Universidade Federal De São Carlos Centro De Educação E Ciências Humanas Programa De Pós Graduação Em Sociologia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA JOSÉ PEREIRA FILHO OS SITIANTES DE CÓRREGO DAS PEDRAS (MT): trajetórias de vida e memórias da terra de trabalho São Carlos 2019 JOSÉ PEREIRA FILHO OS SITIANTES DE CÓRREGO DAS PEDRAS (MT): trajetórias de vida e memórias da terra de trabalho Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Doutor em Sociologia Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Aparecida de Moraes Silva São Carlos 2019 DEDICATÓRIA -Ao meu pai Zé Dentista e à minha mãe Alzira -À minha companheira de vida conjugal: Denea Regiani -Às minhas filhas: Larissa e Ana Paula. -Ao casal de retirantes mineiros, à filha de colonos paranaenses e às queridas filhas: três gerações a quem compartilho as alegrais, as tristezas, os tombos e o levantar de um filho de retirante que, assim como os ousados camponeses e camponesas de Córrego das Pedras, por caminhos e objetos diferentes, resolveu também ousar, porém, rumo ao doutorado. AGRADECIMENTOS Muitos são os agradecimentos: Os primeiros a quem agradeço são aqueles e aquelas que motivaram a elaboração da pesquisa e da tese que, na condição de sujeitos, comigo colaboraram durante todo o desenvolvimento da pesquisa, no cotidiano de suas vidas familiares, da convivência comunitária e dos seus trabalhos. Foram incansáveis horas de convivência, colhendo pacientemente o saber e as experiências de vida de pessoas e famílias que, genuinamente, construíram junto com suas famílias uma trajetória de vida no campo. Foram infinitas e ricas experiências. Aos sitiantes, sujeitos da pesquisa, minha eterna gratidão. No meio do caminho, muitas convivências e amizades eternizadas. Agradeço aos Servidores da FUNAI, Ivanilde Bezerra do Nascimento e Martins Toledo Melo, por compartilharem informações que foram relevantes para a pesquisa. Pela atenção e o tempo despendidos, meus sinceros agradecimentos. Agradeço ao Cartório de Registro de Imóveis de Tangará da Serra, na pessoa do Tabelião Titular Antônio Tuim de Almeida, que abriu as portas do Cartório e gentilmente cedeu os documentos públicos de registros dos imóveis da área pesquisa, o mapa de localização e os caminhos para a reconstituição da cadeia dominial completa dos imóveis. Muito obrigado pela valiosa contribuição. Agradeço também ao Senhor Eliel Ferreira Porto (Técnico da Empaer), ao Senhor Wilson Galli (loteador do Município de Tangará da Serra) e à Senhora Maria Helena Azumezuhero (líder indígena) que, gentilmente, cederam parte do tempo e das suas experiências de vida para colaborarem na construção da pesquisa. Agradeço ao amigo e companheiro de trabalho Prof. Me. Magno Alves Ribeiro, titular da cadeira de Contabilidade Pública do curso de Ciências Contábeis da UNEMAT, Câmpus Prof. Me. Eugênio Carlos Stiller de Tangará da Serra, pelas significativas contribuições na interpretação e construção das informações relativas à política de isenção fiscal no Estado de Mato Grosso, constituindo parte textual deste trabalho. Não posso deixar de agradecer ao Professor Doutor Paulo Alberto Santos Vieira da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Cáceres que, através do seu sonho e do seu trabalho pessoal, possibilitou a realização do convênio UFSCAR/UNEMAT, porta de entrada para a realização do sonho de Doutorado em Sociologia. Ao apoio da família que, paulatinamente, foi compreendendo a relevância dessa formação para a minha vida pessoal e profissional e passaram a fazer parte desse sonho, porque também foram e são construtores dessa possibilidade. Sofreram com a minha ausência física, durante os períodos de deslocamento. Sofreram também com a minha “ausência de espírito”, focado diuturnamente nas tarefas acadêmicas do doutorado, mesmo estando próximo. Só o amor sustenta a ausência. De forma especial, quero reportar ao meu pai que, no sofrimento de uma cama, necessitando dos cuidados do seu único filho do sexo masculino, importava com o meu tempo, se eu podia ou não cuidar dele, ficar mais ou menos tempo.... Gratidão eterna papai.... Sempre disse que gostaria que o Senhor estivesse vivo para comemorar esse momento, que é muito seu. Sem nenhum tipo de orgulho, porque minha trajetória de vida não permite, mas é muito simbólico o filho do retirante mineiro ser doutor. A todos os amigos do curso, que comigo conviveram, durante todo o período das aulas presenciais nas cidades de Cáceres (MT) e São Carlos (SP), que, por força das circunstâncias (da distância de nossas cidades e da ausência dos nossos familiares e amigos), tivemos, em muitos momentos, que viver uns para os outros, compartilhando nossas ansiedades e dificuldades. Depois, no isolamento de cada um em função das atividades de pesquisa e de elaboração da tese, mesmo na distância, o ombro amigo e o colo para aliviar as tensões advindas das tarefas da formação e da vida cotidiana. As circunstâncias nos empurraram para formar, muito mais que um grupo de colegas de doutorado, um grupo de amigos. Gratidão, vocês estão eternamente presentes na minha