UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL – PPGPV

MATEUS ENDRINGER CALIMAN

SOBREVIVÊNCIA, DISSEMINAÇÃO E CONTROLE DE Bursaphelenchus cocophilus EM DENDEZEIRO E COQUEIRO NO SUL DA BAHIA

ILHÉUS – BAHIA 2020 MATEUS ENDRINGER CALIMAN

SOBREVIVÊNCIA, DISSEMINAÇÃO E CONTROLE DE Bursaphelenchus cocophilus EM DENDEZEIRO E COQUEIRO NO SUL DA BAHIA

Tese apresentada como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal à Universidade Estadual de Santa Cruz.

Área de concentração: Proteção de Plantas

Orientador: Dr. Jadergudson Pereira Coorientador: Dr. José Inácio Lacerda Moura Coorientador: Dr. José Luiz Bezerra

ILHÉUS – BAHIA 2020 MATEUS ENDRINGER CALIMAN

SOBREVIVÊNCIA, DISSEMINAÇÃO E CONTROLE DE Bursaphelenchus cocophilus EM DENDEZEIRO E COQUEIRO NO SUL DA BAHIA

Tese apresentada como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal à Universidade Estadual de Santa Cruz.

Ilhéus, 31 de agosto de 2020.

______Dr. Jadergudson Pereira UESC/ DCAA (Orientador)

______Dra. Edna Dora Martins Newman Luz CEPLAC/ PPGPV (UESC)

______Dra. Juliana Stracieri DCAA/ UESC

______Dr. Marcos Vinícius Oliveira dos Santos UESC

______Dr. Bruno Borges Deminicis UFSB

Aos meus pais Zilda e Gelson (In memoriam), pessoas que mais amo e que sempre me apoiaram, dando-me muito carinho e amor, além de me mostrarem os valores da vida, me ajudarem nas decisões mais importantes e me ensinarem a procurar sempre em Deus a força maior.

Dedico

AGRADECIMENTOS

Agradecer faz parte do vocabulário e da atitude de quem percebeu que sempre precisa de algo ou de alguém para levar adiante suas tarefas, das mais simples às mais complexas. Enumerar a tudo e a todos é algo difícil. Mencionar alguns não significa que outros não estiveram presentes nessa caminhada. A todos, os registrados ou não, minha súplica ao Deus de meu coração, a fim de que a compreensão, a humildade, a paz, a tolerância, a generosidade e a justiça sejam esteios de suas vidas. Assim, agradeço: Primeiramente a Deus, que me deu o dom da vida e perfeição para seguir em frente e lutar pelos meus objetivos. Ele que me livra de todos os males e perigos, guia meus passos e ilumina meus caminhos. Sou grato por todos os dons que me confere. À Universidade Estadual de Santa Cruz, pela oportunidade que tive de cursar o doutorado nesta instituição. Ao colegiado de Pós-Graduação em Produção Vegetal, a todos os professores que tive a oportunidade de conviver durante as disciplinas, a todos os coordenadores que assumiram este cargo durante a execução do doutorado e, em especial, à secretária Caroline. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, pela concessão da bolsa de doutorado. A meu orientador Jadergudson Pereira, por ter me orientado com tanto carinho, atenção e conselhos construtivos. Agradeço também pela confiança, pelo apoio e pela grande e fundamental ajuda na construção deste trabalho. Aos meus coorientadores José Inácio Lacerda Moura e José Luiz Bezerra, pelos ensinamentos, na execução e conclusão deste trabalho, pelo incentivo e pela atenção, muito importantes para o meu crescimento pessoal e acadêmico. Aos funcionários da Estação Experimental Lemos Maia (ESMAI) por todo o cuidado e ajuda na execução das atividades, em especial ao Rogério, ao Sandoval (Papito) e ao “Zé Baixinho”, parceiros de campo, e ao motorista Dudu. Às professoras Edna Dora e Arlete, as quais tenho grande admiração e carinho. Aos meus irmãos Higor e André e à minha noiva Juliana, que tanto me apoiaram nos momentos de tensão, ajudando em tudo o que puderam e celebraram cada vitória alcançada. Ao Dr. Lindolfo (Ceplac), pelo auxílio com análises estatísticas. À Dra. Carla Beatriz Grespan Bottoli e toda equipe do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pelo auxílio com as análises cromatográficas.

Às minhas amigas e amigos da UESC com os quais convivi durante estes anos e me auxiliaram quando precisei: Giselle, Deisy, Thaís e Gedeon. Também àqueles que porventura não citei, mas que contribuíram na minha vida pessoal e profissional. Aos meus amigos e amigas de Una que sempre acreditaram em mim, comemorando a cada conquista alcançada: Jean, Luiz, Jairo, Wallace, Jhoy, Marcieli, Lorena e Camila.

A todos os citados e aos não citados, minha imensa gratidão!

SOBREVIVÊNCIA, DISSEMINAÇÃO E CONTROLE DE Bursaphelenchus cocophilus EM DENDEZEIRO E COQUEIRO NO SUL DA BAHIA

RESUMO

Considerada a mais severa e letal doença do dendezeiro no sul da Bahia, o Anel Vermelho tem como agente causal o nematoide Bursaphelenchus cocophilus, o qual leva a palmeira à morte em poucos meses após o início da infecção, não havendo medidas preventivas e curativas eficazes para o manejo desta enfermidade. Esta pesquisa foi realizada com os seguintes objetivos: i) determinar se “injeções” preventivas e curativas com abamectina evitam a mortalidade de dendezeiros pelo Anel Vermelho; ii) determinar se “injeções” preventivas com abamectina evitam a mortalidade de coqueiros pelo Anel Vermelho; iii) avaliar a infecção, distribuição e disseminação do B. cocophilus em dendezeiros nas condições edafoclimáticas do sul da Bahia; iv) determinar o tempo de sobrevivência do nematoide em estipes de dendezeiros recém cortados e a eficiência do herbicida Metano Arseniato Ácido Monossódico (MSMA) na erradicação de dendezeiros com o Anel Vermelho; v) Avaliar a resistência do hibrido interespecífico (HIE) de dendezeiro ao ataque do B. cocophilus. Os experimentos foram conduzidos em dendezeiros e coqueiros sadios existentes no Banco de Germoplasma da Estação Experimental Lemos Maia (Esmai), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), localizada no Município de Una, BA. Para atender ao primeiro objetivo, o controle preventivo com a abamectina (Abamex®) sobre o Anel Vermelho em dendezeiro foi avaliado em três diferentes concentrações: 10, 20 e 40 mL do p.c./planta (0.18, 0.36 e 0.72 g i.a. do produto, respectivamente), aplicados diretamente no interior do estipe, por endoterapia (infusão). Para avaliar o efeito curativo do defensivo em dendezeiros infectados com o B. cocophilus, a dosagem do inseticida/nematicida foi ajustada para 40 mL do p.c./planta e injetada no interior do estipe, em três momentos distintos: 5, 10 e 15 dias após a inoculação do nematoide. Em ambos os experimentos, os dendezeiros foram inoculados com a concentração de 20.000 nematoides. Os resultados encontrados com injeção de abamectina no controle preventivo e curativo do Anel Vermelho em dendezeiros mostraram eficiência de 85 % e 90 %, respectivamente. Para o segundo objetivo, foram utilizados 10, 20 e 30 mL da abamectina em coqueiros da variedade Gigante, veiculados via injeção através das seringas Chemjet®. Três dias após, os coqueiros foram infectados artificialmente com 20.000 espécimes de B. cocophilus. Os resultados mostraram que as concentrações de 20 e 30 mL da abamectina tiveram eficiência de 90 % e 95 %, respectivamente, na prevenção do Anel vermelho em coqueiros. Com referência ao objetivo três, a infecção do B. cocophilus em dendezeiro foi avaliada com quatro diferentes concentrações do nematoide: 5.000, 10.000, 20.000 e 40.000 espécimes, inoculados diretamente no interior do estipe. A distribuição do patógeno nos estipes dos dendezeiros previamente infectados com 20.000 espécimes de B. cocophilus, foi avaliada a cada 100 cm da base do estipe até o início da coroa foliar. A disseminação do nematoide foi avaliada via raiz, solo e cavador. Os resultados mostraram que 100 % dos dendezeiros infectados com o patógeno desenvolveram a doença, com sintomas iniciais observados a partir do 28° dia, levando a planta à morte 150 dias após a infecção. O nematoide apresentou mobilidade no interior da planta, colonizando todo o estipe, com concentração média de 6.902 e 6.622 espécimes nos dois primeiros metros, com variação de 0 a 32.000 nematoides e desvio padrão de 8.256,93 e 8.954,77. Na parte aérea, foi observada a média de 3.233 nematoides, variando de 0 a 21.000, com desvio padrão de 5.419,46. A infecção via raiz e solo resultou em baixa taxa de infecção, pois apenas 25 e 5 % das plantas desenvolveram a doença, no entanto, os resultados obtidos com as amostras do cavador mostraram que 80 % destas estavam contaminadas com média de 60 nematoides (desvio padrão 82,3). Para o objetivo quatro, foram coletadas amostras

de estipes de dendezeiros com sintomas avançados da doença até quatro meses após a erradicação das plantas, sendo que o B. cocophilus persistiu nos estipes infectados por este período, ao passo que nos dendezeiros mortos com o MSMA, monitorados para a presença de B. cocophilus até 90 dias após a aplicação, as análises indicaram haver 90 % de eficiência no controle do nematoide, concomitantemente à erradicação da planta com o Anel Vermelho. Para cumprimento do objetivo cinco, foram selecionadas 20 plantas sadias de dendezeiro da variedade Tenera, 20 plantas da espécie ‘Caiaué’ e 20 plantas do híbrido interespecífico (HIE) entre o dendezeiro e o ‘Caiaué’. Em cada palmeira foram inoculados 20.000 nematoides diretamente no interior do estipe. Apenas em ‘Tenera’ houve a expressão de sintomas externos e internos da doença, com variável número de nematoides em motilidade, evidenciando que o ‘Caiaué’ e o HIE são resistentes ao Anel Vermelho. Os resultados aqui demonstrados são relevantes contribuições ao manejo integrado do Anel Vermelho em dendezeiro nas condições do sul da Bahia.

Palavras-chave: guineensis. Cocos nucifera. Anel Vermelho. Fitonematoide. Endoterapia. Resistência.

SURVIVAL, DISSEMINATION AND CONTROL OF Bursaphelenchus cocophilus ON OIL PALM TREE () and COCONUT TREE (Cocos nucifera) IN SOUTHERN BAHIA

ABSTRACT

Considered to be the most severe and lethal oil palm tree disease in southern Bahia, the Red Ring has the nematode Bursaphelenchus cocophilus as its causal agent, which leads the palm to death within a few months after the beginning of the infection, with no effective preventive and curative measures for the management of this disease. This research was carried out with the following objectives: i) to determine if preventive and curative “injections” with abamectin prevent the oil palm mortality by the Red Ring; ii) determine whether preventive “injections” with abamectin prevent the mortality of coconut trees by the Red Ring; iii) to evaluate the infection, distribution and dissemination of B. cocophilus in oil palm in the edaphoclimatic conditions of southern Bahia; iv) determine the nematode survival time in freshly cut oil palm stems and the efficiency of the herbicide Methane Arsenate Monosodium Acid (MSMA) in eradicating oil palm with the Red Ring; v) To evaluate the resistance of the interspecific hybrid (HIE) to the attack of B. cocophilus. The experiments were conducted on oil palm and healthy coconut trees existing in the Germplasm Bank of the Experimental Station Lemos Maia (Esmai), of the Executive Committee of the Plan of the Cacao Plantation (Ceplac), located in the Municipality of Una, BA. To meet the first objective, the preventive control with abamectin (Abamex®) on the Red Ring in oil palm was evaluated in three different concentrations: 10, 20 and 40 mL of the pc / plant (0.18, 0.36 and 0.72 g ia of the product, respectively), applied directly inside the stipe, by endotherapy (infusion). To assess the curative effect of the pesticide in oil palm infected with B. cocophilus, the dosage of the insecticide / nematicide was adjusted to 40 mL of the pc / plant, and injected into the stem at three different times: 5, 10 and 15 days after inoculation of the nematode. In both experiments, oil palm trees were inoculated with a concentration of 20,000 nematodes. The results found with abamectin injection in the preventive and curative control of the Red Ring in oil palm trees showed efficiency of 85 % and 90 %, respectively. For the second objective, 10, 20 and 30 mL of abamectin were used in coconut trees of the giant variety, transmitted via injection through the Chemjet syringes. Three days later, the coconut trees were artificially infected with 20,000 specimens of B. cocophilus. The results showed that the concentrations of 20 and 30 mL of abamectin were 90 % and 95 % efficient, respectively, in preventing the Red Ring in coconut trees. With reference to objective three, the infection of B. cocophilus in oil palm, was evaluated with four different concentrations of the nematode: 5,000, 10,000, 20,000 and 40,000 specimens, inoculated directly inside the stipe. The distribution of the pathogen in oil palm stumps previously infected with 20,000 specimens of B. cocophilus, was evaluated every 100 cm from the base of the stem until the beginning of the leaf crown. The spread of the nematode was assessed via root, soil and agricultural implement. The results showed that 100% of oil palm infected with the pathogen developed the disease, with initial symptoms observed after the 28th day, leading the plant to death 150 days after infection. The nematode showed mobility inside the plant, colonizing the entire stipe, with an average concentration of 6,902 and 6,622 specimens in the first two meters, with a range from 0 to 32,000 nematodes and standard deviation of 8,256.93 and 8,954.77. In the aerial part, an average of 3,233 nematodes was observed, ranging from 0 to 21,000, with a standard deviation of 5,419.46. The results of the root and soil dissemination experiment showed a low rate of infection in oil palm, with only 25% and 5% of the plants that developed the disease, respectively. In contrast, the results obtained with the digger samples showed that 80% of these were contaminated with an average of 60 nematodes (standard deviation 82.3). For objective four, samples of oil palm stems with

advanced symptoms of the disease were collected up to four months after the eradication of the plants, with B. cocophilus persisting in the infected stems during this period, whereas in oil palm trees killed with MSMA, monitored for the presence of B. cocophilus up to 90 days after application, the analyzes indicated that there was 90% efficiency in the control of the nematode, concomitantly with the eradication of the plant with the Red Ring. To achieve objective five, 20 healthy oil palm plants of the Tenera variety, 20 plants of the 'Caiaué' species and 20 plants of the interspecific hybrid between the oil palm and the 'Caiaué' (HIE) were selected. In each palm, 20,000 nematodes were inoculated directly into the stem. The results of this experiment revealed that only in 'Tenera' was the expression of external and internal symptoms of the disease, with variable number of motility nematodes. Through the Tukey test at 5 % probability, it became evident that ‘Caiaué’ and HIE are resistant to the Red Ring. The results shown here are relevant contributions to the integrated management of the Red Ring in oil palm in the conditions of southern Bahia.

Keywords: Bursaphelenchus cocophilus. Elaeis guineensis. Endotherapy. Red ring disease. Plant-nematode.

LISTA DE FIGURAS

REVISÃO DE LITERATURA Figura 1 – Relação entre o coeficiente de dissociação ácida (pKa), coeficiente de partição octan-

1-ol/água (Kow) e a mobilidade do floema e xilema. Fontes adaptadas: Bromilow et al. (1990) e Collins et al. (2006)...... 24

CAPÍTULO I

Figura 1 – Coqueiral da variedade Anão Verde. (A) Coqueiro com sintomas externos do Anel Vermelho. (B) Corte do estipe para extração do Bursaphelenchus cocophilus. (C) Sintoma interno do Anel Vermelho...... 44 Figura 2 – Obtenção da suspensão do Bursaphelenchus cocophilus a partir de um coqueiro com Anel Vermelho. (A) Fragmentação do estipe. (B) Pesagem das amostras do estipe. (C) Extração do nematoide do estipe infectado. (D) Obtenção da concentração do nematoide...... 45 Figura 3 – Avaliação do efeito nematicida da abamectina sobre o Bursaphelenchus cocophilus. (A) Aplicação de diferentes volumes da abamectina em quatro mL da suspensão de nematoide. (B) Avaliação do efeito nematicida da abamectina sobre o nematoide em diferentes tempos. (C) Termômetro para avaliação da temperatura ambiente. (D) Contagem de indivíduos vivos...... 46 Figura 4 – Controle endoterápico para a prevenção do Anel Vermelho. (A) Furo no estipe utilizando uma furadeira acoplada a uma motosserra. (B) Aplicação de 10, 20 e 40 mL da abamectina. (C) Inoculação da suspensão contendo 20.000 indivíduos de Bursaphelenchus cocophilus. (D) Vedação dos furos com auxílio de uma rolha de madeira para evitar a entrada de contaminantes...... 47 Figura 5 – Aplicação dos tratamentos com abamectina e inoculação do nematoide. (A) Furo no estipe com uma furadeira elétrica. (B) Injeção com a seringa ChemJet Tree Injector® com três concentrações da abamectina: 10, 20 e 30 mL. (C) Furo no estipe utilizando uma furadeira acoplada a um motosserra. (D) Inoculação da suspensão contendo 20.000 indivíduos de Bursaphelenchus cocophilus...... 50 Figura 6 – Avaliação do efeito residual da abamectina sobre Elaeidobius kamerunicus e E. subvittatus. (A) Furo no estipe utilizando uma furadeira acoplada a uma motosserra. (B) Aplicação de 40 mL da abamectina. (C) Inflorescência masculina. (D)

Experimento para avaliar a quantidade de E. kamerunicus e E. subvittatus emergidos das espiguetas...... 51 Figura 7 – Metodologia em campo visando a análise de resíduo de abamectina em frutos de dendezeiro. (A) Furo no estipe utilizando uma furadeira acoplada a um motosserra. (B) Aplicação de 40 mL da abamectina. (C) Cacho de dendezeiro maduro. (D) Frutos de dendezeiro maduros caídos...... 52 Figura 8 – Avaliação do efeito nematicida da abamectina sobre Bursaphelenchus cocophilus...... 53

Figura 9 – Avaliação da dosagem necessária para matar 50 % (DL50) da população do Bursaphelenchus cocophilus...... 54 Figura 10 – Porcentagem de plantas com sintomas externos do Anel Vermelho em dendezeiros tratados com as dosagens de 10, 20 e 40 mL da abamectina no período de 210 dias...... 55 Figura 11 – Porcentagem de plantas com sintomas externos e anel interno e com nemattoides 5, 10 e 15 dias o tratamento com abamectina na cura do Anel Vermelho em dendezeiros...... 57 Figura 12 – Porcentagem de plantas com sintomas internos e externos de Anel Vermelho em coqueiro tratados com injeções no estipe de três diferentes dosagens de abamectina: 10, 20 e 30 mL...... 58 Figura 13 – Número de espécimes de Elaeidobius kamerunicus e E. subvittatus emersos da inflorescência masculina de dendezeiros com e sem a aplicação de 40 mL da abamectina...... 59

CAPÍTULO II

Figura 1 – Distribuição do Bursaphelenchus cocophilus no estipe de dendezeiro com Anel Vermelho. (A) Sintoma inicial do Anel Vermelho. (B) Obtenção de partes do estipe para extração e contagem do nematoide...... 74 Figura 2 – Aplicação da suspensão de Bursaphelenchus cocophilus via raiz. (A) Raiz do dendezeiro cortada para a inoculação do nematoide. (B) Vedação do saquinho plástico com auxílio de um barbante. (C) Saquinho plástico contendo a suspensão com 20.000 indivíduos de B. cocophilus/100 mL de água...... 75

Figura 3 – Aplicação da suspensão de Bursaphelenchus cocophilus via solo. (A) Roçagem e retirada da cobertura vegetal. (B) Inoculação da suspensão com a concentração de 20.000 indivíduos de B. cocophilus/100mL de água no solo...... 76 Figura 4 – Disseminação do Bursaphelenchus cocophilus por implemento agrícola. (A) Despalma do dendezeiro com auxílio de um cavador. (B) Lavagem da lâmina após a inserção na base da ráquis foliar para observação e contagem de nematoides...... 77 Figura 5 – Sintomas externos do Anel Vermelho em dendezeiro. (A) Sintoma Inicial. (B) Plantas mortas...... 78 Figura 6 – Sintoma interno do Anel Vermelho em dendezeiro...... 78 Figura 7 – Distribuição média com desvio padrão do Bursaphelenchus cocophilus, metro a metro, em estipe de dendezeiro com Anel Vermelho...... 79 Figura 8 – Incidência do Anel Vermelho em dendezeiros inoculados com Bursaphelenchus cocophilus via raiz e solo ...... 80

CAPÍTULO III

Figura 1 – Inoculação de Bursaphelenchus cocophilus. (A) Furos feitos com auxílio de uma furadeira acoplada a um motosserra. (B) Inoculação da suspensão de nematoide...... 89 Figura 2 – Erradicação de dendezeiros com Anel Vermelho. (A) Estipes de dendezeiros recém cortados. (B) Coletas do estipe para determinar a sobrevivência do Bursaphelenchus cocophilus. (C) Dendezeiro com sintoma inicial do Anel Vermelho. (D) Dendezeiros mortos pelo herbicida à base de Metano Arseniato Ácido Monossódico...... 90 Figura 3 – Sobrevivência do Bursaphelenchus cocophilus em estipes de dendezeiros recém cortados...... 91 Figura 4 – Avaliação das propriedades nematicidas do Metano Arseniato Ácido Monossódico sobre Bursaphelenchus cocophilus...... 92

CAPÍTULO IV

Figura 1 – Efeito do sumo do ‘Caiaué’ sobre o Bursaphelenchus cocophilus. (A) Trituração do estipe. (B) Obtenção do sumo. (C) Suspensão de nematoides e sumo do dendê. (D) Análise da sobrevivência do B. cocophilus a cada 24 horas...... 99 Figura 2 – Sintomas externos e internos do Anel Vermelho em dendezeiro da variedade Tenera. (A) Sintoma inicial. (B) Sintoma avançado. (C) Palmeiras mortas. (D) Anel interno no estipe do dendezeiro...... 100 Figura 3 – Palmeiras de Caiaué (). (A) Plantas assintomáticas. (B) Estipe sem a presença do anel interno...... 101 Figura 4 – Palmeiras de HIE. (A) Plantas assintomáticas. (B) Estipe sem a presença do anel interno...... 102 Figura 5 – Avaliação do efeito do sumo do ‘Caiaué’ sobre Bursaphelenchus cocophilus...... 103

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO I

Tabela 1 – Avaliação das plantas tratadas com endoterapia na prevenção do Anel Vermelho em dendezeiros quanto a sintomas externos, presença do anel interno e indivíduos do patógeno após 210 dias da aplicação de abamectina nas dosagens 10, 20 e 40 mL...... 56

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL ...... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ...... 3 2.1 Dendezeiro ...... 3 2.1.1 Taxonomia e origem ...... 3 2.1.2 Morfologia ...... 3 2.2 Caiauezeiro ...... 4 2.3 Híbrido interespecífico (E. guineensis x E. oleifera) ...... 5 2.4 Coqueiro ...... 5 2.5 Principais doenças do dendezeiro ...... 7 2.6 Anel Vermelho ...... 7 2.7 Medidas preventivas de controle do Anel Vermelho ...... 10 2.8 Endoterapia ...... 11 2.8.1 História e aplicação da endoterapia no controle de pragas em dicotiledôneas ...... 11 2.8.2 Estudos de aplicação endoterápica em palmáceas ...... 16 2.8.3 Técnicas de aplicações e vantagens do controle endoterápico em plantas ...... 18 2.8.4 Tipos de infusão ...... 19 2.8.5 Injeção ...... 21 2.8.6 Propriedades que interferem na translocação de defensivos no tecido vascular de plantas 22 2.8.7 Análise de resíduos de defensivos presentes na parte aérea de plantas ...... 25 REFERÊNCIAS ...... 25 3 OBJETIVOS ...... 38 3.1 GERAL ...... 38 3.2 ESPECÍFICOS ...... 38 4 CAPÍTULO I ...... 39 ENDOTERAPIA COMO ALTERNATIVA NO CONTROLE DO ANEL VERMELHO EM DENDEZEIRO E COQUEIRO NO SUL DA BAHIA ...... 39 RESUMO ...... 39 ABSTRACT ...... 40 4.1 INTRODUÇÃO ...... 40 4.2 MATERIAL E MÉTODOS ...... 43 4.2.1 Área de estudo ...... 43 4.2.2 Obtenção da suspenção de Bursaphelenchus cocophilus ...... 43 4.2.3 Avaliação do efeito nematicida da Abamectina in vitro ...... 45 4.2.4 Injeção com abamectina na prevenção do Anel vermelho em dendezeiro ...... 46 4.2.5 Eficiência no controle curativo do Anel Vermelho com injeção de abamectina ...... 47

