REVISTA DA SOCIEDADE DE PSICOLOGIA DO

SEÇAO 1 | Artigos

Casais que optam por não ter filhos: entre escolhas e expectativas Couples who choose to have no children: between choices and expectations

Thais Ramos Mendes1 e Vinicius Tonollier Pereira2

Resumo: O presente estudo teve como objetivo Abstract: The present study aimed to investigate investigar os fatores motivacionais que levam casais the motivational factors that lead heterosexual couples heterossexuais da Grande a optarem por in Greater Porto Alegre to choose not to have children. não ter filhos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa This is a qualitative exploratory research. The data de caráter exploratório. Os dados foram coletados were collected through a semi-structured interview, através de entrevista semiestruturada, realizadas performed individually, analyzed through discourse individualmente, analisadas através de análise de analysis. A total of 10 participants were enrolled in discurso. Integraram este estudo 10 participantes, this study, totaling 5 couples, aged between 26 and totalizando 5 casais, com idade entre 26 e 51 anos. 51 years. The results are organized in two axes. The Os resultados estão organizados em dois eixos. O first one points out that the discourse of not having primeiro aponta que o discurso de não ter filhos se children approximates a current norm, which is aproxima de uma norma atual, que se constitui de constituted of freedom and detachment. However, the liberdade e desprendimento. Contudo, por outro lado, choice of not having children ends up violating social a escolha por não ter filhos acaba ferindo normas e norms and expectations that are still valid, related expectativas sociais ainda vigentes, relacionadas ao to the traditional family model, which predicts the modelo tradicional familiar, que prevê a existência de existence of children in the course of couples. Thus, filhos no percurso dos casais. Assim, a opção pela não the option for non-maternity and paternity seems maternidade e paternidade parece estar situada entre to be situated between choices and expectations, escolhas e expectativas, fortemente demarcadas por strongly demarcated by social and cultural aspects. aspectos sociais e culturais. Keywords: Childfree couples; Freedom; Stigmatization. Palavras-Chaves: Casais sem filhos; Liberdade; Estigmatização.

1 Psicóloga graduada pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). E-mail: [email protected] . 2 Psicólogo graduado pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Mestre em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Professor e Coordenador do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) no campus de Gravataí. E-mail: [email protected] .

24 Diaphora | Porto Alegre, v. 8 (1) | jan/jun 2019 Introdução Imaginar a razão para que um casal opte por não ter filhos é, no entanto, um processo complexo e de envolvimento subjetivo, tendo em vista que atu- A partir do século XVIII os casamentos deixam de ser estabelecidos almente existem diversas demandas que atuam como influenciadores sociais, visando apenas o patrimônio familiar e passam a priorizar o afeto entre os econômicos e culturais para um planejamento de vida, como as exigências do casais e estes com seus filhos. Segundo Zornig (2010), o termo parentalidade trabalho, a autonomia feminina, as diversas questões econômicas, o individu- surgiu nos anos 60, sendo utilizado na literatura psicanalítica francesa, indi- alismo que tem sido marca das gerações mais atuais e a própria situação do cando a dimensão de processo e construção no exercício da relação dos pais planeta que gera descrença num futuro próspero (Heckler e Mosmann, 2014). com seus filhos. No entanto, de acordo com Julien (2000, citado por Zornig, Barth (2007) fala que é parte da pós-modernidade o culto ao corpo 2010) e Roudinesco (2003, citado por Zornig, 2010), a relação de aliança ou e a banalização da sexualidade. A este culto ao corpo também pertence de consanguinidade não é capaz de garantir a parentalidade. Isto demonstra um aspecto relevante da contemporaneidade, que pode estar presente nas que atualmente existe uma ruptura entre conjugalidade e parentalidade, influências sobre ter ou não filhos, pois as modificações corporais que ocorrem onde a parentalidade deixa de ser o objetivo principal da estrutura familiar, na gravidez podem se apresentar como fator impeditivo neste contexto de fazendo com que “tornar-se pai” ou “tornar-se mãe” passa a depender muito forma física supervalorizada. Segundo Araújo et al. (2012), as transformações mais da história individual de cada um dos pais e de um desejo de modelo do corpo podem ser