vida, pois como diz o poeta: “aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si e levam um pouco de nós”. Agradecimentos também aos colegas de formação do Programa de Pós-Graduação de São Carlos que, durante o primeiro semestre de 2017, conosco conviveram e compartilharam também uma parte das suas experiências, ajudando na maiúscula experiência de vivenciar o cotidiano da vida acadêmica no período em que estivemos presencialmente na Universidade Federal de São Carlos. De forma especial, reporto- me à colega doutoranda e hoje doutora Tainá Reis que compartilhou seus conhecimentos e experiências, minimizando minhas angústias e apreensões. Agradeço também à Universidade do Estado de Mato Grosso, instituição onde tenho exercido a função de Professor Titular da Cadeira de Metodologia e Técnica de Pesquisa que, através do convênio com a UFSCAR, possibilitou-me o sonho do doutorado. Obrigado à UNEMAT e aos seus gestores que colocaram como prioridade os processos de formação docente. Aqui, faço menção ao Programa de Pós-Graduação de Sociologia da UFSCAR, na pessoa do Coordenador do Programa, Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins e do quadro docente, especialmente aos professores e professoras que atuaram no DINTER que, na verdade, constitui-se também como um grande desafio para o Programa e para os(as) professores(as). Isto porque tratava-se de uma turma de universidade interiorana, cujo grupo de doutorandos e doutorandas possuía formação diversa que, com certeza, exigiria uma atenção e um esforço maior por parte dos(as)docentes(as) do Programa. Esse universo desconhecido e sui generis, mesmo com toda experiência e qualificação do quadro docente, realmente foi desafiador. Tenho a honra de dizer que passei por um Programa de Pós-Graduação com profissionais da mais alta competência e compromisso. Minha eterna gratidão. E, por fim, à minha orientadora, Prof.ª Dra. Maria Aparecida de Moraes Silva, pela compreensão e pela generosidade para comigo durante os três anos de convivência. Sei que fui um acadêmico disciplinado nas minhas tarefas, porém, provido de muita ansiedade, o que criava severas dificuldades para a orientadora. Sei que ela teve que ter muita paciência para comigo. Foi uma autêntica orientadora, cobrando-me as tarefas devidas, porém, estimulando-me ao desafio da pesquisa. Agradeço seu compromisso e a sua rigidez que foram essenciais na minha construção como sujeito pesquisador. Não foi fácil pensar a sociologia rural, tecer os caminhos da pesquisa e da escrita da tese. Sofri muito, mas um sofrimento necessário que me fez crescer. Uma enorme gratidão de quem teve a honra de tê-la como orientadora. Minha esperança (do verbo esperançar) é que todo esse processo reflita positivamente na minha atuação profissional e no meu compromisso social, mesmo diante das dificuldades a que estamos envoltos, que seja eu um indutor da continuidade da construção de uma sociedade justa, humana, fraterna e plural. Que a plantação floresça, dê frutos e gere vida. Ratifico meu eterno agradecimento e gratidão. RESUMO O presente trabalho com o título: “OS SITIANTES DE CÓRREGO DAS PEDRAS (MT): trajetórias de vida e memórias da terra de trabalho”, busca compreender a dinâmica social referente às estratégias e formas de sobrevivência das famílias que vivem em minis, pequenas e médias propriedades, denominadas sítios, na comunidade Córrego das Pedras, município de Tangará da Serra (MT), entendendo a terra como um meio para, através do trabalho das famílias sitiantes que nela residem e trabalham, garantir a produção e reprodução de um modo de vida. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, tendo como metodologia a história oral e a memória, em que empreguei, principalmente, as observações diretas e as entrevistas de roteiro aberto e semiestruturado como recursos metodológicos para geração dos dados. Utilizei ainda questionários e levantamentos documentais como procedimentos complementares. As análises se dão a partir da percepção da trajetória de vida das famílias migrantes de Minas Gerais e São Paulo que migraram, com seus hábitos, costumes e tradições. Os sitiantes não se renderam ao processo de expropriação de suas terras, próprio das regiões onde a moderna agricultura capitalista se estabelece e avança. Subsistiram ao tempo, em suas frações de terras, produzindo e reproduzindo uma dinâmica própria de vida e gerando cultura, em simbiose entre a modernidade e a tradição. Aponto para a premissa de que as formas de produção de vida material construídas ao longo do tempo, - formas essas heterogêneas, combinadas com a produção e reprodução da cultura caipira, manifesta nos escritos de Candido (1982), percebida nas festas, nas confraternizações, na culinária e nas práticas religiosas -, foram determinantes para a produção e reprodução de um modo de vida e da permanência das famílias em seus sítios. Fiz referência a uma resistência cotidiana, produzida diariamente na luta das famílias em permanecerem em suas porções de terra e produzirem a existência material própria e da família, frente aos avanços do agronegócio na região.