4.2.6 Injeções com abamectina seguida da inoculação do Bursaphelenchus cocophilus no estipe de coqueiros ...... 48 4.2.7 Efeito deletério da abamectina sobre os polinizadores do dendezeiro Elaeidobius kamerunicus e Elaeidobius subvittatus ...... 50 4.2.8 Análise de resíduo em frutos de dendezeiros tratados com abamectina ...... 51 4.3 RESULTADOS ...... 52 4.3.1 Avaliação do efeito nematicida da Abamectina in vitro ...... 52 4.3.2 Injeção com abamectina na prevenção do Anel vermelho em dendezeiro ...... 54 4.3.3 Eficiência no controle curativo do Anel Vermelho com injeção de abamectina ...... 56 4.3.4 Injeções com abamectina na prevenção do Anel Vermelho em coqueiro ...... 57 4.3.5 Efeito da abamectina sobre os polinizadores do dendezeiro Elaeidobius kamerunicus e E. subvittatus ...... 58 4.3.6 Análise de resíduo em frutos de dendezeiros tratados com abamectina ...... 59 4.4 DISCUSSÃO ...... 60 4.5 CONCLUSÕES ...... 64 5 CAPÍTULO II ...... 69 INFECÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E DISSEMINAÇÃO DO Bursaphelenchus cocophilus EM DENDEZEIROS NO SUL DA BAHIA ...... 69 RESUMO ...... 69 ABSTRACT ...... 70 5.1 INTRODUÇÃO ...... 70 5.2 MATERIAL E MÉTODOS ...... 72 5.2.1 Área de Estudo ...... 72 5.2.2 Extração e obtenção da suspensão de Bursaphelenchus cocophilus ...... 72 5.2.3 Infecção por Bursaphelenchus cocophilus em dendezeiro ...... 73 5.2.4 Distribuição do B. cocophilus no estipe de dendezeiro com o Anel Vermelho ...... 73 5.2.5 Disseminação do Bursaphelenchus cocophilus ...... 74 5.3 RESULTADOS ...... 77 5.3.1 Infecção por Bursaphelenchus cocophilus em dendezeiro ...... 77 5.3.2 Distribuição do B. cocophilus em estipe de dendezeiro com sintomas de Anel Vermelho 79 5.3.3 Disseminação do B. cocophilus ...... 79 5.4 DISCUSSÃO ...... 80 5.5 CONCLUSÕES ...... 82 REFERÊNCIAS ...... 83 6 CAPÍTULO III ...... 86 SOBREVIVÊNCIA DE Bursaphelenchus cocophilus EM DENDEZEIROS RECÉM CORTADOS E EFEITO DO METANO ARSENIATO ÁCIDO MONOSSÓDICO SOBRE O NEMATOIDE ...... 86

RESUMO ...... 86 ABSTRACT ...... 87 6.1 INTRODUÇÃO ...... 87 6.2 MATERIAL E MÉTODOS ...... 88 6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...... 90 6.4 CONCLUSÕES ...... 93 REFERÊNCIAS ...... 93 7 CAPÍTULO IV ...... 95 AVALIAÇÃO DO HÍBRIDO INTERESPECÍFICO (HIE) DE DENDEZEIRO COM O ‘CAIAUÉ’ AO ATAQUE DE Bursaphelenchus cocophilus NO SUL DA BAHIA ...... 95 RESUMO ...... 95 ABSTRACT ...... 96 7.1 INTRODUÇÃO ...... 96 7.2 MATERIAL E MÉTODOS ...... 98 7.2.1 Extração e obtenção da suspensão de Bursaphelenchus cocophilus ...... 98 7.2.2 Infecção do Bursaphelenchus cocophilus em dendezeiro africano, ‘Caiaué’ e o híbrido interespecífico (HIE) ...... 98 7.2.3 Teste in vitro para analisar o efeito da seiva do caiaué sobre B. cocophilus ...... 99 7.3 RESULTADOS ...... 100 7.3.1 Teste in vitro para analisar o efeito da seiva do ‘Caiaué’ sobre B. cocophilus ...... 102 7.4 DISCUSSÃO ...... 103 7.5 CONCLUSÕES ...... 105 REFERÊNCIAS ...... 105 8 CONCLUSÕES GERAIS ...... 108

1

1 INTRODUÇÃO GERAL

O dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) e o coqueiro (Cocos nucifera L.) são espécies exóticas que encontraram no Brasil condições edafoclimáticas ideais para o seu desenvolvimento, tornando-se de grande importância econômica, social e ambielntal, principalmente para as regiões Norte e Nordeste do Brasil (BOARI et al., 2016; MARTINS; CUENCA, 2018). No dendezeiro, três variedades podem ser identificadas quanto à espessura do endocarpo no fruto: Dura, Psífera e Tenera, esta última resultante do cruzamento entre Psífera x Dura. A variedade Tenera é predominante nos plantios comerciais, porém com palmeiras ultrapassando a fase de declínio produtivo (MELO, 1985; CORLEY; TINKER, 2003). O gênero Cocos é formado apenas pela espécie C. nucifera, a qual apresenta duas variedades principais: Typica (Variedade gigante) e a Nana (Variedade anão), além do híbrido (anão x gigante). O coqueiro gigante é empregado comercialmente para uso agroindustrial. O coqueiro anão é cultivado, no Brasil, sobretudo, para consumo in natura, mas atende à agroindústria da água de coco, sendo que o híbrido apresenta dupla aptidão (ARAGÃO; RIBEIRO; MELO, 2009). O dendezeiro e o coqueiro são suscetíveis a diversas doenças, tendo como uma das principais moléstias o Anel Vermelho, doença letal de elevada importância econômica, cujo agente etiológico é o nematoide Bursaphelenchus cocophilus (Cobb) Baujard, o qual está associado aos curculionídeos L. e Rhinostomus barbirostris Fabricius (Coleoptera: Curculionidae), que adquirem o nematoide interna e externamente ao seu corpo durante a alimentação em plantas infectadas e o transportam para plantas sadias (ARAÚJO, 1990; MOURA et al., 2006; MOURA et al., 2013; BOARI et al., 2016). Há que acrescentar que outros fatores podem estar envolvidos na transmissão da doença e ainda são desconhecidos pela ciência (RESENDE et al., 1990). Os sintomas externos do Anel Vermelho são variados e, às vezes, confundidos com outras doenças. Em dendezeiros e coqueiros, os sintomas externos vão desde folhas centrais compactadas, lembrando às do repolho, amarelecimento ascendente e secamento dos folíolos. 2

Sanchez e Cerda (1993) alertam sobre o difícil manejo desta doença, pois quando as plantas manifestam os sintomas da enfermidade, o dano é irreversível. Com o intuito de minimizar as perdas de produtividade na dendeicultura, a Embrapa lançou, em 2010, a primeira cultivar de HIE O x G desenvolvida no Brasil, denominada BRS Manicoré, obtida a partir do cruzamento do ‘Caiaué’ (Elaeis oleifera [Kurth] Cortés), de origem Manicoré, com dendezeiro de origem La Mé, tendo este cruzamento interespecífico o objetivo de associar a alta produtividade em óleo do segundo com a resistência ou tolerância a pragas e doenças do primeiro (CUNHA; LOPES, 2010; CUNHA et al., 2012). Além da utilização de plantas melhoradas geneticamente, existe a necessidade de medidas de controle mais eficientes em plantios comerciais de dendezeiros e coqueiros, principalmente sobre o Anel Vermelho, por ser uma doença letal de rápida disseminação, infecção e colonização. Atualmente, o manejo nestas culturas se concentra na eliminação de plantas doentes através da derrubada com motosserra e utilização de iscas atrativas alimentares com inseticidas, que atuam especialmente sobre o R. palmarum (MOURA, 2017). O uso de injeção (endoterapia) com defensivos vem sendo adotado em plantios comerciais de pinus (Pinus thunbergii Parl.) na América do Norte e alguns países da Ásia e Europa no intuito de minimizar os danos causados pelo nematoide Bursaphelenchus xylophilus (Steiner & Buhrer) Nickle, tendo como agente transmissor o besouro Monochamus galloprovincialis (Olivier) (Coleoptera: Cerambycidae) (TAKAI et al., 2000; SOUSA; NAVES; VIEIRA, 2013). James, Tisserat e Todd (2006) controlaram em 75 % a mortalidade de pinus infectados com B. xylophilus utilizando injeção com o inseticida/nematicida “abamectina”, tornando-se uma alternativa na prevenção do Anel Vermelho nas palmeiras citadas acima. Assim, o manejo integrado apresenta-se como método eficaz no controle deste importante fitopatógeno, onde medidas preventivas através de defensivos, via endoterapia, utilização de plantas melhoradas geneticamente, bem como eliminação de fonte de inóculo, o torna uma das principais estratégias de controle do Anel Vermelho (VIDA et al., 2004; RITZINGER; FANCELLI, 2006; MOURA, 2017).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Dendezeiro

2.1.1 Taxonomia e origem A palma de óleo ou dendê (Elaeis guineensis Jacq.) pertence à classe Liliopsida (Monocotiledônea), ordem Arecales (Palmales), família Arecaceae (Palmaceae), subfamília Arcoideae, tribo Cocoseae (Cocoineae), subtribo Elaeidinae (DRANSFIELD et al., 2005). Esta espécie foi denominada pelo botânico Nicolas Joseph Jacquin em 1763, sendo Elaeis derivada do grego “elaion”, que significa óleo, e guineensis atribuído ao seu centro de origem Costa da Guiné (DRANSFIELD et al., 2005; TAN et al., 2009). Esta espécie, originária do continente africano, está distribuída desde 16º N em Senegal até 15º S em Angola, podendo ser encontrada na parte central e leste da África na República Democrática do Congo até Quênia, Tanzânia, incluindo a Ilha de Madagascar (HARDON; WILLIAMS; WATSON, 1969; HARTLEY, 1988, MORETZSOHN et al., 2002). No Brasil, o dendezeiro foi introduzido no estado da Bahia, provavelmente, pelos escravos no século XVI, o qual encontrou condições edafoclimáticas ideais para o seu desenvolvimento, dando origem aos dendezais subespontâneos existentes atualmente nesta região (SAVIN, 1965; SANTOS, 2010).

2.1.2 Morfologia O dendezeiro é uma palmeira pertencente à classe das monocotiledôneas, ou seja, apresenta apenas um codilédone por semente (MORENO, 1984). Possui caule ereto, sem ramificações, denominado estipe, onde os feixes vasculares estão distribuídos em toda a secção, apresentando no ápice o meristema apical, estrutura responsável pelo crescimento da planta e formação da coroa de folhas (CONCEIÇÃO; MÜLLER, 2000; CORLEY; TINKER, 2003; FERRY; GOMEZ, 2013). É uma espécie monóica, a qual produz flores masculinas e femininas na mesma planta, mas alternadamente, ou seja, em ciclos sexuais. Como as inflorescências são emitidas em ciclos 4

sucessivos, e o período de maturidade sexual de uma inflorescência não se sobrepõe ao de outra, a reprodução ocorre por fecundação cruzada, o que define a espécie como alógama (HARTLEY, 1988; CORLEY; TINKER, 2003). A maturação do cacho ocorre cinco a seis meses após a fecundação das inflorescências femininas, quando o cacho de uma planta adulta tem forma ovoide e alcança 50 cm de comprimento e 35 cm de largura, com o peso podendo variar de três a 50 quilos, dependendo da idade e das condições ambientais, mas, em termos médios, varia de 10 a 30 kg. Um cacho contém, em média, 1.500 frutos, representando 60 % a 70 % do seu peso (CONCEIÇÃO; MULLER, 2000; MÜLLER; ANDRADE, 2010). O sistema radicular do dendezeiro é do tipo fasciculado, composto de raízes primárias, secundárias, terciárias e quaternárias. Em plantas adultas, milhares de raízes emergem do bulbo radicular, órgão volumoso hemisférico de 80 cm de diâmetro, que penetra cerca de 40 a 50 cm no solo, formado a partir de entrenós da base do estipe (HARTLEY, 1988). Porém, a principal característica do dendezeiro africano está associada com a espessura do endocarpo do fruto, com base no qual distingue três cultivares: a) Dura: endocarpo espesso (2 a 8 mm), 35 a 65 % de mesocarpo no fruto, sem anel de fibra no mesocarpo ao redor da amêndoa; b) Tenera: endocarpo fino (0,5 a 4 mm), 55 a 96 % mesocarpo no fruto e anel de fibra no mesocarpo ao redor da amêndoa, visível quando feito o corte transversal do fruto, e; c) Psífera: sem endocarpo e geralmente com esterilidade feminina (CORLEY; TINKER, 2003). As cultivares mais utilizadas nos plantios comerciais são do tipo Tenera, obtidos do cruzamento entre tipo Dura e Psífera (CUNHA et al., 2012; CAMILLO et al., 2014). O dendezeiro é uma cultura perene, com produção inicial após o terceiro ano do plantio, atingindo rendimento máximo na idade de 7 a 12 anos, mantendo-se produtiva por cerca de 25 anos (VEIGA; SMIT; FÚRIA, 2001).

2.2 Caiauezeiro O gênero Elaeis apresenta apenas duas espécies de importância agrícola: a de origem africana (E. guineensis) e o Caiaué (Elaeis oleifera (Kurth) Cortés), também conhecido como palma de óleo americana, que é uma palmeira endêmica da região tropical úmida da América Latina com populações espontâneas no Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Suriname e a Venezuela (MEUNIER, 1975; CORLEY; TINKER, 2003; CUNHA et al., 2012). Essa espécie apresenta o estipe ereto sem ramificações que atinge cerca de três a cinco metros de altura quando adulta, podendo permanecer formato por 10 a 15 anos. Após esse 5

período, adota hábito procumbente ou rasteiro, característica que a distingue do dendê (HARTLEY, 1988; MIRANDA et al., 2001). O caiaué tem chamado atenção dos pesquisadores e melhoristas devido ao seu baixo porte, que proporciona um menor custo operacional, principalmente com a retirada dos cachos, além de possuir um óleo mais insaturado e resistência a diversas pragas e doenças que atacam o dendezeiro. Mesmo com essas características vantajosas, seu plantio torna-se economicamente inviável, devido sua baixa produtividade de óleo quando comparado com a cultura do dendê (BARCELOS; SANTOS; VASCONCELLOS, 1986; RAMOS; VEIGA; JÚNIOR, 2006). Devido às características agronômicas superiores que E. oleifera exerce sobre E. guineensis, e a facilidade no cruzamento desta espécie com o dendezeiro para obtenção do híbrido interespecífico (HIE OxG) viável, esta é uma importante fonte de viabilidade genética para a dendeicultura (BARCELOS; CUNHA; NOUY, 2001).

2.3 Híbrido interespecífico (E. guineensis x E. oleifera) A Embrapa, na década de 1980, iniciou um programa de melhoramento genético visando o desenvolvimento de híbridos interespecíficos (HIE OxG), entre o dendezerio africano e o caiaué. Este híbrido mostrou ser altamente resistente ao amarelecimento fatal, limitador produtivo do dendezeiro, principalmente no estado do Pará (CUNHA et al., 2005; CUNHA; LOPES, 2010). O HIE geralmente apresenta característica intermediária aos dois progenitores, revelando, desta forma, a ação predominante aditiva dos genes e possibilidade de progresso com seleção. Dentre estas características, destacam-se a menor taxa de crescimento do tronco, o que aumenta o período de exploração econômica, o óleo com teor de ácidos graxos insaturados superior ao do dendezeiro, sendo mais fluido nas condições ambientais e apresentando-se mais apropriado ao consumo alimentar, além de aspectos relacionados à resistência/tolerância a doenças e pragas, às quais o dendezeiro é altamente suscetível (BARCELOS; SANTOS; VASCONCELLOS, 1986; RAMOS; VEIGA; JÚNIOR, 2006).

2.4 Coqueiro O coqueiro (Cocos nucifera L.) pertence à classe das Angiospermas, subclasse Monocotiledônea, de ordem Principes (Arecales), família Palmae, tribo Cocoidae, gênero Cocos (SIQUEIRA; ARAGÃO; TUPINAMBÁ, 2002). Esta espécie é originária das ilhas de clima tropical e subtropical do Oceano Pacífico, sendo o Sudeste Asiático a principal referência 6

de centro de origem e diversidade. O seu cultivo se estende à América Latina, Caribe e África tropical. Atualmente o coqueiro encontra-se em mais de 200 paíeses, predominando em grandes plantios entre os paralelos 23° N e 23° S (FOALE; HARRIES, 2009). A espécie C. nucifera é constitiuda das variedades: a) Anão: representado por tipos com frutos verdes, vermelhos e amarelos, tem autofecundação e frutos destinados ao consumo de água-de-coco, com inflorescência surgindo cerca de dois anos após o plantio e vida produtiva entre 30 a 40 anos; b) Gigante: também chamado de típico, com uma coloração que varia do verde ao amarronzado e frutos destinados à industrialização, com inflorescência surgindo entre seis a 10 anos depois do plantio e uma vida produtiva entre 60 a 70 anos, e o; c) híbrido: proveniente do cruzamento natural ou artificial entre gigante e anão, com características intermediárias (SIQUEIRA; ARAGÃO; TUPINAMBÁ, 2002; GARCIA et al., 2009). O estipe do coqueiro não apresenta ramificação, sendo que na variedade Gigante esta estrutura apresenta uma dilatação na base, o que não ocorre na variedade Anão. No ápice do estipe prende-se um tufo com aproximadamente 25 a 30 folhas, que protege a gema terminal, onde está situado o seu único ponto de crescimento (meristema apical), conhecido popularmente como “palmito”. Sabe-se, portanto, que o coqueiro morre caso o meristema apical, de algum modo, for atingido (PASSOS, 2002; ADKINS, 2005). No interior do estipe existe uma quantidade significativa de feixes vasculares responsáveis pela translocação de seivas (bruta e elaborada). Os feixes vasculares no centro do tronco são mais espaçados do que aqueles em direção à periferia. Como característica das monocotiledôneas, cada feixe vascular contém o xilema e o floema. Outra característica importante do estipe é o parênquima (tecido de preenchimento) localizado próximo ao xilema e ao floema que, mesmo estando velho, não tem o perímetro de sua espessura alterado. Às vezes, é comum dois feixes, por estarem tão próximos, unirem-se em um único pacote de feixes (MENON; PANDALAI, 1958; APPEZZATO-da-GLÓRIA; GUERREIRO, 2006; FERRY; GOMEZ, 2013). Na cultura do coqueiro incidem vários fitopatógenos que causam prejuízos significativos à sua exploração, tendo como principais doenças letais a Murcha de fitomonas (Phytomonas staheli McGhee & McGhee), a Podridão de Phytophthora (Phytophthora palmivora [E. J. Butler] E. J. Butler) e o Anel Vermelho (Bursaphelenchus cocophilus [Cobb] Baujard). Assim, diagnosticar com precisão as doenças do coqueiro torna-se condição indispensável para implementar medidas de controle efetivas (WARWICK et al., 2018).

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2.5 Principais doenças do dendezeiro O dendezeiro é suscetível a diferentes patógenos, os quais apresentam-se como principais entraves para expansão desta cultura, pois além de provocarem a morte das plantas, reduzem drasticamente a produção desta oleaginosa. No Brasil, o Anel Vermelho, a Murcha de Fitomonas, o Amarelecimento Fatal e a Fusariose ou Secamento Letal são as principais enfermidades desta cultura (BOARI, 2008; BRAZILIO, 2012). A Murcha de Fitomonas, doença causada pelo protozoário P. staheli, apresenta sintomatologia externa semelhante ao Anel Vermelho. A doença passa a ocorrer quando a planta entra em produção, sendo que os primeiros sintomas perceptíveis da doença são a queda parcial ou total de frutos imaturos, queda das flores da inflorescência e por fim quedas de frutos já maduros, sendo rara sua permanência na planta. Nas folhas basais, os folíolos terminais tornam-se amarelo pálido, seguido por um empardecimento rápido, evoluindo da extremidade para a base da folha. Os sintomas evoluem das folhas mais baixas para as mais altas, seguido de quebra da ráquis foliar e apodrecimento do meristema central. O estipe não entra em decomposição logo após a morte da planta (WARWICK, 2005). A Fusariose é causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. elaeidis Toovey e se caracteriza por um amarelecimento tênue e descoloração das folhas no centro da coroa, que progride das folhas mais velhas para as medianas como sintoma inicial, provocando o secamento da planta e, consequentemente, sua morte. Até o presente não existe nenhum tratamento curativo, entretanto, recomenda-se o uso de variedades resistentes ou tolerantes (FREIRE, 1988). O Amarelecimento Fatal é uma doença de etiologia desconhecida e se caracteriza pelo amarelecimento dos folíolos basais das folhas mais jovens, podendo chegar ao secamento total da planta. Um dos principais sintomas é a seca da folha flecha, cuja morte impede a produção de cachos. Embora possa ocorrer a remissão de folhas, a produtividade de cachos é muito baixa e a ocorrência da remissão temporária da planta é seguida do declínio generalizado e morte (RAMOS; VEIGA; JÚNIOR, 2006; BOARI, 2008). Nos estados da Bahia e do Pará, o Anel Vermelho é considerado a doença mais importante do dendezeiro (REZENDE et al., 1986; FREIRE, 1988; MOURA et al., 2013), a qual é descrita a seguir.

2.6 Anel Vermelho O Anel Vermelho foi constatado pela primeira vez no dendezerio em 1925, em plantas situadas no “Botanic Gardens”, em Trinidade e Tobago (GOODEY, 1933). A doença ocorre 8

em todos os países das Américas do Sul e Central, e na América do Norte (México), onde são cultivadas palmeiras: Trinidade e Tobago, Jamaica, Honduras, Cuba, Porto Rico, Granada, São Vicente, República Dominicana, Panamá, Nicarágua, Guatemala, Costa Rica, Honduras, Belize, El Salvador, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Colômbia, Equador, Peru e Brasil (WARWICK, 2005; BOARI et al., 2016). No Brasil, o Anel Vermelho predomina nos estados do Norte e Nordeste, devido ao destaque destas regiões nos cultivos do coqueiro e dendezeiro, sendo a Bahia e o Pará os estados com maiores concentrações de plantações comerciais da palma de óleo. Também foi na Bahia que ocorreram as principais perdas com esta enfermidade, onde estima-se que aproximadamente 5.500 hectares de dendezeiros tenham sido dizimados pelo Anel Vermelho em plantações nos municípios de Cachoeira e Nazaré, e entre os municípios de Cachoeira e Canavieiras, no período de 1989 a 2000 (MOURA, 2017). Os sintomas externos do Anel Vermelho em dendezeiro são variados e, às vezes, confundidos com outra doença. Em campo, o quadro de sintomas pode variar com a idade, a cultivar e o local de infecção. Inicialmente, podem aparecer folhas centrais compactas (tufo) e subdesenvolvidas, nas quais inicia-se um amarelecimento que progride para as folhas intermediárias e inferiores. Nas folhas mais velhas, ocorre o amarelecimento, bronzeamento e secamento ascendente, que, com o avanço da infecção, tais folhas ficam dependuradas e presas ao estipe. A partir daí, a planta exibe quadro de declínio mais acentuado, levando à morte (ARAÚJO, 1990; BOARI et al., 2016; FERRAZ; BROWN, 2016; MOURA, 2017). A denominação “anel vermelho” é decorrente do caráter anatômico representado pela presença de um anel no interior do estipe. Essa coloração deve-se a distúrbios metabólicos produzidos pela atividade do nematoide que eleva o teor de gás carbônico no interior dos tecidos e, como consequência, altera os complexos enzimáticos do hospedeiro, culminando no acúmulo de glicosídeos, dando origem aos pigmentos antociânicos. A depender do hospedeiro essa coloração pode variar, como é o caso dendezeiro, que apresenta coloração marrom (TIHOHOD, 2000; FREIRE, 1988; MOURA, 2017). O agente causal desta doença é o nematoide Bursaphelenchus cocophilus (Cobb) Baujard (=Rhadinaphelenchus cocophilus (Cobb) Goodey), que pertence à família Aphelenchoididae e à subfamília Bursaphelenchinae, associado a plantas da família Arecaceae. Além do dendezeiro, esse patógeno parasita outras palmáceas, como coqueiro (Cocos nucifera L.) tamareira (Phoenix dactylifera L.) e palmeira imperial (Roystonea regia [Kunth] O. F. Cook) (MOURA et al., 2006; IDE et al., 2017). 9

