Julieta Soares Alemão Silva

A POLIFONIA DO : TRANSFORMAÇÃO DA FESTA EM CANÇÃO POPULAR (1917 - 1932)

2014 Reitor: Damião Duque de Farias Vice-Reitora: Marlene Estevão Marchetti Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional: Edvaldo César Moretti

EDITORA DA UFGD Coordenação editorial: Paulo Custódio de Oliveira Administração: Givaldo Ramos da Silva Filho Revisão e normalização bibliográfica: Raquel Correia de Oliveira e Tiago Gouveia Faria Programação visual: Marise Massen Frainer e-mail: [email protected]

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).

S586p Silva, Julieta Soares Alemão A polifonia do samba: transformação da festa em canção popular (1917-1932) [livro eletrônico] / Julieta Soares Alemão Silva -- Dourados, MS: Ed. UFGD, 2015. (Coleção Teses e Dissertações). 168p. ; 2,44 MB ePUB

ISBN: 978-85-8147-104-4 Possui referências

1. Samba. 2. Canção popular. 3. Cultura. I. Título. CDD – 780.420981

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central – UFGD.

© Todos os direitos reservados. Conforme lei nº 9.610 de 1998 Dedico este trabalho aos meus amores Eliazar e Heitor

AGRADECIMENTOS

A realização desta pesquisa somente foi possível graças à co- laboração de várias pessoas. Meus sinceros agradecimentos a todas elas e, de modo especial: Ao Prof. Dr. Eliazar João da Silva, pelo incentivo, entusiasmo e permanente interesse pelos meus estudos desde a graduação e, especialmente, pela minha pesquisa sobre o samba. Suas pondera- ções foram muito importantes para o amadurecimento de proble- máticas centrais deste trabalho. Ao meu orientador Prof. Dr. Eudes Fernando Leite, que acei- tou acompanhar-me neste trabalho, de maneira sempre serena e com indescritível solicitude. Suas observações e sugestões biblio- gráficas foram essenciais para repensar várias questões presentes neste estudo. Ao Prof. Dr. João Carlos de Souza e à Prof. Dra. Mar- tha Abreu, pelos questionamentos importantes no exame de quali- ficação. Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais —FAPEMIG — pelo apoio obtido no período em que desenvolvi a pesquisa de Iniciação Científica, quando aluna do Cur- so de História na Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE). Do mesmo modo, manifesto minha gratidão à CAPES, pela concessão da bolsa de Mestrado durante a realização do estudo aqui apresen- tado. Ao Euler Gouvea e ao Elias Silva, do Instituto Moreira Salles do (IMS), e ao Luiz Antônio, do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS), pela disponibilidade durante o pe- ríodo da realização da minha pesquisa. A imensa atenção de ambos tornou o processo de seleção e levantamento de dados, nestas duas importantes instituições, mais produtivo e agradável. Ao Prof. Dr. Osvaldo Zorzato, pelo seu interesse para que os resultados desta pesquisa fossem positivos. Agradeço também pe- las suas indicações bibliográficas, bem como pelo empréstimo de vários discos contendo canções relacionadas com o samba. Sou grata à Profª. Dra. Ceres Moraes, pela amizade durante a realização deste trabalho. Agradeço às minhas irmãs Viviane e Ana Paula e à minha sobrinha Maria Theresa, pelo agradável convívio e pela “torcida” ao longo da minha trajetória acadêmica. Expresso minha gratidão à minha prima e professora de música Renata Cassini. Certamente o interesse em pesquisar o samba se deve muito aos inúmeros mo- mentos que dividimos e nos quais a música sempre ocupou espaço central. Por fim, agradeço imensamente ao meu pai e à minha mãe por tudo. A partir da confiança e do amor incondicional de ambos, estou segura de que esta pesquisa ficou muito mais “musical”. SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO 1 A TRAJETÓRIA DO SAMBA NO CENÁRIO DAS REFORMAS URBANAS DA 21 CIDADE DO RIO DE JANEIRO

CAPÍTULO 2 A CANÇÃO COMO POSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO SOCIAL 57

CAPÍTULO 3 SAMBA: A CANÇÃO DO MORRO E DA CIDADE 111

CONSIDERAÇÕES FINAIS 149

FONTES E BIBLIOGRAFIA 153

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXO 162

INTRODUÇÃO

Um dos sentidos da expressão polifonia, no âmbito musical, diz respeito à diversidade de sons e vozes presentes numa única composição. Relacionando-o ao samba, entendemos que o vocá- bulo pode constituir a melhor maneira de representar o processo de construção desse gênero musical no Brasil. Das festas realizadas nas casas das Tias Baianas (cujo espaço servia à prática de mani- festações culturais como a música, a dança, a batucada e os rituais religiosos) até a criação de canções denominadas — no formato de melodia e letra —, houve uma experiência sonora que nos indica a multiplicidade de sons, vozes, timbres e ritmos. Tal ex- periência compreende um dos aspectos que nos motivou a utilizar a expressão polifonia do samba. As transformações pertinentes à prática do samba, nas pri- meiras décadas do século XX, ocorreram simultaneamente às mudanças circunscritas à cidade do Rio de Janeiro. As obras de remodelação da então capital republicana, o surgimento de novas tecnologias e a diversificação das formas/espaços de entreteni- mento estavam entre os fenômenos que marcaram o processo de urbanização dessa cidade1. Acompanhando esse processo, o samba também foi se modificando até apresentar a estrutura característica da canção, tal como podemos verificar nas composições relaciona- das a esse gênero musical, surgidas no limiar da década de 1930.

1 Cf. SEVCENKO, 1998. E- BOOK | 10 telefone doanode1917,noentanto,partir comagravaçãoda canção culturais. manifestações A em relaçãoàpráticadedeterminadas dealgumas autoridades policiais trições e/ou proibições por parte baiana. Noperíodoenfocado, taiscomunidades encontravam res interior dascomunidadesde descendência negras, notadamente vabem como designava dança, asreuniõesfestivasno realizadas 3 RenatodeAlmeida (1895-1981)foi musicólogo efolclorista. por discussõesarespeitodaidentidade dopovo brasileiro. doBrasil. Esseanofoidas comemoraçõesdocentenário daIndependência marcado emfevereiro de 1922,no Teatroocorrida Municipal de São Paulo. parte O evento fez Moderna, da SemanadeArte atuação narealização 2 MáriodeAndradetevedestacada dito deveria seaproximar das manifestaçõespopulares, buscando para oBrasildoséculoXIX.Nessaperspectiva, ocompositoreru tantoparaoperíodocolonialquanto de nacional,jáque remeteria da identida a manutenção/construção contribuir para res) poderia folclore (Folia deReis, cantosdetrabalho, cançõesedançaspopula cadas de1920e1930.Para essesliteratos, umapesquisa sobre o de MárioAndrade ecomaspublicações mais evidentecomomovimento modernista tornou se historiográfica, perspectiva uma de partir a Brasil, no ca do gênero musical como um elemento da cultura popular de massa. aspecto contribuiu significativamente para a configuração do referi significativa no cotidiano da população da capital republicana. Esse classes sociaiseétnicas),osambacomeçaaterumaparticipação da Penha, que contava às diferentes com um público pertencente por meio do disco, dos teatros de revistaefestas(como a festa zado commaisfrequêncianosentidodegênero musical. Difundido significa samba termo o XX, século do anos primeiros Nos Segundo Arnaldo Contier,Segundo Arnaldo o interesse emdiscutir a músi , caracterizada como 2 eRenatodeAlmeida samba , esse termo começa a ser utili , esse termo 3 , no decorrer dasdé , nodecorrer Pelo ------

cultura popular urbanaedemassa.Segundo Contier, essaquestão centros de uma urbanosecomaemergência gimento dosgrandes que era“tradicionalmentenacional”estavacom osur relacionada uma músicapura folclórico-musical de deveriaconstituirabaseparaelaboração leiros para, então, “traduzir” o “rosto musical do Brasil”. O material os elementos que pudessem serconsideradosgenuinamentebrasi primeiro acriarumacoluna sobrenotíciascarnavalescasno 6 Jornalista e cronista. dacidadedoRio de Janeiro. Trabalhou em váriosjornais Foi o 5 4 o livro intitulado genuínos namúsicapopularbrasileiraseperdessem devez. Almeida —poderiafazercomque os componentesconsiderados a qual — na visão de literatos como Mário de Andrade e Renato de diversidade nacriaçãomusical,um processo marcadopelagrande fo), alémdaexpansãoradiofônica. Tais fenômenosengendraram 1930 —houve noBrasilumavanço nosregistros técnicos(fonógra não estava que restritaaoBrasil.Aesterespeitooautorafirma assinava sobopseudônimode Vagalume. Cf.CONTIER, Cf.CONTIER,1992. Ver tambémNAPOLITANO; WASSERMAN, 2000. No ano de 1933, o jornalista FranciscoNo anode1933,o jornalista Guimarães No início do século XX — sobretudo nas décadas de1920 e A preocupação em distinguir, nas manifestaçõespopulares, o populares, como uma reação às culturas oficiais mantidas oficiais culturas às reação uma como populares, e danças canções pelas interesse século XX—(...)umforte EuropaNa eAméricas,do décadas [houve]—nasprimeiras ção dosistemacapitalistaedosprocessos deurbanização devido àmoderniza nário popularprestesa“desaparecer”, coleta eorganizaçãodenúcleos documentais sobreoimagi cultural deumanação, aidentidade de preservar a mediante e comoumatentativa elites conservadoras pelas nosentido op. cit Na roda dosamba Na roda 4 ., p.272. . , obraqueaborda ascaracterís Jornal do Brasil Jornal 6 publicou , naqual 5 . ------

E-BOOK | 11 E- BOOK | 12 ca popularbrasileiraconsiderados“autênticos”ou de “raiz”,porou lar procuram determinar, damúsi os elementos comotemacentral, desambasemquantidade,querem saber semolharaqualidade” do autor, “hojeoqueestádandodinheiro éosamba.Eoseditores conservavam aautenticidadedessegênero musical. Nas palavras não que composições de aumento do promotora fonográfica, tria riências nasrodas desambaaomesmotempoqueseopõeàindús ticas do que seria o verdadeiro samba. O autor fala das suas expe a influênciado mercado nosprojetos ideológicosdaelite. identidade musical do Estado Novo do governo brasileira pelos representantes sinaliza 11 Cf. WISNIK, 1987.Segundo Wisnik, o reconhecimento do samba como expressão da dascanções. decriação noprocesso diretamente atuaram dos cancionistas que diminuindo a participação visto que ela acaba interpretação, comessa de difusão dosamba. Não concordamos o processo para contribuído musicaltambémteria decanção.por essaforma Estado do Ointeresse termos comoa“novae considerado serdifundido erádio–para gravadoras moda”em de à presença –relacionado emumperíodopropício fato dequeosambaemergiu 10 Cf. VIANNA, no seulivro é o 2004. Uma dasquestõesdiscutidasporVianna possivelmente influenciaramdealgumamaneiraaprodução dossambas. a diferentes classessociais e étnicas,pertencentes ainda que na condição de ouvintes, Não concordamosdemonstrar, tentaremos comessaperspectiva. Conforme pessoas Sodré consideraque o sambafoi criadoexclusivamente pelascomunidades negras. a “diáspora africana no Rio de Janeiro”. da década de 1920, representa do a partir 9 Cf. SODRÉ, 1998. Segundo este autor, o fenômeno dadifusão do samba, sobretu aos colecionadoresefolcloristas damúsicapopularbrasileira. foram musicólogos ejornalistas. Ambos constituem nomesdedestaquecomrelação e Rosa Noel compositor . Ver o também EFEGÊ,1978;VASCONCELOS, com 1977.Vasconcelos eEfegê especialmente 1920, de década da final no emergiu da obracitadaestárelacionadoaofatodequeoverdadeiro sambacariocafoi oque Rosa, SilvioCaldas,algumas cançõescomNoel Wilsondentre outros. Batista, Otema 8 Cf. BARBOSA, 1978. OrestesBarbosafoi músico, eescritor.jornalista poeta, Compôs 7 Cf. GUIMARÃES, 1978. consumo. configurado como uma experiênciamusical intimamenteligadaaomercadode se terem samba o como musicais gêneros de fato o Wisnik tro, autorescomoMuniz Sodré Se, porumlado, algunstrabalhos 11 enfatizaram questões que compreendem, especialmente, enfatizaramquestõesquecompreendem, 9 , Hermano Vianna , Hermano 8 a respeito da canção popu arespeitodacanção 10 eJosé Miguel 7 . ------truturada em melodia e letra. Pretendemos discutir emquemedida Pretendemos e letra. emmelodia truturada enquanto reuniãofestiva e/ou dança, atéobteraforma-canção, es samba, o passou quais pelas circunstâncias as verificar buscamos do RiodeJaneiro.a cidade notadamente do Brasil, Primeiramente, centros urbanos do fenômeno daremodelaçãodos grandes a partir as quais, em nossaperspectiva, podemsercompreendidastambém samba, no verificaram se que transformações às respeito diz gada face ao projeto de reforma urbana empreendida durante o goverface ao projeto de reforma cantar ascançõesrelacionadas comogênero musical em questão. ede compor de forma à relacionadas significativas modificações que foiconsiderar período quehouve durante esse especialmente estudar osambanacidadedoRio de Janeiro, entre 1917e1932,por ouvimos hoje,perspectiva, iníciodoséculoXXI.Nessa optamospor musicalcom adascançõesque assemelhada a estrutura enderem compre até gradativamente, modificando se foram sambas os te, de1920atéolimiardadécada seguin dadécada sical. Nodecorrer significativo do processo de construção do samba como gênero mu significativa emtalprocesso. importância da técnicadecompordoscancionistas,o aprimoramento tiveram de entretenimento, osurgimentodaculturabemcomo de massa, de novos modos de vida, a diversificação e das dos espaços formas jetivamos demonstrarqueasinovaçõestecnológicas, a emergência dosambaemcanção.nados comoprocesso deestruturação Ob capital republicana. na esociabilidade de ampliaçãodaspossibilidadesintegração negras, comunidades as para instrumento, um significou samba o No primeiro capítulo, discutir-se-ádos sambas a realização A gravação dacanção Em seguida, pretendemosanalisaralguns aspectos relacio a problemáticaque orienta A questãoessencial aqui investi Pelo telefone em1917éum momento ------

E-BOOK | 13 E- BOOK | 14 das”. Umexemplo dessaperspectiva foi, porumlado, aintolerância impraticáveis porseremconsideradas, pelaselites, “pouco civiliza tornaram-se às comunidades negras tações culturaispertinentes cidades deLondreseParis.perspectiva, Nessa algumasmanifes inspirados nos padrões europeus,relacionados às especialmente urbanística, bem como incutir novosreforma hábitos e costumes os pressupostosdoreferidoprojeto,Dentre estavauma oderealizar no deRodrigues Alves (1903-1906), entãoPresidentedaRepública. seu apelido, JoãoFoi daBaiana. criadonaRuaSenadorPompeu, daCidade nobairro Sé. Suamãe, conhecidapelo nomedeTiaPerciliana,razão pelaqualsurgiu era baiana, Seus avós,ça. ex-escravos, afro-brasileirosde artigos noLargoda tinhamumabarraca Cais do Porto do Rio de Janeiro. Filho de Félix José Guedes e Perciliana Maria Constan 14 João Machado Guedes (1887-1974) era compositor e tocava pandeiro. Trabalhou no (Cf. concedidopelomúsicoaoMIS em01/09/1966). Depoimento dos Eduardo marceneiroSeu paiera e Celestina. Prazeres de sua mãe, emúsico clarinetista; costureira. filho era marceneiro, e músico (1898-1966), Prazeres dos Heitor 13 02/04/1969). mento concedidopelomúsicoaoMuseudaImagemedoSom RiodeJaneiro, em da CidadeNova.pelos sambasrealizadosemsua casa, localizadano bairro (Cf. Depoi famosa ficou Amélia, Tia mãe, sua e bombardino), (tocava vagas horas nas músico e ga. Filho de Pedro Joaquim Maria eAméliaSilvana deAraújo. Seu pai erapedreiro gostava dosSantos. deassinarErnesto FicoumaisconhecidopeloapelidodeDon Joaquim12 O seu nomedebatismoeraErnesto MariadosSantos(1889-1974),mas tor dos Prazeres sa manifestação cultural é assinalada pelos sambistas Donga cidar oquemotivou amarginalizaçãodaspráticasmencionadas. melhantes. paraelu Consideramosqueessaquestãoéimportante dos sonseritmos, taismanifestaçõespossuíamcaracterísticasse interior dascomunidades negras. interferência policialno que diz respeito àrealizaçãode sambas no do e aos desfiles de cordões no período do Carnaval, e, por outro, a de algunssegmentosdasociedadeemrelaçãoàspráticasdoEntru No que diz respeito ao samba, a restrição e/ou proibição des Em nossoentendimento,de determina quantoàrealização 13 eJoão daBaiana 14 , nos respectivos depoimen 12 , Hei ------que permitiam aos integrantes das comunidades negras exercerem dascomunidades negras aos integrantes que permitiam os sambascontinuavam aserrealizados, constituindo-seemlocais dapolícia, não obstanteasinterferênciasdealguns representantes pretações relativas àproblemática centraldesteestudo. quepossa,senãoresponder,um debate aomenosalinhavar inter (MIS), e sobre os quais a esta fimpesquisa dese articular debruçou tos concedidosaoMuseu da ImagemedoSom do RiodeJaneiro Nova. (Cf. concedidopelomúsico aoMISem24/08/1966). Depoimento espaços e dos formas das diversificação a fonográfica, indústria da nização, especialmentedacidadedo Rio de Janeiro. A emergência resultantesdo fenômeno da urba zem respeitoàs transformações gêneros damúsicapopularbrasileira—oseuobjetodeestudo. emblemáticos paraas pesquisas que têm no samba — e emoutros e deváriosoutros compositores,e todosigualmenteimportantes seguido dodePixinguinha,HeitordosPrazeres, Almirante, Donga ano de 1966. O primeiro deles foi o do músico João da Baiana, pelo mencionado museular brasileiracomeçouaserrealizada no MIS. Acoleta detestemunhosdamúsicapopu depersonalidades a Posteridade para Depoimentos República. odo marcadopeloprocessoda entãocapital deremodelação perí no samba, termo do significados aos chegarmos c) e samba; doespaço quaisaspráticasquefaziamparte compreendermos as circunstâncias emque aconteciam tais festas; b) interpretarmos forama análisedosreferidosdepoimentos fundamentaispara:a) civil.algumas práticasqueremetiamàsuacidadania sentido, Nesse No segundo capítulo, serãoprivilegiadas asanálisesque di dos pesquisa fazemparte utilizadosnesta Os depoimentos Por outro lado, essessambistastambémdeixamentreverque, , coleção que integra o acervo do o acervo , coleção que integra - - - - -

E-BOOK | 15 E- BOOK | 16 ção dos sambas/festasemcanção, dacomposi a partir primeiramente cutiremos alguns aspectos relacionadosao processo detransição perspectiva, dis Nessa republicana. capital da cotidiano no ficadas prática dosambatambémacompanhouoritmodasmudanças veri donovoa fazerparte passaram espaçourbanoeemexpansão. A surgimento da cultura de massasestavam entreoselementosque de entretenimento, denovos o aparecimento modos de vida e o 1968). conviveu com outros sambistas, dentreosquais o jácitadoJoão daBaiana( de GracilianaSilva. Morou naRuaSenadorPompeu, daCidadeNova, noBairro onde Barbosa da Silva, conhecido pelo e apelido de pianista. Filho Tené,do pintor Ernesto e 16 João Barbosa da Silva (1888-1930), mais conhecido como “Sinhô”, era compositor Cf. concedidopelomúsicoaoMIS em 29/09/1966e16/07/1969. Depoimento deemprego,maior oferta local queoferecia doEstáciode Sá. tendoidomorarnoBairro Chaves.jamin daSilva (cozinheiro) e deEmíliaCorreia Mudou-se para o Rio de Janeiro, comunidade FilhodeBen na BaíadeGuanabara. depescadores Nasceu emJurujuba, 15 Ismael Silva (1905-1978) era compositor e cantor, mas trabalhava como vendedor. mas canções de samba que tiveram significativo destaque nos carnavais canções. Objetivamosdiscutiressaquestãoapartirda análisedealgu para que os referidos músicos se aprimorassem na técnica de compor gação das cançõesnasdiferentes classes sociaiseétnicas, bemcomo alcançar umanotoriedadeemmeioàsociedade. de intenção pela perspectiva, sua em menos ao justificava, se velmente de suaautoria — registrando-os exclusivamente em seu nome — possi canções. Ointeresse domúsicoemseapoderar desambasquenãoeram Sinhô para obterem reconhecimento social. No decorrer da década de 1920, que esses músicos viram na gravação de canções uma oportunidade Donga, HeitordosPrazeres e Ismael Silva Pelo telefone 16 frequentemente era alvo de discussões relacionadas à autoria de Aaparelhos degravaçãocontribuiuparaadivul chegadados A partir dealgunstrechosdosdepoimentosconcedidospor . 15 buscaremosdemonstrar ALENCAR, ------Tatit. Deacordocomele, ba. A perspectiva queorientou nossaanálise foi aressaltada por Luiz car aimportânciadatécnica composicional no gêneromusicaldosam te àsqueforamdivulgadaspelosambistaSinhô. realizados no decorrer da década de 1920—referimo-nos especialmen 17 Cf. TATIT, 2002. a emoção, ou a intenção, do conteúdo expresso naletra dealguns apreender se de dificuldade a é aspecto desse exemplo Um nova. compor cançõesparaseremgravadas constituíaumaexperiência tivas, tambémdenominadassambas. Nessesentido, apráticade nhô, estavam acostumados a improvisar nas reuniões fes versos Os compositoresdosprimeiros sambas, comoDongaeSi A análise das canções foi desenvolvida com o intuito de desta ção fosse derramada edescontrolada (eufórica ou disforicação fosse derramada Se aemo demelodia. substância fônicaconduzidaemforma portanto,de conversão umatécnica em e emoções deidéias sensoriais a um conteúdo psíquico e incorpóreo. Pressupõe, e físicos produção, contornos de dar significa forma compor qualquer Como psicografia. uma de maneira à canção em te automaticamen A vivência docompositornãosetransforma produzir canções. sua familiaridade eintimidadecom a expressão e técnica de conteúdoe, deoutro,vência pessoalcomumdeterminado tes níveis de experiênciado cancionista: deum lado, sua vi compreende, mais precisamente, o encontro de dois diferen psíquicos em matériafônica [...] conversão dosingredientes otratamentotécnico. parareceber samente preparada [...] em suascomposições, éaltamentedisciplinadaeminucio -los. A emoção docancionista,pelomenosaque aparece e textos motivados entre si, também não se disporia a fazê não se sentisse suficientemente hábil para inventar melodias sequerestariaemcondiçõesdecompor.mente), oartista Se

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E-BOOK | 17 E- BOOK | 18 de 1930, foi possível constatar a gradativa incorporação deelemen de 1930,foi possível constatar agradativa incorporação são, o cantar na verificadas transformações as privilegiaremos ções, Tatit serefere. com atécnicadeproduzirnistas sefamiliarizassem canções, àqual tação, as“cançõesderecado” sambas surgidos até meadosdadécadade1920.Nanossainterpre Disponível em:. doInstitutoMoreiraSallesRiodeJaneiro.estão disponíveisparaconsultano acervo dessas cançõesforam realizadasnoperíodoque vai de1900 a 1935.Tais gravações modinhas,de váriascanções: deapreciação lundusesambas. Asgravações ininterrupto 19 No períododejaneiro de 2009 a julho de 2011,realizeium processo contínuo e questão nosegundocapítulodeste trabalho. peito arecadosque um compositor mandava aoutro compositor. Trataremos dessa res dizia letra a quais nas canções algumas surgiram 1910, de década da final No 18 sociedade. Antônio Cândido,entre literaturae noquedizrespeitoàrelação respectivopor dasquestõesapontadas momentohistóricopartiram no discutidas easuacompreensão a seleçãodascançõesserem bem comoasuarelaçãocomoouvinte. Ressaltamosqueaanálise, eacanção,contribuíram para aumentaro vínculo entre o intérprete tos estéticosque, tentaremosdemonstrar, conforme possivelmente Relativamente à metodologia utilizada na análise dascan Pelo telefone os sambas ensão. social, considerandoinoperantecomoelementodecompre dequaisquer condicionamentos,independente sobretudo jogo, de fato conferindo-lhe uma peculiaridade que a torna deriva postasem a suaimportância dasoperaçõesformais se mostrarque a matériadeumaobra é secundária,eque chegou-se àposiçãooposta,procurando-Depois essencial. da realidade, equeesteaspectoconstituíaoelatinhade aspecto de ela exprimir ou não certo uma obra dependiam [...] antes procurava-se mostrar que o valor e o significado de 19 , . A partir do primeiro samba demaiorrepercus . A partir até ascançõescircunscritasaolimiardadécada 18 contribuíram para que os cancio forma de forma ------20 SOUZA,2000, p. 5-6. ro maiordecantores.de sambas,à criação Emrelação aatuação à cançãopopular,respeito bemcomonosurgimentodeumnúme musical, noquediz especialmente desencadeou umaefervescência chegada dosistemaelétricodegravação. A nova deregistro forma sentido, detal processo. épartícipe destegênero musical, nesse Aconstrução da capitalrepublicana. eoprocesso deurbanização nelesocorridas tre astransformações existente en a relação posta édiscutirossambascompreendendo estão inseridasnãoexplicaaobraporsi.Destemodo, nossapro qual no histórico contexto o outro, por definidos, espaço e tempo social, com realidade umadeterminada mos aqui não representam artísticas, a exemplo das canções. Se, por um lado, as que examina das peloautorpodemseraplicadasnaanálisedeoutrasproduções das obrasdecunho literário, consideramosque as questõesdiscuti No terceiro capítulo, discutiremosalgumasquestõesligadasà Não obstanteofatodeAntônioCândidosereferiraoestudo no. portanto, tornando-se inter na constituiçãodaestrutura, ficado, mas como elemento que desempenha um certo papel nãocomocausa,nemsigni (no casoosocial)importa, do processo interpretativo. Sabemos, ainda,que o externo independente, secombinamcomomomentosnecessários [da obra] é virtualmente pela convicção de que a estrutura explicava pelosfatoresexternos, quanto o outro, norteado emque tanto ovelho ponto devista que ticamente íntegra, diale tender fundindo texto e contexto numa interpretação e quesóapodemosen nenhuma dessasvisõesdissociadas; adotar daobranãopermite queaintegridade Hoje sabemos 20

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E-BOOK | 19 E- BOOK | 20 pressupostos do movimento modernista, edaidentidadenacional, pressupostos domovimento modernista, do samba como gênero musical, questões que trução envolviam os decantar.forma Tentaremos demonstrar que no processo decons musical das canções,trutura especialmente no que diz respeito à es à relacionadas modificações das como bem compor, de lidade doqualomesmoemergiu,asaber,partir ascomunidades negras. gênero social a musical havia ultrapassado asfronteiras do grupo de compositorescomoAlmirante 25 Cf. ALMIRANTE,1977. 24 Cf. ALENCAR, 1979. 23 GUIMARÃES, 1978,p. 124. deAzevedo.camisaria, edaprofessora Marta noRiodeJaneiro. deVilaIsabel, bairro FilhodeManuelMedeiros Rosa,gerentede 22 Noel de Medeiros Rosa (1910-1937) foi compositor, cantor e violonista. Nasceuno depercussão.sucesso porutilizarváriosinstrumentos Garnizé gravaçãoprimeira emdisco, ascomposições interpretando localizadonacidadedoRio de Janeiro. deVilaIsabel, mente nobairro sua Em1929fez logo. FilhodeEduardo Foréis DomingueseMariaJosé Foréis, nasceu emorou especial 21 Henrique Foréis Domingues (1908-1980) foi cantor, compositor, radialista e musicó meras canções(comoéocasodeAlmirante). dasrodas desamba,bemcomodagravaçãoe participaram deinú pesquisa. Tais autoresconviveram comcompositores, intérpretes, vanteselucidar algumasdasprincipaisproblemáticas para desta rele informações privilegiadas, quenelasencontrarmos umavez Edigar de Alencar consultada. da bibliografia significativa parte uma relativamentea contrapontos tabelecermos desambistasdoperíodoforamdepoimentos fundamentaisparaes publicana, nasprimeirasdécadasdoséculoXX.Para tanto, vários centros urbanos,dos grandes na entãocapitalre especialmente das reformas pelosambanocenário o caminhopercorrido apontar também puderamserverificadas. Certamente obras de autores como FranciscoCertamente Guimarães Este estudo, portanto, tem como característica principal Privilegiaremosda habi do aprimoramento acerca aanálise (embolada).Nessemesmoanogravou o samba 24 e Almirante 25 21 podem serconsideradasfontes e eNoel Na Pavuna Anedota 22 sinalizava queo , que obteve grande , que obteve grande (cateretê)e Galo 23 ------, CAPÍTULO 1

A TRAJETÓRIA DO SAMBA NO CENÁRIO DAS REFORMAS URBANAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

[...] as baianas da época gostavam de dar festas. A também dava festas. Agora, o samba era proibido e elas ti- nham que tirar uma licença com o Chefe da Polícia e explicar que ia haver um samba, um baile, uma festa enfim. Daquele samba saía batucada e candomblé porque cada um gostava de brincar à sua maneira.26

O final do século XIX no Brasil foi marcado por algumas transformações que influenciaram o cenário político e social das primeiras décadas do século XX. Dentre os eventos que aponta- vam para mudanças estruturais na sociedade brasileira, podemos destacar, por exemplo, a abolição da mão de obra escrava e a Pro- clamação da República. No entanto, as expectativas criadas a partir dos referidos eventos não se concretizaram. Por um lado, a nova condição de liberdade dos ex-escravos, comparativamente a dos demais cidadãos, era relativamente limitada; por outro, as práticas do governo, após a instauração da República, em 1889, dificultavam tanto a participação política da maior parte da população quanto a realização de suas manifestações culturais. No que diz respeito a tais manifestações, e, de modo particu- lar, ao samba, as comunidades negras encontravam restrições e/ou

26 Depoimento concedido por João da Baiana ao MIS em 24/08/1966. E- BOOK | 22 que tornava inviável as manifestaçõesculturais des especialmente elites como mais civilizados) inspirados nos padrões europeus, o a deimplementarnovos hábitos e costumes(consideradospelas deumnovo modelourbanístico,pública, aconstrução bemcomo eraa de colocaremprática,na capital daRe alizadores dareforma de manifestaçõescomosambasebatuques. A expectativa doside capital da República), ainda tornou mais aflagrante marginalização urbanapeloqualpassouacidadedoRiodeJaneiroreforma (então proibições para realizá-las. Nolimiardo século XX,o processo de 27 Cf. SEVCENKO, 1998b. denossasociedade do escravista e rural impedir a realização depráticasculturais que ao passa remetessem promover diversas mudanças que,procuravam dealgumamaneira, endido pelo presidenteRodrigues Alves (1903-1906) estava o de desenvolveremos nestecapítulo. dos sambas. Esseaspectoocupaolugar central nadiscussãoque amarginalizaçãoe/ou a proibição cunstâncias emque ocorriam dessas questões, compreender asmotivações é importante e as cir difícil impedir efetivamentede taispráticas. arealização A partir das reuniõesnasquaisossambasaconteciamsinalizava queseria das comunidadesespecialmente negras, poroutro, apopularidade urbana procuravajeto de reforma restringir as práticas culturais, sociais eétnicas.classes Nessaperspectiva,se, porumlado, opro período, os sambas tinham apreciadores originários de diferentes mos demonstrar, dosprópriosmúsicosdo dedepoimentos apartir este sentimentonãoeraumaunanimidade. procurare Conforme bem comodosbatuques,do samba, ginalização ressaltamosque tinadas àscomunidades negras. Dentre os pressupostos do projeto de reforma urbana empre Dentre os pressupostos do projeto de reforma No entanto,de quehaviada constatação apesar umamar 27 . Nessesentido, aAvenida ------bem comodefoliões brincandodejogar aalgumas água,remetiam brincadeira carnavalesca. como segmentos dasociedade,à práticadoEntrudo emrelação dedeterminados aspecto éaconstataçãodaintolerância,por parte por ser reprimidos.acabaram Umexemplo ilustrativo desse mesmo urbanístico, foi cenáriodealgumasfestasecostumespopularesque Rio Branco, consideradacomolugar estratégico donovo projeto reira se incorporou àfestadopovoreira seincorporou carioca.” (ALENCAR,1979,p. 60-61). Viana doCastelo.dos neurastênicossossegados,das reclamações E apesar [...] oZé-pe nasfestasjuninasde BragaenasdeNossaSenhoradaAgonia,em ainda hojeéatração onde de reminiscência Portugal, uma dúvida sem era zabumbas, Zé-Pereira, de desfile a iniciativa [...]não deixou nos carnavais abundantemente cariocas. de serrepetida O daquele ano atéasegunda década deste século [XX] pelos foliões daépoca, eapartir aoZé-Pereira. comgritos algazarra, A novidade e fazendogrande foi muito apreciada niu alguns companheiros e saiu na tarde desegunda-feiracarnaval tocandobombos Joséter sidoem1852queosapateiro português Nogueira deAzevedoParedesreu [...] “Parece que afirma Alencar Zé-PereiraCarnaval, do no incorporação da respeito A 28 bretudo préstitos, bailes, batalhas de confete e outras práticas mais ter um“sentidoopostoaodapalavra Carnaval, quedesignava so Entrudo,a “molhaçada”. palmente deacordoa comCunha,passa do período mencionado, taispráticascomeçamadesignar princi e limão de cheiro, jogavam que os participantes entre si. A partir era autilizaçãodeágua namos, doEntrudo umadascaracterísticas mencio Conforme a Páscoa. das nosquarentadiasqueantecedem compreensão deCarnaval, isto é,àpráticadebrincadeirasrealiza ao contráriodoquepresenciamosnosdiasatuais. festa do Carnaval nãoestava, primeiramente, aosamba, associada dacidade. evidenteofatodequea Esseaspectotorna pelas ruas sas, quadrilhas,polcas, mazurcaseespecialmente osfoliões saíam das brincadeirasdoEntrudo. Ao som deestilosmusicais comoval Até o final do século XIX, a ideia de Entrudo remetia à mesma A presença demascarados, Zé-Pereiras 28 tocandobumbos, ------

E-BOOK | 23 E- BOOK | 24 Carnaval deVeneza, compreendiampráticasmaisadequadas, com no flores, inspiradas de batalhas luxuosas,as fantasias de presença da e alegóricos carros de desfiles dos Além 1880. e 1850 de cadas das GrandesSociedadesCarnavalescasque surgiramentreasdé o Carnaval deveriasermais “civilizado”, seguindo a organização eincultosdoEntrudo” rudes recentes, àsquaisseatribuíasuperioridadeemfacedosfolguedos XX (SEVCENKO, 1998b; CUNHA,2001) nolimiardoséculo dacidade, avenidas bemcomoem outras grandes construídas ruas por MariaClementinaP.ganhavaque talprática Cunha,aautoraassinala nas espaço local ondeoCarnaval deveriasermaisorganizado, poroutro, noestudoapresentado 30 Se, por um lado, Nicolau Sevcenko menciona apenasa Avenida Rio Branco como um aquiostemasquedizem respeitoaessafesta. fundarmos ao Entrudo. pertinentes Noentanto,questões importantes nãoénosso objetivo apro 29 Para um estudo mais específico, ver Cunha (2001, p. 25). Ressaltamos que há outras nointeriordafestacarnavalesca. SegundoapontaCunha: negras ra tinhatambémcomopressupostotentarmarginalizarpopulações do Entrudo.manifestação dessa brincadei Aoposiçãoàrealização de alguns segmentos dasociedadedo Rio de Janeiro, contráriosà urbananoiniciodoséculoXXincitou,aindamais,reforma aatitude comportado, apontaCunha.Entendemosque o projeto de conforme cionadas jásinalizava umatentativa oCarnaval maisbem detornar pretendiam algumasautoridadespolíticas, eliteratos jornalistas como tal brincadeiras, das refinamento o promover de objetivo o A criação das Sociedades Carnavalescasdas Sociedades A criação men nas décadas Na suntuosaAvenida RioBranco, inauguradanoanode1904, nas ruas com o molecório negro emalcriadoquenãoconhe comomolecórionegro nas ruas porjovensto nasruas, degravata lavada queseconfundiam de Petrópolisentrudos que isso fosse fei —,erainsuportável femininos nos por adoráveis pezinhos a suaser arruinada dos esnobes anticarnavalescos — e o próprio imperador vira cartolas Se numpassadoaindarecentefora aceitável destruir

