MUNICÍPIO DE SANTA CATARINA ILHA DO FOGO

PLANO DIRECTOR MUNICIPAL

CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO

Março de 2010

P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

NOTA:

O presente trabalho foi feito com base em consultas documentais, visitas de campo, reuniões com a forças vivas do Concelho e serviços sedeados na ilhado Fogo e na Cidade da Praia.

A sua principal limitação tem a ver com a disponibilização de dados.

A Connetions agradece a todos que ajudaram na realização do mesmo e espera contar com todos nas próximas fases.

Equipa Técnica: Doutor Alberto Mota Gomes Doutor Claudio Furtado Dr. Geraldo Almeida Dr Romualdo Correia Dr Luís Filipe Tavares Dr Jaime Ferreira Arqtº Francisco Duarte Arqtº Helder Almeida Arqtº Sandro Lopes Engº Hermínio Ferreira

O Coordenador da Equipa,

Francisco Duarte

1 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Conteúdo Introdução ...... 6 1. CONDICIONANTES SÓCIO-ECONÔMICOS ...... 8 1.1 Enquadramento ...... 8 1.2 Processo Histórico de Ocupação ...... 9 1.3. Aspectos Demográficos ...... 10 Grupos Funcionais e Índices Resumo ...... 14 Projecção e Evolução da População ...... 20 1.4 Educação ...... 22 1.5 Saúde ...... 28 1.6 Meios e Subsistência e Acesso aos Bens e Serviços ...... 30 1.7 Emprego e Desemprego ...... 32 1.8 Actividades Economicas ...... 33 1.8.1Pesca ...... 36 1.8.2 Agricultura ...... 37 1.8.3 Pecuária ...... 43 1.8.4 Comércio e Serviços ...... 45 1.8.5 Agro-Indústria ...... 46 1.8.6 Turismo ...... 46 1.9 Aspectos Culturais ...... 51 2. CONDICIONANTES FÍSICO-TERRITORIAIS ...... 51 2.1 Aspectos Gerais da Morfologia Urbana ...... 51 2.2 Questões Estruturais ...... 59 2.3 Questões Sectoriais ...... 60 Abastecimento de Água ...... 60 Saneamento ...... 61 Resíduos Sólidos ...... 63 Energia ...... 65 Recursos Paisagísticos ...... 67 Habitação ...... 68 Desporto, Lazer e Áreas Verdes ...... 69 Abastecimento Alimentar ...... 70 Segurança ...... 70 Indústria ...... 71 2 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Transporte colectivo ...... 72 Turismo ...... 72 3. CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS ...... 73 3.1 Aspectos Geográficos, Geomorfológicos e Geotectónicos ...... 73 3.2 Vocação Territorial ...... 86 3.3 Flora e Fauna ...... 88 3.5 Clima ...... 93 4. BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ...... 96 ANEXO ...... 98

Índice de Quadros Quadro 1 ‐ Evolução da população residente, Cabo Verde e Santa Catarina ...... 11 QuadroEvolução 2 ‐ da população de Santa Catarina (1970‐2005) ...... 11 Quadro Taxas 3 ‐ médias (%) de crescimento demográfico no Concelho de Santa Catarina (1970 – 2000) ...... 12 Quadro 4 ‐Evolução da população residente em Cabo Verde, Ilha do Fogo e no Concelho dos Santa Catarina (1940 – 2000) ...... 12 QuadroEvolução 5 ‐ da população do município segundo as principais localidades‐1970‐2000 .... 13 QuadroDistribuição 6 ‐ da população residente por Sexo e Grupo Etário em 2000 ...... 13 QuadroGrupos 7 ‐ funcionais no município de Santa Catarina e São Filipe ...... 17 QuadroÍndices 8 ‐ de dependências no município de São Filipe e Santa Catarina ...... 18 Quadro 9 – Índices da dinâmica populacional nos municípios de São Filipe e Santa Catarina ...... 19 Quadro 10 – Cenário 1. Crescimento lento (0.8%.a.a) ...... 21 Quadro 11 – Cenário 2. Crescimento Médio (Projecção do INE e cálculos) ...... 21 Quadro 12 – Cenário 3. Crescimento rápido (2,5% ao ano) ...... 22 Quadro Indicadores 13 ‐ da Educação no Concelho de Santa Catarina ...... 22 Quadro 14 ‐ Número de jardins e efectivos 2005/2006 ...... 23 Quadro 15 ‐ Distribuição dos alunos do EBI (Ano lectivo 2005/2006) ...... 24 Quadro 16 ‐ Distribuição dos alunos do EBI segundo o ano lectivo ...... 24 Quadro 17 ‐ Distribuição dos alunos e turmas segundo o ano de escolaridade (Ano lectivo 2005/2006) ‐ Ensino secundário ...... 25 Quadro 18 ‐ Distribuição dos inscritos para a formação profissional, por Concelho e freguesia e por nível de instrução em 2008 ...... 27 Quadro Taxa 19 ‐ de mortalidade geral, por Concelho e género, 2007 ...... 29 3 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Quadro 20 ‐ Nº de óbitos infantis e suas componentes, 2007 ...... 29 Quadro 21 – Necessidades em Infra‐estruturas e técnicos de saúde ...... 30 QuadroTaxa 22 ‐ de Actividade no Concelho de Santa Catarina ...... 32 QuadroTaxa 23 ‐ de desemprego no Concelho de Santa Catarina ...... 32 QuadroTaxa 24 ‐ de desemprego no Concelho de Santa Catarina por Grupo etário ...... 33 QuadroTaxa 25 ‐ de desemprego por grupos etários e sexo no Concelho de Santa Catarina ...... 33 Quadro Empresas 26 ‐ activas por sectores de actividade ...... 34 QuadroSanta 27 ‐ Catarina: efectivos de botes a motores e recursos humanos da pesca artesanal em 2005 ...... 37 Quadro 28 ‐Quadro 6 – Plantas fruteiras fixadas de 2001‐2007 ...... 39 Quadro 29 ‐ População agrícola por sexo ...... 40 Quadro 30 ‐ Relação das areas irrigadas no Concelho de Santa Catarina ...... 41 Quadro 31 ‐ Parcelas por regime agrícola ...... 42 Quadro 32 ‐ Área cultivável em sequeiro segundo a classe de área ...... 42 QuadroExploração 33 ‐ agrícola segundo meio urbano e rural ...... 43 QuadroEvolução 34 ‐ hóspedes/entradas e dormidas 2004‐2007: cv‐fogo ...... 49 Quadro 35 ‐ Necessidade energética para o município de Santa Catarina ...... 66 Quadro 36 ‐ Nº mínimo de efectivos da polícia necessária ...... 71 Quadro 37 ‐ Áreas discriminadas em função do declive ...... 83 Quadro 38 – Áreas com Potencial para Edificação no Concelho de Santa Catarina ...... 87

Índice de Figuras Figura 1 ‐ Área de Estudo (Concelho de Sta. Catarina, ilha do Fogo – Cabo Verde)...... 9 Figura 2 ‐ Localização do Concelho de Santa Catarina (a verde) na ilha ...... 9 Figura 3 ‐ Pirâmide de Idade em Santa Catarina do Fogo ...... 14 Figura 4 ‐ Relação de masculinidade em Santa Catarina ...... 15 Figura 5 ‐ Relação de masculinidade em Santa Catarina ...... 15 Figura 6 – Formas e proporção de evacuação do esgoto doméstico ...... 62 Figura 7 ‐ Modos de evacuação dos resíduos sólidos urbanos ...... 64 Figura 8 ‐ Ilha do Fogo com o Concelho de Santa Catarina delimitado ...... 73 Figura 9 ‐ Caldeira e o vulcão activo ...... 73 FiguraLimite 10 ‐ do Concelho (a verde) e a forma semi‐circular da caldeira ...... 74 FiguraFronteira 11 ‐ morfológica da ilha do Fogo ...... 75 4 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Figura 12 – Esquema morfológica da ilha ...... 77 Figura 13 – Concelho de santa Catarina ‐ Carta de declives do ...... 80 Figura 14 ‐Carta de bacias hidrográficas ...... 82 FiguraÁreas 15 ‐ discriminadas em função do declive ...... 84 FiguraFormações 16 ‐ geológicas do Concelho de Santa Catarina ...... 85 FiguraProporção 17 ‐ das formações geológicas no Concelho de Santa Catarina ...... 85 FiguraCarta 18 ‐ de exposição solar das encostas ...... 87 FiguraCarta 19 ‐ Negativa à edificação ...... 88

Índice de Fotografias Foto 1 – Entrada principal da Vila de ...... 52 Foto 2 ‐ Uma rua estreita e sem passeio ...... 52 Foto 3 – Um aspecto de construçãoi em Cova Figueira ...... 53 Foto 4 ‐ Casa típica do casco antigo de Cova Figueira ...... 54 Foto 5 ‐ Constuções modernas em Cova Figueira ...... 54 Foto 6 ‐ Uma construção compacta em Cova Figueira ...... 54 Foto 7 ‐ Exemplo de ocupação do solo ...... 55 Foto 8 ‐ Vista áerea da Vila de Cova Figueira ...... 57 Foto 9 ‐ , Forma urbana ...... 57 Foto 10 ‐ Campo de vinha em Chã das Caldeiras ...... 58 Foto 11 ‐ Animais soltos (Zona Rural) ...... 63 Foto 12 ‐ Uma vista capturada do miradouro de Cova Matinho ...... 67 Foto 13 ‐ Dois aspectos de paisagem de Chã das Caldeiras e de atracção turísticas ...... 68 Foto 14 – Uma forma genérica do contorno litoral da ilha ...... 75 Foto 15 ‐ Uma zona Plana vista de Cova Figueira ...... 75 Foto 16 ‐ Presença de cones vulcanicos a SE da Ilha ...... 76 Foto 17 ‐ Chã das Caldeiras ‐ Vulcão principal e os cones adventícios ...... 78 Foto 18 ‐ Vales encaixados no Concelho de Santa Catarina (fronteira com o Concelho dos Mosteiros) ...... 79 Foto 19 – Chã das Caldeiras e materias de última erupção ...... 81 Foto 20 ‐ Cova Matinho e materiais de erupções mais antigas (ausência de vegetação) ...... 81 Foto 21 ‐ Especie característica das zonas áridas ...... 89

5 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Introdução Conforme o Decreto-Legislativo nº 1/2006 de 13 de Fevereiro, o Plano Director Municipal para além de ser o instrumento de planeamento que rege a organização espacial e tem como objectivo principal a identificação dos interesses públicos que se propõe proteger e dispõe, em especial, sobre: a) A delimitação das áreas urbanas e peri-urbanas; b) A qualificação das áreas não urbanizáveis; c) O traçado esquemático da rede viária e das redes de infra-estruturas urbanísticas; d) A localização dos principais equipamentos públicos; e) A delimitação das áreas a abranger por plano de desenvolvimento urbano e por plano detalhado f) As regras de crescimento urbano, a localização de distintas zonas: turísticas, económicas, de reserva natural, etc. Trata-se portanto, de um instrumento que permite uma gestão clara e transparente do território. O seu enquadramento tem lugar nos chamados Planos Urbanísticos sendo hierarquicamente superior aos Planos de Desenvolvimento Urbano e Plano Detalhado. O seu âmbito é municipal e aplica-se à totalidade da área do município. Actualmente, o município de Santa Catarina não dispõe de nenhum dos planos urbanísticos oficialmente reconhecido, não obstante os esforços louváveis que se tem verificados a nível do seu gabinete técnico, na busca de soluções para o melhor enquadramento do município na sua região, melhoria das acessibilidades e mobilidades internas, promoção da qualidade de vida dos munícipes, dinamização da actividade económica, e preservação do ambiente, da História e da Cultura.

ƒ É dentro deste espírito de continuidade de esforços para o desenvolvimento equilibrado do município que se desenvolve este Plano Director Municipal (PDM), enquanto instrumento que permite a instituição de um processo permanente de planeamento no município, propiciando o desenvolvimento e definindo os instrumentos em função das vocações económicas e de características sociais, urbanas e ambientais do Concelho de Santa Catarina. O PDM deve induzir o crescimento integrado e sustentável e indicar tanto as prioridades de investimentos como os de regulação urbanística, assegurando o suprimento das necessidades em equipamentos, infra-estruturas e serviços 6 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

bem como das actividades económicas, tendo sempre presente a melhoria permanente da qualidade de vida da população, aspectos esses também recomendados pelo Esquema Regional de Ordenamento do Territorio (EROT) do Fogo, na fase de conclusão pelo MDHOT. Salienta-se o facto de este mesmo plano recomendar a projecção de Cova Figueira como um centro de nível 3 (último grau da hierarquia urbana para a ilha) o que poderá ser um factor limitante para o próprio desenvolvimento do município em termos competitivos.

Assim sendo, a elaboração deste Plano Director Municipal deverá ser realizado com recurso ao método participativo.

Considerando as orientações dos diferentes instrumentos legais, como o EROT, o Plano Ambiental e o Plano de Gestão do Parque Natural do Fogo, os objectivos básicos deste Plano Director Municipal são:

ƒ Ordenar a ocupação do território e a mobilidade urbana.

ƒ Orientar a promoção da sustentabilidade do patrimônio ambiental e cultural do município.

ƒ Promover o desenvolvimento integrado das funções económicas e sociais.

ƒ Fortalecer a base institucional de planeamento.

ƒ Propiciar a continuidade das acções de desenvolvimento.

ƒ Favorecer a participação da sociedade na gestão pública.

ƒ Disponibilizar informações essenciais para fundamentar as decisões pertinentes ao desenvolvimento municipal.

Porém, sendo o planeamento e o ordenamento um processo, a elaboração deste Plano Director Municipal comportará fundamentalmente duas etapas distintas de trabalho: diagnóstico e ordenamento.

O presente documento diz respeito à primeira fase ou seja à fase de diagnóstico, na qual estão incluídos os pontos fortes e fracos bem como as ameaças e oportunidades do município.

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Nos capítulos subseqüentes, serão apresentados os resultados dos levantamentos iniciais, já avaliados e sistematizados, inclusive em mapas, bem como identificação das necessidades de informações complementares capazes de fundamentar as propostas de ordenamento espacial. A produção de informações inclui não só os aspectos técnicos, mas também a visão da sociedade local sobre os problemas e as perspectivas para o desenvolvimento do município.

Em suma, o diagnóstico aborda os aspectos socioeconomicos, sectoriais e estruturais, tanto a nível do município em geral como a nível de particularidades relativamente às áreas urbanas, definindo as projeções e necessidades da população.

Este diagnóstico deverá ser ajustado após o parecer e contribuições do comité de seguimento.

1. CONDICIONANTES SÓCIO-ECONÔMICOS

1.1 Enquadramento O município de Santa Catarina, localiza-se na ilha do Fogo – Cabo Verde e confronta a Norte com o município dos Mosteiros, a Oeste com o município de São Filipe, a Sul e Este com o oceano atlântico (Figuras 1 e 2). Cobre uma área de cerca de 154 Km2, equivalente a 33,7 % da área da ilha. É uma vila composta por 8 localidades e tem a sua sede em Cova Figueira. É neste município que se encontra o único vulcão activo do país.

A sede do Concelho é Cova Figueira, situada a curta distncia do imponente vulcão do Fogo que tem uma vista deslumbrante. É neste Município que fica Chã das Caldeiras onde se produz o pitoresco e famoso Vinho do Fogo. O Município de Santa Catarina mereceu, ao longo dos tempos, uma atenção particular pela sua espontaneidade, identidade própria, tradição e importância socioeconómica, às quais se associam atitudes e posturas específicas dos seus habitantes, personificando os traços mais distintos do foguense, altivo e orgulhoso. Caracteriza-se por uma espontaneidade de aglomerados populacionais específicos, originando uma ocupação territorial dispersa entre seus aglomerados, aliás como é

8 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico característico da ocupação territorial de toda a Ilha do Fogo facilitada por uma relativa mobilidade interna, e por um grande sentimento de “posse da terra” unindo o espaço urbano ao rural.

Figura 1 ‐ Área de Estudo (Concelho de Sta. Catarina, ilha do Fogo – Cabo Verde).

Fonte: www.wikipedia.org.

Figura 2 ‐ Localização do Concelho de Santa Catarina (a verde) na ilha

1.2 Processo Histórico de Ocupação O município de Santa Catarina é um dos mais novos de Cabo Verde, tendo sido criado em 2005 quando o antigo Concelho de São Filipe foi dividido em dois municípios, a saber: S. Filipe e Santa Catarina.

Dotada de uma identidade própria, forjada ao longo do seu percurso histórico, por um processo de povoamento e ocupação de terrenos, sui generis, resultante, de entre outras causas, das sucessivas erupções vulcânicas que ocasionalmente concentrava a população em Cova Figueira e infundia a prática de actividades sazonais e pastoril, Santa Catarina criou hábitos, costumes e tradições próprias, cujas vivências se manifestam e se distinguem, quer internamente, quer na diáspora.

9 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Dela emerge Cova Figueira, o aglomerado-centro de maior expressão populacional e socioeconómica, fundada a 6 de Dezembro de 1806 por Provisão do Conselho Ultramarino que deu de aforamento, três léguas dessa fazenda real, ao feitor, João Gomes Araújo, com o propósito de ali fundar um povoado, à sua custa, erigir uma igreja e povoá-la com 150 famílias pobres da freguesia de Nossa Senhora da Ajuda, que viviam mal, particularmente depois da erupção vulcânica de 1799. É o único povoado da ilha de que se conhece, inequivocamente, a origem e foi elevada à categoria de Vila pelo Dec. Lei nº. 101/97 de 22 de Dezembro.

A fundação de Cova Figueira, situada num extenso ermo do sudeste da Ilha do Fogo, veio, por seu lado, fazer aparecer e desenvolver focos populacionais que evoluíram nos pontos de maior altitude, propícias à criação de gados e dotados de melhores condições agrícolas, criando-se, assim, uma vizinhança mais próxima de Chã das Caldeiras, com relações sociais e económicas concatenadas entre si por motivos de natureza sobretudo agro-pecuário ou, simplesmente, por temores da erupção vulcânica.

Assim se alimentou a espontaneidade da emergência de Santa Catarina como um conjunto populacional específico, retratada pela dispersão dos seus aglomerados, como é característico da ocupação territorial de toda a Ilha do Fogo facilitada por uma relativa mobilidade interna, unindo o espaço urbano ao rural, conformando, assim, o processo de integração social.

1.3. Aspectos Demográficos A análise demográfica, feita com base na informação estatística disponível permite verificar que a evolução da população cabo-verdiana, entre os anos 40 e 90 foi marcada por crescimentos sistematicamente positivos com excepção da década de cinquenta. A ilha do Fogo, em geral, e o município de S. Filipe, em particular (do qual fazia parte o municipio de santa Catarina), conheceu dois momentos de queda de sua população: na década de cinquenta e que resulta das fomes e da mortandade a elas associada dos finais dos anos quarenta e durante os anos noventa decorrente do fluxo emigratório ocorrido nos anos oitenta.

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Quadro 1 ‐ Evolução da população residente, Cabo Verde e Santa Catarina

Concelho 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000

Cabo Verde 181740 149984 199902 270999 295703 341491 434625 Santa Catarina - - - 3538 3700 4481 4796

Fonte: INE: Censos Demográfico de 1970,1980, 90, 2000

Os dados do quadro 1 mostram que a população de Santa Catarina tem conhecido um crescimento continuado desde os anos setenta, apesar do fluxo migratório quer para o exterior quer para as outras ilhas.

Aliás, quando se analisa as projecções demográficas produzidas pelo Instituto Nacional de Estatísticas para 2005 e 2010 (quadro 2) constata-se, igualmente, um crescimento demográfico, positivo em 2005 (comparado a 2000) e negativo em 2010, quando comparado com 2005. Contudo, segundo estas mesmas projecções, a tendência aponta para uma retoma lenta do crescimento da população.

Quadro 2 ‐ Evolução da população de Santa Catarina (1970‐2005)

Anos 1970 1980 % 1990 % 2000 % 2005 % 2010 % Total 3538 3700 4.4 4481 17.4 4796 6.6 4829 0.7 4813 -0.3 Homens 1699 1682 -1.0 2120 20.7 2290 7.4 2397 4.4 2391 -0.25 Mulheres 1839 2018 8.9 2361 14.5 2506 5.8 2432 -3 2412 -0.8 Fonte: INE: Censos Demográfico de 1980, 90, 2000 e projecção demográfica

Contudo, parece-nos, em decorrência da dinâmica verificada com a elevação da freguesia de Santa Catarina a Concelho e aos investimentos em curso e previsíveis, a que se associa o crescimento natural da população, que a tendência do crescimento populacional é superior ao estimado pelo INE.

O recenseamento geral da população de 2010 permitirá, por um lado, o conhecimento real da população do Concelho, bem como a dinâmica do crescimento populacional.

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Quadro 3 ‐ Taxas médias (%) de crescimento demográfico no Concelho de Santa Catarina (1970 – 2000)

Anos Concelho 1970/80 1980/90 1990/2000 2000/2010 Santa Catarina 4.4 17.4 6.6 0.4 Cabo Verde 0.9 1.5 2.4 15.6 Fonte: Recenseamentos gerais da população (1940 – 2000 e projecções demográficas)

Aliás, da análise do quadro 3 e 4, verifica-se que em termos percentuais, o crescimento médio anual da população tem sido sistematicamente positiva desde os nos oitenta, ainda que entre 2000 e 2010, este crescimento tenha sido quase nulo.

Quadro 4 ‐Evolução da população residente em Cabo Verde, Ilha do Fogo e no Concelho dos Santa Catarina (1940 – 2000)

Anos 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 Santa - - - 3538* 3700* 4481* 4976 Catarina Fogo 23022 17582 25615 29412 30978 33902 37421 C. Verde 181740 148331 199902 270999 295703 341491 434625 Fonte: INE: Censos 1980, 90, 2000 * Excluindo dados referentes às freguesias de Santa Isabel e Santa Catarina e que deram origem aos Municípios de Mosteiros e Santa Catarina do Fogo respectivamente nos anos 1991 e 2005.