Dentre as mais de 40 espécies de Bursaphelenchus, sendo a maioria micófaga (KAMCHEW et al. 1988), apenas B. cocophilus e B. xylophilus (Steiner & Buhrer) Nickle causam impacto econômico, embora esta última ainda não assinalada no Brasil (HUNT, 1993; FERRAZ; BROWN, 2016). Kamchew et al. (1988) estabeleceram uma nova espécie associada a pinheiros na Província de Huhan, na China, o B. hunanensis. O B. cocophilus é um endoparasita migrador biotrófico das palmeiras, podendo ser encontrado em qualquer estádio de seu ciclo biológico no interior da planta. O seu ciclo passa pelo estádio de ovo e quatro estádios juvenis, sendo necessário entre nove e dez dias para completá-lo. O terceiro estádio juvenil é o infectivo ao hospedeiro (BLAIR, 1965; TIHOHOD, 2000; MOURA, 2017). A penetração do patógeno ocorre de forma direta ou por diferentes tipos de ferimentos no hospedeiro. Uma vez no interior dos tecidos da planta, o nematoide se alimenta ingerindo o conteúdo líquido das células vegetais, por meio de seu estilete, semelhante a uma agulha hipodérmica, e seu movimento ocorre inter e intracelularmente. Os danos causados pelos nematoides nos vasos xilemáticos induzem o aparecimento de tiloses, que é o crescimento irregular das células do parênquima para dentro do xilema, causando uma oclusão vascular, irreversível em monocotiledôneas, uma vez que não existem tecidos de câmbio para reparar, levando a planta à morte após alguns meses (BLAIR; DARLING, 1968; GIBLIN-DAVIS, 2001; GRIFFITH et al., 2005). A dispersão deste patógeno está associada a insetos da família Curculionidae, conhecidos como brocas, a exemplo de Rhynchophorus palmarum L., que o adquire interna e externamente ao seu corpo durante a alimentação em plantas infectadas, e o transporta para plantas sadias (MOURA et al., 2006). Estes vetores são atraídos por meio dos voláteis químicos liberados pelas plantas. Isso ocorre quando o hospedeiro apresenta ferimentos ou outro tipo de estresse. Uma vez localizada a planta, o inseto desce para a base axilar da palmeira e, ao encontrar as partes mais tenras do meristema, inicia a alimentação e oviposição (MOURA, 2017). Segundo Cobb (1919) e Mariano e Silveira (2005), 90 % dos adultos de R. palmarum transportam o nematoide em suas peças bucais e pernas. Griffith (1971) relatou que as fêmeas deste besouro emergem das pupas, nos casulos, transportando centenas de espécimes vivos do nematoide, presentes na região do seu ovipositor. Quando estes besouros migram das plantas infectadas para plantas sadias, atuam como vetores do nematoide, ampliando a distribuição da doença. Segundo Cysne et al. (2013), o ciclo de vida do R. palmarum em plantas da família 10

Arecaceae variam de 132 a 215 dias, onde o período larval varia de 45 a 70 dias, com 9 a 10 ínstares, período pupal de 25 a 45 dias e longevidade do adulto de 60 a 95 dias. A dispersão pode ainda ocorrer por contato direto entre raízes de uma planta infectada com outra sadia e em solo, quando as condições de umidade são boas, principalmente quando a área é pouco drenada (ARAÚJO, 1990; TIHOHOD, 2000). No entanto, importante salientar que palmeiras muito jovens, com idade inferior a dois anos, não desenvolvem a doença, mesmo quando inoculadas ainda no viveiro. Ressalta-se que, mesmo as mudas sendo plantadas em áreas infestadas pelo Anel Vermelho, as plantas jovens não apresentam a doença, o que mostra que as mudas não são contaminadas naturalmente (WARWICK; BEZERRA, 1992; GIBLIN- DAVIS, 2001). A sobrevivência de B. cocophilus varia conforme o local que ele esteja colonizando. Bierhals et al. (2018), ao estudarem a persistência de B. cocophilus nas raízes e rizosfera de coqueiros (Cocos nucifera L.) recém erradicados, observaram que este sobreviveu por até 133 dias nas raízes e até 88 dias no solo. Tal período de sobrevivência pode ser suficiente para que haja dispersão da doença dentro da área ou para áreas vizinhas, pois poucos indivíduos de B. cocophilus são suficientes para o completo estabelecimento da doença (GRIFFITH, 1968; SILVA et al., 2016). Um dos principais problemas do Anel Vermelho está relacionado com a rápida e correta diagnose da doença, pois quando os primeiros sintomas externos são visualizados, o dano à planta é irreversível, matando-a em alguns meses. Desta forma, as medidas preventivas de controle apresentam-se como alternativa eficaz no manejo desta enfermidade (GRIFFITH et al., 2005; FERRAZ; BROWN, 2016; MOURA, 2017).

2.7 Medidas preventivas de controle do Anel Vermelho A prevenção apresenta-se como medida de manejo a ser utilizada no controle do B. cocophilus, agente causal do Anel Vermelho em dendezeiro, evitando que haja a dispersão deste patógeno de uma planta infectada para outra sadia. Entretanto, uma vez constatada a doença, os dendezeiros com sintomas iniciais e ou avançados devem ser erradicados. Para isto, as plantas doentes devem ser cortadas rente ao solo e a parte restante do tronco e as raízes cobertas com terra, para evitar liberação de voláteis atrativos ao R. palmarum. Após a derrubada das plantas, estas deverão ser transportadas imediatamente para uma área isolada, onde serão queimadas ou abertas longitudinalmente com auxílio de um motosserra, e as partes internas pulverizadas com inseticida, com objetivo de eliminar os besouros vetores. Por fim, todos os implementos 11

agrícolas utilizados neste processo deverão ser descontaminados (GRIFFITH et al., 2005; FERRAZ et al., 2010; BOARI et al., 2016; MOURA, 2017). Outra medida importante é a captura massal do inseto vetor em locais onde ele seja abundante, utilizando armadilhas com atraentes químicos constituídos por iscas alimentares à base de toletes de cana-de-açúcar mais o feromônio sintético rincoforol. Este método baseia-se em capturar a maior quantidade possível do inseto adulto, reduzindo a população do R. palmarum e consequentemente a doença. Normalmente utiliza-se uma armadilha por hectare, na coleta massal. Até o momento, não se conhece medida curativa eficaz para o dendezeiro infectado com Anel Vermelho (BOARI et al., 2016; MOURA, 2017).

2.8 Endoterapia

2.8.1 História e aplicação da endoterapia no controle de pragas em dicotiledôneas O conceito sobre endoterapia, bem como a utilização na agricultura, tiveram início no Século XII. Os primeiros registros do uso da injeção em árvores, com o objetivo de melhorar as propriedades de flores e frutos, foram discutidos por Ibn al-Awwam em 1864 no livro “Le livre de l'agriculture (Kitab-al-Felahah)”, no qual o autor cita o trabalho realizado por Hadj de Granade, que em 1158 descreve métodos de injeção em árvore para transmitir aromas, sabores e qualidades aos frutos maduros (ROACH, 1938). Leonardo da Vinci, no Século XV, também utilizou esta técnica, aplicando uma dose de arsênio através de furos realizados com uma broca em troncos de macieiras (Malus domestica Borkh), obtendo resultados de translocação, comprovando a liberação de compostos venenosos do tronco para os frutos (ROACH, 1938; WILSON, 1979; PERRY et al., 1991). A endoterapia, como medida de controle de pragas e doenças, foi adotada no Século XVII. O primeiro relato do uso da injeção em árvore, com a finalidade de controlar inseto, foi feito em 1602 por um autor anônimo na revista “The Orchard and Garden”, em Londres. Posteriormente, Shezyrez, em 1894, utilizou esta técnica em videira (Vitis spp.), injetando sulfato de cobre, provavelmente para controlar o oomiceto Plasmopara viticola [Berk. & Curt] Berl. & de Toni, agente etiológico do Míldio da Videira. Em 1903, Mokrzecki injetou ácido salicílico a 1 % no tronco de macieira e pereira (Pyrus communis L.), ambas com gomose, obtendo resultados relevantes na cura desta doença (RUMBOLD, 1920a; RUMBOLD, 1920b; ROACH, 1934; 1938). De acordo com Gaffney et al. (1993), o estudo realizado por Mokrzecki, em 1903, também foi o primeiro registro do uso do ácido salicílico como medida protetiva 12

contra doença. Atualmente, sabe-se que este composto pode atuar como ativador de resistência em plantas. Como em qualquer ideia inovadora, a aplicação de defensivos agrícolas através da endoterapia apresentou resistência por parte de alguns pesquisadores nos Séculos XIX e XX, principalmente por não existirem embasamentos científicos suficientes que comprovassem a eficiência desta técnica, além de haver limitações sobre informações referentes às principais propriedades dos compostos químicos injetados, bem como o efeito que estes produtos exerceriam sobre a fisiologia e anatomia das plantas (PINKAS et al., 1973; SHABI; PINKAS; SOLEL, 1974; CAMPANA et al., 1979; NAIR, 1979; NAIR; MARAMOROSCH; RAYCHAUDHURI, 1981; PERRY et al., 1991; DUQIANG, 2001; TAKAI; SUZUKI; KAWAZU, 2003; DOCCOLA et al., 2012; DOCCOLA; WILD, 2012). Outro fator que gerou discussão no meio científico foi a preocupação com as consequências das lesões causadas com a introdução da furadeira. O fato é que as plantas não cicatrizam ou regeneram os tecidos lesionados. Nas dicotiledôneas, o processo de cicatrização é chamado de compartimentação, que consiste na proteção das células periféricas através de barreiras chamadas de calo. Nas árvores, o câmbio e o felogênio são compostos por células meristemáticas com paredes finas e não apresentam muita resistência aos organismos invasores. A formação dos feixes vasculares ocorre a cada ano. Desta forma, os ferimentos em árvores podem danificar o xilema presente nos anéis do alburno. O floema apresenta a mesma fragilidade, sendo que este se encontra numa posição mais externa na árvore (APPEZZATO-da-GLÓRIA; GUERREIRO, 2006; FERRY; GOMEZ, 2013). A partir do Século XX, com o avanço dos estudos na área da botânica, agricultura e silvicultura, assim como o desenvolvimento de novos defensivos agrícolas sistêmicos, surgiram novas pesquisas voltadas ao controle endoterápico em plantas. No entanto, pouco ainda se sabia sobre o processo de translocação dos compostos químicos injetados, bem como a movimentação da água e seiva pelos vasos condutores. Desta forma, no final do Século XIX e início do Século XX, surgiram algumas teorias para explicar este processo de movimentação da água na planta, sendo que a mais aceita pela comunidade científica foi a teoria da coesão e tensão, proposta por Dixon-Joly e Askenasy (1894, 1895, 1924, 1914) (ZIMMERMANN, 1963; TYREE, 1997, TAIZ; ZEIGER, 2004). Em estudos posteriores, utilizando-se injeção à base de corantes, descobriram-se padrões variáveis do fluxo de seiva nos tecidos xilemáticos (KOZLOWSKI; WINGET, 1963). Desta forma, embora o movimento da seiva bruta no caule ocorresse geralmente para cima (subida setorial direta), dependendo da espécie, existe uma variação na trajetória do movimento 13

da água, a qual poderia seguir dois padrões básicos: subida em espiral ou vertical. Assim, os produtos químicos sistêmicos movimentam-se na planta conforme caminho trilhado pela seiva. Também pode-se observar que o sistema vascular, a depender do espécime de árvore, varia em tamanho e distribuição, fator este que interfere na movimentação da seiva nos feixes vasculares. As angiospermas, por apresentarem vasos largos e grandes, possuem alta taxa de fluxo de água, diferente das gimnospermas, que dependem do diâmetro dos traqueídes para translocação dos minerais absorvidos pelas raízes (RUDINSKY; VITÉ, 1959; KRAMER; PALLARDY; KOZLOWSKI, 1996; APPEZZATO-da-GLÓRIA; GUERREIRO, 2006; ZANNE et al., 2006). Com os avanços dos estudos no âmbito da fisiologia e anatomia vegetal, as pesquisas com a endoterapia passaram a ter como foco principal o controle de patógenos e insetos colonizadores dos tecidos internos da planta, bem como aqueles causadores de danos da parte aérea em árvores de grande porte, uma vez que a pulverização terrestre com defensivos é praticamente inviável, podendo não atingir a praga alvo. Os métodos endoterápicos conhecidos como injeção sistêmica ou xilemática podem ser divididos ao fornecer ou não uma pressão externa ao sistema de aplicação dos defensivos, diferenciando a injeção do tronco aos métodos de infusão, respectivamente (GIBBS; DICKINSON, 1975; KIELBASO, 1979; JONES; ROSENBERGER, 1979; MCINTYRE et al., 1979; MCCOY; DONSELMAN, 1979; LONG; MILLER; DAVIS, 1989; COOLEY; TATTAR; SCHIEFFER, 1992; FERNANDEZ- ESCOBAR et al., 1999; CREGG et al., 2005; MCCULLOUGH et al., 2006; DOCCOLA et al., 2007; 2008; 2012; MOTA-SANCHEZ et al., 2009; SMITLEY; AHMED; ABDELBAGI; ELSHAFIE, 2010; DOCCOLA; COX, 2010; PLOETZ et al., 2011). A partir dos conhecimentos adquiridos sobre o funcionamento das plantas, juntamente com a necessidade de buscar alternativas para o controle tradicional (pulverização) de pragas e doenças, pesquisas com endoterapia foram conduzidas visando erradicar ou minimizar os danos causados por insetos e, ou patógenos na agricultura (YANG; XIA, 2010). Desta forma, Harries (1965), utilizando injeção de triclorfon e metil demeton no tronco de pereira e cerejeira (Amburana acreana [Ducke] A. C. Sm.), obteve resultados relevantes no controle do ácaro rajado (Tetranychus urticae Koch). Em semelhante experimento, controlou o ácaro prateado (Aculus cornutus Banks) em pessegueiro (Prunus persica [L.] Batsch) com aplicação de cicloheximida. Este mesmo autor teve êxito no controle de pulgões da macieira (Aphis pomi DeGeer e Eriosoma lanigerum Hausm.) e do pessegueiro (Myzus persicae Sulzer), ambos controlados com injeção de dimetoato, juntamente com soluções aquosas de outros compostos. Cooley, Tattar e Schieffer (1992), utilizando microinjeção com o antibiótico oxitetraciclina, controloaram por até um ano a doença do pessegueiro causada por micoplasma, patógeno 14

colonizador do sistema vascular de plantas. Aćimović et al. (2015), injetando o mesmo antibiótico, controlaram a queima bacteriana (Erwinia amylovora Burril) em plantios de macieira nos Estados Unidos. No estado americano do Nebraska foi utilizada injeção de abamectina a 2 % do i.a. para controlar o besouro Pyrrhalta luteola Muller (Coleoptera: Chrysomelidae), importante praga do olmo siberiano (Ulmus pumila L.), tendo ação preventiva contra as larvas deste inseto por 83 dias após o tratamento (HARRELL; PIERCE, 1994). Jansson e Rabatin (1998), ao injetarem 1 mL de abamectina em bananeiras (Musa spp.), controlaram dois importantes fitonematoides desta cultura: Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood e Radopholus similis (Cobb) Thorne. Gill et al. (1999) fizeram uso do imidacloprido e abamectina, via injeção, para controlar o percevejo Corythucha cydoniae (Fitch) em plantios de espinheiro verde (Crataegus viridis L.) no estado americano de Maryland. Fernandez-Escobar et al. (1999), ao injetarem fosfonato de potássio em plantas de Azinheira (Quercus ilex L.) e sobreiro (Quercus suber L.), utilizando o método de baixa pressão com injeção em tronco por sistema de capsula pressurizada, obtiveram uma melhora significativa no crescimento vegetativo destas espécies, além de demostrarem resultados satisfatórios na cura da doença denominada declínio do carvalho. McMahon et al. (2010), aplicando fosfonato de potássio (16 g do i.a.) através de injeção no tronco em cacaueiro (Theobroma cacao L.), diminuíram efetivamente a infestação de Phytophthora palmivora (E. J. Butler) E. J. Butler pelo período de 30 meses em plantações na Indonésia, tornando-se um importante método de controle para os pequenos produtores. Em Michigan, Estados Unidos, McCullough et al. (2006) controlaram em até 82 % as larvas do besouro verde (Agrilus planipennis Fairmaire) em plantações de Freixo (Fraxinus sp.), injetando dinotefuran no sistema vascular de plantas infectadas com este inseto. No leste do Texas, Grosman e Upton (2006) reduziram significativamente a infestação de dois importantes insetos do pinheiro (Pinus taeda L.), o besouro da casca (Coleoptera: Curculionidae: Scolytinae) e o serra pau (Coleoptera: Cerambycidae), injetando benzoato de emamectina e fipronil, respectivamente. Grosman et al. (2002) também controlaram em até 97 % a broca do broto do pinus (Dioryctria spp., : Phycitidae) durante dois anos, aplicando, via injeção, benzoato de emamectina. Grosman, Eskalen e Brownie (2019), injetando o mesmo inseticida juntamente com o fungicida sistêmico propiconazol, controlaram duas das importantes pragas do plátano-da-califórnia (Platanus racemosa Nutt.), o coleóptera Euwallacea nr. fornicatus (Coleoptera: Curculionidae: Scolytinae) e Fusarium spp. no sul da Califórnia. Neste trabalho, os autores enfatizam a relação simbiótica entre esses dois 15

organismos, no qual a aplicação conjunta do inseticida com o fungicida torna-se a medida de controle eficaz a ser tomada. Düker e Kubiak (2011), buscando controlar o fungo Erysiphe necator Schwein. (=Uncinula necator (Schwein.) Burrill), agente etiológico do Míldio da Videira (Vitis vinifera L.), utilizaram injeções, via xilema, com diferentes triazóis: miclobutanil, penconazole e tebuconazole. Segundo os autores, os resultados obtidos com este estudo demonstraram uma eficiência superior a 60 % no controle deste patógeno, enfatizando a importância deste método de controle para esta cultura. Na Austrália, injeção de imidacloprido a 20 % foi utilizada no combate ao percevejo Thaumastocoris peregrinus Carpintero e Dellapé (Hemiptera: Thaumastocoridae) sobre plantio de eucalipto (Eucalyptus spp.) em áreas urbanas (NOACK, 2009). Também o percevejo Corythucha ciliata Say (Hemiptera: Tingidae), praga do Platanus occidentalis L., é efetivamente controlado com injeção de imidacloprido. Nos Estados Unidos, o pulgão Adelges tsugae Annand (Hemiptera: Adelgidae), importante praga do abeto (Tsuga spp.) tem sido controlado com injeção de imidacloprido 5 e 10 % (DOCCOLA et al., 2003; DOCCOLA et al., 2007). Luaces et al. (2018) comprovaram que injeções de imidacloprido podem ser tão eficazes quanto pulverizações de clorpirifós para o controle da cochonilha branca do tronco do citrus (Unaspis citri Comstock), na Argentina. Wise et al. (2014) fizeram uso do imidacloprido e benzoato de emamectina, via endoterapia, para controlar a cigarrinha Empoasca fabae Harris (Hemiptera: Cicadellidae) e a lagarta da mariposa oriental Phyllonorycter blancardella Fabricius (Lepidoptera: Gracillariidae), importantes pragas da macieira nos Estados Unidos. Os inseticidas foram aplicados por injeção no tronco e atuaram de forma significativa sobre essas duas pragas. Segundo os autores, o longo período que o resíduo de ambos os defensivos permaneceu no interior da planta, permitiu o controle de outras pragas vinculadas à M. domestica. No Havaí, foram utilizadas injeções de imidacloprido e benzoato de emamectina no controle de duas importantes pragas do Ficus microcarpa L. (Rosales: Moraceae), as vespas Josephiella microcarpae Beardsley & Rasplus e a Josephiella sp. (Hymenoptera: Chalcidoidea), protegendo esta planta por até dezoito meses após a aplicação dos defensivos (BHANDARI; CHENG, 2016). Na América do Norte e em alguns países da Ásia e Europa, também tem sido utilizada a endoterapia para controlar uma importante praga florestal, o nematoide Bursaphelenchus xylophilus, patógeno endoparasita migrador, causador da murcha em pinheiros (Pinus sylvestris). Takai, Suzuki e Kawazu (2003) relataram que, após injetar uma formulação líquida de benzoato de emamectina em pinheiro, esta protegeu a planta contra o ataque do nematoide 16

por três anos. James, Tisserat e Todd (2006), usando o inseticida/nematicida abamectina, observaram haver uma eficiência de 96 % no controle deste nematoide no pinus, no estado de Kansas, Estados Unidos, após três anos expostos a epidemias naturais, indicando que as injeções preventivas com abamectina em pinheiro são eficazes no combate ao B. xylophilus. Recentemente, o uso de injeções (endoterapia) no controle de doenças de plantas tem sido feito em países da América do Norte, Europa e Oceania. Nos estados Americanos da Pensilvânia, Massachusetts e Connecticut, o uso da injeção no tronco de árvores encontra-se em expansão, com pouco ou nenhum efeito na madeira, e com boa aceitação social. Esse recurso, juntamente com a rentabilidade potencial comercial da técnica, sugere que as injeções no tronco passaram a ser consideradas como um tratamento alternativo para as árvores infestadas ou ameaçadas por pragas e doenças (DAHLSTEN et al., 2003; RIBERIO, 2010; AĆIMOVIĆ et al. 2016).

2.8.2 Estudos de aplicação endoterápica em palmáceas As palmeiras possuem características morfológicas e fisiológicas peculiares que as diferenciam de outras espécies de árvores, sendo de suma importância estes conhecimentos para que haja a correta utilização da endoterapia como medida de controle de pragas (TAIZ; ZEIGER, 2004; APPEZZATO-da-GLÓRIA; GUERREIRO, 2006; MOURA, 2017). A expansão do método endoterápico, em palmeira, se deu com o surgimento dos primeiros defensivos agrícolas sistêmicos na década de 1970. Porém, como havia ocorrido em dicotiledôneas, houve a preocupação, por parte dos pesquisadores, com as consequências das lesões causadas com a introdução da furadeira. Assim como as árvores não regeneram seus tecidos lesionados, nas palmeiras não são formados calos e nem reconstituição dos tecidos. Assim, forma-se uma barreira estreita de vedação, isolando a área saudável da área danificada. Esta vedação apresenta-se como a melhor forma de prevenir a penetração de microrganismos, assegurando e protegendo essas áreas lesionadas. Nas palmáceas, quando os tecidos celulares são danificados, ocorre o surgimento de necrose e ressecamento da ferida junto às células vizinhas, além da produção de fenóis através de células do parênquima e, às vezes, de suberina e tiloses, produzindo a impermeabilização da zona de vasos por gomas. Desta forma, lesões profundas e extensas que poderiam ser letais em dicotiledôneas não têm consequências graves para as monocotiledôneas, pois não impedem a continuação do crescimento da planta, desde que o meristema apical não seja danificado. Em suma, as palmeiras não selam as feridas, porém, quando comparadas às árvores dicotiledôneas, são mais resistentes. Com isso, a eficiência e os custos com esta técnica passam a ser as principais preocupações. O método endoterápico em 17

palmeiras deve ser aplicado o mais baixo possível no estipe (via injeção ou infusão), para maximizar a distribuição do produto na planta, permitindo que o defensivo transloque acropetalmente pelo xilema e basipetalmente pelo floema (GLÓRIA; GUERREIRO, 2006; FERRY; GOMEZ, 2013). De acordo com Ferry e Gomez (2013), a utilização da endoterapia apresenta-se como método preventivo e curativo eficaz para o controle de pragas, além dos autores enfatizarem que, após anos de estudos com injeção em tronco de palmeiras, não houve relatos de danos causados às plantas devido a esta técnica de controle. Por mais de trinta anos, os tratamentos com injeção foram utilizados com sucesso contra pragas e doenças em plantações na Ásia, América Latina e África. Para as palmeiras, essa técnica tem sido empregada com grande eficiência contra várias pragas, incluindo Rhynchophorus ferrugineus Olivier (Coleoptera: Curculionidae) em plantações de dendezeiro e coqueiro. Há que se acrescentar que esse coleóptero apresenta maior parte do ciclo de vida no interior do estipe das palmeiras, no estádio de larva, como biotrófico, o qual seria ineficaz o controle convencional por pulverização (FERRY; GOMEZ, 2013). Testes realizados na Tunísia e na Itália, no período de 2015 a 2018, mostraram que o benzoato de amamectina, aplicado via injeção, teve efeito preventivo e curativo sobre o R. ferrugineus em Phoenix canariensis Chabaud, protegendo esta palmeira da infestação desta praga por até nove meses. Na Espanha, estudos com tiametoxam 25 %, via endoterapia, mostraram que este pode apresentar eficiência superior a 90 % no controle deste coleóptero, sendo indicada sua aplicação duas vezes ao ano na palmeira citada. Na Arábia Saudita, a aplicação do benzoato de amamectina via injeção no tronco de Phoenix dactylifera L. (Arecales: Arecaceae), atacada pelo R. ferrugineus, foi adotada como principal método de controle curativo, protegendo a palmeira também por até nove meses após a aplicação do produto (ESTÉVEZ; FERRY; GÓMEZ, 2011; ALI-BOB, 2019; CHIHAOUI-MERIDJA et al., 2019). Al-fadhal e Sharif (2013) obtiveram eficiência superior a 90 % no controle do fungo Mauginiella scaettae Cavara, injetando 1,7 mL de difenoconazole, diluído em 50 mL de água, em plantações de P. dactylifera infectadas no Iraque. Na Malásia, estudos endoterápicos foram conduzidos visando o controle de uma importante praga do dendezeiro, Metisa plana Walker (Lepdoptera: Psychidae). Wood, Liau e Dan Knecht (1974) aplicando, por infusão, o inseticida sistêmico monocrotofós (6 g i.a./planta), reduziram em 94 % a população de larvas de M. plana em estipes de dendezeiros infectados. Salim et al. (2015) erradicaram a população deste inseto com apenas uma aplicação de dois inseticidas sistêmicos, o metamidofós e o monocrotofós, via injeção em tronco, em plantas infectadas na Malásia. Idris, Arifurrahmam e Kushairi (2010) controlaram outro importante 18

patógeno associado ao dendezeiro no sudeste da Ásia, o Ganoderma sp., utilizando injeções de Ciproconazole e a mistura do carboxin/quintozene, com eficiência no controle deste fungo de 97 e 91 %, respectivamente. No norte de Sumatra, Indonésia, pesquisas também conduzidas com o monocrotofós, injetado via estipe de dendezeiro, apresentaram resultados relevantes no controle de duas espécies de lagarta desfolhadora (Setora nitens Walker e Setothosea asigna Van Eecke, Lepidoptera: Limacodidae), sem que houvessem danos aos tecidos das plantas após cinco anos de observações (HUTAURUK; SIPAYUNG, 1978). No Brasil, alguns trabalhos com controle endoterápico foram realizados, principalmente para a cultura do coqueiro. Santos et al. (2018) reduziram efetivamente a população do ácaro vermelho (Raoiella indica Hirst (Acari: Tenuipalpidae)) injetando 15 mL do inseticida/acaricida abamectina em estipes de plantas colonizadas por esta praga. No sul da Bahia, Moura et al. (2019) conduziram experimento para avaliar a eficiência do fungicida Ciproconazole, via injeção no tronco, em coqueiros infectados pelos fungos da Lixa Pequena (Camarotella torrendiella [Bat.] J.L. Bezerra & Vitória), Lixa Grande (Coccostromopsis palmicola [Speg.] K.D. Hyde & P.F. Cannon) e Queima das Folhas (Botryosphaeria cocogena Subileau, Renard & Lacoste). Neste estudo, os autores proporcionaram aumento médio de mais de 20 % no número de folhas funcionais, o que refletiu em ganho de aproximadamente 60 % na produtividade das plantas tratadas com o fungicida, quando comparada às não tratadas. Desta forma, devido às experiências exitosas no controle de pragas e doenças em diversas culturas com o uso da endoterapia, este método torna-se uma valiosa tática a ser seguida, principalmente por pequenos produtores, pois, de forma relativamente simples, podem veicular defensivos de última geração a um custo operacional e ambiental baixo, comparativamente às pulverizações convencionais (MOURA, 2017).