referidas como desconfortáveis, geradoras de preocupação familiar nuclear tradicional. e diminuem o desejo sexual. Através da passagem do tempo diversas alterações foram surgindo; no entanto, o papel da mulher mantinha-se diferente ao do homem, mais Despojado dos ornamentos de sua antiga sacralidade, o limitado e inferiorizado. Foi, consequentemente, apenas no período da pós-in- dustrialização que a mulher passou a adquirir certos direitos dos quais estava casamento, em constante declínio tornou-se um modo de con- restringida, tais como o direito ao trabalho não limitado ao cunho doméstico, jugalidade afetiva pelo qual cônjuges — que às vezes escolhem direito ao voto, direito à separação matrimonial, entre diversas outras. Pode-se não ser pais — se protegem dos eventuais atos perniciosos de dizer que foram muitas as conquistas que proporcionaram a mulher moderna assumir papéis na vida familiar contemporânea (Caetano et al., 2016). suas respectivas famílias ou das desordens do mundo exterior. (Roudinesco, 2003, p. 197). Vimos também acompanhando a transformação emancipa- Quanto às desordens que podem ser apresentadas também como tória da mulher, iniciadas com sua entrada no mercado de trabalho aspectos que influenciam a opção por não ter filhos, observa-se, segundo (consequência da Segunda Guerra, quando foram convocadas, Souza e Lima (2007), a violência social que ocorre no Brasil e se expressa nos dada a falta de homens para trabalhar nas fábricas), com sua indicadores criminais e nas altas taxas de homicídio, sendo que as mortes por causas violentas nos centros urbanos brasileiros estão entre as mais altas maior ou igual participação na renda familiar, os movimentos do continente americano. feministas a partir dos anos sessenta e a liberação sexual com Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2017), o Brasil teve o advento da pílula (primeira desvinculação de sexualidade e 61.283 mortes violentas intencionais no ano de 2016, sendo o maior número reprodução). (Muszkat, 2013, p. 287). já registrado pelo país. O que se traduziria em aproximadamente sete pessoas assassinadas por hora. Sendo assim, o medo da criminalidade e da exposição Pensando na imagem de mulher e fazendo um comparativo à submissão a esta pode influenciar na escolha de aderir à maternidade e à paternidade, das esposas dos anos 50 e das muitas “chefes de família” vistas atualmente, visto serem razões importantes neste contexto de insegurança. pode-se dizer que a mulher ganhou bastante em liberdade de expressão; Faz-se necessário realçar que existem casais que optam voluntariamente contudo, a imagem de mãe se mantém atrelada à imagem tradicional de em não ter filhos e outros, involuntariamente. É possível pensar que os casais mulher adulta. As modificações surgem, mas ainda se tem uma visão de que não apresentam problemas orgânicos, mas que ainda assim optaram cuidado com os filhos onde a maternidade é símbolo principal, sendo que a por não terem filhos, seriam aqueles considerados como voluntariamente paternidade fica, consequentemente, posta de lado, mais esquecida, muitas sem filhos; aqueles casais que apresentaram algum fator orgânico que im- vezes sobrecarregando a mulher. Ainda que anteriormente o papel feminino possibilitou esta geração seriam os casais involuntariamente sem filhos. No de trabalho fosse ligado às tarefas domésticas e cuidado aos filhos, com as entanto, é importante ressaltar que, tratando-se de uma escolha feita entre mudanças advindas da modernização a mulher ganhou seu espaço e sua duas pessoas, também há a impossibilidade de ter filhos quando uma das liberdade para poder escolher, inclusive a vontade ou não de ter filhos. A partes não quer ter filhos e a outra parte quer, mas abre mão desta vontade, possibilidade então de tornar-se totalmente independente, sem necessitar assim sendo impossibilitado de tê-lo. (Silva e Frizzo, 2014). de um homem para sobreviver, também abriu a chance de escolher se queria dedicar-se a vida do trabalho, da família, ou de ambos (Caetano et al., 2016). Quanto à relevância desta pesquisa, apesar de ser um assunto abordado Tamanhas modificações foram sentidas diretamente nas proporções que na literatura, atualmente se restringe à realidade europeia e americana; quanto demonstraram os indicadores de casais com filhos que, segundo a Síntese ao Brasil, trata-se de assunto pouco pesquisado, permanecendo escasso de Indicadores Sociais do IBGE de 2015, reduziram 15,9% em dez anos. Já quanto a publicações (Caetano et al., 2016). o número de casais sem filhos no Brasil, em 2014, correspondia a 19,9% Assim, o objetivo do presente trabalho é investigar os fatores motiva- do total de famílias, sendo em 2004 correspondente a 14,7% (IBGE, 2015). cionais que levam casais heterossexuais da Grande Porto Alegre a optarem

