PEZZONIA, R. Exílio Em Português
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL RODRIGO PEZZONIA Exílio em Português: política e vivências dos brasileiros em Portugal (1974-1982) DOUTORADO EM HISTÓRIA SOCIAL Versão Corrigida São Paulo 2017 PEZZONIA, Rodrigo. Exílio em português: política e vivências dos brasileiros em Portugal (1974-1982) . 2016. 296 p. Tese (doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo: São Paulo, 2016. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. Francisco Carlos Palomanes Martinho Instituição: USP Julgamento:___________________ Assinatura: ___________________ Profª. Drª. Denise Rollemberg Cruz Instituição: UFF Julgamento: __________________ Assinatura: ___________________ Prof. Dr. Marcelo Siqueira Ridenti Instituição: UNICAMP Julgamento:__________________ Assinatura: __________________ Prof. Dr. Américo Oscar Guichard Freire Instituição: FGV Julgamento: _________________ Assinatura: __________________ Prof. Dr. Marcos Francisco Eugenio Napolitano Instituição: USP Julgamento: _________________ Assinatura: __________________ AGRADECIMENTOS À minha companheira Katy Magalhães e filha Anita de Magalhães Pezzonia. À minha mãe Elisa Pezzonia e ao casal irmão Margarete e Luiz Henrique da Silva Bueno. À família que escolhi: meus amigos. Em especial aos que estiveram próximos nestes últimos mais de 30 e tantos anos: André Leonardo Pesce e Joao Rodrigo Contim. Aos que se foram: Rodrigo Burbarelli, Fabio Chiossi e Luis Nhocchi. Agradecimentos especiais a Vandré Teotônio da Silva e Marcello Assunção pela ajuda em vários momentos de dúvidas e incertezas acadêmicas. Ao papel imprescindível da amiga Angélica Muller. Meus agradecimentos também vão à todos que, gentilmente, cederam entrevistas para esta tese, nomeadamente: Manuel Pedroso Marques, Alfredo Sirkis, Moema São Tiago, Antônio Marques, Mauricio Paiva, Frei Bento Domingues, Helder Costa, Pedro Andrade e Enio Bucchioni. Além de tantos outros que se dispuseram a produzir uma rede de contatos com intuito de ajudar em nossa investigação. Agradeço ao orientador desta tese, o Prof. Dr. Francisco Carlos Palomanes Martinho, e sua paciência e apoio nestes últimos anos. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo financiamento deste trabalho, tanto no Brasil quanto exterior. À Flavia Pinelli pela estada na capital federal, à Edinei João Garcia (Gô) e Andrea de Barros na Cidade Maravilhosa, à Marina Galvanese pela ajuda em Coimbra e Raul Ortiz Contreras pela estada em Santiago, Chile. Ao Prof. Dr. Marcelo Siqueira Ridenti por toda a ajuda prestada desde o início de meu curso de mestrado, e ao facilitar o acesso ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) para esta pesquisa. Ao professor e investigador Antônio Costa Pinto, quem supervisionou nosso estágio doutoral no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa entre os meses de abril e agosto de 2015. À banca de qualificação: Profs. Drs. Marcos Francisco Napolitano de Eugênio e Gabriela Pellegrino Soares. Aos centros de pesquisa, brasileiros e portugueses, e à todos os seus funcionários: No Brasil, ao Arquivo Nacional, Arquivo Edgar Leurenroth e ao Centro de Documentação e Memória da UNESP. Em Portugal devemos agradecimentos à Rita Alho e Heliana Bibas da Casa do Brasil de Lisboa; Isabel Moura do Arquivo e Biblioteca da Fundação Mário Soares ; à Idalina Charraz e o Centro de Arquivo e Documentação do Movimento Democrático de Mulheres ; ao Centro de Documentação 25 de Abril (Coimbra) nas pessoas de Natércia Coimbra, José Carlos Patrício, Fernanda Ventura e Luísa Conceição, à Biblioteca Nacional de Portugal, ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo , ao Arquivo Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros e a todos os atenciosos funcionários que aqui não foram nomeados. Por fim, a todos aqueles e aquelas, conhecidos ou anônimos, que de alguma forma participaram da nossa jornada. RESUMO PEZZONIA, Rodrigo. Exílio em português: política e vivências dos brasileiros em Portugal (1974-1982) . 2016. 