Gênero, Raça E Sexualidade No Big Brother Brasil

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Gênero, Raça E Sexualidade No Big Brother Brasil Gênero, raça e sexualidade no Big Brother Brasil: dispositivo pedagógico da mídia, produção de sentidos em redes digitais e construção da realidade no jornalismo do BuzzFeed Francielle Esmitiz1 Christian Gonzatti2 Todo o ano a mesma polêmica atravessa algumas dinâmicas conversacionais dos sites de redes sociais: assistir ao Big Brother Brasil é melhor que ler um livro? O reality show tem sido apontado como um signo de volatilidade, esvaziador de possibilidades reflexivas e consumo por pessoas ignorantes. Tais disputas, no entanto, não são aquelas que mais nos interessam aqui. Temos observado o acionamento de discussões político- culturais pelo programa em sua última edição. Não que elas tenham apenas surgido agora, mas é a partir desse recorte que desenvolvemos inferências sobre os sentidos produzidos em torno de questões de gênero, raça e sexualidade no Big Brother, a reverberação dessas politicidades no Twitter e as maneiras com as quais o jornalismo do BuzzFeed percebe essa produção, capturando quadros e construindo realidades. Rosa Maria Bueno Fischer (2002) compreende que as pessoas marcadas como diferentes são perpassadas pelos modos de representação, assim como as enunciações, as formas de interpretação e de comunicação que constituem os processos representativos. Inspirada pelo dispositivo da sexualidade e pelos de subjetivação de Michel Foucault (1999), a autora reflete sobre as operações midiáticas, e, mais especificamente ainda, a televisão, que constituem sujeitos e subjetividades na contemporaneidade. Na sua percepção, as configurações da mídia produzem imagens, significados, saberes que educam sobre – e aqui tomamos a liberdade de trazer uma 1Mestranda em Ciências da Comunicação no PPGCC Unisinos. Graduada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela mesma universidade. E-mail: [email protected] 2Doutorando em Ciências da Comunicação, Mestre em Ciências da Comunicação, Graduado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, Unisinos. E-mail: [email protected]. 1 ideia de Judith Butler (1999) para a reflexão – os corpos que pesam, ensinando modos de ser e de estar na cultura. Compreendemos que o Big Brother Brasil atravessa tais engendramentos, tendo a sua potência de dispositivo pedagógico da mídia redimensionalizada pela cultura digital. A forma como nos comunicamos e interagimos vem sofrendo transformações em função das possibilidades ofertadas pela internet. O ciberespaço proporcionou novas formas de sociabilidade, comunicação e informação por meio das ferramentas de comunicação mediadas pelo computador. Dentre essas ferramentas, os sites de redes sociais (SRS) têm sido fundamentais para mudanças socioculturais. Com a maior facilidade de acesso a internet e a smartphones, a apropriação dos atores, a comunicação e a conversação em rede (RECUERO, 2014) tem possibilitado que inúmeros fenômenos ou processos em rede aconteçam. Os movimentos sociais, ao se apropriarem dessas novas tecnologias e ocuparem o espaço das redes produzindo e espalhando conteúdo sobre suas pautas e questões têm mobilizado importantes debates para a sociedade, que antes dos sites de redes sociais não tinham tanto espaço na mídia hegemônica, como as questões de gênero, sexualidade e raça. Para Castells (2013, p.8) “as redes sociais não são apenas ferramentas, mas modelos organizacionais, expressões culturais e plataformas específicas para autonomia política.” A internet gera condições para que os movimentos sociais sobrevivam, se organizem, decidam e se alarguem. Além disso, por ser um espaço fluido mantém a comunicação entre as pessoas e com a sociedade em geral, independentemente do espaço físico ou questões territoriais geográficas, mantendo o movimento ativo na busca pela transformação social necessária para superar a dominação institucionalizada. A era digital faz emergir um cenário no qual, através das novas tecnologias e plataformas de mídia, mais vozes podem ser ouvidas e podem pautar os processos de comunicação, permitindo que cada vez mais pessoas produzam conteúdo e informação, distribuídos em diversos formatos. No entanto, esse processo é muito conflituoso. Bolhas algorítmicas, fechamentos ao diálogo e uma série de disputas de sentidos também passam a atravessar as dinâmicas de sociabilidade desse contexto. Assim, 2 assistir a um determinado programa de televisão passa a ser um processo que também produz materialidades nesses ambientes. É o que Henry Jenkins (2008) chamou de cultura de convergência. As diferentes percepções sobre um determinado produto televisivo passam, simultaneamente, a geraram construções de narrativas em plataformas como o Twitter. Tais processos também transformam as dinâmicas do jornalismo. Os processos