ROSANA NUNES ALENCAR São José Do Rio Preto 2016

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ROSANA NUNES ALENCAR São José Do Rio Preto 2016 1 Campus de São José do Rio Preto ROSANA NUNES ALENCAR LIRISMO, TRADIÇÃO E AUTORREFLEXIVIDADE CRÍTICA NA POESIA DE PAULO HENRIQUES BRITTO São José do Rio Preto 2016 2 ROSANA NUNES ALENCAR LIRISMO, TRADIÇÃO E AUTORREFLEXIVIDADE CRÍTICA NA POESIA DE PAULO HENRIQUES BRITTO Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras (DINTER/UNIR-UNESP) do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” de São José do Rio Preto, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Letras, Área de Concentração em Teoria da Literatura. Orientador: Prof. Dr. Márcio Scheel São José do Rio Preto 2016 3 ROSANA NUNES ALENCAR LIRISMO, TRADIÇÃO E AUTORREFLEXIVIDADE CRÍTICA NA POESIA DE PAULO HENRIQUES BRITTO Comissão examinadora ______________________________________ Prof. Dr. Márcio Scheel (orientador) UNESP/São José do Rio Preto ______________________________________ Prof. Dr. Arnaldo Franco Junior UNESP/São José do Rio Preto ______________________________________ Prof. Dr. Daniel Abrão UEMS/Campo Grande ______________________________________ Profa. Dra. Milena Cláudia Magalhães Santos UFSB/Teixeira de Freitas ______________________________________ Prof. Dr. Orlando Nunes Amorim UNESP/São José do Rio Preto São José do Rio Preto 1º de março de 2016 4 Esta pesquisa contou com o apoio da CAPES por meio de uma bolsa correspondente ao período de nove meses (março a dezembro de 2013) e também com o apoio da UNIR – Universidade Federal de Rondônia – em forma de liberação das atividades profissionais no período citado para a realização do estágio doutoral. 5 Ao Inildo e ao Leander, porque amo-os profundamente. Aos meus pais, Ana e Nunes, e aos meus irmãos Beto, Robson, Mayko, Renan e Rodrigo, porque também os amo. Ao meu avô Pregentino que aos 98 anos de idade bebe Coca-cola todas as tardes e é feliz. 6 AGRADECIMENTOS “O agradecimento é sempre menor do que o gesto que o motivou”. Essa condição do agradecimento, proferida na cerimônia de abertura de um simpósio do qual participei, serve de mote às palavras de gratidão que pretendo expressar às pessoas que ajudaram a escrever esta parte da minha história. Pensando em algumas passagens da Suma Teológica (2001), também conhecida por “Tratado da gratidão”, de S. Tomás de Aquino, entendo que o agradecimento é, para além do reconhecimento de um gesto, uma forma de dizer que houve vínculo, comprometimento entre as pessoas envolvidas. Pois é isso que eu reconheço neste momento e concordo, porque não encontro palavras para dizer o quanto sou grata ao Márcio Scheel, meu orientador. Em momentos decisivos, Márcio esteve ao meu lado. Acreditou em mim quando tudo parecia turvo. Aprendi muito com ele nesses quatro anos de convivência e amizade. E não me refiro somente ao saber científico, que nele sobeja, mas ao que há de bonito no ser humano, que é o olhar crítico para a vida. Em momentos específicos, algumas pessoas foram fundamentais. Por isso também sou grata a elas. A Arnaldo Franco Junior e a Susanna Busato que participaram do exame de qualificação e leram o meu texto com o rigor necessário e a generosidade dos sábios. A Rosemar Rosa de Carvalho Brena, porque, como disse uma amiga, conhece os alunos de qualquer época por nome e trata-os com muita gentileza e à equipe da seção de Pós- Graduação do Ibilce, em razão da disponibilidade para dirimir os entraves. A Osvaldo Copertino Duarte e a Aguinaldo José Gonçalves por terem acreditado que um Dinter/Unir- Unesp era possível. A Dirceu Orth que me mostrou os encantos da língua francesa e o conhecimento necessário para o exame de proficiência. A Paulo Henriques Britto, porque disponibilizou o seu arquivo pessoal e, desse modo, encurtou caminhos. Aos professores do DELL – Departamento de Estudos Linguísticos e Literários, da UNIR/Campus de Vilhena, sobretudo a quem não está cursando o Dinter, porque supriram minhas ausências. A Arnaldo Franco Junior, Daniel Abrão, Milena Cláudia Magalhães Santos e Orlando Nunes Amorim, membros da comissão examinadora da defesa, que aceitaram ler este trabalho e conversar sobre ideias que eu espalhei aqui, ali e acolá. Outras pessoas acompanharam todo o percurso. A família e os amigos. A esses o agradecimento revela um tipo de vínculo, o do amor. Agradeço a Inildo, meu marido, por fazer do nosso encontro um acontecimento. A Leander, meu filho, porque me ensina que ser mãe é viver em estado de graça. A Ana, minha mãe, por haver me ensinado a generosidade. A Nunes, meu pai, com quem aprendi sobre a doçura da vida. A Lore, minha outra mãe, por me 7 sustentar quando foi preciso. A Beto, Robson, Mayko, Renan e Rodrigo, irmãos que tanto me ensinam sobre o amor e a alegria. A Eliana, minha pequena sobrinha, que me devolve a alegria da infância. A Maysa, outra filha, que tem a paciência para ouvir e a leveza no olhar. Por fim, dentre as pessoas de minha família, agradeço, sobretudo, a meu avô Pregentino, porque me mostra que viver é