Diaphora | Porto Alegre, v. 8 (1) | jan/jun 2019 25 por voluntariamente não terem filhos. Além disso, especificamente, busca-se estão em um relacionamento juntos?”, “qual você considera a principal razão de analisar, sob a perspectiva individual de cada cônjuge, de que forma essa não ter filhos?”, “em algum momento de sua vida, já se sentiu estigmatizado decisão parece ser sentida pelas pessoas mais próximas ao casal; identificar ou sofreu algum preconceito em razão de não ter filhos?”, entre outras. Porém, se já foram estigmatizadas ou se sofreram algum tipo de preconceito por sua quando necessário, durante a execução da entrevista outras perguntas foram decisão; e, por fim, analisar, segundo o integrante de cada casal, se esta opção realizadas. Para o levantamento do perfil socioeconômico foi utilizado um foi escolhida mutuamente e seu houve discussões. questionário do qual fizeram parte perguntas quanto a escolaridade, ao local de moradia, ao tempo em que moravam junto de seus parceiros, entre outras questões. O preenchido foi feito pelo próprio participante individualmente. Método As entrevistas de todos os participantes foram gravadas e depois trans- Trata-se de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa. Este critas. Para a análise de dados dos resultados qualitativos seu procedimento método investe em uma análise de grande profundidade sobre os indivíduos, seguiu a análise de discurso. Trata-se de uma técnica que analisa a relação instituições ou grupos que estejam sendo investigados (Bocchi et al., 1996). entre a linguística, a psicanálise e a história, interrogando os sentidos das produções verbais e não verbais. A análise de discurso não trabalha com o O projeto foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa conteúdo tão somente, mas busca os efeitos do sentido mediante a inter- da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/RS). Sob o número de Certificado pretação (Catalina et al., 2006), atento também a que fala e de onde fala. As de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE), 86332317.6.0000.5349, e falas foram posteriormente organizadas em eixos temáticos, agrupando os sob o número do Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa temas mais recorrentes. (CEP), 2.676.991. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi assinado por todos os participantes. Para a preservação da garantia do anonimato, os Apresentação dos resultados participantes foram identificados com a letra “P”, significando participante, Integraram este estudo 10 participantes, totalizando 5 casais. No perfil seguida de um número pela ordem de participação (P1, P2, P3...). sociodemográfico, obteve-se uma média de 41 anos de idade, tendo o parti- Utilizou-se como critérios de inclusão para a mostra casais heterossexuais cipante mais novo 26 anos e o mais velho 51 anos. Metade dos participantes que residiam em Porto Alegre ou região metropolitana, que estavam juntos a 5 possui Ensino Superior Completo e a outra metade possui Ensino Médio anos ou mais e que não tinham filhos da união atual ou de uniões anteriores por Completo e/ou Ensino Superior Incompleto. Os participantes são moradores opção. Quanto ao critério de exclusão, não puderam participar desta pesquisa das cidades de Gravataí, , e Porto Alegre, possuem casais que não tinham optado por não terem filhos, como casais com fatores moradia própria e apresentam um tempo médio de 14 anos residindo com biológicos influenciadores neste processo de decisão. seus respectivos parceiros, sendo o casal que vive há menos tempo juntos A coleta de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada, um total de 5 anos, e o casal que vive há mais tempo juntos um total de 22 nos meses de março a abril de 2018. Quanto ao espaço físico, cada entrevista anos. Praticamente todos os participantes trabalham, com exceção de um, e foi previamente agendada e ocorreu na casa de cada um dos participantes, apresentam uma renda média em 4,6 salários mínimos. tendo sido solicitado a todos um local que fornecesse silêncio e privacidade De acordo com o objetivo da pesquisa foi possível organizar uma divisão suficiente. Para a realização da coleta, durante as entrevistas individuais foi entre dois eixos temáticos, a partir das falas e sentidos mais recorrentes dos utilizada uma lista de perguntas que serviram como tópicos de referência. participantes, a seguir apresentados: Fizeram parte desta lista perguntas como “há quanto tempo você e seu parceiro

Tabela 1. Eixos temáticos. Table 1. Thematic axes.

