Uma Análise Da Mobilidade Espacial Na Região Metropolitana De Porto Alegre
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Uma análise da Mobilidade espacial na Região Metropolitana de Porto Alegre. Resumo: Este artigo se agrega aos estudos das modificações da distribuição espacial das populações e o processo de reestruturação econômica e demográfica que incide sobre os territórios, movimentos que têm nas configurações urbanas, principalmente nas áreas metropolitanas territórios de absorção de indivíduos A intenção é a de analisar a Região Metropolitana de Porto Alegre e sua evolução. Chamada de a “Grande Porto Alegre” a área o foco de nosso ensaio, via quadro demográfico da migração e da mobilidade espacial, examinando o fenômeno da mobilidade espacial das pessoas em sua relação com as recentes transformações do perfil econômico da área, pois entende-se que a área é relevante na compreensão da formação e consolidação espaços urbanos do território gaúcho e nacional; o período de análise são as últimas décadas com movimentos captados nos censos demográficos brasileiros de 1991, 2000 e 2010. Abstract: This article is added to the studies of the modifications of the spatial distribution of populations and the process of economic and demographic restructuring that focuses on the territories, movements that have in the urban configurations, mainly in the metropolitan areas territories of absorption of individuals. The intention is to analyze the Metropolitan Region of Porto Alegre and its evolution. We call the "Greater Porto Alegre" area the focus of our essay, through the demographic picture of migration and spatial mobility, examining the phenomenon of the spatial mobility of people in their relationship with the recent transformations of the economic profile of the area, it is understood that the area is relevant in understanding the formation and consolidation of urban spaces of the Gaucho and national territory; the period of analysis is the last decades with movements captured in the Brazilian demographic censuses of 1991, 2000 and 2010. Introdução: Este trabalho busca se integrar às estudos a respeito das modificações da distribuição espacial das populações e o processo de reestruturação econômica e demográfica que incide sobre os territórios, movimentos que têm nas configurações urbanas, principalmente nas áreas metropolitanas importantes territórios de absorção de indivíduos, pois se constituem em locais que desenvolvem estes comportamentos estimulados por seu crescimento econômico e demográfico e que nas últimas décadas foram afetados pelo fenômeno da industrialização e das migrações. Neste panorama, vê-se que tais mudanças influem no desenvolvimento dos países e de suas regiões, especialmente das áreas do em torno das principais cidades e capitais; fazendo emergir um fenômeno demográfico importante: o da concentração de pessoas em áreas urbanas resultante da convergência de fluxos migratórios, distintos, cujo comportamento se fez presente sobremaneira em áreas metropolitanas. Baeninger & Peres (2011). Assim questões atinentes aos deslocamentos que muitas pessoas realizam diariamente, seja para estudos, para trabalho, saúde ou outros motivos, têm impactado diretamente no comportamento das áreas envolvidas, porém, sem necessariamente se configurarem em migrações. Então na pendularidade (commuting) adota-se a definição de Standing (1984), na qual os commuters são pessoas que se movem para ocupar uma atividade específica, normalmente uma atividade econômica, mas que conservam a sua residência em outro lugar e que via de regra realizam tais movimentos diuturnamente. Já por migração assume-se que ela se configura como uma mudança permanente do local de residência habitual, em que a pessoa viveu continuamente nos últimos 12 meses, ou pretende viver por pelo menos 12 meses. (UNITED NATIONS, 2008). Segundo Cunha (1990 e 2015) as regiões metropolitanas – RMs do Brasil tornaram- se relevantes na origem e destino dos deslocamentos das pessoas, sobretudo pendulares, ocorridos a partir de 1950 e que ainda se fazem presentes, em maior ou menor volume no país. Ademais na esfera dos movimentos pendulares encontram-se implícitos movimentos de proximidade diários bem como afluxos de maior distância e que apontam para uma permanência mais ampla, mas que são classificados como pendulares por causa da não fixação de residência no local de destino, implicam no retorno dos indivíduos de tempos em tempos aos seus municípios de residência. No trabalho busca-se entender a mobilidade espacial temporária (a pendularidade) das pessoas numa região, pois este tipo de deslocamento espacial das pessoas manifesta-se regulamente, sobretudo em razão da dissociação entre local de moradia e local de trabalho ou do local de moradia e o local de estudo; pois a concentração de oportunidades de trabalho e de estudos em municípios (ou