados pela TAP, Air Portugal. ternational airports homologated by the Cabo Verde passa a ter quatro aeroportos internacio- International Air Transport Association (IATA): Amílcar nais devidamente homologados pela Associação Inter- Cabral International Airport (Sal Island), Praia Airport nacional da Aviação Civil (IATA): Aeroporto Interna- (Santiago Island), Boa Vista Airport (Boa Vista Island) cional Amílcar Cabral (ilha do Sal), Aeroporto da Praia and São Pedro Airport (São Vicente Island). (Ilha de Santiago), Ilha da Boavista e São Pedro (Ilha de São Vicente).

AeródromoS: Rabil – Ilha da Boavista – Tel.: 251 13 13 Sede: AeroportoS: E-mail: [email protected] Aeroporto Internacional Amílcar Cabral São Pedro – Ilha de São Vicente Tel.: 232 37 15 Maio – Ilha do Maio – Tel.: 255 11 08 – Preguiça – Ilhade São Nicolau – Tel.: 235 13 13 Ilha do Sal – Cabo Verde E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] Telefone: 241 13 94/72 Fax: 241 15 70/25 37 Aeroporto da Praia – Ilha de Santiago – Tel.: 263 93 35 São Filipe – Ilha do Fogo – Tel.: 281 21 07 Ponta do Sol – Ilha de Santo Antão – Tel.: 225 11 33 E-mail: [email protected] – Balcão de Informação: Tel.: 241 12 29 E-mail: [email protected] E-mail – [email protected] E-mail: [email protected] DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO 18

Espaços verdes e arruamentos para breve Sandro Cruz ADESA aposta no incentivo à educação ADESA convida população a participar no desenvolvimento de Estancia Brás Com sete anos de vida tema de rega gota-a-gota”, explica aos melhores alunos”, destaca o a associação para o José Martins. presidente. desenvolvimento de Outro orgulho da associação é Na área social, a associação, já Estancia Brás, ADESA, conta a recuperação da conhecida Igre- construiu sete habitações sociais e actualmente com 50 sócios. jinha de João Martins, nas proximi- tem em curso a criação de espaços dades de Água dos Anjos, que con- verdes. A ideia nasceu através do Pro- tou com o envolvimento de todos O trabalho é visível e tem mere- grama Governamental de Luta con- os membros. cido o reconhecimento da popula- tra a Pobreza no Meio Rural, mas Situada na proximidade do mar ção local como testemunha o mora- actualmente é a população local e abrigada por uma rocha, a pito- dor Sandro da Cruz “a comunidade que dinamiza a associação, cujo resca capela, com mais de meio tem tido uma boa dinâmica nos principal objectivo é contribuir para século de vida, encontra-se total- últimos anos, há obras em curso, a melhoria das condições de vida mente remodelada, constituindo emprego para os jovens e menos em Estancia Brás. um ponto de atração turística e um pobreza” assegura. Os cerca de 400 habitantes vi- refúgio às canseiras do dia-a-dia. Ainda em 2010 a associação vem essencialmente da pesca, da A educação é outra área sensí- quer investir no apetrechamento da pecuária e da agricultura, que são vel para a ADESA, que promoveu unidade sanitária de base local, in- também as principais áreas de in- recentemente a substituição do tervindo numa das áreas de maior tervenção da associação. tecto do armazém e cozinha da es- carência da localidade. Entre os projectos concluídos re- cola de EBI da comunidade. Como principal desafio José centemente destacam-se, de acor- Os trabalhos contaram com o Martins aponta a mudança de men- do com o presidente José Martins, envolvimento de pais e encarre- talidade da maioria da população a construção de pocilgas e aviários gados de educação, da Enapor, e que encara a associação como para auxiliar os criadores locais, do Centro da Juventude de Ribeira uma instituição empregadora em bem como a construção de um di- Brava, entre outros parceiros. vez de uma organização voluntária que de captação na zona de Ribei- “Queremos incentivar os nossos que também precisa de apoios. ra Funda, principal zona de trabalho jovens a estudar. Garantimos trans- Por último, este líder comunitá- dos agricultores de Estancia Brás. porte escolar a alguns jovens da rio lança aos jovens locais o desa- “Com este projecto consegui- comunidade e estamos a envidar fio de participarem mais activamen- mos aumentar o caudal de água e esforços para a instalação de Inter- te no desenvolvimento local. a prática da agricultura de regadio net comunitária para os alunos do “As portas da associação estão na zona. Já temos inclusive alguns secundário. No EBI promovemos abertas. Quanto mais formos, me- agricultores a trabalhar com o sis- a distribuição de quites escolares lhor conseguiremos fazer” conclui.