Uma análise mais detalhada da distribuição espacial da população do Município permite conhecer e visualizar as principais zonas e, por conseguinte, avaliar a importância demográfica das mesmas no contexto concelhio (Quadro 5).

De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, o Município de Santa Catarina é composto por oito zonas. A vila de Cova Figueira, sede do município, concentrava, em 2000, um pouco mais de um terço da população total ( 27,5%) % da população total do Concelho, o que significa uma acentuada e progressiva urbanização da população.

Aliás, a vila de Cova Figueira tem vindo a ter um crescimento constante nas últimas décadas. Com efeito, entre 1980 e 1990, a sua população cresceu cerca de 43,5% e de 7,8% entre 1990 e 2000. As zonas de Achada Furna, Chã das Caldeiras e Estância Roque também concentram importantes aglomerados urbanos e com uma nítida tendência de crescimento.

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Quadro 5 ‐ Evolução da população do município segundo as principais localidades‐1970‐2000

1970 1980 1990 2000 Achada Furna 141 308 548 575 Chã das Caldeiras 93 302 486 533 Cova Figueira 732 713 1263 1.370 Estância Roque 184 259 495 613 Figueira Pavão 207 271 309 300 274 387 511 571 Roçadas 443 361 596 519 95 142 273 315 Fonte: INE( Censos de 70, 80, 90 e 2000) Apenas as comunidades de Roçadas e Figueira Pavão terão conhecido um decréscimo populacional entre 1990 e 2000 na ordem dos 14,8% e 3% respectivamente.

Segundo INE (Censo 2000), a população do Concelho dos Santa Catarina é muito jovem (Quadro 6). Com efeito, 84,5% da população tem menos de quarenta e quatros anos, 40,2% tem menos de quinze anos e 67,9% tem menos de trinta anos. Tal facto significa que qualquer planificação deve levar em consideração as necessidades básicas dessas faixas etárias, através de criação de cenários que garantam o aumento do parque habitacional, de equipamentos escolares e hospitalares, para além da necessidade de aumentar a oferta de trabalho e diminuir a taxa de desemprego.

Quadro 6 ‐ Distribuição da população residente por Sexo e Grupo Etário em 2000

Grupo Etário População Residente Feminina % Masculina % Total % 0-4 anos 323 13.3 311 13.0 634 13.1 5-9 anos 325 13.3 309 12.9 634 13.1 10-14 anos 335 13.8 337 14.1 672 13.9 15-19 anos 265 10.9 312 13.0 577 11.9 20-24 anos 201 8.3 197 8.2 398 8.3 25-29 anos 171 7.0 189 7.9 360 7.4 30-34 anos 145 5.9 162 6.8 307 6.4 35-39 anos 136 5.6 141 5.9 277 5.7 40-44 anos 114 4.7 98 4.1 212 8.5 TOTAL 2431 100 2389 100 4820 100 Fonte: Censo 2000

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Resulta ainda da análise demográfica de Santa Catarina que a população feminina é ligeiramente superior à masculina, correspondendo a 50,4% do total, sendo a relação de masculinidade de cerca de 98/100, ou seja, 98 homens por cada 100 mulheres.

Do gráfico de pirâmide de idades (figura 3) construído a partir dos dados cencitários de 2000, nota-se que o Concelho de Santa Catarina, apresentam uma estrutura populacional identica aos restantes Concelhos da ilha e como era de se esperar o gráfico é típico dos países subdesenvolvidos, com uma grande predominância de população jovem na base da pirâmide e uma fraca proporção de pessoas idosas no topo o que pressupõe uma elevada taxa de natalidade e de mortalidade.

Faixa Etária

Figura 3 ‐ Pirâmide de Idade em Santa Catarina do Fogo

Grupos Funcionais e Índices Resumo Relações de masculinidade Em regra nascem mais rapazes do que raparigas (por cada 100 raparigas nascem 105 rapazes), tese esta que não se confirma para o município Santa catarina que apresenta uma menor proporção na faixa etária dos 0 a 4 anos (Fig. 4 e 5), baseando no censo de 2000.

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Por outro lado é também regra que a mortalidade é mais precoce no sexo masculino do que no feminino. No entretanto, outros factores como as migrações (normalmente com incidências em determinados grupos etários contribuem para o desequilíbrio entre os dois sexos a nível do município.

Figura 4 ‐ Relação de masculinidade em Santa Catarina

Figura 5 ‐ Relação de masculinidade em Santa Catarina

No caso presente, no gráfico de índices de masculinidade (figura 4) pode-se ver que a proporção da população masculina no Concelho é bastante irregular e permite também, tirar as seguintes conclusões:

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A proporção da população masculina cresce num ritmo mais ou menos constante dos 0 a 14 anos, altura em que ultrapassa a população feminina. Continua crescendo e acima da população feminina, prosseguindo até a faixa dos 19 anos. A partir desta idade, verifica-se um decréscimo do sexo masculino até o limite dos 29 anos o que em parte podia ser explicado cumulativamente pela migração para outros centros urbanos para efeitos de estudos e trabalho, prestação dos serviços militares, e emigração. Entre os 29 e 34 a população volta a crescer talvez, devido a frustrações obtidos noutros pontos de acolhemento, ultapassando ligeiramente a população feminina. No intervalo de 34 a 39 a tendência para uma nova redução também muito provável à emigração para os Estados Unidos através de petições dos familiares. De 39 para 44 anos regista-.se um pequeno acréscimo e que rápidamente volta a decrescer até ao limite dos 54 o que pode significar fuga para a emigração. De 54 para 59 regista-se um novo acréscimo que pode perfeitamente ser explicado pelo regresso dos emigrantes reformados. De 59 a 64 a população masculina volta a diminuir e talvez devido a mortalidade mais precoce do sexo masculino mas também devido a regresso ao país de emigração dado a não adaptação às condições locais do Concelho. Por ultimo regista-se um aumento na faixa dos 64 a 75 anos e que pode ser explicado pelo regresso definitivo dos emigrantes. Curiosamente, a partir dos 75 anos o Concelho volta a apresentar mais homens do que mulheres ou seja, o mesmo que acontece na faixa dos 10 a 19 anos.

Em termos conclusivos, pode-se dizer que no Concelho de Santa Catarina, a população masculina é quase sempre inferior à população feminina e com flutuações marcantes ao longo das sucessivas gerações.

Ainda, a análise dos dados do censo 2000, permitiram-nos determinar os seguintes grupos funcionais e índices que se encontram resumidos nos Quadros 8, 9 e 10.

Percentagem de Jovens Para além de medir a importância da juventude é também um indicador do envelhecimento na base da pirâmide de idades. Para o município de Santa catarina, estima-se que cerca de 47,4% da população é jovem ou seja, mais 4% em relação ao Concelho de São Filipe.

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Percentagem de Activos Potenciais Jovens Este Indice, dá o potencial demográfico da população activa. No caso presente é de 44,1% para todo o município de Santa Catarina o que significa menos 5% relativamente ao Concelho de São Filipe.

Percentagem de Idosos Mede a importância dos idosos e o envelhecimento no topo da pirâmide de idades. No caso presente é de 8,2% para todo o município de Santa Catarina, um ponto percentual mais do que o município de São filipe . Quadro 7 ‐ Grupos funcionais no município de Santa Catarina e São Filipe

Percentagem Percentagem de Percentagem de Jovens potencialmente activos de Idosos São Filipe 43,7 48,9 7,2 Santa Catarina 47,4 44,1 8,2

Índice de Juventude (581,6 %) Compara a população jovem com a idosa. Também dá ideia acerca do envelhecimento da população. Para o caso de estudo, o que se pode concluir é que a população juvenil no município de Santa Catarina é aproximadamente 5,8 vezes superior à população idosa. Isto é, em cada 100 idosos tem-se 582 jovens.

Índice de Envelhecimento (Vitalidade) 17,2% Tem o papel inverso do índice anterior. No município de Santa Catarina a população idosa é aproximadamente 5 a 6 vezes inferior à população juvenil. Isto é, em cada 100 jovens tem-se 17 idosos

Índice de Dependência Juvenil Compara o peso dos jovens com a população activa potencial. No município de Santa Catarina esta taxa é de 107,6% o que significa cerca de 18% a mais do que o município de São Filipe. Ou seja, para cada 100 pessoas potencialmente activas, tem-se 107,6 jovens.

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Índice de Dependência dos Idosos Compara o peso dos idosos com a população activa potencial. No município de Santa Catarina esta taxa é de 18,5 %. Ou seja, para cada 100 pessoas potencialmente activas, tem-se 18 a 19 idosos.

Índice de Dependência Total Compara o peso total dos idosos e dos jovens com a população activa potencial. No município de Santa Catarina esta taxa é de 126,1 % ou seja mais 22% do que o Concelho de São Filipe. Ou seja, para cada 100 pessoas potencialmente activas, tem-se 126 idosos e jovens.

Quadro 8 ‐ Índices de dependências no município de São Filipe e Santa Catarina

Indice de Indice de Indice de Indice de Indice de envelhecimento dependencia dependencia dependencia juventude ou de Vitalidade dos jovens dos idosos total São Filipe 610,3 16,4 89,4 14,7 104,1 Santa 581,6 17,2 107,6 18,5 126,0 Catarina

Índice de Longevidade É uma boa medida de esperança de vida e de envelhecimento demográfico. Pelo valor obtido leva-nos a concluir que o município de Santa Catarina tem um índice de envelhecimento de 44,8%.

Índice de Juventude da População Activa Mede o grau de envelhecimento da população potencialmente activa. Neste estudo conclui-se que para o município de Santa Catarina esta taxa é de 244,7. O que quer dizer que em Santa Catarina há cerca de 2,4 vezes mais população activa jovem (pelo menos a 50 % do tempo de reforma) do que População activa mais velha (no máximo a 50 % do tempo de reforma). Este valor pode ser útil para a política de atracção de investidores uma vez que em tese garante a produtividade.

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Índice de Renovação da População activa Relaciona o potencial da população activa a entrar no mercado do trabalho com o potencial a deixar este mercado. Em Santa Catarina esta taxa é de 357,3%. Este indicador dá uma garantia folgada de substituição dos trabalhadores ao mesmo tempo que coloca uma preocupação aos responsáveis na criação de novas oportunidades de emprego uma vez que pode indiciar o aumento da taxa de desemprego e possiveis comportamentos desviantes.

Índice de Maternidade (72,7%). Este indicador, na ausência de outros dados como nascimentos, é útil para aferir a evolução da fecundidade. Para Santa Catarina, em cada 100 mulheres em período de reprodução cerca de 73 estão reproduzindo.

Índice de Tendência Mede a dinâmica demográfica. No caso do município de Santa Catarina, tem-se o valor de 93,5%. Pode-se concluir que está iniciando um processo de declínio de natalidade e de envelhecimento ainda que ligeiro.

Índice de Potencialidade Compara as duas metades da população em idade reprodutiva. O resultado obtido mostra que existem uma ligeira vantagem para as mulheres reprodutoras na primeira metade do período de reprodução do que na outra segunda metade ou seja 1.1 vezes mais.

Quadro 9 – Índices da dinâmica populacional nos municípios de São Filipe e Santa Catarina

Indice de Indice de renovação Indice de juventude da Indice de Indice de Indice de da longevidade população maternidade tendencia potencialidade população activa activa São Filipe 48,7 484,0 412,5 54,2 84,5 111,8 Santa Catarina 44,8 223,9 342,0 62,3 83,6 96,1

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Projecção e Evolução da População Tendo em consideração a dinâmica da população do Concelho dos Santa Catarina e da ilha do Fogo de um modo geral nos últimos trinta anos, podemos perspectivar o crescimento demográfico desse município, segundo três cenários e tomando como base explicativa as fundamentações do Instituto Nacional de Estatísticas.

Tendo em conta essa dinâmica, propõe-se trabalhar as perspectivas de crescimento demográfico do Município, segundo três cenários e tomando como base explicativa, as fundamentações avançadas pelo Instituto Nacional de Estatística.

No primeiro cenário (Quadro 10), considerando o crescimento demográfico lento, estima-se um crescimento anual de 0,8%. Tal estimativa tem em conta a taxa actual de crescimento da população das comunidades rurais do Município, transpondo esta taxa para os centros urbanos do Concelho.

No segundo cenário (Quadro 11), médio, retoma-se integralmente as projecções oficiais feitas pelo INE, ou seja de um crescimento anual médio de 1,8% ano.

Para o terceiro cenário (Quadro 12), de crescimento rápido, está-se a propôr uma taxa de crescimento anual de 2,5%. Esta taxa de crescimento, prevê uma forte migração interna, fruto da continuação dos investimentos privados no município e do aumento do fluxo turístico. Para este cenário, em 2015, o Município teria uma população residente de 6.946, de 7.860 em 2020 e, em 2022, de 8.258.

Como se pode ver pela leitura dos quadros 10 e 11, nos cenários 1 e 2, a população do município chegaria, em 2022, a 5.671 e 7.001 respectivamente.

De referir, desde logo, que o primeiro cenário parece ser pouco factível tendo em conta, por um lado, o crescimento natural que, em termos médios, baixando a taxa de fecundidade mas também a de mortalidade, conhecerá uma queda, mas fluxos populacionais internos, resultados designadamente dos investimentos públicos e privados farão com que o Município seja recipiendário de populações de outros municípios.

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Quadro 10 – Cenário 1. Crescimento lento (0.8%.a.a)

Ano Total Homem Mulher 2000 4796 2290 2506 2010 5194 2480 2714 2011 5236 2500 2736 2012 5278 2520 2758 2013 5320 2540 2780 2014 5363 2560 2803 2015 5406 2580 2826 2016 5449 2601 2848 2017 5493 2622 2871 2018 5537 2643 2894 2019 5581 2664 2917 2020 5626 2685 2941 2021 5671 2706 2965 2022 5716 2728 2988

Quadro 11 – Cenário 2. Crescimento Médio (Projecção do INE e cálculos)

Ano Total Homem Mulher 2000 4796 2290 2506 2010 5732 2738 2994 2011 5835 2787 3048 2012 5940 2837 3103 2013 6047 2888 3159 2014 6156 2940 3216 2015 6267 2993 3274 2016 6380 3047 3333 2017 6495 3102 3393 2018 6612 3158 3454 2019 6731 3215 3516 2020 6852 3273 3579 2021 6975 3332 3643 2022 7001 3392 3709

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Quadro 12 – Cenário 3. Crescimento rápido (2,5% ao ano)

Ano Total Homem Mulher 2000 4796 2290 2506 2010 6140 2932 3208 2011 6294 3005 3289 2012 6451 3080 3371 2013 6612 3157 3455 2014 6777 3236 3541 2015 6946 3317 3629 2016 7120 3400 3720 2017 7298 3485 3813 2018 7481 3572 3909 2019 7668 3661 4007 2020 7860 3753 4107 2021 8057 3847 4210 2022 8258 3943 4315

1.4 Educação A análise de alguns indicadores da educação no Concelho dos Santa Catarina permite, por um lado, avaliar o nível de escolaridade da sua população e, por outro, conhecer a sua posição no contexto da ilha e do país (Quadro 13).

Quadro 13 ‐ Indicadores da Educação no Concelho de Santa Catarina

1- Nível de Instrução da População % Pré escolar 5.6 Alfabetização 3.1 Básico 66.0 Secundário 25.0 Médio 0.0 Superior 0.2 2- Taxa de Alfabetização Juvenil (15 – 24 anos) 96.0 • Feminina 96.3 • Masculina 95.7 3-Taxa de Alfabetização de Adultos (15 e mais) 76.2 • Feminina 69.4 • Masculina 84.2 4- Taxa Global de Analfabetismo 13.3 Fonte: INE (QUIBB CV – 2007)

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Da análise do quadro, verifica-se que o Concelho de Santa Catarina apresenta indicadores da educação que aproximam-se dos da maioria dos municípios melhor posicionados. De acordo com dados do QUIBB 2007, cerca de 66,0% da população possui o ensino básico, superior em cerca de catorze pontos percentuais (mais precisamente, 13,8%) que a média nacional estimada em 52,2%. Já para o secundário, tem-se cerca de 25,0%, ficando cerca de onze pontos percentuais (10,6%) abaixo da média nacional, estimada em 35,6%. No entanto, a formação média e superior é relativamente baixa, com 0,0% e 0,2%, para ambos os casos, bem abaixo da média nacional e da própria ilha do Fogo.

Constata-se, ainda, uma forte taxa de alfabetização. Com efeito, 96% da população com idade compreendida entre os 15 e 24 anos são alfabetizados e 76,2% entre os 15 e os 49 anos.

De realçar que apesar da melhoria da taxa de alfabetização, a taxa global de analfabetismo (13,3%), é inferior à média nacional (21%) em cerca de quase oito pontos percentuais.

Não dispondo, ainda, de dados específicos para o Município de Santa Catarina, a referência é colocada no Concelho de S. Filipe, com dados anteriores á divisão.

Pré-Escolar No domínio do pré-escolar, o quadro 14 ilustra a situação em termos de oferta, e da procura no ano lectivo 2005/2006

Quadro 14 ‐ Número de jardins e efectivos 2005/2006

Concelho Crianças inscritas Nº Nº Profissionais de Infância M F MF Jardins Salas Educadores Monitores Orientadores Total Fogo 835 886 1721 45 77 1 6 86 93 S. Filipe 651 653 1304 33 62 0 6 63 69 Mosteiros 184 233 417 12 15 1 - 23 24 Fonte: MEES

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Da análise do quadro, constacta-se que no ano lectivo 2005/2006 funcionaram um total de 33 jardins de infância no Município de S. Filipe, acolhendo 1304 crianças dos 3 aos 5 anos de idade que se encontravam sob a orientação de 6 monitores e 23 orientadores.

Ensino Básico Integrado Quanto ao Ensino Básico Integrado, dados consolidados de 2005/2006 (Quadro 15), mostram que o Concelho de S. Filipe tinha um total de 5.278 alunos matriculados, sendo 52,3% do sexo masculino e 47,7% do sexo feminino.

Quadro 15 ‐ Distribuição dos alunos do EBI (Ano lectivo 2005/2006)

Efectivos Turmas Ano de Estudo Femin. Masc. Total Composta Total Simples Fogo 3415 3683 7098 299 11 310 S. Filipe 2515 2763 5278 226 10 236 Mosteiros 900 920 1820 73 1 74

Fonte: GEP- MEES

Os alunos estavam distribuídos por 236 turmas, sendo 226 simples e 10 compostas.

Contudo, dados referentes a 2007/08, mostram que em Santa Catarina em 2008/09, 1042 alunos frequentaram o ensino básico, significando um aumento de 0,9% em relação ao lectivo anterior (Quadro 16). Nos últimos quatro anos lectivos, a maior taxa de crescimento da frequência escolar aconteceu no ano lectivo 2006/207, com uma taxa de 5% em relação ao ano anterior.

Quadro 16 ‐ Distribuição dos alunos do EBI segundo o ano lectivo

2005/2006 2006/2007 % 2007/2008 % 2008/2009 %

Santa 982 1034 5.0 1033 -0.09 1042 0.9 Catarina

Fonte: Delegação do MEES

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Em relação ao Ensino Secundário, o município de Santa Catarina conta desde há já alguns anos com um pólo da Escola Secundária de S. Filipe que, neste momento, autonomizou-se.

Ensino Secundário Não dispondo ainda dos dados específicos de Santa Catarina, retomados os dados agregados, antes da separação do Concelho do S. Filipe (Quadro 17). Assim, os dois municípios juntos, contavam no ano lectivo 2005/6 com um total de 2.678 alunos distribuídos por 64 turmas do 7º ao 12º Anos de escolaridade.

Quadro 17 ‐ Distribuição dos alunos e turmas segundo o ano de escolaridade (Ano lectivo 2005/2006) ‐ Ensino secundário

Efectivos Turmas Ano de Feminino Masculino Total estudo Fogo 1706 1751 3457 86 Mosteiros 377 402 779 24 S. Filipe 1329 1349 2678 64 Fonte: GEP- MEES

Formação Profissional No domínio da formação profissional, as actividades têm sido desenvolvidas ainda de uma forma não integrada e coordenada, havendo contudo acções de formação organizadas por várias instituições e organizações.

O Município de Santa Catarina, tendo sido criado recentemente, não dispõe de um conjunto de infra-estruturas e serviços, tanto públicos como privados. Neste contexto, o sector da formação profissional apresenta também fragilidades significativas.

Assim, os interessados em acções de formação profissional devem aproveitar as oportunidades oferecidas pelos municípios vizinhos de S. Filipe e dos Mosteiros, mais o primeiro do que o segundo.

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Alternativamente, algumas acções são realizadas localmente por algumas organizações, devendo-se destacar o Centro Concelhio de Alfabetização ou então a Associação dos Viticultores de Chã das Caldeiras, de entre outras.

Como referido anteriormente, o Município de Santa Catarina não dispõe de centros de formação profissional devidamente certificados. Assim, a solução actualmente existente é aproveitar as ofertas feitas pelo Centro de Emprego e Formação Profissional em S. Filipe, pelo Centro Concelhio de Alfabetização ou então por unidades produtivas e de prestação de serviços em áreas específicas e que, por vezes, organizam acções de formação profissional.

No quadro do programa de luta contra a pobreza no meio rural, algumas associações de desenvolvimento local dispõem de centros de prestação de serviços, nomeadamente no domínio da carpintaria e marcenaria e que fornecem estágios e pequenas acções de formação profissional. Contudo, não estão certificadas pela entidade responsável pela certificação (IEFP).

Um elemento importante a registar tem a ver com o aumento da demanda da formação e que decorre, em essencial, da instalação na ilha do Fogo, do Centro de Emprego e Formação Profissional. De acordo com os dados deste serviço em 2008 cerca de 150 pessoas se inscreveram para futuras acções de formação, como se pode depreender do quadro 18.