2.8.3 Técnicas de aplicações e vantagens do controle endoterápico em plantas Um composto, quando injetado no tronco de uma árvore, pode ser translocado para a copa de forma passiva e ativa. A passiva depende da pressão negativa gerada pela velocidade ascendente do fluxo de seiva no xilema da árvore, ou seja, movido pela taxa de transpiração. Assim, quando feito um orifício no tronco de uma árvore e nele colocada certa quantidade de defensivo, este primeiro precisa ser aspirado para depois ascender para a copa juntamente com água mais soluto no xilema. Essa técnica é chamada de infusão. Já na translocação ativa, o defensivo é injetado diretamente nos tecidos vasculares através de uma pressão externa. Porém, a velocidade da subida para o dossel da arvore também é dependente da taxa de transpiração (FERRY; GOMEZ, 2013; MOURA, 2017). 19

Um fator a ser destacado, com a utilização da endoterapia via tronco, é a quantidade de furos a ser feita para aplicação do defensivo. Em dicotiledôneas, podem ser necessárias dezenas de pontos para que haja distribuição uniforme do produto no interior da planta. Já em monocotiledôneas, a depender do diâmetro do estipe, quatro pontos de injeção ou infusão são suficientes. Esse número reduzido de injeções em palmeiras é possível devido aos feixes vasculares apresentarem uma organização peculiar, que formam espirais no estipe e estão ligados aos feixes vasculares do sistema central em grande número de pontos, proporcionando a completa distribuição do defensivo na planta (TOMLINSON, 1990; FERRY; GOMEZ, 2013; MOURA, 2017). Comparado com o método convencional (pulverização), o uso da injeção e infusão tem as seguintes vantagens: i) possibilita sua aplicação em palmeiras, que pela altura, localização ou difícil acesso, dificulta a realização dos tratamentos convencionais; ii) o tratamento não se limita às mudanças sazonais; iii) podem se utilizar níveis mais altos do ingrediente ativo disponível; iv) o risco de desenvolvimento de resistência ao inseticida é baixo em comparação a outros métodos de controle; v) método de aplicação é simples e de baixo custo; vi) diminui a poluição ambiental, podendo ser utilizado tanto em áreas rurais como urbanas; vii) proporciona maior persistência do produto no interior da árvore, ampliando o período de eficácia dos tratamentos; viii) injeção com inseticida não deixa resíduos a ponto de contaminar águas subterrâneas, a exemplo de pulverizações foliares e solo; ix) não há perigo de lixiviação em períodos de elevada precipitação e; x) inseticidas aplicados via injeção não eliminam minhocas e outros invertebrados do solo, a exemplo das pulverizações convencionais (RIBERIO, 2010; MOURA, 2017).

2.8.4 Tipos de infusão 2.8.4.1 Via raiz Também conhecido como método “mamadeira” (ou absorção radicular), é muito pouco usual. É utilizado em alguns países da América Latina e Ásia no controle de pragas e doenças em dendezeiros e pimenta-do-reino (Piper nigrum L.). No Brasil, o primeiro registro de utilização da “mamadeira” foi em coqueiros para controlar Lincus lobuliger Bred. (Hemiptera: Pentatomidae). Nesse estudo, Moura e Resende (1995) fizeram uso de mococrotofós via raiz. Essa técnica consiste na veiculação de um defensivo através da raiz sem que haja contato do produto como o solo. Para tanto, o defensivo é colocado dentro de um pequeno saco plástico e nele inserida uma raiz (MOURA, 2017). Na Colômbia, diferentes grupos de inseticidas foram veiculados via absorção radicular com objetivo de determinar a eficiência sobre Leptopharsa 20

gibbicarina Froeschner (Hemiptera, Tingidae) em dendezeiros (MARTÍNEZ; RUEDA, 2013). Na Ásia, fosfanato de potássio foi veiculado via infusão/raiz em pimenta-do-reino visando o controle de Phytophthora e sua eficiência comparada aos métodos de controle convencionais (WONG, 2004).

2.8.4.2 Via tronco Trata-se de um método relativamente simples, que consiste em furar o estipe da palmeira com auxílio de uma furadeira e, em seguida, injetar o composto desejado (MOURA et al., 2019). Entretanto, às vezes esse método mostra-se infrutífero em virtude do composto injetado ficar estacionado e, ou escorrer para fora do estipe devido ao déficit pressão de vapor, ou seja, o composto injetado só será aspirado pela planta caso a temperatura esteja alta e a pressão atmosférica baixa. Portanto, esse é um aspecto que sempre deverá ser considerado na infusão das palmeiras, notadamente coqueiros e dendezeiros (FERRY; GOMEZ, 2013). Na infusão de um defensivo para o interior de uma árvore, pode ser imprescindível o uso de uma máquina de furar para colocação do composto no buraco ou outro dispositivo que auxilie melhor a distribuição do defensivo (FERRY; GOMEZ, 2013). Nos Estados Unidos a infusão, via implante, é usual no controle de pragas urbanas. Trata-se de um invólucro revestido com gelatina misturada ao inseticida que fica dentro de um dispositivo plástico cilíndrico. O artefato é introduzido em um buraco feito na região do alburno com auxílio de uma furadeira e um martelo. A água, translocada pela seiva ascendente, penetra através das aberturas laterais do artefato dissolvendo a gelatina e consequentemente o inseticida em seu interior, que é translocado com a seiva para a copa da árvore (TREECAREPRODUCTS, 2020). De maneira geral, o inseticida mais usual é o Orthene®, que tem alta solubilidade em água e baixo Kof. A vantagem desse método é o baixo preço do equipamento e operação rápida, pois os cartuchos são vendidos prontos para serem introduzidos. Outro aspecto favorável desta técnica é não haver vandalismo, a exemplo de seringas de pressão que ficam expostas. Porém, tem como desvantagem os tamanhos dos buracos no tronco que variam entre 6 e 9 mm e, para o produto ascender, depende da taxa de transpiração da planta. Entretanto, o método de infusão baseado no princípio de Venturi, comumente chamado de “Bite” (MONTECCHIO, 2013), permite que o composto seja aspirado e translocado no momento de sua introdução no tronco, dispensando o uso de furadeira. Outro aspecto favorável desse método é a rápida cicatrização do ferimento no tronco. Trata-se de uma lâmina biconvexa e oca que, ao ser introduzida no tronco, separa as fibras dos vasos xilemáticos com mínima fricção. Os vasos, ao ficarem comprimidos pela convexidade da lâmina, diminuem a pressão da 21

seiva, mas, em contrapartida, aumenta a velocidade desta. Deste modo, um recipiente (seringa, por exemplo) com líquido, quando conectado sobre a extremidade da lâmina, permitirá que este seja aspirado com maior velocidade, quando comparado à infusão tradicional. A vantagem da lâmina lenticiolar é a rápida cicatrização comparativamente aos furos feitos com brocas, pois as fibras lenhosas revertem para sua forma anterior, permitindo ao câmbio produzir tecidos meristemáticos em poucos dias. Porém, a exemplo de qualquer tipo de infusão, o sucesso dessa técnica também depende da taxa de transpiração.

2.8.5 Injeção A endoterapia ativa se dá através de injeção e, a depender da pressão do dispositivo, as condições climáticas podem não ter tanta influência, ou seja, o composto é injetado diretamente para o interior dos vasos independente da taxa de transpiração. De acordo com a pressão, a endoterapia pode ser por: micropressão, baixa pressão, alta pressão e ar comprimido. Dispositivos de micropressão consistem em um balão cheio de ar (mesmo princípio da bexiga de soprar) conectado a um tubo no qual o composto é colocado. Primeiramente, introduz-se um duto no interior do estipe ou tronco através do orifício previamente feito com uma furadeira, despejando-se, após, a quantidade do composto desejado dentro do dispositivo. A força de tensão produzida pela pressão do balão empurra o composto (FERRY; GOMEZ, 2013; AĆIMOVIĆ et al., 2019). Injeções com seringas com mola helicoidal ou com pressão exercida manualmente também são muito usuais (CHEMJET, 2020; TREETECH, 2020). A pressão exercida por estes modelos de seringas é suficiente para introduzir o defensivo nos vasos xilemáticos e, a depender da taxa de transpiração da árvore, pode levar entre 20 e 30 minutos para que todo o composto seja injetado. São consideradas seringas de baixa pressão. No entanto, é preciso que o tronco seja furado antes para as seringas serem enroscadas. Na alta pressão, são usados aparelhos onde a seringa fica conectada a um vaso pressurizado (ARBORJET, 2020). Possuem adaptações para serem injetados também em coníferas e palmeiras. O tempo decorrido para o composto ser injetado nos vasos condutores é de 1 a 3 minutos. Em razão disso, o rendimento é muito alto comparativamente às seringas de baixa pressão. Tem o inconveniente de lesionar os vasos do xilema caso a pressão não seja corrigida. Nesse sistema também é preciso furar o tronco com furadeira. Após o furo, coloca- se no orifício um septo de silicone (tipo válvula) que impede o refluxo do composto e permite a infusionalidade do composto para as interfaces dos anéis do alburno. Outra vantagem do septo é a proteção do buraco contra a entrada de microrganismo. 22

Por último, tem-se a injeção através de ar comprimido. Esse sistema é inovador, pois dispensa a máquina de furar e baseia-se em quantidades mínimas do defensivo no xilema. Acoplado ao aparelho, existe um manômetro que faz a leitura da pressão interna do xilema, permitindo, assim, equilibrar a pressão da injeção para evitar danos mecânicos à planta. O composto é injetado no interior da árvore através de uma agulha de diâmetro milimétrico (HELICONIA, 2014).

2.8.6 Propriedades que interferem na translocação de defensivos no tecido vascular de plantas Os defensivos sistêmicos são solúveis e biocompatíveis com a planta, além de apresentarem alta mobilidade no interior dos vasos condutores, tornando-se eficazes no controle da praga alvo. A translocação ascendente dos defensivos depende das propriedades físico- químicas que administram o comportamento destes produtos químicos, assim como são dependentes também do volume de seiva das árvores, principalmente do fluxo do xilema, que é determinado pela taxa de transpiração (CHANEY, 1978; AAJOUD et al. 2006; DOUCETTE et al., 2010). Duas propriedades são essenciais para compreender como as moléculas dos defensivos translocam na planta: a) o coeficiente de partição octanol/água, expresso em valores de log Kow, o qual avalia a hidrofobicidade dos defensivos, ou seja, indica a habilidade de um composto não se diluir em água ou a tendência em se diluir em um solvente orgânico. Quanto menor for o valor do coeficiente (log Kow), o composto é considerado polar e tende a ser translocado, via xilema, a partes mais distantes da planta (SICBALDI et al., 1997; DOUCETTE et al., 2010).

Inseticidas sistêmicos como imidaclopride (log Kow = 0,51) e dinotefurano (log Kow = -0,549) são solúveis em água, portanto, móveis no xilema (SUR; STORK, 2003). Nas macieiras, por exemplo, o imidaclopride é distribuído de maneira rápida e uniforme, quando aplicado via injeção no tronco (AĆIMOVIĆ et al., 2014); b) coeficiente de dissociação ácida (pKa) é o potencial de dissociação de um defensivo ácido, em meio líquido, em relação ao pH do meio. Esta variável descreve o quanto o ácido é forte ou fraco. Quanto maiores os valores do pKa dos compostos químicos, estes serão considerados ácidos mais fracos (SCHWARZENBACH; GSCHWEND; IMBODEN, 1993). O floema apresenta um pH ligeiramente básico (aproximadamente 8), enquanto o xilema possui pH mais ácido (aproximadamente 5). Esta diferença de pH entre floema e xilema interfere na translocação do defensivo na planta, onde produtos químicos com ácidos mais fortes (baixo pKa) tendem a movimentar-se via floema, enquanto os ácidos fracos apresentam baixa afinidade entre ambos os tecidos vegetais (SUR; STORK, 2003). 23

No xilema, são translocadas substâncias predominantes hidrofílicas, as quais são conduzidas das raízes para a parte aérea, sendo movimentadas através do fluxo de água e sais minerais. A afinidade de qualquer substância é evidenciada por sua solubilidade no meio aquoso, diferença da pressão hidrostática e direção do menor potencial de água a partir da sucção do parênquima foliar, ocasionado pela transpiração, podendo acontecer a translocação de defensivo via xilema. Defensivos polares, translocados pelo xilema por transpiração, são favorecidos pela alta temperatura, irradiação solar, baixa umidade e potencial de água no solo, estabelecendo um gradiente de concentração entre a parte externa da raiz e a parte interna da planta (OLIVEIRA JÚNIOR; CONSTANTIN; INOUE, 2011) Por outro lado, no floema, é de suma importância para a condução de muitos defensivos o predomínio de substâncias de caráter lipofílico, sendo que a movimentação destes produtos por esta via dependerá da afinidade química por um dos sistemas de transporte. Devido a isso, no floema, o processo de distribuição em um sistema bifásico líquido-líquido é estimado pelo

Kow. O pKa, a partir de um determinado pH, indicará a dissociação do defensivo, assim como os ácidos fracos. Desta forma, a depender do pKa do grupo ionizável, existirá um equilíbrio entre a forma ionizada (mais solúvel em água) e a forma protonada (mais lipossolúvel) em cada lado da membrana. No exterior das células, predomina a parte aquosa, que tem um pH mais baixo que no lado interno, onde a forma protonada é mais abundante. Esta diferença de pH é criada pela ação da bomba de íons de H+/ATPase (EGGEN et al., 2013). Pode-se observar, na Figura 1, a relação entre o coeficiente de dissociação ácida (pKa) e o coeficiente de partição octan-1-ol/água (Kow), juntamente com a mobilidade do floema e xilema.

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Figura 1 – Relação entre o coeficiente de dissociação ácida (pKa), coeficiente de partição octan- 1-ol/água (Kow) e a mobilidade do floema e xilema. Fontes adaptadas: Bromilow et al. (1990) e Collins et al. (2006).

Os defensivos não ionizados possuem um log Kow> 4 e apresentam ótima absorção pelas raízes. Assim, as propriedades físico-químicas dos defensivos representam fator relevante na translocação de produtos associados à absorção, à lipofilicidade e à força de dissociação do ácido. Os defensivos que apresentam maior facilidade de penetração na membrana celular são constituídos de compostos não ionizáveis, com log Kow entre 0 e 3, os quais se movem principalmente pelo xilema. Por outro lado, os defensivos com maior capacidade de translocar pelo floema são, geralmente, os ácidos fracos que se movem via xilema (SICBALDI, et al., 1997; FENNER et al., 2013).

Levando em conta a polaridade (log Kow) e a ionização (pKa) dos defensivos, o equilíbrio entre a translocação pelo floema e xilema determina o padrão de distribuição destes produtos químicos no sistema vascular. As variações específicas da translocação destes compostos químicos podem ser atribuídas às diferentes espécies e, ou variedades de plantas do mesmo jeito aos fatores relacionados às diferenças no metabolismo, na anatomia e na fisiologia da planta, além das propriedades físico-químicas dos defensivos. Devido a isso, os padrões de translocação variam de acordo com o método e local de aplicação do defensivo na planta (OLIVEIRA JÚNIOR; CONSTANTIN; INOUE, 2011).

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2.8.7 Análise de resíduos de defensivos presentes na parte aérea de plantas O estudo de análise de resíduo é complementar à aplicação de defensivos por injeção ou infusão em planta, pois possibilita determinar se o produto químico estará presente em níveis tóxicos em folhas, flores ou frutos, podendo interferir de forma negativa na população de insetos polinizadores, saúde humana e danos ao meio ambiente. Caso isso ocorra, inviabilizá a utilização da endoterapia como medida de controle de pragas (MOURA, 2017). Desta forma, pesquisas com técnicas cromatrográficas foram desenvolvidas para avaliar a presença dos resíduos de defensivos em plantas. VanWoerkom et al. (2014), conduzindo experimento com injeções de benzoato de emamectina em troncos de macieira em Michigan (EUA), mostraram que resíduos do inseticida encontrados nos frutos de maçã foram de 0,0004 ppm. Neste mesmo estudo não foram detectados resíduos em flores. De acordo com a agência de Defesa Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), a tolerância estabelecida para o resíduo do benzoato de emamectina é de 0,02 ppm. Byrne et al. (2014) controlaram o tripes Scirtothrips perseae Nakahara (Thysanoptera: Thripidae), uma importante praga do abacateiro (Persea americana Mill.), aplicando injeções de imidaclopride. Análises cromatográficas posteriores monstraram que não houve resíduos nos frutos de abacates, o qual tem tolerância estipulada de 0,05 ppm. Al-Samarrie e Akela (2011), estudando a distribuição do produto químico lambda- em tamareira, demonstraram que estes inseticidas translocaram-se para a parte aérea da planta, onde encontraram resíduos em folhas de 0,019 ppm, mas também não foram encontrados resíduos em frutos. De acordo Smitley, Doccola e Cox (2010) e Mccullough et al. (2011), alguns inseticidas, incluindo benzoato de emamectina, podem persistir na planta por vários anos, tornando-se de extrema relevância para o controle de pragas e doenças de plantas.

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3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Estudar, de forma aprofundada, a permanência, sobrevivência, distribuição e disseminação do Bursaphelenchus cocophilus no ambiente raiz/solo/dendezeiro e coqueiro, visando ações inerentes ao seu controle.

3.2 ESPECÍFICOS

3.2.1 Avaliar a eficiência de diferentes concentrações da abamectina no controle endoterápico, preventivo e curativo, do Anel Vermelho em dendezeiro e coqueiro. 3.2.2 Disseminar, artificialmente, o B. cocophilus via raiz, solo e estipe de dendezeiros, para a avaliação da taxa de mortalidade destas palmeiras, quando infectados por estas vias. 3.2.3 Avaliar a possibilidade de disseminação do nematoide por implemento agrícola quando da despalma do dendezeiro. 3.2.4 Determinar o tempo de sobrevivência do B. cocophilus em estipe de dendezeiro com o Anel Vermelho após o corte da planta. 3.2.5 Avaliar se o herbicida MSMA tem ação sobre o nematoide ao mesmo tempo em que elimina o dendezeiro com Anel Vermelho. 3.2.6 Avaliar se o híbrido interespecífico (HIE) apresenta resistência à infecção por B. cocophilus.

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4 CAPÍTULO I ENDOTERAPIA COMO ALTERNATIVA NO CONTROLE DO ANEL VERMELHO EM DENDEZEIRO E COQUEIRO NO SUL DA BAHIA

RESUMO O Bursaphelenchus cocophilus, agente etiológico do Anel Vermelho, é considerado um dos principais patógenos da dendeicultura e cocoicultura baiana, causando danos irreversíveis a estas palmeiras, matando-as em poucos meses. Os objetivos deste trabalho foram: i) avaliar a eficácia do controle endoterápico com a abamectina para prevenção e cura do Anel Vermelho em dendezeiro e coqueiro, ii) observar o efeito deletério deste inseticida/nematicida sobre os polinizadores Elaeidobius kamerunicus e E. subvittatus, e; iii) analisar o índice residual da abamectina presente no mesocarpo dos frutos de dendê em plantas tratadas com abamectina. Os experimentos foram conduzidos em dendezeiros e coqueiros sadios existentes no Banco de Germoplasma da Estação Experimental Lemos Maia (Esmai), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), localizada no Município de Una, BA. As análises residuais da abamectina em frutos foram conduzidas no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os testes in vitro com a abamectina mostraram que 100 % dos nematoides foram mortos após três horas de exposição à baixa concentração deste defensivo (0,0072 g i.a). O controle preventivo com a utilização de abamectina (Abamex®) sobre o Anel Vermelho em dendezeiro foi avaliado em três diferentes concentrações: 10, 20 e 40 mL do p.c./planta (0.18, 0.36 e 0.72 g i.a do produto, respectivamente), aplicados diretamente no interior do estipe, por endoterapia (infusão). Para avaliar o efeito curativo da abamectina em dendezeiros infectados com B. cocophilus, a dosagem do inseticida/nematicida foi ajustada para 40 mL do p.c./planta, e injetados no interior do estipe em três momentos distintos: 5, 10 e 15 dias após a inoculação do nematoide. Em coqueiro, o controle preventivo com o defensivo, foi avaliado nas concentrações de 10, 20 e 30 mL do p.c./plnata, sendo vinculado via injeção através das seringas ChemJet®. Em ambos os experimentos, os dendezeiros e coqueiros foram infectados artificialmente com concentração de 20.000 indivíduos de B. cocophilus. Para determinar se a abamectina tinha efeito deletério sobre os besouros polinizadores do dendezeiro, foram injetados 40 mL desse defensivo por planta na sua forma concentrada. Frutos oriundos de plantas tratadas com o defensivo foram analisados para verificar a presença de resíduo. Os sintomas externos do Anel Vermelho em dendezeiros foram avaliados após seis meses da aplicação dos tratamentos. Em coqueiro, esta avaliação ocorreu após doze meses. Os resultados encontrados com injeção de abamectina no controle preventivo e curativo do Anel Vermelho em dendezeiros mostraram eficiência de 85 % e 90 %. Em coqueiros, a eficiência do defensivo na prevenção da doença foi de 90 % e 95 % nas dosagens de 20 e 30 mL do produto, respectivamente. Embora a emergência de E. kamerunicus e E. subvittatus das inflorescências masculinas de dendezeiros tratados e não tratados com abamectina não tenha sido significativo, percebeu-se diferença numérica dos indivíduos em plantas não tratadas. Análises em cromatografia não revelaram resíduo de abamectina no mesocarpo dos frutos de dendê.