Revista Ribeira Brava • Abril 2010 Revista Ribeira Brava • Abril 2010 DESENVOLVIMENTO 19

Ribeira Brava tem o 1º Museu da Água em Cabo Verde O museu está inserido num vasto programa de sustentabilidade Ribeira Brava tem o primeiro Museu da Água em Cabo Verde

É de louvar que, num país onde a água se revela ser o recurso e o bem mais precioso para as suas gentes, que a autarquia da Ribeira Brava, em São Nicolau O Museu da Água foi inaugurado tenha tido a iniciativa pioneira de criar o primeiro Museu da Água do arquipélago. no dia 22 de Março no Cachaço

Situado no Cachaço, em ple- uma das tarefas mais pesadas das de desenvolvimento sustentável da na reserva do Parque Natural do lides domésticas das comunidades população do Parque Natural do , o Museu da Água foi que ainda recorrem à água do tor- Monte Gordo, que é uma das 47 inaugurado recentemente, no âm- no para abastecer as suas casas. áreas protegidas do arquipélago. bito do Dia Internacional da Água, O Museu da Água passa assim A água está no centro da vivên- celebrado no passado dia 22 de a fazer parte do roteiro turístico da cia desta localidade, que tem na Março. Ribeira Brava, ao lado do histórico agricultura, a sua principal fonte de Com esta iniciativa a autarquia Porto da Preguiça, do mítico Or- rendimento e neste aspecto a água pretende resgatar a história e a vi- fanato do Calejão, que já está em adquire na comunidade local uma vência da população que está as- obras para ser transformado num importância mais abrangente. sociada ao transporte manual da Museu de Artes Sacras e da Histó- Embora, seja de pequena di- água no arquipélago, mas princi- ria e Cultura de S. Nicolau, do con- mensão, o Museu da Água está palmente no seu Município. ceituado Seminário de São Nicolau bem equipado com utensílios como Uma vivência sentida principal- e da própria Vila da Ribeira Brava o pote, o moringue de mão e de ca- mente pelas mulheres e crianças que é agora Património Nacional. beça e a “ardidja”, o tradicional pano desta localidade, que são quem Co-financiado pelo Governo de de cabeça, onde se coloca o pote. mais têm transportado água, à ca- Cabo Verde, pela Câmara Munici- De destacar ainda vários painéis beça, ou nos burros, como manda pal da Ribeira Brava e pela UNI- educativos, alusivos à importância a tradição. Esta era, e ainda é, em CEF –DAO, o Museu da Água está do recurso água para o arquipélago várias localidades do arquipélago, integrado num projecto mais amplo e para a comunidade local.

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Aumento da produção desafia mercado local

As fortes chuvas propiciaram Seis meses depois das fortes também o aumento do caudal de chuvas que assolaram a água e das reservas subterrâneas ilha, deixando um rasto de do concelho. Assim, a par do aumen- destruição e grandes perdas to das parcelas de regadio, levado a cabo pela delegação do Ministério da para a agricultura local, a Agricultura, o concelho tem registado natureza encarrega-se agora de um aumento de produção sem pre- recompensar os homens da terra. cedentes nos últimos anos, que tem constituído um verdadeiro desafio para os agricultores e comerciantes. É que, se antes a ilha do Sal figu- rava como o principal mercado, ac- tualmente problemas de transporte obrigaram alguns agricultores a mu- darem a sua rota para São Vicente. Sendo ainda uma primeira tenta- tiva, o mercado interno surge como principal consumidor. Contudo, o au- mento da produção tem obrigado a uma constante baixa de preço, não permitindo aos agricultores tirar o de- vido lucro do seu investimento. Como adianta o agricultor Salva- dor da Cruz, proprietário de algumas áreas irrigadas do Vale da Fajã, a produção foi muito boa. Para este produtor há produção suficiente para outras ilhas. “O mercado local não consegue consumir toda a produção e somos obrigados a baixar muito os

Lucília Soares queixa-se da pouca procura, mesmo com os preços mais baixos Agricultura de regadio pode duplicar nos próximos 2 anos