296 p. Tese (doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo: São Paulo, 2016. O ano de 1974 foi de mudanças tanto para Portugal quanto para o Brasil. Em 25 de abril, Portugal, por meio de um golpe de estado levado a cabo por militares de esquerda, desfazia-se de uma ditadura que quase amargava o cinquentenário, vivendo-se então a euforia de um processo revolucionário em que colocava na ordem do dia a esperança do povo português em sair do estado de repressão, guerra colonial e silêncio. No entanto, o Brasil, naquele mesmo mês de abril, já havia completado seu décimo aniversário sob a égide de um regime ditatorial militar e, naquele momento, alterava o principal ator do poder executivo que, muito timidamente, indicava a possibilidade para o ocaso do regime militar de direita, a partir de uma nova agenda que promoveria uma “abertura lenta, gradual e segura”. Para as oposições brasileiras, ambos os fatos eram extremamente relevantes: por um lado, a oposição que ainda permanecia no Brasil assinalava, mesmo que de forma sutil e desconfiada, a esperança de novos rumos para a vida política nacional. Por outro, a Revolução dos Cravos adquiria, para os que estavam vivendo no exterior, expectativas de novas experiências em um ambiente revolucionário que não haviam conseguido alcançar no outro lado do oceano. Nesta tese, é este segundo grupo que será enfocado, ou seja, os brasileiros que fizeram de Portugal sua terra de acolhida a partir daquele abril de 1974. Evidentemente, haverá espaço para tratarmos das relações institucionais entre os governos português e brasileiro, que servirão de pano de fundo para este trabalho, onde serão evidenciadas as suas disparidades ideológicas e interesses comuns. Mas, nosso objetivo com este texto é tratar das vivencias políticas entre militantes brasileiros exilados junto aos portugueses, mas sem deixar de lado as relações humanas entre os indivíduos que possuíam história, língua e cultura comuns. Identificamos Portugal como sendo um dos campos férteis para os debates das organizações no exílio, em especial ao que se refere a reafirmação ou abandono das posições pela manutenção do modelo revolucionário de luta, assim como pelas discussões referentes à reestruturação e acomodação partidária no que viria após o retorno. Desta forma, o trabalho que ora apresentamos, tem por objetivo, a partir do estudo do exílio em Portugal, trazer à tona as trajetórias, rupturas, continuações e influencias deste fenômeno para os brasileiros e para o Brasil no processo de transição. Palavras-chave: Exílio, Portugal, Brasil, Ditadura, Revolução dos Cravos ABSTRACT Pezzonia. R. Exile in Portuguese: politics and experience of Brazilians in Portugal (1974-1982) . Tese (doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da Universidade de São Paulo: São Paulo, 2016. The year of 1974 was of changes for both Portugal and Brazil. On April 25, Portugal, by means of a coup d'état carried out by left-wing militaries, broke away from a dictatorship that almost reached the fiftieth anniversary, experiencing the euphoria of a revolutionary process which put in the agenda the hope of the Portuguese people to leave the state of repression, colonial war and silence. However, in that very same April, Brazil had already completed its tenth anniversary under the auspices of a military dictatorial regime, and at that moment it altered the main actor of the executive power who, very timidly, indicated the possibility of a dusk for the right-wing military regime, starting a new plan that would promote a "slow, gradual and safe opening." For the Brazilian oppositions, both facts were extremely relevant: on the one hand, the opposition that still remained in Brazil pointed out, hopefully, even in a subtle and suspicious way, the prospect of new directions for national political life. On the other hand, the Carnation Revolution acquired, for those living abroad, expectations of new experiences in a revolutionary environment they had not been able to reach on the other side of the ocean. In this thesis, it is this second group that will be focused, that is, the Brazilians who have made Portugal their host country from that April 1974. Unmistakably, there will be room for institutional relations between the Portuguese and Brazilian governments, which will serve as a backdrop for this work, where their ideological differences and common interests will be highlighted. But our objective with this text is to deal with the political experiences between Brazilian militants exiled together with the Portuguese, but without neglecting human relations between individuals who had a common history, language, and culture. We have identified Portugal as one of the fertile grounds for the debates of the organizations in exile, especially as regards the reaffirmation or abandonment of positions for the maintenance of the revolutionary model of struggle, as well as for the discussions regarding the party restructuring and accommodation in what would come after the comeback. In this way, the purpose of the present work is to study the trajectories, ruptures, continuations and influences of this phenomenon for Brazilians and Brazil in the transition process. Keywords: Exile; Brazil; Portugal; Dictatorship; Carnation Revolution Nunca um brasileiro deixou de amar Portugal desde o primeiro dia que