RELIGIÃO ROMANA EM LIVROS DIDÁTICOS BRASILEIROS Jorwan Gama Da Costa Junior TEMA LIVRE
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Volume 2, Número 2 - Outubro de 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA (ICHF) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA (PPGH) NÚCLEO DE ESTUDOS DE REPRESENTAÇÕES E DE IMAGENS DA ANTIGUIDADE (NEREIDA) REVISTA HÉLADE - ISSN: 1518-2541 ANO 2, VOLUME 2, NÚMERO 2 URL: www.helade.uff.br OUTUBRO DE 2016 E-mail: [email protected] Campus do Gragoatá - Rua Prof. Marcos Waldemar de Freitas Reis, Bloco O, sala 507. Cep: 24210-201 - Niterói - RJ EDITORES Prof. Dr. Alexandre Santos de Moraes (Editor-chefe) - Universidade Federal Fluminense (UFF) Profa. Dra. Adriene Baron Tacla - Universidade Federal Fluminense (UFF) Prof. Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima - Universidade Federal Fluminense (UFF) SÉRIE ANTIGA ASSISTENTES DE EDIÇÃO Volume 1, Número 1 - 2000 Volume 1, Número 2 - 2000 Grad. Thaís Rodrigues dos Santos - Universidade Federal Fluminense (UFF) Volume 2, Número 1 - 2001 Grad. Geovani dos Santos Canuto- Universidade Federal Fluminense (UFF) Volume 2, Número 2 - 2001 Volume 2, Número Especial - 2001 Volume 3, Número 1 - 2002 CONSELHO EDITORIAL Volume 3, Número 2 - 2002 Profa. Dra. Ana Livia Bomfim Vieira - Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) Volume 4 - 2003-2004 Profa. Dra. Ana Teresa Marques Gonçalves - Universidade Federal de Goiás (UFG) Volume 5 - 2005 Profa. Dra. Claudia Beltrão da Rosa - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Prof. Dr. Fábio Faversani - Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Prof. Dr. Gilvan Ventura da Silva - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Prof. Dr. José Antônio Dabdab Trabulsi - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Profa. Dra. Maria Beatriz Borba Florenzano - Universidade de São Paulo (USP) Profa. Dra. Monica Selvatici - Universidade Estadual de Londrina (UEL) Seções Prof. Dr. Pedro Paulo de Abreu Funari - Universidade de Campinas (UNICAMP) Editorial p. 5 CONSELHO CONSULTIVO Dossiê p. 9 Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Tema Livre p. 107 Prof. Dr. Alvaro Hashizume Allegrette - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Prof. Dr. Antonio Brancaglion Júnior - Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Normas de Publicação p. 133 Prof. Dr. Andrés Zarankin - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Próximo Dossiê p. 135 Sir Barry Cunliffe - Universidade de Oxford (Inglaterra) Profa. Dra. Elaine Hirata - Universidade de São Paulo (USP) Dr. Elif Keser Kayaalp - Universidade Mardin Artuklu (Turquia) Prof. Dr. Fábio Duarte Joly - Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Prof. Dr. João Lupi - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Profa. Dra. Luciane Munhoz de Omena - Universidade Federal de Goiás (UFG) Profa. Titular Lynette G. Mitchell - Universidade de Exeter (Inglaterra) Profa. Dra. Márcia Severina Vasques - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Profa. Dra. Maria Aparecida de Oliveira Silva - Universidade de São Paulo (USP) Profa. Dra. Margarida Maria de Carvalho - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP- Franca) Profa. Dra. Maria Cristina Nicolau Kormikiari Passos - Universidade de São Paulo (USP) Profa. Dra. Maria de Fátima Sousa e Silva - Universidade de Coimbra (Portugal) Profa. Dra. Maria Isabel d’Agostino Fleming - Universidade de São Paulo (USP) PD Dr. Philipp W. Stockhammer - Universidade de Heidelberg (Alemanha) Profa. Dra. Renata Senna Garraffoni - Universidade Federal do Paraná (UFPR) Profa. Dra. Violaine Sebillotte Cuchet - Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne Professor Emérito Wolfgang Meid - Universidade de Innsbruck (Áustria) A responsabilidade pelas opiniões emitidas, pelas informações e ideias divulgadas são exclusivas dos próprios autores. Imagem da Capa Relevo romano (séc. I d.C.). Localização: Glyptothek, Munich - sala 10 (Saal des Alexander). SUMÁRIO EDITORIAL RELIGIÕES NO MUNDO ANTIGO 5 Claudia Beltrão da Rosa DOSSIÊ: RELIGIÕES NO MUNDO ANTIGO 9 LEI E ADIVINHAÇÃO NA REPÚBLICA ROMANA TARDIA Federico Santangelo OS SÁLIOS E OS ANCILIA 25 Giorgio Ferri OCTOBER EQVVS 35 Attilio Mastrocinque ONLY CONNECT? NETWORK ANALYSIS AND RELIGIOUS CHANGE IN THE ROMAN WORLD 43 Greg Woolf A MENORÁ E A ÁRVORE DA VIDA 59 Edgar Leite BUDISTAS NO MEDITERRÂNEO 66 André Bueno LUGARES DO SAGRADO NA CIDADE PÓS-CLÁSSICA: LIBÂNIO E A REFORMA DO 77 PLETHRION DE ANTIOQUIA Gilvan Ventura da Silva O FESTIVAL DO RIO NAS METAMORFESES DE APULEIO: UM ARQUÉTIPO DE FESTIVAL 84 GRECO-ROMANO? APLICAÇÃO DE ABORDAGEM POLITÉTICA Bráulio Costa Pereira PARA ALÉM DA DICOTOMIA POLITEÍSMO X CRISTIANISMO: UM ESTUDO DE CASO 92 SOBRE A RELIGIÃO ROMANA EM LIVROS DIDÁTICOS BRASILEIROS Jorwan Gama da