29 . . 30 . ------marginalização dosamba(queaquinosinteressadiscutir), ciador dos sambas. Discutiremos esseaspecto maisadiante. ciador dossambas. Discutiremos décadadoséculoXX,serapre Machado,fato de oSenadorPinheiro naprimeira João do aoMIS, acerca daBaiana comenta, emseudepoimento samba. Opróprio no verificado ser pode também aspecto Esse Entrudo. no étnicas e sociais classes depopulaçõesdiferentes Cunhaassinalaapresença epobres. dadãos negros 32 Ressaltamos exclusivamente quetaismanifestações nãodiziamrespeito a ci 31 CUNHA,2001,p. 85. sambas segmentos dasociedade, poroutro, os énoespaço noqualocorrem relações. Se, porum lado, poralguns é rechaçada essa manifestação compreendercomo se desenvolviamcultura popular permite tais dosambaemmanifestaçãoda processo que marca atransformação pital dopaís, sãovivenciadas emumespaçosocialconturbado. O easclassespopulares,des dogoverno aca quepassamahabitar aquele queconfiguraasimples mudança dasinstituiçõespolíticas. maisamploecomplexociou um processo detransformação do que sinalizar que,carioca presen nolimiar doséculoXX,asociedade menos afortunados eaoscidadãos negros cludentes ediscriminatórias, sobretudo com relação aos cidadãos cano, algumas práticas sociais do Rio de Janeiro ex permaneciam para o fato de que, mesmoapósainstauraçãodo regime republi Com o advento da República, as relações entre asautorida asrelações Com oadventodaRepública, Tais circunstâncias relacionadas ao Entrudo, bem como a

que as populações negras conseguiramdesenvolverque aspopulaçõesnegras outras passeio a que seaventurasseme acompanhadas decentes pelasruas las fossem ministradaspor“gentesemcostumes”asenhoras quemolhadeiras,insulto insuportável beliscões ouapalpade um como parecia intenções, mas segundas e significados de magar no colo alvo de alguma donzela limões de ceracheios cia oslimitesdacivilidade. [...]Fora romântico eexcitante es 31 . 32 . Esse aspecto parece . Esseaspecto

apontam ------

E-BOOK | 25 E- BOOK | 26 à então colônia portuguesa. Certamente, acondiçãodecapitaldo à então colônia portuguesa. achegadadafamíliareal século XIX,momentoemqueocorreu iniciara oseuprocesso deurbanizaçãojánosprimeiros anosdo se porseromaiorcentro urbano do país. A cidade doRio de Janeiro no que diz respeito aosseuspraticantes.e deatitudesresistência, ações derepressão, do governo, dealguns representantes por parte de situ tensa, namedidaemque os sambas eramrealizadosapartir socialé social.Essaintegração deintegração/participação formas 34 Cf. CARVALHO, 1987. 33 Cf. NEEDELL,1994. mudou acomposiçãoétnica ea“fisionomiasocial”dacapital da alteraçãononúmero dehabitantes, ocrescimentopopulacional danças nascaracterísticasfísicasehumanas da cidade. Para além constatado demográfico,a partir da década de 1870, crescimento promoveu significativas mu rápido O habitantes. de milhão um te confluência dediversas manifestaçõesculturais. maior centro cosmopolita do Brasil, constituindo-se num local de comque a cidadeostentassecondiçãode Esse fenômenofez de Janeiro. Rio do acidade para afluíram imigrantes, como bem tais circunstâncias, populaçõesdasmaisdiversas regiõesdo país, a capitaleratambém um polo de atividades econômicas. Diantede dopaís.ção eexportação Alémdecentro políticoeadministrativo, instituições comerciais, administrativas epolíticas processo deurbanizaçãodacidade,de ainda pelacriação marcado no decisiva influência teve XIX, século do meados Paraíba,em do aliada aodesenvolvimento da produção cafeeira na regiãodo Vale de1889, Império, apartir de1822,ecapitaldaRepública, apartir Em 1900,apopulaçãodacapitalchegava aaproximadamen No Rio de Janeiro encontrava-se de importa o maior porto caracterizava-No início do século XX, a capital daRepública 33 . 34 . - - - - apresentava umnúmero deescravos equivalente amaisdametade a 9%dototaldehabitantes, oRiodeJaneiro, nomesmoperíodo, meados do século XIX possuía uma população escrava que chegava comacidadedeSãoPaulo,rio do que ocorreu porexemplo, que em contrá cidade. Ao da história à especificidade importante uma me com uma significativa influência da cultura africana, fato que impri como de seus descendentes. o Rio de Janeiro Dessaforma, convivia dos escravos, remanescentes era constituídapornegros lação bem ro acima”. A respeito das migrações de comunidades negras paraaentãocapitalda decomunidadesro negras acima”. Arespeitodasmigrações 37 Cf. MÁXIMO, 2010a. Ver especialmente o capítulo intitulado “O mapa da mina mor ( dos Prazeres sidodadapelocompositorHeitor estadenominaçãoteria aautora, 36 Deacordo 35 VELLOSO, 1990,p. 207-228. vela Providência, da fa que primeiro a denominação de Morro recebeu dos Canudos também viriamaocupar, especialmente, da oMorro eProvidência.Carlos daGuerra Noanode1897,ex-combatentes tes docentro, deSantoAntônio, assimcomoosmorros Castelo, São ram elas que improvisar suas moradias nos subúrbios mais distan Em condições precárias,—, chegaram à capital da República. tive gião doVale doParaíba —apósaAboliçãodaEscravidão, em1888 vindas das plantaçõesde café dare quando comunidades negras ca”) “Pequena Áfri como conhecida ficou (que Nova Cidade da região de1870.Essapopulaçãoocupou principalmente a Bahia, apartir que vieram especialmenteda jáalforriados à chegadadosnegros em doismomentos. especialmente Oprimeiroocorre dizrespeito da suapopulação 36 37 , além dos bairros da Saúde,, alémdosbairros Gamboa,SantanaeSantoCristo. . O segundo momento diz respeito ao final do século XIX, século do final ao respeito diz momento segundo O nacidadedoRiodeJaneiroO aumentodapopulaçãonegra dapopu a maiorparte No queserefereàcomposiçãoétnica, Ibid. , p. 208). 35 . ------

E-BOOK | 27 E- BOOK | 28 rem osmorros. nesse sentido, obrigava aocupa aspopulaçõesmenosabastadas A política deurbanização,pulacional daentãocapitalrepublicana. o que significou na prática o crescente aumento do contingente po ao Museu da Imagemedo Som do Rio de Janeiro, podemossupor 38 Depoimento concedidoporHeitordosPrazeres (01/09/1966). 38 Depoimento vertambémMOURA,1983. República, do novo regime jásinalizavam o seu carácter pouco ou nada de falta deemprego, demoradiaesaneamentobásico. mais pobresdapopulação. Dentretaisproblemas, destacamosa deproblemas,interminável vividos principalmente pelascamadas disso, a nova situação social e urbana da capital gerou uma série contingente populacional em largo crescimento. Em decorrência deum de absorção à capacidade respondiam satisfatoriamente No que diz respeito aos direitossociais,No quedizrespeito políticas aspráticas As atividades econômicasdacidadedoRiodeJaneiro não concedido por Heitor dos Prazeres do depoimento A partir sas a ficarem caras, além das possibilidades dos meus pais e pais meus dos caras, possibilidades ficarem das a além sas ali nasuperfíciedacidade. éque começou asca [...]Depois ninguém subia. PorqueEntão nomorro osambaeratodo bucanos. Entãonósoscariocasnãoíamospro morro. [...] no leito da estrada de ferro. Muitos mineiros, muitos pernam só morava esse pessoalque vinha do interior, pra trabalhar daFavela, comoMorro Nesses morros SantoAntônio, morro coisa defavela baldiosecriaressascasinhasaí.Entãocriou essa os terrenos do, foi crescendo,a tomar começaram crescendoedepois aquela invasão degentedosEstadospracá,efoi infestan e etc.de morro. Nada Agora,onegóciofoi veio quedepois outros emcasasdecômodoscomonoCatete, emBotafogo, a morar em casas grandes, e porque o pessoal erahabituado de outros.a mudar [asfamílias]começaram paraosubúrbio, 38 . ------em ocupaçõesmalremuneradas, vivendo deempregostemporários resultou noaumentodonúmeroe de pessoas dedesempregados brancos recém-chegados ao Brasil.Talmuitos imigrantes situação dos e indústria—sofriamcomaconcorrência setores deserviços “desqualificados” para o mercado de trabalho — sobretudo para os vapara essamudança: “preparada” alémdeseremconsiderados esta não negros dos parcela Significativa negras. comunidades às mocrático, às populaçõespertencentes com relação especialmente 40 WISSENBACH, 1998,v. 3,p. 112-113. 39 CARVALHO, 1987. sua casa.Dizomúsico: para podercontribuir no pagamento dasdespesasde de serviços) àprestação relacionadas (todas profissões diferentes sempenhou do Rio de Janeiro, omúsico assinala que Heitor dos Prazeres de do comWissenbach, de desempregados.massa à grande ou incorporando-se Em depoimento concedidoaoMuseu da ImagemedoSom Em depoimento Na economiaurbana da passagemdo século, aexpansãodas da nos trabalhos vistos comodegradados da nostrabalhos marceneiros, catraieiros, ensacadores, carregadores, ou ain como funileiros, dascidades, prestandoserviços arrabaldes etransportes, noscultivos dos agrícolas de carregamentos se nassuasantigasfunções, nasvendasambulantes, nosetor emulatos,Quanto às populaçõesdenegros [...]. conservam- públicos] diversos ramosdaindústria[ou ainda nosserviços aospequenosespaçosdefundo de quintal,doque nos ruas dasvendas ambulantes nas espaços daeconomiainformal, de trabalho, e nos masestasedeu mais no setor deserviços cidades gerou semdúvida uma ampliação nasoportunidades 40 . 39 Deacor - - - -

E-BOOK | 29 E- BOOK | 30 42 Cf. CHALOUB, 1994.Ver também SEVCENKO, 1998. concedidoaoMuseudaImagemedoSom em01/09/1966. 41 Depoimento nhou, naprática,essepapel. Deacordo comCarvalho: possível constatarodesenvolvimentonão desempe dacidadania, um local ondeseria seus pressupostosideológicos—representar se sentido, que deveria —seconsiderarmos acapital daRepública, reciam nasestatísticaspoliciaiscomo“bêbadosemalandros”. Nes plo, amarela adifteria,malária, atuberculoseefebre vam taismoradias,focos como, dedoenças tornaram-se porexem esseslocais, em queseencontra insalubres eàmáinfraestrutura, toridades políticasumaameaçaàsociedade. Devido às condições por algumasau ao séculoXIX,taispopulaçõeseramconsideradas antigos casarõesdeacomodaçõesmodestas, osquais remontavam sariamente agarantiadecondiçõessobrevivência satisfatória. se a isso o fato de que determinados ofícios não significavam neces Acrescente- deocupar um emprego formal. não teveoportunidade ção, visto que um expressivo número ebrancos pobres denegros nistério daEducação.excefato éumarara que esse Consideramos Além de sobreviverem de forma precária, estas pessoasapa precária, Além desobreviverem deforma os Concentrando-se na região central da capital e habitando ocupou um cargo no Mi Heitor dos Prazeres posteriormente era quasecomoumquímiconé[...] nas maiorescasas, eueraum dos melhoresnaqueletempo Trabalheiem marcenaria. muitos anos, muitos anos mesmo foi mais estabilizei me onde profissões as todas em estágio de espécie uma fiz então alfaiate, de aprendiz fui sapateiro, diz de tudo. [...]eu fui aprendiz demarceneiro, fui aprendiz de tempo daaprendizagemque hoje é difícil. Então eufui apren do sou eu então quase, profissões as todas em trabalhei Eu 41 . 42 . ------lação quevivia nascidadesemexpansãonolimiardoséculo XX.O ram, semdúvida,umdosgraves problemas enfrentadospelapopu 45 Cf. MORAES, 1994. intitulado “Cidadãosativos: aRevolta daVacina” Vacina, em 1904 (CARVALHO, 1987). Sobre o este tema, ver capítulo especialmente tal medida.A vacinação conhecido como Revolta obrigatória resultou no episódio da no PlanodaSaúde.campanhas Noentanto, apopulaçãonãoaceitoupassivamente esse aspecto constitui um exemplo notório da violência com que eram realizadas as acompanhados depoliciaispara garantiravacinação dosresidentes. Entendemos que da varíola, em1903,osagentessanitárioseram 44 Nacampanhaparaaerradicação 43 CARVALHO, 1987,p. 18. no modo de década de 1870, promoveram transformações grandes na especialmente científico-tecnológica, revolução da advento o e ideias impostaspelo“mundo moderno” objetivava aurbeemquestão, remodelareembelezar das apartir nas médico-sanitário paracompreendertambém um projeto que que o problema percebe-se deixava ocorriam, de ser ape reformas urbana dacidadedoRio de Janeiro. de reforma Noentanto, àmedidaqueas o projeto para justificativas principais das uma tituiu urbanadacapital. de reforma vamente, ascampanhasdesaneamento engenheiro urbanista,Pereira Passos,respecti paracomandarem, e ao cedeu poderesilimitadosaomédicosanitaristaOswaldo Cruz Rodrigues Alves (1903-1906), con então presidentedaRepública, A irrupção da Revolução Industrial, no final do século XVIII, século do final no RevoluçãoIndustrial, da irrupção A Possivelmente cons epidêmicos dos surtos aerradicação constituí A insalubridade do espaço urbano e asepidemias 60% dasprisõesdepessoasrecolhidasàCasaDetenção jogo. Em1890,estascontravençõespor responsáveis eram às contravenções dotipodesordem, vadiagem, embriaguez, as referentes estatísticas criminaisdaépoca,especialmente Velha,Cidade nas as quemaisapareciam eram tais pessoas Morando, agindoetrabalhando, da namaiorparte, nasruas . 45 44 . e aexecução do projeto 43 ------.

E-BOOK | 31 E- BOOK | 32 de, recorremos aoquedisseMônicaVelloso:de, recorremos ção”. Arespeitodessaquestão, queenvolve aideia demodernida bemcomopadrõesde“progresso” ede“civilizanos “modernos”, Parisa sercompreendidascomocentros eLondrespassaram urba vida dos 47 46 íram paraque as cidadesfossem vistascomo locais que ofereciam urbano emexpansão.espaço Tais aspectos,outros, dentre contribu o caracterizavam informações de fluxo do aumento o multidões, aparelhos eletrodomésticos, o telefone, a boemia, a presença das centros de compras, o surgimento degrandes ruas, a utilização de civilidade, e, sobretudo, dedistinçãosocial” sinônimo de a issoofatodeque“falar francêsera Acrescente-se com oseuropeus.o desejoincontidodas“elites”emseparecer de vestidos,tendências echapéusfranceses, cortes demonstravam Os rapazescomtrajesingleses, easdamasostentandoúltimas Branco, bemcomonoshábitosdasclassessociaismaisabastadas. podia ser verificada “no décor arquitetônico Paris de influência A moderno. urbano centro um francesa, pital Janeiro, oengenheiro eprefeitoPereiraPassos seinspirou naca VELLOSO, 2000,p.25. VELLOSO, 1996,p.22. A construção deavenidas largas,A construção das ailuminaçãoelétrica Para a execução do centro do Rio das de obras de reforma citadinos dealgumascidadesdaEuropa.Especialmente percepção easensibilidadeurbanas[...] percepção a o radicalmente fotografia, avião, modificam a automóvel o lógicas como o telégrafo sem fio, o telefone, o cinematógrafo, pela mutação dossentidosedassensações. Inovações tecno marcado mundo um [compreendeu] [...] XIX, século do final que se instaura no [...] a chamada “cultura do modernismo”, 47 art noveau art . 46 . ” daAv. Rio ------de sobrevivência. Deacordo comMoraes, obterem condiçõesmelhores as pessoas para mais oportunidades 48 espécie demal-estargeneralizado entreasautoridadeseossetores va ainda mais a impressão de desordem citadina, provocando uma de populaçõesadventíciasvindasdosdiferenteslugares aumenta ao fatodeque: mento doespaçourbano”.Concordamos comWissenbach quanto tido,também promover deveria oprojeto dereformas o“disciplina alguns setores como da sociedade um perigo iminente. Nesse sen das multidõessença nonovourbano foi espaço por compreendida senvolvimento de algumascidadesnolimiardoséculoXX,apre tável dascidades. insusten crescimento o refletia e sociais dissonâncias as evidente fosse caracterizado como um “inchaço”, que tornava ainda mais tambémemoutrascidadesdopaís) população (talcomoocorreu cialmente doRiodeJaneiroda comqueoadensamento —,fez cidades —proporcionalmente aoaumentodapopulaçãoeespe MORAES,1994, p.18. Em termos da fisionomia social das cidades, a conglomeração Para aléminerentesaoprocessode taiscaracterísticas de das afaltadeexpansãodainfraestrutura Em contrapartida, mais rústica. encontrava nascidadesenãonoscampos, ondeavidaera cura de doenças, higiene e aquisição de bens de consumo se prego, comunicação, informação, educação, abastecimento, inicialmente nesseslocais;afacilidadedeem concretizaram dos problemas econtradições, defato, os“progressos” se os homens foi muito forte, até mesmo incontrolável. Apesar A atração realeimagináriaexercida pelasmetrópolessobre 48 ------

E-BOOK | 33 E- BOOK | 34 invadindo mercadosepraçaspúblicas. cotidianamenteasruas, Li moradias coletivas enoscortiços,insalubres dacidade, nasáreas retinto,lato echegando ao negro localizadosindistintamentenas iam dobrancoaoestrangeiro ou nacional pobre, passandopelomu tifacetadas dediferentesetniasecomposiçõesmestiçagemque revoltascoletivas espairava-sefiguras [...] de mul direção na agora provinha da figura dos escravos, em suas rebeldias domésticas, suas dominantes. O temor social,que nas épocasanterioresàAbolição 49 lada caram semumaresposta da população. dacanção intitu Os versos fi não público, espaço no quanto africano culto de casas minadas às comunidadesespecialmente tanto emdeter negras, realizadas cana. distantesdocentrocom suacultura, paraáreas dacapitalrepubli daquela sociedade que as compelia, juntamente como partícipes descendentes. Era difícil para as classes populares se reconhecerem da maioria população, e por negros parte compostaemgrande easnecessidades entre ospressupostos das elitesgovernamentais que as suas contradições se faziam notórias. Abria-seuma lacuna dado conflituoso, ambiente num processava-se XX século do miar centrais tos demodernização, eeuropeização embelezamento dos cenários num momentoemquesebuscava, projeviabilizar nascidades[...] porque estasirrompiam sas populaçõeseramaisacentuadoainda meios devidaeexpressõesculturais, oimpactoocasionadopores vres detutelasdiretas, vistas comomultidão indisciplinadaemseus WISSENBACH, 1998,v. 3,p.92. Paladinos dacidadenova As perseguições policiaisfeitasàsfestividadesAs perseguições destinadas do RiodeJaneiroda cidade urbanização A crescente noli 49 . demonstramtalaspecto. ------51 Concordamos com Da Matta quando afirma que no carnaval “as regras, rotinas e rotinas regras, “as carnaval no que afirma quando Matta Da com Concordamos 51 94). car,o carnavalcantados desde dorefrãoeram osversos de1905(ALENCAR, 1979,p. Disponível em:.Disco sonoro 78rpm. Deacordo comAlen 50 Eduardo dasNeves. policial sentiam assimtãointimidadascomarepressão e, aomesmotempo,interpretação indicam que as pessoasnãose polícia me pegar /Pra Eu voufazerbarulho manifestações. Osversos: aresistênciados que praticavam forma, tais bém sinaliza, decerta aos sambas, com relação demonstram arepressão poroutro, tam É interessante observarmos que, se, por um lado,É interessante observarmos os versos Todo mêsetodoano Eu vou paraarua Os soberbospaladinos Vamos vernapassagem Venham, venham minhagente corre Corre, Pra políciamepegar Eu vou fazerbarulho Eu vou meembriagar, Refrão:Euvou beber, (...) Nossa liranochãoninguémderruba Venha comigo(...) Quem quiseraprenderamaxixar da Bahiacomonósdoissomos![...]A-ha... deoutros vagabundos, caboclos ninguém [...]perto valentes bos. Eu,aoladodo Baiano, estou garantido, porque não há Falado: O meuamigoBaiano Eu quero encontrar Paladinos da Cidade Nova

eu tenhoque fazer um rolo. Eu faço um rolo dosdia Eu vou beber / Eu vou me embriagar / /Euvoumeembriagar Eu voubeber . RiodeJaneiro: Odeon, 1907-1912. , apontamparaessa 50 51 . - - -

E-BOOK | 35 E- BOOK | 36 de seproibirem taispráticas. que continuavamdas tentativas adançarecantarosamba,apesar ferências dapolícia.Nessesentido, NeveseBaianoerammúsicos de origem baiana, os quais eram alvocomunidades de inter negras pelas realizados sambas pelos marcado ficou republicana capital ladinos dacidadenova”. da NolimiardoséculoXX,essebairro e o cantor Baiano 54 MATOS, 1997. sional daCasaEdison,pioneirana gravação noBrasil. dediscosgramofone PedroManuel 53 Teve(1870-1944). Santos dos profiscantor como atuação destacada 2010, p. 92-113). pulares dolimiarséculoXX.Foi umdosprimeiros agravar discosnoBrasil(ABREU, mais po também conhecido como Dudu das Neves ou Crioulo Dudu. Um dos artistas 52 Eduardo dasNeves(1874-1919).Cantor, Sebastião letristaepalhaçodecirco. Ficou (DA MATTA, 1990,p. 121). ações (beber, embriagar-se, docotidiano. sambar) que possivelmente jáfazemparte val. Nessaperspectiva, o período carnavalesco éum motivo para enfatizar algumas primeira na verificado estrofe, pode ser explicado pelo fato de a canção ter sido cantada nos dias do impositivo,Carna caráter o que Consideramos [...]”. emoções das e procedimentos adequados são modificados, reinando a livre expressão dos sentimentos a liberdade emulatos denegros nosmaisdiferentesespaçossociais, “tempo édinheiro” da —entreoutrascoisaspelorelógio, comanova ideia deque para otrabalho, jáqueavidanascidadespassava aserdireciona lação. evoltada deveria terumavidaregrada O“cidadãomoderno” popu da hábitos alguns modificar como mencionamos,bem já me acapitalumcentro urbanomaismoderno,horizonte tornar confor tinha como O fenômeno das reformas então capitalda República. àsvicissitudesda a umadassituaçõescontraditóriasconcernentes remete-nos cantiga Janeiro, tal de que Rio verificaremos do centro dos noperíodoemque aconteciam asobrasderemodelamentodo A modernização do Rio de Janeiro sobremaneira de influenciou Rio do modernização A foram dopressupostodequetais versos canta Se partirmos A cançãosugerequeEduardo dasNeves 53 54 (citado na quarta estrofe) estavam (citado naquarta entreos “pa . 52 (oautordaletra) ------que esse período é imediatamente posterior à abolição da mão de que esse período é imediatamente posterior à abolição mitava os espaços para sua realização. Nãosepode perder devista manifestações, ao mesmo tempo que deli determinadas perseguia negócio assim[...] pareciaatéque você eracomunista, um ba] era uma coisa horrível, Donga, inclusive noque diz respeitoaossambas. Naspalavras domúsico 56 CARVALHO, 2001,p. 53. ro, em12/04/1969. concedido por Donga ao Museu da Imagem edo Som do Rio de Janei55 Depoimento realizados pelasTiasBaianas. que ambos relatam reuniões,percebemos festas, bailes ou sambas tecer. dos cancionistas Donga e João Nosdepoimentos daBaiana, os sambas continuavamurbe que se pretendiamoderna, aacon nãoseadequavamalgumas práticas dascomunidades negras à mente aofutebol caso damúsica,nosreferimosaosamba,e, noesporte, especial à músicaeaoesporte.culturais relacionadas manifestações No algumas ressaltamos mencionada, possibilidade paraaintegração co.disso, Diante como que seapresentaram os elementos dentre do preconceito étni formais, sejapelacontinuidade/permanência proporcionava perspectivas deinclusão, sejapormeiodeempregos continuavamunidade negra aconviver comumcenárioquenãolhe edelazer.constituir elementosdeintegração a co Especialmente ciais buscavam alternativas quepudessem,dealgumamaneira, éflagrante. dade negra obra escrava, àcomuniem relação razãopelaqual aintolerância Não obstante o fato de o projeto de reformas determinar que determinar Não obstanteofatodeprojeto dereformas tambémdessesaspectos,A partir diferentes segmentosso Na tentativa de“civilizar” apolícia acapitaldaRepública, “ Nós andávamos dapolícia.[Osam comasperseguições 56 55 . . ------

E-BOOK | 37 E- BOOK | 38 temporâneas de Amélia [uma das Tias Baianas e mãedeDonga] comasfestasque de Amélia [uma dasTiasBaianas temporâneas das mulheres a centralidade Moura“éfácilperceber con 59 Deacordo comRoberto 58 VELLOSO, 1990. em 12/04/1969. concedidoporDongaaoMuseudaImageme doSomRiodeJaneiro57 Depoimento sóciocultural dades deintegração ciedade doperíodoenfocado, encontravam nesseslocaispossibili que,recém-chegados àcapitalda República, marginalizadosnaso cionavam como espaçosdeconvivência econtatoparaosnegros clusivamente destinado aos pais bavam exercendo umpapeldeautoridade, que deixou deserex respeito eprestígiodosdemais“parentes”. encontrar nelasalgumasmulheres que despertavam aadmiração, o Era comumfamília”. a“grande no interiordascomunidades negras tamento dasrelaçõespessoaisbaseadasno elemento étnico, surgiu culos étnicos, laçosdeafetividade edeconvivência.Com oestrei consanguíneos. Oparentescosefundamentava tambémpelosvín organização dessasfamíliasnãosedava somentepormeiodelaços da Saúde e da Cidade NovaOcupando especialmente os bairros de escravos. as“tias”descendentes tinham comoelocentralizador e dereferênciacultural e redesdesolidariedade tuíram importantes a cidade do Rio de Janeiro de meadosdo século XIX consti a partir Essas mulheresa serchamadasde“tias”, eaca passaram para deorigembaianaquemigraram As comunidades negras crescendo aí dela,comadresetal.[...]demodoque eu vim conterrâneas sim comohavia naminhacasa,havia emtodasascasasde profissional nem coisa nenhuma...era festa. De modo que as tejavam um rito que era nosso, não era como sambista nem sambista,pessoasque fes porque nunca houve certamente reuniam ospioneiros sambistas...sambistas nãodevo dizer ela trouxe issono sangue, baiana,trouxe isso e láemcasase reuniõesdesambaporque [...] minhamãerealizougrandes 57 . 58 59 . As casas das “tias” baianas fun . , a ------e bebida. Aesserespeito,e bebida. que Dongaafirma festas chegavam aterumasemanadeduração, commuita comida mento daspopulaçõesmenosprivilegiadas economicamente. Tais diverti de formas nas importância significativa tiveram XX século tudo as de descendência baiana)do Rio de Janeiro no início do capítulo intitulado “A Pequena Áfricaeoreduto deTiaCiata”. Onze). Cf.Visconde deItaúna(próximaà Praça MOURA, 1983. Vero especialmente residiu na Rua General Câmarae, na Rua em seguida, naRua da Alfândega e depois Nascida em23/04/1854,chegou seata. ao Rio de Janeiro noanode1876. Inicialmente 61 Emalgumasobrasseunome encontra-se escritocomoSiata,Asiata,Assiataou As em 12/04/1969 concedidoporDongaaoMuseudaImageme doSomRiodeJaneiro60 Depoimento (MOURA, 1983,p. 63). expandia aafetividade docorpo, atualizando oprazereafuncionalidadedacoesão.” eram realizadasem homenagem aossantos, encontros de músicaeconversa ondese comunidades,do cotidianodasreferidas mos quepráticas aexem de TiaCiata,bemcomooutrastiasbaianas. Prazeres, Sinhô e Donga eram frequentadores assíduos dos quintais (Alfredo da RochaViana—1898/1973),JoãoHeitor dos daBaiana, baianas” teriasidoaTiaCiata sos, sociaisemusicais. Certamente,amaisconhecidaentreas“tias puderam realizar encontrosonde ascomunidades religio negras et prpcia ns ns ncas a eúlc, verifica República, da iniciais anos nos perspectiva, Nesta locais como configuraram-se baianas” “tias das casas As As festividades (sobre pelas comunidades realizadas negras em suas casas e tal. [...]Chamava-se abarracar. [...] Abarraca pre foi muito farto. Demodoquetinhaoprazerdereceber que baiano semprefoi farto. Nãoéquerer elogiar, massem Aquilo que o baiano tem no coração erao que se dava. Por evoltavatrabalhar pralá,compreende?Onegócioeraassim. prazer daquilo, dafestaeratantoque o sujeitodescia,[...]ia O Na minhacasahouvesambadeoitodiasininterruptos. eu tava ali.Praondeéqueeuia va oitodias. Eufreqüentava. Naminhacasatava osamba,e . 61 . CompositorescomoPixinguinha 60 . ------

E-BOOK | 39 E- BOOK | 40 pessoas origináriasdediferentesclassessociaiseétnicas. populações negras, bem como na convivência destes cidadãoscom festivas, socialdas tiveram papelimprescindívelparaaintegração constituída” provisada nosespaçosdopossível,masquasesempretenazmente dimensões de uma privacidadeobrigados a forjar muitas im vezes peculiaresa homens e mulheresção e desociabilidade que foram plo dossambas, “deixaentreverconcepções, padrõesdeorganiza aquilo lá”. bas, oque era eraintimadopara iràdelegaciaporque “o Seu delegado queriasaber sam dos realização a após que, relata músico o quando evidente fica aspecto Esse 64 em 12/04/1969. concedidoporDongaaoMuseudaImageme doSomRiodeJaneiro63 Depoimento 62 WISSENBACH, 1998,v. 3,p. 129 musicais reforça anossa instrumentos utilização dedeterminados nham comofoco diretotaismanifestações. tiam ossambas em queconsis exatamente das autoridadespoliciaisnãosabiam palavras deDongasinalizamquehavia ocasiõesemquealgumas com relação aosamba.As da República a atitude de representantes com ofendido sentia se músico o Verificamospopulações. que das alcançado, bem como uma questão que envolvia a moraldasreferi [...]” A ignorânciaeradessaforma. aquilo lá.Ora,você oqueera Seu delegadoqueriasaber jápensou? o [...] intimado pradizernadelegacia. um sambaedaíapoucoera Nas palavras domúsico: “vocêDava [via]sua família desfeiteada. concedido aoMIS.Donga ressaltouesseaspectoemdepoimento a intromissão deautoridades policiais tambémno espaço privado. e culturalnoespaçopúblico, conviviam aspopulaçõesnegras com A intolerância de alguns integrantes dapolíciacomrelaçãoà A intolerânciadealguns integrantes ser a privilégio um significava sentido, nesse privacidade, A Como se nãobastasseaimpossibilidade de expressãosocial 62 . Consideramos que os sambas, enquanto reuniões 64 . Podemos nãoti considerarqueasperseguições 63 . ------tintas. concedidoporDonga,omúsicoressaltaa Nodepoimento dis coreografias e práticas de tratar se por manifestações nessas erautilizadonasduaspráticas visto quetalinstrumento jetivo deprevenirtantoaexecução dosambaquantodebatuques, ro. Noimpedimentodesetocarpandeiroimplícito oob podeestar dido aoMIS, por tocar pandei quechegouaserpresováriasvezes samba. OmúsicoJoão daBaiana deque as proibições nãoeramexatamentecontrao interpretação em 12/04/1969. concedidoporDongaaoMuseudaImageme doSomRiodeJaneiro67 Depoimento de timbres(WISNIK,1989,p. 40). das percussões(tambores, guizos, gongos e pandeiros), bem como de umadiversidade A músicamodalévoltadacampo modal. forte com apresença a pulsaçãorítmica, para constitui o principalelemento caracterizadordasexperiênciasmusicaisao relacionadas religiosos praticados pelos descendentesdeafricanos. A presença detais instrumentos percussivos dosrituais 66 Outros tambémfaziam(eaindafazem)parte instrumentos Som em24/08/1966. concedidopor João65 Depoimento da Baiananoestúdio do Museu da Imagemedo sambas. aos relação com batuques dos coreografias nas presente diferença Certamente haviaCertamente variações do pulso e dos ritmos utilizados O batuque é quasetiririca,você oqueétiriricanãoé? sabe quadris, quesaibafazer. Comodiria. é sapateado. Énospés. Issonoshomenseasmulheres nos confunde sambacombatuque, não temnadadisso, samba tem tudo isso. [...]Nãotemnadacomo samba. O sujeito em pé, tudo isso. É coreografia da capoeira. [...] Na batucada você tiraooutrobranda, facão, [...] sentadoe encruzilhada, Porqueda capoeiragem. você temonomedaspegadasque ririca. Aquilo [o batuque]édaépocaescravagista. Épróximo moleque de sinhá. não me mate apareceu na capoeiragem é esse: responde] Pois Porque é capoeiragem. o primeiro cantoque [Donga pergunta aosentrevistadores, ele mesmo edepois 65 emafirmou, depoimento conce É por isso que tem o nome ti Tiririca é faca de cortar / Tiririca é faca de cortar 67 66 . - - - - -