26 Diaphora | Porto Alegre, v. 8 (1) | jan/jun 2019 No primeiro eixo, o grande sentido presente é em relação a “Influências Liberdade da contemporaneidade”, que mostra o quanto valores sociais hegemônicos Este campo temático é o primeiro a compor o eixo “Influências da con- atualmente se mostram presentes nas falas dos participantes. Dentro deste temporaneidade”. Aqui ficam explícitas as ideias de liberdade, incluindo de eixo, dois campos temáticos foram construídos, a partir das falas. O primeiro consumo, até do próprio tempo. A liberdade pode ser considerada atualmente refere-se à ideia de “Liberdade”, onde os sentidos presentes remetem a como um dos fatores mais importantes para o indivíduo, pois a satisfação satisfação das diferentes formas de prazer, priorizando a mobilidade e a do desejo encontra na liberdade sua validade e realização. Muitos dos par- flexibilidade, evitando qualquer forma de comprometimento. Os “Aspectos ticipantes demonstraram valorizar a liberdade como aspecto importante, financeiros” aparecem com a representação da influência do consumo e a muitas vezes principal, para suas escolhas de não terem filhos. Os trechos importância que a sociedade atual atribui a aquisição, seja de bens materiais a seguir apresentam alguns exemplos do valor que a liberdade representa ou títulos que expressam status. para os participantes: O segundo eixo aborda a coexistência entre normas sociais atuais e precedentes. Se, por um lado o papel da mulher se modificou nos últimos Bom, inicialmente, no meu caso, acho que até de casar eu anos, por outro se observa a associação ainda presente entre constituição de também custei muito a “me juntar”, no caso. A outra esposa que família e ter filhos, carregando um sentimento de obrigatoriedade, enquanto norma social a ser cumprida. Isto demonstra que não ter filhos ainda contraria eu tive, tinha já uns trinta... Não me lembro exatamente que idade as expectativas que a sociedade incumbe aos casais, o que gera o campo eu tinha, trinta e poucos eu acho. Acho que um pouco é aproveitar, temático “Cobranças, estigmatização e preconceito”. seguir o conselho que a minha avó me deu quando eu era mais Em síntese, percebe-se a coexistência e conflitos de normas e valores novo, “Não casa cedo”. Ela casou com dezessete anos. Ou menos contemporâneos e também de convenções anteriores. Ou seja, se por um lado até, dezesseis. E sempre fui ávido por conhecer lugares, por viajar, há um imperativo de gozo e liberdade, onde não há tempo a perder com o que demanda compromisso e continuidade, por outro há ainda exigências sociais por fazer o que eu quero e tal... então, com família isso seria mais sobre a maternidade/paternidade, sendo o percurso “natural” de um casal ter restritivo, digamos. (P1) filhos. Assim, os resultados acabam abordando esse panorama diverso, sendo que cada eixo contempla cada uma dessas visões. Filho é uma coisa muito séria, tu tens que ter muita vontade de abdicar de tudo por eles. [...] Mas eu acho que esse mundo que Resultados e discussões a gente vive não é muito convidativo para pôr uma criança, eu acho muita responsabilidade e é uma coisa que eu quis abrir mão. Não Eixo 1 – Influências da contemporaneidade quis ter essa preocupação eterna. É como eu vejo assim, que filho A contemporaneidade, segundo Bauman (2004), é formada por laços frágeis de relações líquidas, onde os indivíduos são fortemente influenciados é uma preocupação eterna. (P6) a buscarem ansiosamente por convívio e por proximidade; no entanto, a ideia de uma ligação sólida, constante, duradoura e estável, algo que reforça o “até que a morte nos separe”, trás consigo uma mistura dicotômica de atração e Tem pessoas que tratam ter filho como se fosse qualquer repulsão simultâneas, pois o durável traz compromissos. Este comprometi- coisa. Para mim, é uma responsabilidade gigantesca. Por que tu mento envolve deveres e responsabilidades dos quais as pessoas não se sentem és responsável pela vida de outra pessoa. Então no momento que capazes de assumir, ou não estão a fim de assumir. Neste sentido, as relações hoje tendem a serem entendidas e tratadas como descartáveis. A partir do tu decides ter filhos tu tens que ter em mente que tu vais ter que momento que não serve, não há razão para mantê-la, sendo utilizada para dedicar a tua vida pela outra pessoa. Então, pode parecer egoísmo, servir ao próprio gozo. Isto é o que Bauman (2004) chama de “relação de mas eu não quero dedicar a minha vida para criar a de outra pessoa. bolso”, doce e de curta duração, sem priorizar a intimidade afetiva, mas apenas Por que eu sou feliz do jeito que eu sou, com a minha vida do jeito a intimidade sexual. Esta é sua serventia. Pois, se fixar a algo ou alguém, é também perder a chance de acumular experiências, o que se opõe ao objetivo que é e eu não quero mudar