Como se pode constatar, o Municipio de Santa Catarina, no cômputo geral dos municípios do Fogo, é o que apresenta a menor demanda (4) em termos de formação profissional. Tal facto, nos parece, poder ser compreendido, por um lado, por sua reduzida população, em termos relativos e, por outro, pelas dificuldades de acesso ás informações e ao Centro de Emprego e Formação Profissional. Com efeito, os candidatos à formação profissional devem inscrever-se em S. Filipe o que acarreta custos nem sempre comportáveis para candidatos em situação de desemprego. Mais ainda, para se poderem inscrever é preciso ter conhecimento dessa possibilidade, o que nem sempre é uma evidência.

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Quadro 18 ‐ Distribuição dos inscritos para a formação profissional, por Concelho e freguesia e por nível de instrução em 2008

Por Concelho 150 São Filipe 109 Mosteiros 29 Santa Catarina 4 Brava 8 Por Freguesia 150 São Lourenço 20 N.S da Conceição 89 N.S. de Ajuda 29 Santa Catarina 4 São João Batista 7 N.S. do Monte 1 Estado Civil 150 Solteiro 144 Casado 4 outro 2 Habilitação Literária 150 EBI 3º ciclo (6º ano) 23 Escola Secundaria 1º ciclo (8º ano) 23 Escola Secundaria 2º ciclo (10º ano) 18 Escola Secundaria 3º ciclo (12º ano) 73 Humanística 28 Económico Social 37 Ciência Tecnológica 8

Bacharel 2 Matemática 1 Técnico em enfermagem 1 Licenciatura 11 Economia e Gestão 2 Administração 1 Engenharia Electrónica 1 Gestão de Empresas 1 Gestão e turismo 1 Psicologia 2 Psicologia da Educação e Desenvolvimento 1 Sociologia 1 Técnico de Enfermagem 1 Fonte: Centro de Emprego e Formação Profissional da Região Fogo e Brava

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Analisando, contudo, o perfil global dos candidatos à formação profissional pode-se verificar que são, em geral jovens, desempregados e, na sua grande maioria, solteiros (96%). De registar ainda que, por um lado, cerca de 48,6% dos inscritos possuem o 12º ano de escolaridade e que, por dificuldades de aceder ao ensino superior, procuram alternativas locais em termos de formação profissional e, por outro, 15,3% e 12% respectivamente possuem o 8º e o 10º ano de escolaridade, significando que não tiveram condições de prosseguir os estudos secundários, aparecendo, aqui também, a formação profissional como alternativa de formação e de mais fácil acesso ao mercado de trabalho.

Ensino Superior Apesar de se estar a debater a necessidade de um estabelecimento de Ensino Superior na Ilha, dada as condições econômicas e geográficas do país, é pouco provável a curto prazo, investimentos neste sentido. Contudo, o município poderá investir em equipar salas para ensino à distância, uma opção cada vez mais alinhada aos desígnios contemporâneos e ao perfil arquipelágico do país.

1.5 Saúde Os indicadores de saúde a nível nacional têm evoluído favoravelmente, o que traduz a melhoria das condições de acesso e de vida das pessoas. Este facto é corroborado pelo nível de satisfação dos utentes do sistema nacional de saúde. Com efeito, dados do QUIBB 2007 mostram que 82,2% dos utentes estão satisfeitos com os serviços de saúde, situando-se, por conseguinte, a insatisfação em cerca de 17,8%.

Dados sobre a mortalidade geral no Concelho de Santa Catarina (Quadro 19), mostram que ela situava-se em 6,6‰ em 2007, ligeiramente superior à média nacional, estimada na altura em 5,3‰. Trata-se da taxa mais elevada entre os três municípios da ilha do Fogo, o que traduz a maior precariedade social e sanitária.

28 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Quadro 19 ‐ Taxa de mortalidade geral, por Concelho e género, 2007

Concelhos Total Masculino Feminino Óbitos Taxa Óbitos Taxa Óbitos Taxa Cabo Verde 2608 5.3 1456 6.1 1.1152 4.5 Mosteiros 42 4.3 26 5.6 16 3.1 S. Filipe 126 5.4 68 6.1 58 4.8 Sta Catarina 32 6.6 23 9.6 9 3.7 Fonte: Sistema de Informação Estatística/Gabinete de Estudos, Planeamento e Cooperação/MS

No que diz respeito aos óbitos infantis (Quadro 20), constata-se que em Santa Catarina, o número representou cerca de 1,5% dos óbitos nacionais, sendo a metade em relação a Mosteiros e quase seis vezes menos do que S. Filipe.

Quadro 20 ‐ Nº de óbitos infantis e suas componentes, 2007

Concelho Óbitos Infantis Óbitos Óbitos Óbitos Neonatal Neonal tardia Pós- Neonatal precoce Nº Nº Nº Nº Cabo Verde 268 145 16 107 Mosteiros 4 2 0 2 S. Filipe 11 6 0 5 Santa Catarina 2 0 0 2 Fonte: Sistema de Informação Estatística/Gabinete de Estudos, Planeamento e Cooperação/MS

Como se pode constatar, na ilha do Fogo os óbitos infantis verificados foram neo- natais precoces ou pós-neo-natais, não tendo havido casos de óbitos neo-natais tardias. No caso de Santa Catarina, os dois casos verificados são de óbitos pós- neonatais

Em termos de recursos humanos no sistema de saúde, e excluindo os serviços privados e particulares de saúde, o Município de Santa Catarina encontra-se relativamente mal servido. Com efeito, em 2009, conta, no Centro de Saúde de Cova Figueira, com um médico que acumula as funções de Delegado de Saúde e dois enfermeiros. O município não dispõe de capacidade de internamento nem de realização de exames complementares. Também não existem especialidades médicas ou de enfermagem. As situações mais críticas devem ser encaminhadas ao Hospital Regional de S. Filipe.

29 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

O rácio médico/habitante (10.000) era de 2,1, bem inferior à média nacional estimada em 4,7 médicos por cada 10.000 habitantes. No que diz respeito á rácio enfermeiro/habitante (10.000) ele era de 4,2, inferior à média nacional que, na altura era de 9,7 enfermeiros por cada 10.000 habitantes

No que diz respeito às infra-estruturas de saúde de saúde, o Concelho de Santa Catarina dispõe de um Centro de Saúde, situado na sede do município na vila de Cova Figueira e de duas Unidades Sanitárias de Base, em Chã das Caldeiras e Achada Furna. Fica evidente que há um défict grande em termos de cobertura com equipamentos de saúde que não cumpre os critérios de dimensionamento e localização.

Da análise do quadro 21, conclui-se que de ponto de vista quantitativo, não se mostre preocupante a construção de hospitais nem de centros de saúde. Pelo contrário, mostra-se que é urgente programar a construção de postos sanitários e unidades sanitárias de base

Quadro 21 – Necessidades em Infra‐estruturas e técnicos de saúde

População em 2022 População Saúde taxa crescimento (Necessidades) 2000 0.8 1.8 2.5 4820 5.671 7.001 8.258 Nº Agregado Populaçao Base Nº Hospital 25000 1 1 1 1 nº médico nec. 2500 2 2 3 3 nº enfermeiro nec. 1500 3 4 5 6 Posto Sanitário 2500 2 2 3 3 nº USB nec. 500 10 11 14 17

1.6 Meios e Subsistência e Acesso aos Bens e Serviços À semelhança dos restantes Concelhos do país, o Município de Santa Catarina apresenta pouca diversidade em termos de actividades económicas sendo a agricultura de sequeiro, a pesca tradicional, a criação de gado, o comércio, a construção civil e os trabalhos públicos, os mais importantes meios de subsistência da sua população. O carácter sazonal de determinadas actividades económicas, 30 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico nomeadamente a agricultura de sequeiro coloca uma percentagem relativamente elevada da sua população em situação de permanente vulnerabilidade.

Analisando os principais indicadores sociais, nota-se que as altas taxas de escolarização (86.7%), uma percentagem relativamente elevada de população com casa própria (80,6%) e com um nível de satisfação na ordem dos 82,2% no domínio da saúde são dados que colocam o Município de Santa Catarina numa posição privilegiada em relação aos outros municípios do país.

Porém, em relação aos outros indicadores sociais, nomeadamente a taxa de desemprego (28,8%), a taxa de pobreza na ilha do Fogo (42,1%), a taxa de cobertura eléctrica (45%), são dados que revelam dificuldades de acesso a determinados bens e serviços. O nível de desigualdades sociais na Ilha do Fogo, e no Município de Santa Catarina continua sendo não negligenciável, ainda que esteja a um nível inferior à média nacional. Com efeito, o Índice de Gini é de 0,433 e o de Santa Catarina situa-se em 0,428, sendo que a média nacional situa-se em 0,525.

Também, apenas 21,7% da população do Concelho tem acesso à rede pública de abastecimento de água, percentagem que é inferior à média nacional (39%). São ainda abastecidos através de chafarizes, 26,2% da população, sendo esta percentagem inferior à média nacional.

Em relação ao saneamento básico 16.5 % dos agregados familiares, de acordo com dados do QUIBBB, têm acesso a fossa séptica, não havendo no município uma rede esgoto. Ainda de acordo com a mesma fonte, 34.3% dos agregados familiares evacuam as águas residuais ao redor da casa e 49.2% na natureza.

Em termos de comunicação telefónica cerca de 55,7 % da população tem acesso ao telemóvel e/ou telefone fixo, 46.6% ao telefone e 24,6% ao telemóvel.

Em termos de acesso à informação, 63,0% e 38,6 % têm acesso a rádio e televisão respectivamente.

31 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

1.7 Emprego e Desemprego Como referido anteriormente, dados do Censo de 2000 mostram que o Município de Santa Catarina tinha uma taxa de desemprego de 14,6%, ou seja cerca de três pontos percentuais abaixo da média nacional. Com efeito, a taxa de desemprego subiu para 17,9% em 2007, de acordo com os dados do QUIBB, ou seja cerca de três pontos percentuais. Mais ainda, se em 2000 o desemprego estava abaixo da média nacional, em 2007 continua a situar-se abaixo da média nacional estimada em 21,6%.

Quadro 22 ‐ Taxa de Actividade no Concelho de Santa Catarina

Taxa de Desemprego por % sexo Taxa de actividade 54.3 Masculino 67.7 Feminino 42.9

A taxa de actividade em Santa Catarina é ligeiramente inferior à nacional (60,5%)., e também em relação a S. Filipe (59%) e Mosteiros (57,1%) - Quadro 22. Quando se analisa a distribuição em termos de género constata-se que a situação em termos estruturais é idêntica aos demais municípios do país com uma taxa de actividade de mulheres consideravelmente mais baixa do que dos homens. Em parte, tal facto se explica por uma percentagem importante de mulheres domésticas.

Quadro 23 ‐ Taxa de desemprego no Concelho de Santa Catarina

Taxa de Desemprego por sexo % Taxa de desemprego total 28.8 Masculino 14.8 Feminino 48.6 Fonte: INE, QUIBB, 2007

O desemprego em Santa Catarina do Fogo é alto, atingindo cerca de 28,8% (Quadro 23), superior em cerca de sete pontos percentuais a média nacional (21,6%). No município, o desemprego atinge, de forma particular as mulheres, sendo a taxa de desemprego entre as mulheres mais do dobro da dos homens.

32 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Quadro 24 ‐ Taxa de desemprego no Concelho de Santa Catarina por Grupo etário

Grupo Etário % 15-24 anos 52.5 25-64 anos 20.2 65 anos e mais 0.0 Fonte: INE, QUIBB 2007

Apercebe-se igualmente pelo quadro 24, que o desemprego atinge de forma particular os jovens. Cerca de 52,5% dos jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos estão em desemprego, ou seja mais da metade. Na faixa etária dos 25 aos 64 anos, a taxa de desemprego cai para menos da metade. Neste sentido, jovens e mulheres constituem os grupos sócio-demográficos particularmente tocados pelo desemprego no município.

É Interessante contudo, sublinhar que os homens da faixa etária dos 15 aos 24 anos (quadro 25), são muito mais atingidos pelo desemprego (71.5%) do que as mulheres nesta mesma faixa etária (46,2%), situação que se inverte na faixa etária dos 25 aos 49 anos, quando o desemprego é maioritariamente feminino (46,8% de mulheres contra 26% dos homens) Quadro 25 ‐ Taxa de desemprego por grupos etários e sexo no Concelho de Santa Catarina

Total Masculino Feminino 15-24 anos 53.3 71.5 46.2 25-49 anos 41.0 26.0 46.8 50 anos e mais 5.7 2.5 7.0 Fonte: INE, QUIBB 2007

1.8 Actividades Economicas O Município de Santa Catarina é um Município predominantemente rural, o aspecto mais marcante da sua economia é o peso relativamente elevado do sector primário e sobretudo das actividades de baixos níveis de rendimento.

A maioria da população está empregado no sector primário, nomeadamente na agricultura de sequeiro, pecuária extensiva, e pesca. Em algumas localidades, começam a aparecer pequenos focos de agricultura de regadio, utilizando a técnica gota-gota.

33 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Segundo se verifica-se no Quadro 26, o sector secundário é ainda incipiente, com uma fraca expressão embora começa a aparecer algumas indústrias tanto de produção de vinhos e bebidas de frutas fermentadas com um volume de vendas na ordem dos 1.646 contos/ano e a Indústria do leite e derivados com um volume de vendas 3.107 contos/ano.

A actividade com maior peso situa-se no comércio a retalho de produtos não especializados (Alimentares, materiais de construção, bebidas ou tabaco), com um volume de vendas na ordem de 25.629 contos/ano.

Quadro 26 ‐ Empresas activas por sectores de actividade

2007 SECTOR ACTIVIDADE Nº EMPRESAS NPS VVN

Indústria de conservação de frutos e de produtos hortícolas 1 … …

Indústrias do leite e derivados 3 8 3.107

Transformação de cereais e leguminosas 1 … …

Fabricação de outros produtos alimentares, n.e. 1 … …

Produção de vinhos e de bebidas fermentadas de frutos 8 36 1.646

Confecção de artigos de vestuário, excepto artigos de peles com pêlo 1 … …

Fabricação de produtos de barro para a construção 1 … …

Fabricação de mobiliário de madeira 1 … …

Comércio a retalho em estabelecimentos não especializados, com predominância de produtos alimentares, bebidas ou tabaco 35 60 25.629

Comércio a retalho de peixe, crustáceos e moluscos 4 6 128

Estabelecimentos hoteleiros 1 … …

Estabelecimentos de bebidas 9 16 4.178

Actividades de salões de cabeleireiro e institutos de beleza 2 … …

TOTAL SANTA CATARINA 68 126 34.687

TOTAL FOGO 608 1.556 1.422.340

TOTAL CABO VERDE 7.228 44.953 186.839.203

Fonte: INE 34 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

A pobreza constitui ainda um fenómeno preocupante para a ilha, atingindo cerca de 41,8% da população. A população rural, destacando as mulheres chefes de família e as famílias numerosas são as mais atingidas por este fenómeno. A elevada taxa da pobreza associada à fragilidade do tecido económico no meio rural e a deficiente cobertura de alguns serviços básicos, designadamente o abastecimento de água e o saneamento básico constituem prioridades emergentes, as quais devem merecer uma particular atenção no conjunto dos programas de intervenção que integram as grandes opções de desenvolvimento nacional.

O abastecimento de água contínua ainda precário. Segundo o QUIBB 2007, apenas 37% dos agregados familiares têm acesso à água através da rede pública domiciliária. Os restantes 63% dos agregados familiares abastecem a partir de chafarizes, água auto-transportada, cisternas familiares e públicas, ou ainda através de água canalizada a partir das moradias dos vizinhos. No meio rural a situação é mais crítica, pois apenas 19,7% das famílias tinham água canalizada em casa no ano de 2000. Considera-se ainda muito preocupante e com reflexos altamente nefastos para a saúde pública, o consumo de águas de duvidosa potabilidade por cerca de 42,4% das famílias rurais da ilha. A facilidade no acesso à água pelas famílias sem ligação domiciliária constitui também uma preocupação, visto que os pontos de água se situam a cerca de 15 minutos das residências para 81% das famílias e superior a 30 minutos para 8,6 % das famílias

Segundo o QUIBB 2007, o analfabetismo abarca cerca de 24,7% da população. A classe feminina é a mais atingida, com cerca de 33%, contra 15% dos homens. A taxa de alfabetização juvenil é satisfatória, representando cerca de 95%.

O sector terciário, designadamente, o turismo é potencialmente rico e atractivo: o vulcão é o produto turístico de excelência

Segundo o QUIBB 2007, a taxa de desemprego na ilha é de 45,1%, sendo de 32,5% entre as mulheres e 12,6% para os homens. Esta taxa representa a 4ª mais baixa do país.

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1.8.1Pesca Na ilha de Fogo, a pesca é também uma das actividades com peso a nível económico, embora não tenha grande significado em relação as outras ilhas do país.

Como grande parte do arquipélago, em Santa Catarina, a topografia do fundo do mar é bastante irregular e muito rochosa, com uma plataforma muito estreita junto à costa, que desce quase pique e geralmente, quase a totalidade da pesca artesanal faz-se nessa estreita faixa.

Os recursos em espécies pelágicas e bentónicas que têm maior interesse económico abundam na plataforma junto à costa até à profundidade de 200 metros. O seu potencial é considerado razoável e a sua exploração dentro dos limites do normal.

No Concelho a área de acção dos botes tradicionais de 3,5 – 4,5 m de cumprimentos é muito reduzida. O pescador não se desloca a bancos de pesca muito distantes dos portos de desembarque ainda poucos explorados, talvez por não sentirem ainda essa necessidade. Geralmente, a pesca realiza-se junto à costa nos mesmos bancos onde várias gerações anteriores de pescadores pescaram apesar de mais de 60% dos botes já serem motorizados.

A infra-estrutura das comunidades piscatória do Concelho de Santa Catarina é considerada de capital importância no processo de desenvolvimento socioeconómico que se pretende desencadear através da capacitação dos Operadores, traduzindo na melhoria progressiva das condições do exercício responsável da profissão pesca.

Nesta base a estratégia de infra-estrutura visa fundamentalmente:

¾ Facilitar o acesso às localidades;

¾ Melhorar as condições de conservação e tratamento do pescado;

¾ Criar condições para a manutenção e conservação dos factores de produção;

¾ Criar condições para uma maior permanência dos pescadores nas localidades.

Quanto à comercialização, não existindo uma tradição de pesca comercial, não se desenvolveu no passado uma rede tradicional de distribuição no Concelho. 36 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Quadro 27 ‐ Santa Catarina: efectivos de botes a motores e recursos humanos da pesca artesanal em 2005

Total Total Total Número de de Taxa Concelho Porto/Comunidade de de Botes Botes Motorização Botes Pescador C/Motor S/Motor Alcatraz 6 3 3 50% 18 Santa Catarina Fajã 5 4 1 80% 15 Fora Pau 5 5 15 Total Santa Catarina 16 7 9 48

Total Cabo Verde 1029 765 264 74% 3087 Fonte: Divisão de Estatística do INDP/Set/06

Segundo dados estatísticos do INDP (Quadro 27), em 2005, a pesca era realizada com 16 botes, dos quais 7 com motor, o equivalente a uma taxa de motorização de 70%, percentagem razoável em relação à média nacional. Alcatraz e Fajã são as mais importantes comunidades de pesca artesanal do Concelho de Santa Catarina, seguido da comunidade de Fora Pau.

O sector da pesca no Concelho de Santa Catarina apresenta um baixo impacto na economia local. O pescado tem como destino, na sua maior parte, o mercado interno sendo uma pequena parte destinado a outros mercados fora do município.

Apesar de ser um sector que apresenta muitas possibilidades, o município contínua ainda a enfrentar constrangimentos significativos, destacando-se a estrutura e o estado da frota, deficientes infra-estruturação, falta de preparação técnica dos pescadores, o escoamento deficiente da captura e os incipientes sistemas de armazenamento e de produção de frio para além do problema do acesso.

1.8.2 Agricultura Segundo o RGA 2004, a área cultivável do Fogo, totaliza cerca de 70.145 litros, correspondendo a 15,8% do total nacional e cerca de 14,7% da superfície total da ilha.

Os Concelhos de S.Filipe e de Santa Catarina detêm cerca 82,6% da área cultivável do Fogo. Em relação ao estado do solo, cerca de 3,9% encontra-se fortemente erodido e 31,19% é pedregoso. A área cultivável de sequeiro e regadio corresponde a 69.857 litros e 278 litros, respectivamente. 37 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

A população agrícola, segundo o RGA 2004, é de 28.691 pessoas, das quais 51,8% são do sexo feminino.

Das 5.726 explorações agrícolas existentes na ilha, 88,9% estão ligadas às actividades de sequeiro e 1,5% ao regadio. Cerca de 2.607 dessas explorações são chefiadas por mulheres (45,6%).

Quanto ao nível de instrução, cerca de 30,5% dos chefes das explorações agrícolas são analfabetos e 41,8% tem idade superior a 50 anos, demonstrando assim o grau de dificuldades subjacente em termos de adopção de novas tecnologias agrícolas.

As actividades pecuárias têm uma importância particular na ilha, evidenciando que cerca de 94,1% das explorações agrícolas dedicam a esta actividade, com uma média de 7,1 animais por exploração entre os bovinos, caprinos e suínos, média essa superior à media nacional que é de 3,8 animais. A caprinicultura é a actividade pecuária mais importante, ocupando cerca de 75,4% das explorações pecuárias, com uma média de 6,5 animais por exploração, valor superior à média nacional que é de 5,8 animais.

No domínio da fruticultura, os projectos permitiram paulatinamente aumentar as áreas de fruteiras com recurso à rega de compensação através do sistema de micro - irrigação a partir dos reservatórios de armazenamento de água pluvial, bem como em áreas associadas com a horticultura irrigada.