E-BOOK | 41 E- BOOK | 42 à definição de sambas e batuques possivelmente dizia respeito às respeito dizia possivelmente batuques e sambas de definição à constituía um fenômeno raro. Entendemosque a confusão quanto pecto parece indicar que a indistinção entre batuques e sambas não nesse momento o músico utiliza um tom de voz exaltado. Esse as dentes. Quandoouvimos o referidodepoimento, que percebemos osaspectosque diferenciavamdades negras taispráticaseramevi com osamba”.Pode-se dascomuni suporque para osintegrantes 68 ABREU, 1999,p. 83. autora, batuques pelosnegros.praticados especialmente Deacordo coma os e lundu o entre distinção uma estabelecer em deles dificuldade do período,alguns relatosdeviajantes analisar a aautoraassinala musicaistha Abreuaosereferiraexperiências doséculo XIX.Ao única manifestação. Esseaspectotambémfoi ressaltado por Mar que em alguns momentos elasfossem como compreendidas uma cais ebatidasrítmicassemelhantesemtaispráticascontribuiu para e quenãotinhamumaafinidadecomtaispráticas. aoutras classes sociais e étnicas,opiniões de pessoas pertencentes Possivelmente musi ofato deseremutilizadosinstrumentos que “batucada nãotemnada Notamos que Donga adverte tre obatuqueelundu en deumanítidaseparação complicando oestabelecimento que seinterpenetravam,cussão eoviolãoeramelementos principalmente das ancas,corpos, o estalar dos dedos, a per questão. e/ouescrava, Apresençanegra omovimento dos curiosos, quevisitaramoRiodeJaneiro noperíodoem viajantes consultados — cientistas, reverendosou simples ferenças entreos lundus e os batuques nas descrições dos di as especificar é tarefa árdua outra XIX, século no neiro Dentre osestilospopularesdedançaemúsicanoRio Ja 68 . ------também uma falta de compreensão do queconsistiaosamba,bem também umafaltadecompreensão prática delundusebatuques, analisouAbreu. conforme à refere se que no verificado ser pôde aspecto Esse práticas). tais a para pessoasquenãoestavam(especialmente ligadas diretamente elas entre distinção a dificultar poderia práticas, diversas suas em ticas emcomum nos sons produzidos pelas comunidades negras, capital da República considerava capital daRepública que a utilização de determinados aos pretendidosealmejados padrõeseuropeus. como bárbaras econtrárias tais manifestações considerarem lação ção da mão de obra escrava, e o fato de alguns segmentos da popu mesmoapós a aboli Dentre estas, a discriminação que permanecia, negras, compreendia outras questões já apontadasanteriormente. às comunidadesrentes manifestações, especialmente pertinentes notadamente pelascomunidades negras. tamente uma minoria) com relação aos ritmos e sons praticados tatação deque havia dapopulação(cer umahostilidadedeparte Janeiro. Podemos considerar, nessesentido, queéinegávelacons dasociedadedoRio de ções foram marginalizadasporumaparte tal sonoridade.preende NolimiardoséculoXX,essasmanifesta capítulo, bemcomoarealizaçãodossambasebatuques, com depercussãoenasbatidasrítmicas. instrumentos tações tinham em comum, a saber, asonoridadefundamentadanos toridades policiaissevoltavam paraoselementosque tais manifes dessas questões, podemosconsiderarque está implícito que as au como das característicasque o distinguiam dos batuques. A partir No iníciodoséculoXX,uma parceladapopulaçãoentão dife às relação com verificada oposição a que Lembramos ressaltamosno início deste A prática do Entrudo, conforme De acordo concedidoporDonga,havia comodepoimento estamosapontando,Conforme ofatodeexistiremcaracterís ------

E-BOOK | 43 E- BOOK | 44 cialmente os residentes nos morros esubúrbios e osqueocupavamcialmente osresidentesnosmorros (espe terísticas comuns quantoàorigemsocialdosparticipantes Clementina ressaltaesseaspecto. prensa doRiodeJaneiro. Nolivro intitulado os cordões carnavalescos fossem daim alvo decríticasporparte que com fizeram que motivos dos um foi possivelmente aspecto percussivos potencializavainstrumentos adesordem citadina.Esse 2001, p. 211-212). Ver tambémMOURA,1983. desentendimentos, deixou oranchoO Rei deOuro (CUNHA, esse ranchoeformou aoranchoDoisdeOuro. integrou-se Ao chegar àentãocapitalrepublicana, Após alguns 70 Filhodeescravos libertos, HilárioJovino chegouaoRiodeJaneiro noanode1872. 69 CUNHA,2001. nãohavia XX, doséculo no limiar que, verifica Cunha poetas, e aexemplomarcações rítmicaserammaisfortes), doscordões. debrincar o Carnaval (cujas chos se comparados aoutrasformas ran dos desfile ao suave mais aspecto um atribuiu castanholas, do easpastorinhas dançando e tocan porta-machado porta-bandeira, dos ranchos, compreendendo décadas de1870e1910.A estrutura rios ranchos carnavalescos na cidadedo Rio de Janeiro entre as ça sonora”. sopro. Tais diferen práticascompreendiam“umanadadesprezível de cordasão maisleve, ede dos instrumentos compredominância são acompanhadadocanto. Os ranchos apresentavam umapercus bumbos e tambores,percus pela especialmente caracterizando-se como que oscordõesra assinala tinhamnasuabaseinstrumentos os elementosquedistinguiamtaismanifestações,Dentre aauto marcantes. como diferenças bem braçal), trabalho de profissões Após empreendido porjornalistas, políticos analisarodebate Hilário Jovino De acordo com a autora,ranchos e cordões possuíam carac 70 teve participação centralnafundaçãodevá teveparticipação Ecos da Folia 69 , Maria ------década de1910.SegundoCunha,taldiferenciação demeados dadécadade1900atéa duas manifestaçõesapartir entanto,essas entre umadiferenciação a perceber aautoracomeça na imprensaumadistinçãoevidenteentreranchosecordões. No 72 WISNIK,1989, p. 72. 71 CUNHA,2001,p. 156. instigando asinterferências policiais. notórias, elementopormeiodoqualessas festaseram importante depercussão),provavelmentede instrumentos constituíramum originários ritmosetimbres(especialmente endendo determinados peito aossambas, ossonsqueemanavamcompre prática, dessa tas atribuíssem aos cordões adjetivos negativos. epoe Entendemos que tal aspectocontribuiu para que jornalistas que osdistinguiadosranchos.marcante um aspecto compreendeu Conforme já apontado,Conforme noscordões apercussão mais forte definir-lhes critérios exteriores de legitimidade. Era também Era legitimidade. de exteriores critérios definir-lhes carnavalescas nasmanifestações e um recorte estabelecer o exemplo decima—,tentava-se e incorporar de absorver tura pelopovo honesto”, capaz —coisadegentedo“labor da altacul de legítimaexpressãodoaprendizado o caráter ranchos”. [...]Naverdade, quandoseatribui a essesgrupos designadoscomo sa entusiásticaeintransigentedosgrupos do,seguintes, naimprensadasdécadas umaposiçãodedefe maisforte, cadavez generalizan praticamente [...] setornou cia, namarginalidadeenobarbarismo. buir aos cordões uma imagem negativa, centradanaviolên exemploscrônica jornalística numerosos do esforço em atri que oselogios brotam paraosranchoséfácil encontrarna indesejável dos cordões. Assim, no mesmo movimento em e rebelde supostamente atitude a desqualificando e ranchos urbanos, valorizando afeiçãomorigeradaque se atribuíaaos detrabalhadores debalizaroscomportamentos uma forma

71 72 No que diz res ------

E-BOOK | 45 E- BOOK | 46 acordo comesseautor, associedades, aofazermúsica,empreen “paisagem sonora”.Essadenominaçãofoi dada por Wisnik. De uma por influenciada era sambas aos quanto polícia da tegrantes supor, nessesentido,de algunsin quearepressão/interferência Podemosna) por uma parceladasociedadecapitalrepublicana. com a “civilidade” urba pretendida(naquele processo de reforma nãoeramcondizentes perspectiva dequeosreferidosinstrumentos 74 Depoimento concedidoporDongaaoMIS em12/04/1969. 74 Depoimento 73 WISNIK,1989,p. 72. dapolícia,bemcomoàobstinadaorganização tissem àsrepresálias resis sambas os que para influenciou aspecto esse que tendemos coisa muito natural,eraumdespeitoque nós tínhamosjusto” que samba não é isso. [Algo que deve ser proibido] [...] Isso era uma sentimento deindignação:“Nóstemosquemostrar aessagente do ambientenoqualossambas/festaseramrealizados. percussivos que faziam parte não compreenderamosinstrumentos samba no verificar canção(tal como podemos por que os sambas no formato em parte Essa questãoexplicará por essa“paisagemsonora”. pecialmente eramapreendidas(emarginalizadas) es os sambas—certamente eslava, japonesa, napolitanaououtra” ouumapaisagemsonora,sejaelanordestina, mente “umterritório frequente reconhecemos e modulações, tonalidades as fiquemos Quando ouvimos alguns trechos musicais, mesmoque não identi emdetrimentode outros. sons, ritmoseinstrumentos terminados dem primeiramenteumprocessode detriagem,istoé,selecionam Voltando àsinterferências policiais, Dongademonstraum As práticas das comunidades negras — de modo particular — de modo particular As práticas das comunidades negras Taisque noperíodoenfocado questõessinalizam havia a Pelo telefone ), circunscritos à décadade1920, 73 . 74 . En ------entender qual o significado do termo samba para se compreender se para samba termo do significado o qual entender aquestão aoMIS,em seudepoimento nãoencerra sambista o Baiana da João afirmou proibido”,como era tal “samba apontando, estamos Conforme dizerquenolimiardoséculoXXo pelos músicosDongaeHeitordosPrazeres.uma questão ressaltada dedescendênciabaiana. des negras social e cultural dos ex-escravos, com comunida tal como ocorreu Cravo Albin. jo, Ilmarde Carvalho, Aloísio de Alencar Teles, BragaFilho e o diretor do MIS, Ricardo 77 Osentrevistadoressãoosseguintes: João Ferreira Gomes(Jota Araú Efejê),Mozart concedidoporDongaaoMISem12/04/1969. 76 Depoimento concedidoporJoão75 Depoimento daBaianaaoMISem24/08/1966. samba. termo ao significados mais associa e vez uma mais impaciente tra dodepoimento,sim dançaefesta.Nessaparte Dongasedemons comentam sobreofatodequesambaaindanão eracanção, mas nos homens, e as mulheres nos quadris”. Os entrevistadores Nas palavrasdança. deDonga,“sambaésapateado. Énospés. Isso de significado o atribui-lhe samba, ao Quanto batucada. da grafia me jáassinalamos, o acoreo músico descreve detalhadamente ção de festas que eram realizadastambém com batucada. Confor samba. Batucadaéumaproximidade dacapoeiragem também. [...][e] no fundo tinha batucada [...]”. E batucada não é as festas. Comosediz,sambanacasadefulano. Mastinhachoro sas, cadauma no estilo decadauma.Tanto que as baianasdavam não eracanção. o que estava sendoproibido. O que se supõe é que o sambaainda Notamos que Donga utilizaapalavra sambacomodesigna Segundo Donga, os sambas “eramasfestasrealizadasnasca As proibições aossambasnolimiardoséculoXX constituem 75 . Énecessário 76 . 77 então ------

E-BOOK | 47 E- BOOK | 48 NI, 2001,p. 101). e convivênciacomida, bebida (SANDRO separadamente” nãopodemserconcebidas acordo comSandroni, apalavramúsica, sambaerasinônimodefesta,naqual “dança, 79 SODRÉ, 1998, p. Sandroni 21.O autor Carlos também ressaltouesseaspecto. De concedidoporDongaaoMISem12/04/1969. 78 Depoimento sambas, devemserpensadascomo práticasculturais cujo sentidoé questão tambémassinaladaporMunizSodré: separadamente.impossível explicá-las Esseaspectosinalizauma religião constituem práticas tão imbricadas que, paraele, parece de acordo domúsico, comodepoimento samba,música,dançae samba noiníciodoséculoXXapontaparaumaquestãoimportante: venções dos entrevistadores — ao ressaltar ascaracterísticasdo com asinter falta depaciência alguns momentosdemonstrando conjunta.AmaneiracomqueDongaseexpressa — em do deforma As reuniões das comunidades negras, também denominadas Verificamos então os elementos: festa, dança e religião atuan numa casaoucoisaquevalha. Issoéoquehavia...” candomblé? Afoxé. É assim. O samba érealizadocom festa bista prossegue] É Festa. o que é que se dançano E sabe que nãosabe,e alguémresponde entrevistador o sam então oqueé?O[Dongaperguntaao é candomblé?Sabe amor de Deus, nãofaz isso não. Olha aqui, você o que sabe as perguntas...Meu querido, nãofazessasperguntas, pelo “Dá licença,euvou explicarumbocadinho, porqueàsvezes tão. socialemques ou nosistemadetrocas simbólicasdogrupo uma peçamusical temdeserbuscadonosistemareligioso O sentido de visível (o aiê, emnagô) e oinvisível (o orum). o processoentre oshomenseomundo deinteração — danças, mitos, deacionar lendas, objetos—encarregadas aoladodeoutras da umafunção autônoma, masumaforma a músicanãoéconsidera Na culturatradicionalafricana[...] 79 78 . ------os rituais religiosos negros eossambaspodeter contribuído para os rituaisreligiososnegros aumadança,festaou prática musical.do que a simplesrepreensão aos sambas, significava a negação de valores culturais mais amplos comrelação dapopulaçãoentãocapitalRepública, uma parte podemos considerarque, parataiscomunidades, ahostilidadede quais: mitos, crenças, músicas, dançaseobjetos. Nessaperspectiva, dediferenteselementos, da integração dentreos a partir construído 81 WISSENBACH, 1998,v. 3,p. 84. domúsicoconcedidoaoMISem24/08/1966. 80 Depoimento relacionadoàsproibições comrelação aossambas.importante Ve tos intitulados Tais de suacarreira. mesmo arespeito escritos feitosporele escri musical, foram publicados no jornal para asproibições impostasaossambas. os referidos músicos atribuem às práticasreligiosasasjustificativas dos Prazeres. Noentanto, emnenhum momento dosdepoimentos dossambistasDongaeHeitor nosdepoimentos correlacionadas os rituaisreligiosos.antecediam Tais práticastambémaparecem exemplo, sambasebatuques em impedir práticasconsideradasimorais,ço da Igreja como, por religiosa.”vinha aparte Primeiro dosamba. depois tecia haviarecreativa aseção edepois doritualacon A parte no mesmodia,maseraumafestaseparada. vinha ogegê,nagôeangola.Osambaeraantes. Ocandombléera referidos rituais. Segundo esse músico: “Havia o candomblé eneste aestes.as perseguições João dos daBaianarelataasocorrências No anoemqueDongacompletou50anosdecomposição Nos primeiroshouve umesfor anosdoséculoXXnoBrasil, entre existente estreita relação a que afirma Sandroni Carlos As memórias deDonga 80

81 que, apontou o músico, conforme Tribuna da Imprensa apontam paraum aspecto alguns - - - -

E-BOOK | 49 E- BOOK | 50 manifestação culturalnãoeraunânimeenemmesmoconstante. essa a repressão a que entrever deixa sambista esse que rificamos (ABREU, 1999,p. 344). carnavalescoscom seus apresentaram-se sambas ebatuques” vários ranchos e grupos a ser proibidos em1916 o samba e os batuques, o que há algum tempo não ocorria; em1912,voltaram os respectivos do impedimento desetransportarem instrumentos; explícitas nãoforam constantes. Em1907,porexemplo,os sambas, liberaram apesar ciais com o violão, batuques e sambas, vistos como fontes dedesordem, as proibições ções, Abreu das implicânciasautoridadespoli ressalta que“[...]apesar Martha 27/04/1963. No que diz respeito às circunstâncias emque eram feitasaspersegui 82 CABRAL, Sérgio. Música naquela base. Jornal dos históricos anteriores aele)eram alvo de repressões. Dentre tais — que tiveram lugar no limiar do século XX (bem como a perío às comunidades especialmente festividades negras —pertinentes Tal práticas/ com os sambas, determinadas como ocorreu dar explicações por estar dançandoo samba, esteque toda cercados pelapolíciadeentãoeintimadosair no distrito gular,em festasíntimas, nasuaprópriaresidência equeeram vexatória dosque vinham sofrendo apressãobárbaraeirre nior e dr. Flores da Cunha e outros, foi modificada a situação marcou aépocado dr. Virgulino de Alencar, dr. Montelo Jú substituíram estes no exercício de delegadopolicial,como missários, atéaépocadosbacharéisemDistrito[Direito]que suplentes einspetoresdequarteirão, que são os atuais co alguns como delegadosdepolíciadoDistritoFederal,dos Guarda Nacional, existente na época dos quais conheci desdeostemposdos coronéisNa capitaldaRepública, eda tana Barros, tambémtenentedonossogloriosoexército te sob o comando do tenente Marinho ou do saudoso San Exército Brasileiro, quesemprenosprotegeu, principalmen cavalaria donosso do1ºou 9º regimentosdareferidaarma dos sambistasnãoestava naPenha deserviço opiqueteda polícia, pormedidadeprecaução, quandoporfaltadesorte trito. NafestadaPenha, pela os pandeiros eram arrebatados no Dis casos permaneciam gente admiraedança.Em certos Tribuna da Imprensa , Rio de Janeiro, 82 . ------encontravam espaçoparasuaexecução. as referidaspráticas,de impedimentospara ascomunidadesnegras de que,a compreensão para nãoobstanteaexistência é importante extensa Abreu.Acitação porMartha aoestudorealizado corremos que eram realizadas essas manifestações no final do século XIX, re práticas, destacamososbatuques. Arespeitodascircunstânciasem 83 ABREU, 1999,p. 282-283. manifestações das comunidades negras, de modo século que do XX. No se refere anos às primeiros práticas semantémnos com relação atais do governo Supomos que a atitude de representantes especialmente praticada pelas comunidades negras. anteriormente) rimos refe nos qual (à sonora” “paisagem à restrição a evidente fica que ramos os “ajuntamentos depessoascom tocatas, dançasouvozerias”. Conside culo XIX e que diziarespeito à realizaçãode batuques. Tal proibia código A autora destaca um código de posturas datado de meados do sé A autoradestaca um código os batuquesnãoestavamem lugarespúblicos. serealizando as multasa puniçãoe, estabelecer para que infere-se assim, mencionou apenas fiscal o 1866] de meados em Santana de questão [sobre a existência de batuques de pretos no Campo eramvariadas.suas possibilidadesdeocorrência Nocasoem indicando queas batuques nocódigodeposturasvigente[...] Diferentes títulos, epuniçõesdiziamrespeitoaos parágrafos riam serpagaspelorespectivo proprietário e,particular porisso, asmultaspelo Fiscalpode pensadas pois encontreievidências, otalbatuquerealizava-seem casa dos “pretos”envolvidos nastocatas.como de Destaforma, multa, como era de presumir, ao menos em tese, a situação a cadeia, caso não tivessem dinheiro para o pagamento da riscoosinfratoresdeiremdiretopara tigo 10º)correndo de pessoas com tocatas, dançasou vozerias” (título 7º , ar O códigoproibia nesteslocais[públicos]os“ajuntamentos particular aos sambas 83 . ------

E-BOOK | 51 E- BOOK | 52 fato deexistiremdivergênciastal códigoeasopiniões de entre de batuques, dançase tocadasdos negros. Acrescente-seaisso o turas municipais, havia alternativas que possibilitavam a realização duzidos especialmentepelascomunidadesnegras. festações, as autoridades mencionadas se voltavam contra os sonspro mani dessas respeito a específico conhecimento de falta Na destaque. e batuques,a “paisagem sonora” produzida constitui um elemento de 84 ABREU, 1999. ção dossambas realiza à respeito diz que no verificada ser pode também questão de umconsenso.posição resultante NolimiardoséculoXX,essa a proibição com relação aos batuques não significava uma opinião/ bição dasreferidasmanifestações. Prossegue aautora: das autoridadespoliciaisquanto àproi representantes terminados Notamos que, municipal, do governo entreos representantes

De acordo comaautora,dentro doprópriocódigo de pos O subdelegado do primeiro distrito escreveu uma longa car naria. [...]Pinheiro Machado achou um absurdo e mandou pandeiro. Ele sedava com meus avós, que eram damaço não fui.Pinheiro Machadoperguntou então pelorapazdo da Graçaeeu porquê.HouveumafestanoMorro saber tomava oinstrumento. oPinheirovez Uma Machado quis gente. Eu ia tocarpandeiro nafestadaPenha eapolíciame samba epandeiro[...] eramproibidos. a Apolíciaperseguia Janeiro [...] continuadores dos“batuques africanos” nacidadedoRiode umtipo eosteimosos de relaçãoentreasautoridadesdogoverno exemplarmente ilustram argumentos Seus fiscal. do alegações as desqualificando e batuques dos proibição ta à Câmara, em agosto de 1866,nãoconcordando com a , conforme aponta osambistaJoãoconforme daBaiana. 84 . ------86 GUIMARÃES, 1978,p. 78-79. Som em24/08/1966. concedidopor João85 Depoimento da Baiananoestúdio do Museu da Imagem edo saltado porFrancisco Guimarãesnolivro positivoum interesse Esse aspectofoi quantoàreferidaprática. res também demonstravamcentes àscamadassociaismaisabastadas perten pessoas samba, do marginalização uma verificar se de fato sinaliza que,dessa prática, e/ou eramapreciadores nãoobstanteo asuarealização estes, políticoseautoridades policiais)permitiam nime. A constatação deque diferentessegmentossociais(dentre A letra dacanção Como podemosobservar, aosambanãoeraunâ orepúdio Pinheiro Machado” “Adedicatória: minhaadmiração, JoãoSenador daBaiana. ordem paraoseuOscarfazerumpandeiro comaseguinte nº 1908.Pinheiro pegouumpedaçodepapeleescreveuuma a casadoseuOscar, oCavaquinho deOuro, Carioca narua poderia mandarfazeroutro pandeiro. Esclareciquesótinha da Penha. seeutinhabrigado e ondese quis saber Depois porque a polícia tinha apreendido o meu pandeiro na Festa fui na casadele e eu respondi que não tinha comparecido Eleperguntou por queeunão eda, napraçadaRepública. daCasaMo O Senadoeraalinaesquina,perto fui. [...] um recadoparaqueeufosseno Senado. falarcomele Eeu se podiadizeruma“coisadooutro mundo”! tempo, emque tomava a“elite”,alta roda, erao que parte da vendaou do açougue...e oportuguês O samba daquele admiradores,“seu” barão, gentegraúda: “seu”comendador que baianas tentadoras[...]que contavam naroda inúmeros cia otratamento de “Iaiá”e“Ioiô”.[...] E as baianas?Mas as sumidadeseos convidados, genteescolhida,que mere Quando seformava[...] aroda,eram osseuscomponentes Samba de fato 85 . , Na roda dosamba Na roda compostaporPixingui 86 : ------

E-BOOK | 53 E- BOOK | 54 fato o refrão( de diferentesclassessociais e étnicasnasreuniõesdesambas. Após nha ponível em:. 88 . 87 AlfredodaRochaVianaJúnior (1898-1973).Compositor, flautistaesaxofonista. por especialmente era caracterizado que o sambadepartido-alto IsmaelSilva tambémressaltouesseaspecto,instrumental. dizendo que esseestilodesambaeramais acrescenta íntimo”. Prazeres elevado dascoroas,denominação diziarespeitoao“partido mais não gostavam de sambarempúblico. Nas palavras domúsico, essa as senhorasque para Heitor dosPrazeres, era osambapartido-alto baianosdoRiodeJaneironegros noiníciodoséculoXX.Segundo to” nos leva a supor que a cançãofaz uma alusão aossambasdos enfocado. os sambas do período referem-se às reuniões nas quais ocorriam João daBaiana.Defato, concedidosaoMIS, emseusdepoimentos gêneros é ressaltadapelosmúsicos Donga, HeitordosPrazerese o estilo de samba denominado partido-alto. A prática destes dois as referidasfestas. Dentretaiselementos, ochoro assinalamos e Patríciointérprete Teixeira enunciaoutros elementosque traduzem baianas nosprimeiros seguintes, anosdoséculoXX.Nosversos o pelas tias das festasrealizadas a cançãodizrespeitoàpopularidade 87 ) seguem-se os versos quesustentamnossaanálise: ) seguem-seosversos , diz respeito, dentre outros aspectos, à presença de pessoas Apesar detersido gravada que no ano de1932,entendemos Especialmente a presença do verso “sambadepartido-al do verso a presença Especialmente Samba de partido-alto / Só vai cabrocha que samba de / Sóvaicabrocha Samba de partido-alto Branca cheirosa louro decabelo olé deanelouro Doutor formado E agentericadeCopacabana Só vai mulato filhodebaiana Samba de fato . Rio de Janeiro: Victor, Dis 1932.Discosonoro 78rpm. 88 - - Samba deFato ba” usadaparaenfatizarocarátertradicional,autênticodosam vezes é muitas partido-alto expressão “a que afirma Sandroniquando los Concordamos comCar para aexpressão“sambadepartido-alto”. Nós tirávamos eopessoalsambava, umverso umdecadavez” bista afirma que “partido-alto cantava-se em dupla, trio ou quarteto. um solo decavaquinho 91 SANDRONI, 2001, jantar àsaladevisitas”(SANDRONI, 2001) nições paraaexpressão. Vero capítulointitulado “Dasalade especialmente defi outras assinala Sandroni (24/08/1966). Baiana da João e 16/07/1969) mael Silva em (primeiro em29/09/1966; segundo depoimento depoimento concedidosaoMIS.90 Depoimentos (01/09/1966), HeitordosPrazeres Is 16/07/1969. 89 teses centraisdanossapesquisa. um reconhecimentoefetivo comocidadão. Eisaquiumadashipó ter para instrumento importante um significou canção em turado citadinos. Para os músicos das comunidades negras, o samba estru na emergência de novospapel importante hábitos e costumes dos sambas,popular, deentretenimento dentreoutrasformas terãoum mações motivadas pelodesenvolvimento doespaçourbano, os giadas economicamente. Nessaperspectiva, emmeioàstransfor populares (a exemplo dos sambas) atingiam pessoas mais privile crescimento urbano, algumas manifestações culturais das camadas e é marcada por um processotão capital republicana de reforma aspecto importante. NolimiardoséculoXX,períodoemque a en naestrofe dareferidacanção)apontaparaum destacada observar podemos ferentes classessociaiseétnicasnossambas(conforme Depoimentos concedidospelomúsicoem29/09/1966e Depoimentos 91 . Esse aspecto reforça nossa interpretação deque a canção . Esseaspectoreforça nossainterpretação Entendemos que a presençadepessoasorigináriasdi sambistas pelos feitas definições diversas Encontramos serefereaossambasrealizadospelastiasbaianas. p. 104. 89 . Na definição de João da Baiana, o sam o Baiana, da João de definição Na . 90 . ------

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CAPÍTULO 2

A CANÇÃO COMO POSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO SOCIAL

Eu precisava era aparecer. Uma forma que se pudesse com inteligência, concatenar aquilo tudo [o samba] e lançar. Eu sempre fui muito objetivo e fiz. Você tá entendendo? Sem pensar em dinheiro. Eu não tinha a menor noção, não sabia que a gravação ia dar nisso. [...] Fiz a coisa pelo instinto e pela roda mesmo. [...] Nós temos que mostrar a essa gente que samba não é isso. [...] E isso era uma coisa muito natural, era um despeito que nós tínhamos justo. Então eu tinha a minha revolta, então fiz. E não procurei me afastar muito do maxixe porque era o que estava em voga. De modo que eu fiz um crochê e deu certo92.

Na epígrafe, certamente Donga chama a atenção para a oca- sião em que resolveu gravar o samba Pelo telefone, no ano de 1917. O trecho do depoimento sinaliza que a gravação de um samba pos- sibilitaria uma notoriedade para o músico e/ou para a roda de sam- ba. Pretendemos neste capítulo discutir esta questão, bem como analisar alguns aspectos relacionados com o processo de estrutu- ração do samba em canção no formato de melodia e letra. Consi- deramos ainda que alguns elementos pertinentes ao processo de urbanização da capital republicana, como a emergência de novos comportamentos e o surgimento da cultura de massa, compreen- deram aspectos importantes no referido processo.

92 Depoimento concedido por Donga ao Museu da Imagem e do Som em 02/04/1969. E- BOOK | 58 urbano, osquaisinfluenciaram mudanças subjetivas nohomem ções representavam osnovos elementosconstitutivos doespaço fonográfica e o cinema, a rapidez e o aumento do fluxo de informa ne), asinovações urbano (bonde e metrô),aindústria notransporte telefo o e fio sem telegrama (como comunicação de meios novos cidades.ção circunscritaàsgrandes especialmente A chegada de da popula de vida impactaram sobremaneirao cotidiano departe tecnológicoseaemergênciadenovosnovos modos instrumentos 93 Essa ideia está bem articulada emSEVCENKO,93 Essaideiaestá bemarticulada v. 3,1998a. puderam adquiri-los. e, somente em momento posterior, os cidadãos menos afortunados dapopulação restritosaossetoresmaisabastados permaneceram e sonorasqueproporcionavam. Primeiramente, essesinstrumentos dapopulação,ram parte possivelmente pelasfantasiasimagéticas queimpressiona fonógrafos eosdiscosconstituíraminstrumentos cidades.diano dasgrandes Acrescente-seaisso o fato de que os aocoti especialmente das realidadesculturaispertinentes fruição ca estava diretamenteligadoaosurgimento de umanova de forma das cidades, nasquaisamúsicatinhapapeldedestaque. lares, cinemasebarescompreendiam asnovas dediversão formas entretenimento. Os cafés-dançantes, teatros, serenatas, festaspopu contribuíram para o aumento e para a diversificação dos espaços de As novas centros urbanos aspiraçõesdaspopulaçõesdosgrandes doano.no decorrer religioso equeeramrealizadas ao calendário no período do Carnaval, ou com as festas relacionadas ocorridas multidão que não se satisfaziamaisapenascom as brincadeiras uma compor vão República, da capital a para afluíram que nicas,e Nessa perspectiva, o desenvolvimento da indústria fonográfi sociais eét classes As populaçõesorigináriasdediferentes o séculoXX,achegadade transição doséculoXIXpara Na 93 . ------sambas — acompanharam o ritmo das transformações relaciona o ritmodastransformações sambas —acompanharam e osdiscos. Algumasmanifestaçõesculturais—notadamenteos populares eramgravadas comoobjetivo dedivulgar os fonógrafos naprimeiragravadora dediscosdoBrasil.Músicas se transformou sa população. Fundadanoanode1900porFred Figner, essaempre za apotencialapropriação da dosfonógrafos edos discos porparte da identidade 96 Segundo Slenes,linguístico constituiumadasprincipaiscaracterísticas oelemento 95 TATIT, 2004.Ver especialmentecapítulointitulado“A sonoridadebrasileira”. 94 Cf. NAPOLITANO, 2005.Ver o capítulo“MúsicaeHistóriadoBrasil”. rela temas com cômico-maliciosas letras compreendendo África, bantos tuques e dançastrazidosespecialmente pelosnegros las diferentes classessociais e étnicas. Sua origem remonta aos ba modinha algunselementosrítmicosdolundu e próximo do falante nativo da colônia. Além disso, à incorporou peias característicasdamodapor um vocabulário “mais natural” ventor,euroinspirados nasoperetas substituiu asletras/poemas Domingos Caldas Barbosa,reconhecidocomo seu in portuguesa. zes, emergianaqueleperíodoacançãopopularurbananoBrasil de Janeiro. da modinha e do lundu como principais matri A partir “musical-popular” noBrasile, demodoparticular, nacidade do Rio outros fenômenos, pela expectativa de consolidação de um campo de algumamaneiravinculadosaosaparelhosgravação. sentido, nasprimeirasdécadasdoséculoXX,ossambasjáestavam das com o processo Nesse de urbanizaçãodacapitalRepública.

a princípio era um estabelecimento comercial,masrapidamente a princípio era um estabelecimento O lunduéconsideradooprimeiro gênero aserdifundido pe A modinha surgiu em fins do século XVIII, derivada da moda do séculoXXforamdécadas As primeiras marcadas, entre A atuação daCasaEdison,nacidadedoRio de Janeiro, sinali Banto (ou

Bantu ) (SLENES, 1992,p. 48-67). 95 . 96 da 94 . ------

E-BOOK | 59 E- BOOK | 60 mente ao maxixe. Esse aspecto já tinha sido verificado por Heitor por verificado sido tinha já aspecto Esse maxixe. ao mente cais damodinhaedolundu, bemcomodeste gênero comparativa capítulo anterior. apontadono batuques também praticadospelosnegros, conforme rítmica maisacentuadaesensual.Alémdisso, assemelhava-se aos mento maisrápidodoqueodamodinha,bemcomoumamarcação cionados aocotidiano. De maneirageral,o lundu possuía o anda sil está muito da mais África perto do que da Europa [...]” (SANDRONI, 2001, p. 25-26). Ainda deacordo rítmicodascrianças”. comesseautor,pertório neste ponto, “[...] oBra da tradição musical africana “desde o re são utilizadas com frequência, fazendo parte síncopes as África, da música à refere se Porque ocidental. lado,outrono erudita sica na mú 99 Sandroniobservada ressalta queasíncopetambémpodesereventualmente e silêncio”. especialmente ocapítulo“Som,ruído ou pela dança(SODRÉ, 1998). Verpalmas, balançodocorpo tambémWisnik (1989), ausente comomovimento docorpo. Tal movimentação podeserfeitapormeiode rítmica apreenchermarcação po fracoestimula (ouvinte)formação dessa oreceptor um tempo forte, comaausênciademarcaçãodoprimeiro. A falta demarcaçãodo tem 98 Esseelementomusical peloprolongamento écaracterizado deum tempo fracopara lundu. Capítulointitulado“Dolunduaosamba”(SANDRONI, 2001). 97 Esse autor ressalta a dificuldade em diferenciar as musicaisformas da modinha e do De acordo comesseautor, apontadoporSandroni. dacultura africana, conforme a elementos presença dasíncope tais canções, é possível verificar um elemento em comum, a saber, a os respectivos gêneros musicais o lundu. Tais circunstâncias justificam as dificuldades em distinguir Villa-Lobos, paraquemomaxixe seriaumanova dedançar forma Carlos SandroniCarlos ressalta a proximidade musi entre as formas africano emnossamúsicadetradiçãooral alusões ao que há de é por síncopes que a música escrita fez ou sepreferirmos, vieram asemanifestarnamúsicaescrita; cana, éporsíncopesque, noBrasil,elementosdestaúltima [...] mesmo se a noção de síncope inexiste na rítmica afri 98 . Essa batida rítmica certamente estaria ligada . Essabatidarítmicacertamente 97 . Quanto à estrutura rítmicade . Quantoàestrutura 99 . ------de destaquedoBrasil,noque diz respeitoaoplanomusical, emana to sinaliza que, desde o final do século XVIII, já havia a expectativa “mal ultrapassavam Esteaspec ou da corte”. asfronteiras daigreja deautoresbrasileiros,obras musicais eruditas essascomposições de significativo número um período mesmo no existisse já embora em Lisboa,divulgandoDe acordo amodinhabrasileira. comTatit, sou as fronteiras musicais brasileiras. de 1775tevesucesso A partir ultrapas músico desse atuação A XVIII. século do final no dinha 101 LOPES, 2009,p. 2. 100 Ver Tatit (2004),especialmenteocapítulo “A sonoridade brasileira”. que afirma eram maispromissoras no espaço musical. A esse respeitoo autor Lopes assinalouque as possibilidadesdevisibilidade sociocultural tro, namúsica, negros emcomparaçãocomapresençadeartistas população. no tea Ao analisar atrajetóriadealguns atores negros nistas tambémpoderãoobterum maior reconhecimento junto à doqualoscancio a cançãopopularconstituiráumespaçopartir daprodução popular da apartir Seguindo nesse percurso, nosprimeiros anosdoséculoXX,

Domingos Caldas Barbosafoi o principaldivulgador da mo tista, erafamosoemtodoo Rio deJaneiro o CriouloDudu,quetambémseapresentava comocançone so echegou a excursionar pela Europa. Eduardo dasneves, cançonetistas edançarinosnegros, função específica de músico. Na primeira década, um duo de maiscomum, indoalémda passou asetornar tretenimento na indústriadoen virada paraoséculoXX,suapresença e mestiços.via um espaço razoávelparamúsicos negros Na comoteatro,século XIX,aocontráriodoque ocorreu ha africana. Ao longo dedescendência do paraartistas carreira Entre osmúsicos, havia muito mais possibilidadedeuma 100 . Os Geraldos 101 . , faziasuces ------