isso”. (P9) principal contemporâneo, que é a busca constante por prazer imediato com total desprendimento e liberdade. É eu poder chegar do serviço e só ajudar na casa e poder olhar Esses traços da contemporaneidade não seriam, portanto, restritos aos relacionamentos, mas iriam muito além destes, influenciando o consumismo TV ou ler um livro, uma coisa... se eu tivesse um filho, eu teria que e a priorização da satisfação individual imediata. Dito de outra maneira, os chegar, dar atenção para ele, ver o que tem para fazer, buscar no próprios relacionamentos também passam a ser, eles próprios, objetos de colégio, tudo. Perder tempo”. (P10) consumo, submissos as relações de troca e descarte. Nas falas é possível identificar a busca constante por manter-se liberto, sem as grandes responsabilidades que a maternidade e a paternidade envol- vem, plenos para exercer o gozo que se exprime no tempo livre, na viagem e

Diaphora | Porto Alegre, v. 8 (1) | jan/jun 2019 27 na ausência de preocupação. Segundo Melman (2008), a economia libidinal sistema conjugal. A esta perturbação, também é possível atribuir a importância da perversão se torna a norma social da atualidade, exemplificada nas relações de liberdade junto ao relacionamento do casal, pois como não ter filhos envolve sociais nos aspectos do indivíduo que se utiliza de um parceiro como um objeto menos comprometimento, a inclusão de um filho gera certos problemas que que se descarta quando insatisfatório. A filosofia moral destes tempos seria a podem influenciar a conjugalidade. satisfação plena do prazer com direito a reivindicação quando não satisfeita. Assim, aqueles que vivem nesta sociedade são subjetivados por esta E, falando sobre a contemporaneidade, continua: visão contemporânea da necessidade de liberdade. Não por acaso, os par- ticipantes desta pesquisa trazem assim a ideia de filhos como restrição, um O progresso, sabemos, sempre é pago, de uma forma ou de compromisso gerador de abdicação da própria vida, dos próprios desejos, o outra. É a fonte, eu disse, de uma enorme liberdade: nenhuma que produziria a diminuição da possibilidade de mobilidade e de realizações próprias e individuais. sociedade jamais conheceu uma expressão do desejo tão livre de cada um, uma facilidade tão grande de encontrar um parceiro [...] Aspectos financeiros Cada um pode publicamente satisfazer todas as suas paixões e, Segundo Connidis e McMullin (1999, citado por Rios e Gomes, 2009a) além do mais, pedir que elas sejam socialmente reconhecidas, algumas das vantagens citadas por pessoas que não têm filhos, tanto por aceitas, até legalizadas, incluídas aí as mudanças de sexo. Uma opção ou não, seriam o menor número de preocupações, maior liberdade, flexibilidade na carreira e, por fim, os benefícios financeiros, que neste capítulo formidável liberdade, mas ao mesmo tempo absolutamente estéril serão tratados com maior ênfase. para o pensamento. Também nunca se pensou tão pouco! Essa De acordo com o dito na categoria anterior, os aspectos acima apresenta- liberdade está aí, mas ao preço do desaparecimento, da afânise dos fazem parte da liberdade em si. Querer não ter preocupações, problemas, do pensamento. (Melman, 2008, p. 29). ter uma vida flexível, que possa optar por focar-se no próprio trabalho, isto é libertador. Assim como os benefícios financeiros que isto acarreta, sendo que Assim, ele demonstra que houve mudanças, que nunca antes a necessi- esta centralidade também é típica da sociedade de consumo contemporânea. dade individual foi tão ouvida ou valorizada. Mas há um preço a ser pago sobre A seguir estão algumas falas dos participantes que expressam essa preocu- essa mudança, pois hoje existe um lugar onde obrigatoriamente deve satisfazer pação com os aspectos financeiros que envolve ter filhos: seu gozo, abrindo o espaço para o imediatismo e para a ausência de reflexão, tornando os laços, como Bauman (2004) menciona; líquidos e descartáveis. Até eu me formar era meus pais que pagavam aluguel, que Corroborando com os aspectos anteriores, para Blackstone e Stewart se não, eu não estava estudando. Então, agora surgiu “Ah! Pagar (2012), ao explorar por que alguns casais optam por não ter filhos, surgem a casa, pagar água e luz”. Por que, o que eu vejo, a maioria dos muitas explicações como forças macrossociais; engloba-se, por exemplo, o aumento de mulheres na participação do mercado de trabalho, mas também amigos e conhecidos, quase nenhum não tem filho, no caso, né? motivações de nível micro, como a autonomia e a liberdade. [...] E eu vejo algo que eu realmente não gostaria de ter na minha Ratificando os aspectos mencionados neste campo, Houseknecht (1987, vida, eu vejo que o pessoal tem filhos, e que é normal ter o filho citado por Blackstone e Stewart, 2012), descobriu que a razão mais comum e passar muitos