Costa Junior TEMA LIVRE AS MULHERES DE OVÍDIO: PUELLAE, FEMINAE, MULIERES, DOMINAE ET AMICAE 108 Ana Lucia Santos Coelho TRAS LAS MARCAS DE LO FEMENINO. ESPACIOS, OBJETOS Y FUNCIONES QUE HACEN AL 119 COLECTIVO María Cecilia Colombani 133 NORMAS DE PUBLICAÇÃO 135 PRÓXIMO DOSSIÊ EDITORIAL RELIGIÕES NO MUNDO ANTIGO CLAUDIA BELTRÃO DA ROSA1 As grandes religiões atuais são fenômenos pelo menos o século XIX, o patrimônio histórico e antigos. Isso é válido para o judaísmo, presente em as religiões foram vinculados à identidade dos Es- várias cidades em torno do Mediterrâneo, e para o tados e das nações, que projetaram em seus mitos cristianismo em suas variedades. É também válido fundadores aquilo que definiram como sendo sua para o islamismo, uma religião oriunda do criticis- essência. Nessa busca de essências, monumentos e mo dos antigos politeísmos e de vertentes regio- documentos foram investidos de funções muito im- nais judaicas e cristãs que, como o judaísmo e o portantes – às vezes, muito perigosas – para a vida cristianismo, também incorporou material clássico em comum. em sua cultura religiosa-intelectual. E além do en- O estudo das sociedades da antiguidade nos quadramento estrito do Mediterrâneo, as grandes fornece ferramentas e instrumentos cognitivos tradições religiosas atuais são também “antigas” – para compreender, dentre outras, afirmações con- . o hinduísmo, o budismo, ou o confucionismo, e g cernentes a identidades – dos outros e de nós mes- Estudar as religiões da antiguidade, contudo, mos. E o estudo das religiões desempenha um pa- é um desafio em vários sentidos e, talvez, um dos pel destacado nessa compreensão. Ele nos permite mais graves seja o fato de que, mesmo nas universi- opor aos discursos sectários as “armas” da histó- dades, o estudo das sociedades antigas não é (ain- ria, da filologia, da arqueologia etc., desconstruin- da) uma prioridade no Brasil. Tal estudo nos leva do os mitos modernos. Permite-nos abandonar os a olhar para além das nossas fronteiras nacionais, fantasmas das origens, dos passados imaginários, culturais etc., ao passo que nos permite um aces- desmontando interpretações tendenciosas sobre so a um patrimônio cultural comum a vários povos o passado. Com ele, podemos contestar e superar atuais. É certo que esse patrimônio foi – e ainda é equívocos modernos – intencionais ou não – sobre – objeto de disputas e conflitos identitários e, desde o “milagre grego”, o “gênio romano” e coisas do tipo, bem como superar a dialética hegeliana e seus herdeiros que viam as religiões na história tenden- 1 Profa. Associada de História Antiga da Universidade Federal do ao monoteísmo de tipo cristão. Os antigos gre- do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Hélade - Volume 2, Número 2 (Outubro de 2016) 5 Editorial gos, romanos, judeus, cristãos etc. são tão distantes “religião” compreendida como uma “essência de nós quanto os aborígenes australianos atuais, e trans-histórica”, existindo como um fenômeno eter- conhecê-los nos ajuda a desmontar os panos de no e unitário. Ao contrário, as religiões mudam com fundo ideológicos de sua absoluta proximidade. o tempo e as circunstâncias, e também muda aqui- É certo que cada geração escreve sua própria lo que as pessoas entendem como sendo “religião”. história, e a história antiga de hoje é diferente das As religiões, portanto, não são fixas, nem unitárias, várias histórias antigas do passado. Paul Veyne, há e nem mesmo coerentes, e estão invariavelmente quarenta anos, em sua Aula Inaugural no Collège de mudando, adaptando-se, recriando-se em realida- France, disse que a história só existe em relação às des intersubjetivas. São fenômenos inerentemente questões que nós lhe colocamos, e se perguntava sociais, criando experiências e significados compar- quais seriam as questões que convinha fazer ao pas- tilhados, práticas e imagens que são comunicadas sado.2 Sigamos Paul Veyne neste ponto, dada sua e ensinadas. As pesquisas sobre as religiões antigas frequência em bibliografias de cursos de História no vêm se sucedendo em um ritmo acelerado nas úl- Brasil e, mais ainda, pela atualidade de suas decla- timas décadas graças, principalmente, ao diálogo rações: para ele, o ofício do historiador comporta interdisciplinar, o que permitiu a ampliação dos corpora dois aspectos, a erudição e a conceptualização. A documentais e, sobretudo, a reavaliação pesquisa em história antiga exige que lancemos de dados e conclusões baseadas em documentos mão de vários recursos da erudição antes que possa da tradição manuscrita e outros a partir de novas ser formulado um novo questionamento, uma nova premissas, renovando a compreensão de temas já problemática. A história tem em Jano bifronte seu explorados pela historiografia sobre a antiguidade. patrono: de um lado, o trabalho metódico com a As religiões