Palavras-chave: Bursaphelenchus cocophilus. Elaeis guineensis. Cocos nucifera. Abamectina. Controle endoterápico. 40

ENDOTHERAPY AS AN ALTERNATIVE IN RED RING CONTROL IN DENDEZEIRO IN SOUTH BAHIA

ABSTRACT

Bursaphelenchus cocophilus, the etiological agent of the Red Ring disease, is considered the main pathogen in Bahia's oil palm, causing irreversible damage to this palm, killing it in a few months. Thus, the objectives of this work were: i) to evaluate the effectiveness of endotherapeutic control with abamectin to prevent and cure the Red Ring disease on oil palm tree; ii) to observe the harmful effect of this insecticide / nematicide on pollinators Elaeidobius kamerunicus and E. subvittatus, and; iii) to analyze the residual index of abamectin present in the mesocarp of palm fruits in plants treated with abamectin. The experiments were carried out on healthy oil palm trees existing in the Germplasm Bank of the Experimental Station Lemos Maia (Esmai), of the Plano Executivo da Lavoura Cacaueira (Ceplac), located in the municipality of Una, BA. Residual analyzes of abamectin in fruits were conducted at the Chemistry Institute of the Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). In vitro tests with abamectin showed that 100 % of the nematodes were killed after three hours of exposure to the low concentration of this pesticide (0.0072 g a.i.). The preventive control with the use of abamectin (Abamex®) on the Red Ring disease on oil palm was evaluated in three different concentrations: 10, 20 and 40 mL of the cp / plant (0.18, 0.36 and 0.72 g ai of the product, respectively), applied directly inside the stipe, by endotherapy (infusion). To assess the curative effect of abamectin in oil palm infected with B. cocophilus, the dosage of the insecticide / nematicide was adjusted to 40 mL of the pc / plant, and injected into the interior at three different times: 5, 10 and 15 days after inoculation of the nematode. In both experiments, oil palm trees were artificially infected with a concentration of 20,000 specimens of B. cocophilus. To determine whether abamectin had a deleterious effect on oil palm pollinating beetles, 40 mL of this pesticide was injected per plant in its concentrated form. Fruits from plants treated with the pesticide were analyzed to check for the presence of residue. The external symptoms of the Red Ring were evaluated six months after the application of treatments in both experiments. The results found with abamectin injection in the preventive and curative control of the Red Ring in oil palm trees showed efficiency of 85 % and 90 %, respectively. Although the emergence of E. kamerunicus and E. subvittatus from the male inflorescences of oil palm trees treated and not treated with abamectin did not showed significant differences, there is a numerical difference in untreated plants. Chromatographic analyzes did not reveal abamectin residue in the mesocarp of palm fruits.

Key words: Abamectina. Bursaphelenchus cocophilus. Controle endoterápico. Elaeis guineensis.

4.1 INTRODUÇÃO

O dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) e o coqueiro (Cocos nucifera L.) são suscetíveis a diversas pragas e doenças, as quais variam de importância entre regiões, podendo destacar os insetos Rhynchophorus palmarum L. e o Rhinostomus barbirostris Fabricius e os patógenos Phytomonas staheli McGhee e McGhee e o Bursaphelenchus cocophilus (Cobb) Baujard, que colonizam diferentes partes da planta, interferindo negativamente na produtividade destas 41

culturas (FLOOD, 2006; MACIEL et al., 2015; ASSIS COSTA et al., 2018; NASCIMENTO et al., 2018; MARTÍNEZ et al., 2019). Para a dendeicultura baiana, o principal problema fitossanitário está associado ao nematoide B. cocophilus, agente etiológico da doença denominada Anel vermelho, cuja disseminação depende de seus vetores biológicos, a exemplo do R. palmarum, e das ferramentas utilizadas pelo homem no manejo desta cultura, para colonizar novas palmeiras sadias (MOURA et al., 2006; FERRAZ; BROWN, 2016; MOURA, 2017). Na cocoicultura, o Anel vermelho causa sérios danos à produção desta palmeira em todo o país (WARWICK et al., 2018). No estágio inicial do Anel Vermelho, os sintomas externos são caracterizados pela cor amarelo-ouro das folhas basais, iniciando na ponta e avançando em direção à ráquis, tornando- se necrosadas e quebrando-se na base. No estágio mais avançado, a copa apresenta-se com um aspecto amarelo-ouro, com exceção de um tufo central de folhas verdes, as quais se dobram, secam e a planta morre (FERREIRA; WARWICH; SIQUEIRA, 1998). O principal problema com esta enfermidade está relacionado com a rápida e correta diagnose, pois uma vez estabelecida a doença o dano ao dendezeiro e ao coqueiro é irreversível, matando-os em poucos meses. Desta forma, há a necessidade de estabelecer medidas preventivas e curativas de controle mais eficazes, uma vez que as recomendações no controle desta doença baseiam-se na erradicação de plantas doentes e, ou na coleta massal do inseto vetor, através de armadilhas constituídas com iscas alimentares (toletes de cana-de-açúcar) mais o feromônio sintético rincoforol (GRIFFITH et al., 2005; FERRAZ; BROWN, 2016; MOURA, 2017). Destaca-se que em plantios comerciais de dendezeiro e coqueiro com altura superior a 10 metros, a pulverização terrestre com defensivos visando o controle de pragas e doenças, a exemplo do Anel Vermelho, é dificultada devido ao princípio ativo do produto não atingir satisfatoriamente a praga alvo, visto que B. cocophilus é um patógeno que coloniza os tecidos internos da planta (FERRY; GOMEZ, 2013; MOURA, 2017). Desta forma, a endoterapia surge como alternativa viável para o controle de pragas de plantas com porte elevado, sendo considerada uma tática fitofarmacêutica que consiste na injeção ou infusão de um defensivo no tronco de uma árvore ou palmeira, que é translocado através dos tecidos vasculares com objetivo de alcançar partes mais altas do dossel, onde pulverizações convencionais não atingiriam. É considerado um método ambientalmente seguro, em virtude da não exposição de organismos não alvos, solo, água, ar, vida selvagem e não sofre ação direta de fatores climáticos, como chuva e radiação solar (AĆIMOVIĆ et al., 2019). Há 42

que se acrescentar, ainda, que na endoterapia podem ser veiculados agentes de controle biológico como fungos, bactérias e indutores de resistência (AĆIMOVIĆ et al., 2015; BAHADOU et al., 2017). Diversos ensaios com injeções e infusões em palmeiras para controlar pragas e doenças foram conduzidos (FERRY; SOUZA, 2013). Dentre os mais recentes, destaca-se sua utilização para o controle de Rhynchophorus ferrugineus L. (Coleoptera: Curculionidae), a praga mais invasiva e destrutiva das palmeiras no mundo. Embora originária da Ásia, sua distribuição é registrada na África, Oriente Médio, bacia do Mediterrâneo, Maraconésia e Caribe (DEMBILIO et al., 2014). Por ser difícil identificar o início do ataque na região da coroa foliar, pulverizações preventivas e frequentes são necessárias e têm se mostrado eficientes no controle de adultos desses curculionídeos que ali chegam para colonizar (ALDOSARY et al., 2016). Por sua vez, tratando-se de palmeiras urbanas de uso paisagístico, como é o caso das palmeiras-das- canárias (Phoenix canariensis Hort. ex Chabaud), o controle de R. ferrugineus, via pulverizações, tem efeito adverso em espécies não alvos, seres humanos e o meio ambiente. Em razão deste fato, Chihaoui-Meridja et al. (2019) avaliaram defensivos injetados diretamente no sistema vascular das palmeiras, pois, de acordo com esses autores, tal técnica permite o influxo em todas as partes da planta, tornando o defensivo inócuo ao homem e a organismos não alvos. Para sua execução, usaram imidacloprido (200 g/L do i.a.), thiamethoxam (25 % thiamethoxam) e benzoato de emamectina (50 g/L do i.a.), sendo estes injetados em quatro orifícios de 35 cm de profundidade e 20 mm de diâmetro feitos na base do estipe e distribuídos conforme os pontos cardeais. Os resultados encontrados por esses autores revelaram que o imidacloprido teve baixa eficiência, enquanto o thiamethoxam, causou mortalidade de 55,7 % em adultos do R. ferrugineus, 97,3 % em pupas e 96,6 % em larvas. No entanto, esses autores relataram que o thiamethoxam teve ação preventiva e não curativa. Por sua vez, benzoato de emamectina teve eficiência próxima de 100 % na mortalidade de adultos, pupas e larvas, tanto no âmbito preventivo como curativo, e que os resíduos de benzoato de emamectina nos tecidos das palmeiras permaneceram ativos por até 5 meses, com concentração de 1.87 mg/kg. O tratamento endoterápico, via injeção com os defensivos, tem sido utilizado com êxito em países da Ásia, América Latina, Europa e África no controle de pragas. De igual modo, a dendeicultura e cocoicultura precisam ser inovadas, buscando novas formas de controle que permitam conviver com o Anel Vermelho em níveis subeconômicos. Assim, pesquisas com endoterapia devem ser conduzidas no Brasil para o patossistema B. cocophilus x E. guineenses e C. nucifera , especialmente no estado da Bahia, onde essas culturas têm elevada importância econômica-social (TAKAI; SUZUKI; KAWAZU, 2003; JAMES; TISSERAT; TODD, 2006; 43

ESTÉVEZ; FERRY; GÓMEZ, 2011; FERRY; GOMEZ, 2013; BOARI et al., 2016; MOURA, 2017; ALI-BOB, 2019; CHIHAOUI-MERIDJA et al., 2019). A análise de resíduo do produto é uma ação complementar à endoterapia. Deste modo, cultivos de uso alimentar devem ser analisados, para que possa ser estabelecido o tempo de carência. Mesmo em cultivos de uso não alimentar, como árvores e palmeiras ornamentais, os resíduos no pólen e néctar destas plantas devem ser analisados (BYRNE et al., 2014; VANWOERKOM et al., 2014). Assim, os objetivos deste estudo foram: i) determinar se “injeções” com abamectina apresentam efeito preventivo e, ou curativo sobre o Anel Vermelho em dendezeiros e coqueiros. ii) avaliar se há ação deletéria da abamectina sobre os polinizadores Elaeidobius kamerunicus e E. subvittatus; iii) analisar o índice de resíduo presente em frutos de dendezeiros tratados com injeções de abamectina.

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

4.2.1 Área de estudo Este estudo foi conduzido em um dendezal e coqueiral pertencente ao banco de germoplasma da Estação Experimental Lemos Maia (Esmai), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), localizada no Município de Una, BA (15º17'S, 39°4'W). O clima da região caracteriza-se como quente e úmido, sem estação seca definida (tipo Af), conforme Classificação de Köppen.

4.2.2 Obtenção da suspenção de Bursaphelenchus cocophilus

Espécimes de B. cocophilus foram obtidos de coqueiros da variedade Anão Verde com sintomas externos e internos de Anel Vermelho em um coqueiral situado no distrito de Pedras, município de Una, Bahia (15°27'S, 39°03'W). Com auxílio de motosserra, pedaços do estipe foram cortados e levados para o laboratório da Esmai (Figura 1). O processamento do material iniciou-se uma hora após o corte. De cada amostra do estipe foram retirados fragmentos de aproximadamente 2 cm2, totalizando 300 g por amostra (Figura 2AB), que ficaram imersos em 1 L de água por 24 horas. Após, os fragmentos foram retirados restando apenas suspensão de nematoides, conforme método descrito por Oliveira e Wilcken (2016) (Figura 2C). Com uma lâmina de Peters sob um microscópico estereoscópico no aumento de 20 vezes, foi estimado o 44

número de nematoides de cada amostra. A concentração foi ajustada para 20.000 nematoides/100 mL de água (Figura 2D).

Figura 1 – Coqueiral da variedade Anão Verde. (A) Coqueiro com sintomas externos do Anel Vermelho. (B) Corte do estipe para extração do Bursaphelenchus cocophilus. (C) Sintoma interno do Anel Vermelho.

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Figura 2 – Obtenção da suspensão do Bursaphelenchus cocophilus a partir de um coqueiro com Anel Vermelho. (A) Fragmentação do estipe. (B) Pesagem das amostras do estipe. (C) Extração do nematoide do estipe infectado. (D) Obtenção da concentração do nematoide.

4.2.3 Avaliação do efeito nematicida da Abamectina in vitro Suspensão de B. cocophilus, obtida de fragmentos do estipe de coqueiro em estágio avançado do Anel Vermelho, foi ajustada para 1.000 nematoides/mL, contendo todos os estágios de vida do patógeno. Quatro mL da suspensão de nematoide (aproximadamente 4.000 nematoides) foram pipetados em placas de Petri, às quais foram adicionados diferentes volumes do inseticida/nematicida (18 g/L i.a do Abamex®): 10, 20, 40, 80, 100, 200 e 400 μl (Figura 3A). As análises foram feitas após 24, 48, 72, 96 e 120 horas, em temperatura ambiente (± 26 °C) (Figura 3BC). O número aproximado de indivíduos vivos em cada amostra foi calculado através da lâmina de Peters sob um microscópico estereoscópico no aumento de 20 vezes (Figura 3D). Na testemunha não houve adição de abamectina, conforme adaptação da metodologia de Oliveira e Wilcken (2016). Foram feitas quatro repetições para cada concentração. As diferentes dosagens da abamectina foram submetidas ao teste de regressão a 5 % de probabilidade. Em seguida, foi realizado o cálculo do DL50 (dose necessária para matar 50 % do patógeno) pela metodologia de interpolação dos dados.

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Figura 3 – Avaliação do efeito nematicida da abamectina sobre o Bursaphelenchus cocophilus. (A) Aplicação de diferentes volumes da abamectina em quatro mL da suspensão de nematoide. (B) Avaliação do efeito nematicida da abamectina sobre o nematoide em diferentes tempos. (C) Termômetro para avaliação da temperatura ambiente. (D) Contagem de indivíduos vivos.

4.2.4 Injeção com abamectina na prevenção do Anel vermelho em dendezeiro Para avaliar o efeito preventivo da abamectina sobre B. cocophilus, foram selecionados, aleatoriamente, dendezeiros sadios da variedade Tenera com cerca de 20 metros de altura, 140 centímetros de circunferência de estipe (d = 44,6 cm) e 35 anos de idade. Em cada palmeira, foram feitos três furos no estipe com inclinação de aproximadamente 45° em relação ao solo (um furo para aplicação da abamectina e dois furos para inoculação da suspensão do nematoide) de aproximadamente 30 cm de profundidade, 16 mm de diâmetro e a 90 cm de altura do solo, utilizando uma furadeira acoplada a uma motosserra, sendo estes vedados com uma rolha de madeira para evitar a entrada de contaminantes (Figura 4AD). O tratamento endoterápico foi feito em novembro de 2017 com “injeções” de abamectina no estipe em três diferentes concentrações: 10, 20 e 40 mL p.c./planta, correspondendo a 0.18, 0.36 e 0.72 g i.a do produto, respectivamente (Figura 4B). Para cada dosagem do defensivo, utilizaram-se 20 plantas e igual número no controle (sem abamectina, mas inoculadas com nematoides), sendo a testemunha positiva. Outros 20 dendezeiros foram injetados apenas com 100 mL de água destilada, sendo a testemunha negativa. À exceção das plantas que compuseram a testemunha negativa, as demais foram inoculadas com suspensão de 47

20.000 nematoides (50 mL da suspensão por furo) após cinco dias da aplicação da abamectina (Figura 4C). Desse modo, um total de 100 dendezeiros foram analisados. Durante o experimento, foram feitas quatro observações para avaliar o aparecimento de sintomas externos nas seguintes datas do ano de 2018: 12/03; 11/05; 12/06 e 17/07. Para a observação dos sintomas internos, os estipes foram cortados na data da última avaliação, procurando-se visualizar o anel interno na parte basal. Fez-se a contagem de indivíduos de B. cocophilus em cada unidade experimental, mediante extração de fragmentos do estipe, conforme descrito acima.

Figura 4 – Controle endoterápico para a prevenção do Anel Vermelho. (A) Furo no estipe utilizando uma furadeira acoplada a um motosserra. (B) Aplicação de 10, 20 e 40 mL da abamectina. (C) Inoculação da suspensão contendo 20.000 indivíduos de Bursaphelenchus cocophilus. (D) Vedação dos furos com auxílio de uma rolha de madeira para evitar a entrada de contaminantes.

4.2.5 Eficiência no controle curativo do Anel Vermelho com injeção de abamectina A eficiência da abamectina no controle curativo do Anel Vermelho foi estudada em dendezeiros da variedade Tenera com altura aproximada de 15 metros, 160 centímetros de circunferência de estipe (d = 50,9 cm) e 20 anos de idade. Para condução deste experimento, foram selecionadas, aleatoriamente, 100 palmeiras em junho de 2018. Após, foram feitos dois furos com inclinação de aproximadamente 45° em relação ao solo de aproximadamente 30 cm de profundidade e 16 mm de diâmetro, a 90 cm de altura do solo. Foram utilizadas 80 plantas, 48

sendo estas previamente inoculadas com a suspensão de 20.000 espécimes de B. cocophilus (50 mL por furo). As “injeções” com abamectina ocorreram em três momentos distintos: 5, 10 e 15 dias após a inoculação do nematoide. Para cada momento foram utilizadas 20 plantas, dentre as 80 previamente inoculadas com o patógeno, nas quais foi feito um furo por estipe e injetados 40 mL de abamectina. As testemunhas positivas (sem o tratamento com o defensivo) e negativas (apenas com aplicação de 100 mL de água destilada) foram compostas por 20 dendezeiros. Os sintomas externos do Anel Vermelho foram avaliados em dezembro de 2018, seis meses após o início do experimento. Nesta mesma data, os dendezeiros foram cortados a uma altura aproximada de 60 cm do solo, observando a parte basal do estipe para verificar a existência do anel interno. Em seguida, pedaços dos estipes foram cortados e levados para o laboratório para extração e contagem de indivíduos vivos de B. cocophilus, conforme metodologia de Oliveira e Wilcken (2016).

4.2.6 Injeções com abamectina seguida da inoculação do Bursaphelenchus cocophilus no estipe de coqueiros A eficácia das injeções com abamectina na prevenção do Anel Vermelho em coqueiro foi estudada em um coqueiral da variedade gigante com cerca de 20 metros de altura e 90 cm de circunferência de estipe (d = 28,6 cm). As injeções com o defensivo tiveram início em novembro de 2017, utilizando a seringa ChemJet Tree Injector® (Chemjet Trading Pty Ltd., Bongaree, Queensland, Austrália). A ChemJet® tem capacidade de 20 mL, possui uma mola helicoidal em seu interior e um embolo preso na extremidade da mola. Na parte externa, a seringa é constituída de um bico em forma de rosca com diâmetro de 4,4 mm. Para aspirar a quantidade desejada do composto para o interior da seringa, a mola foi puxada até o fim e girada no sentido anti-horário para ser travada. Ao obter-se a quantidade desejada do defensivo no interior da seringa, ela foi enroscada em um orifício feito previamente com máquina de furar no estipe da palmeira, e a seguir, foi destravada para que o defensivo fosse injetado via pressão, com a mola pressionando o embolo vagarosamente. O tempo gasto na penetração do defensivo para o interior da planta pode variar de alguns minutos a horas, pois vai depender da espécie de planta e condições climáticas. Conforme Aćimović (2014), a pressão exercida pela mola pode variar entre 20-40 psi. Para efetuar o furo no estipe dos coqueiros, foi utilizada uma máquina dewalt de 20 volts, movida à bateria, com broca de 4,7 mm. Os orifícios foram feitos a uma profundidade de 2,5 cm, com inclinação de 45º e a uma altura de 90 cm em relação ao solo (Figura 5A). A 49

abamectina (produto comercial Abamex®;18 g/L do i.a) foi usada nas concentrações de 10, 20 e 30 mL do produto concentrado (0,18, 0,36 e 0,54 g. i.a, respectivamente) por coqueiro, com 20 coqueiros escolhidos ao acaso para cada tratamento. Em virtude da seringa só ter capacidade para 20 mL e haver necessidade de se aplicar 30 mL de abamectina, as injeções foram conduzidas em duas etapas, utilizando-se o mesmo furo (Figura 5B). As plantas controle foram compostas de 20 coqueiros sem o tratamento com a abamectina, mas inoculadas com o nematoide (testemunha positiva), sendo que igual número de palmeiras só receberam injeções com água destilada (testemunha negativa) perfazendo um total de 100 coqueiros. Para determinar se “injeções” de abamectina previniam a infecção por B. cocophilus, três dias após a aplicação do produto foram inoculados nematoides nos coqueiros através de um orifício feito no estipe 20 cm abaixo dos pontos das injeções. A exceção das plantas que compuseram a testemunha negativa, as demais receberam uma suspensão de 20.000 nematoides (Figura 5CD). Para extração e obtenção da suspensão de nematoides, foi utilizada a metodologia descrita no Capítulo 1. A observação dos sintomas externos do Anel Vermelho em coqueiro foi estabelecida de acordo com os resultados obtidos por James, Tisserat e Todd (2006) para a murcha do pinheiro (Pinus sylvestris L.), causada pelo nematoide Bursaphelenchus xylophilus (Steiner & Buhrer) Nickle, estipulando o período de doze meses para observar o efeito preventivo da abamectina sobre o B. cocophilus. Após observação dos sintomas externos em dezembro de 2018, as palmeiras foram cortadas a uma altura aproximada de 60 cm do solo, para observar a presença do anel interno na parte basal do estipe. Em seguida, pedaços dos estipes foram cortados e levados para o laboratório para extração e contagem de indivíduos vivos de B. cocophilus, conforme metodologia de Oliveira e Wilcken (2016).

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Figura 5 – Aplicação dos tratamentos com abamectina e inoculação do nematoide. (A) Furo no estipe com uma furadeira elétrica. (B) Injeção com a seringa ChemJet Tree Injector® com três concentrações da abamectina: 10, 20 e 30 mL. (C) Furo no estipe utilizando uma furadeira acoplada a um motosserra. (D) Inoculação da suspensão contendo 20.000 indivíduos de Bursaphelenchus cocophilus.

4.2.7 Efeito deletério da abamectina sobre os polinizadores do dendezeiro Elaeidobius kamerunicus e Elaeidobius subvittatus Para avaliar se a abamectina, quando infundida nos tecidos vasculares da planta tinha ou não algum efeito deletério sobre os polinizadores E. kamerunicus e E. subvittatus, foram selecionados aleatoriamente 40 dendezeiros da variedade Tenera, com aproximadamente cinco metros de altura e 130 centímetros de circunferência de estipe (d = 41,4 cm) (Figura 6A). Foram injetados 40 mL de abamectina em 20 palmeiras (Figura 6B), e na testemunha, com igual número de plantas, não. Para sua execução, inflorescências em estádio de antese foram previamente identificadas no campo e, logo após esse estágio (aproximadamente três dias), foram coletadas inflorescências, espiguetas localizadas no topo, meio e base (Figura 6C). Em seguida, estas foram colocadas individualizadas em copos plásticos, cobertos com tela de tecido (organza) (Figura 6D). À medida que adultos de E. kamerunicus e E. subvittatus emergiam, eram separados por espécie e contados conforme metodologia de Moura et al. (2008). A comparação entre as médias de E. kamerunicus e E. subvittatus foi realizada por meio do teste de Tukey a 5 % de probabilidade, levando em consideração inflorescências oriundas de dendezeiros com e sem injeção de abamectina. 51

Figura 6 – Avaliação do efeito residual da abamectina sobre Elaeidobius kamerunicus e E. subvittatus. (A) Furo no estipe utilizando uma furadeira acoplada a uma motosserra. (B) Aplicação de 40 mL da abamectina. (C) Inflorescência masculina. (D) Experimento para avaliar a quantidade de E. kamerunicus e E. subvittatus emergidos das espiguetas.

4.2.8 Análise de resíduo em frutos de dendezeiros tratados com abamectina Para avaliar o índice de resíduo da abamectina em frutos de dendezeiro, foram selecionadas cinco palmeiras da variedade Tenera, com aproximadamente dez metros de altura, 180 centímetros de circunferência (d = 57,3 cm) e 10 anos de idade, as quais possuíam cachos com diferentes estágios de maturação. O tratamento com 40 mL da abamectina foi realizado em dezembro de 2019, sendo reaplicado em janeiro de 2020 (30 dias após) (Figura 7AB). As coletas dos frutos foram iniciadas sete dias após a última aplicação do defensivo, sendo colhidos até março de 2020 (uma amostra por mês), conforme maturação dos frutos (frutos soltando do cacho), totalizando três amostras (Figura 7CD). Os frutos colhidos de cada dendezeiro, aproximadamente 500 gramas por amostra, foram acondicionados em caixas, devidamente identificados e encaminhados para o Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para estudos cromatográficos. O método de extração para análise de resíduo da abamectina no mesocarpo dos frutos de dendezeiro foi desenvolvido utilizando-se a técnica de cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massa sequencial (HPLC-MS/MS) (KRUVE et al., 2015). Para desenvolvimento do método, foram utilizadas amostras de frutos de forma fortificada com o padrão (abamectina) e realizado o 52

procedimento de extração denominado QuEChERS, utilizando o acetato de sódio na etapa de adição de sais (ANASTASSIADES; LEHOTAY, 2003; RIZZETTI et al., 2016). Este método foi otimizado, demonstrando ser capaz de quantificar abamectina em frutos de dendezeiro com boas recuperações do analito. Por fim, foi realizada a validação do método de acordo com as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2011). De cada amostra dos frutos de dendezeiro tratados com a abamectina, foram extraídas seis replicatas e em cada uma das replicatas foi realizada a determinação de abamectina duas vezes.

Figura 7 – Metodologia em campo visando a análise de resíduo de abamectina em frutos de dendezeiro. (A) Furo no estipe utilizando uma furadeira acoplada a um motosserra. (B) Aplicação de 40 mL da abamectina. (C) Cacho de dendezeiro maduro. (D) Frutos de dendezeiro maduros caídos.