E-BOOK | 61 E- BOOK | 62 urbano emexpansão. Deacordo comJosé Tinhorão, Ramos queemergianoespaço na forma/canção marcantes se tornaram letras/textos que se aproximavam dafalacotidiana.Tais aspectos tuques africanosesuasmelodiaspossibilitavamde ainterpretação Suas composiçõespossuíamasbatidasrítmicasorigináriasdosba XX. século do popular canção a influenciaram Barbosa Caldas de 102 dacan ligados aoprocessoque estãointrinsecamente deformação a chegada dos aparelhos de gravação —, constituíram fenômenos cidade doRiodeJaneiro easinovações tecnológicas— dentreelas como padrãodemúsicabrasileira.O processo deurbanizaçãoda relevantes paraacompreensãodosamba foram particularmente chegada dapopulaçãoafricanaaopaís, asaber, osamba. tos do marcantes gênero desdea musical que vinha se formando por docancionistabrasileiro, bemcomoseconstituíamemaspec ções deDomingosCaldasBarbosajásinalizavam oestilode com TINHORÃO, 1990,p.167. Conforme estamos apontando,Conforme alguns eventos históricos Acreditamos queoselementoscaracterísticosdascomposi Certamente, presentesnasobrasmusicais alguns elementos sua próprialinguagem,através deumcoloquialismoquelhe em aopúblicopresente primeira vez sos sedirigirempela ia seradeseusver um tipodecançãocujacaracterística dos citadinosviriaaprovocarao alcance de oaparecimento Do pontodevistamusical, onovo gênero dediversão posto versos edasmúsicas[...] versos dos autores próprios os que do importantes mais figuras em setransformariam tor e seus ouvintes, que esses intérpretes cantor-a o entre intimidade de clima configurava um iguais imitava defalar. atémesmoaforma Essacomunicação entre 102 . ------disse Napolitano: por melodia e letra—, para o remetemos que popular” — formada daexpressão “canção porém nãomenosimportante to sumária, ção popular, sobretudo o samba. Para pon uma definição até certo 103 que hávariações dacultura daconcepção/recepção/apropriação em medida na contrário, Ao estático. e definido conceito um titui décadas iniciaisdoséculoXX. quadro da cultura popular urbana emergente no Rio de Janeiro nas que compunhao como umamanifestação pode sercompreendido de composiçãodosprimeiros sambas—entendemosque o samba no quedizrespeitoàsfestasquanto no que se refereaoprocesso —tanto às comunidadesrestrita especialmente inicialmente negras étnico. do cotidiano desse grupo Porparte ser uma manifestação de gêneroa designação compreendesse musical, osambajáfazia o sambaemergiuecomeçouaserdifundido. Emboraaindanão NAPOLITANO, 2005, p.11-12. Quanto à “cultura popular”, entendemos que elanãocons Quanto à“culturapopular”,entendemos Foi que das festasrealizadasnascomunidades negras a partir populares emédiasurbanas. socioeco Estanova estrutura timamente ligadaàurbanização e aosurgimento das classes gênese, no final do século XIX e início do século XX, está in e emocional(músicaparachorar, [...]Sua dedorou alegria. (música para dançar) ligada àbusca de excitação corporal intimamente e urbano mercado um a adaptada [...] gráfica”, “fonoé umproduto doséculoXX.Aomenosasuaforma tido amplo, oque chamamos “canção” e, particularmente, Aquilo que hojechamamosdemúsicapopular, emseusen cultural eaolazerurbanos, aumentasse interesse por um tipo de música,intimamente ligadaàvida nômica, produto comqueo docapitalismomonopolista,fez 103 . ------

E-BOOK | 63 E- BOOK | 64 mento Burke: mento Burke: popular” urbana,estamosutilizandooconceitosegundoentendi o samba como uma manifestação da “cultura Ao compreendermos àsculturaspopularesnoqueconcordamos.reto énosreferirmos cultura popularcomoalgoplural.SegundoPeterBurke, omaiscor Nessaperspectiva,e tempos determinados. devemosconsiderara deespaços históricaapartir uma construção popular demandam teóricassobre cultura de uma região paraoutra,asformulações 105 104 segue Burke: sentido, pros devemos considerarastrocas emutaçõesculturais.Nesse conceito, o quecontribui para suapermanente dinâmica. Além disso, do movimentação na justamente verificadas diacrônicas, e sincrônicas aspecto, aexpressãopodeconstituirinterpretações e temporalidades tar a noção de circularidade cultural discutida por Ginzburg GINZURG,1987. BURKE,1981,p.19. A essa interpretação sobre cultura popular devemos acrescen Europa moderna, a não elite era todo um conjunto de grupos anãoeliteeratodoumconjuntodegrupos Europa moderna, da nãoelite, das classes subalternas. Nocasodos inícios da cultura a oficial, não cultura uma como negativamente ni-la defi início de melhor seja talvez popular, cultura à Quanto de homogeneidade eque seria melhor usá-la no plural [...]. culturapopularnosdáumafalsaimpressão é que otermo gos sociais [...].Umaquestão hoje levantada frequentemente e os antropólo mais recentemente aos historiadores da arte ristas, e estudantes de literatura, aos quais vieram juntar-se aos historiadores. pelos sociólogos, É compartilhado folclo certamente, longedeserestringir em culturapopularestá, maior tizar o conjunto da nãoelite[...].O interesse cadavez e os camponeses (ou povose os artesãos comum) para sinte sociais mais ou menos definidos, entre os quais destacavam-

105 . Nesse 104 ------107 MORAES, 1994,p. 69. 106 em outras regiões depaís, atraídaspelas“novidades” da capital)já do RiodeJaneiropopulação urbana (bemcomoaquelasoriginadas divulgação do samba. Desde a segunda metade do século XIX, a cidades[...] grandes se misturavam peloscentros urbanos, movimentando diaenoiteas restaurantes,futebol, bares, cinemas, etc., que se multiplicavam e cafés-dançantes, casasdedança,circos, serenatas, festaspopulares, em teatros,difusão de massa.Essasrenovadas situaçõesocorriam mente, areproduçãoculturas jásevinculavam dessas aosmeiosde des centros urbanos.a produção Dealguma maneira, e, principal seorganizavam culturais das classessubalternas nosgran formas gundo Moraes: àcultura popular edemassa. Se dida tambémcomopertencente passa asercompreen essamanifestação as comunidades negra), social que o originou (no caso,seja, transpõeasfronteiras do grupo espaço urbano,ses sociaiseétnicascircunscritasaoemergente ou BURKE,1981,p.19-21. O teatro de revista certamente foi um importante veículode foi O teatro umimportante derevistacertamente Nas primeiras décadas desteséculo [XX], inúmerasenovas À medidaqueosambagradativamentediversasalcança clas quando aelitetinhageralmenteseretirado povo,do participavacultura da XVIII, século do final ao 2) e à Europa por volta do ano 1500,quando a elite geralmente referir-se:para quando usadoporhistoriadores diferente 1) por exemplo, culturapopulartemumsentido que otermo se na interaçãoe não na divisão entre elas[...].Concordo, isso a atençãodos estudiosos do assunto deveria concentrar- da elite (e estas tão variadas quanto aquelas) é vaga e por A fronteira entreasváriasculturas de um povo e asculturas 107 . 106 . - - - - -

E-BOOK | 65 E- BOOK | 66 de torná-las conhecidas, de torná-las poroutro, osucessoadquiridoporuma raram incluir suas canções nos números das revistas, com o intuito gumas revistas. Se, porum lado, oscompositorespopularesprocu polcas, maxixesincluídos e/oudavam esambaseram nomesaal de Álcool,RioBranco, ChanteclereoPalace Théâtre o táculo Apolo,destacaram-se o Teatro da Exposição de Aparelhos Praça Tiradentes. Dentre as famosas casas com esse tipo de espe demonstrava seuinteressepelosteatros derevistalocalizadosna toriedade, eram incluídosnosnúmeros derevista(ALENCAR, 1979). 109 LOPES, 2009,p. 4.Alencartambémdestaca váriossambasque, apósobteremno 108 TINHORÃO, 1990,p. 187. procissões), comoéocaso daFesta daPenha. mentos profanos músicaedança)religiosos (missase (quermesse, outro, comele do universo asfestaspopularescaracterísticas rural, eurbanos teatrose cinemas;por derevista,cafés-dançantes dernos diferentes ambientes.na capitalrepublicana Por um lado, os mo cultura popularedemassadaprimeiradécadado séculoXX. que osambaseconstituíagradativamenteda em umdoselementos Tiradentes.Praça de paraaideia Esseseventosforam importantes dospalcosda sucesso popularapartir ções atingiremumgrande can suas presenciaram que sambistas de geração da parte fizeram Sinhô” consecutivas. Onúmero contou com“osucessocarnavalesco de sucessodepúblico,obteve grande comcercade500apresentações companhia deteatro SãoJosé noperíodoenfocado, essarevista Pé deAnjo Consideramos queaexpressiva darevistaintitulada repercussão o teatro.o públicopara deatrair uma forma também era canção No quedizrespeitoaosespaçosdedivertimento, coexistiam Músicos como Pixinguinha, Donga e Sinhô, dentre outros, Nos primeiros anos do século XX, gêneros musicais como 109 . constituiumexemplo destaperspectiva. Produzida pela 108 . ------era divulgada na Festa da Penha, nós podíamos ficar tranquilos que música a “quando que afirma Prazeres dos Heitor músico pecto,o divulgavam dessa festa.A respeito desseas suascançõesapartir sica, da dança e da culinária. Os compositores desamba também como,manifestações dacultura negra, por exemplo, através da mú razão disso, referência epontodeencontro das afestasetornou negras, bemcomo pela populaçãopobre do Rio de Janeiro. Em a Festa daPenha foi aos poucos sendo ocupadapelascomunidades Disponível em:. 111 Donga. domúsico,110 Depoimento concedido aoMISem01/09/1966. telefone caso, otelefone. Alémdedenominaracanção, aexpressão decomunicaçãoestrofe —neste moderno serefereaumaparelho Baiano, acançãofoi gravada num disco da por Donga (melodia) e de Mauro de Almeida (letra), einterpretada canção na verificar podemos como ferentes dimensõesdavidasocial,bemcomonaesferamusical, tal elementos da cultura Esse rural. aspecto podia ser verificado em di de do RiodeJaneiro)à permanência concomitantemente ocorreu na cidade e urbana (notadamente tação deumaculturamoderna aquela músicajáeraparaoCarnaval” Nas primeiras décadas do séculoXX,oprocessoNas primeirasdécadas deimplan PortuguesaOrganizada pelaIrmandade desdeoséculoXIX, aparece no segundo verso daletra. aparecenosegundoverso Pelo telefone Para sebrincar Não sequestione, Que comalegria, Mandou meavisar, Pelo telefone O chefedafolia . RiodeJaneiro: Odeon,1915-1921.Discosonoro 78rpm. 111 . Pelo telefone 110 . Casa Edison . Composiçãode . A primeira pelo - - - -

E-BOOK | 67 E- BOOK | 68 o ofíciotranscritodolivro deAlmirante: lícia Aurelino que Leal,fora publicado pelo jornal no anode1916,devidoaumofício emitido peloentãochefedapo 113 Depoimento concedidoporDongaao MIS em02/04/1969. 113 Depoimento 112 ALMIRANTE,1977,p. 19-20. o assunto” Irineu Marinho pra setero samba aí.E acabou-se de foi areportagem forma do samba é destacada por Donga como fonte de inspiração paraaconstrução manifestação eraaceitanosespaçosdistantesdocentro dacidade. das manifestaçõesculturais, aexemplo quetal uma vez dosamba, possivelmentede determina também narepreensão empregados dos pelasautoridadespoliciaisquantoàproibição dosjogos eram proximidades daAv. Rio Branco. Supomos que os critérios utiliza que taispráticaseramtoleradasemregiõesnãoestivessem nas desordem.a issoofatodeque o ofício Acrescente-se nos sugere publicana aspráticasdejogo consideradasilícitasecausadorasde des policiaisemmanterdistantesdaregiãocentralcapitalre Outra reportagem, feita pelo mesmo jornal, no ano de1913, feitapelo mesmo jornal, Outra reportagem, assinalar quehaviaDeve-se umapreocupaçãodasautorida De acordo comAlmirante, aexpressão“pelotelefone” surgiu Pelo telefone pena deseremcassadasasrespectivas licenças” locais, compréviaciência,dentro doprazode30dias, sob Rio Brancoesuasproximidades asemudarem para outros gado que intimeosdiretoresdosclubesexistentesnaav. telefone recomendação minha esta oficiar, comunique-se-lhe se de todos osobjetosdejogatina.apreensão Antes, de porém, ao delegadododistrito,[...] ordenando-lheque lavre autode oficial. Recomende-se, outrossim, ao mesmo dele mesmo ao outrossim, Recomende-se, oficial. . Naspalavras domúsico, essa “Quemfez A Noite . Agradece aquela promoção do . Agradece A Noite 112 . A seguir, . pelo 113 ------. do Donga: qual o músico essacampanha.Segun explica maisdetalhadamente livro de Muniz Sodré, encontramosoutro através depoimento do lista IrineuMarinho, noanomencionado.pelo jornal lançada No Donga se refere à campanha contra o jogo, por iniciativa do jorna que a gravação oficial. que agravação possivelmente daletra queessaversão 115 Consideramos é maisconhecidado 114 SODRÉ,1998,p. 73. por HenriqueForéis Domingues(1908-1980)—tambémconhecido járessaltado Conforme um tema relacionado comouniverso rural. sustenta nossainterpretação. verno foram modificados para agravação. O depoimento de Donga do go uma crítica quanto paraumasátira à açãoderepresentantes sentido,1913 e1916.Nesse queapontavam osversos tantopara se jogar / Para uma roleta polícia / Pelo telefone / Que na Carioca / Tem / Mandou me avisar foi gravada. Énotóriaaestreitarelaçãoentreosversos: dosamba a criaçãodeumadasversões influenciado teria certamente mencionadas), reportagens duas nas Janeiro emrelaçãoàpráticadejogos (que constitui motivo central Nos versos dasegundaestrofe,Nos versos apresençade observamos Consideramos que a atitude controversa dapolíciado Rio de dio foi muito comentado. Istodá samba,penseieu semque a políciatomasseprovidências.plena rua, O episó em jogava-se escândalo: fez jornal o fotografia, uma Batida da redação,Marinho colocara perto no Largo da Carioca. e banqueiros, diantedeumas roletas depapelãoque Irineu jogadores ser fingiram Soares] Costa e Alves Eustáquio sa, Um dia,emplenatarde, OrestasBarbo [os repórteres eles 115 e os episódios ocorridos nosanosde ocorridos eosepisódios Pelo telefone , masque não O chefe da O chefe 114 . - - - - -

E-BOOK | 69 E- BOOK | 70 referimos intitulada peça e IgnácioRaposo. Criadaem1916,essacomposiçãointegrava a zados natoada aos queforam sãosemelhantes por Almirante—taisversos utili 116 ALMIRANTE, 1977,p. 16. sultado daurbanização, por mudançasemalguns dos seusespaços,con No período a quepertence a canção, o RiodeJaneiro passava,comore tamos apresençadeelementos concernentes ao universo ruraleurbano. bos. am entre semelhança significativa uma de reconhecimento ao quanto parte dacanção

Nesse sentido,aoprocedemos àleitura da letra na íntegra, no Ao comparar esse trecho com os versosencontrados na quarta 116 : Do seuamô. Sindô, Sindô Presa nolaço Sindô, Sindô Mimosa flor Sindô, Sindô Olha arolinha Sinhô, Sinhô Nunca sambou Sinhô, Sinhô É queaavezinha Sinhô, Sinhô Se embaraçou Sinhô, Sinhô Ai searolinha O Marroeiro Pelo telefone Rolinha do sertão, Rolinha do sertão, , concordamoscomavisãode Almirante . Aseguir,à qualnos orefrãodatoada de CatulodaPaixão Cearense - - - - - Nordeste, essegrupocantavatoadassentimentaisdoCariri em evidência o Nordeste doBrasil,bemcomomeiorural.Naqueladécada,estava mente às composições,de motivos sertanejos das regiões do Norte e do no período circunscrito à década de 1910, uma predominância, relativa das transformaçõespertinentes ao universourbanoemexpansão,havia, forme já apontamos neste trabalho. É interessante observar que,apesar 120 Depoimento concedidoporDongaao MIS em02/04/1969 120 Depoimento acima”. morro 119 MÁXIMO, 2010a. Ver damina intitulado “Omapa especialmente o capítulo [...]”(WISNIK,2007,p.56).dissipar fronteiras ou ligado a sua vocação brasileira, cruzar cultural para mesclado da singularidade da Paixão Souto. eEduardo Cearense aspecto sinaliza Esse o caráter “fusional e Catulo bem como Heitor os poetas Villa-Lobos, semieruditos o maestro Gonzaga, deles, neste sentido, Utilizaram-se a pianista Chiquinha eruditas. nas criações estavam118 Osmotivos bemcomo nascanções populares, presentes sertanejos (ALMIRANTE, 1977,p. 22). ri NélsonAlves, Palmieri, José(Donga), Raul Alves (Zezé), Luís Silva eJacob Palmie Santos dos (Pixinguinha), Osvaldo (China),Ernesto daRocha Viana Viana Alfredo pelosmúsicos formados Os OitoBatutaseram doBrasil. Nordeste típico daregião também utilizavam um vestuário junto musical Oito Batutas,cujos integrantes con o formou-se Caxangá, de Grupo do partir a 1920, de década da final No 117 maxixe, Dongarespondeque aspecto. Ao serquestionado se osambatem uma forma aproximada do zam o maxixe autores consideram que tenha sidonela utilizada ritmos quecaracteri

No quediz respeito à melodia da canção que é a coreografia. Cada música, cada modalidade desta tem adança modalidade cada música, Cada coreografia. a é que Porque o maxixe proeminente ou o sambatemumaparte a conheceroqueéseu. aprender culpe afaltademodéstia, o maxixe é diferente. Esses moços precisam aprender, des domaxixeEm parte nãotem.Eu soube como sair dele. [...] 119 Grupo de Caxangá . OmúsicoDongatambém admite parcialmente esse 120 . 117 . Vestidos com roupas típicas do Pelo telefone .

118 . , alguns - - - - -

E-BOOK | 71 E- BOOK | 72 música popular brasileira. Na maioria das vezes,maioria Na música popularbrasileira. éatribuídoaorit bem como dos diferentesgêneros que se inseremnatradiçãoda dosamba, musical gênero do definição e compreensão à quanto pelo sambistaapontaparaacomplexidade essa questão ressaltada do maxixe porque era oque estava emvoga” ção can da a construção gênero. Para referido do influência a afirma de sambadoEstácio. Cf. concedidopelo músicoem21/03/1968. depoimento asrodas começouafrequentar RubemBarcelos, pelo irmão, 1920, acompanhado Nadécada de emumafábrica. Sá comosapateiro onde, najuventude, trabalhou (1902-1975).Compositor. doEstáciode Barcelos 123 Alcebíades nobairro Morou 122 NAPOLITANO, 2007, p. 156. 121 perguntam oqueeleachoudasgravações dosamba litano. Vejamosquando osentrevistadores o queDongaresponde Bide desse aspecto, vale assinalaroquedisseNapolitano: mo o elemento que caracterizaria os diversos gêneros. A respeito Idem. Pelo telefone, 123 Os depoimentos concedidosporDongaepelosambista Os depoimentos No entanto, do mesmo depoimento, no decorrer o músico apontam para algumas das questões por ressaltadas Napo

Produto mais dasconvenções e interessesdemercado, além da performance direta além daperformance tural e como produto comercial revestido deefeitos que vão diversos, como canção,como identidadecul comodança, experiênciamusical, emseusaspectos de umadeterminada “gênero” éprecisoentenderagenealogia um determinado críticos eaudiênciasanônimas. Portanto, paraseentender comunidade musicaluma certa decriadores, empresários, por eredefinidas debatidas constantemente fluidas, dades cipalmente, deumaconvenção, deumconjuntoproprie senso comum. Trata-se,“ritmo”, como quer um certo prin do parâmetro pelo apenas define se não musical gênero o Dongadizqueprocuroumuito nãose“afastar 122 . 121 .

Consideramos que Pelo Telefone ------.

com ritmosdomaxixe possivelmente nãocompreendeuum objeti Podemos constatar, disso, apartir que a gravação deum samba indubitável. fato um constituía já gravada) canção na é, (isto final” da interferência a fonográfica, indústria indica quenoperíodoqualestáinseridaaincipiente claração do autor, você né?...Ficaruim” sabe exigente,uns negóciosquenãovai mastemsempre pelavontade Diz omúsico:“[...]Essenegóciodegravação... eunãoquero ser 125 Depoimento concedidopor BideaoMISem21/03/1968. 125 Depoimento concedidoporDongaaoMISem02/04/1969 124 Depoimento quais eramosritmosemúsicasdasfestas, Donga responde: zadas nascasasdastiasbaianas. Aoser perguntadoarespeitode 1920) nãorepresentava totalmenteasexperiênciasmusicais reali fato dequeessesamba(bemcomooutros, gravadosde nadécada ração aoanalisaracanção com ogostodopúblicojáinfluenciavagravações. as no limiar do século XX. Nessecaso, que a preocupação percebemos mente porsetratardeumadançacomrelativa popularidade em gravar canções com ritmos característicos do maxixe, possivel tinham maisritmo” como osque eram gravados. Segundo Bide, ascançõesde“Sinhô va ao violão. Os sambas que Sinhô fazia não eram tão “amaxixados” am diferentessecomparadoscom a maneiracom que ele os canta tar deacordo comofatodequeossambasgravados porSinhô saí exemplo quereforça essainterpretação. O sambista demonstraes vo apenasdomúsico. No depoimento concedido por Bide encontramosmais um No depoimento Outra questão importante, eque devemos levar emconside 125 . Podemos suporquehavia umaconvenção Pelo telefone 124 . Entendemosqueessade Casa Edison , estárelacionadacomo .

no“produto ------

E-BOOK | 73 E- BOOK | 74 falava: “o fulano deu um samba”, o samba eranasaladejantar, o festejando. Dentro dascasasvocê encontrava , equandovocê disso,e nãotinhanada tinha boate você encontrava todasascasas compreende. Você encontrava emépocasfestivas.não NoNatal ra, os outros estilos de festas havia era nasoutras casas, isso sim, musical. EladavaAgo eraumasfestasassimdesamba,esporádica. nada,acasadelanãoera A Ciata nãosabia lando aínaCiata... plexo quevocê nemqueirasaber. Por exemplo, você tásemprefa 127 126 Cf. domúsicoaoMISem02/04/1969 Depoimento quando dizque questão foi ressaltadaporSandroni. Concordamos comesseautor canção deumahoraparaoutranãoseriamesmopossível.Essa endiam essasquatro práticas. em Entendemosque transformá-lo nas quaishavia choro, samba,baileebatucada.Ossambascompre entrever que tais festasnãoeramcomoosoutros estilos defesta musicais.tão frequentesenãoeram não eram Ciata Aindadeixa baile eranasaladevisitasenofundoabatucada SANDRONI, 2001,p. 119-120. Verificamos que Donga afirma que as festas na casa de Tia de casa na festas as que afirma Donga que Verificamos Eu nãopossoadivinhar,é umassuntotãocom porqueesse meras paródias;agravação emdisco todas asimprovisações transforma rigidez posterioresem paraabanda; a letraimpressa,cuja o arranjo mercializada; para pianoaserco a partitura que sedispunha naépoca: mas capazes de aos adequarem-se meios de divulgação de sem dúvida novas relações).Emoldarestesobjetosemfor entre os biombos da sociedade (criando na sua passagem pessoas,entre resíduos, destacar de transitar objetoscapazes poética, etc. Erapreciso, erelações destescomportamentos improvisação de conduta, códigos coreografia, incluía que te eraatéentão—istoé,umamodalidadededivertimento, te para “introduzir na sociedade” o que o samba efetivamen [...] Um carnaval [ou uma canção] dificilmente seria suficien . 127 . 126 . ------qual demorariaalgunsanos. processocriativoum aprendizado demandaria doscancionistas, o demonstraremos aseguir, acanção de gravação. eajustados paraosaparelhos estruturados Conforme ritmos, sons e timbres.determinados Tais elementosteriamque ser daseleçãode demandou umprocesso detriagem,realizadoapartir diferentes dos que foram transcritos. Cf. completaemanexo. aletra transcritos. dos queforam diferentes motivos, porémcomversos referidos os canção repete I-II. A vamentetrechos os motivos dos analisando,mos arepetição e no melódicos I-II-III-IV compreende que esta gravada, queaversão nossaanálise. sustentar Apenas ressaltamos para transcrever completadacanção aletra que nãoénecessário 128 Consideramos continuidade transcritos dacançãonãopossuem uma que os versos Observamos àsreuniõesdesambanosprimeiros anosdoséculoXX. pertinentes por coletivamente eimprovisar constitui uma das práticas versos utilizou trechos criadosporváriaspessoas. Lembramosque com cada músico compõe uma parte. Nessecaso, Mauro de Almeida coletiva, emforma em que elaborados deversos apartir truturada também podeestarrelacionadoaofato de acançãotersidoes detaistrechos pou trechos de cançõesdistintas. O agrupamento Mauro deAlmeida(aquem Donga atribuiu a autoriadaletra)agru diferentes.posta porquatro partes Esseaspectopodesugerir que Ao procedermos à análise da canção,Ao procedermos notamos que ela é com Entendemos que a transformação dosamba/festaemcanção Entendemos que a transformação Não sequestione Que comalegria Manda meavisar Pelo telefone O chefedafolia Parte I 128 . Pelo telefone sinaliza que tal ------

E-BOOK | 75 E- BOOK | 76 Disponível em:. 129 Donga. Pelo telefone E depois fazerteufeitiço E depois Tirar amoresdosoutros fazerisso; Pra nãotornar Tomara quetuapanhes Parte III Fica tristeseéscapazeverás Ai, ai, É deixarmágoaspratrásôrapaz Ai, ai, Parte II Para sebrincar. Sinhô, Sinhô Mas fazgozar Sinhô, Sinhô bamba Põe perna Sinhô, Sinhô De arrepiar Sinhô, Sinhô Porque estesamba Sinhô, Sinhô Nunca sambou Sinhô, Sinhô É queaavezinha Sinhô, Sinhô Se embaraçou Sinhô, Sinhô Ai searolinha Parte IV . RiodeJaneiro: Odeon,1915-1921.Discosonoro 78rpm. 129 musical do choro. deacompanhamentotem seu início Essaforma aogêneroque também sãofrequentesnascançõesrelacionadas seguir. Para oacompanhamentodacanção, foram utilizadosritmos a apartitura no compassonúmero 17,conforme dução etermina tre eles. teminíciocomaintro parte a primeira Quantoàmelodia, motivo melódico, umaligaçãoen queédifícilestabelecer umavez comseurespectivo decadaparte osversos quando observamos do espaçosambanaqueleinícioséculoXX. o samba.Lembramosque este gênero musical tambémfaziaparte pode sugerir que Donga também seinspirou no choro para compor destacaresseaspectopelofatodequeele sideramos importante dacanção.na maiorparte no quintocompassoepermanece Con Verificamos que a divisão das partes da canção é ressaltada é canção da partes das divisão a Verificamos que

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E-BOOK | 77 E- BOOK | 78 sos daintrodução paradar inícioaoterceiro tema,que começa no canto éconstituídapelos mesmos ritmosdoacompanhamento. é queemdoiscompassos alinhamelódicado Outra característica (1 tempo),quesãoutilizadasemmaistrêscompassos.semínimas tempo) esemicolcheias(1/4tempo),asegundainicia-se comduas háumpredomíniodecolcheias(1/2 Enquanto naprimeiraparte da canção, diferenciadas. constatamosqueelesconstituempartes ritmos utilizados nesse tema,comparativamente aotemado início os me indicaçãodaprimeiraesegunda seta). Quando observamos Terminado o segundo tema, amelodiareiteradois compas vai do compasso númeroA segunda parte 18ao26(confor PARTITURA1 -PELOTELEFONE -SAMBACARNAVALESCO(S.D.) - - mais longas. emcompormelodias indicar umafaltadeprática(ou de habilidade) um desenvolvimentoparte. Não percebemos damelodia.Issopode da introdução foi utilizada como alternativa para “anexar” a terceira compassos dois dos presença a importante: questão uma rificamos compasso número 27evai atéocompasso46 130 A primeira seta da partitura acimaestáindicando ofimdoterceiro tema. 130 Aprimeiraseta dapartitura Fonte: InstitutoMoreiraSallesdoRiodeJaneiro/RJ; ColeçãoJosé Tinhorão Ramos 130 . Nessetrechove -

E-BOOK | 79 E- BOOK | 80 de maneira abrupta, visto que após o emprego deritmos com du de maneiraabrupta, ocorre parte dessa finalização a que Entendemos terceirotema. do final o indica nota essa que considerar podemos —, tema referido uma duração mais prolongada do que as demais figuras rítmicas do tem é, isto — tempos dois vale mínima da figura a Como namos. as colcheiasesemicolcheias, cujos tempos deduraçãojámencio são nesse tema (2 tempos).Ascélulasrítmicasquepredominam 131 SODRÉ,1998, p. 73. sugere trechos dois nesses rítmicas figuras mesmas das utilização parcialmente no trecho melódico III-IV. assinalamos, Conforme a volvimento adequado” um motivo melódicodosmuitos existentes” edeu-lheum “desen to dacanção. em questão. Esseaspectodeixariamaisevidenteodesenvolvimen figura da mínima), a linha melódica é que indicaria o final do trecho tivesseda sidofeitautilizandoosmesmosritmos(sem apresença IV o para III do transição a Se tema. terceiro do modificada pouco da cançãoéuma continuação um parte) tema (ou quarta o quarto dasrespectivascada nos versos partes, poderíamosconsiderar que verifi conexão de falta a como bem demonstramos), já (conforme parte terceira da fim de sentido um dando mínima da presença a anterior.as mesmasutilizadasnaparte sentido, Nesse não fosse são tema nesse compreendidas rítmicas figuras As 64. ao 47 passo feita nofinaldascanções. uma notacujotempodeduraçãoémaisprolongadoé geralmente é utilizada rações curtas uma figura de dois tempos. A utilização de A respeito da melodia da canção, Donga afirma que “escolheu E finalizando a canção temos parte, a quarta que vai do com O éfinal sinalizado dessa pela parte figura rítmica da mínima 131 . Consideramosqueesseaspectoaparece ------XX, çando. Nessesentido, os cancionistas daprimeiradécadado século estavao fenômeno decriaçãodascançõesintegrais apenascome características, relacionadasao samba to. A linha melódica também indica a fragmentação dacanção. Tais o músico. essedesenvolvimen I-II-IIInãoobservamos Nopercurso uma continuidade ou um “desenvolvimento” da melodia, como diz 133 Depoimento concedidoporHeitordos PrazeresaoMISem01/09/1966. 133 Depoimento 132 do queeraumacomposição” fui desenvolvendo muitas eujátinhanoção outrascoisasedepois eu Daí influência... tanta misturavabobagens,coisa, então de tanta primeiras composições, essemúsico considera que “era uma série Heitor dos Prazeres sinalizaesseaspecto. Noque se referea suas de O depoimento tal práticadossambistasdeveriaseraprimorada. que de percepção a influenciou canção referida da registro lado,o cancionistas frequentadoresdosquintaisdastiasbaianas. Por outro dos criação de prática a configuraria que o parte, em representar, TATIT, 2004,p.120. Entendemos que acanção Entendemos integrais. Iam juntando pedaços e acrescentando trechos riações melódicas. Nãoestavam a fazercanções habituados seguro para va equefaziamdo refrão um porto de versos de apoioaocantoeàfabricação um elemento trumentação [...] eramtocadoresecantoresintuitivos que faziam dains rodas noturnas nosprimeirosrodas anosdoséculo noturnas ria dos participantes. Erao máximo que se esperava dessas memó na tempo, retida o ficar e,com poderia seguintes tes canção, nasnoi masdeumabrincadeiraque seria repetida to acabado. Todos eram autores, não propriamente de uma inéditos até que a obra coletiva adquirisse feição de produ 133 . Pelo telefone Pelo telefone

pode, porumlado, , sinalizam que 132 . ------

E-BOOK | 81 E- BOOK | 82 sentido. dade.que suaspalavras, Consideramos aseguir,esse apontampara do músiconasocie uma melhor aceitação contribuir para poderia supervalorizar a sua participação no processo de construção/aceitação dosamba. noprocesso deconstrução/aceitação asuaparticipação supervalorizar dos entrevistadores. Podemos suporquetalatitudefoi provocada pelo fatodeDonga ma aatençãoéofatode, apósessaspalavras domúsico, nitidamenteosrisos ouvirmos concedidoporDongaaoMIS em 02/04/1969. Umaquestãoque cha 134 Depoimento proveniente —certamente cancionistas) tinhaalgumapercepção destacaréo fato de que ele (e podemos incluir aqui outros portante uma análiseretrospectiva dessemúsico. Oqueconsideramosim exprime Entendemos quetalinterpretação tar pormeiodosamba. tiveramalgumas pessoas apossibilidadedesesusten riormente foi quantoparaosdemaiscidadãos. melhortantoparaosnegros cimento dapráticadosamba,bemcomodeseus criadores. Eisso paraampliaroreconhe considerada umfenômenoqueconcorreu mente). Segundo o músico, a gravação do samba consideravel modificou situação essa atuais dias nos que ramos dãos eramdiscriminadasporumaparceladasociedade(conside jáfoi apontado,Conforme asmanifestaçõesculturais desses cida àscomunidadesnistas, negras.aqueles pertencentes especialmente Donga atribui ao seu empreendimento o fato de que poste Podemosdos cancio suporqueDongaserefereàaceitação acanção com coletividade da identificação a Donga, Para hein, vejaoqueéeufuifazer fala desamba.Aí é aquelacoisa,você vejao que eu fui fazer, aí melhordoqueeuàscustassamba.Tem negoaíquesó (...) todosnós.na sociedade ser aceito Tem sujeitovivendo ouvido antes umsambagravado.Eu lanceiporisso, [...] pra guntar, compreende, aos demais brasileirostinham seeles [...] tudo o que eu fiz foi com consciência. Você tem que per 134 . Pelo telefone é ------soas. Relativamente aessaquestão, Prazeresdiz: paraqueconseguisseaadmiraçãodaspes compor foi importante vras de Heitor dos Prazeres. Deacordo com ele, para ahabilidade seus próprios criadores. Constatamos essaperspectiva pelas pala mento queasgravações poderiamproporcionar. de suaexperiênciacomo 136 VIANNA, 1995,p. 35. concedidoaoMISem01/09/1966. 135 Depoimento turalizar essaideia.Aesserespeito, que Viannaafirma poderiam na “apressadas” aspecto pelofatodeque interpretações restrito exclusivamente àscomunidades negras. Enfatizamosesse do samba em gênero musical/canção popular não foi um processo ção os anseios do público ouvinte. Nessaperspectiva, a construção por. O processo decriaçãodascanções deveria levar emconsidera decom nado com uma preocupaçãono que diz respeito àforma por Prazeres,Esse “cuidadoamais”,ressaltado estárelacio O até os apreço dapopulaçãopelascomposiçõesestendia-se meu sentimento” cuidado amais.Eu colocava [...] do povo osentimento no coisa que eucantava opovo abraçava. Entãoeujátinhaum çava. Eu chegava e cantava umascoisinhas assim, equalquer Então eujátinhaorespeitodopovo. Essepovo que me abra e incentivadores musicais das performances ram desse processo, pelo menos como “ativos” espectadores e outrasraças nações,de outrasclasses participa do Rio de janeiro,dores dos morros mas que outros grupos, e pobres mora negros ba não é apenas a criação de grupos sam queo dizer arriscada afirmação uma ser penso não [...] Pelo telefone 135 . — do potencial reconheci —dopotencial 136 . ------