conjunto deles) de maior porte decorre da distribuição de funções entre os mesmos, comportamento que se faz presente nas metrópoles e nas capitais estaduais e nacionais e no seu entorno. Diante disto a Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA, no Rio Grande do Sul, comumente chamada de a “Grande Porto Alegre” será o foco de nosso ensaio, via quadro demográfico da migração e da mobilidade espacial, examinando o fenômeno da mobilidade espacial das pessoas em sua relação com as recentes transformações do perfil econômico da área, pois entende-se que a área é relevante na compreensão da formação e consolidação espaços urbanos do território gaúcho e nacional; o período de análise são as últimas décadas com movimentos captados nos censos demográficos brasileiros de 1991, 2000 e 2010. Foram considerados os dois sentidos dos deslocamentos espaciais: os realizados do núcleo para a periferia e da periferia para o núcleo; e as trocas realizadas na própria periferia, aspirando detectar as mudanças de localização da população a fim de avançar na análise das lógicas de mobilidade espacial que ocorrem sobre o espaço metropolitano nos períodos de 1995- 2000 e 2005-2010. Neste sentido argumenta-se que no Brasil os migrantes expressam a procura de melhores oportunidades de inserção socioeconômica para melhorar sua condição de vida pois entendem que estar na cidade é ferramenta para atingir tais metas; comportamento evidente na migração rural-urbana brasileira que ocorreu de 1950 até o início da década de 1990, e que em fases seguintes o fluxo declina e os movimentos revelam outra intenção: a de se ambientar e se assenhorar da cidade, não só para estar nesse espaço, mas para ali o habitar com qualidade. Baeninger & Peres (2011). A Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA Atualmente a RMPA é composta por 34 municípios: Alvorada, Araricá, Arroio dos Ratos, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Capela de Santana, Charqueadas, Dois Irmãos, Eldorado do Sul, Estância Velha, Esteio, Glorinha, Gravataí, Guaíba, Igrejinha, Ivoti, Montenegro, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Parobé, Portão, Porto Alegre, Rolante, Santo Antônio da Patrulha, São Jerônimo, São Leopoldo, São Sebastião do Caí, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara, Triunfo e Viamão. A região reúne municípios de elevada conurbação e cuja área foi e é caracterizada por um crescimento que expandiu a capital Porto Alegre, prolongando-a para fora de seu perímetro, absorvendo aglomerados rurais e até outras cidades do seu em torno, como resultado, a área viu sua superfície inicial de 14 municípios e 5.830 km2 em 1973 crescer para 34 municípios atuais e 10.345,45 km2, vide mapa 01. Ressalta-se que há mais de 60 anos a área vem apresentando distribuição populacional urbana maior, antecipando o fenômeno que o Brasil viveu a partir de 1970. Observa-se que no mapa 01 constam 31 municípios e não os 34 que atualmente compõem a região. Isto ocorre porque o período de análise refere-se à primeira década do século XXI, e como a base de dados utilizada é oriunda dos microdados dos Censos Demográficos Brasileiros de 2000 e de 2010; para manter o padrão de comparação utilizou-se a composição da RMPA de 2010, que é de 31 municípios. Mapa 01 – RMPA - Região Metropolitana de Porto Alegre - 2010 Fonte: FIBGE, Censos Demográficos (elaboração NEPO/UNICAMP – 2015) Com a expansão e a integração na área desapareceram os limites físicos entre os diferentes núcleos urbanos, fazendo-se presente uma dicotomia entre o espaço edificado e a estrutura político-administrativa, formando a Grande Porto Alegre que se refere à extensão da capital, gerando com seus municípios lindeiros uma mancha urbana contínua que inclui o Vale do Rio dos Sinos e o Vale do Paranhana. Analisando questão similar Rippel (2005), aponta: que na década de 1970 nos territórios que vivenciam processos de conurbação há ocorrência de fluxos pendulares de pessoas notórios; onde os movimentos de passageiros (em veículos particulares ou de transporte público) que atravessam mais de um local deslocando-se de uma municipalidade para outra, ou mesmo de um bairro para outro crescem. Isto permite visualizar dois picos de movimentação: um de manhã (deslocamentos para trabalho ou estudos) e outro no final da tarde (retorno ao lar), volta que se dirige mormente às chamadas cidades dormitórios e que tais deslocamentos se dão em sua maioria da periferia para o centro das metrópoles ou mesmo para as cidades circunvizinhas. De modo que na mobilidade espacial diária encontra-se embutida na saída do indivíduo do seu local de origem a ideia do seu retorno em espaço de tempo curto, daí o uso do termo "movimento pendular de população", pois as conexões casa-trabalho, casa-estudos são ações básicas das populações afetas; vez que através destes movimentos participam do mercado de trabalho