problemas para ter o leite em casa, e a criança citada para não ter filhos é a liberdade em relação à responsabilidade, maior comer, ter roupa. E em uma escola pública. Isso é muito normal oportunidade de auto-realização e mobilidade. Em Gillespie (2003, citado por Blackstone e Stewart, 2012), em relação à escolha de não ter filhos, surgiram para o brasileiro. Para mim, isso não é normal. (P3) os temas liberdade pessoal e a capacidade de desenvolver relacionamentos com outros adultos. Isto demonstra que a liberdade é uma característica Quando a gente se conheceu, ficou juntos, nós dois fazíamos bastante abordada em várias pesquisas, tratando-se de aspecto central na escolha de se ter ou não filhos. faculdade, nós ainda não tínhamos uma casa própria. Então nós Bigras e Paquette (2000), por exemplo, realizaram um estudo inves- tínhamos outras prioridades. Terminar a faculdade, construir uma tigando o impacto de filhos na relação conjugal, do qual participaram 168 casa, essas coisas. (P6) cônjuges com e sem filhos, sendo 45 casais sem filhos e 39 casais com filhos de idade máxima de cinco anos. Foi utilizado o Q-Sort sur la Qualité de la Relation Conjugale (Q-RC), que investiga a Qualidade da Relação Conjugal, Eu tinha que trabalhar. Ele também. Eu não ia parar de traba- método de escolha forçada que favorece a comparação entre descrições feitas lhar, para gente poder terminar de adquirir as coisas da gente. (P7) pelos sujeitos, de acordo com um continuum que vai de “extremamente típico” (9) a “extremamente atípico” (1). Para os casais sem filhos os itens indicaram uma vida sexual e afetiva harmoniosa, sentimento de envolvimento mútuo A parte financeira envolve, pesa bastante. Por que ter filhos e prazer compartilhado. Em contrapartida, casais com filhos foram melhores custa dinheiro. Principalmente hoje, na cidade, que é diferente de descritos nos itens que expressavam difíceis relações de barganha e problemas antigamente, que viviam na roça, que se sustentavam com a própria interpessoais, sugerindo a presença da criança como uma perturbação ao produção do local. Parte financeira pesa bastante. (P9)

28 Diaphora | Porto Alegre, v. 8 (1) | jan/jun 2019 Nestas falas, os participantes demonstram a preocupação em adquirir ao seu próprio bem-estar. Com o período da pós-industrialização, houve mo- coisas, conquistar bens e títulos, no quanto este consumo é sentido como dificações na estrutura familiar, proporcionando a mulher novas possibilidades, prioridade, o que se alinha a exigências da sociedade atual, assim como os não mais exclusivamente restritas ao papel de mãe e esposa, mas incorporando filhos são sentidos como impeditivos, como formas de investimento financeiro também o estudo, a profissionalização, a descentralização de tarefas domésti- de grande peso. cas e a igualdade dos direitos (Caetano et al., 2016). Tais características foram fundamentais para as modificações que hoje se apresentam, como a mulher Um dos participantes lembra inclusive das famílias agricultoras, não mais obrigatoriamente no papel de mãe e a desconstrução da ideia de “autossustentáveis”, pertencentes a uma época em que filhos eram sempre um instinto inato de maternidade que a faça amar incondicionalmente seu bem-vindos. Segundo Bauman (2004), um grande número de filhos signi- filho (Rios e Gomes, 2009a). Atualmente, como evidenciado no eixo anterior, ficava força de trabalho, continuidade da família e expectativa de melhoria há a ideia de um homem contemporâneo com novos ideais e normas sociais. do bem-estar. Não envolvia preocupação com a satisfação pessoal de cada Contudo, este andamento se faz de forma gradual, pois a sociedade ainda participante, mas sim com uma educação severa. Contudo, hoje um filho é mais traz ideal e pensamentos precedentes, onde todos acabam coexistindo. E isto como um objeto de consumo. Entretanto, não existe nenhum tipo de “garantia será identificado e trabalhado neste presente eixo, pois mesmo que haja uma do fabricante” e seu custo é uma das obtenções mais caras que se pode fazer filosofia imediatista e voltada ao gozo, também se apresenta e se mantém na ao longo da vida. Ter filhos passa a significar a diminuição das aspirações sociedade características que pertencem ao período das tradicionais configura- pessoais para se responsabilizar pela vida de outra pessoa sem um período ções familiares, (co)existindo também as (antigas) normas sociais que exigem de tempo estipulado, o que contraria a vida no líquido mundo moderno que que os casais tenham filhos, o que exerce pressão sobre os indivíduos que, por estabelece o desprendimento aos compromissos definitivos. Perceber estas outro lado, querem utilizar de sua liberdade para o prazer, desprendimento incumbências pode ser perturbador, o que se observa nas crises conjugais e consumo. Portanto, parecem