bonito. E como agradecer aos amigos? Como fazer do agradecimento um gesto à altura da importância que tiveram ao longo da elaboração deste trabalho? Só posso mesmo dizer obrigada a essa família que veio de fora do sangue (MÃE, 2011, p. 244). Milena que me mostrou a leveza da vida, a luminosidade de cada dia e a lição maior: “no sereno, serenar”, uma espécie de mantra que muitas vezes me salvou, até de mim mesma. A Milena também sou grata pela revisão primorosa que fez da versão final da tese. Sandra que a tudo ouvia e ponderava. Chorou comigo e me sustentou diversas vezes. Eduardo que, no começo de tudo, era meu professor de graduação e depois foi meu colega de mestrado e doutorado. Amigo que me mostrou a intensidade da poesia de Manuel Bandeira. Lilian que do seu jeito tão bonito me faz ver que o impossível não existe e o imponderável é logo ali. Ana Paula, porque alegra meus dias, sempre. Ney e o pequeno Bernardo, pai e filho, que muitas vezes foram “hiatos” por tirarem o peso da escrita da tese. Marcos Siscar, por quem tenho uma profunda admiração e a quem recorro sempre que a luz se apaga. Luciano, Camila e Valdir Barzotto, por terem me acolhido em São Paulo. Araci, Marisa, Carol e Leandro, porque partilhamos inquietudes sempre necessárias. Juliano e Wandes que chegaram depois, mas é como se sempre tivessem estado comigo. Marcia que acompanhou uma etapa desta história e depois virou saudade. Norma, porque a sua “presença-ausência” é bonita. Anderson, Carlinha, Andrielly, Dari, Mis, Gabriel, Aline e Lilian H., porque partilhamos leituras, filmes, risos, viagens e o porvir, não exatamente nessa ordem. 8 Eu à poesia só permito uma forma: concisão, precisão das fórmulas matemáticas. Às parlengas poéticas estou acostumado, eu ainda falo versos e não fatos. Porém se eu falo “A” este “a” é uma trombeta-alarma para a Humanidade. Se eu falo “B” é uma nova bomba na batalha do homem. (Maiakóvski – 1922. Trad. Augusto de Campos) 9 RESUMO Empreendemos, nesta pesquisa, um estudo crítico-analítico da produção poética que compreende os livros Liturgia da matéria, Mínima lírica, Trovar claro, Macau, Tarde e Formas do nada, de Paulo Henriques Britto, observando a relação entre o lirismo contemporâneo e o lirismo constituído pelas tradições clássico-renascentista, romântica e moderna. A hipótese é a de que para esse poeta existe um incômodo, ou seja, um mal-estar, quando a questão é o lirismo contemporâneo. A produção poética de Britto, configurada nos seis livros que publicou ao longo de 30 anos de carreira, coloca-se como autorreflexiva, questionando a sua natureza e a sua função em meio a uma época saturada de projetos, em tese, finalizados, haja vista já ter sido anunciado o fim da modernidade e o das utopias disseminadas pelas vanguardas europeias e pelo modernismo brasileiro. Seja no modo de ser da linguagem, seja na escolha de temas, seja na organização formal, investigamos nessa produção poética a constituição do lirismo na contemporaneidade que, por sua vez, retorna à modernidade, do final do século XIX e início do século XX, e retorna também ao soneto com o intuito de promover uma discussão norteada pelo uso das formas poéticas. Depreendemos, do estudo realizado, que o lirismo de Britto se constitui das leituras que faz, dos poetas que traduz, das discussões que propõe a partir das formas fixas e livres, enfim, da autorreflexividade crítica. Aliada a essa experiência poética, inserem-se possibilidades que priorizam o “aqui e agora”. Lemos, nesse “aqui e agora”, a manifestação de traços da literatura contemporânea, que vão desde o modo como o poeta se posiciona no seu presente à modulação que realiza do passado. A sua poesia demanda um trabalho de recolocar questões e, ao fazê-lo, altera o cenário por onde transita. Do ponto de vista teórico-crítico, fundamentam esta pesquisa concepções de estudiosos como Hugo Friedrich, Michel Hamburguer, Alfonso Berardinelli, Octavio Paz, Michel Collot, Gottfried Benn, Marcos Siscar, Arlenice Almeida da Silva e Célia Pedrosa. Palavras-chave: Poesia brasileira contemporânea; Lirismo; Soneto; Paulo Henriques Britto. 10 ABSTRACT We develop, in this research, a critical and analytical study of the poetic production that comprises the books Liturgia da matéria, Mínima lírica, Trovar claro, Macau, Tarde and Formas do nada, by Paulo Henriques Britto, observing the relationship between the contemporary lyricism and the lyricism of the Classical, Renaissance, Romantic and Modern traditions. The hypothesis is that, for that poet, there is a discomfort, that is, an uneasiness regarding the contemporary lyricism. Britto's poetic production, arranged in the six books published throughout the thirty years of his career, positions itself as self-reflexive, questioning its nature and its function in a period flooded by projects that are, in theory, already finished, given the announcements of the end of the Modernity, as well as of the utopias widespread by the European Vangards and by the Brazilian Modernism.
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