4.3 RESULTADOS

4.3.1 Avaliação do efeito nematicida da Abamectina in vitro A abamectina na dosagem de 400 μL (0,0072 g/μl i.a) foi efetiva no controle do B. cocophilus, causando a mortalidade de 100 % dos indivíduos após três horas de contato com o inseticida/nematicida. A dosagem de 200 μL mostrou eficiência no controle de 74.5 % nas primeiras 24 horas, chegando a 90 % após 120 horas. Conforme diminuição da dosagem do defensivo, a percentagem de indivíduos mortos diminuiu consideravelmente, passando de 75 % na dosagem de 100 μL para 35 % em 10 μL após 120 horas (Figura 8). 53

Os resultados obtidos pela equação de regressão toxológica da abamectina para o B. cocophilus evidenciaram que a dose letal para 50 % da população do nematoide foi de 151,7 μL/mL, o que corresponde a 0,0027 g i.a do defensivo (Figura 9).

Figura 8 – Avaliação do efeito nematicida da abamectina sobre Bursaphelenchus cocophilus

54

Figura 9 – Avaliação da dosagem necessária para matar 50 % (DL50) da população do Bursaphelenchus cocophilus

Y= 2,9466+0,399x - 0,0003x2 R2= 0,98

4.3.2 Injeção com abamectina na prevenção do Anel vermelho em dendezeiro As injeções com abamectina visando o controle preventivo mostraram-se eficientes quando aplicadas na dosagem de 40 mL do produto (0,72 g/mL i.a), uma vez que apenas 15 % das plantas tratadas com esta dosagem desenvolveram os sintomas externos, 5 % apresentaram o anel interno e em 20 % foi detectado o B. cocophilus, após 210 dias (Figura 10 e Tabela 1). Nas dosagens de 20 e 10 mL do defensivo, os resultados não foram significativos, podendo ser observados sintomas externos em 40 e 50 % das palmeiras tratadas, respectivamente. A análise de sintomas internos e presença do B. cocophilus no estipe, na dosagem de 20 mL do produto, revelou que 45 % das palmeiras apresentavam o anel interno e 55 % possuíam o patógeno ativo. Na dosagem de 10 mL, a presença do anel interno aumentou para 65 % e o patógeno foi observado em 80 % das plantas. Na testemunha positiva, notou-se os sintomas externos em 90 % das plantas e a presença do anel interno, bem como do nematoide, em 100 % dos estipes analisados (Figura 10 e Tabela 1).

55

Figura 10 – Porcentagem de plantas com sintomas externos do Anel Vermelho em dendezeiros tratados com as dosagens de 10, 20 e 40 mL da abamectina no período de 210 dias. 100

90

80

70

60 40 50 20 40 10 Test % % de plantas infectadas 30

20

10

0 30 90 150 210 Tempo (dia)

56

Tabela 1 – Avaliação das plantas tratadas com endoterapia na prevenção do Anel Vermelho em dendezeiros quanto a sintomas externos, presença do anel interno e indivíduos do patógeno após 210 dias da aplicação de abamectina nas dosagens 10, 20 e 40 mL. Plantas Sintomas externos Presença do anel B. cocophlilus (nº indivíduos) 40 20 10 TP* 40 20 10 TP* 40 20 10 TP* mL mL mL mL mL mL mL mL mL 1 + + + + 250 130.000 2.000 2 + + 800 3 + + + + + + 10.000 600 9.500 500 4 + + + + + + 300 106.000 30.500 300 5 + + + + 550 300 1.000 6 + + + + + + + 250 1.000 700 150.000 7 + + + 240.000 100.000 8 + + + + 1.000 300 750 9 + + + + + 53.000 10.000 150 10 + + + + + 1.200 500 50.000 11 + + + + 300 250 12 + + + + 3.750 250 13 + + + + 320.000 1.100 14 + + + + + + + 300 1.000 500 4.000 15 + + + 700 700 16 + 250 17 + + 250 1.000 18 + + + + 10.250 1.400 19 + + + + 21.000 350 20 + + + 80 250 N 3 8 10 18 1 9 13 20 4 11 16 20 % 15 40 50 90 5 45 65 100 20 55 80 100 *TP = Testemunha Positiva.

4.3.3 Eficiência no controle curativo do Anel Vermelho com injeção de abamectina “Injeções” em dendezeiros infectados com o B. cocophulis, na dosagem de 40 mL de abamectina, mostraram-se eficientes quando aplicadas até dez dias após a infecção do patógeno. Desse modo, 10 % das palmeiras desenvolveram o sintoma externo, enquanto 5 % apresentaram o anel interno. Porém, quando tratadas com o defensivo após 15 dias, o número de plantas com sintomas externos e anel interno aumentou para 50 % (Figura 11). Ao analisar a presença do nematoide nos estipes tratados com abamectina após 5 dias da infecção do patógeno, observou-se que 60 % das plantas estavam infectadas com B. cocophilus, aumentando esta porcentagem para 75 % nos estipes tratados após 10 dias, chegando a 85 % nos dendezeiros que receberam o produto após 15 dias. Na testemunha 57

positiva, 100 % das plantas apresentaram sintomas externos e internos do Anel Vermelho, e em todas o nematoide estava presente (Figura 11).

Figura 11 – Porcentagem de plantas com sintomas externos e anel interno e com nemattoides 5, 10 e 15 dias o tratamento com abamectina na cura do Anel Vermelho em dendezeiros. 90

80

70

60 Sintoma 50 Externo 40 Anel

30 Presença B. cocophlilus

20 % de plantas com % de plantas com sintomas 10

0 0 5 10 15 20 Tempo (dia) entre infecção e aplicação do produto

4.3.4 Injeções com abamectina na prevenção do Anel Vermelho em coqueiro As injeções de abamectina com seringas ChemJet® duraram em média 10 horas para que o produto fosse completamente infundido no sistema vascular do coqueiro. Durante 12 meses foi observado que somente 5 % dos coqueiros que receberam injeções com 30 mL de abamectina apresentaram sintomas externos e internos do Anel Vermelho. Já coqueiros que receberam injeções com 20 mL de abamectina, 10 % apresentaram sintomas externos da doença e em 20 %, havia indício do anel interno. Por fim, nos coqueiros que receberam 10 mL desse defensivo, 40 % apresentaram sintomas externos e 55 % apresentaram o anel vermelho internamente. Quanto às plantas que compuseram a testemunha positiva, 100 % desenvolveram internamente a doença e externamente mostraram-se sintomáticas (Figura 12). 58

Figura 12 – Porcentagem de plantas com sintomas internos e externos de Anel Vermelho em coqueiro tratados com injeções no estipe de três diferentes dosagens de abamectina: 10, 20 e 30 mL. 120

100

80

60

Coqueiro (%) 40

20

0 10 mL 20 mL 30 mL Testemunha Positiva Dosagens de Abamectina

Sintoma Externo Anel Interno

4.3.5 Efeito da abamectina sobre os polinizadores do dendezeiro Elaeidobius kamerunicus e E. subvittatus Na Figura 13 pode ser visualizado o número de espécimes de E. kamerunicus e E. subvittatus que emergiu das inflorescências masculinas pós antese de dendezeiros, com e sem o tratamento com a abamectina. A análise de variância, demonstrou que não houve diferença significativa entre os valores médios de indivíduos encontrados por espécies de polinizadores emergidos das espiguetas (teste de Tukey, p ≥ 0,005). Embora não tenha havido diferença estatística entre os tratamentos, foi possível observar que houve uma variação numérica nas médias entre indivíduos da mesma espécie em plantas tratadas ou não. Assim, em média emergiram 44.4 espécimes de E. kamerunicus de inflorescências oriundas de dendezeiros tratados com abamectina, contra 60.2 de espécimes de dendezeiros não tratados. Já para E. subvittatus, observa-se que o número médio de espécimes emergentes foi 15.6 contra 27.2 de inflorescências oriundas de dendezeiros não tratados.

59

Figura 13 – Número de espécimes de Elaeidobius kamerunicus e E. subvittatus emersos da inflorescência masculina de dendezeiros com e sem a aplicação de 40 mL da abamectina. 70,0

a 60,0

50,0 a

40,0

30,0 b

20,0 b Nº insetos/inflorescência Nºinsetos/inflorescência masculina 10,0

0,0 E. kamerunicus / E. kamerunicus / E. subvttatus / E. subvttatus / Espigueta (com Espigueta (sem Espigueta (com Espigueta (sem trat.) trat.) trat.) trat.)

4.3.6 Análise de resíduo em frutos de dendezeiros tratados com abamectina A abamectina foi quantificada com um pico cromatográfico em tempo de retenção próximo a 3,58 minutos, sendo que a área do pico variou de acordo com a concentração de abamectina em cada amostra. Os testes de seletividade apontaram que não houve a presença de interferentes no sinal da abamectina, indicando que o pico cromatográfico obtido se refere apenas a este produto. O limite de quantificação foi determinado com 25 µg/kg. Os resultados para os testes de linearidade, exatidão e precisão do método ficaram dentro do esperado, revelando que este método apresentou boas recuperações do analito, sendo recomendado para a quantificação de abamectina em amostras dos frutos de dendezeiro, nas quais não foi obtido pico cromatográfico para este produto em nenhuma das seis réplicas analisadas, ou seja, pode- se garantir que a concentração de abamectina nas amostras está abaixo do limite de quantificação do método, que é 25 µg/kg.

60

4.4 DISCUSSÃO

De maneira geral, convencionou-se chamar a endoterapia como infusão de injeção. Há que se ressaltar, entretanto, que fazer um orifício no estipe (ou tronco) e despejar um composto não é injeção e, sim, infusão passiva, a qual depende da tensão (pressão negativa) nos vasos xilemáticos gerada pelo fluxo ascendente da seiva, ou seja, da força do vácuo (efeito Venturi) criada por esse fluxo. Já a injeção depende de uma pressão externa para “empurrar” o composto para os tecidos vasculares. No entanto, sua subida para o dossel também depende da taxa de transpiração (AĆIMOVIĆ et al., 2019). Existem diferentes tipos de aparelhos com diferentes tipos de pressão para injetar compostos para o interior do tronco das plantas. Pressões entre 0,2 a 0,7 bar são consideradas baixas (1 bar = 14,50 libras) e entre 0,7 e 3 bar consideradas altas (HELICONIA, 2014). Quanto à definição de micro e macro injeção, considera-se micro àquelas feitas em furo com diâmetro até 4,7 mm, o que, de acordo com Costonis (1981), são menos prejudiciais às árvores. Orifícios com diâmetro acima de 9,52 mm são considerados mais destrutivos, pelo fato de obstruírem maior número de vasos xilemático na região do alburno. Assim, de acordo com as características da seringa ChemJet®, foi utilizado o sistema de microinjeção, pois os furos feitos no estipe dos coqueiros estudados foram de 4,4 mm de diâmetro (CHEMJET, 2020). No tocante às palmeiras, notadamente os dendezeiros usados no presente estudo, o diâmetro do orifício para veicular o Abamex® foi de 16 mm. No entanto, o diâmetro utilizado não está em desacordo com aqueles usualmente feitos no estipe de tamareiras e dendezeiros em diversos estudos. Há que se chamar atenção que em palmeiras, por não terem cambio e felogênio, há vantagem comparativamente às dicotiledôneas, pois os tecidos destas oferecem menor resistência a danos por microrganismos e são mais sensíveis a problemas de fitotoxidade. Outro aspecto a ser considerado diz respeito ao centro das árvores (cerne) e ao centro do estipe nas palmeiras. No cerne não há mais tecido vivo, pois, à medida que as células do alburno senescem e morrem, são incorporadas ao cerne. Em razão disso, por não terem mecanismos ativos de defesa naquela região, as dicotiledôneas não resistem à invasão de microrganismos, o que não ocorre na parte central das palmeiras, uma vez que é composta de feixes vasculares e tecidos parenquimáticos que permanecem vivos e, por essa razão, são capazes de empregar mecanismos ativos para reagirem a um dano. Esta importante diferença explica por que a profundidade da injeção é menos crucial nas palmeiras do que nas árvores (FERRY; GOMEZ, 2013). 61

Os testes in vitro confirmaram o efeito nematicida da abamectina sobre B. cocophilus, com 100 % de eficácia na mortalidade do nematoide, em baixa concentração do produto (0,0072 g i.a.), tornando-se viável para a utilização no controle deste patógeno em dendezeiro em nível de campo. James, Tisserat e Todd (2006) também verificaram a ação in vitro da abamectina sobre B. xylophilus, a qual reduziu mais de 80 % da atividade deste nematoide após 48 horas de exposição em diferentes concentrações. O controle endoterápico com abamectina, na dosagem de 40 mL (0,72 g i.a.), mostrou- se eficiente tanto para a prevenção quanto na cura do Anel Vermelho em dendezeiros infectados artificialmente, evitando a mortalidade em mais de 85 % das plantas estudadas. Nos coqueiros tratados com 20 e 30 mL do defensivo, a eficiencia na prevenção desta enfermidade foi superior a 90 %, indicando ser este produto capaz de translocar pelos vasos condutores, protegendo as palmeiras por mais de seis meses após sua aplicação. Recomenda-se a aplicação deste defensivo cinco dias antes ou até dez dias após a despalma e, ou retirada de cachos, período de maior incidência da doença devido aos voláteis atrativos ao R. palmarum liberados pela planta, além da possibilidade de contaminação por ferramentas no manejo desta cultura (MOURA, 2017). A abamectina pertence ao grupo das avermectinas, produzida a partir da bactéria Streptomyces avermitilis, geralmente utilizada no controle de insetos e ácaros em diversas culturas e plantas ornamentais (LANKAS; GORDON, 1989). De acordo com Campbell (1989) e Gerenutti e Spinosa (1997), o mecanismo de ação da abamectina estimula a liberação do ácido gama-aminobutírico (GABA) nas terminações nervosas, interrompendo os impulsos nervosos, resultando num estado de repouso forçado, ataxia e paralisia do nematoide, principalmente em juvenis. Tal fenômeno justifica a presença de espécimes inertes do nematoide em dendezeiros e coqueiros assintomáticos que foram tratados com injeções de abamectina. Ressalta-se que a concentração da suspensão de nematoides utilizada no presente estudo foi muito superior quando comparada ao número de nematoides transportados naturalmente pelo seu principal vetor, o R. palmarum (GRIFFITH, 1971; MARIANO; SILVEIRA, 2005). Assim, infere-se que a abamectina poderá apresentar maior eficiência no controle do Anel Vermelho em plantios comerciais de dendezeiro e coqueiro, uma vez que nestes as plantas estão expostas às infecções naturais por esse patógeno. Os resultados do presente estudo estão em conformidade com os obtidos por James, Tisserat e Todd (2006), em que 96 % dos pinheiros tratados com abamectina ficaram protegidos contra a infecção de B. xylophylus, o qual tem como agente transmissor o besouro Monochamus galloprovincialis (Olivier) (Coleoptera: Cerambycidae). Cyhalodiamida é um novo grupo químico da diamida do ácido fitálico que vem sendo pesquisada na China (ZHU et al., 2011; LIANG; PAN; XING, 2015). Ensaios com injeções em 62

campo mostraram eficiência de 100 % no controle preventivo de B. xylophilus em pinheiros (Pinus massoniana Lamb.) tratados com 100 mL desse defensivo (Zhang et al., 2017). De acordo com esses autores, amostras retiradas a 2, 4 e 6 metros de altura, conforme os quadrantes cardeais, revelaram concentrações médias de 1.25, 4.35 e 0.31 mg/L, respectivamente, evidenciando alta capacidade de translocação deste defensivo na planta, sendo todas significativamente maiores que a DL50 da dialamida (0.019 mg/L). Enfatiza-se que o DL50 da abamectina, obtido neste estudo, foi estimada em 0,0027 g/μL. Essa excelente característica nematicida da cyhalodiamida permitiria a flexibilização em programas de manejo de resistência, caso o B. cocophilus mostre resistência, no futuro, a algum nematicida. Assim, a exemplo de cultivos modificados geneticamente que perderam a resistência, como o milho, pode-se estabelecer linhas de árvores sem injeção (árvores-refúgio) e a interação de árvores com diferentes ingredientes ativos em diferentes concentrações. De acordo com Coslor (2017), em virtude do defensivo injetado ficar longo tempo exposto com um só modo de ação sobre o alvo biológico, o manejo da resistência a inseticidas na endoterapia é, em parte, funcionalmente semelhante ao manejo de cultivos geneticamente modificados, a exemplo do inseticida biológico à base de subvar. kenyae sobre o milho. A movimentação do defensivo pelo sistema vascular da planta, quando veiculado via injeção, está diretamente relacionada com a fisiologia da planta, fatores climáticos e as propriedades físico-químicas dos produtos utilizados. De acordo com Aćimović et al. (2019), a circulação hidráulica ascendente do produto depende principalmente da capacidade de transporte do sistema vascular da planta, impulsionada pelo fluxo de transpiração da água através dos estômatos (déficit de pressão de vapor), o qual será translocado e distribuído para o tronco, galhos e copa. Segundo os autores, a injeção dos compostos ativos nas árvores é mais rápida e fácil durante os meses da primavera e início do verão, pois a concentração de água no solo é mais abundante, além do dossel apresentar folhas mais verdes, facilitando a transpiração da planta e consequentemente intensificando o fluxo de água absorvida pelas raízes através dos tecidos xilemáticos, e distribuída para galhos e folhas. Como observado neste estudo, o tempo médio das injeções com o defensivo, feitas na primavera, foi de 10 horas após a seringa ser fixada no estipe. Moura et al. (2019) observaram que, ao introduzir água com corante em furos no estipe de coqueiro, este líquido demorava em média 22 horas para ser completamente absorvido pela planta. No entanto, no período que esses autores conduziram esse estudo, a região de estudo passava por profunda estiagem. Desse modo, o tempo na subida da água para a copa do coqueiro pode variar no tempo/espaço. 63

Adicionalmente, Pereira et al. (2016) afirmam que o transporte de defensivo é controlado pela polaridade, pela afinidade para tecidos gordurosos (log Kow) e pela solubilidade em água. Desta forma, a translocação xilemática, partindo da raiz até as folhas, depende da lipofilicidade do produto bem como da translocação floemática que faz o caminho inverso, das folhas às raízes. Assim, defensivos lipofílicos (alto Kow, apolar, log > 3) são capazes de penetrar facilmente nas cutículas por difusão em taxas mais altas que os defensivos hidrofílicos (HERATH; WIJEKOON, 2013). Tais características explicam a translocação da abamectina pelos vasos condutores, a qual movimenta-se acropetalmente pelo xilema devido à taxa de transpiração e basipetalmente pelo floema por apresentar um Kow de 4.4, sendo considerado um produto apolar, solúvel em água. Dembilio et al. (2014), ao estudarem a mobilidade e eficiência da abamectina no controle do R. ferrugineus em Phoenix canariensis, encontraram resíduo deste produto nos folíolos (0,5 mg i.a. Kg-1) cinco meses após a injeção no estipe, o que, segundo os autores, poderia proteger a palmeira por três meses após o tratamento, causando mortalidade acima de 90 % das larvas no estipe com 10 dias. Segundo Pereira et al. (2016) e Herath & Wijekoon (2013), a acumulação dos defensivos nos tecidos das plantas também depende das propriedades físico-químicas dos produtos utilizados, sendo que os defensivos lipofílicos atacam fortemente os lipídeos, apresentando grande potencial de bioacumulação em tecidos gordurosos, como alguns tecidos de plantas. Desta forma, a variação numérica nas médias de E. kamerunicus e E. subvittatus emergidos das inflorescências masculinas de dendezeiros, com e sem o tratamento com a abamectina, pode estar correlacionada com o efeito residual deste defensivo, presente neste órgão vegetal. Porém, sugere-se que sejam feitas análises cromatográficas visando identificar a concentração residual da abamectina nos tecidos das espiguetas das inflorescências, pois estes polinizadores criam-se nas espiguetas, sendo que tal informação não pode ser desprezada. No entanto, como os resultados obtidos através do controle endoterápico mostraram que duas injeções de abamectina por ano (uma a cada seis meses) são suficientes na prevenção e cura do Anel Vermelho, pressupõem-se que a injeção de abamectina não comprometerá o desenvolvimento populacional desses polinizadores, dado ao fato que todo o seu ciclo de vida é de no máximo 25 dias (GENTY et al.,1986). Por fim, a emergência de E. kamerunicus ser expressivamente maior que E. subvittatus é natural, pois a primeira espécie, quando introduzida em 1994 no sul da Bahia, se sobrepôs ao E. subvittatus, espécie nativa americana (MOURA et al., 2008). Entretanto, devido ao coeficiente de variação ter sido alto (40,02 para E. kamerunicus e 44,6 para E. subvittatus), razão de se haver diferença significativa na população de indivíduos em 64

plantas tratadas e não tratadas, sugere-se fazer novos bioensaios ao longo do ano e com aumento no número de repetições para se reduzir a variação e aumentar a confiabilidade dos dados. Nas análises de resíduo de abamectina no mesocarpo dos frutos de dendezeiro, quando tratados com 40 mL do produto comercial Abamex®, não foram observados picos cromatográficos para o defensivo, indicando que a concentração deste produto está abaixo do limite quantificável pelo método, que foi estabelecido pelo MAPA em 25 µg/kg. Tal resultado viabiliza o uso deste defensivo para o controle endoterápico do Anel Vermelho em plantações comerciais de dendezeiro, uma vez que a produção desta oleaginosa é voltada para extração de óleo, obtido através do mesocarpo do fruto ou do endosperma da semente, destinados principalmente à indústria alimentícia (BERGMANN et al., 2013; ABRAPALMA, 2018).

4.5 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos nesse estudo contribuem de forma relevante e inovadora para o controle preventivo e curativo do Anel Vermelho em dendezeiros no sul da Bahia, comprovando que o controle endoterápico com abamectina é alternativa viável e eficiente no manejo desta importante doença do dendezeiro, pois 40 mL do defensivo, aplicado via estipe, foram suficientes para prevenir 85 % a incidência desta doença e curar 90 % das plantas infectadas artificialmente pelo B. cocophilus, além de proteger as palmeiras por 210 dias após o início do tratamento. Portanto, apenas duas aplicações ao ano são requeirdas, devendo ser feitas cinco dias antes ou até dez dias após a despalma e, ou coleta de cachos. Em coqueiros, o controle preventivo com abamectina, também mostrou-se eficaz, onde 20 e 30 mL do produto, aplicados via estipe com as seringas ChemJet®, preveniram em mais de 90 % a incidência desta enfermidade em coqueiros da variedade gigante infectados artificialmente pelo patógeno, protegendo as plantas por doze meses após o início do tratamento. Este é o primeiro estudo na América Latina a relatar com sucesso a ação preventiva do Anel Vermelho em coqueiros com injeções de abamectina. Resíduos do produto não foram detectados no mesocarpo de frutos de dendezeiros, indicando ser viável a utilização deste defensivo em plantações comerciais de dendezeiro, uma vez que o consumo dos derivados agroindustriais não representa risco à saúde humana. Como não se comprovou estatisticamente o efeito deletério da abamectina sobre os polinizadores em função da variabilidade no experimento, novos estudos são recomendados ao longo do ano, sendo indicadas análises cromatográficas nas espiguetas das inflorescências masculinas para avaliação residual da abamectina neste órgão vegetal. 65

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5 CAPÍTULO II

INFECÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E DISSEMINAÇÃO DO Bursaphelenchus cocophilus EM DENDEZEIROS NO SUL DA BAHIA

RESUMO

No sul da Bahia, o Anel Vermelho, causado pelo nematoide Bursaphelenchus cocophilus, é considerada a principal doença em dendezeiro, matando-o em poucos meses após o início da infecção. Esta pesquisa foi feita com os objetivos: i) determinar a concentração do B. cocophilus capaz de estabelecer a doença em dendezeiro; ii) observar a distribuição do nematoide no estipe da palmeira com Anel Vermelho e; iii) avaliar alguns mecanismos de disseminação do B. cocophilus em dendezeiros no sul da Bahia. Os experimentos foram conduzidos em dendezeiros sadios existentes no Banco de Germoplasma da Estação Experimental Lemos Maia (Esmai), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), localizada no Município de Una, BA. Para avaliar a infecção do B. cocophilus em dendezeiro, foram utilizadas quatro diferentes concentrações: 5.000, 10.000, 20.000 e 40.000 nematoides, inoculadas diretamente no interior do estipe. Para observar a distribuição do patógeno no estipe do dendezeiro, foi inoculada a concentração de 20.000 nematoides no estipe, posteriormente, com o surgimento dos primeiros sintomas externos da doença, as plantas foram cortadas para avaliação da populçação do nematoide. A disseminação do B. cocophilus foi avaliada aplicando a concentração de 20.000 nematoides via raiz e solo. A disseminação do patógeno por cavador foi avaliada através da despalma de dendezeiro com sintomas externos do Anel Vermelho. 100 % dos dendezeiros inoculados desenvolveram a doença, com sintomas iniciais observados a partir do 28º dia, levando a planta à morte após 150 dias da inoculação. O nematoide apresentou mobilidade no interior da planta, colonizando todo o estipe, com maior concentração na parte basal e mediana, com médias de 6.902 e 6.622 indivíduos por amostra, com variação de 0 a 32.000 nematoides e desvio padrão de 8.256,93 e 8.954,77. No topo do estipe houve redução de 50 % na população do patógeno, sendo encontrada a média de 3.233 nematoides por amostra, variando de 0 a 21.000 nematoides, com desvio padrão de 5.419,46. Os resultados com os diferentes mecanismos de disseminação evidenciaram que o B. cocophilus possui baixa letalidade ao dendezeiro quando disseminado via raiz e solo, sendo que apenas 25 e 5 % dos dendezeiros avaliados, respectivamente, desenvolveram a doença após oito meses. No entanto, as amostras da despalma do dendezeiro com o cavador mostraram que 80 % estavam contaminadas, com média de 60 nematoides, com desvio padrão 82,3. Desta forma, há a necessidade de medidas preventivas eficazes para o controle desta doença, pois uma vez estabelecida esta enfermidade, o dendezeiro morre em poucos meses. Palavras-chave: Elaeis guineensis. Anel Vermelho. Letalidade. Nematoide.