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Aumento da produção desafia mercado local

preços e até a ficar com os produtos a estragarem-se por falta de procu- ra”, destaca contente Salvador. Delegação quer duplicar a aérea Este agricultor congratula-se com irrigada do concelho até 2012 a criação de novas parcelas irrigadas e reconhece que actualmente o Vale Atento a esta nova dinâmi- da Fajã já não é o único local de pro- ca de produção e de mercado a dução. Delegação do Ministério da Agri- No entanto, esta concorrência cultura Desenvolvimento Rural e obriga a que se encontrem soluções Recurso Marinhos pretende con- de escoamento e que os agricultores tinuar a mobilizar água, com o voltem a sua produção para outros objectivo de aumentar os cerca produtos, já que a produção de hor- de 50 hectares irrigados para 90 taliças se encontra generalizada. hectares nos próximos dois anos. “O aumento do cultivo de frutas ”O concelho de Ribeira Bra- como banana e papaia, por exem- va dispõe de grandes parcelas plo, pode ser uma boa saída” explica de terreno para cultivo. Contudo Salvador da Cruz, que pretende fa- a maior parte é usada para agri- zer esta experiência brevemente. cultura de sequeiro. Queremos Para os comerciantes a baixa de inverter esta tendência. É claro preços é positiva, já que podem com- que este facto aumentará ainda prar mais barato e vender mais ba- mais a produção, sendo por isso rato. Contudo, queixam-se da pouca urgente a resolução do problema procura, já que há mais produção de transporte dos produtos para familiar como explica Lucília Soares, outras ilhas” explica o Delegado, vendedeira do Mercado Municipal. Adilson Melício. “Não temos conseguido grandes A introdução do cultivo de fru- ganhos. Apesar de os produtos esta- tas é também outro projecto em rem mais baratos, as vendas caíram curso da delegação, que prevê porque muitas famílias têm a sua dentro de um ano ter uma grande própria produção” remarca. produção de banana no concelho. As plantas já estão a ser distribu- ídas aos agricultores para cultivo. Delegação incentiva o cultivo de banana A introdução de mais siste- a construção de um centro de mas de rega gota-a-gota tem sido embalagem na zona do Vale da também impulsionada através da Fajã, cujo projecto já está conclu- concessão de micro-créditos aos ído. “Queremos agregar valor aos agricultores para aquisição de produtos de forma a chegarem ao material e instalação do sistema. mercado em pé de igualdade com A concessão está a ser feita os produtos que vêm de fora” ex- pelas ONGs - ASDID e MORABI, plica o responsável. com resultados muito satisfatórios, A conservação é outra vertente de acordo com Adilson Melício. do projecto, que também prevê a Outra iniciativa para a va- instalação de câmaras de frio para lorização da agricultora local é preservação dos excedentes. Agricultura de regadio pode duplicar nos próximos 2 anos Salvador da Cruz