E-BOOK | 83 E- BOOK | 84 das principaisfontes deinspiraçãoparaoscriadoressambas. constituíram uma do cotidiano da população da capital republicana turação do referido gênero musical, namedidaemque os hábitos estru a diretamente influenciou participação Talautor. o conclui pectadores” ou “incentivadores musicais”, como dasperformances étnicas, nacriaçãodo samba/canção, nãoseresumea“ativos es àsdiversas classessociaise pertencentes dosgrupos participação uma questãorelevante: acrescentar que a acreditamos importante 137 Depoimento de Ismael Silva137 Depoimento concedido ao MIS no ano em 16/07/1969. Embora pelo interessenosambacriadoporeletambéméum fatonotório. umvalorentusiasmo porreceber emdinheirocanção, pela aalegria que “interessou tantoaalguémponto de querer pagar”. Além do queSilva demonstramuitaservamos satisfaçãoporterfeitoalgo Alves se interessou em gravar uma canção de Ismael Silva. Ob Franciscorevela comosedeuoiníciodesseprocesso: ointérprete concedidoporIsmaelSilva,no depoimento noqual esse músico esses sambistaspuderamtirarvantagem. Encontramos um trecho, doqual valora partir monetáriotambémconstituiuumelemento Não obstanteesteaspecto, aterum ofatodeascançõespassarem concedidospelossambistas. dosdepoimentos a partir apreender compreende umadasquestõesmaismarcanteseque pudemos A notoriedade proporcionada peladivulgação das canções Concordamosde Vianna,porémconsideramos comaanálise ainda nãomeconhecia” vendi osamba.Chico Alves gravou sem meconhecer. Ele Pronto,tamente como receio dequeelesearrependesse. foiimedia talquepegueioreciboeassinei minha alegria Poisassim pensandoumaporçãodecoisaetal... bem,ea guém a ponto de al querer pagar e tal. E a fiquei sonhando, tanto fiquei interessou fiz que aquilo que saber de fato pelo satisfeito, né?Fiquei muito feliz comisso, todo entusiasmado réis.fiquei muito Eu mil cem por vender queria eu então [...] 137 . - - - - - era “respeitadonasrodas desamba”. Ismaelacrescentaaindaque mo. Nascido no ano de 1905, esse músico queafirma aos 19 anos já chegou até IsmaelSilva por meio dos sambas criadospor este últi 141 140 deIsmaelSilva139 Depoimento concedidoao MISnoanoem16/07/1969. dadécada de1920e1930(ALENCAR,1979). ções desambasnodecorrer 138 Também conhecidocomoChico Viola (1898-1952).Foi emváriasgrava intérprete frequente nadécadaemquestão. dacomposiçãodesambas compreendiaumapráticaaindanãomuito mentos apartir rendi obter que evidente deixa músico esse que Notamos 1920. de década da final ao supomos que se referia Ismael Silva nãomencioneoanoemqueessefato ocorreu, brasileiro, ressaltado por Luiz Tatit, tenderemos a supor que a partir da tivo daanálisereferidacançãoaqui desenvolvida. velmente maispopular incompara ‘samba’ otermo gravadapor Dongaem 1917“tornou tiva,concordamos comSandroni quantoaofatodeque acanção levantamentofeito porAlencar 1920, conforme doanode no períodocarnavalesco jávinhaaumentandoapartir maisamplo.público cada vez A presença dascançõesdesamba me assinalaSilva, indicaqueointeresseporessacançãoatingiaum SANDRONI, 2001,p. 118. ALENCAR,1979. Se considerarmos oaspecto relacionado à dicção do cancionista A rápida circulação do samba em meio à população, confor queFrancisco dessedepoimento Alves Supomos a partir indo” Na cidade, assim,várioslugares, subúrbio, tudo. Eassimfoi conhecendo. bairros outros os ficava e e, cantavam todos e era só eu fazer que se espalhava. E de boca em boca e tal, Todosassim... sempre meussambasseespalhavam assim, inclusive na cidade. [...]Entãoiaseespalhando, espalhando, [...] Cadasambaque eu fazia seespalhava emtodaparte, 139 . 141 . Essefenômenoconstitui o principalmo 140 . Nestaperspec 138 ------

E-BOOK | 85 E- BOOK | 86 bem comoparaumamaiorpreocupaçãocomoouvinte mou aatençãodessescompositoresparaindividualização da autoria, neira de compordoscancionistas. Osucessodosamba em questão cha utilização de umalinguagem mais coloquial) e, principalmente, a ma samba. Tais características dizem respeito à maneira de cantar (com a popular, canção a influenciaram que características mas o notadamente gravação dacomposição 142 fala”, simultaneamente. verificar, na aos desteinício doséculo XXI)encontramosesseaspecto. Épossível ção eoenunciador. Quandoouvimosossambas atuais (referimo-nos ser doouvinte”. sentido, também deixava transparecer, dealguma maneira, o“modode no seusentimento” para depois transferi-lo para a canção que, nesse com esse aspecto, na medida em que colocava “o sentimento do povo que, no depoimento de Heitor dosPrazeres, ele ressalta a preocupação que podemosincluiraquitambém omodode ser dosouvintes.Notamos de ser do intérprete fosse revelado por meio da canção. Consideramos modo o que com fizeram cancionistas os enunciativos, recursos desses um vínculoentrealetraeoprópriointérprete (corpo físico).Pormeio ximas àsutilizadas na falacotidiana. Esse aspectocontribui para criar Nesse sentido, ao compor, o cancionista impõe ao canto entoações pró TATIT, 2002. Diante disso,havia uma espécie de “sinceridade” entre acan Tatit assinalaquetodacanção populartemsuaorigemnafala. performance espaço à gramática de recorrência musical. A voz articulada derecorrência espaço àgramática lingüística cede A gramática na segunda.[...] é cristalizada fonológicaà substânciafonética. passa-se forma Aprimeira da corporificação: de processogeral um há canto ao fala Da dointérprete, a “vozquecanta”e Pelo telefone, poderemoscompreender algu 142 . - - - - - enfoque analítico. ções. Trata-se, portanto, deumaconstataçãoretrospectiva deTatit, proveniente deum do cancionista em compor can concomitantemente ao aprimoramento dahabilidade Tatitcaracterístico dosambaedeoutros faz referência, gêneros, foi sendoincorporado 143 das pessoas, constituem alguns dos que elementos pro certamente o surgimento do relógio controlando o tempo diárioeo trabalho ambiente tensoemalgunsaspectos.das multidões Apresença e cidades, dasgrandes possivelmentehabitantes um compreendia dasmanifestaçõesculturais. deentretenimento edefruição forma dodiscoconstituiu uma novaO hábitodeouvir canções apartir ram o surgimento de umanova relaçãoentreoouvinte e acanção. fascinação. exerciamgrande Taisdiscos influencia e fosaparelhos com os aparelhos de gravação. Nolimiardo século XX, os fonógra rida pelosamba TATIT, 2002,p.15-16. O estilo de vida “moderno”, vivenciadopelos especialmente O estilo de vida“moderno”, adqui que a repercussão Entendemos que mais importante de eficáciadacançãopopular brotam oefeitodeencantoesentido imortal vivo ecorpo Dessasingular convivência te um pouco artista. entre corpo gente. parece quando oartista Équandooouvintesesen mais corriqueiro, maispróximodaimperfeiçãohumana.É está alinahoradocanto. Davozo gestooral quefalaemana vivo, que prenuncia ocorpo o corpo querespira, ocorpo tivos ou estímulos somáticos. [...]A voz que fala, estasim tensões melódicas, emque só se inscrevemconteúdos afe o poder dealiviar astensõesdo cotidiano, substituindo por aosseusouvintes. Équando o cancionistatem intermitentes proporcionando a realidadeopressoradodia-a-dia, viagens em duraçõesmelódicas. É quando o cancionistaultrapassa materializado vivo, [...]Umcorpo corpo imortal. um corpo te. A voz [...] quecantaprenuncia,paraalémdeumcerto que sen do intelecto converte-se emexpressãodo corpo Pelo telefone No entanto, e a letra, aoqual esse vínculo entre o intérprete , foi ocontatodosmúsicospopulares 143 . ------

E-BOOK | 87 E- BOOK | 88 nalou Moraes, a issoofatodeque,dia adia”.Acrescente-se bemassi conforme gravadas constituiu um novo hábito capaz dealiviar as “tensõesdo soas com a música,notadamentecançãopopular. Ouvir canções suas relaçõessociais.aspecto, Nesse incluímosarelaçãodaspes moveram dohomem,bemcomode mudanças no comportamento 145 SEVCENKO, v. 3,1998, p. 544-545. 144 MORAES, 2000a,p. 204. da produção oregistro musical departe nopaísque,ção permitiu te amargemdaboaordem” imaginavamsua vez estarpenetrandonoâmbitoclandestino laten à privacidadeparcial acesso eestes,do lardosmaisabastados por um tinham pobres cidadãos fonográfica, os indústria da [...] samba, com Sevcenkopor meiodomaxixe quantoaofatodeque“[...] edo amplo. Concordamos mais significado um compreendia disco pelo essa nova dedivulgação dascançõespopularesdivulgadas forma adquirindo sucesso.lhos acabaram Por outro lado, entendemos que tes. disto, A partir as cançõesdivulgadas por meio de tais apare canções podemterproporcionadoextáticas nos ouvin sensações Por constituir uma novidade, supomos que, por meio dos discos, as nesteinício do século XXI. talcomo observamos to imperceptível, le iníciodoséculoXX,possivelmente nãoconstituiu um elemen O encontro doscancionistas comosequipamentosdegrava no cotidianodoscitadinos,das canções A presença naque às vezes demaneiraquaseimperceptível” às vezes no nossocotidianodemodopermanente, apresentando-se variadas atividades semexigir atenção centradadoreceptor, as mais modosegêneros, realizar versos permite geralmente comossonseritmosnosseusdi quetrabalha ma artística “a música[enessecasodestacamosacançãopopular],for 145 . 144 . ------das tiasbaianasapresentavam compatível comas umaestrutura comsuaprópriaidentidade. oencontro dessesartistas tro permitiu no esquecimento.damente sentido, Nesse apossibilidadederegis viam seus sambas caíremrapi das comunidades negras os artistas dois oumaissambistascomumrefrãoeimproviso comestrofes —, coletivaborados demaneira departido-alto naforma sem gravações, provavelmentedesaparecido. teria ela Inicialmente 147 SODRÉ,1998, p. 55. próprios sambistas. 146 ar de que havia mãodessaforma alguns sambistas quenãoabriam gimento denovas sociabilidades.o fato Opróprioautorreconhece promoveumas principalmente menos social, aexpectativa dosur aosamba.Segundooautor,de pertinente comprometeuaspecto que esse considera de sociabilida ocaráter tambémindividualmente.de sambaspassou a serelaborada Sodré coletiva dedoisou mais autores, comaparticipação acomposição de produção dascanções. deforma Antes criadas especialmente promovendosil. Esseaspectoacabou umamudança nasformas lizadas comoobjetivo dedivulgar os fonógrafos ediscosnoBra técnicas degravação doperíodomencionado. As canções eramuti Já apontamos algumas definições deste estilo de samba feitas pelos feitas samba de estilo deste definições algumas apontamos Já Sobre esseaspecto, que osambanãosetornou acreditamos pelosfrequentadoresdascasas As composiçõeselaboradas é oseuefeitoprincipal[...] proporçõesdessocializadora. A individualização em grandes porque a estratégiaindustrial de produção é visceralmente menossocial, vez cada maiores) torna-se vez blicos cada [...] por mais que o samba sediga de massa(atingindo pú 147 . 146 —feitopor ------

E-BOOK | 89 E- BOOK | 90 gravação ao Rio de Janeiro influenciou o cotidiano dos músicos o cotidiano influenciou Janeiro de Rio ao gravação rádio. jáapontado)e, do dodisco(conforme posteriormente, ções apartir disso, práticas sociais foram influenciadas pela audição dessas can naprodução daindústriacultural.Além dos sambistasemingressar res, o samba continuava sem o interesse a sercantadoeelaborado de comporcoletivamente.tesanal sentido, Nesse emdiversos luga 149 Depoimento deBideconcedidoaoMIS em21/03/1968. 149 Depoimento 148 TATIT, 2004,p. 33. doEstácioerammalandros,cialmente aoBairro istoé,cidadãosto tão desenvolver asduasatividades simultaneamente gravações, visto que se tratava dealgo incerto. Bideprocurava en remuneradocom ascanções/ rendimentos parareceber do serviço garantia a trocar em reticente ficava que entrever deixa sambista rário marcadoparaasgravações coincidiacomodotrabalho. Esse trecho no qual eletransmite essa perspectiva. Muitas vezes, o ho penhavam. concedidoporBide, Nodepoimento encontramosum asatividades repentinamente quejádesem bistas” abandonassem valor comqueosconsiderados“primeiros demercadonãofez sam horas detrabalho” como “momentos de diversão [podiamtambémser]contabilizados laridade daspequenaspeçasmusicais”, e, paraoscancionistas, os dasimplicidadeepopu de discosdependia do mercado expansão pecto, Tatitse completavam. ressaltaque asnecessidades “A rápida obter rendimentos com suas criações musicais. A respeito desse as relacionados àscomunidades negras. Alguns deles começarama A respeito da ideia de que os sambistas pertencentes espe A respeito daideiade que os sambistaspertencentes No entanto, o fato de algumas canções começarematerum Por outro lado, éinegávelqueachegadadasmáquinasde 148 . 149 . ------afirma que: afirma talmente alheiosaomundo do trabalho, ocompositorIsmaelSilva 152 151 Oprocesso doscancionistas. decomporcançõesexigeumtrabalho ver MATOS, 1982. “malandro” necessitade umadiscussãomaisampla.A respeito dessaquestão,o termo de IsmaelSilva150 Depoimento concedido ao MIS em 16/07/1969. Ressaltamos que podemosconsiderarquepode tido denãoterempregoformal), dros diz respeito ao senso comum), é atribuída aos vagabundos e malan canções, função que, doque (especialmente namaioriadasvezes compor ser não a oficial atividade nenhuma tinham não sambistas CUNHA,2008, p.182. 151 Quanto à imagem de sambista/malandro (utilizado no sen Consideramos que Silva se refere à perspectiva de que os . Concordamos comCunhaquanto aofatodeque fama só” empregos. Exato.disso. Nada Nãoeranãosenhor. Tinha essa essa gentetrabalhava, eraempregado. Todos tinhamseus boemia. Era gente que todas as noites tava na boemia. Toda que muita gentepensacoisasque não eram.Eragenteda [...] arapaziadaeradaboemia,nãoécomo pensam. Eu sei compartilhados portodososseusmúltiploscriadores compartilhados simbólicos,seguido justamenteporcausadesteselementos regime do Estado Novo (e pela indústria fonográfica), foi per Há aíapresunçãodequeosamba,antesserungido pelo posta em oposição à ordem pular”, às vezes estabelecida. po “cultura da impressão determinada uma configurar para blé, Bahia e outros elementos cuidadosamenteselecionados ciados igualmenteaimagenscomomalandragem,candom tem sido supor uma identidade unívoca de “sambistas” asso Um hábito pouco questionado entrehistoriadoresdosamba 150 . 152 . ------

E-BOOK | 91 E- BOOK | 92 Silva. Aseguir, aprimeiraestrofe dacanção: equivocada de composições do tipo interpretação uma por aspectos, outros entre influenciada, sido ter rpm. Disponívelem: .rpm. Silva.153 Ismael desempenhadapor uma parcela da duto das comunidades negras), (desde operíodoemqueestavaao re circunscritoespecialmente já discutido no capítulo anterior,Conforme ao samba a repressão tas. Dentreesses, estão:sapateiros, marceneiros, vendedores, etc. cancionis próprios esses por aliás, definidos, bem trabalhos, tros desempenhavam asatividades musicais concomitantemente aou tação equivocada,já quenãoseteriaemcontaossambistas dimento paraaaceitaçãoefetiva do samba induz a uma interpre recusa aqualquertipodeocupaçãoparasesustentar. a terminantemente significa não trabalho de condições péssimas nãoébom”.Consideramosaindaque a recusadas que “o trabalho ta podeestarsereferindoaessasquestões, aodizer, por exemplo, opressora entrepatrãoeempregado. fortemente relação Osambis houvesseuma formal, aotrabalho no queconcerne especialmente que, para influenciou certamente aspecto Este consolidadas. sido aindanãotinham de 1930asleistrabalhistas mos que nadécada prego. Noentanto, tal perspectiva deve ser relativizada. Lembra Entendemos que atribuir o aspecto do malandro como impe podemindicarumaapologiaOs versos “àboavida”semem Por gostoninguémvai lá sóobrigado Oi, trabalhar Ninguém podeduvidar nãoébom O trabalho O que será de mim? Rio deJaneiro: Odeon,1931.Discosonoro 78

153 O que será de mim?,

de Ismael ------sive.da cançãoquemotivavapopularidade eraaconstatada asua praças) emmeioàpopulação, atémesmo“debocaemboca”.Inclu eram difundidas (pelas apresentaçõesnasrodas musicais, teatros, e dos sambistas,o depoimento “samba” já ascançõesdenominadas os quaisnãoconsideramosnecessárioretomar. discriminação aos negros, bem como outros aspectos já discutidos, sociedade, nãoerasistemática,havendo motivações quetangiamà 155 SANDRONI, 2001,p. 146. 154 Cf. deBideconcedidoaoMIS em21/03/1968. Depoimento ria dasletras.se explicapelo fatodeváriosmúsicos Esseaspecto mente lhesmotivou acomeçarter uma preocupaçãocomaauto das comunidades negras, agravação dosamba seus autores” refrãos anônimos, semqueninguém sepreocupasseemdescobrir que se expressa aí éo fato de que se cantavam nacidade, inúmeros é dequempegar”.Arespeitodessafrase, Sandroni assinala que“o do compositor Sinhô. Segundo ele, “Samba é que nem passarinho, afirmação a foiverdadeiroautor. aspecto seu desse exemploo Um quemregistravaporque namaioriadasvezes acomposiçãonãoera do séculoXX,essaquestãofrequentementegeravaIsso polêmica. da autoriadascanções.alização Noentanto,iniciais nasdécadas saiu odiscoentãofoi melhor” De acordo que comBide“[...]osambajáeracantadojá,edepois gável queachegadado disco potencializou adifusão dos sambas. dos fonógrafos edosdiscos, enãoocontrário. Por outro lado, éine escolha paraagravação e, consequentemente, paraadivulgação Supomos que entre os cancionistas pertencentes ao reduto Supomos que entreoscancionistaspertencentes individu a influenciou fonógrafos pelos samba do difusão A éofatodeque,Outra questão importante deacordo com 155 . 154 . Pelo telefone certa - - - - -

E-BOOK | 93 E- BOOK | 94 Almirante queéoverdadeiro autordosambapelotelefone” no uma reportagem no anode1969.Nodia04junho deste ano,cebidos encontramos cou uma discussãotãointensaque seus resquícios podiam serper registrar acançãoexclusivamente emseunome. Esse fatoprovo clamava participação. sentido, Nesse Dongateriasidomaiságilem Germano, João daMata,TiaCiata,alémdopróprioSinhô, que re coautores dosamba.Entreosquais,se teremdeclarado Mestre 156 quecompõem acanção.demais versos Aseguir, aletradosamba: e os uma ligaçãoentreeles ramos quenãoépossível estabelecer meiros sugeremumaprovocaçãoaos músicosbaianos. Conside cordamosos doispri comAlencarquantoaofatodequeapenas à autoriade discussão referente de sido criadosnoanoseguinteaosucesso terem O fatodetaisversos de baianos frequentadores da casaTia Ciata. vocação ao grupo plo dessetipodecanção, comoumapro visto que foi interpretada eles? suas músicas,como recado”. surgindoentãoa“canção de novas canções. por meiode Esseaspectopôdeserpercebido individual dealgumascanções. registro pelo interessar se a começasse Sinhô que para influenciou doreferidosamba,ligadoaonome deDonga, toria. Arepercussão processodas canções, decriação asaber, apreocupaçãocomau umaconsciênciaque até entãoestavaa seformar desvinculadado Pelo telefone Jornal do Brasil Jornal (lançadaporSinhô no Carnaval de1918),constitui um exem Sinhô afastou-se desse grupo, possivelmente em virtude da possivelmenteSinhô afastou-se desse grupo, emvirtude A rivalidade entrealguns sambistas contribuiu para acriação Entendemos que, de 1917,começou especialmente apartir reforça nossainterpretação. , 04/06/1969. Jornal do Brasil Jornal Pelo telefone intitulada: “Donga responde a . A partir disso,. Apartir con Quem são 156 . ------159 ALENCAR, 1979,p. 128. 158 TATIT, 2004,p. 122. Disponível em:.rpm. 157 Sinhô. são eles? pode sercompreendidacomoumrevideda canção primeira Pixinguinha e China, dos irmãos ano de1919,surgirammaisduas“cançõesrecado”: Fica calmo que aparece Dentre estas, técnicaparacompor.de habilidade Taisintenção doconteúdodaletra. sinalizam afalta características de quea tação consta a é questão Outra fim. e começo,meio com estrutura uma da cançãonãopossui A temática da letra. ligação comorestante Como resposta àcançãodeSinhô, surgiram outras canções. mencionados nãopossuem qualquer Notamos que os versos , mencionadaanteriormente Quem sãoeles? Oi! Olhaacangadoboi! Ai! Olhaacangadoboi! Toma cuidadequeoluarjásefoi olhaacangadoboi Carreiro olhaacangadoboi Carreiro Dinheiro nãotenhomasvou sambar Não precisapedirqueeuvou dar Não eraassimqueomeubemchorava Ai, ai,ai Ela láeeuaqui,Iaiá A Bahiaéboaterra Não és tão falado assim performance . Rio de Janeiro: Odeon, 1915-1921. Disco sonoro 78 . RiodeJaneiro: Odeon,1915-1921.Discosonoro (1915-1921), deDonga do intérprete não exprimeaemoção/ dointérprete 157 Confessa meubem, 159 , deHilárioJovino Ferreira e . Aseguiraletradacanção: 158 . NoCarnaval do deSinhô. A Já te digo, Quem -

E-BOOK | 95 E- BOOK | 96 Disponível em:. 160 Pixinguinha.

3ª estrofe E semmedodoperigo E falasemreceio muitoEle éumcabra feio Pois euvos digo( Vocês queméele nãosabem 2ª estrofe Para usarcolarinhoempé( Ele sofreu E ooutro euseiquemé( Um soueu 1ª estrofe Ninguém semêta( Nesta belabrincadeira 5ª estrofe Lá doRiodeJaneiro às custadostrouxas Hoje eleandajanota que desespero ( No tempoemquetocava flauta 4ª estrofe Lá noRiodeJaneiro ( E jáestáavacalhado Ele faladomundo inteiro E desdentado( efeio/ Ele éaltomagro Já te digo . RiodeJaneiro: Victor, 78rpm. sonoro 1923.Disco Bis Bis Bis ) ) Bis )

(Bis ) (...) Bis ( Bis Bis ) ) 160 ) Bis

)

) (Refrão) / E sem medo do perigo pessoa dequemsefala atenção paraas características que vão ser ditas a seguir. Então a quer chamara é ascendente,entoação sugerindoqueointérprete verso ao Quanto conclusiva/afirmativa. tempo quem éele não sabem eu sei quem é sou eu / eooutro título sas habituais. é feito de forçada,maneira isto é, nãoétãonaturalcomo quando utilizado nas conver ção de 161 Consideramosqueacanção àdefiniçãofeitapor recorremos Tatit: tonemas a tentativa (do compositor) de reproduzir na canção de alguns versos. Entendemos que essa característicapode sugerir finalizações nas descendentes e ascendentes entoações de lização canção esseaspectoémaisexpressivo,devido àuti especialmente deumaleituradosversos. Noentanto,partir consideramosque na podeserapreendidaa quem se fala).É fato que essa interpretação de pessoa (a provocar/desafiar fosse intérprete do intenção a se na 2 (que étemacentral àpessoaemquestão. pertinentes tos nadaagradáveis soa. Concluindo, estrofes seguemoutros equarta naterceira aspec deserditos,que acabaram aindahá mais o que dizer sobre tal pes ascendente, sinalizandoque, não obstanteos adjetivos pejorativos tonemas Já tedigo Dessa forma, as características da pessoadequemsefala ascaracterísticas Dessa forma, A resposta àcançãode Sinhô,

empregados nafalahabitual

tecedem as pausasparciaisouosilêncioderradeiro.tecedem Essas an que inflexões nas seja, finalização, ou sua em sobretudo entoativa[...] ofoco desentidoumacurva concentra-se nas composições. Nesse sentido, enunciativo oempregodesserecurso , e torna-se mais evidente nos versos dorefrão: mais evidentenosversos , etorna-se

compreende uma pergunta que é ao mesmo é um cabra muito feio / E fala sem receio muito feio /Efala semreceio éumcabra a , 3

. Já te digo A palavra “perigo”écantadanaforma a e4 a estrofes)como vãosendocantadas . Naprimeiraestrofe, overso representar oiníciodoprocesso representar deutiliza Quem são eles?, 161 . Arespeitodos Pois euvosdigo começa pelo Já te digo tonemas Vocês Um os , a ------,

E-BOOK | 97 E- BOOK | 98 162 TATIT, 2004,p. 73-74. aspecto: Sinhô. Na canção de reação uma para contribuiu que em medida na foieficaz recado Consideramosque a canção/ ao qual mencionamos anteriormente. tribuia para que a letracantadaadquirisse o aspecto provocativo mida secomparadaàscançõesqueouvimos nos diasatuais)con A utilização desses A utilização primeiro grau de cumplicidade com o ouvinte que reconhe primeiro grau um componentes dacanção[melodiaeletra]jádetermina já respondeporumacompatibilidadenaturalentreosdois mativos, continuativos esuspensivos daletra,ocompositor afir momentos os com — espontaneamente também — dir amente esses espontane adotar Ao suspenso. ficou algo que de indício o deve prosseguir, deque o discurso -reptícia ou ainda temos sub pergunta (explícita ou implícita), ou temos ainformação va, perfazematensãotípicadacontinuidade:ou temos uma que, porcontraste, asduasformas,e suspensi ascendente ca que, emprincípio, nãohá nada aacrescentar. Evidente sociada aconclusõesdeidéias. indi A distensão dacurva as cultural etradicionalmente está altura). Adescendência ou ascendentes suspensivas (quando sustentam amesma denominadas inflexões, Vou-me embora,vou-me embora Falar denós étuasina} Língua malvada eferina Que eunãodigonadaaninguém} Fala, fala,falameubem(pausa) Confessa, confessameubem Confessa, confessameubem de sualínguamaterna. ce, típicos emgeraltambémsemterconsciência,osrecursos Confessa meu bem tonemas tonemas dafalacotidiana,fazendo-oscoinci 162 Bis (embora ainda feita de forma tí feita deforma (emboraainda tonemas (1919), é possível verificar esse

, podemserdescendentes, Bis ------lização desse recurso sugere que o interlocutor está pronto sugere que o interlocutor para lização desserecurso nacanção,pausa repentina tantodaletraquanto da melodia.A uti teressante. Após o verso Disponível em:. 163 Sinhô. foi entoativos possível notarosrecursos utilizadosnaprimeira.Ou houve um desenvolvimento datécnicadecompor. Nestaúltimanão Confessa meu bem que estásendodito. sentido, que sente o conteúdo a letra cantada prenuncia o corpo para quehajaum vínculo entre oenunciadore acanção. Nesse de alívioedeboche. Consideramosque esse aspectocontribui sente no7 so, notamosqueessedesabafo foi completo. A interjeição por estarinsatisfeitocomaspessoasquefalammaldele. No7 duas cançõesaquidiscutidas. mais evidente o diálogo entre as também contribuiu para tornar estamos tentandodemonstrar,Conforme a presença dos dos possível pelautilização guém com a entoaçãodo verso terrompido escutar alguémquevai sepronunciar. Noentanto, osilêncioéin . Entendemos que o efeito jocoso desses versos somente foi. Entendemosqueoefeitojocosodessesversos Quando estabelecemos umacomparaçãoentreascanções Quando estabelecemos Na segunda estrofe, um desabafo do intérprete é perceptível in questão uma verificamos canção, da estrofe primeira Na Confessa meubem o e8 Ai nãoconfessonada!}( Ai quegentedanada} De tantodisse-me-disse Estou cansadodeviver Desse meiodetolice o versos, transmiteumasensação, aomesmotempo, e Quem são eles? . Rio de Janeiro: Odeon,1915-1921.Disco sonoro 78 rpm. Fala, fala, fala meu bem tonemas Bis , percebemos nitidamente que , percebemos aosquaisTatit fazreferência. ) que eu não digo nada a nin 163 , notamos uma tonemas Ai, o pre ver ------

E-BOOK | 99 E- BOOK | 100 última foi utilizada como tema paraum número de revista estreado F ta docancionis também apontaparaoaprimoramentodahabilidade característica Essa fim. e meio começo, é, isto continuidade, uma bem do samba é ofatodealetra tra questãoimportante 165 ALENCAR, 1979, p. 133. que nãopossuemumaligaçãono quedizrespeitoaoconteúdoexpresso. 164 Reiteramosque ascanções A seguir, apresentamosaletradacanção: dido comoumdesafetoentreessecompositoreo sambistaSinhô. cisco A. da Rocha, gravado em1923,tambémpodesercompreen mais uma composição. O samba em verificada ser pôde cancionistas outros e ele entre rivalidade a mais obtiveram destaquenoperíododoCarnaval. Noanode1923, campo damúsicapopular” gundo Alencar, Sinhô era “inegavelmente dominadorno ogrande Louro apresentação das revistas no Teatro São José, Nessemesmoano, nomêsdeabril. houve a ala meu louro 164 . , tal como a da composição , ambasinspiradasnascomposiçõesdoreferidosambista.Se Em 1921 e 1922, as canções deSinhô estavam entreasque No Carnaval de1920,Sinhô obtevesucessocomossambas Fala, meulouro Refrão: Minha tiaéamoambaBis Meu paiéocandomblé Fui criadonosamba Eu soufilhodebaiana , Vou mebenzer Pelo telefone 165 Quem é bom já nasce feito . ecomamarcha Já tedigo Macaco, olha teu rabo! e Quem sãoeles , de Pixinguinha, possuir ? OPédeanjo compreendemestrofes Confessa meu e , deFran Papagaio Papagaio . Esta - - - - sonoro 78rpm.Disponível em:. 166 compõem orefrão. / Deixa avidaalheia / Macaco,emissário do diabo olhateurabo sagem direcionadaaessesambista.Os versos men uma como canção a compreender para significativo aspecto ba cendência baiana. aos baianos,rejeição Rochafazquestãodedemonstrarasuades são eles? a moamba na /fuicriado nosamba / Meupaiéocandomblé / Minha tia é Francisco Alves. Fala meu louro Na letra dareferidacanção,Na Francisco A.da Rochacitaosam pelosversos A primeira estrofe formada , já citados. Nesse sentido, enquanto Sinhô sinaliza uma , pode sugerir uma réplica aos versos dacanção , podesugerir uma réplicaaosversos A sombrapraquemmerece O solnascepratodos dovizinhoBis.Deixa orabo No sambaomacaco Anda muito direitinho Quem temtelhadodevidro Olha teurabo, macaco!Bis Ando muito nosamba Quero serprimeiro taco conheça Conheça, cabra, Macaco, Bis olhateurabo! Deixa avidaalheia Emissário dodiabo Dia adiaelecresce. Bis. Olha oteurabo, macaco! Macaco, olhateurabo! , de1920,gravado porSinhô. Consideramos esse . RiodeJaneiro: Odeon, 1921-1926. Disco 166 Eu sou filho de baia Fala, / meu lourom Quem - - - -

E-BOOK | 101 E- BOOK | 102 ção. Essa questão é relevante parase compreender que transmitir, talintimida como foramos referidosversos, cantados nãoocorre macaco! e no final da terceira estrofe ( da segundaestrofe ( vo intimidar apessoaquem ele direcionaamensagem.Nosversos da canção,versos podemos supor que o compositor tem por objeti de algumamaneira, aintençãodoqueestásendo dito. tentamos demonstrar,167 Conforme ascançõesdePixinguinha e deSinhô já tinham, acontececom o refrão.forma, as estrofes Entendemos que repetir alguns cancionistas. Cadaestrofe e, écantadaduasvezes damesma limites em que se encontrava a técnica de criação — já citada — de que estásendodito meio da canção, não somente uma mensagem, mas a intenção do por de 1920emtransmitirem, da década de algunscancionistas dificulda a para aponta aspecto Esse melodia. na “caber” para da” “atropela que temos éadeque a letraestásendocantadadeforma maneira como ela seriacantada.Emalguns momentos, aimpressão não soubesse como fazê-lo — com a ria sepreocupado— ou talvez que pudesse sertransmitidaaletra,ou seja, essecompositor não te rabo bem tentamos demonstrarcom as canções docompositor,va, porparte demandahabilidade aexemplo do que emprincípiomuitoconstitui um recurso simples. Nessaperspecti por meiodacanção,sendo cantado,do queestá aintenção não . na íntegra, percebemos que Rocha criou uma melodia para percebemos na íntegra, A forma como foi estruturada acançãoreforça aquestão dos comofoi estruturada A forma Ao ouvirmos/interpretarmos a canção Ao ouvirmos/interpretarmos Uma questãorelevante éque, àleiturados aoprocedermos )

fica implícito o aspecto citado. No entanto, pela maneira entanto, pela citado. No aspecto o implícito fica 167 Deixa a vida alheia / Macaco, olha teu rabo! . Ando muito no samba/ Olha teu rabo, Ando muito no samba/ Olha teu rabo, Já te digo Macaco, olhateu e Confessa meu ------) ao cotidianodos cancionistas, como a rivalidade desses músicos, tíveis entresifoi sendoaprimoradagradativamente. e melodiascompa aspecto demonstraqueapráticadecriarletras longa, a alternativa foi tanto asestrofes repetir quanto o refrão. Esse do cancionista em criar uma letra mais por falta de habilidade vez compreendesse um tempo de duraçãoidealparasergravada. Tal utilizado paraque acanção e orefrãopodetersidoum recurso 168 TATIT, 2004,p. 123. tor se que tempo, possibilitou mesmo ao e, — fim e meio começo uma canção —com de estruturar se aprimorassemnahabilidade das cançõesconstituiuoprimeiro passoparaqueoscancionistas produçãopara Enviar acabada. deumacanção por meio recados quatro temasdiferentes, oquepodesugerirafaltadeumatécnica criação. Lembramos que na canção do um esforço doscancionistas noque diz respeitoaoprocesso de foirecado àcondiçãodeobraatraenteebemacabada”, demanda tit dizrespeitoà“presençadafala”.Segundoesseautor nas composiçõesatéentão.aparente Tal aspectoanalisadoporTa ressaltando um aspecto estéticodacançãoque não eratão acabou Na sua análise (ecomaqualconcordamos),Na suaanálise para “elevar o que um acontecimento circunscrito É interessante observar retar uma composição, comtodososriscos que isso pudesseacar A novidadeestava como razãopara naadoçãodorecado põe atransmissãode“coisasditas”um indivíduo a outro. nas intençõesprofundas docantoque, emúltimaanálise, su para mandarrecados. Claro que isto sempreestevepresente sos ou para provocar estímulos Agora,cantava-se corporais. Até então, cantava-se paraexpressarsentimentosamoro 168 . Pelo telefone foram utilizados ------

E-BOOK | 103 E- BOOK | 104 da era alvo de discussões relacionadas à apropriação de sambas. prática de“musicar recados”. Noanode1926,essemúsicoain fessa meubem mente. Referimo-nosespecialmenteàscanções nas cançõesderecadodiscutidasanterior aspecto estápresente especialmente com o emprego dos nasse maisevidente“avoz que fala” dentro da “voz que canta”, 169 Depoimento concedidoporHeitordos Prazeresem01/09/1966. 169 Depoimento Heitor dosPrazeres, foram criadosnoanomencionado: muito difícil. A seguir, que, diz transcrevemososversos conforme e, aomesmotempo, “chorava muito”, dizendo queasituaçãoestava já havia(porque acanção não podiafazermaisnada sidogravada) Prazeres, quandoconseguiafalarcomessemúsico, elediziaque a procurar Sinhô para falararespeitodaautorialetra.Segundo a Sinhô. Nesse momentoteveinícioapolêmica.Heitorcomeçou vejam só exemplointerpretação. quesustentaessa da canção Arespeito dosambistaHeitordosPrazeres,No depoimento encontramosum Ao ouvirmos os versos cantadosporPrazeres, osversos notamosque a Ao ouvirmos nessa Consideramos que Sinhô teve destacada importância , compostaporessemúsicoem1926,aautoriafoi atribuída Chorava maisdoqueeu Ele comaquelaconversa danada Pedir oqueerameu dele Eu fuiperto Que estehomemédanado. Olha elecuidado Com aquelaconversa édanado Olha elecuidado . Bis Bis

tonemas 169 . Entendemos que esse Já te digo e Con Ora - - -

(analisada anteriormente) nãofoi talaspecto. possívelperceber (analisada anteriormente) prática decriarcanções. Lembramosque na canção desenvolvimentoconstitui à significativoletra, relacionado a põem que com ção do que está sendodito/cantado”,emtodos os versos a “avoz que fala” dentro da“voz que canta”. A presença da“inten cado emcanção,por Tatit bemcomo doaspectoressaltado quanto um pouco do que significou o processo de transformação de um re sentido,a Sinhô. Nesse dio quedizrespeito conseguimosperceber sua interpretação consegue transmitir com muita eficiência oepisó discussões envolvendo a autoriadascomposições. 171 Em alguns momentos, esteaspectocontribuía para o músico estar no centro das 170 ALENCAR,1979. autores, opropósito deternotoriedade. Nessesentido, É bastanteevidentenatrajetóriadessemúsico, discutidaporvários justificava-se pelo principal objetivo de alcançar sucesso popular seu nome(emalguns casos seapoderandodecomposiçõesalheias) desse compositoremregistrarcançõesexclusivamenteteresse em por essemúsico,lançadas sucesso. comdestacado oin Certamente durante a década de 1920 De acordo comoestudofeitoporAlencar, doanode1918e apartir consequentemente nadivulgação do samba nacapitalrepublicana. no processo desurgimento das cançõesderecado, contribuindo A partir disso, entendemos que Sinhô teve influência notória influência teve Sinhô que disso,entendemos partir A e influenciou decisivamente os cancionistas — em particular, deu o tom e o padrão musical dos anos vinte [1920] artística ma idealdeumacançãobrasileiraconsumo. Suatrajetória afor forjando na busca obstinada do êxito pessoal, acabou (não sepodedizeromesmonaprodução Sinhô, deversos), com seu piano e inspirado para criarmelodias era habilidoso suas canções cumpriam com eficácia a meta prevista. Como mentos musicais para conferir, pela reaçãodosouvintes, se [...] Tocava aovivo nas festasdaPenha ou nas lojasdeinstru 170 , em todos os carnavais houve canções, Fala meulouro 171 ------.