Relativamente à fixação de plantas fruteiras em regime pluvial feita através de contratos assinados com associações comunitárias tem-se deparado com um constrangimento, isto é a taxa de pagamento tem ficado normalmente muito aquém do desejado. A produção e fixação de plantas fruteiras têm constituído uma aposta forte nos últimos anos, registando-se uma média de cerca de 47.000 plantas por ano (ver quadro 28).

38 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Quadro 28 ‐Quadro 6 – Plantas fruteiras fixadas de 2001‐2007

Anos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Média Plantas fruteiras produzidas e fixadas 35.924 35.479 51.103 40.656 55.516 41.270 69.908 47.122

A estratégia da promoção de uma fruticultura concentrada e irrigada com introdução de variedades mais produtivas e de melhor qualidade, bem como uma forte campanha de enxertia vem proporcionando resultados encorajadores quer seja em termos de quantidade e qualidade, quer seja no que concerne aos resultados económicos conseguidos.

A viticultura e vinificação ganharam avanços importantes, com o aumento considerável da produção vitivinícola, graças a plantações massivas levadas a cabo e aos investimentos para a ampliação da Adega de Chã das Caldeiras e para a construção e equipamento da Adega de Achada Grande. Vários viticultores foram envolvidos, o que significa uma contribuição importante para a melhoria do seu nível e condições de existência.

A ilha possui actualmente uma disponibilidade hídrica, através da exploração de 12 furos, de 2.650 m³/dia, sendo 1.630 m³ destinados ao consumo doméstico e 1.020 m³ para rega. Esses valores apresentam oscilações consideráveis dependendo do período do ano.

O clima de Santa Catarina do Fogo é suave, não se afastando das características gerais do clima de Cabo Verde, que é essencialmente árido. A pluviosidade é muito variável de ano para ano e em regra as precipitações têm carácter torrencial, sendo a média anual de 344 mm. As temperaturas são amenas, não ultrapassando a média mensal máxima de 30ºC.

Nas áreas agrícolas predominam terras férteis de origem vulcânica, com presença de micro-climas e pluviosidade satisfatória no contexto nacional, representando oportunidades ecológicas de particular valor para o aumento da produção de determinados produtos típicos da ilha em regime pluvial ou irrigado (café, uva, vinho, maçã, entre outras frutas diversas, feijões, hortícolas, etc).

39 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

As culturas dominantes no Concelho de Santa Catarina são a de produção Videiras, Macieiras, Romãzeiras, Figueiras, Marmeleiros, etc. Pratica-se também nesta região climática, a agricultura de sequeiro, designadamente, o cultivo de milho, feijões, (este em grande escala e quase durante todo o ano), batata comum, batata-doce, etc.

A agricultura é considerada a principal actividade económica do município de Santa Catarina. Relacionada com esta actividade, encontramos o fabrico de Vinho e bebidas fermentadas de frutas, produção de derivados de leite e doces típicos do município e da Ilha, em geral, com experiências bem sucedidas no processo de engarrafamento dos produtos e sua exportação.

Quadro 29 ‐ População agrícola por sexo

POPULAÇÃO AGRICOLA ILHA /CONCELHO Nº TOTAL MASCULINO FEMENINO Nº % Nº % Nº % CABO VERDE 222254 100 106031 47 116223 52,3 FOGO 28691 100 13834 48,2 14857 51,8 SANTA CATARINA 6267 100 3047 48,6 3219 51,4 Fonte: RGA 2004/MAAP -GEP

De acordo com o Quadro 29, referente à população agrícola por sexo, no município o número de Homens que praticam agricultura representa 48,6%, valor inferior ao número de mulheres que praticam a agricultura, com uma percentagem na ordem dos 51,4%, de acordo com Recenseamento Geral de Agricultura/MAAP – GEP.

40 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Quadro 30 ‐ Relação das areas irrigadas no Concelho de Santa Catarina

Nº de Tipo de Ordem Agricultor Zona Concelho Sexo Agua Total (ha) 1 João José F. Júnior Dacabalaio S. Catarina M A 1333 2 João A. Fernandes Fonte Aleixo S. Catarina M A 1160 3 João Pires Est. Roque S. Catarina M C 400 4 Fortunato G. Alves Monte Vermelho S. Catarina M A 800 5 Serafim de Pina Fonte Aleixo S. Catarina M A 4245 6 João Gomes Fernandes Fonte Aleixo S. Catarina M A 3567 7 Cesário Fernandes Fonte Aleixo S. Catarina M A 6724 8 Gaspar M. Fontes C. Figueira S. Catarina M A 575 9 Polo Educativo Roçadas Roçadas S. Catarina M C 77 10 José Antonio Pires Fonte Cabrito S. Catarina M A 936 11 lino Fernandes Fonte Aleixo S. Catarina M C 700 12 José Antonio Ribeiro Salto S. Catarina M A 2420 13 Eduino Andrade Fonte Aleixo S. Catarina M A 2991 14 André Fonseca (Pai) Roçadas S. Catarina M A 660 15 André Pires Fonseca (filho) Monte Carmo S. Catarina M A 10790 16 Daniel Figueira Pavão S. Catarina M A 1305 17 Benilde Andrade Roçadas S. Catarina F A 480 18 Manuel Andrade Roçadas S. Catarina M A 1800 19 João Alves Monte Vermelho S. Catarina M C 156 20 João Barbosa Fonte Cabrito S. Catarina M C 157 21 Miguel A. Montrond Achada Furna S. Catarina M C 244 22 Associação Tinteira Tinteira S. Catarina CC 8160 23 Maria J. Fernandes Roçadas S. Catarina F C 825 24 Oteldino da Rosa Cova Figueira S. Catarina M C 359 25 Manuel Gonçalves Cova Figueira S. Catarina M CC 990 26 Manuel Andrade Cova Figueira S. Catarina M CC 1520 Total 53374 Fonte: INE CO 2007 Legenda: A: (agua p/ agricultura) C: (agua p/ consumo) CC: (agua das chuvas para rega de compensação)

Das áreas irrigadas do Concelho de Santa Catarina, estimada em 53.374 ha, destacam-se as mais importantes (com maiores áreas) como é o caso de Fonte Aleixo, Monte Carmo, Tinteira que totalizam quase 50% das áreas irrigadas.

No tocante às infra-estruturas hidroagrícolas, o município dispõe de uma rede considerável de dispositivos, nomeadamente: diques de retenção e de captação das águas, reservatórios e levadas que, aliadas às obras de conservação de solos e água (banquetas, muretes, caldeiras) constituem um conjunto de dispositivos mecânicos de protecção ambiental, por todo o território municipal.

41 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico

Quadro 31 ‐ Parcelas por regime agrícola

PARCELAS ILHA Nº TOTAL SEQUEIRO REGADIO SEQUEIRO/REGADIO CONCELHO Nº % Nº % Nº % Nº % CABO VERDE 85671 100 73852 86,2 10612 12,4 1207 1,4 FOGO 12611 100 12517 99,393 0,7 1 0 SANTA CATARINA 2540 100 2518 99,121 0,8 0 0 Fonte: RGA 2004/MAAP - GEP

Segundo o Recenseamento 2004/MAAP –GEP, as culturas de sequeiro ocupavam cerca 99,1% das parcelas agrícolas enquanto que a área de regadio ocupava o restante.

Os constrangimentos, para a baixa produtividade na produção e rendimento do sector agrícola, estruturam-se a vários níveis, destacando-se a não conservação dos produtos, baixa fertilidade dos solos, deficiente gestão dos recursos hídricos e irrigação, problemas fitossanitários, não assumpção das inovações tecnológicas pelos agricultores, deficiente integração da produção agrícola e pecuária, incipiente associativismo agrícola, mercado consumidor limitado e dificuldades no escoamento dos produtos para centro populacionais com maior poder de compra.

Quadro 32 ‐ Área cultivável em sequeiro segundo a classe de área

CLASSE DE AREA - LITROS ILHA TOTAL /CONCELHO < 1 1 - 5 6 - 10 11 - 20 > 20 Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % CABO VERDE 402948 100 1862 0,5 142026 35,2 142675 35,4 73219 18,2 43166 10,7 FOGO 69857 100 428 0,6 22890 32,8 20142 28,2 15428 22,1 10971 15,7 SANTA CATARINA 17321 100 270,01 4755 27,4 5241 30 4278 253020 17 Fonte: RGA 2004/MAAP -GEP

No Quadro 32, verifica-se que ainda dentro das áreas cultiváveis em sequeiro segundo a classe de área por litros, em Santa Catarina, maior incidência encontra-se na classe da área cultivável de 6 a 10 litros com área de 5.241 litros e uma percentagem de 30%, seguido da classe 1 a 5, com uma área de 4.755 litros e uma 42 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico percentagem de 27,4%, sem esquecer que a área cultivável em sequeiro de 11 a 20 litros tem uma forte expressão no Concelho com um valor de 4.278 Litros e uma percentagem na ordem dos 25%.

Quadro 33 ‐ Exploração agrícola segundo meio urbano e rural

MEIO Nº TOTAL ILHA /CONCELHO URBANO RURAL Nº % Nº % Nº % CABO VERDE 44450 100 11302 25,4 33148 74,6 FOGO 5726 100 595 10,4 5131 89,6 SANTA CATARINA 1223 100 167 13,6 1057 86,4 Fonte: RGA 2004/MAAP -GEP

O Município de Santa Catarina não discordando dos dados da Ilha do Fogo, verifica- se um fenómeno muito interessante, porque apresentam uma característica de exploração agrícola de natureza rural de acordo com o Quadro 33, ( RGA 2004 / MAAP–GEP ) onde de um total 1.223 exploração agrícola, somente 167, correspondente a 13,6%, situa-se no Meio Urbano e 1.057 correspondente a 86.4% situa-se no Meio Rural.

1.8.3 Pecuária As actividades pecuárias têm uma importância particular na ilha, evidenciando que cerca de 94,1% das explorações agrícolas dedicam a esta actividade, com uma média de 7,1 animais por exploração entre os bovinos, caprinos e suínos, média essa superior à média nacional que é de 3,8 animais. A caprinicultura é a actividade pecuária mais importante, ocupando cerca de 75,4% das explorações pecuárias, com uma média de 6,5 animais por exploração, valor superior à média nacional que é de 5,8 animais

Cerca de 78% da população vive no campo, com uma economia frágil, dependendo essencialmente das actividades agro-pecuárias de subsistência, das frentes de trabalhos públicos (FAIMO) e da remessa dos emigrantes.

Os criadores são também na sua maioria agricultores. Dedicam-se à criação de animais, utilizando como suporte recursos ambientais, designadamente, solos, água e recursos forrageiros. Em função das condições naturais, condição financeira e

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• Criadores associados à exploração tradicional - dedicam-se à criação essencialmente de caprinos e ovinos em regime semi-extensivo. Utilizam raças locais e tecnologias tradicionais. Este sistema de exploração pecuária caracteriza-se pela exploração de animais de raça local com elevada rusticidade e fraca produtividade. Normalmente os animais são conduzidos aos campos de pastagem, permanecendo durante o dia nessas áreas, sendo reconduzidos no fim do dia aos currais. • Criadores associados à exploração melhorada - estes criadores dedicam- se à criação de animais de raça local/melhorada, em regime semi-estabulado e estabulado. Utilizam melhores tecnologias em termos de manejo, alimentação e cuidados sanitários Os criadores almejam o aumento sistemático da produção e da produtividade pecuária, com recurso à introdução e fomento de animais de raça melhorada, novas tecnologias de exploração animal e melhoramento na alimentação animal através de um programa sustentável de melhoria da produção de pasto. Esperam ainda o reforço do apoio institucional visando promover a melhoria da qualidade das rações e a redução do seu preço.

A existência de áreas expressivas com vocação silvopastoril, nomeadamente a vocação para a prática de actividades pecuárias, para o normal desenvolvimento de espécies forrageiras constituem igualmente potencialidades e oportunidades para a modernização da pecuária e o desenvolvimento de certas fileiras promissoras (caprina, lacticínios, etc.). Estas potencialidades permitem melhorar o abastecimento do mercado local, nacional e turístico e criar novas oportunidades económicas.

A pecuária no Concelho de Santa Catarina, apesar de não ser expressiva é praticada na maior parte em regime familiar, como complemento da actividade

44 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico agrícola. Cerca de 35% das famílias Santacatarinenses, são considerados pequenos criadores de animais, tanto bovinos, suínos, caprinos e ovinos.

Constata-se que a criação de gados tem por objecto a melhoria da dieta alimentar e a resolução de problemas socio-económicas principalmente para as famílias residentes no meio rural.

Os constrangimentos relativos a esta actividade, relacionam-se com a comercialização dos produtos pecuários, transformação, fornecimentos de factores de produção, assistência técnica, preservação do potencial genético das raças, pastoreio livre, sanidade, a nutrição animal e a manutenção do efectivo.

1.8.4 Comércio e Serviços A adesão de Cabo Verde a Organização Mundial do Comercio (OMC) vai obrigar o pais e, em particular ao Município de Santa Catarina, um esforço na revisão dos instrumentos legais com objectivo de adequar as regras de comércio interno. O Município deverá fomentar a criação de um sector comercial moderno e organizado, através de conveniente regulação e regulamentação do mercado e da promoção de concorrência.

O Sector do Comércio é de suma importância para o município. Actualmente quase todas as zonas do Concelho encontram-se cobertas de pequenas unidades de comercialização de bens, principalmente géneros de primeira necessidade. O fraco poder de compra da população do município condiciona o volume de negócios, do sector, tornando baixa a rotação de stocks no município.

Existe uma cooperativa de consumo e dois minimercados que servem a localidade. Com a criação do Município, um conjunto de novas oportunidades surgiram no horizonte das populações desejosos de um desenvolvimento harmonioso e sustentado do Concelho em geral e da Vila de Cova Figueira em particular. .

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1.8.5 Agro-Indústria A produção de Vinhos e de Bebidas fermentadas (de frutas) é uma importante actividade económica no Município de Santa Catarina. Antes utilizava-se métodos tradicionais que ainda é utilizado por alguns produtores, mas actualmente está-se a utilizar métodos modernos e sofisticados onde a rentabilidade é maior, com melhor qualidade e é praticamente exportado na sua totalidade.

A actividade industrial e o respectivo parque no município de Santa Catarina é muito reduzida, destacando-se as pequenas indústrias de Vinho localizadas em Chã das Caldeiras, organizadas em Cooperativas, e a Indústria do leite e derivados na maior parte do Concelho. A produção de doces e licores e a indústria de construção civil se encontram em franca expansão.

Igualmente, o sector industrial é caracterizado por alguns constrangimentos dentro os quais poderá ser destacado a organização deficiente das Cooperativas e empresas agro-pecuária, deficiente capacidade de comercialização dos produtos, altos custos de produção, mercado consumidor a ser muito bem explorado no exterior, baixo poder de compra, deficiente acondicionamento e embalagem dos produtos e carência de pessoal qualificado.

1.8.6 Turismo A estratégia do desenvolvimento de Cabo Verde elege o Turismo como o motor da economia nacional nas próximas décadas. Entende-se assim, que é esperado que a expansão do sector turístico crie condições à dinamização da economia cabo- verdiana e induza o desenvolvimento social e a melhoria do quadro de vida da população, nomeadamente através do aumento e diversificação das oportunidades de emprego indirecto.

Em termos de potencialidades e oportunidades da ilha do Fogo, a paisagem típica da ilha marcada pela sua orografia e diversidade paisagística cujos elementos característicos são: a presença do vulcão, a , o perímetro florestal de , a cratera, os cones vulcânicos, as colunas de lavas vulcânicas, as espécies endémicas, o Parque Natural, aliados ainda às ricas manifestações culturais, à história, à música, aos aspectos arquitectónicos das construções históricas urbanas

46 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnections.com P.D.M de Santa Catarina do Fogo -Caracterização e Diagnóstico e ao artesanato, constitui uma potencialidade de importância central para ilha traduzindo-se numa oportunidade estratégica para o desenvolvimento da ilha com destaque para o fomento do turismo (ecoturismo, agroturismo, turismo de habitação, turismo cultural, turismo científico, etc.).

A entrada de turistas nos estabelecimentos hoteleiros do país diminui 2,8% no primeiro semestre de 2009, face ao semestre homólogo. No entanto, nesse mesmo, período as dormidas cresceram 8,7%. Portugal e Reino Unido foram os principais países de proveniência de turistas. Os turistas ingleses permaneceram mais tempo em Cabo Verde. A Ilha do Sal foi a ilha mais procurada pelos turistas.

O número dos ingressos turísticos no Fogo no período 2004 – 2007 se apresenta com um forte crescimento e com uma taxa de desenvolvimento sensivelmente superior à média nacional (Quadro 34). O Nível de crescimento de entradas no Fogo é muito encorajador. Em termos absoluto representou + 379,3% de 2004 a 2007 e 4,3 vezes mais ao que se verificou a nível nacional. Em contrapartida, a estadia média tem diminuído de 2,3 dias em 2004 para 1,8 dias, daí a necessidade de enriquecer e diversificar a oferta turística. A constante limitação do número médio de dias de permanência parecem típicos de um turismo “ morder e fugir”, que independentemente dos benefícios da actual taxa de crescimento, a curto médio prazo, poderá induzir efeitos de decadência da “qualidade” da componente turística foguense.

A análise da caracterização do Turismo na ilha do Fogo, bem como da sua evolução recente apoia-se, neste momento, nos dados do INE desagregados por ilhas referentes ao Ano de 2004.

Verifica-se que peso do Turismo no Fogo decresceu entre 2001 e 2004, não sendo possível aferir da sua evolução no último ano. Em 2001 representava 8% do total dos estabelecimentos e 2,4% da capacidade de alojamento de Cabo Verde, e em 2004 os mesmos valores são de 6,5% e 1,9%.

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Apesar do número de estabelecimentos e capacidade de alojamento não ter variado entre 2001 e 2004, verificou-se um acentuado decréscimo nas entradas e ainda mais nas dormidas, bem como na taxa de ocupação. O decréscimo foi mais acentuado nos anos de 2002 e 2003, o que poderá estar relacionado com as obras de remodelação do Hotel Xaguate em S.Filipe

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Quadro 34 ‐ Evolução hóspedes/entradas e dormidas 2004‐2007: cv‐fogo

EVOLUÇÃO HÓSPEDES/ENTRADAS E DORMIDAS 2004-2007: CV-FOGO

2007 Crescimento 2004 2005 2006 1º Semestre médio anual Total (estimativa)

CV FOGO CV FOGO CV FOGO CV FOGO CV FOGO CV FOGO

ENTRADAS 184.738 1.824 233.548 3.408 280.582 4.038 156.215 3.934 347.144 8.742 29,3 126,4

DORMIDAS 865.125 4.127 935.505 6.880 1.368.018 7.510 660.516 7.315 1.402.369 15.531 20,7 92,1

ESTADIA MEDIA 4,68 2,26 4,01 2,02 4,88 1,86 4,23 1,86 4,04 1,78 Fonte: INE censo 2007

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O seguimento turístico foguense pode ser considerado um segmento de “nicho” amante da natureza e dos valores fortemente conexos à cultura, história e tradições das populações autóctones.

O maior volume dos turistas estrangeiros chega substancialmente dos Países da Europa Ocidental e em Particular de França, Alemanha, Portugal e Inglaterra. Aparece muito escasso a presença de turistas Italianos que, ao contrário representa a maior componente turística de Cabo Verde e que então deveria ser estimulada através de uma maior promoção da imagem do Fogo no território Italiano.

Existe um interesse de um nicho de turistas pela natureza em geral, elementos de especifico interesse cientifico (como por exemplo geologia, vulcanologia, ornitologia). Esses aspectos poderim ser utilizados em actividades de promoção para atrair, por motivos de estudos ou de férias-estudos, grupos de estudantes pertencentes as correspondentes faculdades universitárias e as demais pessoas estudiosas desses fenómenos.

Muito interessante aparece em fim um elevado grau de apreciação dos produtos típicos locais (com particular referência ao vinho e ao café) actualmente, na nossa opinião, não acompanhada suficientemente de uma campanha promocional que convida a componente turística a consumi-los e aproveitando dos consequentes benefícios para o desenvolvimento da economia regional.

Aliadas as suas potencialidades naturais, nomeadamente agrícolas, o município de Santa Catarina encerra em si um enorme potencial turístico que está ainda por descobrir, não só na beleza dos seus recantos, na cultura e tradições do seu povo, mas também na forma como os visitantes são acolhidos pela população local que é conhecida pela arte de bem receber/acolher.

Chã das Caldeiras - Uma povoação erguida no meio de um vulcão activo é sem dúvida um dos maiores atractivos naturais, existente em Cabo Verde. Para muitos

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que visitam o parque natural de Chã da Caldeiras diariamente é como se deslocassem por algumas horas a outro planeta. Uma vez no Parque as opções são várias:

Degustação do famoso vinho de Fogo; queijo de leite cabra fresco; compra de café de Fogo; escalada da cratera da última erupção – 1995 (cerca de duas horas de marcha); caminhada em direcção ao parque natural de Monte Velha onde espécies como pinheiro, eucalipto, grevilha e outros enfeitam a paisagem.

1.9 Aspectos Culturais Para além destes, destacam-se ainda as Festas de Romaria, a Gastronomia local com pratos típicos, a Música e o Artesanato, entre outras actividades, que constituem um património cultural catalisador do potencial turístico do município.

2. CONDICIONANTES FÍSICO-TERRITORIAIS

2.1 Aspectos Gerais da Morfologia Urbana

O município de Santa Catarina possui hoje dois núcleos que se pode considerar urbanos, embora seja muito precário tal consideração. Refere-se concretamente aos nucleos de Achada Furna e Cova Figueira, sendo este último a sede do município.