Revista Ribeira Brava • Abril 2010 Revista Ribeira Brava • Abril 2010 ESPAÇO Trabalhadores do sector informal aderem ao programa de protecção social do INPS omerciantes, vende- deiras ambulantes, ta- xistas, condutores de Chiaces e outros trabalhadores do sector informal que tiram o seu dia de trabalho no Sucupi- ra e em toda a cidade da Praia estão felizes com a abertura do balcão do INPS naquele espa- ço comercial e tudo aponta que vão aderir em peso ao programa de protecção social do institu- to. Os inscritos já ultrapassam os cem, em apenas seis dias de atendimento. Trata-se de uma oportuni- dade há muito esperada. E o INPS está de parabéns ao ter concebido um programa que pretende acolher todos os tra- balhadores cabo-verdianos, seja os que trabalham por conta de outrem, seja os que laboram por conta própria. É que a partir de agora ninguém, querendo ficará fora do progra- ma de protecção social desta Atendimento no balcão Sucupira instituição que trabalha para os trabalhadores cabo-verdianos e as trem durante 11 anos, com direito a cartão de segurado do INPS, respectivas famílias. mas ficou sem seguro quando mudou de profissão. Há dois anos que No Sucupira, o maior centro comercial do país, muitos afirmam trabalho como taxista por conta própria. Já inscrevi, hoje por mi- ter estado a aguardar esta oportunidade há muito tempo, já que têm nha conta, porque acho importante a protecção social em situações a consciência de que estar inscrito no sistema de segurança social é de doença, velhice, e também é uma protecção para os meus dois a verdadeira protecção do trabalhador. filhos”. Anete Furtado, é uma comerciante do Sucupira que não escon- E este taxista e chefe de família explica, porque motivo en- de a sua satisfação por esta oportunidade que lhe é dada de fazer tende que todos os trabalhadores devem aderir ao programa. parte da família INPS e afirma que depois de 18 anos no mercado Desde que comecei a trabalhar por conta própria, fiquei sem do Sucupira é com alegria que fez a sua inscrição como trabalhador nenhum tipo de protecção. E sei que fica caro quando os fi- segurado do sector informal. Nunca tive cobertura da segurança lhos adoecem, ter de custear todos os medicamentos. Também social, e isso me deixava muita falta. Principalmente quando tinha ficamos sem os subsídios, e agora eu e minha família estamos problemas de saúde e na compra de medicamentos para mim e os protegidos”, reconhece. meus quatro filhos, afirma, sorridente, para acrescentar que “tam- Por isso mesmo, Félix Mendes da Silva aproveita para apelar a to- bém temos de pensar que pode acontecer alguma coisa, existem ca- dos os seus colegas no sentido de se inscreverem no sistema de pro- sos de invalidez e outros infortúnios que podem cair sobre a nossa tecção social. E estende esse mesmo para os patrões, os proprietários família. de táxi e outros que ainda não inscreveram os seus trabalhadores. Embora contente com o gesto do INPS, Anete Furtado não dei- Por exemplo, para o caso dos taxistas, Félix Mendes da Silva concor- xa de observar, entretanto, que a medida devia ter sido tomada há da que sendo uma profissão arriscada, pode-se sofrer um acidente e mais tempo, porque já perdemos muito tempo, antes de começar a ficar sem trabalhar. Nós também só ganhamos quando trabalha- descontar para reforma”. mos e em situações de doença, ficamos sempre sem recursos. Mas há muitos patrões que não se preocupam com isso e os taxistas acabam ANTES TARDE DO QUE NUNCA por ficar sem protecção. Por seu turno, Carlos Semedo, proprietário de táxi, afirma ter No entanto, para alguns operadores nunca é tarde para começar plena consciência de que a protecção social é um direito do traba- a descontar para o INPS. O taxista Félix Mendes da Silva é um dos lhador e uma obrigação para o patronato. Por isso, esse empregador que vai “recuperar” assim um direito que já teve, mas que acabou deslocou-se ao Sucupira para inscrever o taxista que trabalha com por perder, quando optou por trabalhar por conta própria. ele, ciente de que, como disse, o direito à segurança social deve ser Como disse, Félix Mendes da Silva trabalhou por conta de ou- respeitado por todos. É um benefício para o condutor e sua fa- assistência na doença. É um ganho muito mília. Se ele tiver algum problema de saúde, grande para o sector informal”, reconhece. acidentes (que podem acontecer), casos de invalidez, então ele estará protegido, reco- nhece Semedo, para dizer tratar-se a pro- SISCAP CONSIDERA UMA tecção social de um depósito para o futuro, BOA INICIATIVA porque pagas hoje e beneficias mais tarde em termos de pensões de velhice, de invalidez. A abertura do balcão do INPS no Sucu- É um direito que deve ser assegurado para a pira mais não é do que uma revolução para segurança do trabalhador hoje e no futuro. o sector da protecção social em Cabo Verde. É esta aposta no futuro que Manuela De acordo com o presidente do SISCAP, Monteiro quer ver garantida para si e os seus Julião Varela, os trabalhadores do sector filhos. A vender no Sucupira há mais de 15 informal gozam dos mesmos direitos que anos, Manuela Monteiro afirma que sem- os outros trabalhadores que estão no sector pre quis ser segurada do INPS, chegou até formal. a procurar saber se havia formas de o fazer, Conforme explica, muitos são os traba- mas só agora conseguiu. Esta trabalhadora, lhadores que perderam o emprego por cau- mãe de quatros filhos, entende que a sua se- sa das privatizações e que encontraram no gurança na doença e na velhice só o INPS sector informal uma alternativa de vida. Por pode garantir. isso, o SISCAP está a trabalhar no sentido É muito triste chegar á velhice e ficar a de ajudar-lhes a resolver o problema. “Para depender dos filhos que muitas vezes nem começar, estamos a trabalhar para melho- têm possibilidades para cobrir as tuas des- rar as condições de trabalho desses traba- pesas porque terão a sua vida e a sua família lhadores, principalmente do espaço onde para cuidar, observa, para considerar que trabalham, mas também no relacionamento a iniciativa de alargar o sistema de protec- com algumas instituições, nomeadamente a ção aos trabalhadores do sector informal é Direcção-Geral de Contribuição e Imposto Julião Varela - Presidente do SISCAP louvável, uma vez que estes constituem uma e o INPS”. grande franja da população cabo-verdiana, O sindicalista assegura ainda que a aber- significando assim que muita gente que até tura deste espaço é uma boa iniciativa, uma agora não tinha acesso à segurança social vez que esses trabalhadores têm pouco tem- passa a ter. po disponível e, portanto, a abertura do es- Entrar no sistema da protecção social é paço permitiu um contacto mais próximo uma luta antiga. O presidente da Associação com o INPS. Para aderir ao sistema basta dos Comerciantes do Sucupira, João Teixei- apresentar os documentos de identificação ra, explicou a este respeito que há cerca de seis e escolher entre as diversas modalidades de anos que a associação, juntamente com os sin- inscrição possíveis. dicatos, vem lutando para que os trabalhado- Julião Varela diz ainda que o SISCAP vai res do sector informal sejam abrangidos pelo apoiar os trabalhadores no processo de ins- sistema. Nós não tínhamos cobertura nenhu- crição no INPS, nomeadamente, no paga- ma. Agora temos direito a assistência médica mento das contribuições e na recepção das medicamentosa, evacuações, pensão de velhi- prestações que o instituto assegura. ce, de invalidez apoio em caso de morte. Foi O Sindicato está ainda a trabalhar no ter- difícil garantir este direito dos trabalhadores reno para a sensibilização das pessoas sobre mas acredito que nunca é tarde. a importância de estarem inscritos no INPS. Para esse dirigente associativo é um fac- “Queremos sensibilizar principalmente os to histórico os trabalhadores do sector in- que até agora não beneficiam de assistência formal estarem inscritos no INPS”. Porque médica ou medicamentosa, e estão sem qual- muitos trabalham a vida toda e na velhice quer protecção na doença, na maternidade não têm nada, ficando à mercê da pensão ou na velhice”, afirma para depois concluir social do estado. Agora podemos ter a nos- que a mensagem passou e que valeu a pena a sa reforma, para além das prestações como abertura do centro no Sucupira. João Teixeira - ACS