E-BOOK | 105 E- BOOK | 106 com esseautor: Guimarães nosdáoutro indicativo dointentodeSinhô. De acordo endimento de Sinhô em “aparecer” por meio do samba. Francisco aspecto constituioutroque esse Consideramos indíciodoempre atendendo às exigências das gravadorasacabaram comerciais. 173 GUIMARÃES, 1978,p. 78. 172 TATIT, 2004,p. 96. to docotidiano. podia serumrecado, umacríticasocialourelatarum acontecimen concisas, comopressuposto de emitirumamensagemdireta,que saber,simples, criarcomposiçõescommelodias adequando letras a 1920, de década na canção da profissional do perfil o ser veria cado cultural em expansão, o que de representando Sinhô acabou Ao se dedicaracomporcançõesque se adequavam aomer De acordo com o que estamos pesquisando, suas canções e, quem láiaescolhermúsicas,primeiramente, ela, executa amante pianistadeuma casa demúsicas da Rua do Ouvidor, vantajoso:vencer facilmente, tinhauma usou um truque de Donga,apareceuo Sinhô, pondo-o Depois década seguinte[...] Noel Rosa — que protagonizaram aerade ouro do samba na REI DOSAMBA!. populares eeumesmopeloJornal— o alcamei-o doBrasil, autor da Mulher de Malandro) teve a maior das glorificações ele chamava a si, (quem o diz é o Prazeres — o consagrado Com produções desualavra edeautoriadosoutros, que de executá-lasao pianonas“pensõesalegres”. diariamente que tocavam nosFenianos, tenentesedemocráticos, além para asbandasdemúsica mandar fazerainstrumentação eraofereceraprodução aumclubecarnavalesco e truque: va oque eradoseumulato... Sinhô tinha, porém, um outro 173 172 . off-side ... Para - - - - - tas construíam sambas a partir deimprovisos. sambasapartir tas construíam nasquaisoscancionis mana deduração—comcomidaebebida, tros constituíramverdadeirasfestas —quechegavam aterumase na buscadeumaconvivência social,étnicaereligiosa.Tais encon No interiordascomunidadessamba. negras,se reuniam aspessoas blemático quanto ao processo de transiçãorelativo à trajetóriado décadas doséculo XX. porções, Sinhô pode ser compreendido como um cancionista profissional das primeiras de discos.mercado e crescente incipiente perspectiva, Nessa guardadas as devidaspro paradesignarocancionista que começa acomporcomvistas ao serve referido termo comparado com o músico profissional deste século XXI. O sentido aqui utilizado para o ser pode não mencionado período do canção da “profissional” o que Destacamos 174 por terele seafastadodapolítica após ader dência daRepública, uma sátiraaRui é consideradaBarbosa,entãocandidato àpresi ligião,criar suascomposições. para Acanção exemplo das canções derecadojá mencionadas), bem como na re ral emergentenasprimeirasdécadasdoséculoXX sambas —,notadamenteatentoàsexpectativas domercadocultu de individual compositor/autor — “profissional” esse seria que do pesquisando,estamos Sinhôconstituiuummúsicorepresentativo uma nova dos músicos. do que técnicadecriação por parte A partir de surgimento influenciou o discos de mercado o para compor que apenas Ressaltamos definitivamente. extintos são não coletiva ma edefor segundoogênero dopartido-alto Os sambasconstruídos gravação. a ocorra que para fixa forma uma ter a passa samba o so de criaçãodos sambas. Antescomposto na basedeimprovisos, XX, engendrou algumas mudanças noque diz respeitoaoproces Sinhô se inspirava emeventosdapolíticaedocotidiano(a A chegadadosfonógrafos, nosprimeiros anosdoséculo Entendemos queessecompositor constitui um exemplo em Fala meulouro 174 . (1920) ------

E-BOOK | 107 E- BOOK | 108 plo desseaspecto. aparadoàinglesa—éumexem curto letra faladamodadocabelo processo de criaçãodessesambista.A canção (1930). Temas relacionados aos modismos também influenciaram o nas canções Novada Cidade deorigembaiana as comunidades negras resultou rota naseleições 176 os influenciava política a temas paracançõescarnavalescas (ALENCAR,1979,p.1920 124). de década da limiar no Alencar, com acordo De 175 nesseprocesso. importante mos queSinhô teveumaparticipação e consumidaspelasdiferentesclassessociaisétnicas. Considera os sambas),foramas cançõespopulares(especialmente difundidas sas queeditavam musicais edosteatros partituras derevista,que das salas de esperados cinemas, dos clubes carnavalescos, das ca degravação.formas no processo decriarletrasemelodiascompatíveis,às adaptadas (ou o valor de mercado), entendemosque a sua atuação foi decisiva com opoderde circulaçãodacanção preocupado especialmente alinguagemdascançõesdesamba.EmboraSinhô estivesseforjar expressões frequentes nas conversas cotidianas, contribuíram para dos àpolítica,aosmodismose/ou à religião), aliadoàutilizaçãode Ibid No decorrer dadécadade1920,eraprincipalmentepormeio No decorrer A cada motivo escolhido para compor (sejam elesrelaciona ., p. 159.

Até ela gritá –“Chegá!” Até elagritá lixavaDepois acabeça Eu mandava rasparjá-já àinglesa O talcabelinho Vou mebenzer 175 . A influência da religião e da convivência com convivência da e religião da influência A . (1920), 176 Macumba (1923)e Já-já (1924) — cuja Burucutum - - - -

de-se deduzirque a principalexpectativa deSinhô foi adeobter Samba”. cais contribuiu para quefosse atribuídoaSinhô o títulode“Reido da Penha, nomêsdeoutubro. Veicular ossambasnosreferidoslo do Ouvidor,cais localizado na rua e na bastante frequentadaFesta musi Beethoven,Casa que vendiainstrumentos estabelecimento Além doslocaiscitados, Sinhô também cantava seussambasna comunidades negras. às pertencentes especialmente dos artistas expressão quanto para eoreconhecimentosocial possibilidades tantoparaaparticipação nhô, sustentam anossa compreensão de que o campo musical abria menagens eacoroação como “ReidoSamba”,bemaogosto de Si o desenvolvimento datécnicadecompor. Consideramosqueasho para a criação de novas composições, bem como para impulsionar objetivamosConforme demonstrar, esseaspectofoi importante notoriedade emmeioàsociedadedaentãocapitalRepública. Ao de cançõesque se apoderar não eramdesua autoria, po - - - - -

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CAPÍTULO 3

SAMBA: A CANÇÃO DO MORRO E DA CIDADE

A chegada do sistema de gravação elétrico no ano de 1927, e o empenho dos cancionistas em criar canções adaptadas a esse novo sis- tema, constituíram uma etapa importante para o samba adquirir a “na- turalidade” observada nas canções que surgiram especialmente a partir do final da década de 1920. A incorporação gradativa de alguns ele- mentos estéticos aos sambas contribuiu, possivelmente, para aumentar o vínculo entre o intérprete e a canção, bem como desta em relação ao ouvinte. Entendemos que as mudanças ocorridas nas canções de samba, o aprimoramento da técnica de compor dos cancionistas, concomitante ao desenvolvimento da técnica de gravação, constituíram fenômenos importantes na apropriação desse gênero musical por diferentes classes sociais e étnicas. Pretendemos, neste capítulo, discutir essas questões. Nas duas primeiras décadas do século XX, período em que verificamos o nascimento de uma cultura popular urbana da cidade do Rio de Janeiro, o fenômeno de massificação cultural expresso de modo evidente nos teatros de revista, bem como na Festa da Penha e no Car- naval, teve significativa importância na divulgação da canção popular e, notadamente, do samba. Aliado a tal fenômeno, o crescimento da indústria de entretenimento, com o surgimento do rádio (1923) e a che- gada dos aparelhos elétricos de gravação (1927), influenciou ainda mais a difusão/construção desse gênero musical. A primeira transmissão radiofônica ocorreu em 07/09/1922 na cidade do Rio de Janeiro, por ocasião do discurso realizado pelo E- BOOK | 112 o funcionamento dasrádios, bemcomoapotencialapropriação do fônicas. Tal cenáriorevelava ascondiçõesprecáriasemque ocorria cativo númerodas transmissõesradio para acaptação deantenas sagem urbanística da cidade, que passou a compreender um signifi o surgimento dasmencionadasrádiosprovocou mudanças napai do que nos relata Almirante,1924, a Rádio Clube do Brasil. A partir foi inaugurada a Rádio Sociedade na então capitaldo país, e, em Epitácio Pessoaentão presidentedaRepública miar dadécadade 1930. li no notadamente financiados, ser a começaram estes quando rádio de aparelhos os que possuíam umasituação economicamentemenosprivilegiada somenteadquiriram residia. Devido ao alto preço dos primeiros aparelhos, consideramos que os indivíduos nômico, como, porexemplo, noqual ele também bairro asresidênciasdeVilaIsabel, de algumpodereco se referindoaossegmentos detentores autor podeestar que esse número deresidências,em um grande aparelho jápodiaserencontrado esse supomos das emissoras derádio 178 EmboraAlmirantesugiraquenomomentodeemergência da radiofonia” 177 MORAES, 2000.Ver intitulada“A aparte especialmente música noar:aexpansão sica culta”.SegundoMoraes, pressupostos educativos, bemcomoaproposta dedivulgar a “mú entanto, no Tinham, profissional. estrutura uma com atuavam não novo dapopulação. veículodecomunicação porparte Nos primeiros anos defuncionamento, asemissorasderádio

. que nãoostentassesobreostelhadosouquintais, osmastros em transformou-se floresta de antenas. Não havia residência dos doispostosemissores,Com oaparecimento acidade watts daRádioSociedadeouos500Clube... sasse em reter com eficiência arudimentar energia dos 1.500 de seusvintemetrosboa antena, deextensão, ninguémpen dasondashertzianas.tais indispensáveisacaptação Sema altíssimos, geralmente de bambu, a sustentar os fios horizon 177 . Noanode1923, 178 ------180 primeiras transmissões(MORAES, 2000,p. 49). oque reforçamação eraintercaladaparanãohaver o caráter amadordas concorrência, em quehaviaque nascidades 179 Oautorressaltaainda maisdeumarádioaprogra da aofatodeque, noiníciodasprogramações radiofônicas, era tec vinte e contos já havia demonstrado que não iaatrairaatençãodo ou e na leitura de poemas lísticos, na apresentação de música erudita certamente, aprogramação fundamentadanoscomentáriosjorna porque eraprecisodivulgarespecialmente os aparelhosderádio, e, são decanções populares naprogramação diária.Esse fato ocorre menos onerosos, ainclu prios aparelhosque se tornaram ocorre com odesenvolvimento técnico, tantodosestúdiosquantopró de 1930),e de 1920paraadécada na transiçãodadécada mente À medida quecresceo número de emissorasrádio(especial “apropriada” paramelhorar/apuraro gosto musical dapopulação. “civilizar seriaamais eeducar”osouvintes. A “música erudita”

Ibid 180 A execução decançõespopularestambémestava relaciona Os objetivos da radiofoniaemergente consistiam em tentar . Ver especialmente ocapítulo1. . educar e“civilizar” opovo brasileiro. nação. O rádio seria,então, privilegiado para oinstrumento “civilizatório”,levaria que necessariamente aoprogresso da de estavam relacionadosaum difuso projeto nacionalistae o adjetivo “educadora”. Os princípios educativos na realida geral incluindo em dasemissoras, nomes nos até refletiria veiculadora deprincípiosexclusivamente educativos, que se tuto de1931(D.L.20.047) —determinavam suafunçãode o seu substi da radiodifusão nacional — o de 1924,depois difusão da“altacultura”.Osprimeiros decretosordenadores objetivos emdiretrizeseducativas fundadosclaramente ede nos seusaspectostécnicose/ou uma eliteinteressadacom rádio brasileiro erafeitoporumpequenonúmero depessoas, Nos seus primórdios, alémdascondiçõesamadorísticas, o 179

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E-BOOK | 113 E- BOOK | 114 nos referimos. Ascançõespopulares, nessesentido, podiamtam sonoros quais divulgação aparelhos aos na dos eficientes eram que como maxixes, lundus, modinhas e sambas, játinham demonstrado de taisgêneros musicais,acervo ascançõesgravadas edesignadas a divulgação dosprimeiros fonógrafos. Alémdejáexistirumamplo Casa Edison se interessoupeloregistro de gêneros populares para mencionamosnocapítuloanterior,forme agravadora dediscos nicamente maisfáciltransmitirascomposiçõesjágravadas. Con 181 momento dagravação. tinha que fazer um esforçocaptar os sons, maior no o intérprete de 1910,devidoàslimitaçõestécnicasdosprimeiros fonógrafos em potência vocal exigida para gravar no método anterior. Na década são. Alémdisso, nãoeramaisessencialqueoscantorestivessem a depercus a exemplodicada, dossonsemitidospelosinstrumentos ficava preju mecânico sistema no captação musicais,cuja timbres degravação tambémcontribuiu para melhoraro registroforma dos uma atividadecomerciais, rentávelparaasempresas poroutro, essa lado, essefenômenosinalizou que a cançãopopular compreendia promoveu o aumento da capacidadede produzir discos. Se, por um bém contribuirparapropagar orádio.

Conforme demonstraremos adiante,Conforme osurgimento dosistemaelétrico A chegada dosistemadegravação elétrico, noanode1927, era mecânica Celestino e, nãotanto, o deFrancisco Alves, osprincipaisda to a tenor ou barítono de ópera, como era o caso de Vicente do mões comoosartistas Para registrara voz na cera,eleprecisava degarganta epul detuba. emforma àbocadeimensascornetas mente gritar microfones poucosensíveisqueforçavam ocantorapratica Até 1927, o sistema adotadono Brasil erao mecânico, de 181 . bel canto . Oumesmosercandida ------naldo Daraya Contier: erudito,brasileiros. bemcomoporalgunsintelectuais SegundoAr essa constataçãonãoerabem vista por alguns músicos do campo populares.sobretudo noquedizrespeitoàscanções Noentanto, 182 CONTIER,1992, p. 280-281. (MÁXIMO, 2010a,p. 135). naturalidade, como se estivessem fazendo um esforço menor ao cantar mais com cantam intérpretes os que verificamos 1920, de década da nal fi do canções das apreciação à procedemos quando perspectiva, Nessa dascanções. uma entonaçãomais“natural” nomomentodainterpretação de gravação, que os cancionistas empregassem no ano de 1927, permitiu queindustrializaram-no,depois estáperdendo asuaverdadeiraca samba, “o que afirma Guimarães Francisco improviso de sambas No livro intitulado mento, somente de pessoas ligadas à música erudita. não partiam pular, notadamenteosamba,estarligadoàindústriadeentreteni Esse avanço musical, tecnológico motivou uma efervescência As análises negativasAs análises ao fatodeacançãopo comrelação ainda os ‘artistas populares’:compositoresdeassobio,ainda os‘artistas exe b) Os de seleção”; Brasil inteiro, semo menorcritério eespalhammúsicaruim, a) as razões: let, emfacedacrisemúsicacultanoBrasilapontava três Em1930,LucianoGal eruditos. a “incomodar”osartistas disco,passaram asmúsicaspopularesurbanas esertanejas [...] com a ampliaçãodo sistema radiofônico e aindústria do temiam os ruídos e os sons oriundos da “cidadeque sobe” temiam os ruídos brasileiroscamente pelosmodernistas. [...]Os modernistas popular, não conseguiram ser discutidas histórica ou artisti realidade, Na mil discos”[...] aindústriacultural,música de 70 “só vêqueosamba-talgaranteumatiragemimediata cutantes deouvido, cantores-ignorantes”; c) o Na roda do samba Na roda rádios-sociedades editores demúsica editores , o jornalista eapreciadordos , ojornalista “[...] entram pelas portas do pelas portas entram “[...] : “asrádioslançaram editor dedisco 182 ------.

E-BOOK | 115 E- BOOK | 116 ligação com a roda de samba) sinaliza que essa forma-canção jáse ligação com a roda desamba) sinaliza que essa forma-canção dade de compositores de samba (que, segundo o autor, não tinham Primeiro,de quehaviaque aconstatação entendemos umadiversi se aproximado musical comambiçãodedinheiro. dessaforma sitores que não possuemintimidadecom“aroda dosamba”terem O principal ponto negativo destacado pelo autor é o fato de compo dência evai assimaospoucos, caminhandoparaadecadência...” 183 GUIMARÃES, 1978,p. 77. maneira equivocada aSinhô.Osambapossuiduasestrofes: car,de maisumdoscasosemqueaautoriaéatribuída trata-se Dias, obtevedestaquenoCarnaval de1925.Deacordo comAlen dascançõesaseguir.questões quepretendemosdiscutirapartir à que ossambistascantavam nas festasdasbaianas. Estaéumadas demaneirapróxima que as canções fossem interpretadas permitiu verdadeiro samba, consideramosque o sistema de gravação elétrica mudanças que o descaracterizaram que ele compreendia como o assinalar quetalfenômeno teriaprovocadoo fatodeGuimarães surgimento /desenvolvimento dagravaçãode discos. Nãoobstante dizrespeitoao cultura popular urbana.Outro aspectoimportante destacava entreosdemaisgêneros popularesnaquelaemergente O sambaintitulado O livropara duasquestõesimportantes.aponta deGuimarães Foi bancaroestivador. Para sustentarfamília oClaudionor Como fez Não váfazer Me faloudetalmaneira Uma cabrocha daMangueira Lá nomorro Eu fuiaumsamba Morro da Morro , criadoporManuel 183 - - - . primeiros uma versos,relação entre“samba” e “mor é estabelecida Nosdois daentãocapitalrepublicana. sobre osdiferentesmorros compor a sambistas outros posteriormente influenciou que vidade neiro em 02/04/1969. concedidoporDongaaoMuseudaImagem edoSomRiodeJa185 Depoimento Disponível em:.sonoro 78rpm. 184 Silvio de Souza. está sendoexpresso.quase operísticauti Supomos queaentoação que a Eu fui a um samba festa: de significado o compreende samba termo o verso,primeiro bém passou a constituir um dosredutosdosamba.Alémdisso, no refere àpropagação dosambanacapitalpaís. onde havia festa agenteia” é que foinhum... O samba depois pro morro. E foi pra todo lugar, acordo“Não temisso, comele: ne osamba nãoveiodemorro to concedidoaoMIS,esse aspecto. osambistaDongaressalta De esubúrbios.tações culturais)paraosmorros manifes suas de (e negra população da na mudança influenciaram jádiscutido neste trabalho,do século XX. Conforme asreformas do centrozação do RiodeJaneiro, dacidade décadas nasprimeiras urbana emoderni emconsequência doprojetonegros dereforma ro”. Essarelaçãoremeteàmobilidadepraticamenteimpostaaos A letra diz respeito a queum tam espaço geográfico (morro) Nesse sentido, osambanãosurgiu no morro. Nodepoimen da Mangueira constituiu uma no A opção decantaro Morro performance E corta essalínguacomprida E corta Vai procurar umtrabalho Que tutenscomaminhavida? Ó cabrocha faladeira Morro da Mangueira Morro . Noentanto, a canção, aoouvirmos observamos do intérprete nãocondiz com o conteúdo que do intérprete 185 . Notamosque o músico também se . Rio de Janeiro: Odeon, 1921-1926. Disco 184 . ------

E-BOOK | 117 E- BOOK | 118 é cantada.Aseguir, dosamba: algunsversos com que ela àrelaçãoentrealetradacançãoe forma pertinente no Carnaval doanomencionado,outro podemos destacar aspecto cantados nasfestasourodas deimproviso. comque os sambaseram aforma lizada peloautornãorepresenta melódica amodalidade do/ser/.” (TATIT, progressão 2002, p. 10). na imprimir significa freqüência a e duração a ampliar sentido, Nesse tra. não queraaçãomaspaixão. Quer trazer oouvinte para o 187 De acordo com Tatit, o prolongamento dasvogais sinaliza que “[...] o cancionista Disponível em:. 186 Sinhô. está sendoexpresso. contribuiu para enfatizaro caráter satíricodo conteúdo que verso demos que, nessaestrofe, aentoaçãolíricaempregadanoprimeiro Esse aspectosugere que a intençãoéridicularizaro amor. Enten / Nãotemvalor seguintes ( nos trêsversos terrompido está emestadoprofundo de paixão palavra sentimento. O prolongamento davogal roso. Overso A letra da canção trata, com tomsatírico,A letradacançãotrata, dosentimentoamo A partir dacanção A partir amor Amor sem dinheiro É fogo depalha Amor semdinheiro Não temvalor Meu bem Amor semdinheiro Amor, amor Que moracanalha É casasemdono é cantada, transmite a impressão de que o intérprete transmite aimpressãodeque o intérprete écantada, Amor, amor ),

visto que eles sãoentoadosdemaneiraritmada. . Rio de Janeiro: Odeon,192101926.Disco sonoro 78rpm. Amor semdinheiro Bis é cantado em forma deexaltaçãoaesse écantadoemforma Bis 186 187 Amor seu dinheiro /Meu bem Amor seu dinheiro . Noentanto, talestadoéin o , nas duas vezes emque a , nasduasvezes , apresentada por Sinhô apresentada estado emque eleseencon - - - - Entendemos que nesses versos, oesforço empregado pelointér ressaltar asátiraaoamor, naprimeiraestrofe. talcomoobservado palavra O prolongamento davogal sos Nessa perspectiva, nãohá uma conexãoentreaentoaçãodos ver nosdoisprimeiros nãopossui o mesmo efeito. versos intérprete 188 ALENCAR, 1979, p. 188. no restodoanosendodivulgado emtodoBrasil” com Alencar, essacanção “registrou estrondososucessonocarnaval e de cantar as canções relacionadas a essegênero musical. De acordo co, neira de interpretar e compor os sambas. Osamba Barcelos, NoelRosa,dentreoutros.Ocorremmudanças naprópriama então eram desconhecidos, como Ismael Silva, Almirante, Alcebíades até que músicos emergem que década dessa final no especialmente É lidades para queoutros cantores também estivessem aptos paragravar. vação daépoca. para que eles se adaptassem de maneira satisfatória aos recursos de gra o auxílio tecnológico dos microfones. Certamente esse fatocontribuiu cantavam em circos e teatros e suas apresentações não contavam com dois intérpretes Os veram grandedestaquenolimiar do século XX. cantor tivesse fôlego, bemcomoumasignificativa potência vocal. da técnicadegravaçãocujo sistemademandava mecânica, queo prete nahoradecantarpossivelmente aos limites estárelacionado lançado porSinhôem1929,constitui uma novidadequantoaforma Amor sem dinheiro /Éfogode palha Amor semdinheiro Baiano e Francisco Alves estavam entre os cantores que obti Quando ouvimos asegundaestrofe, olirismoutilizado pelo No anode1927,osistemagravaçãoelétrica abriu possibi palha produzem um efeito passionalque não contribui para o

da palavra e o sentido que exprimem. dinheiro 188 Gosto que me enros . , edavogal a da ------

E-BOOK | 119 E- BOOK | 120 conversas cotidianas, somentefoi possívelcomodesenvolvimento tecnológico. 191 Agravação daentoaçãodevoz mais“natural”,istoé,próxima daempregadanas 190 VicenteCelestinotambémera cantordeteatro. Disponível em:. 189 Sinhô. elementoes que oseuestilodecantarconstituiu um importante cantor temcomrelaçãoàobra. compositor/ quecada e/ousensibilidadeartística à compreensão emprego deumanova estéticamusical tambémpodeestarligado ção elétrica novas possibilidadesoferecidaspela chegada dosistemadegrava aproveitoucanto maissimples. as É notório que esse intérprete rio Reis também possuir uma voz forte, eleoptou por utilizar um Francisco Alves e VicenteCelestino a maneiraoperísticautilizadapor outros cantores como Baiano, constituiu umanovidade. Anova decantarcontrastava forma com acançãoéque O estilo coloquialcomqueMárioReisinterpreta Ao ouvirmos o samba interpretado porMárioReis, notamos osambainterpretado Ao ouvirmos O acompanhamento da letra é feito apenas por um violão. Gosto quemeenrosco 191 O homemnãotendoébemcapazdeirroubar. ecarinhos Entre beijoseabraços Nisto équeeunãopossoacreditar fraca Dizem queamulher éaparte efaz oqueelaquer.Desce danobreza Mas ohomemcomtodafortaleza maisfracaéamulher Que aparte Gosto quemeenrosco deouvirdizer ohomemsóporcausadaorgia Desprezam Deus noslivre dasmulheres dehojeemdia crucificado É melhormorrer Não sedeveamarsemseramado . Noentanto, devemoslevar em consideração que o . RiodeJaneiro: Odeon,1928.Discosonoro 78rpm. 190 . NãoobstanteofatodeMá 189 - - - pode ter motivado o sucesso adquirido pela canção,afir pela adquirido conforme motivadosucesso ter o pode uma aproximaçãoao ouvinte. daquelacomrelação Esseaspecto poderesultarem Assim, ovínculo entre acançãoeointérprete que a canção atinja, com maior eficácia, a sensibilidade do ouvinte. nado auma vivência do cantor. Possivelmente, esseefeitofaz com deque o conteúdoexpressonaletraestavaa percepção relacio dentro da canção. Esseaspecto contribui para que o ouvinte tivesse canção. maisevidentea“voz quefala” Aentoaçãosimplestornou tético quecontribuiu para aumentarovínculo entre ocantorea processo decomporcanções, oqual compreende: De acordo comesseautor, ofator de umfato)ecomoelefoi sentido (no caso, porquem o interpreta). fala de si, de alguém ou conteúdo (no qual o intérprete determinado um da cançãotransmitecom naturalidade em queainterpretação namedida que oaprimoramentodetalpráticapodeserobservado cionistas. do estudo desenvolvido A partir por Tatit, entendemos relacionadas aodesenvolvimento dapráticadecompordos can transformações verificadas nas canções de samba também estavam mente líricodeFrancisco Alvesestivesse presentenessesespaços. No entanto, consideramospoucoprovável queocantoexcessiva doscancionistasque as frequentavam.por meiodosdepoimentos festas. É fato que tais experiênciassomentepodemserapreendidas samba seaproximassemmusicais dasexperiências nas praticadas estamostentandodemonstrar,forme paraque as composiçõesde Franciscojornalista Guimarães, oregistro sonoro contribuiu,con negativater sidovistodeforma poralgumaspessoas, aexemplo do vam nasrodas desamba.Emboraofatosurgimentododisco que maisseaproximavacom queossambistascanta damaneira ma Alencar. Conforme já apontadonestecapítulo,Conforme consideramosque as Entendemos queoestilodeMárioReispossivelmente erao naturalidade estárelacionadoao ------

E-BOOK | 121 E- BOOK | 122 é um elemento importante para que a canção tenha que acanção para importante é umelemento bem comooempregodeumvocabuláriotidiana, maiscoloquial, 192 TATIT, 2002,p. 18. Francisco deFreitas, me enrosco mente dosamba,foi gradativamente. sendoforjada popular,da canção é quetalcaracterística demonstrar especial circunscritos a este limiar do século XXI. O que estamos tentando Esse é elemento bastante evidentenasdiferentescançõesesambas No ano de 1929, tal como ocorreu comosamba No anode1929,talcomoocorreu A utilização de entoações próximas às utilizadas na fala co , acançãointitulada flagem do esforço e do empenho como parte dacanção.flagem doesforço edoempenhocomoparte que o tempodaobraémesmovida.Daíentãoacamu ocupa posição dedestaqueanaturalidade:impressão dos ouvintes.tratégia depersuasão Dentro dessa estratégia, es numa configura se que [...] técnicas de equilíbrio um [...] Só tupodesmedar Somente emti,somente ti Que sópensareiemti, Dorinha, juro O teuamor, amor. Para venceroteuamor Imploro aDeus Castigo sim,castigosim Que eusofro tantoassim Não seiqualarazão E sofro sóporteamar. Eu souumpecador Porque mefazeschorar? Dorinha, meuamor

também obtevealgumdestaque. Dorinha! meu amor , criada porJosé naturalidade Gosto que 192 - - - - . o efeito seria outro, contribuindo para revelarum estado passional Se ocantoroptasseporutilizarprolongamento dealgumasvogais, medidaexagerado—presentena letra. o sentimento—emcerta suaviza Reis Mário de interpretação a que verificamos samba, esse dastrêsestrofes.presso nosversos Noentanto, quandoouvimos intitulada “Ocasamento demelodiaeletra”. emTATIT,muito196 Estaquestãoestá bemarticulada 2004.Ver a parte especialmente reira SallesdoRiodeJaneiro. do 195 Ouvimos arelaçãodas canções feitaporAlencarapartir terística. da canção 194 Naanálise Disponível em: 193 MárioReis. tra dascanções,que melhorseadaptava bemcomonaentoação suasiva dascanções de crescimentodoscentosurbanos),comprometia aestratégiaper impraticáveis nasconversas noperíodo dodiaa(especialmente crita, tais como “não crês”ou “me fazeschorar”,que se tornaram aspecto, Tatit ressaltaque as expressõesinspiradasnapoesiaes mesmo nascançõesquefalamdeamor. Noquedizrespeitoaesse rinha! meu amor Por outro lado, em de lirismo(talcomoobservamos apresença relacionado à entoação davoz constitui um aspecto frequente o estudo desenvolvido por Alencar, verificamos que o estilo simples navais, doanode1928,segundo a partir especialmente realizados para dar do intérprete Consideramos importante acrescentar que amudança acrescentar nale Consideramos importante O caráter lírico da cançãoéevidenteno ex sentimentalismo Ao analisarmos as canções que obtiveram sucesso nos car Ao analisarmos naturalidade Ao teucantor, cantor. Alívio aestador Dorinha! meu amor 194 . Autilizaçãodepalavras maisritmadascontribuiu ) nos versos dos sambas será cada vez maisrara, dossambasserácadavez ) nos versos 196 Amor semdinheiro aosamba. . . Rio de Janeiro: Odeon,1928.Discosonoro 78rpm. 193 , apresentamos um exemploapresentamos carac dessa site doInstitutoMo Do 195 ------.