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INFECTION, DISTRIBUTION AND DISSEMINATION OF Bursaphelenchus cocophilus IN OIL PALM TREE IN SOUTHERN BAHIA

ABSTRACT

In the south of Bahia, the red ring disease, caused by the nematode Bursaphelenchus cocophilus, is considered the main disease in oil palm tree, killing it in a few months after the beginning of the infection. Thus, the objectives of this work were: i) to determine the concentration of B. cocophilus capable of establishing a disease in oil palm tree; ii) observe the nematode distribution of the red ring disease on oil palm tree; iii) evaluate the different mechanisms of dissemination of B. cocophilus in oil palm tree in southern Bahia. The experiments were carried out on healthy oil palm trees existing in the Germplasm Bank of the “Lemos Maia” Experimental Station (Esmai), of the Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), localizated at the Municipality of Una, State of Bahia. To evaluate B. cocophilus infection in oil palm tree, the four different procedures were used: 5,000, 10,000, 20,000 and 40,000 nematodes, inoculated directly into the stipe. In order to observe the distribution of the pathogen in the oil palm tree, it was inoculated in the concentration of 20,000 nematodes in the stipe, afterwards, with the appearance of the first external symptoms of the disease, as plants were cut for extraction and counting of the nematode. The spread of B. cocophilus was evaluated via the root and soil, using a concentration of 20,000 nematodes. The spread of the pathogen by a digger was assessed through the oil palm defoliation with external symptoms of the red ring disease. The results obtained with the infection of B. cocophilus, without distinction that 100 % of the oil palm trees developed the disease, with initial symptoms observed after 28 days, leading the plant to death after 150 days of inoculation. The nematode has mobility inside the plant, colonizing the entire stem, with greater concentration in the basal and median part, with averages of 6,902 and 6,622, included per sample, with a range from 0 to 32,000 nematodes and standard deviation of 8,256.93 and 8,954.77 At the top of the stipe, there was a 50 % reduction in the pathogen population, with an average of 3,233 nematodes per sample, ranging from 0 to 21,000 nematodes, with a standard deviation of 5,419.46. The results with the different mechanisms of dissemination showed that B. cocophilus has low lethality to oil palm tree when spread via root and soil, with only 25 % and 5 % of oil palm trees acquired, respectively, developed a disease after eight months. Differently from the results obtained with the plants inoculated through the differential digger, 80 % were contaminated, with an average of 60 nematodes, with a standard deviation of 82.3. Thus, there is a need for effective preventive measures to control this disease, since once, this disease beginning the oil palm tree death occurs in few months.

Keywords: Elaeis guineensis. Red ring disease. Lethality. Nematode.

5.1 INTRODUÇÃO

O dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.), também conhecido como palma de óleo, é uma palmeira endêmica do continente Africano, sendo introduzido no Brasil no século XVI no estado da Bahia, onde adaptou-se perfeitamente às condições edafoclimáticas, dando origem aos dendezais subespontâneos atualmente existentes (SAVIN, 1965; SANTOS, 2010). 71

Esta espécie vegetal é constituída por três variedades, as quais são diferenciadas pela espessura do endocarpo do fruto, com base no qual podem ser: Dura, endocarpo com 2 a 8 mm de espessura e entre 30 a 65 % do mesocarpo no fruto; Tenera, com endocarpo entre 0,5 a 4 mm e 55 a 96 % do mesocarpo no fruto e; Psífera, sem endocarpo e geralmente com esterilidade feminina. No entanto, dentre estas variedades a mais utilizada em plantios comerciais é a Tenera, obtida do cruzamento Dura x Psífera (CORLEY; TINKER, 2003; CUNHA et al., 2012; CAMILLO et al., 2014). A produção desta oleaginosa está voltada para extração de óleo, podendo ser obtido através do mesocarpo do fruto, conhecido no Brasil como óleo de dendê, e o óleo de palmiste, que é extraído do endosperma da semente (BERGMANN et al., 2013). A crescente demanda por este produto está relacionada com a indústria alimentícia, onde 80 % desta produção são direcionados para produtos como margarina, cremes, sorvetes, biscoitos, além de substituir o óleo de soja (Glycine max (L.) Merr.) (ABRAPALMA, 2018). É também um ingrediente prioritário na culinária baiana. No entanto, um dos principais entraves para o cultivo desta palmeira está relacionado com o aspecto fitossanitário, devido ao dendezeiro ser suscetível a diversas doenças, que impactam negativamente a produtividade desta cultura. Dentre as enfermidades, pode-se destacar a Murcha por Fitomonas (Phytomonas staheli McGhee & McGhee), a Fusariose (Fusarium oxysporum f.sp. elaeidis Toovey), o Amarelecimento Fatal (etiologia desconhecida) e o Anel Vermelho (Bursaphelenchus cocophilus (Cobb) Baujard), as quais podem variar sua importância entre as regiões produtoras desta cultura (WARWICK, 2005; FLOOD, 2006; BOARI, 2008; BRAZILIO, 2012; ASSIS COSTA et al., 2018; NASCIMENTO et al., 2018). Para o estado da Bahia, o Anel Vermelho apresenta-se como a principal doença do dendezeiro, tendo como agente etiológico o nematoide B. cocophilus, patógeno biotrófico colonizador dos tecidos internos da palmeira, o qual pode ser encontrado, em qualquer estádio de seu ciclo biológico, nas raízes, caule e ráquis foliar (TIHOHOD, 2000; BOARI, 2016; MOURA, 2017). A infecção por B. cocophilus pode ocorrer diretamente, através de seu estilete, ou por diferentes tipos de ferimentos no hospedeiro. Uma vez no interior da palmeira, o nematoide alimenta-se do conteúdo líquido da célula vegetal, movimentando-se inter e intracelularmente, e induz a formação de tilose, crescimento irregular das células parenquimáticas em células do xilema, o que provoca a oclusão vascular, irreversível em monocotiledôneas, matando o dendezeiro em poucos meses (BLAIR; DARLING, 1968; GIBLIN-DAVIS, 2001; GRIFFITH et al., 2005). 72

A disseminação do patógeno está associada principalmente ao coleóptero Rhynchophorus palmarum L., o qual adquire o nematoide durante a alimentação de plantas infectadas, transportando-os, interna e externamente em seu corpo, para outros dendezeiros sadios. No entanto, outros mecanismos como o contato de raízes de plantas infectadas e sadias, umidade do solo, uso de implementos agrícolas contaminados podem contribuir para a dispersão do B. cocophilus (ARAÚJO, 1990; TIHOHOD, 2000; MOURA et al., 2006; DUARTE et al., 2008; MOURA, 2017) O principal problema com esta doença está relacionado à falta de uma rápida e correta diagnose, pois quando os sintomas externos são visualizados os tecidos internos da planta já estão completamente danificados, levando-a morte, não havendo nenhuma medida curativa eficaz para o controle desta enfermidade (GRIFFITH et al., 2005; FERRAZ; BROWN, 2016). Assim, com o aumento das áreas cultivadas e a reconhecida importância econômica da cultura do dendezeiro para o estado da Bahia, é necessário que se tenha maiores informações sobre o mecanismo de infecção e dispersão deste patógeno, visando obter dados relevantes para utilização no controle do Anel Vermelho em plantações comerciais desta palmeira. Desta forma, os objetivos deste estudo foram: i) determinar a concentração do B. cocophilus capaz de estabelecer a doença em dendezeiro; ii) observar a distribuição do nematoide no estipe da palmeira com Anel Vermelho; iii) avaliar alguns mecanismos de disseminação do B. cocophilus em dendezeiros no sul da Bahia.

5.2 MATERIAL E MÉTODOS

5.2.1 Área de Estudo Este estudo foi conduzido em um dendezal pertencente ao banco de germoplasma da Estação Experimental Lemos Maia (Esmai), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), localizada no Município de Una, BA (15º17'S, 39°4'W). Para a realização dos experimentos, foram selecionados dendezeiros sadios da variedade Tenera.

5.2.2 Extração e obtenção da suspensão de Bursaphelenchus cocophilus Os espécimes de B. cocophilus, utilizados neste estudo, foram obtidos de um coqueiro da variedade Anão Verde com sintomas externos e internos de Anel Vermelho, situado no distrito de Pedras, município de Una, Bahia (15°27'S, 39°03'W). A extração para obtenção da suspensão do nematoide foi realizada conforme metodologia de Oliveira e Wilcken (2016), descrita no Capítulo 1 deste trabalho. Com uma lâmina de Peters sob um microscópio 73

estereoscópico no aumento de 20 vezes, foi estimado o número de nematoides de cada experimento.

5.2.3 Infecção por Bursaphelenchus cocophilus em dendezeiro Para determinar a população de B. cocophilus capaz de infectar o dendezeiro, foram utilizadas quatro concentrações do patógeno: 5.000, 10.000, 20.000 e 40.000 nematoides/100 mL de água. Para condução deste experimento, foram selecionadas aleatoriamente, em novembro de 2017, 100 plantas com aproximadamente 20 metros de altura, 140 centímetros de circunferência de estipe (d = 44,6 cm) e 35 anos de idade, nas quais foram feitos dois furos no estipe com inclinação de 45º em relação ao solo, de aproximadamente 30 cm de profundidade e a 90 cm de altura do solo, utilizando uma furadeira acoplada a motosserra. Em seguida fez-se a inoculação da concentração do B. cocophilus (50 mL da suspensão do nematoide por furo), sendo estes vedados com rolha de madeira para evitar a entrada de contaminantes. Para cada concentração do nematoide, foram utilizadas 20 palmeiras. A testemunha foi composta por 20 dendezeiros, sendo nestes aplicados apenas 100 mL de água destilada. A avaliação dos sintomas externos do Anel Vermelho foi realizada semanalmente após a inoculação do nematoide, até a morte da planta, período em que os dendezeiros foram cortados a uma altura aproximada de 60 cm do solo para observação da presença do anel interno, característico da doença. Em seguida, pedaços dos estipes foram cortados e levados para o laboratório para extração e contagem de indivíduos vivos de B. cocophilus, conforme metodologia já descrita.

5.2.4 Distribuição do B. cocophilus no estipe de dendezeiro com o Anel Vermelho Para avaliar a distribuição do B. cocophilus no estipe do dendezeiro com o Anel Vermelho, foram selecionadas aletoriamente, em julho de 2018, 40 palmeiras com aproximadamente 10 metros de altura, 160 centímetros de circunferência de estipe (d = 50,9 cm) e 20 anos de idade, nas quais foram feitos dois furos no estipe, conforme descrito acima. Para a condução deste experimento, a suspensão do patógeno foi ajustada para 20.000 nematoides/100 mL de água, sendo inoculada 50 mL da suspensão por furo no estipe de cada planta que compôs esse estudo. Para estimar o número de nematoides em cada unidade experimental, os dendezeiros foram cortados após o surgimento dos primeiros sintomas externos da doença (Figura 1A). De cada planta estudada foram retirados fragmentos do estipe a cada 100 cm de distância, da base até o início da coroa foliar, obtendo um total de três amostras por dendezeiro (Figura 1B). As 74

coletas foram identificadas e levadas ao laboratório da Esmai para extração e contagem dos nematoides, conforme metodologia de Oliveira e Wilcken (2016).

Figura 1 – Distribuição do Bursaphelenchus cocophilus no estipe de dendezeiro com Anel Vermelho. (A) Sintoma inicial do Anel Vermelho. (B) Obtenção de partes do estipe para extração e contagem do nematoide.

5.2.5 Disseminação do Bursaphelenchus cocophilus

5.2.5.1 Via raiz A disseminação do B. cocophilus via raiz foi estudada em dendezeiros com altura aproximada de 20 metros, 140 centímetros de circunferência de estipe (d = 44,6 cm) e 35 anos de idade. Para condução deste experimento, foram selecionadas aleatoriamente 20 palmeiras 75

em setembro de 2018. Na base de cada planta foi cavado um buraco de aproximadamente 30 cm no solo, a cerca de 1 m do estipe da palmeira. Em seguida, foi escolhida uma raiz nova com diâmetro próximo a 1 cm (Figura 2A), a qual foi cortada e imediatamente colocado um saquinho plástico contendo a suspensão com 20.000 nematoides/100 mL de água em sua extremidade. Por fim, o saquinho foi amarrado à raiz com auxílio de um barbante e o buraco tapado com terra (Figura 2BC), conforme metodologia adaptada de Moura (2017). Os sintomas externos do Anel Vermelho foram avaliados mensalmente até maio de 2019, oito meses após o início do experimento. Neste mesmo período, os dendezeiros foram cortados a uma altura aproximada de 60 cm do solo, observado-se a parte basal do estipe para verificar a presença do anel interno. Em seguida, pedaços dos estipes foram cortados e levados para o laboratório para extração e contagem de indivíduos vivos de B. cocophilus, conforme metodologia de Oliveira e Wilcken (2016).

Figura 2 – Aplicação da suspensão de Bursaphelenchus cocophilus via raiz. (A) Raiz do dendezeiro cortada para a inoculação do nematoide. (B) Vedação do saquinho plástico com auxílio de um barbante. (C) Saquinho plástico contendo a suspensão com 20.000 indivíduos de B. cocophilus/100 mL de água.

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5.2.5.2 Via solo A disseminação do B. cocophilus via solo também foi avaliada em 20 dendezeiros com as mesmas características mencionadas no item anterior, em setembro de 2018. Em cada palmeira utilizada neste estudo, foi realizada a roçagem ao redor da planta e retirada a cobertura vegetal do solo a aproximadamente 1 m do estipe (Figura 3A). Em seguida, foi vertida a suspensão com 20.000 nematoides/100 mL de água sobre a rizosfera. Posteriormente, esta área foi coberta com matéria orgânica, para evitar a incidência de luz solar (Figura 3B). A avaliação dos sintomas externos do Anel Vermelho, presença do anel interno e indivíduos vivos de B. cocophilus também foi realizada em maio de 2019, conforme metodologia descrita no experimento de disseminação via raiz.

Figura 3 – Aplicação da suspensão de Bursaphelenchus cocophilus via solo. (A) Roçagem e retirada da cobertura vegetal. (B) Inoculação da suspensão com a concentração de 20.000 indivíduos de B. cocophilus/100mL de água no solo.

5.2.5.3 Disseminação por implemento agrícola A disseminação do Anel Vermelho por implemento agrícola foi feita com auxílio de um cavador. Para a realização deste estudo, foi selecionado um dendezeiro com sintoma externo da doença, de aproximadamente 10 metros de altura, 180 centímetros de circunferência (d = 57,3 cm), no qual foi feita a despalma. Em cada inserção do cavador na base da ráquis foliar (Figura 4A), a lâmina era lavada com uma pisseta e o líquido recolhido em um copo plástico (Figura 77

4B), sendo esta ação repetida 20 vezes no mesmo dendezeiro com o Anel Vermelho. Em seguida, as amostras foram levadas para o laboratório da Esmai para contagem dos nematoides, conforme metodologia de Oliveira e Wilcken (2016).

Figura 4 – Disseminação do Bursaphelenchus cocophilus por implemento agrícola. (A) Despalma do dendezeiro com auxílio de um cavador. (B) Lavagem da lâmina após a inserção na base da ráquis foliar para observação e contagem de nematoides.

5.3 RESULTADOS

5.3.1 Infecção por Bursaphelenchus cocophilus em dendezeiro Os resultados com a infecção do B. cocophilus em estipe de dendezeiro mostraram que este patógeno possui alta letalidade sobre a palmeira, uma vez que 100 % dos dendezeiros, infectados com as concentrações de 5.000, 10.000, 20.000 e 40.000 nematoides desenvolveram 78

a doença. Os sintomas iniciais foram notados a partir do 28º dia, levando a planta à morte em 150 dias (Figuras 5AB). Em todas as 80 amostras de estipe coletadas nas plantas sintomáticas, foi observada o anel interno (Figura 6) e estavam contaminadas com o B. cocophilus. Nas plantas testemunha não foram observados sintomas externos e internos do Anel Vermelho, bem como não houve presença do patógeno nas amostras dos estipes analisados, após cinco meses do início do experimento.

Figura 5 – Sintomas externos do Anel Vermelho em dendezeiro. (A) Sintoma Inicial. (B) Plantas mortas.

Figura 6 – Sintoma interno do Anel Vermelho em dendezeiro.

79

5.3.2 Distribuição do B. cocophilus em estipe de dendezeiro com sintomas de Anel Vermelho O patógeno se encontra distribuido ao longo de todo o estipe, sendo observada maior concentração nos dois primeiros metros, com médias de 6.902 e 6.622 indivíduos nas 40 amostras analisadas, respectivamente. Já na parte mais alta do estipe, cerca de três metros do solo, foi observada redução em mais de 50 % no número de nematoides, com média de 3.233 nematoides por amostra (Figura 7). Notou-se a alta variação na dispersão dos nematoides nos dois primeiros metros do estipe, indo de 0 a 32.000 nematoides por amostra, com desvio padrão de 8.256,93 e 8.954,77. Na parte superior da planta, houve redução, variando de 0 a 21.000 nematoides, com desvio padrão de 5.419,46 (Figura 7).

Figura 7 – Distribuição média com desvio padrão do Bursaphelenchus cocophilus, metro a metro, em estipe de dendezeiro com Anel Vermelho.

6.902,5 (±8.256,93) 6.622,5 (±8.954,77)

3.233,5 nº de Nematoides (±5.419,46)

Metro 1 Metro 2 Metro 3

5.3.3 Disseminação do B. cocophilus Os resultados deste estudo mostraram que o B. cocophilus apresentou baixa percentagem de infecção no dendezeiro quando disseminado por raiz e solo, já que apenas 25 % das palmeiras inoculadas com o nematoide, via raiz, desenvolveram o sintoma externo, e em 5 % notou-se indícios do anel interno, bem como somente 25 % dos estipes analisados estavam contaminados com o patógeno, com média de 12.750 nematoides/amostra. No entanto, quando o B. cocophilus foi vertido na rizosfera, a incidência do Anel Vermelho nas palmeiras foi reduzida para 5 %, sendo encontrados, em média, 10.000 nematoides nos estipes analisados 80

(Figura 8). Diferentemente, os resultados obtidos através da despalma indicaram que 80 % das amostras coletadas do cavador estavam contaminadas, com média de 60 indivíduos de B. cocophilus, com desvio padrão de 82,3.

Figura 8 – Incidência do Anel Vermelho em dendezeiros inoculados com Bursaphelenchus cocophilus via raiz e solo. 30

25

20

15

10 % de % dendezeiros infectados 5

0 Raiz Solo Local de aplicação do nematoide

Sintoma Externo Anel Inerno B. cocophilus

5.4 DISCUSSÃO

O B. cocophilus apresentou alta taxa de letalidade aos dendezeiros infectados artificialmente via estipe com as diferentes concentrações do patógeno, levando 100 % das plantas à morte após 150 dias. Os sintomas iniciais foram observados ao 28° dia após a infecção, com o amarelecimento das folhas ocorrendo da ponta em direção a ráquis. Com o avanço da infecção, as folhas inferiores ficaram dependuradas, presas a planta. De acordo com Boari et al. (2016), os sintomas externos do Anel Vermelho são caracterizados pelo amarelecimento das folhas basais, que começa na ponta e avança em direção à ráquis, tornando- se necrosadas e quebradas na base. No estágio mais avançado, a copa apresenta-se com um aspecto amarelo-ouro, com exceção de um tufo central de folhas verdes. A característica peculiar desta doença está relacionada com o desenvolvimento de anel no interior do estipe das palmeiras, o qual é formado devido a distúrbios metabólicos produzidos pela atividade do nematoide no interior da planta, que eleva o teor de gás carbônico no interior dos tecidos e, 81

como consequência, altera os complexos enzimáticos do hospedeiro, culminando no acúmulo de glicosídeos, dando origem aos pigmentos antociânicos. A depender da espécie de palmeira, essa coloração pode variar (FREIRE, 1988; TIHOHOD, 2000, FERRAZ; BROWN, 2016). Neste estudo, o anel interno nos estipes dos dendezeiros infectados com o nematoide apresentou-se na cor marrom, diferenciando da coloração avermelhada, observada em coqueiro com esta enfermidade (denominação da doença Anel Vermelho) (WARWICK et al., 2018). O B. cocophilus tem como característica ser um patógeno biotrófico migrador dos tecidos internos das palmeiras (FERRAZ; BROWN, 2016), fator este que justifica a alta dispersão do nematoide nos estipes analisados, o qual teve variação de 0 a 32.000 nematoides nos dois primeiros metros, com média de 6.902 e 6.622 e desvio padrão de 8.256,93 e 8.954,77. A redução em 50 % na população do patógeno na parte aérea do estipe do dendezeiro, pode ser explicada devido à infecção do B. cocophilus no estipe ter iniciado na parte basal da planta, local de maior concentração do patógeno. Duarte et al. (2008), ao analisarem a disposição do B. cocophilus em coqueiros com o Anel vermelho, identificaram o nematoide em diferentes partes da planta (raiz, palmito, pecíolo, ráquis e folíolo), sendo que sua maior concentração foi observada no estipe da planta, com variação de 3.504 a 81.752 nematoides, corroborando este estudo. De acordo com Ferraz e Brown (2016), o B. cocophilus é caracterizado como parasita da parte aérea das palmeiras. Para Trindade e Silva (2000), o surgimento do Anel Vermelho pode ocorrer tanto na parte basal como na parte aérea da planta. Na parte basal, a infecção pode ser via raíz. Segundo Warwick e Bezerra (1992), a infecção das raízes de coqueiros sadios pode ocorrer através da disseminação do nematoide via solo ou através do contato entre raízes de plantas contaminadas e sadias, principalmente em solos arenosos. Para Warwick, Leal e Ram (1998), os solos muito argilosos são desfavoráveis aos nematoides, principalmente por dificultarem a sua movimentação e encharcarem facilmente, reduzindo a quantidade de oxigênio. No entanto, solos arenosos são mais drenados, mas apresentam maiores oscilações nos teores de umidade. Ainda assim, segundo estes autores, os maiores prejuízos causados por nematoides estão associados aos solos arenosos. Em estudo feito por Cruz e Silveira (2019), sobre nematoides em arecáceas em municípios do sul da Bahia, não foi observada a presença do B. cocophilus em solo e raízes analisados destas plantas, confirmando os resultados obtidos neste estudo, o qual evidenciou que o B. cocophilus possui baixa taxa de infecção quando disseminado via raiz e solo, sendo que apenas 25 % dos dendezeiros inoculados artificialmente pela raiz, e 5 % das plantas contaminadas com o patógeno na rizosfera, desenvolveram o Anel Vermelho, após oito meses. Entretanto, quando disseminado via aérea, o nematoide pode ser depositado nas bases 82

da flecha pelo R. palmarum, através do estipe pelo Rhinostomus barbirostris Fabricius (Coleoptera: Curculionidae) ou pelo manejo do dendezeiro com ferramentas contaminadas (MOURA et al., 2006; FERRAZ; BROWN, 2016; MOURA, 2017) que foi confirmado neste trabalho. De acordo com Moura (2017), tem-se observado, para as condições no sul da Bahia, que a maior ocorrência do Anel Vermelho coincide com o período de maior produção, ou seja, a doença tem maior expressão no período produtivo, quando são usadas ferramentas para colheita dos cachos. Nos resultados deste estudo, observou-se que 80 % das amostras coletadas do cavador, usado na despalma das folhas de plantas infectadas, continham o nematoide, indicando que a assepsia desta ferramenta, após o uso, pode evitar a disseminação do patógeno de uma planta infectada para outra sadia, tornando-se uma medida preventiva eficaz no manejo desta doença. Desta forma, o entendimento dos mecanismos de disseminação e infecção do nematoide causador do Anel Vermelho é fundamental para o estabelecimento de estratégias de manejo desta doença em palmeira. Resende et al. (1990), ao estudarem a influência do vetor e do macroclima e sua relação na incidência do Anel Vermelho em dendezeiros na Esmai/Ceplac, mostraram que 70,97 % da variação na ocorrência da doença pode ser explicada pela equação de regressão múltipla pelo método “Stepwine”. Considerando-se que 29,03 % dos casos de Anel Vermelho detectados na Esmai não são explicados pela equação encontrada, é provável que existam outros agentes envolvidos na disseminação de B. cocophilus além de R. palmarum, evidenciando a importância de medidas preventivas de controle, a exemplo de injeções com abamectina aplicadas via estipe, que apresentaram alta eficiência no controle preventivo e curativo desta enfermidade em dendezeiro no sul da Bahia (Capítulo 1).