Carlos Semedo - proprietário de táxi Anete Furtado - vendedeira Manuela Monteiro - vendedeira Félix Mendes da Silxa - taxista CARNAVAL 24 Carnaval 2011 já está em preparação Apesar dos contratempos e dificuldades e depois da catástrofe que se abateu sobre o município em Outubro de 2009, o carnaval 2010 saiu às ruas com todo o seu brilho e beleza.

Mais de 15 grupos desfilaram pela vila de Ribeira Brava, entre grupos oficiais e de animação. A festa, que vem ganhando cada vez mais protagonismo no país e no estrangeiro, contou com a pre- sença de dezenas de emigrantes e cabo-verdianos de todas as ilhas que quiseram ver de perto o já tão falado carnaval de Ribeira Brava. Os grupos oficiais, Copa Caba- na, Brilho da Zona e Estrela Azul, protagonizaram os tradicionais desfiles no Terreiro da Vila, entre Sábado, Domingo e Terça-feira de Carnaval. A festa contou com uma verba de 700 contos e para 2011 a autarquia quer uma festa ainda mais bonita e mais bem organizada para promover o Carnaval enquan- to produto turístico. Para isso a autarquia já come- çou os trabalhos de preparação do carnaval 2011, nos quais quer envolver todos os protagonistas, desde os responsáveis dos grupos, costureiras, músicos e figurinos. O cumprimento do horário nos desfiles é um dos principais desa- fios, mas a autarquia acredita que, com o envolvimento de todos será possível levar ao Terreiro da Vila o melhor carnaval de Cabo Verde.