E-BOOK | 123 E- BOOK | 124 a respeitodoambientenoqualascomposiçõeseramelaboradas. sambistas comintelectuaisdoperíodo. Vejamos oque diz Donga do por Mário Reis —, também podiaestarligadaàconvivência de aos novos aparelhosdegravação —aexemplo doestiloutiliza 197 Depoimento concedidopelomúsicoem 05/04/1969. 197 Depoimento ba, inicialmentemarginalizado, paraacondição desímboloiden um símbolonacional. do sambaem sua compreensãodecomosedeuatransformação Vianna utiliza um desses encontros para desenvolverHermano a do samba.O antropólogocanção popularnoBrasil,especialmente da constituiu um fenômeno nãoraro no processo deconstrução gravadas. Consideramosque o encontro entre músicos e literatos foramde 1910,períodonoqualtais canções da década meados deCaxangá cla O fato de Donga citar as canções Com oobjetivo dediscutircomosedeuapassagemdosam toa pra vir pra ali pra Praça Cruz Vermelha, ondeéné? sabe Cruz toa praviraliPraça lá, [...]poetastudo literatos. à [...] iam nos buscar às vezes louro epro aquatro. diabo Fontes, Hermes todomundo ia lho Afonso Arinos ia lápra nos buscar para levar prasamba rio Mariano, Dr. Afonso Arinos, daAcademiadeLetras. O ve com rede.Tínhamos uma sala lá grande [...] Iamláo Olegá [...] flores. de chácara Riachuelo,numa do Rua 268, n. blica, deCaxangá bocla sicalmente você nãoqueira saber. saiu Nessarepública Nós estávamos fazendomiséria.Entãomu numarepública que eumeambientei das letras.de músicaenósapreciadores Depoesia,foi assim mal-acostumados nomeiodeliteratosepoetasapreciadores umas coisasetudoissoatéromperVivemos odia.[...] assim uma coisa, eo seu Catulo improvisando, e os poetas dizendo solando um cada improvisando tocando, ali, ficávamos Nós nos leva aconsiderarque o músico se refere aos , Luar doSertão 197 . Luar do Sertão , tudo isso foi dessa repú e Cabo Ca ------mos que a ideiaéimportante, porémnãoexplicapor que aescolha ideia fundamental paraanálisedomistério dosamba” espaços sociaisondeessasmediaçõessãoimplementadas, éuma existência deindivíduos que agem como mediadores culturais, ede mais abastadas.que “a Noqueserefereaosamba,Viannaressalta dascamadassociais populares jáatraíamaatençãodeintegrantes Brasil, apontandoque, desdeosurgimentodamodinha,osmúsicos o autorfazumretrospectotidade nacional, nahistóriadacançãono tidade nacional. Cf. FREIRE,1952;HOLANDA, 1988. quais apresentavam, entreoutrasdiscussões, perspectivas paraacompreensãodaiden 199 Tais autores publicaram,nosanosde1933e1936,respectivamente, obrasnas 198 VIANNA, 2004, p. 40. e Pixinguinha. como HeitorVilla-LoboseLucianoGallet,oscancionistas Donga da Freyre,qual estiveram presentes Gilberto Sérgio Buarque de Holan paraaanálisedomistériosamba—na como pontodepartida evento diziarespeitoaumanoitada—queéutilizada peloautor deumprojeto deidentidadenacional. Talà construção relacionada estavafinalidade cuja 1926, de ano no ocorrido evento um destaca gênero musical em questão. Noque se refere aesseaspecto, Vianna do dos sambistas do processo deconstrução rimindo a participação dade nacional.Nanossainterpretação, di aanálisedo autor acaba que resultou na compreensãodosambacomoelementodeidenti lectualidade brasileira— como mediadores culturais, no processo atuação deliteratos—bemcomooutros dainte representantes tante doqueopaístinhademais“brasileiro”. mos popularesdoperíodo)parasercompreendidocomorepresen do sambaenãodeoutro gênero musicalrit (dentreosdiferentes 199 , Prudente deMoraesNeto, , Prudente compositoresdamúsicaerudita, Consideramos que Vianna provavelmente a supervaloriza 198 . Entende ------

E-BOOK | 125 E- BOOK | 126 fato dequeocrescimentodomercadodiscoseainstalação Concordamossamba emmúsica nacional. comoautor quanto ao da indústria no de entretenimento processo de consolidação do Além disso, em um trecho do livro, Vianna assinala a participação circunstância. dessa beneficiado se teria samba o sentido, Nesse por “coisasbrasileiras”. eointeresse te presentenoBrasilodebate nero musical do samba emerge num período em que estava bastan 201 VIANNA, 2004,p. 110. cancionistas tambémaprimoravam atécnicadecriarletrasemelodiascompatíveis. de cançõesparaadivulgação dos discos. Ao compor um maior número de músicas, os 200 Comodesenvolvimento tecnológicodosistemadegravação, aumentouademanda tes cidadesbrasileiras. estamostentandodemonstrarem Conforme musical, teveapossibilidadedeconstituirnova modanasdiferen gênero outro não e esse, que por e disco do beneficiado” “se teria esse autor,rádio. Segundo e do dodisco chegada da beneficiou se também canções desamba.Noentanto, Viannasinalizaapenasque o samba das no processo de construção importantes lizou transformações para osamba“finalmentesedefinircomoestilo musical” influenciado teriam 1920 de década da final no gravadoras várias Podemos que Vianna não explica como o samba perceber Já ressaltamosnestecapítulo que a chegadado disco viabi ao fatodequeogê de Viannaestárelacionada central A ideia sica nacional.” emmú se transformar O sambatem‘tudo’aseudisporpara sua adoçãocomonova modaemqualquer cidade brasileira. —issoéoutro problema) litariam (masnãodeterminariam havia as rádios, as gravadoras e o interesse político que faci [nesse caso,em suaprópriacidade “[...] oRiodeJaneiro] já 201

200 . ------para a configuração do samba em uma “nova moda” nas diferentes rádio, a da a partir doouvinte.a atenção atrair não fosse Mesmoqueacanção ouvida ralidade na práticadecomporcanções.cionistas seaprimorassem A nossa pesquisa,agravação dediscoscontribuiu para que os can 202 MATTOS, 1982,p. 88. tivos pelos quais esse gênero a atençãodere musical despertou do país,em outrascidades aceitação éque constituiuumdosmo de suapotencial e oreconhecimento na entãocapitalbrasileira, de queosamba jáestavatatação difundido, bastante especialmente do comMattos: ano estava relacionadoauma iniciativa deGetúlio Vargas. Deacor dos direitosautorais.de regulamentação O decreto aprovado nesse brasileiras.cidades Defato,teve iníciooprocesso noanode1926, Ao contrário do que afirma Vianna, entendemos que a cons a que entendemos Vianna, afirma que do contrário Ao Vianna assinalaque o interesse político também contribuiu naturalidade cada vez mais forjada nacançãopodetercontribuído para maisforjada cadavez performance passaram apagar5000.000 pagavam 90.000réisaoautordamúsicaquetransmitiam, tra a medida. Por decreto seu, as emissoras, que até então das estaçõesderádio em protesto con sar de uma greve de AutoresBrasileira da Sociedade solicitação Teatrais, ape tou osdireitosdastransmissõesradiofônicas,à atendendo que lidassem com músicas”. Em 1934, já presidente, aumen do o“pagamentodedireitosautopraisportodasasempresas var odecretolegislçativo 5.492,desuaautoria,determinan tempo.deputado,ainda 1926, julho de de Em 16 aprofizera O “namoro” deGetúliocomo samba jáaconteciaháalgum dacomposiçãotambémpodiaserapreendida. direta do intérprete, por meio do disco e do direta do intérprete, 202 . natu ------

E-BOOK | 127 E- BOOK | 128 se destacassedentreosdemaisritmospopulares. aspectos quecontribuíramparaosamba massa, compreendem por,das cançõesaosmeiosdecomunicação aliadasàadaptação de empenho edoaprendizadodoscancionistasnapráticadecom tica musical) pelasquais o sambavinha passando, resultantesdo evidente. (relacionadasàesté Ressaltamosque as transformações interesse deVargas ainda mais com relação aosambasetornaria políticos.presentantes doEstadoNovo, Noperíododogoverno o capítulo intitulado “A Ver cidadeé moderna”. tambémVELLOSO, 1996. cidades deSão Paulo e do Rio de Janeiro, cf. VELLOSO, 2000.Vero especialmente dessa questão,203 Arespeito edecomosedesenvolveu nas omovimento modernista pítulo, naturaldecantaracompa alinguagem coloquial e aforma sevoltaramprincipal alvo paraoqualosescritoresmodernistas rima, eoRomantismo, comseuexageroconstituíram o sentimental, literárias como o Parnasianismo, com de suas metrificaçãoregras e defendiam queamesmadeveriasermaissimplese livre. Asescolas Oswaldque dizrespeitoàescrita, deAndradeeManuelBandeira que pudessem expressar o que seria realmenteo povo brasileiro. No renovaçãoartísticas, demodo nosdiferentestiposdemanifestações Sandroni,Carlos dentreoutros. Vianna, nistas populares é por assinalada autores como Hermano ção domúsicoHeitorVilla-Lobos, cujaproximidade comoscancio nicipal deSãoPaulo. Esseeventotambémcontoucomaparticipa Moderna” de Arte “Semana chamada pela cujoiníciofoido movimento marcadoespecialmente modernista, estética dessegênero musical apresentando asperspectivas acabou supomos que a das cançõesdesambasapontadasanteriormente, De acordoneste ca das cançõesjáanalisadas comaanálise Um dosobjetivos doeventoeradesenvolver umprocesso de ao processo dasquestões relacionadas deconstrução A partir , realizada no Teatro realizada Mu 203 . ------tão que acabamos de ressaltar.tão que acabamos O gênero musical do samba compre estivesseno samba”,ele caíram possivelmentese referindoàques rias ecaíramnosamba[...]” que recheavam osseuslivros, daslivra queentulhamasprateleiras tigas sonetos, alexandrinos, poemas, a quatro odeseodiabo com “[...] viramque opovo gostamesmodochoro emandaramàsur poetas os que afirma Guimarães questão,Francisco dessa respeito asexpectativasnhavam, forma, dospoetasmodernistas. A decerta 205 Jornal 204 GUIMARÃES, 1978,p. 51. decidiram fazer apresentações musical do qual fazia parte) (grupo a esseaspecto. Ao relatar sobre o período emque os Oito Batutas relacionada 27/04/1963, Donga ressalta uma questão importante pelos músicospopulares. Nojornal notada também foi Brasil o identificavam que elementos dos um estavam nocaminhocerto. mente dosamba,tiveram de que suas canções algumapercepção popular,podemos suporqueoscompositoresdacanção especial jáapontadono capítulo anterior —, meio damúsica— conforme dearte.por uma notoriedade Vislumbrando alcançar rentes formas vam as mudanças pelas quais passava a escrita,bem como as dife acompanha de que essas cançõescertamente nossa interpretação poetas tinhamum apreço pelosamba,poroutro, elasreforçam a erros. Comofalamos. Comosomos.” erudição. Naturaleneológica.Acontribuição milionária detodosos sem arcaísmos, sem Andrade: língua de Oswald “A de afirmativa a objetiva Tais e“moderna”. características estavam deacordo com de expressão que era ao mesmo tempo,endia uma forma simples, A possibilidade deque a cançãopopular pudesse constituir Se, porumlado, aspalavras deGuimarãessinalizamqueos poetas “os que afirma Guimarães quando que Consideramos Correio daManhã Correio , RiodeJaneiro, 18/03/1924. 204 . Tribuna da Imprensa 205 , datadode ------

E-BOOK | 129 E- BOOK | 130 em seu depoimento uma viagem que fez comosOitoBatutas umaviagemquefez em seudepoimento dosambaemcançãopopular.processo deconstrução Dongaconta do povo parte do fizeram brasileiroidentidade também da respeito ondeandassem” do Brasilpelasterras cunho ainda maisalto:o de fazerum modo novo a propaganda que“omovimentoma terpercebido dosnossospatríciostinhaum afir músico o países, outros em como bem regiões, diferentes nas pra eupagar. Pratermotivo pradardinheiro. Enósfomos de conversar.” láe eleacabou não está bom para os Oito batutas. E ele disse:então vocês vem inventar uma audição parava assim odinheiro acabava. Eeufui lá edisseaoDr. olha,onegócio já Arnaldo: essa questão. Diz o músico: “[...] nós estávamos já uns vinte dias semfunção, equando Batutas musical Oito lionário daqueleperíodoeum dos principaisincentivadores dogrupo Guinle foi um mi concedidopelomúsico em 02/04/1969. Arnaldo 207 Depoimento 27/04/1963. p. 4. 206 CABRAL,Sérgio. Músicanaquelabase. Jornal nhecer maissobreos ritmos praticados no Brasil. Além disso, incluir possivelmente prendia-secom a intençãodessesmúsicos em co populares: e pesquisaralguns ritmos estado daBahiaparafazerapresentações . Coletar dados sobre as experiências musicaisdados sobreasexperiências Coletar estados nesses Consideramos, nessesentido, a que questões sobre o debate Apoiou financeiramente esses músicos. No seu depoimento, Donga ressalta Donga depoimento, seu No músicos. esses financeiramente Apoiou Os Oito Batutas formam para Pernambuco,Os Oito Batutas formam Bahia, Salvador. levei oPixinguinha. do Guinle disse a Donga:] mas você leva o músico hein? E eu Então eucombineicomele.músico”. [...] esse pagarei [Arnal memória. [...]Você deve levar um músico pra escrever eeu tal, porque você sótrouxe algumasletrasmaisou menos de não vai sozinho. Você develevar um músico pra escrevere “olha, você vai prosseguir masvocênessa coleta,[...], agora Guinle]dissepro Joãogando aqui,ele[Arnaldo Pernambuco: xe. Masaquilo não erao bastante, tinha que ser mais. E che E oJoão Pernambuco recolheuumaporçãodecoisasetrou 207 206 Tribuna da Imprensa . , RiodeJaneiro,

ao ------nas primeirasdécadasdoséculoXX dava umprocessodesses cancionistasemergentes deaprendizado vademan de comporcanções ao fatodequeaprática relacionada a pesquisarealizadaprincipalmentepor Donga e Pixinguinha esta de dessesmúsicos na busca por espaçosocial Moderna Arte a exemplonacional, a identidade dospressupostosdaSemanade leiro”,num períodoemqueseestava —especialmente discutindo em suas do canções elementos que poderia serconsiderado“brasi E assimsurgiuo ‘BandodeTangarás’”. (ALMIRANTE, 1977,p. 41). noviolãoebandolim. [...] Convidamosconhecido jáporsuashabilidades Noel, Noel. mirante]. Vivendo eueBraguinha víamos, em VilaIsabel, aestaalturaconstantemente escolhemos os mais destacados: Carlos Braga, Henrique Brito, Álvaro Miranda e eu [Al do‘FlorTempo’seleção doselementos aproveitáveis paratalfunção, sendoque bemos umaproposta paragravar discos,de proceder esentimos anecessidade auma Flor doTempo,conjunto denominado de1928.SegundoAlmirante, “Em1929,rece do no ano de 1929,compreendendo alguns integrantes musical formado 210 Grupo ims.com.br>. mento, feitopordoisviolões, éexecutado porDongaeMárioReis. Cf.

(1928),e em 1922—podesercompreendidocomoumaatitu Carinhos davovó (1928),(ambasdeSinhô),oacompanha 209 . Nosso ranchinho 208 . Consideramosque Que vale a nota sem o , umdosdestaques Na Pavuna, 210 , obteve ------

E-BOOK | 131 E- BOOK | 132 Disponível em:. 212 Donga. 211 ALENCAR,1979,p. 194. dos tambores,pela presençada percussão mais forte eramfrequen daimprensa.Jáoscordões,gios porparte quesecaracterizavam decorda esopro,instrumentos elo grandes cujaatuaçãorecebia a faziam no Carnaval desdeo início do século XX. Lembramosque ros sambas também estava relacionadaaosucesso que os ranchos sonoridade compreendiasonsmaispotenteseagudos. orquestral, noqualsedestacavam desopro ecuja osinstrumentos sido gravadospopulares até1927,terem comoacompanhamento em parte, ofatodeossambas, bemcomooutros gêneros musicais justifica, aspecto Esse prejudicada. ficava timbres dos captação a O malhador limiar doséculoXX,como, porexemplo, nacomposiçãointitulada sical. Tais já haviam sido utilizados em gravações instrumentos no depercussãonascançõesdessegênero mu dade deinstrumentos performance A utilização deorquestrasnoacompanhamentodosprimei O referido samba marca aintrodução de uma maior diversi

O Malhador rização dosamba[...]. ros doBandodosTangarás contribuiu para arápidapopula excepcional deAlmiranteeseuscompanhei interpretação subúrbio carioca tambémseriamnovidade logo imitada. A deum melodias eseusritmos. consagradores Os versos [...] utilizado privativamente pelas escolas desambanassuas o pandeiro, o ganzá, o reco-reco, etc., tudo isso era material mitidos noacompanhamento. A cuíca, osurdo, otamborim, tos de percussão, até entãoausentesos estúdios e nãoad Almirante. Pela eram aproveitados primeiravez instrumen Pavuna Quanto aossambas,seria dadapelo anotadesensação 212 . musical dos ranchos com No entanto, que no sistema mecânico observamos , de Candoca da Anunciação (Homero Dornelas) e (Homero, deCandocadaAnunciação Dornelas) . RiodeJaneiro: Odeon,1915-1921.Discosonoro 76rpm. 211 preendia especialmenteos Na ------tinha umapreferênciaporbatidasrítmicasmaissutis. não obstante os limites técnicos da gravação mecânica,o público temente alvo de críticas ponível em:. Segundo Almirante, otermo 215 Almirante. (VELLOSO, 2000,p. 43). que utilizava da congada,ecuja instrumentos Heitor Villa-Lobos apresentou-se com uma orquestra moderna, 214 Na SemanadeArte 213 canção encontramosesseaspecto: da segunda estrofe do qual emerge o samba. Nos versos da partir Janeiro também enunciava ao espaço a os elementos pertinentes CUNHA,2001. A letra do samba dedicada ao bairro dosubúrbio do Rio de A letra dosambadedicadaaobairro Na Pavuna culo XXI. dos sambasque ouvimosnolimiardestesé característicos depercussão,ritmos feitapelosinstrumentos osquaissão a canção,ouvirmos dos amarcaçãomaisforte éperceptível com batidas rítmicasque remetem aosambaderoda. Ao batucada própriadasescolasdesamba.Acançãoéiniciada de Tangarása da melodia utilizasse noacompanhamento deravelmente consi modificado se havia público do gosto o 1920 de cada O sucessodosamba Tem macumba,temmandingaecandomblé(...) Canjerê também Na Pavuna tem Quem nãopassapelaescolaébamba Na Pavuna temescolaparaosamba Que sódágentereúna Tem umsamba Na Pavuna, Na Pavuna, . RiodeJaneiro: Parlophon, Dis 1929.Discosonoro 78rpm. 213 214 . Supomos a partir dessas questões que,. Supomos a partir . A gravação elétrica permitiu queoBando . Agravaçãopermitiu elétrica Na Pavuna performance sinaliza que no final da dé da final no que sinaliza não agradou ao público não agradou reúna 215 , presente - - - -

E-BOOK | 133 E- BOOK | 134 tudo os integrantes das comunidades negras) improvisavam dascomunidades negras) tudo os integrantes seus espaço da“roda desamba”,ocasiãonaqualoscancionistas(sobre pois, quando ouvimos a canção, consideramosque ela nossugereo carnaval” posição decitar,que acabamos elementos ao sambaeaosdemais acom rizam osambaderodafaz que aletra —,bemcomoareferência 217 impressa noselododisco. 216 Segundo a se refere(ALMIRANTE,1977,p. 61). na primeiraestrofe, aoqualosamba diziarespeitoaumagíriamuito utilizadanobairro No livroRepública. intitulado do Estácio,especialmente no bairro subúrbio da entãocapital convivência eresidentes negra comsambistasdedescendência depercussãopossivelmente veioda utilização dosinstrumentos propriedade dediferentesclassessociaiseétnicas.a setornar baiana,começavaas dedescendência pecialmente gradativamente za que o samba,inicialmentedestinadoàs comunidades negras, es por exemplo, Esseaspectosinali deVilaIsabel. residiamnobairro cionou chamar de“classemédia”.AlmiranteeHomero Dornelas, aoqueseconvenos compositoresdoreferidosambapertenciam ocupados pelascomunidades negras, naquelelimiardoséculo XX), consideramos que estavam bairros circunscritasadeterminados (as quais comoamacumbaeocanjerê nifestações daculturanegra o espaçodarodapara bem comoapontar as ma desambaepara versos

Consideramos que a inspiraçãodeAlmiranterelacionada à do subúrbio,Embora o fato de o samba remeteraobairro Não obstante 217 Na Pavuna . 216 . Não encontramos justificativa para essa denominação, Revivendo Músicas

os ritmosutilizadosnacanção—quecaracte vem descritano , a denominaçãode“choro para o carnaval” estava No tempodeNoelRosa compact disc como“choro de , Almirante ------seja, apenasumanoantesdagravação do expressão com “abatucadaprópriadasescolasdesamba”.O surgimento da vários mestresnamatéria” de tamborins, cuícas, surdos e pandeiros, de entreaquelesadeptos do grantes inte os e ele questão, em samba do gravação a para que, afirma . 222 Osvaldo Caetano Vasques (1913-1935). Compositor e ritmista.Disponível em concedidoporBideaoMISem21/03/1968). Depoimento Barcellos), Brancuratinhafama deValentepor andarsempre comsuanavalha. (Cf. foi “Brancura” O apelido doEstácio.dado pelosamigossambistasdo Bairro Deacordo comBide(Alcebíades flautista. e Compositor (1908-1935). Fernandes Silvio 221 220 Cf. SANDRONI, 2001;MÁXIMO, 2010a. (ALENCAR, 1979,p. 191). 219 De acordo com Alencar, era um rancho que foi denominado deescolasamba 218 ALMIRANTE,1977,p. 62. de sambaDeixaFalar eoscompositoresBrancura cio, os fundadores da escola tendo como principais representantes João doEstá daBaiana. O segundo tipo desambasurgiu no bairro daCidadeNova,bairro comoDonga,Sinhô,e Heitor dos Prazeres divulgadores foram oscompositoresmoradoresdo especialmente criados no reduto das comunidades baianas, e cujos precursores existem doistiposdesamba gravaçãoinfluência dossambistasdoEstáciona dessesamba. sobre a tiam outras escolas desamba) reforça nossainterpretação pressão que não era muito utilizada (visto que no período não exis Fala doEstácio,moradores dobairro criaramaEscoladeSamba Silva,bistas Ismael e NiltonBastos, Barcelos Alcebíades queeram r 219 Vários estudos sobre esse gênero musical consideramque De acordo comAlmirante, foi aprimeiragravação realizada . O fato de a letra da canção Ofatodealetra escola desamba Bando de Tangarás 218 era recente. era de 1928(ou Emmeados 220 . . Oprimeiro dizrespeitoaossambas , “[arrebanharam] algunstocadores , “[arrebanharam] Na Pavuna Na Pavuna remeter a umaex remeter 221 eBaiaco ), ossam Deixa 222 . A - - - - -

E-BOOK | 135 E- BOOK | 136 exemplo que pode ilustrar esse aspectosão os sambas Um sambas. respectivos dos fronteiras as delimitar de dificuldade encontramos 1920, anos dos final do canções as vamos/ouvimos dade Nova” em relação aos sambas “do Estácio”, quando obser conhecidocomo“sambadoEstácio”. ba equesetornou da décadade1930,constitui o aspecto que mais caracterizao sam partir a surgidos sambas nos verificada acentuada, mais marcação 225 Depoimento deBideconcedidoaoMIS em21/03/1968. 225 Depoimento Disponívelem:.78 rpm. Barcelos.224 Alcebíades Disponível em:. 223 Sinhô. puderam terumdestaquemaiornossambas. Entendemos que Bide serefereaofatodeque as batidasrítmicas nosso [samba] era muito melhor. [...]Demosmaisvida ao ritmo” essa questão: “Aassinala batia osambaporintuição. gente o [...] da décadade1920.OsambistaBide, dadoaoMIS, emdepoimento tante elemento caracterizador dos sambas surgidos a do partir final devariaçõesversidade rítmicas. Esse aspecto constituiu umimpor para que oscancionistasincluíssemnessas cançõesumamaiordi depercussãonasgravações dossambascontribuiu instrumentos que provoca umadesaceleração naentoaçãodaletra. prolonga algumas vogais,meiro o intérprete samba, por sua vez, o pri No canção. segunda na verificado rápido mais andamento ao canções, consideramos que o aspectoque as diferenciadizrespeito Barcelos(Bide) (sambista do Estácio). Quanto às citadas Alcebíades primeiro foi composto por Sinhô (Cidade Nova) eosegundo por só

(gravado em1925) Consideramos que a possibilidade de incorporar diferentes Consideramos queapossibilidadedeincorporar Não obstantetalaspectoquediferenciaossambasda “Ci Ora vejam só Ora . Rio de Janeiro: Odeon,1925-1927.Disco sonoro 76 rpm. A malandragem 223 e A malandragem . Rio de Janeiro: Odeon,1928.Disco sonoro (gravado em 1928) Ora vejam Ora 224 . O 225 ------. tinham diferençasmarcantes. primeiro momento,dos doistipos desambanão osrepresentantes decitarsinalizamque,As duasúltimascançõesqueacabamos num sambas distintos daqueles que vinham sendo gravados até então. de emergência a influenciar de ponto a mudança uma constituiu incluídas nas canções desamba.No entanto, supomos que essa questão não estéticas às modificações quanto significativo aspecto cantar.rítmico, Quantoaoelemento ascançõesdessemúsicojá canções deSinhôforamde a utilizaremessamaneira asprimeiras assinalamos,com achegadadagravaçãoConforme elétrica. as que foi dosamba, possível noprocesso deconstrução importante toação maisnaturaldascançõestambémconstituiu um elemento desenvolvimento datécnicadegravação. que a en Járessaltamos ao concomitantemente dos sambistas,aprendizado oqualocorreu doprocesso decriação/ rítmicas nascançõesdesambafazparte percussivos.instrumentos ros aparelhos degravação também comprometia autilizaçãodos dasrodas de samba.A precária captaçãodesons dos primei parte novidade,como umagrande visto que possivelmente elesjáfaziam considerar o ritmo presente nos sambas do final da década de 1920 peito dessaquestãonocapítuloanterior. Dessemodo, nãopodemos tinham maisritmodoqueossambasgravados. Jádiscutimosares os sambas executados daCidadeNova) por Sinhô (representante que MIS, ao concedido depoimento seu em afirmou, Estácio) do vontade dossambistas. Lembramos que o próprio Bide (sambista acentuadas, possivelmenteexclusivamente issonãoaconteceu por primeiros sambasgravadosrítmicas mais nãotinhammarcações Entendemos que a criação/incorporação denovas batidas Entendemos queacriação/incorporação Há que se levar emcontaoutraquestão importante. Seos Este destaque dado àsmarcaçõesrítmicascompreendeum - - -

E-BOOK | 137 E- BOOK | 138 com esseautor: res do Estácio. Essa questão foi assinalada por Sandroni. De acordo que seriamutilizadasporcomposito características compreendiam 227 As duas partituras estãoemanexo.227 Asduaspartituras do “Premissasmusicais”. combinação debatidas. A respeito destaquestão, ver o especialmente capítulo intitula nada àutilizaçãoderitmos mais complexos, isto é, que contém uma maior variedade/ 226 SANDRONI, 2001, p. 210.A utilizados osmesmosritmos. Com que roupa? dossambas Nas partituras do ritmo empregadonaentoaçãodasletrasreforça talevolução. dosambaemcanção popular.trução Consideramosqueaanálise decompor,evolução daforma doprocesso de cons parte equefez mos queoautordestacaalgumasquestõesse referemauma posições dossambistasdoEstácio(etambémdeNoel Rosa),nota os sambascriadosporSinhô,PixinguinhaeDongaascom entre cussão que, dentreoutros aspectos, adistinção tentaestabelecer Não obstante o fato de Carlos SandroniNão obstanteo fato de Carlos desenvolver uma dis maior sofisticação harmônica e a construção de partes mais partes de construção a e harmônica sofisticação maior mentou o caminho para IsmaelSilva eseus amigos foram a paradigma doEstácio. Outros traçosnosquaisSinhô pavi nhamento de batucada), se enquadram já perfeitamente no (todas gravadas em1930,algunscasoscomoacompa dos refrãos de “Sem amor” e “Reminiscências do passado” algumas delas,“Amostra comoasde“Dánele”, amão”eas mais variada que as de Donga, Caninhaou João daBaiana; desuasmelodiasémuitodo samba.Acontrametriciddade go, o que andou mais longo no caminho das transformações Sinhô foios compositoresdoestiloanti semdúvida,entre dulação paraadominanteeseurefrãode32compassos). longas (como no seuclássico“Jura”,de1928,comsua mo (Noel Rosa-1930) contrametricidade Gosto quemeenrosco 227 , podemos constatar que foram assinalada peloautor está relacio (Sinhô-1928) e 226 ------da nacionalidade. Essaquestãoapontaparaa“invenção datradição o sem qualquer tradição adquiriu repentinamente esse gênero musical atéentão, podesugerir que umaforma-canção por ganha maisforça —semlevar percorrido emcontaopercurso sobreaidentidade nacional da de1930—períodoemqueodebate samba” musical dosambaemdoisestilos. Considerar comoo“verdadeiro 229 VIANNA, 2004,p. 151-152. do séculoXXI(MÁXIMO, 2010a,p. 89). maior, representante limiar presente neste Sinhô,em1930.Jáosamba doEstácioestá 228 Segundo João Máximo, o samba da Cidade Nova do seu teve seu fim com a morte de compor.da técnica Tratava-se, noentanto, do“mesmosamba”, ca musical das canções estavam relacionadasaodesenvolvimento demonstrar, daestéti consideramosque as mudanças observadas estamostentando daidentidadenacional.Conforme construção ro musical não foi ao projeto inventado de para serincorporado trabalho, o samba já existia antes deir para os morros. O gêne Vianna.Segundoesseautor: do samba”,assinaladaporHermano Ao contrário do que afirma Vianna, e como já apontado neste Nesse sentido, nãoconcordamos comadivisão dogênero 228 especialmente as composições criadas no limiar da déca (afastando qualquer possibilidade de mudança mais eviden derado o ritmo mais puro, [...] que precisa ser preservado o sambademorro,[...] inventado, recém passaaserconsi tra coisa.[...] nemfazerou mas hoje‘ninguémquersaber ridicularizado’, era repudiado,O mitodiz:osamba‘antigamente debochado, súbita iluminação, ter reveladas suas mais profundas raízes. os outros brasileiros fossem escutá-lopara,como se numa já estivesse ali,pronto,se o samba de morro esperandoque Para tanto, como énecessárioomito de sua “descoberta”, também a“alma”brasileira. te) com o intuito de sepreservar 229 status de símbolo ------

E-BOOK | 139 E- BOOK | 140 vida maisagitada,consideramosque o fatodeserumacançãomais avenidas,presença degrandes demultidões e, especialmente, pela novidade. émarcadapela Noperíodoemqueacapitalrepublicana depercussãosurgiu para opúblico como umagrande trumentos a presençadeumacadênciamaissincopadaexecutada pelosins das comunidades negras, especialmenteasdeorigembaiana. a partir aquele queemergiuecomeçouaserconstruído/difundido 230 ALENCAR, 1979. mentos musicais característicos deum“batuqueverdadeiro”. eAlmirante), de Barro Souto e João deBarro), as canções de inspiraçãopara Almirante serviu quatro canções. Possivelmentesucesso dosambade o destacado de percussão,presença dos instrumentos constituíram o tema de corpo, possivelmente contribuiuparaosucessodosamba. ritmada, eque ao mesmotempoincitava àaçãofísico-pulsional do No samba No Carnaval de 1931, a expressão “batucada”,bem como a Voltando àanálisedacanção Ver ocavaquinho Ver otamborim Ver abateria Para veroqueéorgia Sobe lánomorro Batendo pandeiro Fazendo barulho Queria teversemorgulho doSalgueiro Do Morro Sambando comagente Queria tevernobatente Batente Batente Eu vou pra vila Eu voupra , Almiranteressaltaquais eram os instru (Almirante) Na Pavuna (NoelRosa), 230 . , consideramosque Batucada Lataria (Eduardo (João - - Disponível em:. 232 NoelRosa. nível em:. 231 Almirante. noqualresidia. Vila Isabel, “roda aobairro relacionando-as “bamba” e“batucada”, dosamba”, No samba Batente Eu vou pra Vila Eu voupra Acompanhado pelacuíca. Veja comofica Por chocalhoeporbarrica Quando ocentro éfeito Marcando acadência Quando tempandeiro Com batuqueverdadeiro Samba sóésamba Que sófazdin-din-din Pois quemébom nãosemistura Eu vou praVila Já saídeCascadura Já mudei depiedade Onde osambaédacoroa Eu vou pravila Na Gamboagenteboa Na Pavuna temturuna Foi láemVilaIsabel. Onde euvigentelevada Andando pelabatucada Sou bacharel Eu soubacharel Na roda dosamba Não tenhomedodebamba Eu vou pra Vila Eu vou pra . RiodeJaneiro: Parlophon, Dispo 1930.Discosonoro 78rpm. . Rio de Janeiro: Parlophon, 1930. Disco sonoro 78 rpm. , Noel Rosa utilizaasexpressões , Noel 231 232 -

E-BOOK | 141 E- BOOK | 142 samba, e que sambista bom é o de Vila Isabel. Constatamosque samba, eque sambista boméodeVilaIsabel. do um catedrático era denosreferir),ele sentido aqueacabamos que,inicia essesambaressaltando mesmonãosendo“bamba”(no notar que Noel Rosa Éinteressante riférica dacapitalrepublicana. tores de samba que moravam localizados na região pe nos morros samba. Segundo esse autor, “bambadeverdade” eramoscomposi do parasereferiraosmúsicos que tinham intimidadecomaroda de compreendia pouca melodia. àtradição maisoperística.Porém, pertencentes pelos intérpretes aletra destacanção mais simplesdoque asutilizadas no qualMárioReisimpôsaocanto umaentoação nosamba 233 Lembramosqueesteaspecto pôdeserobservado rápida popularidade. este sambafoi omaiorsucessodoCarnaval de1931,conquistando teriza umamaneiradecantarquase“falada” com que a letraéentoada,carac mesma melodia.Quanto à forma da canção, seisestrofes, compreendendo dautilização da apartir melodia eritmo. Umexemplo desse aspectoéoaumentodaletra explorou mais as combinações que envolviam a união de letra, os sambas.lidades decomporecantar Rosa EntendemosqueNoel no Carnaval de1931,apresentou umanovidade quantoàspossibi eaosdescendentes dacidadedoRiodeJaneiro.negros valoraos músicos estéticodosambanãodiziamrespeitoapenas que aproduçãoque taisaspectossinalizam eoreconhecimento do o estatuto de reduto desse gêneroVila Isabel musical. Entendemos de fazersamba,bemcomoofatodereivindicarsabia paraobairro está evidenteo interesse do músico em demonstrarque também A canção intitulada No livro de Francisco “bamba” é utiliza Guimarães, o termo Com que roupa? , lançada por Noel Rosa 233 . Segundo Alencar, Gosto que me enrosco - - - - - , intérpretes detradição operística. intérpretes mento dealgumasvogaisforçada,utilização daentoação oupela dos característica prolonga pelo comprometido ficava ele vezes das parte maior na palavras, das ritmo em alguns momentos, daspalavras gramatical aacentuação eramantida.Quanto ao que, foi possívelobservar 235 Ressaltamosquenascanções analisadasanteriormente Rosa). Aletracompletaestáem anexo.Noel de interpretação 1, (Faixa MÁXIMO,2010b Cf. 1930. é gravação de ano O 234 bém naletradacanção, contribuiparareforçarde ocaráter não somentenoacompanhamento,de ritmoemelodia, mastam vras —talcomosãoutilizadosnodiaa—,aliados àutilização daspala fortes assílabas um vocabulário coloquial,preservando davidadoenunciador.acontecimento querealmentefazparte ouvinte a sensaçãodeque o conteúdo expresso naletraretrataum O canto, causandono revelao gestual do intérprete, dessa forma, cotidianas, realçandoa “voz que fala” dentro da“voz que canta”. daspalavrasbas fortes síla as e ritmo o mantém canto o que questão,verificamos em ba osam Esse aspectopodesernotadopelofatodeque, aoouvirmos mais evidente aaproximaçãopara tornar entreo cantor e acanção. No samba deNoelRosacontribuiu Entendemos que a interpretação Pro sambaquevocê meconvidou Com queroupa euvou Pro sambaquevocê meconvidou Com queroupa euvou E eupergunto:Comqueroupa? Pois estavidanãoestásopa, Pra podermereabilitar, Eu vou tratarvocê comaforça bruta Pois euquero meaprumar, Eu vou praluta Agora vou mudar minhaconduta, Com que roupa? 235 talcomosãopronunciados nas conversas , ocantonaturaleempregode 234 natu ------

E-BOOK | 143 E- BOOK | 144 esses recursos contribuem também parao efeito persuasivoesses recursos da can te]” mento regularque convida física [do intérpre a umaparticipação ques percussivos das consoantes, tudo em função de um encadea “[...] apulsaçãoeosacentossãoprivilegiados, assimcomoosata entre aobraeointérprete. ralidade 239 TATIT, 2004,p. 76. bas dessecompositor. exclusivo dascançõesdeNoelRosa,masquefoi nossam especialmente consolidada 238 Consideramosquea 237 236 intimidade, asconquistasouomododeserdoenunciador” romântico, avoz doembevecido, avoz dofoliãoa todasrevelando nacanção“avozouvinte pudesseperceber domalandro, avoz do aossambas, contribuiu para que o Essa característica,incorporada doEstácio.Silva,posições deIsmael sambista dobairro destacado Rosa, desse serreveladapormeiodacanção. Tal comonosambadeNoel pu do intérprete queapersonalidade dativa nossambaspermitiu ção. Deacordo comTatit: TATIT, 2002,p. 14. Ibid. 236 238 . Ao tornar mais evidente a participação de quem a interpreta, dequem a interpreta, maisevidenteaparticipação . Aotornar Entendemos que a que afirma Tatitquando por ressaltado efeito Percebemoso a “gestualidadeoral” também podesernotadanascom presente no samba, permitindo umamaioraproximação no samba,permitindo presente voz. Por técnicostemquehaver trásdosrecursos umgesto, ção nemconsumo. queméodonoda O público quer saber Sem avoz[...] quefalaportrásdavoz quecantanãoháatra na entoação particular desuafala.[...] na entoaçãoparticular e agestualidadeoralquedistingueocancionistaestáinscrita naturalidade naturalidade presente nos sambasnãoconstituium aspecto presente incorporada de forma gra deforma incorporada 237 239 . Esse ------meçou seu processo de afirmação comocançãopopular.meçou seuprocesso deafirmação —localdeonde emergiu—eco étnicas dascomunidades negras mente, ogênero musical haviaas fronteiras ultrapassado sociaise outras. Ando cismado aoseouvir as canções aspecto podeserobservado Disponível em:. 243 NoelRosa. Disponívelem:.rpm. 242 IsmaelSilva. Disponível em:. 241 IsmaelSilva. Disponível em:. 240 IsmaelSilva. et útm sma Ne Rs dmnta u, definitiva que, demonstra Rosa Noel samba, último Neste

Meu pobrepeitoinvade Que, porinfelicidade, destasaudade Da dortãocruel Por issoagoraeuvou medefendendo Quem achavive seperdendo Nem ládacidade O sambanarealidadenãovemdomorro Dentro damelodia denostalgia É sorrir Sambar échorardealegria Ninguém aprendesambanocolégio Batuque éumprivilégio Que émeusambaemfeitodeoração Esta tristemelodia E comharmonia Pra cantarcomsatisfação Vou mandarminhamorena Refrão: Por issoagoralánaPenha Feitio deoração Escola de Malandro Ando cismado Se vocêjurar 241 , Escola de Malandro . RiodeJaneiro: Odeon,1930.Discosonoro 78rpm. . Rio de Janeiro: Odeon,1930.Disco sonoro 78 rpm. . RiodeJaneiro: Odeon,1933.Discosonoro 78rpm.