Cova Figueira é a sede municipal e está situado a sudeste da Ilha do Fogo, a cerca de 450 metros sobre o nível do mar. Tem uma malha urbana rectilínea na sua parte mais central e de um modo geral bastante irregular.

As ruas têm uma largura predominante de cerca de 7 metros (Foto 1). Onde haja maior concentração de edifícios as vias são calçetadas com pedras basálticas encontrando-se em bom estado, diferente das demais localidades, com traçado pouco definido e pavimento ás vezes em em terra batida, outras vezes em pedra pouco trabalhada tornado-o rugoso e incômodo ao tráfego.

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Foto 1 – Entrada principal da Vila de Cova Figueira

De um modo geral a faixa de rodagem se mistura com os passeios quando estes existem, pois as suas cotas de implantação estão quase ao mesmo nível (Foto 1).

Os passeios práticamente não existem e quando existem são estreitos, obrigando os pedestres a circularem pela faixa de rodagem, de modo arriscado e prejudicial ao trânsito (Foto 2).

Foto 2 ‐ Uma rua estreita e sem passeio

O conjunto urbano é maioritariamente formado por uma mistura de casas de um e dois pisos alinhadas, com predominância de rés do chão + 1 piso. Ainda não se nota a construção na vertical o que por um lado reflete a disponibilidade de lotes para construções, mas por outro lado e principalmente, reforça a idéia de dispersão entre os habitantes.

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O facto de uma boa parte da população residente ser proprietária dos seus terrenos e o factor emigração faz com que a malha urbana não se consolide devidamente. Os lotes são geralmente pequenos o que não favorece a iluminação natural e ventilação cruzada, fazendo com que os lotes sejam colados uns aos outros, limitando a circulação do ar pelo centro urbano (Foto 3).

Foto 3 – Um aspecto de construçãoi em Cova Figueira

Morfologicamente, Cova Figueira tem alguns padrões homogêneos de ocupação que se repartem pelos seguintes grupos:

- casas de um único piso em fila com telhados de duas águas (Foto 4);

- casas de um único piso com laje plana de betão (Foto 5);

- Algumas casas inacabadas (Foto 1);

- prédios compactos de um e dois pisos (Foto 6)

.

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Foto 4 ‐ Casa típica do casco antigo de Cova Figueira

Foto 5 ‐ Constuções modernas em Cova Figueira

Foto 6 ‐ Uma construção compacta em Cova Figueira

Há uma forte ocupação do lote (sem recuos por nenhum dos lados, Foto7), tanto das casas mais antigas quanto das construções recentes. O resultado é um conjunto urbano compacto, com pouca ventilação e formação de corredores de ventos nas vias. 54 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnetions.com

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Foto 7 ‐ Exemplo de ocupação do solo

A ocupação dos lotes dando para ruas estreitas, constitui sem dúvidas uma grande preocupação para o alargamento futuro das vias. Também a inexistência de passeios públicos, poderá provocar constrangimentos a curto prazo aos pedestres na medida em que a falta de recuo dos lotes obriga a passeio muito reduzidos e não adequados para circulação pedestre.

Em poucos anos, com o aumento da densidade, a infra-estrutura urbana poderá apresentar-se demasiada sobrecarregada, faltando espaços de estacionamento e as vias não conseguirão escoar o fluxo de automóveis, sem mencionar a sobrecarga no sistema de fornecimento de água e energia.

Um ritmo construtivo acelerado e a alta taxa de ocupação do lote, levarão a um aumento da impermeabilização do solo, o que poderá acarretar, na época das chuvas, alagamentos e aumento da velocidade do escoamento (enxurradas).

Específicamente no caso de Cova Figueira, ainda vai-se a tempo de contornar essas tendências que têm acontecido um pouco por todo os povoados em Cabo Verde.

No que diz respeito ao conjunto edificado, nota-se que algumas edificações com maior volumetria se encontram a jusante de outras de menor volumetria interrompendo a circulação do ar e obstruindo a vista para o mar, vista essa que devido ao seu enorme valor paisagístico deverá ser utilizado como um elemento angariador de investimentos no Concelho.

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Nota-se a falta de espaços públicos de lazer e zonas verdes (praças, etc.) exceptuando as infra-estruturas desportivas que neste momento cobrem todo o município, mas que carece de uma maior dinâmica e apetrechamento, pois só atendem à pratica do futebol, desempenhando desta forma uma segregação do publico utente.

• Uso do Solo

O padrão de usos dos solos no Concelho de Santa Catarina na ilha do Fogo enquadra-se na linha do que se pode apelidar de “núcleos rurais”. No entanto, há dois núcleos fisicamente de características semi-urbanas por comportar funções ou formas urbanas, sendo no entanto, que o modo de vida da população evidencia forte índice de ruaralidade (Fotos 8 e 9).

Efectivamente, pode-se estabelecer duas grandes classes de usos de solos: Usos Urbanos e usos não urbanos. Na categoria de usos urbanos sobressaem varias funções: quais sejam: residência e serviços.

Os usos do solo identificados no âmbito do EROT são actuais e distinguem-se nos seguintes:

• Usos urbanos • Usos Silvo pastoril, • Usos Agrícola, • Usos industriais • Usos residenciais

Em relação ao Concelho de Santa Catarina, a utilização dos solos para fins urbanos é predominantemente misto, havendo um equilíbrio entre os usos residenciais, e de comércio/serviços sendo o institucional concentrado no eixo da estrada principal que liga Cova figueira ás demais localidades, sem a apresentação de conflitos até o presente.

A vila de cova figueira, localizada na região litoral semi-árido (Foto 8), tende a expandir em todas as direcções. Essa tendência de expansão acarretará avultados 56 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnetions.com

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investimentos na infra-estruturação, principalmente no que tange ao abastecimento de água, dada á cota de 400 metros acima do nível do mar.

Quanto ao padrão de usos do solo urbano não há um modelo com zonamento bem definido. Verifica-se uma mistura de usos residencial, comercial, serviços, hoteleiros (o único existente na vila), espaços verdes (estes embora estejam planejados, não existem efectivamente ainda) e de lazer. Contudo, constata-se que a componente uso residencial é predominante em todo o espaço urbano.

Foto 8 ‐ Vista áerea da Vila de Cova Figueira

Fonte: www.angelfire.com\folk\santacatarinafogo

Foto 9 ‐ Achada Furna, Forma urbana

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O espaço rural que ocupa mais 95% do Concelho o uso é predominante a agricultura, sendo que neste particular sobressaem a agricultura de sequeiro e a pecuária. Realça-se a ocucupção dos solos com pequenas explorações em regime de agricultura de regadio.

A zona de chã das caldeiras desempenha várias funções: turísticas de lazer e agrícola e produção do vinho (Foto 9).

Foto 10 ‐ Campo de vinha em Chã das Caldeiras

A precipitação tem uma influência decisiva na utilização dos solos nas zonas rurais. No estrato árido do concelho de Santa Catarina sobressaem a ocupação de solos com Prosopis juliflora. Essa ocupação característica do sector sul/oriental destina-se quer a protecção dos solos como também a diversos consumos.

Nesse andar pouco propício para a prática da agricultura de sequeiro, aparecem alguns núcleos populacionais dispersos. Regista-se pontualmente ocorrência de agricultura de regadio no sector jusante de algumas ribeiras. O uso dos solos para a prática da agricultura de sequeiro intensifica no andar semi-árido.

Com efeito, é notório a ocupação dos solos com fruticultura associada com a agricultura de sequeiro nas zonas de altitude altas principalmente em Chã das Caldeiras (andar sub-húmido).

Em jeito de conclusão, assegura-se que á semelhança do núcleo urbano (embora em maior escala), nas zona rurais o povoamento é em regra disperso podendo contudo aparecer pequenos núcleos concentrados nos limites e bermas das 58 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnetions.com

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estradas intermunicipais que cruzam todo o concelho. O uso de solos para fins residências está associado à vocação agrícola dos solos e a posse de titulo dos mesmos.

2.2 Questões Estruturais Cova Figueira está a aproximadamente a 45 minutos de carro da cidade de São Filipe e a 30 minutos de Chã das Caldeiras e dos Mosteiros. Isto explica a sua centralidade em relação aos municípios vizinhos. Todas essas ligações dão-se por trajectos que estão relativamente em boas condições de trânsito, no entanto, são necessárias manutenções pontuais em termos de piso, perfis e correcções de traçado e protecção de encostas.

A sua ligação com o resto das ilhas de Cabo Verde e Outros países faz-se através do aeródromo localizado em São Filipe, cujo os vôos possuem uma frequência diária, no horário da manhã e no final da tarde aos domingos. Conclui-se então que a ligação aeroportuária é satisfatória, sendo a Ilha servida por duas companhias nacionais: TACV e Halcyon Air, com vôos diários, acrescentando-se os voos charters da Cabo Verde Express.

As estradas inter-municipais seguem o perfil topográfico da ilha, motivo pelo qual a Ilha do Fogo, com o vulcão ao centro, é servido por estradas circulares, dominadas por dois importantes anéis: o anel principal com cerca de 81 km e o anel superior com cerca de 42 km. Se por um lado a ligação com os demais municípios da ilha é satisfatória, a interligação com as demais localidades de vocação agro-pastoril é deficitária, tanto no que diz respeito às condições das estradas, quanto à falta de meios de transportes regulares.

Vale destacar que as primeiras estradas de penetração ainda existem e em caso de reabilitação poderiam desencravar e ligar várias localidades.

O escoamento dos produtos para as outras ilhas e para o exterior dá-se igualmente através da cidade de São Filipe e com uma frequência bastante irregular. Portanto, o transporte de mercadorias, um forte indicador económico, depende do funcionamento do Porto de no Concelho de São Filipe que é

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bastante problemático: tem apenas 70 metros de cais, com 5,5 metros de profundidade, débeis equipamentos de elevação, deficientes condições de armazenamento das mercadorias e limitado espaço para passageiros.

O transporte marítmo de passageiros é irregular, sobretudo na ligação com a cidade da Praia (principal Porto Comercial do País) e demais ilhas, tendo uma ligação mais freqüente com a ilha da Brava.

Convém referir que no município existiu um porto (Porto de Alcatraz) que deixou de funcionar devido a falta de manutenção. Conforme reza a historia este porto foi muito utilizado por vavios que traziam cargas de S. Filipe, Mosteiros e das outras ilhas para o abastecimento da população. Estava minimamente equipado com amanzens para mercadorias que agora só restam ruínas junto ao porto.

2.3 Questões Sectoriais

Abastecimento de Água Nos últimos anos alguns projectos de cooperações internacionais têm contribuído para a melhoria no abastecimento de água em Santa Catarina em especial e na ilha em geral.

A cooperação Alemã num projecto realizado entre 2003 e 2005 (PRODOC) reabilitou os sistemas, permitiu abastecer novas zonas e contemplou a formação de pessoal. Por sua vez, investimentos da cooperação Luxemburguesa, no período 2007-2010, tinha por meta fornecer a ligação domiciliária de água a 90% da população das ilhas Fogo e Brava até à cota dos 1.100 metros.

Existem estudos sobre a capacidade aquífera da Ilha do Fogo que afirmam ser possível utilizá-la sem colocar em causa os níveis de carga dos lençóis. Nesse momento a exploração está muito abaixo da capacidade da ilha, contudo o maior problema encontra-se na profundidade do furo para se alcançar o lençol.

O nível médio pluviométrico anual está entre 200 mm e os 500 mm, suficiente para o abastecimento da população e para um desenvolvimento económico sustentado,

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com a agricultura a utilizar as modernas técnicas de rega. A Ilha do Fogo apresenta dos maiores índices de pluviosidade do país.

Apesar dos altos índices pluviométricos, o abastecimento de água na Ilha do Fogo é dos mais difíceis do país, sobretudo devido a uma orografia que torna oneroso o custo de exploração e pela utilização de equipamentos obsoletos de bombagem da água dos furos e distribuição, com taxas elevadas de perdas na rede de distribuição.

Não obstante, o preço médio do metro cúbico (190 ECV) ainda é excludente para boa parte da população, inclusivamente para aqueles que dependem da actividade agrícola ou pecuária para seu sustento.

A maioria das zonas do município não possui água canalizada. Apenas 17,7% da população do concelho tem acesso à rede pública de abastecimento de água. São ainda abastecidos através de chafarizes e por água das cisternas, insuficiente para o ano todo o que acarreta a necessidade do abastecimento por camião auto-tanque.

Saneamento O saneamento básico constitui um dos aspectos de maior relevância na gestão de um município. Está estritamente associado a questão da saúde pública, por conseguinte com implicações directa no nível da qualidade de vida das populações locais.

Na sequência do trabalho do campo efectuada no âmbito da recolha da informação para elaboração do PDM, constatou-se que, em relação ao concelho de Santa Catarina, o núcleo urbano é de reduzida dimensão e o grau de urbanização que tem implicações no processo de recolha e tratamento dos resíduos ainda é incipiente.

O município não é servido de uma rede de águas residuais domésticas, tampouco de estação de tratamento. O mesmo sucede com relação à drenagem, recolha e tratamento da esgoto sanitário.

De acordo com os dados do QUIIB apenas 17,7% da população tem acesso água canalizada na rede publica, logo duas vezes inferior aos os outros Concelhos do

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Fogo. A maior parte da população do Concelho abastece a partir da água dos chafarizes.

Quanto à utilização casa de banho, segundo QUIIB 2007, Santa Catarina na Ilha do Fogo goza de uma posição pouco confortável, pois, quase metade da poupulção não tem casa de banho nem retrete, valor esse muito sepuerior a média nacional. 48% da populção afirmam possuerem casa de baho com retrete (Figura 6). No entanto, nem todas as fossas foram construídas dentro de padrões aceitáveis de qualidade, acarretando em riscos de contaminação no lençol freático, solos e conseqüentemente à saúde pública.

Figura 6 – Formas e proporção de evacuação do esgoto doméstico

A maioria das casas (34.3%) despeja as águas servidas em estado natural em área ao redor da casa, e 49.2% na natureza, com implicações significativas em termos de saneamento municipal.

Ademais, a alta concentração do gado e outros animais também oferece alto risco à saúde pública com a disseminação de doenças como diarréia, verminoses e doenças de pele, para citar algumas (Foto 11).

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Foto 11 ‐ Animais soltos (Zona Rural)

A ilha do fogo, embora com maior ênfase no concelho de São Filipe, foi uma das ilhas afectadas pela epidemia da dengue, que assolou o pais. Tratando-se de uma doença que para além de outros factores, se associa também à mobilidade das pessoas torna-se difícil estabelecer uma correlação directa entre as condições de salubridade do meio e o número de ocorrências. De todo o modo, a questão do tratamento das águas residuais tem que ser devidamente acautelada, pois, pode ser um potencial foco de propagação dos mosquitos vectores de algumas doenças contagiosas.

Resíduos Sólidos No Município de Santa Catarina a nível do espaço urbano há uma cobertura razoável no concernente à recolha de resíduos através de carros de lixo, enquanto que a drenagem de águas pluviais dá-se por foma de gravidade. No tocante aos resíduos sólidos o município no geral e cova figueira em particular goza de um padrão de limpeza muito aceitável quando comparada com os outros centros urbanos do pais. No entanto, a vila depara com dois problemas que carecem de solução imediata: a inexistência de uma rede esgoto e a criação de animais domésticos, o que representa uma séria ameaça para a saúde pública.

O vazamento de resíduos a céu aberto proposto para as proximidades de Guincho e Corredor de Cavalo, constitui um dos aspectos do saneamento que merece atenção muito especial, pelo que deve ser reconsiderado com urgência sob pena de contaminar uma área com forte potêncial para a expansão urbana. 63 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnetions.com

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No que se refere à evacuação dos resíduos sólidos pode-se depreender que a maior parte da população asseguram que enterram ou queima os seus resíduos sólidos, sendo de registar que cerca de 31% recorrem à natureza ou redor da casa o que não deixa de ser relevante em matéria de saúde publica (Figura 7).

Figura 7 ‐ Modos de evacuação dos resíduos sólidos urbanos

Quando comparada a proporção da populçaão que recorre aos contetores (21.4%), verifica-se é quase duas vezes infeiror á media nacinal.

Com efeito, por se tratar de um concelho com uma forte componente rural, enfrenta os mesmos problemas do saneamento que ocorrem nas zonas rurais em todo o Cabo Verde: inexistência de sistemas de recolha de resíduos, quer sólidos quer líquidos. A insuficiência de infra-estruturas de saneamento básico, constitui um entrave à evacuação do lixo, dos dejectos humanos e dos animais.

Recentemente a aquisição de uma incineradora pelo município de São Filipe cria novas perspectivas que poderá vir a contribuir significativamente para uma melhoria da gestão dos resíduos sólidos.

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Lixo Urbano

A questão do lixo, tno que diz respeito à sua recolha é satisfatória mas quanto à destinação final é prioritária em Santa Catarina.

Actualmente, a recolha é feita todos os dias da semana nos bairros e até recentemente todo o lixo recolhido era depositado numa lixeira a céu aberto próximo da sede municipal (cova figueira). Porém já há uma nova localizaçaõ (no nosso entender menos apropriada) e esse quadro poderá melhorar significativamente com a utilização da incineradora recentemente adquirida pelo município de São Filipe e instalada na localidade de Genebra.

Não há no município a recolha selectiva de lixo, apesar de já despontar algum artesanato com o uso de material reciclável.

Na nossa análise pudemos identificar algumas das principais causas do aumento do lixo no município: (1) aumento da população no centro urbano, derivado do êxodo rural e instalação de serviços; (2) aumento dos estabelecimentos comerciais; (3) aumento de uso de materiais não biodegradáveis (garrafas, plásticos, latas, etc.); (4) e aumento da criação de animais nos centros urbanos e nas povoações;

A principal consequência da falta de capacidade de eliminação do lixo produzido é o aumento dos insectos e outros vectores de doenças, pondo em risco a saúde pública.

Um outro tipo de resíduo cujo aumento tem sido observado nos últimos anos são os entulhos gerados pela construção civil.

É de se referir também a falta de sanitários públicos e de caixotes de lixos pelos núcleos populacionais.

Energia Com relação ao consumo doméstico, principalmente aquele destinado à alimentação, dados do QUIBB 2007 demostram que muitas famílias continuam a utilizar a lenha, em detrimento do gás, para a confecção dos alimentos. O alto preço

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do gás aliado ao alto índice de pobreza tem mantido a lenha como principal combustível doméstico, o que implica, ademais, forte impacto ambiental com o desmatamento de muitas áreas florestadas.

A taxa de cobertura eléctrica é de apenas 45%, sendo que só a Cova Figueira consome cerca de 195 kva. Toda essa energia é produzida na cidade de São Filipe cuja capacidade hoje é de 2395 kva. Com a nova localização dos geradores na estrada de acesso ao porto de Vale de Cavaleiros e com o aumento previsto da potência para 4250 Kva, espera-se minimizar os problemas actuais verificados na distribuição. Espera-se que as necessidades venham a ser supridas no curto/médio prazo com a instalação de uma potência de 10.000 kva previsto para um prazo de 4/5 anos.

Pelo quadro que se segue, considerando a media de consumo de 6KVA por fogo (familia), conclui-se que nem a potencia actualmente instalada dá satisfação às familias nem a potência projectada. A grande conclusão que se tira é de que a situação tende a piorar seja qual for a taxa de crescimento que vier a se verificar isto porque a potencia prevista de 10000KVA é para toda a ilha e para todas as actividades. O quadro 35 apresenta apenas as necessidades domésticas para o município de Santa Catarina. Não estão contabilizdas outras necessidades tais como o abastecimento industrial, hoteleiro e nem iluminação pública nem tampouco o fornecimento aos outros municípios da ilha. Portanto a questão da energia eléctrica afigura-se como uma enorme preocupação para o desenvolvimento do município de Santa Catarina em particular e da ilha em geral (Quadro 35)

Quadro 35 ‐ Necessidade energética para o município de Santa Catarina

População em 2022 Ano 2000 Taxa crescimento Energia Electrica População 0.8 1.8 2.5 4820 5.671 7.001 8.258 Nº Agregado 930 1134,2 1400,2 1651,6 Necessidade do 5580 6805,2 8401,2 9909,6 Município (KVA) Previão (KVA) 10000 10000 10000 10000 Balanço ‐1330 +3194,8 +1598,8 +90,4

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Recursos Paisagísticos O município de Santa Catarina conta com o principal recurso paisagístico da ilha que é o Vulcão e o seu entorno. Basta dizer que do cume do Vulcão em dias de boa visibilidade, é possivel visualizar todas as ilhas e ilheus de Cabo Verde. Conta ainda com vários pontos notáveis que servem de magníficos miradouros de contemplação da paisagem envolvente e do horizente (Foto 12).

Foto 12 ‐ Uma vista capturada do miradouro de Cova Matinho

Apesar de não dispor de praias de areia branca, as escassas baías existentes não deixam de constituir uma riqueza paisagística do município.

A morfologia da ilha e do município, a forte presença do coberto vegetal e cones vulânicos, a cromática do território, formam juntamente com o azul do mar e do céu um cenário raro e de excelente impacte visual capaz por si só de captar o turismo rural ou de segunda residência.

A flora e fauna típicos, juntamente com a população e a sua arquitectura compõem um conjunto significativo de atração turística a nível nacional e internacional (Foto 13).

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Foto 13 ‐ Dois aspectos de paisagem de Chã das Caldeiras e de atracção turísticas

Habitação Neste capítulo, embora a Câmara tem tido feito um enorme esforço na produção de zonas de habitação, ainda não há qualquer delimitação de zonas urbanas de interesse social, nem um Plano Municipal de Habitação, existindo apenas ações pontuais e dispersas da Câmara e outros agentes promotores de habitação social, como organizações não-governamentais e cooperações. Isto encarece por vezes o custo dos mesmo e não se traduz em respostas efectivas na escala necessária. Em termos de programas, a Câmara tem apoiado com um loteamento municipal para a auto-construção de moradias sociais e também no apoio técnico-logístico à auto- construção.