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Desalojada pelas chuvas recebe nova habitação

Ana Rosa dos Reis, desalojada respondeu logo positivamente. das cheias de Outubro foi contem- Ana Dodja, que completa 70 plada com uma habitação nova, pa- anos de idade no próximo mês de trocinada pela CVTelecom. Julho passou agora a residir na Ana Dodja, como é mais conhe- Fajã, localidade na qual tinha mos- cida na localidade de Covoada onde trado interesse em morar, uma vez morava, viu a sua casa ser arras- que tinha grandes dificuldades em Construção foi realizada em parceria com a CVT tada pela força das águas durante se deslocar de Covoada a Fajã para as chuvas que fustigaram a Ribeira receber tratamento médico. Tendo em conta o protocolo as- Brava e a ilha de São Nicolau no A casa nova foi construída de raiz, sinado entre a Câmara Municipal da geral. Esta casa resultou do apelo e está equipada com dois quartos de Ribeira Brava e a CVTelecom, a em- lançado pela Câmara Municipal da dormir, uma sala comum, uma casa presa disponibilizou mil e quinhentos Ribeira Brava, ao qual a CVTelecom de banho e um pequeno quintal. contos para a construção da casa. ADAD promove palestra sobre o ambiente

No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Água, celebrado a 22 de Março, promovidas pela Câmara Municipal da Ribeira Brava, um grupo de membros da Associação para o Desenvolvimento do Ambiente (ADAD), estiveram no município para participar em várias actividades. Os elementos da associação, que esteve recentemente representa- da na Cimeira de Copenhaga, participaram na discussão sobre o Plano Municipal de Água e promoveram uma palestra tendo como tema central água e meio ambiente. Os alunos do Liceu Baltazar Lopes mostraram-se atentos às interven- ções e ouviram conselhos sobre a protecção do meio-ambiente na Ribeira Brava e ficaram a perceber melhor, conceitos sobre o turismo sustentável no município. Os membros da ADAD aproveitaram a oportunidade para esclarecer a plateia sobre o que é a água dessalinizada e como se produz. É que em breve, o município vai usufruir de uma dessalinizadora para abastecer Os palestrantes participaram da Cimeira de Copenhaga Ribeira Brava com água de qualidade.

Apresentação de “Testemunho de um combatente” Pedro Martins, um dos últimos Pedro Martins proferiu ainda duas pa- res vitórias do povo cabo-verdiano, presidiários da Prisão do Tarrafal de lestras, uma na Ribeira Brava, outra que foi o encerramento daquela pri- Santiago, apresentou o seu livro “Tes- no Tarrafal de São Nicolau, sobre a são”, destaca o ex-presidiário. temunho de um combatente” recente- prisão do Tarrafal de Santiago. O autor de “Testemunho de um mente na Ribeira Brava. Pedro Martins considera impor- combatente” lamenta que a maio- Este arquitecto de profissão, que tante dar a conhecer a verdadeira ria da população ainda desconheça estava na prisão quando ela foi en- história sobre a experiência naquela esta parte da história de Cabo Ver- cerrada, é presidente da Associação prisão. “É preciso ensinar, mostrar e de, uma vez que não é ensinada nas de ex-presos políticos do Tarrafal. divulgar aquela que foi uma das maio- escolas.

Revista Ribeira Brava • Abril 2010 Revista Ribeira Brava • Abril 2010 APOIOS AO MUNICÍPIO 27