ficar assim entre estas duas exigências: por pós-parto, enfermidade que, aparentemente, pertence à modernidade. um lado, as mais atuais, que clamam por desprendimento e liberdade; e, por De acordo com Barth (2007), o homem pós-moderno, de maneira geral, outro, as mais tradicionais e instituídas, onde a maternidade e a paternidade é materialista, pragmático, frio e busca o prazer sem restrições, imediato e são percursos quase obrigatórios na vida de um casal. acima de qualquer custo. Tornando bens e pessoas descartáveis. É preciso “ter” para “ser”, então o quanto ganha de dinheiro faz seu reconhecimento. Tendo Cobranças, estigmatização e preconceito seu ideal no consumo, criação do capitalismo, resultando em uma cultura do Segundo Goffman (1975, citado por Rios e Gomes, 2009b), autor que desperdício, que prega falsas necessidades e culmina em duas fatais crises: discute estigma e identidade social, um estigma se expressaria através de a econômica e a ecológica. E, reinando acima de todos estes princípios, a uma peculiaridade que torne um indivíduo diferente dos demais, dentro de ausência absoluta de fé ou crenças, se não a da liberdade para adquirir o uma categoria ao qual estaria incluído, à exceção desta característica que o prazer próprio e passageiro: difere, tornando-se defeituoso, errado, incomum e minimizado. Assim, não ter filhos acaba sendo, muitas vezes, interpretado como uma patologia e/ou Igrejas, academias, farmácias e motéis é o que mais se vê anormalidade. Desta forma, muitos casais que tomam essa decisão sofrem nas ruas. São as instituições que mais proliferam e, no fundo, muitas cobranças, da sociedade em geral, e passam por situações de precon- cada uma responde na medida exata ao que o homem moderno ceito e indignação, como será visto nas falas dos participantes. busca. O comércio religioso, em muitos casos, assume as mesmas Bah! Fechou um ano, começa a família inteira a perguntar características de qualquer oferta de produto, em nada diferente “Quando é que vem filho?”, “Quando é que vem netinho?”, “Quando da venda de celulares, eletrodomésticos, carros, programas é que vem sobrinho?” e é complicado tentar explicar. (...)“Ah! Mas eróticos, etc. (Barth, 2007, p. 103). como é que tu vai ficar depois? Quem vai cuidar de ti depois? E tu Vive-se hoje em uma sociedade cuja preocupação principal se encontra não vai querer ninguém contigo?” E tem várias outras perguntas na liberdade da satisfação, que muitas vezes está no consumo, nos produtos, que eles vão ficar fazendo. Eles não conseguem entender que tu à proporção de um prazer constante e para todos os orifícios corporais. “Fa- não quer. (P3) bricam-se hoje sons extraordinários que não são mais escutados somente com os ouvidos, mas com todo o corpo. [...] São gozos fabricados, artificiais, que fazem parte dos produtos da nova economia psíquica” (Melman, 2008, Para minha mãe é um chute no estômago. Ela queria por que p. 32). Assim, em meio a tantas possibilidades de aproveitamento, os filhos são naturalmente vistos como empecilhos para sua própria aquisição de bens, queria ter alguém que viesse, que fosse filho meu. [...] Meu pai a de títulos, de experiências, um entrave financeiro na corrida das aquisições mesma coisa. Todo mundo pede, essa é a verdade. Tu vai visitar o e acúmulos materiais. pessoal, a primeira coisa que o pessoal fala é “Tá! E aí, quando é que vai sair o de vocês?” [...] então é aquela coisa. Mais parece Eixo 2 – Conflitos de normas e valores uma obrigação. (P4) Como já trazido anteriormente pela citação à obra de Bauman (2004), as famílias costumavam ter estruturas numerosas, o que significava seguridade

Diaphora | Porto Alegre, v. 8 (1) | jan/jun 2019 29 Claro, às vezes, tem aquela piadinha “tu tem algum proble- Considerações finais ma?” Mas eu assim, levo de boa. Claro, que, às vezes, as pessoas Observa-se que a escolha sobre ter ou não filhos envolvem diversos vão te perguntar e perguntam. “Ah, por que, cara?” e eu digo aspectos e evidenciam grandes mudanças que ocorrem no campo social e “Olha, as escolha foi nossa. A gente decidiu em não ter e para nós cultural. A sociologia, a filosofia, a psicologia, entre outras áreas, buscam, foi tranquilo. (P8) através de diversos estudos, entender o caminho que a nossa sociedade tem percorrido e aonde irá chegar, sendo que as constantes modificações no seio familiar impactam diretamente nos rumos e percursos da sociedade. Eles acham que a gente é estranho. Por que como já estamos Importante ressaltar que se observa a coexistência e sobreposição de juntos a tanto tempo, tem muita cobrança por parte da família. “mundos diferentes”. Ao se falar da contemporaneidade, muitos dos autores trazidos nesta pesquisa observam o homem atual como sendo materialista, Agora eles já estão começando a desistir porque estou ficando mais