Devido algum número de idosos, e por vezes sem familiares presentes no concelho já se faz necessário espaços de acolhimento vocacionado para melhor os acolher.

Outra questão premente é a delimitação do perímetro urbano, com vistas a direccionar a expansão da cidade e orientar os investidores (residentes e emigrantes). É importante enfatizar que novos loteamentos dispersos pelo território dificulta o acesso aos serviços básicos como água, luz e saneamento.

No panorama geral do município destacam-se algumas habitações inacabadas e outras fechadas, pressionando o crescimento da malha urbana para áreas ainda não infra-estruturadas. 68 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnetions.com

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No meio rural há dificuldades na obtenção da casa própria, apesar dos moradores possuírem os terrenos, sobretudo em conseqüência do baixo poder económico. O estado de degradação de muitas habitações provém do mesmo problema que é a falta de poder económico.

É necessário dar uma atenção especial a nível de organização espacial no meio rural provocando pequenos aglomerados rurais em determineto da dispersão facilitando desse modo os investimentos necessários na infra-estruturação básica.

Desporto, Lazer e Áreas Verdes O município é bem servido a nível de infra-estruturas para a prática do desporto em bom estado de conservação e aparentemente bem distribuídas pelo município, inclusive pelos povoamentos do interior, embora há que salientar a pouca diversidade de modalidades, tornando-se num elemento segregador dos utentes, na medida em que práticamente só atende á pratica do futebol de placa. Carece de equipamentos que permitam a prática de outras modalidades, tornando-os multifuncional.

No concernente a áreas públicas de lazer/estar denominadas zonas verdes (praças) apresentam forte carência. Há falta de espaços públicos de convívio em Santa Catarina, de uma forma geral. Os principais locais de encontro e lazer junto à natureza são as ruas e varandas dos vizinhos. Falta um grande Parque Verde Urbano cuja pertinência e localização deverá ser analisada e localizada na fase de ordenamento territorial deste PDM.

No que diz respeito ao lazer cultural, não há uma única sala de projeção de filmes, nem um centro multi-uso que sirva a população local para actividades culturais e de lazer. A expressão cultural do município limita-se a festas de romarias e festas do município.

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Abastecimento Alimentar O abastecimento alimentar em Santa Catarina está centralizado no mercado central e municipal de São Filipe, havendo, no entanto, a venda directa e informal complementar a este serviço por parte dos própios proprietários e agricultores.

No meio rural o abastecimento é feito pela venda directa entre os proprietários de cultivo e em alguns casos mediante trocas comerciais.

Segurança Conforme as informações fornecidas pelo Comandante Regional da Polícia Nacional, município conta com: um posto policial localizada em Cova-Figueira e que recentemente abriu uma representação em Chã das Caldeiras. Possui um total de efectivos muito reduzido, para a segurança de todo o Concelho. O quadro 36 aponta as necessidades em termos de efectivos em função do nºo da população esperada.

No concernente à infra-estrutura da segurança pública, o município possui características muito especiais e a existência de um vulcão ainda activo requer uma atenção particular no sector da proteção civil. Não dispõe ainda de uma instalação base/plataforma que permita evacuações emergênciais, com uma estrutura técnica e humana capaz de responder mínimamente aos novos desafios e aos constrangimentos actuais. O corpo de bombeiros até então inexistente deverá se enquadrar nesta estrutura de proteção civil. No momento é a própria policia que presta esses serviços e de forma muito precária por falta de meios quer físicos quer técnico-profissional.

Uma atenção especial deverá ser dada em relação à criação de um quartel de bombeiros.

A nível de de violência urbana é ainda pouco expressiva embora já existam sinais que carece de atenção. A mesma fonte assegura que os crimes contra património vêm aumentando nos centros urbanos, zonas de maior aglomeração, e que a situação complicou-se um pouco mais com os retornados.

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Quadro 36 ‐ Nº mínimo de efectivos da polícia necessária

População em 2022 Agentes de Ordem População taxa crescimento pública 2000 0.8 1.8 2.5 4820 5.671 7.001 8.258 1 agente /400 pessoas 12 14 18 21

Pelo quadro acima, verifica-se que existe um déficit de elementos o que chama atenção para o futuro.

A nível de trânsito praticamente não há registos de acidentes derivados do estado das estradas mas sim registos de acidentes graves por negligência. Já a nível de circulação e segurança dos pedestres a situação é considerada preocupante devido à inexistência de passeios o que favorece a ocorrências de acidentes com peões.

A falta de iluminação pública noturna, é outro ponto fraco que colabora para a insegurança da população.

Indústria Até ao momento é inexistente no município excepto as cooperativas de vinicultura existente em chã das caldeiras, porém perspectiva-se a criação de uma zona semi- industrial, de perfil agro-alimentar, em função do zoneamento das localidades por potêncialidades. É necessário que este PDM confirme as vocações dos solos e aponte a melhor localização.

A Identificação e reserva de áreas próprias serão fundamentais para o desenvolvimento do sector bem como da economia do município.

As áreas de produção agro-pastoril carecem de infra-estruturas de apoio à produção e transformação dos produtos.

Sabe-se que em Faja, sempre existiu água doce e que actualmente serve de local de abeberamento muitos animais provenientes de muito longe. A sua expolração juntamente com o porto de Alcatráz é algo que merece reflexão.

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Transporte colectivo O transporte entre os municípios da Ilha da Fogo e entre a zona urbana de Santa Catarina e localidades no interior é realizado por privados do tipo Hiaces ou táxis. Os horários não são regulares, o que prejudica relações comerciais e turísticas entre as diversas localidades, sem mencionar as dificuldades de deslocamentos por questões administrativas, escolares e de saúde.

O município carece de um Plano Municipal de Transportes, capaz de satisfazer as necessidades dos munícipes e de responder aos desafios actuais de desenvolvimento e competitividade económica.

Turismo Actualmente, o turismo é precário no município, limitando-se quase que exclusivamente à Chã das Caldeiras, à semelhança de toda a ilha. Há pouca valorização do patrimônio imaterial e paisagístico. No que tange a gastronomia, apesar da sua diversidade e qualidade não há uma boa interligação dos setores de promoção da gastronomia com os sectores produtivos: agricultura, pesca e pecuária.

Observa-se em Santa Catarina um forte potencial para o ecoturismo que ainda se encontra pouco explorado, houve pequenas iniciativas em chã das caldeiras. Porém é necessário destacar a nova modalidade de hospedagem que se pratica em chã das caldeiras, onde as famílias locais, possuem comodidades que recebem os turistas de forma caseira integrando-os á vivência local das famílias, um projecto que tem dado certo e cativado os turistas. É uma nova oferta com grande potêncial.

A deficiência nos transportes e as estruturas de apoio ao sector turístico, têm dificultado o turismo no município e na ilha.

Tendo em vista ampliar a infra-estruturas turísticas em Santa Catarina, há uma série de sugestões a serem aprofundadas e detalhadas no decurso deste PMD nomeadamente: (1) percursos que valorizem o patrimônio paisagistico e ambiental; (2) percursos pedonais de interesse ecológico; (3) rede de miradouros; (4) parque de campismo associado ao turismo de montanha e desportos radicais; (5) rede de pousadas integradas á produção agro-pecuária; (6) Turismo naútico, etc.

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3. CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS

3.1 Aspectos Geográficos, Geomorfológicos e Geotectónicos A ilha do Fogo com uma área aproximada de 476 Km2, é um cone vulcânico, de forma aproximadamente circular, com o diâmetro na ordem dos 25 Km (Figuras 8 e 9). A cota máxima atinge 2829 m de altitude no pico do vulcão e localiza-se no flanco oriental da Caldeira (Figura 9).

Figura 8 ‐ Ilha do Fogo com o Concelho de Santa Catarina delimitado

No centro do vulcão formou-se uma enorme caldeira com 9 km de diâmetro (Heleno, 2003). Supõe-se que essa caldeira designada localmente por – Chã das Caldeiras - situada a 1700 m de altitude se deve ao afundimento do tecto.

Figura 9 ‐ Caldeira e o vulcão activo 73 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnetions.com

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Do lado ocidental, há um desnível na ordem dos 1000 m entre o fundo plano de Chã das Caldeiras e topo da bordeira, configurando uma geomorfologia em forma de semi-arco, que se abre do lado oriental (Figura 10).

Figura 10 ‐ Limite do Concelho (a verde) e a forma semi‐circular da caldeira

O cone vulcânico constituído essencialmente por lavas e escoadas de piroclastos intercalados, apresenta declives mais acentuado do lado Este e NE, sendo de referir a ausência de formas planas de grande dimensões o que influi no ordenamento do território.

Heleno (2003, apud Orlando Ribeiro, 1960) assegura que a parte inferior das encostas da ilha é menos íngreme que a superior, situando-se a fronteira morfológica nos 1200-1500 m de altitude (Figura 9). Abaixo deste nível, encontram- se lavas basálticas bastante fluidas, alternando com raros piroclastos.

Acima dos 1200-1500 m o declive acentua-se, em algumas zonas de forma brusca (Figura 11), coincidindo com o aparecimento de espessas camadas de piroclastos intercalados com escoadas de lava mais raras.

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Figura 11 ‐ Fronteira morfológica da ilha do Fogo

O contorno litoral é formado por arribas verticais de erosão marinha (Foto 14), com excepção de três zonas correspondentes a plataformas de lavas (fajãs) no NE, SE e NW da ilha, limitadas no interior por arribas fósseis (Ribeiro, 1960; Day et al., 1999) – Foto 15.

Foto 14 – Uma forma genérica do contorno litoral da ilha

Foto 15 - Uma zona Plana vista de Cova Figueira

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Segundo Ribeiro Orlando (1960), é racional concluir de que os materiais na base do edifício (cone) correspondem a actividade efusiva, em que o derrame de lavas fluidas produziu declives suaves. Os materiais das zonas superiores correspondem a actividade predominantemente explosiva e cuja maior viscosidade das lavas, resultou em relevos mais íngremes.

É notório a ocorrência de cones vulcânicos, em geral com 50 a 100m de altura, distribuídos de forma desigual nos flancos da ilha, sendo mais comuns na meia encosta e na zona baixa. A maior densidade é observada numa faixa estreita e radial na zona SE da ilha, próximo da povoação de Cova Figueira (Ribeiro, 1960, citado em Heleno, 2003). Ver as figuras 8 a 11 e a Foto 16.

Foto 16 ‐ Presença de cones vulcanicos a SE da Ilha

A distribuição espacial desses cones e a morfologia dos mesmos sugere um mecanismo de erupção ao longo de fissuras radiais, provavelmente anterior à formação da caldeira o que pode ser comprovado pelo avançado estado de erosão da maioria desses cones e ainda, segundo Ribeiro Orlando, pelo facto de alguns se encontrarem rodeados de lavas emitidas por fontes removidas pela formação da caldeira (Ribeiro, 1960; Day et al., 1999, citados em Heleno, 2003).

A observação da (Figura 12), ou da carta geológica da ilha, de Machado e Assunsão (1965), sugere uma maior concentração de cones de vulcânicos na zona SE e, de uma forma menos clara, no sector W-NW da ilha. No flanco Leste da ilha, zona delimitada por duas escarpas que surgem na continuação das secções Norte e Sul 76 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnetions.com

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da “Bordeira”, não se observam cones adventícios, coincidindo ambas as escarpas com as terminações dos dois conjuntos plataforma/arriba da zona Leste (Ribeiro, 1960). Esta zona é constituída unicamente por materiais emitidos pelo sistema vulcânico que se formou no interior da Chã das Caldeiras.

Figura 12 – Esquema morfológica da ilha

Fonte: extraído de Heleno, 2003

Em termos de morfologia pode-se, identificar 4 grandes unidades: • Formas relativamente planas junto ao mar, designadas de plataforma de lava ou fajã de pouca extensão nas regiões litorais com desníveis abruptos que dão para o mar. Essas formas aparecem em sectores muito localizados junto ao mar, como Salinas, no Concelho de São Filipe e no flanco oriental do Concelho de Santa Catarina. Essas formas estão associadas as arribas litorais que na maior parte das vezes caem de forma abrupta no mar.

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• A segunda unidade de realce tem a ver com a parte intermédia do cone vulcânico com declives muito acentuados que se estende até à bordeira, limite exterior. Os declives médios do edifício variam entre os 12º nas zonas Sul e Oeste, 18º na zona Norte, até 25º no flanco Este da ilha (Bebiano, 1932; Ribeiro, 1960, citado em Heleno, 2003, p.24).

• A terceira unidade que merece referência pela sua morfologia «suis generis» é Chã das Caldeiras, tendo contudo a abertura na direcção Leste. Regista–se a ocorrência de vários cones adventícios, tanto dentro da caldeira como fora da caldeira, exterior à bordeira. No Concelho de Santa Catarina sobressai o monte preto .

• E a quarta grande unidade, em termos morfológicos tem a ver com o cone vulcânico principal que se ergue a partir de chã das caldeiras no seu flanco oriental (Foto 17).

Foto 17 ‐ Chã das Caldeiras ‐ Vulcão principal e os cones adventícios

O modelado do relevo se deve essencialmente às actividades vulcânicas e à escorrência de águas superficiais. Aliás, a presença em algumas bacias hidrográficas, de sulcos e ravinas derivados de um forte encaiche dos cursos de água formando os profundos vales que rasgam e marcam a paisagem, são testemunhos da vivacidade da erosão hídrica.

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De uma forma geral, o cone principal apresenta vales profundamente encaixados, de forma em «V» na parte mais a montante que tende a alargar-se na base do cone vulcânico, apresentado por vezes fundo relativamente alargado e de forma em «U» (Fotos 18).

Foto 18 ‐ Vales encaixados no Concelho de Santa Catarina (fronteira com o Concelho dos Mosteiros)

Conclui-se assim, que do ponto de vista geoestrural e geomorfológico, no Concelho de Santa Catarina merecem destaque três grandes undidades: As plataformas litorais, uma rede relativamente densa de cones vulcânicos adventícios que testemumnahm a existência de importantes falhas que atravessam o Concelho, Chã das Caldeiras incluindo o vulcão e, a parte intermédia do cone vulcânico de declives muito acentuados e que interliga a Chã das Caldeiras e plataformas litorais (Figura 13).

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Figura 13 – Concelho de santa Catarina ‐ Carta de declives do

Os declives mais fortes estão relacionados não só com as encostas dos cones vulcânicos, mas também com o entalhe da rede hidrográfica, comandada a partir das linhas divisórias de águas dos pontos de maiores altitudes.

O Sector mais a Sul/Oriental nas altitudes mais baixas apresenta, do ponto de vista morfológico, declives menos acentuados, dominando as superfícies onduladas rasgadas por vales relativamente pouco profundos quando comparadas com os vales mais a montante.

A marca das erupções vulcânicas e da escorrência superficial na modelação do relevo actual é bem visível, em todo o Concelho. Aliás, no Concelho, uma das marcas visíveis na paisagem são as correntes de lavas relativamente recentes e que são poucas propícias a instalação da vegetação (Fotos 19 e 20).

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Foto 19 – Chã das Caldeiras e materias de última erupção

Foto 20 ‐ Cova Matinho e materiais de erupções mais antigas (ausência de vegetação)

A relativa densidade dos cones vulcânicos no Concelho de Santa Catarina, testemunham a manifestação de erupções adventícias em épocas geológicas relativamente recentes.

A expressão morfológica dos vales profundos e encaixados, no flanco Nordeste, constituem uma dificuldade acrescidas na planificação das infra-estruturas colectivas.

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À morfologia da paisagem sobrepõe-se uma compartimentação hidrográfica que reparte o Concelho em várias bacias de distintas dimensões (Figura 14) com destaque para as Ribeira de Cutelo Cruz. Ribeira de Baluarte, Ribeira de monte casinha

Em regra, essas bacias confluem-se na parte intermédia do cone, onde os vales apresentam-se profundos com tendência para se alargarem no sector terminal, apresentando fundos mais alargados e relativamente planos.

Figura 14 ‐Carta de bacias hidrográficas

Declividade do Terreno no Concelho de Santa Catarina

Os limites das classes de declives constantes do quadro 34 e figura 13 em baixo, foram estabelecidos tendo por base alguns limiares de referência considerados para fins do ordenamento do território.

Os declives fracos, inferiores a 3 % ocupam cerca de 7 % da área total do Concelho. Mesmo considerando o limiar de 5 % como sendo áreas de fraco declives, tendo em conta que ilha é muita acidentada, a área do Concelho que apresenta esse valor não ultrapassa os 7,2 %. Regista-se que essas áreas inclui Chã das Caldeiras, de

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morfologia relativamente plana, mas de alto risco e por conseguinte pouco favorável ao estabelecimento humano. É o Sector mais a sul nas altitudes mais baixas que apresenta, do ponto de vista morfológico, declives menos acentuados, sendo de destacar: a ocorrencia de vários cones vulcânicos e a regição litoral relativamente plana como se pode depreender da Figura 13.

As áreas com declives superiores a 16 %, considerados acentuados para fins de agricultua de regadio, por favaorecer o escoamento e a erosão dos solos, ocupam cerca de 67,9% da área total do concelho. As classes de declives inferior a 3 % estão mais bem representadas no sector Sul do Concelho. Enquanto que as classes de declives entre os 16 e 30 % estão representadas na parte intermédia do concelho.

Os declives mais fortes estão relacionados não só com as encostas dos cones vulcânicos, mas também com o entalhe da rede hidrográfica, comandada a partir das linhas de festos dos pontos de maiores altitudes

Cerca de 37,5 % da área total do concelho apresenta declives muito forte (Quadro 37 e Figura 15), por conseguinte pouco aconselhável para o estabelecimento humano e construção de infra-estruturas. Este agravamento das condições de declives ocorrem nos sectores Norte e Oriental.

Quadro 37 ‐ Áreas discriminadas em função do declive

Declive (%) Nº Celula Area (m2) % Area (ha) % 0‐3 445454 11136350 7,02 1113,635 7,015185 3‐5 11622 290550 0,18 29,055 0,183028 5‐8 207455 5186375 3,27 518,6375 3,267083 8‐10 429512 10737800 6,76 1073,78 6,764124 10‐12 533220 13330500 8,40 1333,05 8,397358 12‐16 411367 10284175 6,48 1028,418 6,478369 16‐25 1354150 33853750 21,33 3385,375 21,32569 25‐30 576114 14402850 9,07 1440,285 9,07287 > 30 2380960 59524000 37,50 5952,4 37,4963 TOTAL 158746350 100,00 15874,64 100

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Figura 15 ‐ Áreas discriminadas em função do declive

Aspectos Geológicos

O concelho de Santa Catarina conserva as formaçoes geológicas mais recentes do arquipelago. Essas formações geológicas caraterizam-se por ser muito pobres em silica e por coseguinte são denomindas de rochas básicas que apresentam uma côr escura.

A formação geológica predominantes são os nefelinitos (55%) seguido de cones de acumulação de escórias que ocupa 17% da área do municipio (Figuras 16 e 17). As rochas sedimetares tem pouca representatividade no computo geral, sendo de registar a ocorrência de muitos cones de piroclastos, material muito poroso, de grande fragilidade quando analisado de ponto de vista de implantação de grande obras de engenharia civil. Alias, do ponto de vista estrutural regista-se a intercalação de escoadas lávicas com com material piroclástico, sendo este resultante de um tipo de vulcanismo de carácter mais explosivo devido a maior viscosidade da lavas.

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Figura 16 ‐ Formações geológicas do Concelho de Santa Catarina

Figura 17 ‐ Proporção das formações geológicas no Concelho de Santa Catarina

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3.2 Vocação Territorial Do cruzamento dos temas, declives, exposição, domínio público marítimo, linhas de água e suas margens, áreas agrícolas e área protegida do parque natural, conclui-se que a parte que abrange o Ocidente, Norte e Oriente do concelho de Santa Catarina é caracterizada por fortes pendentes, exposta à norte e portanto recebendo menor hora da luz solar, com ribeiras muito encaixadas e bastante declivosas e com voção agrária, facto que pode ser verificado pela extensa área a azul constantes das duas figuras 19. Já a parte sul verifica-se exactamente o contrário ou seja uma vocação predominantemente urbana. O quadro 38 mostra que cerca de 58% do município devem ser considerados non aedificandi. Os restantes 42 % com vocação para a edificação distribui- se de forma variável como se pode inferir do quadro 38 e da Figura 19.

Do resultado das operações de análise espacial permite concluir por um lado, que a maior parte do Concelho dispõe de uma boa exposição solar (Figura 18), enquanto que em relação ao declive, a maior parte situa-se nos limites indesejáveis ou pouco desejáveis para o estabelecimento humano.

Por outro lado, do cruzamento de todas as variáveis referidas anteriormente, resulta a carta final que evidencia uma baixa potencialidade para a expansão urbana para além de indicar o sentido Oeste como preferencial de expansão futura. É de salientar que esta potencialidade preferencial surge no sentido que tende a ligar o Concelho de Santa Catarina ao Concelho e cidade de São Filipe que também apresenta um potencial de crescimento urbano para Santa Catarina.