A Câmara Municipal agradece a todos os que, de uma forma ou de outra, ajudaram o Município da Ribeira Brava na recuperação dos estragos causados pelas fortes chuvas de Agosto a Outubro do ano passado. Muito trabalho já foi feito, mas mais ainda há por fazer. Todavia, com determinação e coragem, reconstruiremos o nosso Município, continuando a contar com os apoios do Governo, das instituições públicas e privadas e dos nossos conterrâneos residentes no País e na diáspora. A todos, muito obrigado. Relação de apoios pecuniários Nome/Instituição Valor Esc. CV Nome/Instituição Valor Esc. CV Valériano Bacela Lopes Araújo - Holanda 33.000,00 Ferruzzi Luca & Zonta Chiara 21.553,00 Agostinho Emilia - Itália 11.000,00 Funcionários Câmara Municipal do Sal 95.400,00 Aguinaldo Rocha - S.Paulo 50.000,00 Funcionários da ASA 364.471,00 Funcionários de Electra 403.889,00 Alcides Almeida - Associação Cabo-verdiana - Torrivieja/Espanha 107.942,00 Funcionários Enapor -S.Vicente 106.493,00 Américo Nascimento 10.000,00 Funcionários Hotel Atlântico 37.500,00 Antónia Alexandrina Soares Freshini - New Bedford 10.000,00 Gertrudes Maria Soares 10.000,00 Antonieta Firmino e amigos - Itália 220.530,00 Isaias e Crisolita Livramento 20.000,00 António Santos Livramento 20.000,00 João Lisboa Ramos 20.000,00 Aquilino Camacho 100.000,00 José João e Maria Silos 168.600,00 Archipel 238 42.104,00 M.F.Évora - Holanda 253.610,00 Arlindo Mendes dos Santos 10.000,00 Maria Elisa Lobo 86.000,00 ASA 2.000.000,00 Maria Évora - USA 119.597,00 Associação Amigos cabo Verde - Suécia 56.342,00 Maria Monte Lima 10.122,00 Associação Amigos de Boa Vista - Itália 164.398,00 Maria Rosário Silva Ramos - Portugal 15.000,00 Associação Amigos S.Nicolau - Roterdão 1.057.544,00 Movimento Sviluppo - Itália 1.098.772,00 Associação Caboverdiana em Ponferrada 82.199,00 Movimento Sviluppo - Itália 229.278,00 Associação Criola/Velha Guarda/Fuminhas Napoleon Figueiredo - Tenerife Canárias 173.770,00 Boys/Cabo Verde Love/Cabo Style - Roma 125.000,00 Nicolau Pimentel 25.688,00 Associação Tabanka Onlus 239.378,00 Patrícia Ambrósio - França 42.478,00 BCA 300.000,00 Prolact-Iogurel 100.000,00 BCN 100.000,00 Roberto Eugeni e Albertina Santos-Itália 120.242,00 Câmara Municipal da Abrantes 2.749.233,00 Rosa da Luz da Graça 10.000,00 Casa Feijóo-S.Vicente 10.000,00 S. Caboverdiana de Tabacos 200.000,00 Clientes BCN 63.790,00 Sita 100.000,00 Comunidade Bridgeport - USA 847.555,00 Socol - Ilha do Sal 500.000,00 Comunidade Caboverdiana - Luxemburgo 641.153,00 Tereza Coelho-S.Vicente 10.000,00 Comunidade caboverdiana-Noruega 222.139,00 Trabalhadores Enacol 295.302,00 Comunidade Emigrada em Moselle - França 318.970,00 Universidade Sul Tenneesse-EUA - Tereza Lima 70.987,00 Comunidade EUA - Providence 678.138,00 Comunidade EUA - Waterbury 898.313,00 Comunidade radicada em Marselha - França 77.000,00 Relação de apoios materiais Comunidade radicada em USA - New Bedford 451.026,00 Instituição Espécie Construções de Cabo Verde 25.000,00 ASA Uma viatura usada David Hopfer Almada 50.000,00 Associação Amigos 1 contentor c/artigos vários Depósito Diversos 574.766,00 S.Nicolau - Roterdão Despachante António Cruz 50.000,00 Associações locais e vestuários e outros Echanges France CV-Médico voluntários franceses 220.530,00 Câmara Municipal do Sal Electric 100.000,00 Comunidade Bridgeport - USA materiais saneamento Elizabete Santana 27.316,00 Enacol 7.000L de gasóleo Embaixada de França 1.102.535,00 Equipa Veteranos - Ilha do Sal cadernos e vestuários Embaixadora do Brasil 10.000,00 Fábrica Sucla- Tarrafal 1.000L de gasóleo Empreitel Figueiredo 250.000,00 Firmas São Vicente e Enapor géneros e artigos Empresa IBS - imobiliária 50.000,00 Funcionários Ministério Trabalho e Géneros alimentícios Empresa Steel 100.000,00 de Educação Enapor 240.000,00 Gualgom - Tarrafal Gerador Equipa Veteranos - Ilha do Sal 80.000,00 Shell 1000L de gasóleo Equipa Veteranos - Providence/USA 148.671,00 Socol - Ilha do Sal electrodomésticos

Revista Ribeira Brava • Abril 2010 Revista Ribeira Brava • Abril 2010 TURISMO 28 À descoberta da Ribeira Brava

O histórico Cais da Preguiça guarda a passagem de Pedro Alvares Cabral pela ilha de São Nicolau, que comemora este ano 510 anos