jornalísticos se constituem como conhecimentos socioculturais que também possuem uma dimensão pedagógico-midiática que constrói realidades, como aponta Marcia Veiga da Silva (2014). Assim, o jornalismo, engendrado a essas transformações mobilizadas pelo ciberespaço, vem sofrendo transformações que ressignificam a sua potência de construção simbólica da realidade. Como a autora também apontou em sua pesquisa de mestrado, o jornalismo hegemônico pode ser percebido como masculino, tomando como pressuposto as redes de poderes que o constituem na perspectiva do gênero (SCOTT, 1995). No entanto, novas iniciativas jornalísticas vêm tentando, com uma série de problemáticas, romper com tais atravessamentos. Paralelamente, há um jornalismo que ao ser desenvolvido em um contexto de redes e tomando como fonte para a construção de pautas a cultura pop (GONZATTI, 2017), é marcado, da mesma maneira que o Big Brother, como volátil, desnecessário, fútil e uma série de adjetivações que perpassam noções acadêmicas e sociais. O BuzzFeed está potencialmente implicado nesse fazer jornalístico, mas vem, ao mesmo tempo, rompendo com pressupostos de uma imparcialidade que máscara e invisibiliza as desigualdades. Se é através da linguagem que o jornalismo constrói significados e demarca os lugares de cada pessoa na sociedade, é através de linguagens constituídas nos sites de redes sociais que o portal de notícias vem rompendo com algumas lógicas masculinas, visibilizando dissidências de gênero, sexualidade e raça. Nessa perspectiva, nos interessa compreender quais os sentidos produzidos sobre questões de gênero, raça e sexualidade a partir do programa Big Brother Brasil, tendo em vista, como discutiremos a seguir, que o programa tem mobilizado importantes 3 debates envolvendo essas questões. Além disso, buscamos entender como o jornalismo do BuzzFeed capturou esses debates e de que forma esses movimentos afetam a construção da realidade. O Big Brother Brasil é um reality show produzido e transmitido pela Rede Globo de Televisão. O programa que já teve 18 edições costuma ser exibido uma vez por ano, entre os meses de janeiro e abril. Dele participam pessoas de todo o país, homens e mulheres comuns, que disputam o prêmio de um milhão e meio de reais. Os participantes são confinados em uma casa com câmeras por todos os lados que transmitem 24 horas tudo o que acontece. A cada semana, provas vão sendo realizadas para definir o/a líder da casa, aquele/a que além de ficar imune indica uma pessoa para o paredão, e o anjo que imuniza alguém. O paredão é o momento em que 2 ou 3 participantes, indicados pelo líder e pelos colegas de confinamento disputam a preferência do público para permanecer no jogo. O reality, que é transmitido desde 2002, é um dos programas de maior audiência da Rede Globo. Temos observado que o programa tem levantado importantes debates para a sociedade. Em 2016, por exemplo, a pedofilia tornou-se uma discussão mobilizada pela narrativa dele, quando o participante Laércio de Moura, na época com 53 anos, afirmou se relacionar com meninas menores de idade. Em 2017, o relacionamento abusivo de Emilly Araújo e Marcos Harter motorizou uma discussão sobre abuso e violência contra a mulher. Em 2018, muitos temas foram suscitados pelo programa. Destacamos, aqui, os debates sobre a representatividade, muitas vezes citada pelos participantes, fazendo com que o apresentador Tiago Leifert falasse em um de seus discursos que “representatividade não leva a nada”. Dada a indignação de muitos grupos sociais nos sites de redes sociais, tal caso gerou um ciberacontecimento (HENN, 2014), potencializando disputas de sentidos sobre a questão. O programa quando está no ar por si só já ganha inúmeras matérias jornalísticas contando detalhes dos participantes e narrando os acontecimentos da chamada “casa mais vigiada do Brasil”. No entanto, a partir dos processos em rede, aquilo que reverbera nos sites de redes sociais, ou seja, a produção e as disputas de sentidos que ali 4 se dão, ganham narratividades também nos espaços jornalísticos. É nesse sentido que analisamos aqui as relações entre o dispositivo pedagógico da mídia, a produção de sentidos em redes digitais e a construção da realidade pelo jornalismo do BuzzFeed, que desenvolveu matérias sobre o programa assumindo uma posição problematizadora das desigualdades. A partir de uma pesquisa exploratória sobre o programa, constatamos que de 18 edições com uma média de 15 participantes cada, 20 participantes eram LGBTs3 – o primeiro participante assumidamente homossexual foi Jean Wyllys, único homem negro e gay a vencer uma edição, a de 2005. As mulheres venceram 8 edições, a maioria a partir de 2010. Nos últimos 6 anos, elas venceram 5. Das 18 edições do programa, apenas 4 foram vencidas por pessoas negras, sendo 3 mulheres,
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