Acnistus Arborescens (L.) Schltdl

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Acnistus Arborescens (L.) Schltdl Copyright© abr-jun 2012 do(s) autor(es). Publicado pela ESFA [on line] http://www.naturezaonline.com.br Verçoza FC, Dias AR, Missafia CCC (2012) Ecologia da polinização e potenciais dispersores da “marianeira” -Acnistus arborescens (L.) Schltdl. (Solanaceae) em área de Floresta Atlântica do Rio de Janeiro. Natureza on line 10 (2): 59-64. Submetido em: 21/11/2011 Revisado em: 04/03/2012 Aceito em: 24/032012 ISSN 1806–7409 Ecologia da polinização e potenciais dispersores da “marianeira” - Acnistus arborescens (L.) Schltdl. (Solanaceae) em área de Floresta Atlântica do Rio de Janeiro Pollination ecology and potential dispersers of the “marianeira” - Acnistus arborescens (L.) Schltdl. (Solanaceae) in an Atlantic Rain Forest area in Rio de Janeiro Fábio C Verçoza1*, Aline R Dias1 e Caio César C Missagia1 1. Curso de Ciências Biológicas – Universidade Estácio de Sá, Campus Vargem Pequena, Rio de Janeiro. Estrada Boca do Mato, 850, Vargem Pequena, Jacarepaguá, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. CEP: 22783-320. *Autor para correspondência: [email protected] Resumo Este trabalho apresenta dados sobre a polinização e a species of animals, eight insects and two hummingbirds. The fruits dispersão de Acnistus arborescens (L.) Schltdl. no Parque Estadual are globose, orange, measuring approximately 1.0 cm in diameter da Pedra Branca, um trecho de Floresta Atlântica situado na região and contain about 60 seeds. We recorded 13 bird species of the order Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Dez indivíduos foram monitorados, Passeriformes consuming ripe fruits. realizando-se observações sobre a fenologia reprodutiva, morfologia, cor e odor das flores, ocorrência e comportamento dos visitantes Key words: Atlantic Forest, frugivory, generalist pollination florais. As fases de maturação e a morfologia dos frutos foram acompanhadas e aves frugívoras foram identificadas. As flores de A. arborescens são caulinares, fasciculadas, branco-esverdeadas, medem aproximadamente 3,2 cm de comprimento e 0,55 cm de diâmetro, e Introdução exalam odor suave e adocicado. A antese é diurna, iniciando por volta das 06h00min, com duração de aproximadamente 12 horas. As flores A família Solanaceae é representada por 96 gêneros e aproximadamente dos indivíduos monitorados receberam visitas legítimas de 10 espécies 2.300 espécies (D’Arcy 1991). Apresenta ampla distribuição geográfica e de animais, sendo oito insetos e dois beija-flores. Os frutos são bagas está concentrada principalmente na América do Sul, onde se estima a globosas, de cor laranja, medem aproximadamente 1,0 cm de diâmetro ocorrência de aproximadamente 50 gêneros (Hunziker 2001). No Brasil e contêm cerca de 60 sementes. Foram registradas 13 espécies de aves são registrados 34 gêneros e 452 espécies (Stehmann et al. 2010). da ordem Passeriformes consumindo os frutos maduros. O gênero Acnistus Schott possui 50 espécies e ocorre desde o México até a Argentina (Hawkes et al. 1991). Acnistus arborescens (L.) Palavras-chaves: Floresta Atlântica, frugivoria, polinização generalista Schltdl. é uma espécie arbustiva (2-6 metros de altura), ocorre no sul do México, América Central, Antilhas e América do Sul (Venezuela, Abstract This paper presents information of pollination and Colômbia, Equador, Peru e Brasil), habitando bordas e clareiras de dispersal of Acnistus arborescens (L.) Schltdl. in the Pedra Branca florestas, entre o nível do mar e 2.000m de altitude. No Brasil, sua State Park, a stretch of Atlantic forest located in western city of distribuição abrange os estados do Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro. Ten individuals were monitored, carrying out Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do observations on the reproductive phenology, morphology, color Sul, onde são comuns as denominações populares de fruta de sabiá, and odor of flowers, the occurrence and behavior of floral visitors. mariana e marianeira (Hunziker 2001). Estudos farmacológicos The stages of maturation and morphology of fruits were monitored realizados para esta espécie indicaram a presença de princípios ativos and frugivorous birds were identified. The flowers of A. arborescens anticâncer (Minguzi 2002) e antimalárico (Garavito et al. 2006). are stem, fasciculate, pale-green, measure about 3.2 cm long and Muitas espécies de Solanaceae se distribuem em áreas 0.55 cm in diameter, and exude a sweet and soft smell. Anthesis is perturbadas e apresentam comportamento pioneiro, desempenhando diurnal, starting around 06h00min, lasting approximately 12 hours. papel importante como colonizadoras de áreas abertas como pastagens, Flowers of the monitored individuals were legitimate visited from 10 clareiras e bordas de florestas (Bohs 1994; Nepstad 