Deixe-se levar pela beleza rara da Ribeira Brava. Uma beleza virgem que espreita em cada vale, em cada encosta e que está retratada no rosto dos ribeirabravenses, povo generoso, humilde e trabalhador. Partir à descoberta da Ribeira Brava é como mergulhar num mar de Na passagem novas experiências, recheadas de aventuras históricas e culturais. pela R. Brava é obrigatório O Município do dragoeiro guarda teiro estratégico que integre o his- apreciar a beleza uma riqueza impar que merece ser tórico Cais da Preguiça, o mítico do Parque Natural desabrochada num roteiro turístico, Orfanato do Calejão, com passa- do Monte Gordo com passagem pelos locais mais gem obrigatória pela encantadora emblemáticos desta Vila, que é Pa- Vila da Ribeira Brava, sem esque- trimónio Nacional de Cabo Verde. cer de subir o verdejante Vale da Do turismo de natureza ao Fajã rumo ao Museu da Água, de turismo cultural, a autarquia braços abertos para o Parque Na- está a desenhar um ro- tural do Monte Gordo.

O Orfanato do Caleijão fará parte do circuito turistico que a autarquia está a criar para o municipio

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O Parque Natural do Monte Gordo Da fachada da biblioteca municipal tem uma O mítico Coreto Ovarense permite um contacto único com a natureza vista priviligiada sobre o Largo da Igreja

Aprecie a vista deslumbrante sobre a Vila da Ribeira

O 1ºMuseu da Água, inaugurado a 23 de Março pretende preservar as tradições associadas ao uso da água no município

Revista Ribeira Brava • Abril 2010 Revista Ribeira Brava • Abril 2010 ARTESANATO 30 Jaci Fonseca quer criar a sua própria empresa Jaci Fonseca, de 27 anos dedica-se há oito anos ao artesanato, actividade onde põe toda a sua criatividade e dedicação. Foi aos 20 anos, depois de ter terminado o ensino secundário, que descobriu o gosto pelo artesanato e decidiu dedicar-se a esta actividade, que hoje constitui a sua principal ocupação.

Com o fim da vida de estudante, Jaci decidiu apro- veitar o tempo livre que tinha à disposição para tentar reproduzir modelos que via na televisão e nas revistas. Começou a fazer bijutarias e acessórios, mas rapi- damente passou para a confecção de sacos em serapi- lheira, que pedia nas lojas da vila. Agora já encomenda o material de São Vicente, para criar produtos originais que vão desde conjuntos Jaci conseguiu vender quase todos os artigos na feira da Praia de cozinha, baús de madeira com aplicações, porta-retratos, colares e bonecas de lã, carteiras e almofa- das, entre outros. A jovem já teve a oportunidade de expor os seus produtos na ci- dade da Praia e no Mindelo. Com o patrocínio da Agência para o De- senvolvimento Empresarial e Inova- ção, ADEI, conseguiu levar os seus produtos à Feira das Empresas, do Emprego e do Empreendedorismo – Os emigrantes são os seus principiais clientes Conhecida pela Feira dos 3`E, reali- ta achegada dos materiais à ilha, fa- zada em Junho de 2009, na Praia. zendo atrasar muitas encomendas. Uma participação que mereceu “Em são Vicente consigo achar aplausos dos visitantes, pela criati- todo o material de que preciso mas vidade dos artigos e que a própria trazer os produtos para aqui demo- considerou muito frutífera para o A serapilheira é o principal material utilizado ra algum tempo. Muitas vezes fico futuro. com os produtos a meio, por falta de material, o que “Consegui quase 100% de venda, fiz muitos contac- me obriga a reduzir a produção”, lamenta esta jovem tos, recebi muitas encomendas e até uma proposta de empreendedora. trabalho”, explica orgulhosa, enquanto confessa que O Carnaval e o Verão são as épocas em que traba- só não aceitou essa proposta por preferir trabalhar por lha mais. A chegada dos imigrantes traz um novo fôlego conta própria. ao seu negócio. Aumenta o seu stock com lembranças É que Jaci tem o sonho de criar a sua própria em- e produtos típicos e originais, muito apreciados pelos presa e aproveita cada dia para aperfeiçoar as técni- emigrantes. cas que já adquiriu. Já conseguiu clientes na cidade da Com alguma experiência de costura, Jaci usa também Praia para onde manda produtos para venda. Contudo, a sua técnica para fazer aplicações nos fatos de Carnaval, a falta de regularidade dos transportes marítimos dificul- ajudando a embelezar o deslumbrante Carnaval da ilha.

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