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Figura 18 ‐ Carta de exposição solar das encostas

Quadro 38 – Áreas com Potencial para Edificação no Concelho de Santa Catarina

Qualificação nº células Área (m2) Área (ha) % Óptima 74747 1868675 186,87 1,18 Muito Boa 528722 13218050 1321,81 8,33 Boa 1155674 28891850 2889,19 18,20 Razoável 818680 20467000 2046,70 12,89 Má 75822 1895550 189,56 1,19 Muito Má 3696209 92405225 9240,52 58,21 Total 6349854 158746350 15874,64 100,00

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Figura 19 ‐ Carta Negativa à edificação

3.3 Flora e Fauna Flora O trabalho de campo realizado no âmbito do PDM permite-nos corroborar os estudos já realizados anteriormente (Castanheira Diniz, 1986; Jose Maria Semedo,2002 e Teresa Leyens, 2002). Com efeito, é pouco provável que tenha havido alterações substantiva em relação às informações concernentes à componente biótica, recolhidas no âmbito da elaboração do EROT, que passamos a transcrever:

Zona árida Refira que a Comunidade da Zona Árida encontra-se bem representada no Concelho de Santa Catarina no flanco sul. Nesta zona encontramos espécies xerófitas constituídas basicamente por terrófitos e hemicriptófitas e algumas caméfitas. São típicas das encostas da parte ocidental e sul da ilha entre as cotas dos 0 a 500/600 metros. As espécies de maior porte são raras e constituídas por Jatropha curcas, Nicotiana glauca, Calotropis procera, Acácia farnesiana, Prosopis juliflora e Parkinsonia aculeata.

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Foto 21 ‐ Especie característica das zonas áridas

A extensão das Cominidades da Zona Árida em altitude vai se estreitando à medida que se aproxima de Cova Fgueira., onde as plataformas da chmadas comuniades litoraneas estao bem assinaladas no carta de zonagem Agro-ecologica.

Na parte litorânea, aparecem as seguintes espécies:

Zygophyllum simplex, Cleome brachycarpa, Kohautia aspera e lndigofera cordifolia, acompanhadas por: Corchorus tridens, Heliotropium ramosissimum, Mollugo nudicaulis, Amaranthus graecizans e Aerva javanica.

Na parte sublitorânea: aparecem as seguintes espécies: Salvia aegyptiaca, Cleome viscosa, Polygala erioptera e Sida coutinhoi, acompanhadas por: Corchorus olitorius, Melhania ovata, Ipomoea eriocarpa, lndigofera parviflora var. occidentalis e Aristida cardosoi. Também ocorrem alguns exemplares de Ziziphus mauritianus e Ficus sycomorus subsp. gnaphalocarpa, acantonados nas encostas das ribeiras.

Zona semiárida Esta zona é parecida com a zona árida mas apresenta maior densidade de cobertura e espécies de grande porte e menos xerófitas. Também é notória uma maior ocupação em termos de superfície. As espécies características são: a) Bidens bipinnata, Alysicarpus ovalifolius, Blainvillea gayana var. bracteolata e Tephrosia bracteolata. Estas espécies aparecem acompanhadas por: Aristida

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adscencionis, Digitaria ciliaris, Asteriscus vogelii var. darwinii Heteropogon contortus e Commelina benghalensis. b) Lotus coronillifolius, Nanorrhinum dichondrifolium, Asteriscus vogelii var. darwinii e Phyllanthus rotundifolius. Estas espécies aparecem acompanhadas por: Ipomoea eriocarpa, Momordica charantia, Borreria verticillata, Launaea intybaceae e Cassia bicapsularis. d) Wissadula amplissima var. rostrata, Abutilon pannosum, Trichodesma africanum e Stylosanthus fruticosa. Estas espécies aparecem acompanhadas por: Indigofera colutea, Tephrosia uniflora subsp. uniflora, Sclerocarpus africanus, Melhania ovata e Sida rhombifolia.

Zona sub-húmida Dispondo de maior humidade apresenta uma gama variada de espécies. Observam- se grandes áreas de pastagens, e as melhores culturas de cereais e leguminosas, nomeadamente do milho e do feijão congo. Nas maiores altitudes, acompanhando a face externa do grande hemiciclo que é a Bordeira desenvolve-se a «cintura do rícino», onde se encontra igualmente a maior parte dos endemismos da ilha. As espécies características são: a) Andropogon gayanus var. tridentatus, Campanula jacobaea var. jacobaea, Tornabenea tenuissimum e Euphorbia tuckeyana. Estas espécies aparecem acompanhadas por: Gnaphalium luteo-album, Evolvulus alsinoides, Eragrostis barrelieri, Cenchrus ciliaris e Paspalum scrobiculatum b) Papaver gorgoneum, Tolpis farinulosa, Urospermum picroides e Mitrocarpus villosus, acompanhadas por: Tornabenea bischoffii, Campanula jacobaea var. jacobaea, Euphorbia tuckeyana, Hyparrhenia hirta e Stachys arvensis. c) Euphorbia tuckeyana, Pennisetum polystachyon, Pennisetum pedicellatum subsp.Unispiculum e Lotus jacobaeus var. jacobaeus. Acompanhadas por: Nicandra

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physalodes, Oldenlandia corymbosa var. corymbosa, Lantana câmara, Rhynchosia minima var. mínima e Rhynchelytrum repens. d) Helianthemum gorgoneum, Artemisia gorgonum, Diplotaxis gracilis e Phagnalon melanoleucum. Acompanhadas por: Verbascum capitis-viridis, Paronychia illecebroides var. illecebroides, Tornabenea tenuissimum, Lavandula rotundifolia subsp. Subpinatifida e Desmodium scorpiurus. e) Aristida funiculata, Wahlenbergia lobelioides, Synedrella nodiflora, Ipomoea dichroa Acompanhadas por: Tephrosia purpurea subsp. leptostachya var. pubescens, Chenopodium ambrosioides, Heteropogon contortus, Rhynchelytrum repens e Bidens pilosa f) Echium vulcanorum, Erysimum caboverdeanum, Periploca chevalieri, Globularia amygdalifolia. Acompanhadas por: Asphodelus fistulosus, Euphorbia tuckeyana Withania somnifera, Conysa feae e Artemisia gorgonum

A zona húmida/sub-húmida Tem uma representação muito pontual no sector nordeste do Concelho. As espécies características são: a) Furcraea gigantea, Euphorbia tuckeyana, Andropogon gayanus var. tridentatus e Lantana camara acompanhadas por: Tornabenea tenuissimum, Rhynchelytrum repens, Heteropogon melanocarpus, Euphorbia heterophylla e Cenchrus ciliaris. b) Arthraxon lancifolius, Oplismenus burmannii, Rhynchelytrum gradiflorum, Andropogon fastigiatus e Ipomoea cairica, acompanhadas por: Lavandula rotundifolia subsp. Subpinatifida, Chloris pycnotrix, Euphorbia tuckeyana e Desmodium tortuosum.

Ao longo das ribeiras, para além das espécies citadas, surgem Furcraea gigantea e Lantana camara.

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Em sintese, refira-se que no Concelho de Santa Catarina ocorrem todos as especies das Comunidades consagradas na literatura. os andares já consagrados na literatura, excepto as designadas Comunidade das zonas húmidas.

Importa frisar que sobressaem no andar árido prosopis juliflora, planta introduzida e gramíneas diversas. No sector intermédio do Concelho verifica-se a ocorrência relativamente significativa das especies das comunidades dos cones vulcânicos, destacando, Forsskaolea procridifolia, Salvia aegyptiaca, Jatropha curcas, Micromeria forbessi, Verbascum capitis-virdis.

Segundo Santos (2008) na ilha do Fogo existem 45% (37) das espécies endémicas existentes em todo o Cabo Verdes, situando-se normalmente nas zonas altas da ilha. Diz ainda que 31 dessas espécies vegetam no Parque Natural do Fogo.

Fauna Os estudos já realizados asseguram que a fauna caracteriza-se por ser pobre, quer no concernente à diversidade, quer no que se refere à quantidade. O livro, a fauna de Cabo Verde, editado em 1998, faz referência a 12 espécies que ocorrem nos ecossistemas locais, sendo algumas delas endémicas.

Segundo Leyens (2002), 18 espécies de aves nidificam na ilha do Fogo e foram observados cerca de 100 espécies de coleópteros na mesma ilha. Leyens (2002) sustenta que pouco se sabe ainda sobre as espécies de lagartixa e osga, que existem na zona.

Contudo confirma, existerem 8 espécies dessas duas famílias no Fogo, das quais 6 são endémicas, uma espécie de lagartixa, Mabuya fogoensis fogoensis tem a sua existência limitada ao Fogo. Duas das espécies de lagartixa estão na Lista Vermelha (SCHLEICH 1996). Dados mais exactos sobre o tamanho e a propagação das populações não existem actualmente.

O local de ocorrência dos habitats do Mabuya Fogoensis Fogoensis lagartixa deve merecer atenção tendo em perspectiva o incentivo do turismo científico.

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3.5 Clima Cabo Verde está inserido numa vasta zona de climas do tipo árido e semi-árido que atravessa a África desde o Atlântico ao mar Vermelho e se prolonga pela Ásia (Barbosa, 1958, p.19; Amaral, 1964, p. 24; Ferreira, 1987, p. 113).

A ilha de Fogo, situada na região sul do arquipélago, insere-se dentro dessa faixa que se caracteriza por ter um clima de caracteristicas semi-árida. Em função da queda pluviométrica pode considerar-se a existência de duas estações bem definidas, que se relacionam directamente com o movimento anual aparente do sol entre os trópicos e a subsequente migração latitudinal da zona de convergência inter-tropical (CIT).

Para o período de observação em análise (média de 30 anos), para distintas estações meteorológicas no Concelho de Santa Catarina, verifica-se que a variação intra-anual dos valores da temperatura é bastante regular, contrastando, assim, com a grande variabilidade dos valores da precipitação.

A temperatura média anual ronda os 25º C, e amplitude térmica anual é relativamente baixa (inferior a 10º C).

A média anual dos valores da precipitação é de aproximadamente 130,9 mm na região litoral ocidental/centro, São Filipe, 417 mm em sector Noroeste de São Filipe, e pode ultrapassar os 500 mm a partir dos 1000m de altitude, se tomarmos como estação de referencia Ribeira Ilhéu, situado mais a Norte, no concelho dos Mosteiros.

De acordo com a série de dados referentes aos postos pluviométricos analisados, no período em análise, é notória a grande variabilidade dos valores médios anuais (coeficiente de variação de 44,8%, em Ponta Verde). Esta variação da precipitação é característica do regime de precipitação das ilhas de Cabo Verde em geral, com pequenas nuances, introduzidas pela influência dos factores relevo e da exposição geográfica.

De Novembro a Junho decorre a estação seca. A queda da precipitação na ilha está associada à dinâmica do sistema atmosférico na região inter tropical, comandada 93 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnetions.com

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pelos centros de altas pressões subtropicais e pelos mecanismos da convergência intertropical.

Quando o Anticiclone dos Açores se associa às células das altas pressões Sahelianas (Novembro a Maio), Cabo Verde em geral, e Fogo em particular é afectado por um fluxo de ar quente e seco de direcção Norte/ Nordeste, designado por Harmatão ou Lestada que provoca a diminuição significativa da humidade relativa.

O período húmido concentra-se nos meses de Julho a Outubro que se designa de estação das águas em Cabo Verde. Com efeito, no Verão, do hemisfério norte, quando o anticiclone dos Açores se desloca para Norte, verifica-se a entrada dos ventos de componente sul, emitidos pelas células das altas pressões do hemisfério austral de Santa Helena – é o designado fluxo húmido de sudoeste.

Os factores altitude e a exposição do relevo explicam a desigual distribuição espacial dos quantitativos da precipitação originando, desta forma, climas locais com características contrastadas

Sector norte/nordeste de São Filipe a mais de 1000 metros de altitude é a região mais pluviosa da ilha, sendo o valor médio anual entre 1979 a 2008 superior 900 mm. A média mensal dos meses mais pluviosos, Agosto e Setembro, ultrapassa os 200 e 300 mm respectivamente. A precipitação aumenta com altitude ate certo limite, depois volta a diminuir, pois, chove menos em Chã das Caldeiras que se encontra a maior altitude.

Os valores mais baixos ocorrem no litoral, como se verifica em São Filipe e , que em média no período em análise beneficiaram de menos de 150 mm por ano.

A analisando do dados referentes ao posto pluviométrico de Cova Figueira,à única estação de referencia de que se dispõe, para um período de 20 anos, regista se que o valor médio de precipitação situa-se na ordem dos 278,3 mm, sendo os o valor minimo registdo de 81, 6 mm em 1995 e o valor maximo 547 mm em 2008. Uma parte sigficativa do Concelho, situa-se no sector que teoricamente benefecia de

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precipitações inferiores ao da Cova Figueira. Aliás a extensão da desginada comunidade de zonas áridas corrobra esta tese.

Na zona oriental, onde se localiza Cova Figueira, considerou-se que a faixa semi- árida se situa acima dos 170 m até cerca dos 300/400 m de altitude, a zona sub- húmida até aos 500-650 e a zona húmida acima deste.

A delimitação entre estas zonas não é rígida. Para além da precipitação, há toda uma gama de variáveis biogeográficas que serviram também de suporte a este zonamento da ilha em andares climáticos. Com o decorrer do tempo houve alteração em algumas das variáveis como a cobertura vegetal, com implicações a nível da delimitação das zonas climáticas.

Analizando com maior rigor o município de Santa Catarina relativamente aos factores geradores de microclima se apercebe a grande riqueza do concelho nesta matéria. O factor topografia vai ser responsável pelas brisas de encostas e dos vales, a presença da massa de água (mar) e do tecido edificado bem como a grande taxa de emissão nocturna da radiação das camadas mais altas fazem com que haja sempre brisas da terra e do mar de grande importancia para o arrefecimento e drenagem natural dos poluentes atmosféricos. A humidade relativa tambem sai beneficiado pela permanente evaporação da água do mar que cria uma atmosfera agradável nas zonas baixas.

Nas zonas mais altas a possibilidade de captação de nevoeiros e da intercepção dos ventos alisios por partes das encostas viradas para o Norte/Nordeste criam condições favoráveis para o desenvolvimento da agricultura e pecuária.

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4. BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ALMEIDA, Geraldo da Cruz, 2002 – Código da Terra – Livraria Saber CASTANHEIRA Diniz e Cardoso de Matos, 1987 – Carta de zonagem agro- ecológica de Cabo Verde, Ilha do Fogo, IICT Lisboa DGA, 2009 – Plano de Gestão do Parque Natural do Fogo, vol I, II, III e IV DGA, 2004 – Livro Branco sobre o estado do ambiente em Cabo Verde –Ministério do Ambiente, Agricultura e Pecas. DGPOG, República de Cabo Verde DGOTDU, 2002 - Normas para a programação e caracterização de equipamentos colectivos – Lisboa DGOTDU, 1996 - Indicadores e parâmetros urbanísticos – DGOTDU, Lisboa DGOTDU, 1999 – Servidões e Restrições de Utilidade Pública – Lisboa, 3ª Edição DGP, 2002, - Plano Nacional de Desenvolvimento 2002 – 2005 – MFPDR DGOT, 1995 – Critérios comuns para o planeamento de equipamentos colectivos em Cabo Verde – MIT, Cabo Verde DGOTH, 2009 – Esquema Regional de Ordenamento da Ilha do Fogo – Proposta, Cabo Verde DGP, 2004, - Política Nacional de População de Cabo Verde 2004 – 2015 – MFP DOS SANTOS, Jorge A. - Actualização dos Dados do Inventário da Flora Autóctone do Parque Natural do Fogo – Monografia de fim de curso de Licenciatura em Engenharia do Ambiente HELENO, Sandra. 2003. Vulcanismo Ilha do Fogo.Tese de mestrado. Inst. Português de Apoio ao Desenvolvimento, Lisboa INE, 2000 – Censo Geral da População e Habitação

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ANEXO Enquadramento Geográfico, Geomorfológico, Geotectónico e Evolução Magmática das ilhas da Republica de Cabo Verde

1.1 Contexto Geográfico

As ilhas de Cabo Verde elevam-se de um soco submarino, em forma de ferradura, situado a uma profundidade da ordem de 3.000 m. Deste soco emergem três pedestais bem distintos (Bebiano, 1932): Um, a Norte, compreendendo as ilhas de Stº Antão, S. Vicente, Stª Luzia e S. Nicolau e os ilhéus Boi, Pássaros, Branco e Raso. Outro, a Leste e a Sul, com as ilhas do Sal, Boa Vista, Maio e Santiago e os ilhéus Rabo de Junco, Curral de Dadó, Fragata, Chano, Baluarte e de Santa Maria. E outro, a Oeste, compreendendo as ilhas do Fogo e da Brava e os ilhéus Grande, Luís Carneiro e de Cima. (Fig. 1.1.1. e Tab. 1.1.1. e 1.1.2.). A formação das ilhas teria sido iniciada por uma actividade vulcânica submarina central, mais tarde completada por uma rede físsural manifestada nos afloramentos (Serralheiro, 1976 e Macedo et al., 1988, adaptado por Mota Gomes et al., 2004). A maior parte das ilhas é dominada por emissões de escoadas lávicas e de materiais piroclásticos (escórias, bagacinas ou "lapilli" e cinzas) subaéreos, predominantemente basálticas (Serralheiro, 1976 e Macedo et al., 1988, adaptado por Mota Gomes et. al., 2004). O Arquipélago de Cabo Verde fica localizado na margem oriental do Atlântico Norte, a cerca de 450 km da Costa Ocidental Africana e a cerca de 1400 km a SSW das Canárias, limitado pelos paralelos 17º13´ (Ponta Cais dos Fortes, ilha de Stº Antão) e 14º48´ (Ponta de Nho Martinho, Ilha Brava), de latitude Norte, e pelos meridianos de 22º42’ (ilhéu Baluarte, ilha da Boa Vista) e 25º22´ (Ponta Chã de Mangrado, ilha de Stº Antão), de longitude Oeste de Greenwich. O Arquipélago de Cabo Verde fica situado numa região elevada do actual fundo oceânico, que faz parte da “Crista de Cabo Verde” (Cape Verde Rise), e que na vizinhança das ilhas corresponde a um domo com cerca de 400 km de largura (Lancelot et al., 1977). Presume-se que um domo daquelas dimensões representa um fenómeno importante, possivelmente relacionado com descompressão e fusão

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parcial (Le Bas, 1980) que forneceria a fonte dos magmas que originaram as ilhas (Stillman et al., 1982). As ilhas se teriam implantado por um mecanismo do tipo hot- spot, de acordo com alguns autores.

Fig. 1.1.1 – Mapa de Cabo Verde e distribui ção das ilhas nos três pedestais Fonte: A Geologia do Arquipélago de Cabo Verde, J. Bacelar Bebiano, 1932., Adaptado por Alberto da Mota Gomes, José Manuel Pereira, Jeremias Alves Cabral , Celestino Afonso, Bila Santos (2010)

Tab. 1.1.1. – Agrupamento das ilhas e ilhéus que compõem a República de Cabo Verde.

Barlavento Sotavento Ilhas Ilhéus Ilhas Ilhéus

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Santo Antão Boi Maio S. Vicente Pássaros Santiago Santa Maria Santa Luzia Branco Fogo S. Nicolau Raso Brava Grande Sal Rabo de Junco De Cima Curral do Dadó Luís Carneiro Fragata Chano Boavista Baluarte

Tab. 1.1.2 – Sinopse relativa à topologia das ilhas da República de Cabo Verde (adaptado de Bebiano, 1932). Apenas a ilha de Santa Luzia não é habitada.

Comprimento Largura máxima Altitude máxima Superfície (km2) Ilhas máximo (m) (m) (m) Santo Antão 42.750 23.970 779 1.979 São Vicente 24.250 16.250 227 744 Santa Luzia 12.370 5.320 35 395 São Nicolau 44.500 22.000 343 1.304 Sal 29.700 11.800 216 406 Boa Vista 28.900 30.800 620 390 Maio 24.100 16.300 269 436 Santiago 54.900 28.800 991 1.392 Fogo 26.300 23.900 476 2.829 Brava 10.500 9.310 64 976 De acordo com Bebiano (1932), a orientação e forma de algumas ilhas situadas a Oeste da ilha do Sal, apontam para uma distribuição das mesmas, de forma alinhada, obedecendo a direcção E-W. Esta posição é corroborada pela orientação dos inúmeros diques e filões existentes na ilha de Santo Antão. O relevo submarino das ilhas do grupo de Sotavento aponta também para uma orientação semelhante. Tais observações permitem concluir que os fenómenos vulcânicos responsáveis pela formação das ilhas, desencadearam-se ao longo de uma fractura de orientação E-W. Contudo, Burri (1973), defende a existência de três fracturas principais:

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¾ uma fractura de direcção WNW – ESE, da qual resultaram as ilhas de Santo Antão, S. Vicente, Santa Luzia, S. Nicolau e os ilhéus Branco e Raso.

¾ outra, com direcção aproximada N-S que está na origem das ilhas de Sal, Boa Vista e Maio,

¾ uma terceira, com orientação ENE-WSW- responsável pelas ilhas de Santiago, Fogo e Brava, bem como pelos ilhéus Rombos.

Baseando-se em aspectos geomorfológicos, este autor sugere que as ilhas que ficam sobre a fractura N-S são provavelmente as mais antigas do Arquipélago.

Apesar de não existir unanimidade entre os vários autores, quanto a essa questão, a ideia de Burri parece-nos mais compatível com aquilo que é o posicionamento geográfico das diferentes ilhas.

Ainda de acordo com Bebiano, do ponto de vista genético e geotectónico, as ilhas teriam sido formadas na sequência de várias erupções vulcânicas submarinas sendo a primeira do tipo central, mais tarde complementada por uma rede fissural.

Investigações mais recentes como as conduzidas por Davies et al., (1989), Patriat e Labails (2006), entre outras, conduziram a resultados que permitam explicar a origem do arquipélago cabo-verdiano a partir de plumas térmicas originadas no manto. Essas investigações que se assentam, sobretudo, em aspectos estratigráficos, petrográficos e geoquímicos revelaram resultados semelhantes aos verificados nas outras ilhas Atlânticas, designadamente as ilhas Canárias e as dos Açores. Tanto Cabo Verde, como Canárias e Açores, se localizam em zonas intraplacas, a teoria formulada por Hess não conseguia explicar o tipo de vulcanismo que ocorre nessas regiões. O mais provável é que estes arquipélagos tenham tido uma origem a partir de plumas térmicas.