consumista, egoísta, permissivo e indiferente. Ao se tornar a norma subje- velha. Mas antes, “ah, vocês vão mudar de ideia” ou “ah, isso é por tiva, o individualismo, o desprendimento, a busca da satisfação e o excesso que vocês são muito novos”. E também já fui criticada por pessoas incidem sobre todos, inclusive sobre aqueles que optam por não ter filhos. que tem filhos, como se fosse um absurdo eu ser mulher e não ter Nesta perspectiva, uma leitura possível é que a escolha de não ter filhos vai ao encontro de um ideal contemporâneo, de desprendimento e liberdade. um filho. É difícil, sabe? Às vezes, tem gente que não entende. É Contudo, ao mesmo tempo em que estes novos valores se impõem, uma escolha da vida de cada um, ninguém tem que se intrometer não se ultrapassam totalmente as normas da modernidade sólida descrita na vida dos outros, né? (P9) por Bauman (2004). Nesta, o imperativo se exercia pela sujeição à disciplina e à ordem, ao modelo normativo familiar, à privação dos desejos em nome Atualmente é mais aceitável a coexistência entre formas e configurações dos ideais sociais. A liberdade era restrita, o que incidia sobre os desejos. Ter diferentes de família, entretanto existem fortes animosidades quanto a essas filhos, nesta lógica, era seguir o modelo hegemônico de vida e de família, diferenças. Pois o novo nem sempre é bem recebido, gerando conflitos. submetendo-se a um processo normativo, onde pouco estava implicado o Neste caso, os indivíduos que demonstram estarem satisfeitos com a opção desejo de cada um. que fizeram, no entanto, apresentam dificuldades para terem sua decisão respeitada (Rios e Gomes, 2009b). Assim, por um lado, fica evidente o quanto não ter filhos é uma decisão que se alinha aos ideais subjetivos contemporâneos; contudo, por outro Sobre as falas dos participantes é interessante notar que esta pressão lado, isto acaba não atendendo outra exigência social, advinda do modelo se exerce principalmente pela família, em especial os pais, pertencentes a tradicional de família ainda instituído de maneira hegemônica, que define uma geração anterior, com uma busca por perpetuar a configuração familiar os filhos sendo uma obrigação inscrita no percurso de todo casal. Portanto, a tradicional, característica de um período que não prezava com tamanha opção pela não maternidade e paternidade parece estar situada entre escolhas proporção pelo consumo, e tinha atrelado a seus ideais a importância de e expectativas, fortemente demarcadas por influências sociais e culturais, o adquirir responsabilidades permanentes, como a constituição de sua própria que inclui aspectos tradicionais e contemporâneos. família, ao encontro da modernidade sólida definida por Bauman (2004). De qualquer forma, não é possível prescindir dos aspectos psicológicos, A produção de material científico que trata deste tema é bastante limita- visto que muitos fatores estão implicados na constituição psíquica individual, da, principalmente no aspecto da produção brasileira. E quando há pesquisas, que envolvem o desejo. Logo, as pessoas não são levadas a ter, ou não, filhos em sua maioria, volta-se para a mulher, como se esta fosse a única a opinar unicamente por influência da cultura. Assim como, pensando em questões diante de tal tomada de decisão, o que demonstra características de uma atuais centradas na beleza, no individualismo e no narcisismo, não necessa- sociedade mais tradicional. No entanto, com uma visão mais contemporânea, riamente o casal que opta por não ter filhos é sempre livre, saudável ou menos observa-se que tanto homens quanto mulheres podem exercer igual papel sujeito a pressões sociais e culturais. Desta forma, a visão contemporânea na decisão pela procriação. Entretanto, quando optam por não terem filhos, busca o ideal de liberdade, mas não é, em razão disso, essencialmente mais sofrem pressão social e preconceito, visto que existem certos estereótipos que saudável ou libertária. exercem pressão de normatização (Rios e Gomes, 2009b). Por se tratar de um tema fortemente atravessado por questões con- Tratando-se de uma pesquisa qualitativa, é importante afastar seus temporâneas, há necessidade de mais estudos e aprofundamento, visto resultados da generalização. Todavia, aos 10 participantes foi perguntado sobre que o Brasil, assim como muitos outros países, demonstra um crescimento a possibilidade de ter passado por alguma situação na qual sofreu preconceito. considerável de casais que optam por não ter filhos, mas que, no entanto, não E de todos os participantes, apenas três responderam negativamente ao apresenta a mesma proporção de pesquisas científicas na área. preconceito; quanto aos demais, eles não apenas já passaram por situações deste tipo, como também as descreveram como recorrentes.

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