1998; Silva et al. Verçoza et al. 60 Polinização e potenciais dispersores de Acnistus arborescens ISSN 1806–7409 - http://www.naturezaonline.com.br 1996; Tabarelli et al. 1999). A colonização de ecossistemas florestais de Köppen, o clima predominante na região corresponde ao tipo Af depende dos processos de polinização e dispersão de sementes (quente e úmido), a temperatura média anual é alta, acima de 22º C. (Murray et al. 2000), e o entendimento destas interações bióticas são A pluviosidade varia entre 1.500 e 2.500 mm, sendo os meses mais fundamentais para se compreender o funcionamento e a regeneração chuvosos no verão (dezembro a março) (Oliveira et al. 1980). desses ambientes (Morellato & Leitão-Filho 1992). Uma polinização O PEPB inclui-se na área de abrangência da Província Florestal bem sucedida permite a formação do fruto e da semente, enquanto Atlântica, Setor da Cordilheira Marítima (Fernandes & Bezerra 1990). que o conjunto de características dos frutos como tamanho, cor, forma, Constitui um trecho bem conservado, sendo possível encontrar consistência e acessibilidade são, em geral, associados ao modo de espécies raras como os jequitibás (Cariniana estrellensis (Raddi) dispersão de suas sementes (Galetti et al. 2003). Kuntze, C. ianeirensis (Mart.) Kunth. e C. legalis (Mart.) Kuntze), o Os frutos de Solanaceae são bastante diversificados e apresentam tapinhoã (Mezilaurus navalium (Allemao) Taubert ex Mez), endêmica diferentes meios de dispersão, com predominância da zoocoria em como a noz-moscada-silvestre (Cryptocarya jacarepaguensis Vattimo- 83% das espécies, onde aves e morcegos ocupam posição de destaque Gil), encontrada somente no Município do Rio de Janeiro, e ameaçada (Albuquerque et al. 2006). Um trabalho clássico de dispersão de de extinção como o palmiteiro (Euterpe edulis Mart.), além de espécies sementes em Solanaceae é o de Symon (1979), que registrou a vegetais que se destacam como recurso alimentar significativo para a zoocoria em 96% das espécies do gênero Solanum L. na Austrália. fauna como Posoqueria latifolia (Rudge) Schult., Copaifera langsdorfii Cloutier & Tomas (1992), citaram os frutos de espécies desse mesmo Desf., Joannesia prillceps Vell. (Oliveira et al. 1995). Estudo realizado gênero como uma das principais fontes alimentares de morcegos. pelo IBAM (1998) cita também a ocorrência de espécies exóticas como Albuquerque et al. (2006) realizaram um estudo sobre a composição, o cafeeiro (Coffea arabica L.), a jabuticabeira (Myrciaria cauliflora a polinização e a dispersão de Solanaceae em uma floresta mesófila (Mart.) O. Berg.), a jaqueira (Artocarpus heterophilus Lam.) e a de montanha no México, constatando também a predominância de mangueira (Mangifera indica L.). ornitocoria (dispersão por aves) e quiropterocoria (dispersão por Entre junho de 2008 e junho de 2009 foram acompanhados morcegos) para as 25 espécies da família ocorrentes na localidade. dez indivíduos de A. arborescens localizados na vegetação de Em relação aos estudos realizados para Solanaceae no Brasil, borda do PEPB, na região de Vargem Pequena, no bairro de Budke et al. (2005) avaliaram as estratégias de dispersão de espécies Jacarepaguá. Para a caracterização da fenologia reprodutiva foram lenhosas no Rio Grande do Sul, citando Solanum sanctae-catharinae considerados em período de floração indivíduos apresentando Dunal como zoocórica. Liebsch & Acra (2007) concluíram que das 16 flores em antese e o período de frutificação foi considerado espécies ocorrentes em um fragmento de floresta ombrófila mista no mediante a ocorrência de frutos maduros (Morellato et al. 1989). Paraná, 100% possuem dispersão zoocórica. Verçoza (2003) e Sazima As observações foram realizadas em intervalos semanais e os et al. (2003) estudaram a hemiepífita Dyssochroma viridiflora Miers padrões de floração e de frutificação das espécies foram descritos no Rio de Janeiro e em São Paulo, respectivamente, constatando a segundo Newstron et al. (1994), avaliando-se: (i) Frequência (com quiropterocoria efetuada pelos morcegos Carollia perspicillata L. e base no número de ciclos por ano) em contínua: quando ocorre Sturnira lilium É. Geoffroy nas duas localidades. Há registro também sempre floração, subanual: quando ocorrem fases múltiplas de da dispersão de sementes por lobos guarás no bioma Cerrado, como floração por ano; anual: quando o evento ocorre anualmente; é o caso de Solanum lycocarpum St. Hil., popularmente conhecida supra-anual: quando ocorrerem ciclos de floração em intervalos como fruta-de-lobo ou lobeira (Moura 2007). de dois ou mais anos). (ii) Duração (avaliada pela amplitude de O presente trabalho objetiva fornecer dados sobre a polinização e a tempo (meses) em cada fenofase, com subclasses: breve (1 mês), dispersão de A. arborescens no Parque Estadual da Pedra Branca, cuja vegetação
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