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A maior parte das ilhas é dominada por emissões de escoadas lávicas e materiais piroclásticos subaéreos (escórias, lapilli e cinzas), predominantemente de natureza basáltica (Assunção, 1968).

1.2 - Contexto Geomorfológico

A maioria das ilhas apresenta uma orografia cujas características dominantes correspondem à existência de cadeias montanhosas, notáveis aparelhos vulcânicos bem conservados, numerosos e extensos vales muito encaixados e profundos; são as chamadas ilhas montanhosas. Pelo contrário, as ilhas do Maio, Sal, Boa Vista e Santa Luzia, com grandes zonas aplanadas, são conhecidas por ilhas rasas.

Algumas ilhas do arquipélago apresentam altitudes assinaláveis. Na ilha do Fogo, a que apresenta a maior altitude do País, o Pico do Vulcão atinge os 2,829 m. Na ilha de Santo Antão, o Topo da Coroa possui 1.979 m, na ilha de Santiago, o Pico da Antónia atinge os 1.392 m e, na ilha de São Nicolau, o Monte Gordo alcança os 1.304 m.

Contrastando com estas ilhas, as orientais ou rasas (Sal, Boa Vista e Maio) e a ilha de Santa Luzia, apresentam um relevo suave, com extensas áreas aplanadas como são os casos da Terra Boa, na ilha do Sal, a Vila de , na Boa Vista e as Terras Salgadas, na ilha do Maio. Na ilha do Maio, por exemplo, o ponto mais elevado é o Monte Penoso, com a altitude de 436 m. No Sal e na Boa Vista são o e o Monte Estância com 406 e 387 m, respectivamente e, em Santa Luzia, a altitude máxima é de 395 m (Assunção, 1968).

O Arquipélago de Cabo Verde compõe-se de dez ilhas e ilhéus que, devido à sua posição relativa aos ventos alísios dominantes que sopram de nordeste, reúnem-se em dois grupos assim distribuídos:

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Grupo de Barlavento: Formado pelas ilhas de St° Antão, S. Vicente, Stª Luzia, S. Nicolau, Sal e Boa Vista e os ilhéus Boi, Pássaros, Branco, Raso, Rabo de Junco, Curral do Dadó, Fragata, Chano e Baluarte.

Grupo de Sotavento: Formado pelas ilhas do Maio, Santiago, Fogo e Brava e os ilhéus de Santa Maria, Grande, Luís Carneiro e de Cima.

Caracterizam as ilhas de relevo acidentado, aquelas com altitude máxima acima de 1.000 m, como são os seguintes exemplos:

¾ Pico do Vulcão (Fig. 1.2.1), na ilha do Fogo, com 2.829 m;

¾ Topo da Coroa, na ilha de St° Antão, com 1.979 m;

¾ Pico da Antónia, na ilha de Santiago, com 1.392 m;

¾ Monte Gordo , na ilha de S. Nicolau, com 1.304 m.

A ilha Brava, com a altitude máxima de 976 m, no Monte Fontaínhas, tendo em consideração a sua área de 64 km2, poderá ser considerada, também, de relevo acidentado.

Contrariamente, as chamadas ilhas orientais ou planas (Sal, Boa Vista e Maio) apresentam um relevo bastante suave, podendo-se observar extensas zonas aplanadas, como são exemplos a Terra Boa, na ilha do Sal, a Vila de Sal-Rei, na ilha da Boa Vista e as Terras Salgadas, na ilha do Maio. As suas elevações máximas são bem modestas, relativamente às ilhas acidentadas, o que se poderá comprovar pelas suas altitudes máximas:

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¾ Monte Penoso, na ilha do Maio, com 436 m;

¾ Monte Grande, na ilha do Sal, com 406 m;

¾ Monte Estância, na ilha da Boa Vista, com 387 m.

Fig. 1.2.1. Pico do Vulcão, na ilha do Fogo, com 2.829 m.

1.3. Contexto Geotectónico O arquipélago de Cabo Verde fica situado a cerca de 2000 km a Leste do “rift” da Crista Média Atlântica, “a Oeste da Zona de Quietude Magnética” (Hayes e

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Robinowitz, 1975) em pleno domínio de placa oceânica, entre as anomalias magnéticas M16 e M2 (Hayes e Robinowitz, 1975; Olivet et al., 1984; Robertson, 1984; Klitgord e Schoueten, 1986) que correspondem às idades absolutas, respectivamente, de 142 Ma e 115 Ma. Investigações levadas a cabo por Stiilman et al. (1982); Robertson (1984), Pollitz (1991), entre outros, conduziram a resultados que apontam para a localização do arquipélago numa região elevada do actual fundo oceânico, fazendo parte da “Crista de Cabo Verde” (“Cape Verde Rise” ou “Swell”). Esta elevação do fundo oceânico corresponde a um domo com cerca de 400 km de largura (Lancelot et. al., 1977b). Para Stiilman et al. (1982), um domo desta dimensão encontra-se possivelmente relacionado com a descompressão e fusão parcial fornecedoras dos magmas que estariam na origem das ilhas.

Outros autores (Burke & Wilson, 1972) consideram ainda que a génese das ilhas está associada a um mecanismo do tipo hotspot. Crough (1978) afirma “The Cape Verde Rise (or Swell) ” é o resultado de um hotspot desenvolvido a partir de plumas mantélicas. O mecanismo do hotspot surgiu da necessidade de se explicar os fenómenos vulcânicos que ocorrem longe das fronteiras de placas tectónicas, ou seja o vulcanismo intraplaca. O mapa parcial do Atlântico Norte (Fig.1.3.1), com a posição de Cabo Verde, Canárias, Madeira e Açores, em relação com a Costa Média Atlântica e Costa Africana, mostra-nos que, do ponto de vista do enquadramento vulcano-tectónico, o Arquipélago de Cabo Verde situa-se no interior da placa Africana, isto é, numa posição intraplaca. A figura 1.3.2 evidencia o enquadramento tectónico de Cabo Verde, Açores e Canárias:

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Fig.1.3.1. – Mapa parcial do Atlântico Norte, mostrando a situação das ilhas atlântidas.

Fonte: Vulcanismo das ilhas de Cabo Verde e das outras ilhas Atlântidas, Frederico Machado, 1965.

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Fig. 1.3.2. – Enquadramento Tectónico dos Arquipélagos de Cabo Verde, Açores e Canárias.

Fonte: A erupção da Chã das Caldeiras (ilha do Fogo) de 2 de Abril de 1995, de António Brum da Silveira, António Serralheiro, Ilídio Martins, José Cruz, José Madeira, José Munhá, José Pena, Luís Matias e Maria Luís Senos.

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1.4. Sequência Vulcano-Estratigráfica comparada das ilhas da República de Cabo Verde 1.4.1 – Tabela Estratigráfica Comparada A tabela (1.4.1.1), sintetiza de maneira bastante clara a sequência estratigráfica comparada das Ilhas da República de Cabo Verde

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Tab. 1.4.1.1. Estratigrafia Comparada das Ilhas da República de Cabo Verde

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Fonte : Alberto da Mota Gomes, José Manuel Pereira, Jeremias Alves Cabral, Celestino Afonso, Bila Santos (Janeiro, de 2010) O esquema Vulcano-sedimentar proposto pode-se resumir e caracteriza-se do seguinte modo, partindo da formação mais antiga (1) para a mais recente (13).

1 – Sedimentos Jurássicos 2 – Sedimentos Cretácicos 3 – Sedimentos Paleogénicos 4 – Complexo Eruptivo Interno Antigo (Paleogénico/Miocénico) 5 – Sedimentos Miocénicos 6 – Derrames Submarinos Miocénicos 7 – Depósitos Conglomerático-Brechóides (Miocénicos) 8 – Formações Traquíticas Miocénicas 9 – Complexo Eruptivo Principal (Mio-Pliocénico) 10 – Derrames Pliocénicos 11 – Cones de Piroclastos e Escoadas (Pliocénico-Quaternário) 12 – Sedimentos Plistocénicos 13 – Sedimentos e Piroclastos (Holocénicos)

II - Ilha do Fogo 2.1 - A Geologia Os trabalhos de cartografia geológica da ilha do Fogo foram realizados pelos geólogos portugueses Frederico Machado e Torre de Assunção foram publicados em 1965, tendo a sequência estratigráfica que se descreve, da mais antiga (2.1.1.1) à mais recente ( 2.1.1.4).

2..1.1 Sequência vulcano estratigráfico (da mais antiga, para a mais recente) 2.1.1.1 – Complexo antigo e sistema filoniano associado ……. 2.1.1.2 Lavas anteriores à formação da Caldeira 2.1.1.3 – Lavas recentes (Posteriores A formação das Caldieras) 2.1.1.4 –Areias de Praia e Depósitos Torrenciais ou de Vertentes

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Todavia, a referida carta geológica necessita uma actualização.

2.3. A Estrutura Tectónica e Vulcânica 2.3.1. A Estrutura Tectónica De acordo com Silveira et al. (1997), a principal estrutura vulcânica da Ilha do Fogo é a própria Ilha, isto é, um grande aparelho vulcânico, centrado, de forma circular que se eleva desde o fundo oceânico até próximo dos 3.000 m de altitude. Trata-se, portanto, de um edifício único com cerca de 7000 m de altura. É constituído principalmente por derrames basálticos e por produtos piroclásticos em menor proporção. No topo do vulcão existe uma caldeira com cerca de 8 km de diâmetro máximo, a que falta o bordo oriental. Silveira et al. (1997) consideram que não há evidências morfológicas de uma grande escarpa de falha com direcção N-S, e propõem, entre outras possibilidades, o mecanismo alternativo de colapso por escorregamento gravítico para explicar a ausência da Bordeira a Leste. Segundo estes autores, este escorregamento gravítico da parede Leste teria sido posterior aos episódios de subsidência central, que formaram duas caldeiras circulares separadas pelo Vulcão. A vertente escarpada do Espigão representaria a cicatriz de tal escorregamento. Descrevem-se os principais acidentes tectónicos identificados por Silveira et al. (1997), (Fig.2.3..1.1):

1. Falha Sambango – Monte Vermelho (S-MV) De direcção N-S, esta falha foi sugerida por Bebiano (1932) e Machado e Assunção (1965). “Na região Norte da Ilha, a arriba fóssil apresenta uma irregularidade no seu traçado, observando-se uma curvatura brusca na área de Fajãzinha – Mosteiros, que sugere um deslocamento daquela vertente com componente horizontal do tipo direito. Ainda nesta área, a arriba mostra um ressalto na sequência vulcânica exposta, com abatimento relativo do bloco Leste. A análise geomorfológica desta região revela um padrão de drenagem caracterizado por um conjunto de linhas de água de traçado rectilíneo, sugerindo controlo estrutural por uma zona de falha de direcção N-S. No mesmo local existe um cone de piroclastos, cuja edificação poderá estar na dependência daquela estrutura.

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Fig. 2.3.1.1. – Esboço estrutural da ilha do Fogo (Brum da Silvira et al., 1997).

2. Estruturas tectónicas reconhecidas na Chã das Caldeiras envolvidas na erupção de Abril/Maio de 1995. a) Falha Monte Beco (MB) “Esta falha está marcada no terreno pelo alinhamento de várias bocas eruptivas segundo a direcção N25E a N30E (Fig. 2.3.1.1.1./MB), e reconheceram-se, pelo menos, cinco conjuntos emissores da actividade eruptiva de 1995 neste alinhamento. O plano de falha principal terá sido observado na cratera das Bocas da Estrada e reconheceu-se um plano de movimento bem conservado, de atitude N35E,

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subvertical (80SE?), apresentando estrias de fricção (slickensides) com pitch 49S. Este facto leva a considerar a sua reactivação com ruptura superficial neste evento eruptivo. A falha prolonga-se para SO, estando expressa na cratera do Monte Beco por um ressalto morfológico. Este degrau, voltado para SE e com comando aproximado de 1,5 m, corresponde provavelmente, a uma escarpa de falha directa relacionada com anteriores rupturas superficiais na falha do Monte Beco.” b) Falha Monte Saia – Cova Tina (MS-CT) “Na cratera das Bocas da Estrada identificou-se outro plano de falha, com direcção N60-65O e subvertical (Fig. 2.3.1.1.1./MS-CT) que apresenta em corte uma geometria anastomosada (em duplex) e ramificada (em splay). De acordo com a análise cinemática, esta falha teria sido reactivada pelo menos em três fases distintas, com ruptura superficial e levantamento do bloco NE (Brum da Silveira et. al., 1996). Observa-se que a inclinação do plano de falha se faz ora para NE, ora para SO, tornando duvidoso o tipo de componente vertical do movimento; assim dependendo da inclinação considerada, as referências geológicas tanto podem ter sido deslocadas, respectivamente, em falha inversa como em falha normal. A designação atribuída a esta estrutura resulta da localização dos cones vulcânicos do Monte Saia e Cova Tina, no prolongamento para ONO e ESE do plano de falha observado, sugerindo que possam ter a sua localização controlada por aquele acidente.” 3. Falha Portela – Cova Figueira (P-CF) “A análise geomorfológica e fotogeológica sugere a existência de uma zona de falha orientada segundo a direcção NO-SE, no alinhamento Portela – Curral d’Asno – Cova Figueira (Fig. 2.3.1.1.1/P-CF), que está materializada no terreno por uma intensa fracturação, observável na Bordeira, nas zonas de Cova Tina e Portela. O seu traçado é inferido a SE pelo alinhamento de cones na região de Estância Roque – Cova Figueira, e a NO, pelo alinhamento de várias linhas de água de traçado rectilíneo na região de Campanas – S. Jorge.” A Falha Monte Saia Cova-Tina poderá ser considerada um acidente secundário pertencente a zona de Falha Portela-Cova Figueira.

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4. Falhas do Espigão “Num corte da estrada Cova Matinho – Cova Figueira, no sítio de Espigão, observam-se vários planos de falha com movimentação normal, distribuídos por duas estações que distam cerca de 20 m, designadas Espig.1 e Espig.2. Foram designadas por Falhas do Espigão.”

2.3.2. A Estrutura Vulcânica 2.3.2.1 – A CALDEIRA DO FOGO Os estudos realizados durante as duas missões efectuadas em Abril e Setembro de 1995, levam-nos a considerar a “Caldeira do Fogo” como uma estrutura composta por duas caldeiras embutidas e discentradas, sugerindo pelo menos, dois episódios de colapso. A caldeira setentrional tem cerca de 4,5 Km de diâmetro máximo, enquanto que a caldeira meridional tem cerca de 5,5 Km. 2.3.2.2. - VULCÃO DO PICO O vulcão do Pico está edificado numa zona onde se intersectam estruturas de várias origens. Com efeito, o seu centro eruptivo localiza-se sobre o cruzamento da Falha Sambamgo-Monte Vermelho (de direcção N-S), do traço circular da fractura que define o bordo leste da caldeira meridional e do prolongamento, para SE, do lineamento Ribeira de Campanas-Bangaeira (de direcção NW-SE). Estes dados mostram que a instalação da conduta principal do vulcão do Pico foi controlada estruturalmente, resultando da intersecção de várias descontinuidades planares. 2.3.2.3. – CONES ADVENTÍCIOS A distribuição dos cones adventícios apresenta um padrão que revela uma relação directa com a fracturação radial do grande edifício do Fogo, identificável quer em fotografia aérea quer em imagem de satélite. Observa-se também uma disposição concêntrica de alguns destes aparelhos, mas neste caso, a sua associação com a fracturação circular concêntrica não é tão evidente como no caso de distribuição radial. Verifica-se a existência de uma maior densidade de centros emissores na metade meridional da ilha. Este facto sugere que a localização do reservatório

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magmático que alimentou estas erupções, poderá estar posicionado a SE do centro da ilha.

2.3. As Erupções Históricas da Ilha do Fogo 2.3.1. Revisão e Actualização

1. Centro de Geologia do Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa

2. Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

3. Instituto Superior de Educação de Cabo Verde, Cidade da Praia

A Ilha do Fogo é a única do Arquipélago de Cabo Verde em que se registaram erupções em tempos históricos. O seu nome original S. Filipe, foi rapidamente substituído pelo nome actual, tal a impressão causada aos primeiros habitantes pelos fenómenos eruptivos que nela se sucederam. O registo documental dessa actividade é incompleto e impreciso; para os primeiros três séculos, as referências a erupções nesta ilha provêm de descrições registadas em diários de bordo de navios que por ali passavam. Ainda assim existem notícias de erupções em curso nos anos de 1500, 1564, 1596, 1604, 1664, 1675,1680, 1683(?), 1689, 1693, 1695, 1697, 1699, 1712(?), 1713, 1721 a 1725(?) e 1761. É de se notar que os pequenos intervalos temporais entre as datas referidas (com hiatos mais prolongados na primeira metade do séc. XVI e no segundo quartel do séc. XVIII) sugere longos períodos de actividade contínua no vulcão do Pico; esta suposição é reforçada por vários relatos que parecem indicar um estado de erupção permanente na cratera do principal vulcão do Fogo (Torres,1 P. C., Madeira1 J., Silva, L.1 C. Brum da Silveira,2 A., Serralheiro,2 A. & Mota Gomes, A.3).

A partir da segunda metade do séc. XVIII os fenómenos eruptivos transferem- se para cones adventícios do vulcão do Pico e ocorrem como episódios bem individualizados. Para este período existe documentação referente a erupções em 1761,1769 (e/ou 1774?), 1785, 1799, 1816, 1847, 1852 e 1857, a que se juntam os dois episódios deste século em 1951 e 1995. 115 Cape Verde Connections Lda - Rua 05 de Julho nº 68, 2º Andar - Plateau - Praia - Ilha de Santiago - Cabo Verde - Tel/Fax: +238 262 17 72 / 261 83 13 e-mail: [email protected] www.capeverdeconnetions.com

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A maioria dos derrames lávicos produzidos por estes episódios correu para a vertente Leste da Ilha devido à ausência da bordeira no lado oriental da caldeira do Fogo, tendo muitas delas atingido o mar. (Fig. 2.3.1.1 das erupções históricas na Ilha do Fogo). Erupções Históricas Identificadas 1. Erupção de 1664

2. Erupção dce 1721 – 25

3. Erupção de 1769

4. Erupção de 1785

5. Erupção de 1799

6. Erupção de 1816

7. Erupção de 1847

8. Erupção de 1852

9. Erupção de 1857

10. Erupção de 1951

11. Erupção de 1995

Depósitos Sedimentares Recentes 1. Depósitos de vertente

2. Depósitos aluviais

Após os episódios de colapso que deram origem à caldeira ocorreu actividade eruptiva, essencialmente explosiva, que levou à edificação do vulcão do Pico, um cone com mais de 1.000 m de altura. Durante esta fase, que se terá prolongado até meados do séc. XVIII, formaram-se expessos depósitos piroclásticos que terão coberto toda a Ilha e que actualmente podem ser observados na parte superior das vertentes externas da caldeira e na base da Bordeira (Fig. 2.3.7.1.1.).

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Fig. 2.3.1.1 - Carta Geológica da Ilha do Fogo. Erupções Históricas e Formações Enquadrantes. Fonte: Torres, P.C.; Madeira, J.; Silva, L.C.; Brum da Silveira, A.; Serralheiro. A. & Mota Gomes. A. Rede de Vigilância Geofísica do Vulcão do Fogo. . 2.4. - Hidrogeologia e Recursos Hídricos

2.4.1 – Inventário de pontos de água

Sendo o inventário de pontos de água a informação básica para a pesquisa, captação, exploração e gestão de águas subterrâneas, vejamos quais as informações que nos forneceu a actualização do inventário de pontos de água realizada: 1 – Perfil litológico da perfuração e a situação geológica da zona. 2 – Posição do nível piezométrico. 3 – Características químicas da água extraída.

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4 – Volume de água utilizado por unidade de tempo. 5 – Evolução, com o tempo, dos dados 2, 3 e 4. No ano de 1972, portanto ainda, sob a coordenação da empresa francesa BURGÉAP, procedeu-se à realização do inventário de pontos de água, tendo-se obtido os seguintes resultados: - 40 Poços - 20 Nascentes - 22- Furos Atingiu-se o total de oitenta e dois pontos de água inventariados.

No Ano 2005 foi feita actualização do inventário de pontos de água tendo se chegado a um total de 172 pontos inventariados, com a seguinte distribuição: - 42 Poços - 28 Nascentes - 23 Furos - 79 Fontenários

No Ano 2009 foi feita actualização do inventário de pontos de água tendo se chegado aos seguintes números:

Folha 38 Poço com água ……………………………………. 1 Furos com água …………………………………….- 2 Nascente com água ……..…………………………. 3 Nascente sem água ……………………..………… 6 Reservatório c/Espelho………………………….…. 5 Total 17

Folha 39 Furos com água ……………………………………. 9 Furo sem água …………………………………… 1 Poços com água …………………………………… 2

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Nascentes com água …………………………..…. 3 Reservatório …………………………………………2 Total ………………………….17

Folha 41/42 Furos com água …………………………………... 9 Furos sem água …………………………………....5 Nascente com água …………………………..….25 Nascente sem água ………………………...……. 3 Reservatório c/Espelho ,,,……………………...... 6 Reservatório ………………………………..…..….. 2 Total …………………..……50

Folha 43 Furo com água ……………………………….….. 1 Furo sem água ……………………………….….. 1 Reservatório c/Espelho …………………….…… 3 Reservatório ………………………………….….., 5 Total …………………….10

Folha 46 Furos com água …………………………..…….. 6 Nascente com água ………………………….….. 1 Poços com água ……………………………...….. 2 Reservatório……………………………………….. 2 Total…………..……... 11 Folha 47 Furo sem água ……………………………….…. 1 Reservatório c/ Espelho………………….….……1 Total ………………..…2

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Total Geral da Ilha = 107 Folha 38 17 Folha 39 17 Folha 41/42 50 Folha 43 10 Folha 46 11 Folha 47 2

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