. Rio de Janeiro: Odeon,1932.Discosonoro 78

242

,

Feitio de oração

Se você jurar 243 , dentre 240 - - ,

E-BOOK | 145 E- BOOK | 146 nostalgia / Dentro da melodia nostalgia / Dentro versos dos filosófico ráter íntimo, quetransmiteaomesmotempopaixãoeexaltação. Oca demonstrandoumsentimento mais Rosa serefereàforma-canção tituiu uma característica incorporada à estética musical àestética dacanção tituiu uma característicaincorporada o “mododeser”do enunciador. Entendemos que tal aspectocons paraque as canções de samba possam revelar menos importantes chegada dosaparelhosde gravação elétrica— compreendemfenô foiemprego docantomais“natural”,quesomente possívelcom a ções próximas às utilizadas na fala cotidiana — caracterizada pelo dessascomposições,de 1910.Apartir ainclusãodeentoa década da final no recado de canções as com forjada ser a começou obra positor. transmitindo asensaçãodeque esta foivivida realmente pelocom contribuíram para o efeito de autenticidade da emoção expressa, melódicos, da canção, tantonaletraquantonoacompanhamento no samba pois estava nocoraçãodequemoquisessecriar. Entendemosque oudacidade, social, domorro grupo aumdeterminado pertencia do coração nem lá da cidade / [...] o samba então / Nasce Não vem do morro se transformado.realmente Nosversos de queouniverso dosamba,naqueleiníciodos anos 1930,havia canções. dos sambas, reconhecendoaomesmotempoopreciosismodessas tor, apossibilidadedeexpressaremoçõesmais profundas pormeio Reiteramos que a perfeita ligação entre o intérprete esua Reiteramos que aperfeitaligaçãoentreointérprete Além dessasquestões, aletrareforça anossacompreensão Noel osamba, ouvirmos ao verificar podemos Conforme Feitio de oração , NoelRosatransmiteaperspectiva deque o sambanão Nasce docoração. Sentirá queosambaentão umapaixão E quemsuportar Sambar é chorar de alegria / É sorrir de /Ésorrir dealegria Sambar é chorar a combinação de elementos rítmicose acombinaçãodeelementos podesugerir, docomposi porparte

O samba na realidade / O samba na realidade ------te no decorrer na década de 1930.Acançãointitulada na década te nodecorrer deidentidadenacional,especialmen que no projeto deconstrução paraque esse gênerofoi musical um fator importante tivesse desta musical), aliadaaopoderenunciativo dessascanções, certamente aos ouvintes, bem como em relaçãoaoscompositoresdessegênero sociaiseétnicas(no entre asdiferentescamadas que diz respeito dolimiardadécadade1930. sambistas apartir dos parte grande influenciou que samba, do popular,notadamente rpm. Disponívelem: .rpm. 244 HeitordosPrazeres. nacionalistas ou de acordo com a ideologia em ques do governo as canções,os sambas, notadamente conteúdos compreendessem no denominadoEstadoNovo, paraque houve uma recomendação pós-1930. pressupostos nacionalistasdogoverno gravada em 1932, sinaliza a eficácia com que o samba transmitia os Não obstanteo fato de que, especialmente duranteo gover dequeosambajáestavaA constatação bastantedifundido

Refrão: Progresso, progresso Nós devemosdefender meuDeus! Esta bandeirasagrada, E meorgulhoemdizer Sou brasileiro defato Meu gloriosopaís Terra melhordoqueestanãohá feliz Meu Deusqueterra No Brasiléquesever Brasileirou deverdade Por eume mato essaterra dosambadefato Brasil, terra Nasceste danossaliberdade Progresso . RiodeJaneiro: Columbia,1932.Discosonoro 78 244 Progresso - - - - ,

E-BOOK | 147 E- BOOK | 148 país a “terra dosamba”. país a“terra gênero musical, porestardetalmododifundido no Brasil,faziado ção dosambaemcanção—quanto ao reconhecimentodeque o como SinhôeDonga,osquaisderaminícioaoprocesso deconstru a compreensãodo músico — que foi contemporâneo desambistas detranscrever.acabamos sinaliza OsambadeHeitordosPrazeres tão, 245 CAPELATO, 1998. çam esustentamnossainterpretação. perspectiva. dossambistasaqui analisados refor Os depoimentos que a letradosamba bistas domesmoperíodo, umefetivo reconhecimento. Entendemos que a maior aceitação desse gênero musical significou, para os sam da gravação dacanção deque o intento de Donga,por ocasião aponta paraainterpretação 245 podemos supor que esse não é o caso da composição que A ampla difusão dossambasnolimiarda décadade1930 Progresso Pelo telefone é emblemática e representa essa éemblemáticaerepresenta , foi realizado. Consideramos - - - CONSIDERAÇÕES FINAIS

[...] Havia uma organização social tremenda [...] Assim, nós éramos todos enamorados da serenata, do choro, e nos uní- amos espiritualmente de bairro pra bairro. Um gostando da prosa do outro, se entrosava automaticamente. Veja, se um sujeito era de Botafogo e se tocava violão, nós daqui já ficá- vamos sabendo. E se tocava bem, era o bastante pra gente ficar enamorado daquele camarada, e ficar doido pra se che- gar a ele, gostar dele, ir na casa dele, a família dele se encon- trar com a do outro. Você vê que era tudo família. Veio vindo daí a organização social e musical do meu país. Pelo menos foi assim no Rio de Janeiro do meu tempo, onde nasci. [...] 246

Concomitantemente ao cenário das reformas urbanas empre- endidas na então capital da República, o samba, bem como outras manifestações culturais destinadas especialmente às comunidades negras, era realizado em circunstâncias caracterizadas pela margi- nalização, e/ou repressão/proibição por parte de alguns segmen- tos da população da cidade do Rio de Janeiro. Não obstante esse aspecto, as reuniões festivas denominadas “samba” constituíram um elemento importante para as comunidades negras ampliarem as possibilidades de participação e integração social. Um exemplo dessa perspectiva é a constatação de que tais festas eram frequen- tadas por pessoas de diferentes classes sociais e étnicas, fato que contribuiu para a sua popularidade e relevância quanto às formas

246 OS 3 REIS MAGOS do samba: Ismael, e Donga. Revista Leitura, Julho, 1963. O texto da epígrafe diz respeito à entrevista concedida por Donga ao referido periódico. E- BOOK | 150 presálias por parte dapolícia.Porpresálias porparte outro lado, paraascomunidades fossem da população, alvo de críticas por parte assim como de re paraque tais manifestações te constituiu um elementoimportante possivelmen cordões, dos desfiles pelos e Entrudo pelo batuques, gem sonora” produzida pelos sambas (enquanto reunião festiva) e pital federal. presentes no processode divertimento de urbanização da então ca opções e formas delazer.opções eformas SegundoMoura: das diversificação à como bem tecnologias, novas de surgimento dacidade.habitantes Tais estavam transformações relacionadasao dos cotidiano o transformar Janeiro) para de influenciou Rio do de banos nas primeiras décadas do século XX (notadamente na cida ção quantocontribuem para reforçar adiscussãoaqui desenvolvida. objetodenossaanálise),tantosinalizamessainterpreta rias vezes pelo MuseudaImagemedoSomRiodeJaneiro/RJ, foi porvá comoDonga(cujo depoimento,mente importantes disponibilizado sociabilidade.por sambistasreconhecida Asquestõesassinaladas significativa sua na participação musicalteve experiência a negras, É inevitável pensar que o crescimento dealguns centros ur procuramos demonstrar nestetrabalho,Conforme a “paisa paralelamente a este mundoparalelamente aberto, oferecido eanunciado local deemergênciauma cultura popular nacional[...] social paraalguns,se emumcanaldeascensão alémdeser tores, palhaçosoucoristas:ummundo deespetáculos abria- mais talentosos iamparaos palcos como compositores, can em impecáveispaletós brancos. mesas tas, Os ouservindo Nova, dos subúrbios e das favelas, nas cozinhas, por abrindo de diversões que oferece alternativas paraagentedaCidade como um centro [...]Umaindústria delazeredivertimento dos teatrose daLapa, ‘sérios’vizinhos, aCinelândiaexigida do em alternativas: as zonas ‘liberadas’ da praça Tiradentes A capital nacional crescia e se sofisticava, sua noite seabrin ------negras vislumbraram,nagravação decanções,negras apossibilidadede indústria de entretenimento, dascomunidades alguns integrantes a chegadadosaparelhosderegistro sonoro ecomosurgimento da das experiênciasculturais.das novas Assim, com defruição formas 247 MOURA,1983, p. 55. deque o sambapodeser compreendido como nossa interpretação pormúsicoscomo AlmiranteeNoelRosasustentama construídas maisabrangente. Composições começou aserdifundidodeforma doqual surgiu e social apartir ultrapassou asfronteiras dogrupo diferentes classessociais e étnicas indica que tal gênero musical aprimorar natécnicadecriarletrasemelodiascompatíveis entresi. canções poderia proporcionar influenciou músicos como Sinhô a se disco. Entendemosque o reconhecimento socialque o sucessodas tais músicosnãoestavam a comporparao mercadode habituados originários especialmente das comunidades negras. Reiteramosque que as cançõesadquiriramnocotidianodemúsicos importância desde décadade1920atéolimiardaseguinte, sinalizaa emergiram que composições de análise da partir a verificada nal, além deinfluenciarosurgimentonovas composições. nião festiva — em canção, visto que promoveu a sua divulgação, do samba —enquanto reu marco noprocesso detransformação reconhecimento social.A gravação do samba A constatação de queapráticacomporsambasreunia A constatação Entendemos que o aprimoramento datécnicacomposicio O hábito deouvir canções pormeiododiscoconstituiu uma movimento dasociedadecarioca. novo nesse redefine e reorganiza se que próprios, interesses de espetáculos, subsisteumRiodeJaneirocom ritmos e [...] 247 Pelo telefone é um - -

E-BOOK | 151 E- BOOK | 152 mento, outros quepodemedevemserarticulados, tendo debates das doséculoXX.Essaperspectiva jáprovoca, emnossoentendi deste estudo, temporal nas aorecorte tendoatingidooutrasdéca discos, pelaradiofonia eporoutros veículosdecomunicação. sociais, como foi explorado pela indústria bem de como a forma entre outrascoisas—oalcanceque obteve nosdiferentesespaços uma manifestação dacultura popular urbana. Contribui para isso — tura brasileira. espaçoque o sambaocupou e ocupanacul em vistaoimportante Acreditamos que tal fenômeno não esteve circunscrito ape Acreditamos quetalfenômenonãoesteve - - - - b) Depoimento concedidoporHeitordosPrazeresem01/09/1966. b) Depoimento dosSantos(Donga)em02/04/1969. concedidoporErnesto a) Depoimento Rio deJaneiro/RJ. concedidospor sambistas aoMuseu da Imagemedo Som do 1. Depoimentos rpm. rpm. b) 1907-1912. Discosonoro 78rpm. a) ra Salles, noRiodeJaneiro. Disponívelem:). do endereço eletrônicodo Instituto Morei 3- Canções(disponíveis no Acervo CD. h) 2010. 1CD. g) f) ROSA, Noel. Reis e) ALMEIDA, Aracy de; REIS, Mário. samba. d) REIS, Mário; ALVES, Francisco. s/d. 1CD. c) s/d. 1CD. b) s/d. 1CD. a) 2. CD’s: Período degravação —1920a1950. 06/10/1966. concedido por Alfredo da Rocha Viana Júnior (Pixinguinha) em f) Depoimento 24/08/1966. concedidopor Joãoe) Depoimento Machado Guedes (João daBaiana)em concedidoporIsmaelSilvad) Depoimento em29/09/1966e16/07/1969. Barcelos(Bide)em21/03/1968. concedidoporAlcebíades c) Depoimento

O morro eoasfalto no RiodeNoelRosa O morro Carnaval –Sua História, Sua Glória.Vol.30Carnaval Carnaval –SuaHistória, Sua Glória. Vol.17Carnaval Carnaval –Sua História, Sua Glória.Vol.29Carnaval Pixinguinha. Samba de sambar do Estácio. Eduardo dasneves. . Curitiba:Revivendo músicas, s/d.1CD. FONTES CONSULTADAS

Curitiba: Revivendo Músicas, s/d.1CD.

Feitiço daVila Samba de fato Paladinos da Cidade Nova . Curitiba:Revivendo Músicas, s/d.1CD. . Rio de Janeiro: Victor, 1932.Disco sonoro 78 SãoPaulo: InstitutoMoreiraSalles, 2010.1 Mário Reis e Francisco Alves –Asesdo Mário Reis eFrancisco Noel Rosa por Aracy deAlmeida e Mário Noel Rosa porAracy . Rio de Janeiro: Aprazível Edições, . Curitiba:Revivendo Músicas, . Curitiba: Revivendo Músicas, .Curitiba: Revivendo Músicas, . Rio de Janeiro: Odeon, -

E-BOOK | 153 E- BOOK | 154 i) 78 rpm. h) 78 rpm. g)Sinhô. Disco sonoro 78rpm. f) 78 rpm. e) Sinhô. d) rpm. c) - eidcs dsoíes o cro o nttt Mria als do Rio deJaneiro). Salles Moreira Instituto do acervo no (disponíveis Periódicos 5- Gênero musical: samba;código:97292.ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos F) Título: samba; código:91178.Coleção José Tinhorão. Ramos h) Título: samba; código:91261.ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos g) Título: ba; código:91170.ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos f) Título: samba; código:91150.ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos e) Título: samba; código:91149.ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos d) Título: ba; código:95856.ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos c) Título: ba-canção; código:97320.ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos b) Título: sical: samba;código:52474.ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos a) Título: Moreira Instituto Salles doRiodeJaneiro). do acervo no (disponíveis musicais Partituras 4- noro 78 rpm. l) rpm. k) j) 78 rpm.

Almirante. Mário Reis.

Heitor dosPrazeres Silvio de Souza. Noel Rosa. Sinhô. Pixinguinha. Játedigo

Sinhô Palpite infeliz . Amor semdinheiro Confessa meu bem Se vocêjurar Quem são eles? Pelo telefone Jura Eu vou pra Vila Eu voupra Com queroupa? Feitiço daVila Gosto que me enrosco Gosto que me enrosco Último desejo Batente Dorinha! meu amor Feitio de oração . Rio de Janeiro: dePrata,s.d. Gênero A Guitarra musical: sam Morro daMangueira Morro . RiodeJaneiro: Parlophon, 1930.Discosonoro 78rpm. . . RiodeJaneiro: Mangione, 1931l.Gênero musical: sam . RiodeJaneiro: AtelierLithoMusical,s.d. Gênero mu . RiodeJaneiro: Mangione, 1935.Gênero musical: sam Progresso : Rio de Janeiro: Mangione, 1938.Gênero musical:

Rio de Janeiro: Odeon, 1915-1921. Disco sonoro 78 . RiodeJaneiro: Victor, 1923.Discosonoro 78rpm. . RiodeJaneiro: Mangione,1934. Gênero musical: . RiodeJaneiro: Mangione, 1930.Gênero musical: RiodeJaneiro: Mangione, 1930.Gênero musical: . RiodeJaneiro: Odeon,1915-1921.Discosonoro . Rio de Janeiro: Disco Odeon,1921-1926. sonoro . RiodeJaneiro: Odeon,1933.Discosonoro 78 . Rio de Janeiro: Odeon,1928.Disco sonoro . RiodeJaneiro: MelodiasPopulares, 1957. . RiodeJaneiro: Columbia,1932.Discoso . Rio de Janeiro: Odeon,1928.Disco sonoro . Rio de Janeiro: Odeon,1921-1926. - - - - - m) Jornal l) Jornal j) Jornal i) h) Jornal g) f) Jornal e) Jornal d) Jornal c) Jornal b) a) Jornal

Jornal doBrasil Jornal

Jornal doBrasil Jornal Revista Leitura OGlobo Última Hora Última Hora Correio daManhã Correio Correio daManhã Correio Tribuna daImprensa Última Hora Correio daManhã Correio O EstadodeS. Paulo . RiodeJaneiro, 25/07/1974. . RiodeJaneiro, julhode1963. . RiodeJaneiro, 25/02/1973. . RiodeJaneiro, 04/06/1969. . RiodeJaneiro, 30/01/1974. . RiodeJaneiro, 09/04/1969. . RiodeJaneiro, 03/04/1972. . RiodeJaneiro, 18/03/1924. . RiodeJaneiro, 06/04/1966. . RiodeJaneiro, 24/06/1965. . RiodeJaneiro, 27/04/1963. . SãoPaulo, 27/08/1974.

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E-BOOK | 157 E- BOOK | 158 1978. EFEGÊ, Jota. do dilemabrasileiro. 5.ed.RiodeJaneiro: 1990. Guanabara, DA MATTA, Roberto. naval cariocaentre 1880e1920. CUNHA, Maria Clementina Pereira. século XX.In: landrão: conflitos e identidades entre sambistas no Rio de janeiro do início do CUNHA, MariaClementinaPereira. com esse ma Nãomeponha no xadrez vista Brasileira deHistória vista Brasileira ______. Históriaemúsica:canção populareconhecimentohistórico. In: República MORAES, José GeraldodaVinci de. 2010b. 1CD. Rosa, MárioReiseAracy de Almeida.Rio de Janeiro: Aprazível Edições, ______(Org.) Aprazível Edições, 2010a.204p. MÁXIMO,João. São Paulo: StudioNobel,1997. das lembranças. In. MATOS, Olgária. A cidade e o tempo: algumas reflexões sobre a função social Getúlio. RiodeJaneiro: Paz eTerra, 1982. MATOS, Cláudia. mento deHistóriadaUFF, Niterói,v. 13,n.26,p. 80-100,1jan.2009. LOPES, AntônioHerculano. Vem cámulata! In: José Olympio, 1988. HOLANDA, Sérgio Buarque de Holanda. GUIMARÃES, Francisco. GINZURG, Carlo. pio, 1952.2v. FREIRE, Gilberto: . SãoPaulo: Atual,1994. Figuras Figuras e coisas da música popular O morro eoasfalto O morro Afro-Ásia

O morro e o asfalto O morro O queijoeosvermes Acertei no milhar Acertei Casa grande esenzala Casa grande História Viajante Carnavais, e heróis malandros , Salvador, n.38,p. 179-201,2008. Na roda dosamba Na roda , SãoPaulo, v. 20,n. 39,2000a.

São Paulo: Companhia dasLetras, 2001. Ecos da folia : no Rio de Noel Rosa. Intérpretes: Noel : noRiodeNoelRosa.Intérpretes: Cidade e cultura urbana na Primeira urbananaPrimeira Cidade ecultura : malandragemesambanotempode : notações filosóficas de Olgária Matos. : no Rio de Noel Rosa. Rio de Janeiro: . SãoPaulo: CiadasLetras, 1987. Raízes do Brasil do Raízes . 6.ed.Rio de Janeiro: José Olym . Riodejaneiro: Funarte, 1978. Tempo : uma história social do car . RiodeJaneiro: Funarte, : paraumasociologia : revistadoDeparta . Rio de janeiro: Re - - - - - te: Autêntica, 2005. ______. 157, p. 2007. 153-171,dez. questões. In: NAPOLITANO, Marcos. Históriaemúsicapopular:um mapa deleiturase Janeiro: Funarte, 1983. MOURA, Roberto. Paulo dosanos30.SãoPaulo: EstaçãoLiberdade, 2000b. ______. TATIT, Luiz. Queiroz: Publifolha, 2000. SOUZA, AntônioCândidoMello. 1998. SODRÉ, Muniz. do Brasil. In: descoberta e coberta África vem: Ngoma Malungu, W. Robert SLENES, nhia dasLetras, 1998b. ______(Org.). ______. O prelúdio republicano, astúciasdaordem eilusõesdeprogresso. In: nhia dasLetras, 1998a. ______(Org.). SEVCENKO,técnica, ritmoseritosdoRio. Nicolau.Acapitalirradiante: In: Janeiro, 1917-1933.RiodeJaneiro: Jorge Zahar:Ed.UFRJ, 2001. SANDRONI, Carlos. Rio deJaneiro naviradadoséculo. SãoPaulo: CiadasLetras, 1993. JeffreyNEEDELL, D. 167-190, 2000. In. lar brasileira. popu música a sobre historiográfico debate no origens das questão a samba: NAPOLITANO, Marcos;WASSERMAN,Desde queosambaé MariaClara. História e música Metrópole em sinfonia em Metrópole Revista daUSP O séculodacanção Revista de História História da vida privadavida Brasil da no História privadavida Brasil da no História ab, dn d corpo do dono o Samba, Revista Brasileira de História de Brasileira Revista Tia CiataeaPequena ÁfricanoRiodeJaneiro Feitiço decente Belle Époque tropical Époque Belle , SãoPaulo, n.12,p. 48-67,1991/1992. : históriaculturaldamúsicapopular. BeloHorizon Literatura eSociedade Literatura : história,cultura e músicapopularnaSão . Cotia:AteliêEditorial,2004. : revistadeHistóriadaUSP, SãoPaulo, n. : transformações dosambanoRiode : transformações . 2.ed.Rio de Janeiro: Mauad, : sociedade e cultura de elite no e cultura deelite : sociedade , SãoPaulo, v. 20,n.39, p. . v. 3. São Paulo: Compa . v. 3.São Paulo: Compa . SãoPaulo: T. A. . Rio de - - - -

E-BOOK | 159 E- BOOK | 160 nacional. RiodeJaneiro: Ediouro, 2000. VELLOSO, MônicaPimenta. neiro: Sant’anna,1977. VASCONCELOS, Ary. Lisboa: EditorialCaminho, 1990. TINHORÃO, José Ramos. 2002. p. 186. ______. Itatiaia, 1983. ANDRADE, Mário. Brasileira, 1968. ALENCAR, vida privada noBrasil de umaprivacidadepossível. In:SEVCENKO, Nicolau(Org.). WISSENBACH, Daescravidão àliberdade: MariaCristina Cortez. dimensões 157, p. 55-72,2007. eopopular ______. Entreoerudito ePolítica.Cultura Temas esituações ______. Algumas questões de música e políticanoBrasil.In:BOSI, A. (Org.). WISNIK, José Miguel. UFRJ, 2004. VIANNA, Hermano. 228, 1990. no Rio de Janeiro. ______. As tias baianastomam contado pedaço: espaçoeidentidadecultural Janeiro: FGV, 1996. ______OBRAS CONSULTADAS . O cancionista O modernismo noRiodeJaneiro O modernismo Edgar de.

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Revista de História . SãoPaulo: Ática,1987.p. 114-123. . SãoPaulo: CiadasLetras, 1989. , Rio de Janeiro, v. 3,n.6,p. 207- . RiodeJaneiro: Jorge Zahar: : Turunas eQuixotes.: Turunas Riode . Rio de Janeiro: Civilização . 2.ed.BeloHorizonte: Culturaseidentidade , SãoPaulo, n. História da . RiodeJa - . quê. RiodeJaneiro: Fontana, 1974. CABRAL, Sérgio. BURKE, Peter. UNESP, 1992. BURKE, Peter(Org.). de Castro. RiodeJaneiro: Funarte, 1989.(Volume 27deColeçãoMPB). BARBOSA, Marília T. AUGRAS Époque HERSCHMANN, Micael. Paulo: InstitutoMoreira Salles, 2010. FRANCESCHI, Humberto. que ler, ondecurtir. 2.ed.RiodeJaneiro: Jorge Zahar, 2003. DINIZ, André. e CiênciasHumanasdaUniversidade deSãoPaulo, SãoPaulo, 1988. Tese1988. 30. e 20 anos os Livre-Docência,de Faculdade Letras Filosofia, de Daraya.CONTIER, Arnaldo EUFRES, 2002. einquietudes. Traduçãohistória entrecertezas Patrícia Ramos. Porto Alegre: CHARTIER, Roger. Omundo comorepresentação. In: boa: Difel,1988. CHARTIER, Roger. Rio deJaneiro: José Olympio, 1980. CARVALHO, LuizFernando Medeiros de saios deteoriaemetodologia. CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo. lo, SãoPaulo, 1989. culdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Pau (1917-1939) brasileira CALDEIRA, Jorge. carioca.RiodeJaneiro: Diadorim,1993. , Monique. O que é História Cultural? Almanaque dochoro As escolasdesamba A HistóriaCultural vz o ab cm pdã d msc popular música de padrão como samba do voz A O Brasil dosamba-enredo O Brasil Carlos Cachaça Carlos A escrita da História . 1989. Dissertação (MestradoemSociologia) — Fa. 1989.Dissertação Lance de sorte Samba de sambar do Estácio Brasil novo, música, nação e modernidade e nação novo,música, Brasil

Rio deJaneiro: Campus, 1997. : ahistória do chorinho, o que ouvir, o .

Alvorada: Moreira um tributo a Carlos : entrepráticaserepresentações . : o futebol e o jogo: o futebol do bicho na : oquê,quem,como, quandoepor Ismael Silva Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. : novas perspectivas Domínios da História da Domínios . RiodeJaneiro: FGV, 1998.

A beira da falésia da beira A : sambaeresistência. : 1928a1931.São . SãoPaulo: Belle . : en Lis : a - - - - :

E-BOOK | 161 E- BOOK | 162 festa decoroação doReiCongo. SãoPaulo: Humanitas, 2002. SOUZA, Marina de Mello e. tação danacionalidade. Valadares: Governador Univale, 2006. SILVA,João Eliazar da. cultural naPrimeiraRepública SEVCENKO, Nicolau questão racialnoBrasil(1870-1930).SãoPaulo: Cia.dasLetras, 1993. SCHWARCS, LiliaMoritz. 1988. RUIZ, Roberto. Municipal deCultura,1987. RIO, João do. REIS, José Carlos do samba.RiodeJaneiro: RelumeDumará,1996. de Janeiro: SãoPaulo: Funarte; Bienal,1997. popular na cidade de São Paulo (final do século XIX – início do século XX). Rio MORAES, José GeraldodaVinci de. Janeiro: Pallas, 1992. LOPES, Nei. São Paulo: Fontes, Martins 1995. HUNT, Lynn ção SouzaLima.13.ed.SãoPaulo: Vitale, 1998. Irmãos HINDEMITH, Paul. PIMENTEL, Luís; VIEIRA,LuísFernando.PIMENTEL, tria cultural.SãoPaulo: Brasiliense, 1988. ORTIZ, Renato. São Paulo: Companhia dasLetras, 1998.v. 3e4. NOVAIS, Fernando Antônio . O negro no RiodeJaneiro musical esuatradição O negro A Nova HistóriaCultural A alma encantadora dasruas A almaencantadora O Teatro de Revista no Brasil no Revista de Teatro O A moderna tradição brasileira tradição A moderna . História eteoria Curso condensado de harmonia tradicional condensadode harmonia Curso . Literatura como missão Literatura A taça do mundo é nossa! O espetáculo das raças das espetáculo O

(Coord.). Reis negros no Brasil escravista Brasil no negros Reis . SãoPaulo: Brasiliense, 1989. . RiodeJaneiro: FVG, 2003.

História da vida privada no Brasil no privada vida da História ooiae paulistanas Sonoridades . Tradução LuísCamargo. Jefferson Wilson Batista Wilson . Rio de Janeiro: Secretaria : tensõessociaisecriação . Rio de Janeiro: INACEM, : culturabrasileiraeindús : o futebol comorepresen : ofutebol : cientistas, instituições e : nacorda bamba : história da : amúsica . Tradu . Rio de - - - . Zahar, 2000. TRAVASSOS, Elizabeth. sidade deSãoPaulo, SãoPaulo, 1980. em História) — Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Univer TOTA, AntônioPedro. Paulo: Editora, 1981. Art TINHORÃO, José Ramos. TATIT, Luiz. EIED MSCS Dsoíe e: . em: Disponível MÚSICAS. REVIVENDO . INSTITUTO MOREIRA SALLES DO RIO DE JANEIRO. Disponívelem: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Disponívelem:. nível em:. Dispo BRASILEIRA. POPULAR MÚSICA CRAVODE DICIONÁRIO ALBIM de 22.SãoPaulo: Livraria DuasCidades, 1983. WISNIK, José Miguel. Paulo: Edusp, 2001 saios sobreacríticadacultura. Tradução deJosé Alípio de Franca Neto. São WHITE, Hayden. na História.In: A interpretação no Brasil,1870-1914.SãoPaulo: CompanhiadasLetras, 1991. VENTURA, Roberto. rioca VELLOSO, MônicaPimenta. sileira pular brasileira.In:FAUSTO, Bóris(Org.). VASCONCELOS, SUZUKI, Matinas. Gilberto; A malandragem e a música po . RiodeJaneiro: Funarte, 1998. : III–OBrasilRepublicano. SãoPaulo: Difel,1984.v. 11. PÁGINAS ELETRÔNICAS Semiótica da canção Estilo tropical Estilo

O coro doscontrários O coro Samba da legitimidade Samba Modernismo e música brasileira música e Modernismo Música Popular As tradições populares na populares tradições As : melodia e letra. São Paulo:: melodiaeletra. Escuta,1994. : história cultural e polêmicas literárias História geral da civilização História geral : do gramofone aorádioeTV.: dogramofone São : a música em torno daSemana : amúsicaemtorno . 1980. Dissertação (Mestrado . 1980.Dissertação Trópicosdiscurso do Belle Époque . RiodeJaneiro:

bra : en ca ------

E-BOOK | 163 E- BOOK | 164 Letra 1 Letra ANEXO É deixarmágoaspratrásôrapaz Ai, ai, Parte II Para sebrincar. Não sequestione Que comalegria Manda meavisar Pelo telefone O chefedafolia Parte I Mas fazgozar Sinhô, Sinhô bamba Põe perna Sinhô, Sinhô De arrepiar Sinhô, Sinhô Porque estesamba Sinhô, Sinhô Nunca sambou Sinhô, Sinhô É queaavezinha Sinhô, Sinhô Se embaraçou Sinhô, Sinhô Ai searolinha Parte IV fazerteufeitiço E depois Tirar amoresdosoutros fazerisso; Pra nãotornar Tomara quetuapanhes Parte III Fica tristeseéscapazeverás Ai, ai, - Pelo telefone (1917). Viva onossoCarnaval, Ai, ai,ai Triunfal. Aí estáocantoideal Ai, ai,ai Parte II De disseenão Dessa esquisitisse Que euentãosaísse Eu fazertolice Se o“morcego”visse O “Peru” medisse Parte I Sinhô, Sinhô Mas fazgozar Sinhô, Sinhô bamba Põe perna Sinhô, Sinhô De arrepiar Sinhô, Sinhô Porque estesamba Sinhô, Sinhô De coração, Sinhô, É serfolião Sinhô, Vir pro cordão, Sinhô, Sinhô Queres ounão, Parte IV habitado E oinferno O mundo estava vazio Por Deusfosse castigado Se quemtiraamoresdosoutros Parte III Sem rival (bis)

E-BOOK | 165 E- BOOK | 166 Letra 2 Letra Pois quemdançanãotemdor, nemcalor. (Bis) Ai, ai,ai Dança osambacomcalor, meuamor Ai, ai, Parte II Nada dedesgosto Faça orosto alegre Tenha orisoposto Não procure encosto Mostre-se disposto Quem for debomgosto Parte I Sinhô, Sinhô Pro sambaquevocê me convidou? Com queroupa euvou E agoracomqueroupa? Pra secasarcomumacachopa, Foi oAdamastorpraPortugal, Abandonou quemtantoamou outrora, E levou meucapital, Já foi-se embora agoradeuofora Seu português 2 Pro sambaquevocê meconvidou? Com queroupa euvou E eupergunto:–Comqueroupa? Pois estavidanão estásopa, Pra podermereabilitar, Vou tratarvocê comforça bruta Pois euquero meaprumar, Eu vou praluta Agora vou mudar minhaconduta, 1 a a - estrofe estrofe Com queroupa? (1930) Mas eu sendo um cabra trapaceiroMas eusendoumcabra Não éfácildeganhar, Pois odinheiro Agora eunãoandomaisfagueiro 4 Pro sambaquevocê meconvidou? Com queroupa euvou E jánemseimaiscomqueroupa. Meu paletóvirou estopa Eu vou ficandonu: acabar defarrapo, Já estoucoberto Desta pragadeurubu. Pra verseescapo Eu hojeestoupulandocomosapo, 3 Mas agoracom queroupa? Dinheiro fácil nãosepoupa éogarrafão: Mas minhadesgraça éobaralho Minha boasorte opaspalhão,Que euembrulho Desde pirralho Eu nuncasintofaltadetrabalho, 6 Pro sambaquevocê meconvidou? Com queroupa euvou Com queescamaecomroupa? O peixe caro éagaroupa, Creio quevocê nãotem razão: E hojequevocê vendecaro Que você éumbompeixão, Mas eudeclaro Você raro nãoénenhumartigo 5 Pro sambaquevocê meconvidou? Com queroupa euvou Mas agoracomqueroupa? deventoempopa Eu jácorri Não consigoternempraganhar, a a a estrofe estrofe a estrofe estrofe

E-BOOK | 167 E- BOOK | 168 Pro sambaquevocê meconvidou? Com queroupa euvou

Fonte PARTITURA 2–GOSTO QUE MEENROSCO : InstitutoMoreiraSallesdoRiodeJaneiro/RJ; ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos –SAMBA(1957)

E-BOOK | 169 E- BOOK | 170 Fonte PARTITURA 3–COMQUE ROUPA? –SAMBA (1930) : InstitutoMoreiraSallesdoRiodeJaneiro/RJ; ColeçãoJosé Tinhorão. Ramos