5.5 CONCLUSÕES

Os estudos referentes aos mecanismos de infecção e disseminação do B. cocophulis, evidenciaram que este patógeno apresenta maior letalidade ao dendezeiro quando infectado pela parte aérea da planta, matando 100 % das palmeiras, após cinco meses do início da infecção. Uma vez no interior da palmeira, o patógeno movimenta-se inter e intracelularmente, se alimentado do conteúdo líquido da célula, colonizando todo o estipe, com maior concentração nas partes basais e mediana do estipe, tendo uma redução de 50 % em sua população na parte aérea dos dendezeiros infectados. 83

O B. cocophilus apresentou baixa taxa de infeção quando disseminado via raiz e solo, evidenciando que a dispersão deste patógeno, nas condições do sul da Bahia, está relacionada principalmente ao inseto vetor e a implementos agrícolas contaminados.

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86

6 CAPÍTULO III

SOBREVIVÊNCIA DE Bursaphelenchus cocophilus EM DENDEZEIROS RECÉM CORTADOS E EFEITO DO METANO ARSENIATO ÁCIDO MONOSSÓDICO SOBRE O NEMATOIDE

RESUMO

Pouco se sabe com respeito à sobrevivência de Bursaphelenchus cocophilus agente etiológico do Anel Vermelho do dendezeiro e com a ação do herbicida Metano Arseniato Ácido Monossódico (MSMA) sobre ele. Conhecer isto foram os objetivos deste trabalho. A sobrevivência do nematoide foi estudada em estipes recém cortados de dendezeiros com sintomas avançados da doença por quatro meses após a erradicação. Em dendezeiros mortos com o MSMA foram monitorados para a presença de B. cocophilus até 90 dias após aplicação. O processamento das amostras foi feito no laboratório da Estação Experimental Lemos Maia, no município de Una, Bahia. Bursaphelenchus cocophilus persistiu nos estipes infectados por pelo menos 120 dias após o corte. Os testes in vitro indicaram 100 % de eficácia na mortalidade do nematoide a partir de 30 minutos de exposição na concentração de 200 μl/4 mL de suspensão. Já os testes in vivo indicaram haver 90 % de eficiência do MSMA no controle do nematoide. Desta forma, verificou-se o efeito do herbicida sobre B. cocophilus, tanto in vitro como in vivo, indicando o potencial deste herbicida para o manejo integrado do Anel Vermelho em condições de campo.

Palavras-chave: Anel Vermelho. Controle químico. Elaeis guineensis. Persistência. 87

SURVIVAL OF Bursaphelenchus cocophilus IN RECENTLY ERRADICATED OIL PALM TREE AND THE EFFECT OF METHANE ARSENATE MONOSODIUM ACID ON NEMATODE

ABSTRACT

Oil palm tree (Elaeis guineensis) is characterized by its susceptibility to several diseases, with the red ring (Bursaphelenchus cocophilus) being the main disease. In this context, the present study aimed to determine the survival of B. cocophilus in freshly cut infected oil palm stumps and the in vitro and in vivo action of the herbicide Methane Arsenate Monosodium Acid (MSMA) on the nematode. Samples of oil palm stem with advanced symptoms of the disease were collected up to four months after plant eradication. Oil palm trees killed with MSMA were monitored for the presence of B. cocophilus up to 90 days after application. The samples were processed in the laboratory of the Experimental Station “Lemos Maia”, in the municipality of Una, State of Bahia. Bursaphelenchus cocophilus persisted in infected strips for at least 120 days after cutting. In vitro tests indicated 100 % efficacy in nematode mortality after 30 minutes of exposure at a concentration of 200 μl / 4 mL of suspension. In vivo tests indicated that there was 90 % efficiency of MSMA in controlling the nematode. Thus, the effect of the herbicide on B. cocophilus was verified, both in vitro and in vivo, indicating the potential of this herbicide for the integrated management of the red ring disease under field conditions.

Keywords: Red ring disease. Chemical control. Elaeis guineensis. Persistence.

6.1 INTRODUÇÃO

A cultura do dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) é caracterizada por sua suscetibilidade a diversas doenças, que acarretam perdas significativas de produtividade, sendo uns dos entraves na produção desta oleaginosa. Dentre as principais moléstias, encontra-se o Anel Vermelho, doença letal ao dendezeiro e outras palmeiras de importância econômica, cujo agente etiológico é o nematoide Bursaphelenchus cocophilus (Cobb) Baujard (ARAÚJO, 1990; MOURA et al., 2013; BOARI et al., 2016). A disseminação do B. cocophilus depende principalmente de vetores, tais como: Rhynchophorus palmarum L. (Coleoptera: Curculionidae) e Rhinostomus barbirostris Fabricius (Coleoptera: Curculionidae), os quais colonizam a planta com Anel Vermelho, transportando os nematoides para dendezeiros sadios (MARTYN, 1953; DEAN, 1979; GERBER; GIBLIN-DAVIS, 1990; MOURA, 2017). Segundo Moura (2017), o controle do vetor do Anel Vermelho tem sido feito através da utilização de iscas atrativas alimentares, pinceladas ou pulverizadas com inseticidas, que atuam sobre as diferentes fases do ciclo do R. palmarum. Porém, Sanchez e Cerda (1993) alertam sobre o difícil manejo desta doença, pois quando as plantas manifestam os sintomas da 88

enfermidade o dano é irreversível. Algumas vezes o manejo limita-se apenas a derrubar os dendezeiros infectados sem a adoção de outras medidas de controle (MOURA, 2017). Para Pereira e Pinheiro (2012) a eliminação da fonte de inóculo torna-se uma estratégia simples e importante na redução da doença, pois muitos patógenos permanecem viáveis em restos de cultura por longos períodos, sendo disseminados para plantas sadias. Um dos principais problemas na dendeicultura do sul da Bahia é o Anel Vermelho, o qual requer a erradicação de plantas afetadas com elevado custo operacional, além de ser possível a contaminação do solo pelo nematoide através da serragem expelida do motosserra e o arraste da planta, como também através do estipe e raízes que permanecem no solo, tornando- se fonte de inóculo da doença (MOURA, 2017; BIERHALS et al., 2018). Assim, o manejo integrado apresenta-se como alternativa eficaz, onde o rápido e correto diagnóstico do agente causal e seus vetores, o reconhecimento dos principais sintomas da doença e a eliminação da fonte de inóculo, o torna uma das principais estratégias de controle do Anel Vermelho (VIDA et al., 2004; RITZINGER; FANCELLI, 2006). Este estudo buscou avaliar a sobrevivência de B. cocophilus em estipes de dendezeiros infectados recém cortados e a ação in vitro e in vivo do herbicida Metano Arseniato Ácido Monossódico (MSMA) sobre o nematoide.

6.2 MATERIAL E MÉTODOS

Espécimes de B. cocophilus foram obtidos de coqueiro da variedade Anão Verde com sintomas externos e internos de Anel Vermelho, em plantio no distrito de Pedras, município de Una, Bahia (15°27'S, 39°03'W). Com auxílio de motosserra, pedaços do estipe foram cortados e levados para o laboratório da Estação Experimental Lemos Maia (Esmai), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), localizada no Município de Una, BA (15º17'S, 39°4'W). O processamento do material iniciou-se uma hora após o corte. De cada amostra foram retirados fragmentos de aproximadamente 2 cm2, dos quais foram obtidas quatro amostras de 300 g, que ficaram imersas em 1 L de água por 24 horas. Após, os fragmentos foram retirados restando apenas a suspensão de nematoides (OLIVEIRA; WILCKEN, 2016). Com uma lâmina de Peters sob um microscópio estereoscópico no aumento de 20 vezes, foi estimado o número de nematoides de cada amostra. A concentração foi ajustada para 20.000 nematoides/100 mL de água. Para a inoculação da suspensão de B. cocophilus, foram selecionados, aleatoriamente, 60 dendezeiros sadios da variedade Tenera com cerca de 20 metros e 35 anos de idade existentes 89

no Banco de Germoplasma da Esmai. Em cada palmeira, foram feitos dois furos de aproximadamente 30 cm de profundidade e a 90 cm de altura do solo, utilizando uma furadeira acoplada a um motosserra (Figura 1A). Em cada furo foram adicionados 50 mL da suspensão que, em seguida, foi vedado com auxílio de uma rolha de madeira para evitar a entrada de organismos contaminantes (Figura 1B).

Figura 1 – Inoculação de Bursaphelenchus cocophilus. (A) Furos feitos com auxílio de uma furadeira acoplada a um motosserra. (B) Inoculação da suspensão de nematoide.

Quatro meses após a inoculação, todos os dendezeiros que apresentavam sintoma externo do Anel Vermelho foram cortados e deixados na área de plantio (Figura 2A). A quantificação de B. cocophilus nos estipes erradicados foi feita a cada 20 dias até 120 dias, entre os meses de janeiro a abril de 2019 (Figura 2B). Para estimar o número de nematoides vivos nos estipes cortados, fez-se a contagem de indivíduos, conforme metodologia descrita anteriormente. Para verificar a ação do metano arseniato ácido monossódico (MSMA) sobre B. cocophilus fez-se teste in vitro, com adaptação da metodologia de Oliveira e Wilcken (2016), na qual uma suspensão foi ajustada para 625 nematoides/mL. Em seguida, 4 mL da suspensão foram pipetados em placas de Petri adicionando-se diferentes volumes do herbicida: 10 μl, 50 μl, 100 μl, 200 μl e 400 μl. As análises foram feitas após 30, 60, 90 e 120 minutos, em temperatura ambiente (±27 °C). O número aproximado de nematoides vivos de cada amostra foi calculado com auxílio da lâmina de Peters. Na testemunha não houve adição do herbicida. Para determinar a eficiência in vivo do MSMA sobre B. cocophilus, 20.000 nematoides foram inoculados em cada dendezeiro sadio, perfazendo um total de 40 plantas, as quais 90

apresentaram sintomas típicos do Anel Vermelho após 30 dias (Figura 2C), quando fez-se a aplicação do MSMA em 20 dendezeiros, sendo 100 mL (79 g/l i.a.) por planta. A testemunha foi composta por 20 dendezeiros sintomáticos sem o tratamento com o herbicida. Após 90 dias da aplicação, as plantas foram cortadas e uma amostra de cada estipe foi tomada para contagem de indivíduos de B. cocophilus ativos, conforme metodologia de extração descrita anteriormente.

Figura 2 – Erradicação de dendezeiros com Anel Vermelho. (A) Estipes de dendezeiros recém cortados. (B) Coletas do estipe para determinar a sobrevivência do Bursaphelenchus cocophilus. (C) Dendezeiro com sintoma inicial do Anel Vermelho. (D) Dendezeiros mortos pelo herbicida à base de Metano Arseniato Ácido Monossódico.

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos estipes inoculados e posteriormente cortados, observou-se, 20 dias após erradicação, uma média de 13.028 nematoides vivos/amostra, sendo que aos 40, 60 e 80 dias após a inoculação foi verificado um aumento significativo da população de B. cocophilus (29.290, 33.967 e 50.737 indivíduos/amostra, respectivamente). Entre 80 e 100 dias após a inoculação, observou-se uma redução de cerca de 95 % da população do nematoide, a qual foi reduzida para cerca de 2.000 nematoides vivos/amostra após 120 dias (Figura 3). Bierhals et al. (2018), ao estudarem a sobrevivência de B. cocophilus nas raízes e rizosfera de coqueiros 91

(Cocos nucifera L.) recém erradicados, observaram que esses nematoides sobreviveram por até 118 dias nas raízes e até 76 dias no solo, reforçando a necessidade do manejo da planta mesmo após a sua morte, para evitar a persistência do patógeno e a possibilidade de sua disseminação na área de plantio, especialmente por que poucos indivíduos de B. cocophilus são suficientes para o completo estabelecimento da doença em uma área (GRIFFITH, 1968).

Figura 3 – Sobrevivência do Bursaphelenchus cocophilus em estipes de dendezeiros recém cortados. 60.000

50.000

40.000

30.000

20.000 Número Número de Nematoides 10.000

0 20 40 60 80 100 120 Tempo (dias)

No teste in vitro com o MSMA, verificou-se a mortalidade total de B. cocophilus na dosagem de 100 μl a partir de 90 minutos, sendo que na dosagem de 200 μl tal redução foi observada após 30 minutos. Quando foram aplicados 50 μl do herbicida, a eficiência na mortalidade do nematoide foi de apenas 36 % aos 120 minutos de exposição. Não foi observado nenhum efeito do MSMA sobre o nematoide quando submetido à dosagem de 10 μl (Figura 4). James, Tisserat e Todd (2006) verificaram a ação in vitro do inseticida/nematicida “abamectina” sobre B. xylophilus (Steiner & Buhrer) Nickle, o qual reduziu mais de 80 % da atividade deste nematoide após 48 horas de exposição em diferentes concentrações.

92

Figura 4 – Avaliação das propriedades nematicidas do Metano Arseniato Ácido Monossódico sobre Bursaphelenchus cocophilus.

Noventa dias após a aplicação do MSMA em dendezeiros, os tecidos internos e externos das plantas apresentaram-se completamente secos (Figura 2D), o que não ocorreu naquelas que não foram tratadas com o herbicida, as quais ainda se mostravam sintomáticas. Das 20 plantas tratadas com o herbicida, em apenas duas foram observados indivíduos vivos de B. cocophilus. Em todas as plantas inoculadas e não tratadas com MSMA a média de indivíduos ativos foi de 10.205 por planta. León (2016), ao avaliar diferentes tipos e concentrações de herbicidas na erradicação de dendezeiros, concluiu que plantas erradicadas com glifosato secam totalmente após 55 a 105 dias, sendo que a ação do MSMA sobre esta espécie é bem mais rápida, havendo seca total após 8 a 22 dias. Embora tenha sido estabelecida a dosagem de 79 g i.a./planta no presente estudo, Fontes (2009) observou que a erradicação de coqueiros com sintomas de Resinose (Ceratocystis paradoxa (Dade) C. Moreau) utilizando-se o MSMA na concentração de 21,6 g i.a./planta, promoveu a seca de mais de 90 % dos coqueiros em apenas 28 dias, indicando ser esta uma estratégia eficiente e na eliminação de plantas infectadas em menor tempo. A erradicação de dendezeiros com Anel Vermelho através do herbicida MSMA poderá reduzir a disseminação do B. cocophilus a partir de plantas mortas, uma vez que o rápido 93

declínio da população do patógeno consequentemente desfavorecerá a disseminação por seus vetores, R. palmarum e R. barbirostris. Assim, a utilização do MSMA no manejo integrado do Anel Vermelho poderá ser considerada, uma vez que a eliminação de plantas sintomáticas por este meio possibilitará a redução da população do nematoide e sua disseminação através dos vetores.

6.4 CONCLUSÕES

Foi verificada a sobrevivência de B. cocophilus em dendezeiros sintomáticos erradicados através de corte, constatando-se uma redução de 95 % na população do nematoide após 120 dias. Tal fato revela a necessidade do manejo adequado dos estipes cortados, quer seja pela completa eliminação dos mesmos ou por tratamento químico com herbicida. MSMA apresentou efeito sobre B. cocophilus, tanto in vitro como in vivo, e tem potencial para o manejo integrado do Anel Vermelho, uma vez que há eliminação da planta e do nematoide concomitantemente, o que reduzirá o custo do controle desta enfermidade. Entretanto, estudos adicionais para o registro deste princípio ativo para utilização na cultura do dendê deverão ser feitos, mesmo porque a endoterapia (injeção no estipe) possibilita a utilização de quantidades extremamente pequenas de herbicidas quando comparada à aplicação tradicional destes.

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95

7 CAPÍTULO IV

AVALIAÇÃO DO HÍBRIDO INTERESPECÍFICO (HIE) DE DENDEZEIRO COM O ‘CAIAUÉ’ AO ATAQUE DE Bursaphelenchus cocophilus NO SUL DA BAHIA

RESUMO

O dendezeiro (Elaeis guineensis) é uma espécie cultivada no sul da Bahia de origem africana, principalmente para a produção do óleo, sendo importante na indústria alimentícia. Este estudo foi realizado para avaliar a resistência do híbrido interespecífico de ‘Caiaué’ (Elaeis oleifera) com dendezeiro (HIE OxG) ao Anel Vermelho, causado pelo Bursaphelenchus cocophilus. Para tanto, foram selecionadas 20 plantas sadias de dendezeiro, 20 de ‘Caiaué’ e 20 de HIE. Em cada palmeira foi inoculada uma suspensão de 100 mL na concentração de 20.000 nematoides. No vigésimo sexto dia após a inoculação, apenas os dendezeiros apresentaram sintomas externos e internos do Anel Vermelho, com variável número de nematoides em motilidade, ao passo que as plantas de ‘Caiaué’ e HIE não desenvolveram sintomas externos e internos da doença. Ficou evidenciada que o ‘Caiaué’ e o HIE são resistentes ao Anel Vermelho. Em teste in vitro, no qual nematoides foram submersos em sumo de plantas de ‘Caiaué’ extraído do estipe, notou-se cerca de 98 % de mortalidade dos nematoides após 120 horas. As testemunhas permaneceram com índice de nematoides vivos, superiores a 60 %. Desta forma, entende-se que o HIE herdou os genes de resistência do ‘Caiaué’, sendo recomendado o cultivo deste híbrido em áreas com incidência da doença Anel Vermelho.

Palavras-chave: Elaeis guineensis. Elaeis oleifera. Anel Vermelho. Nematoide. 96

EVALUATION OF THE INTERSPECIFIC HYBRID (HIE) OF OIL PALM TREE VERSUS ‘CAIAUÉ’ TO THE ATTACK OF Bursaphelenchus cocophilus IN SOUTHERN BAHIA

ABSTRACT

Oil palm tree (Elaeis guineensis) is a species cultivated in southern Bahia of African origin, mainly for the oil production, being important in the food industry. This study was carried out to evaluate the resistance of the interspecific hybrid of 'Caiaué' (Elaeis oleifera) with oil palm ttree (HIE OxG) to the red ring disease, caused by Bursaphelenchus cocophilus. For this purpose, 20 healthy oil palm trees, 20 from 'Caiaué' and 20 from HIE were selected. In each palm, a suspension of 100 mL was inoculated at a concentration of 20,000 nematodes. On the twenty-sixth day after inoculation, only oil palm trees showed external and internal symptoms of the red ring disease, with variable number of motility nematodes, while ‘Caiaué’ and HIE plants did not develop external and internal symptoms of the disease. Evident that ‘Caiaué’ and HIE are resistant to the red ring disease. In an in vitro test, in which nematodes were submerged in 'Caiaué' plants´ juice, extracted from the stipe, about 98 % of nematode mortality was noted after 120 hours. The controls remained with a high rate of live nematodes, above 60 %. In this way, it is understood that the HIE inherited the resistance genes from ‘Caiaué’, and the cultivation of this hybrid is recommended in areas with an incidence of red ring disease.

Keywords: Elaeis guineensis. Elaeis oleifera. Red ring disease. Nematode.

7.1 INTRODUÇÃO

O sul da Bahia apresenta condições edafoclimáticas apropriadas para o cultivo de diversas culturas, sejam estas perenes ou anuais, gerando alternativas para a agricultura regional. Dentre essas culturas, ganha destaque o dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.), espécie de origem africana que tem como produto o óleo, que é utilizado, principalmente, na produção alimentícia, tornando-se importante fonte geradora de empregos e renda no meio rural (SAVIN, 1965; SANTOS, 2010; ABRAPALMA, 2018). Devido à biodiversidade encontrada nesta região (DUTRA et al., 2012), um fator que se torna limitante na produção desta oleaginosa é a ocorrência de doenças que acarretam perdas significativas da produtividade. Dentre os patógenos destas enfermidades, destaca-se o nematoide Bursaphelenchus cocophilus (Cobb) Baujard., agente etiológico do Anel Vermelho, principal doença desta cultura, por sua extrema agressividade e letalidade ao dendezeiro (ARAÚJO, 1990; MOURA et al., 2013; BOARI et al., 2016). 97

Dentre os diversos tipos de controle de doença, a utilização de plantas resistentes é uma das medidas mais indicadas, por ser eficaz e ter baixo impacto ambiental. Segundo Fernandes et al. (2009), a resistência ocorre pela ativação da defesa, na planta, através de sucessivos eventos e sinais que se iniciam no reconhecimento do agente agressor e culminam com a ativação das barreiras físicas e químicas. A resistência do hospedeiro a um microrganismo patogênico pode ser definida, sob o aspecto fisiológico, como a capacidade da planta em atrasar ou evitar a entrada e, ou a subsequente atividade do patógeno em seus tecidos (GOODMAN; KIRÁLY; WOOD, 1986). Segundo Pascholati e Leite (1995) a defesa vegetal é multicomponente, atuando de maneira dinâmica e coordenada, no momento e local apropriado e com a magnitude adequada. Essa complexidade funcional, espacial e temporal inicia-se com o reconhecimento, pelo hospedeiro, de sinais exógenos provenientes do patógeno, e continua com os mecanismos de transdução desses sinais, resultando em reprogramação do metabolismo celular vegetal e mudanças na atividade gênica do hospedeiro (WALTERS; NEWTON; LYON, 2007). Em plantios comerciais de dendezeiro no Brasil, predomina a cultivar Tenera, um híbrido intraespecífico, cuja origem é o cruzamento entre dendezeiros dos tipos Dura e Pisífera. Esta palmeira tornou-se a mais produtiva, porém apresenta suscetibilidade a diversas doenças, principalmente ao Anel Vermelho (RAMOS; VEIGA; JÚNIOR, 2006). Devido a esta planta apresentar alta suscetibilidade a doenças, a espécie de palmeira ‘Caiaué’ (Elaeis oleifera (Kurth) Cortés), endêmica da América Central e norte da América do Sul, vem ganhando destaque por sua rusticidade e resistência às enfermidades, a exemplo do Anel Vermelho, além de possuir óleo insaturado de melhor qualidade, mesmo tendo menor produtividade (RAMOS; VEIGA; JÚNIOR, 2006). Em virtude disso, a Embrapa iniciou, na década de 1980, um programa de melhoramento genético visando o desenvolvimento do híbrido interespecífico (HIE) entre o ‘Caiaué’ e o dendezeiro africano. O cruzamento destas duas espécies resultou em uma planta com características agronômicas superiores ao E. guineensis, que incluem: resistência a pragas e doenças, com destaque para o Amarelecimento Fatal (etiologia desconhecida), elevada taxa de ácidos graxos insaturados e menor porte (CONCEIÇÃO; MULLER, 2000; CUNHA; LOPES, 2010; MOURA et al., 2013). Desse modo, o HIE tem um futuro promissor na dendeicultura baiana. O objetivo deste trabalho foi avaliar a resistência do HIE a Bursaphelenchus cocophilus nas condições edafoclimáticas do sul da Bahia.

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7.2 MATERIAL E MÉTODOS

7.2.1 Extração e obtenção da suspensão de Bursaphelenchus cocophilus Os espécimes de B. cocophilus, utilizados neste estudo, foram obtidos de um coqueiro da variedade Anão Verde com sintomas externos e internos de Anel Vermelho, situado no distrito de Pedras, município de Una, Bahia (15°27'S, 39°03'W). A extração para obtenção da suspensão do nematoide foi feita conforme metodologia de Oliveira e Wilcken (2016), descrita no Capítulo 1 deste trabalho. Utilizando-se uma lâmina de Peters sob um microscópio estereoscópio no aumento de 20 vezes, foi calculado o número aproximado de nematoides de cada amostra. A concentração foi ajustada para 20.000 nematoides por 100 mL de água.

7.2.2 Infecção do Bursaphelenchus cocophilus em dendezeiro africano, ‘Caiaué’ e o híbrido interespecífico (HIE) Para a condução deste experimento, foram selecionadas, aleatoriamente, em janeiro de 2018, 20 plantas da variedade Tenera com altura aproximada de 15 metros, 160 centímetros de circunferência de estipe (d = 50,9 cm), 20 plantas da espécie ‘Caiaué’, com altura aproximada de 5 metros, 140 centímetros de circunferência de estipe (d = 44,6 cm) e 20 plantas do híbrido interespecífico (HIE OxG), com altura aproximada de 5 metros, 180 centímetros de circunferência de estipe (d = 57,3 cm), todas sadias, pertencentes ao banco de germoplasma da Estação Experimental Lemos Maia (Esmai), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), localizada no Município de Una, BA (15º17'S, 39°4'W). Em cada palmeira estudada, foram feitos dois furos no estipe, com inclinação de 45º em relação ao solo, de aproximadamente 30 cm de profundidade a 90 cm de altura do solo, utilizando uma furadeira acoplada a um motosserra, e em seguida inoculada a concentração de 20.000 nematoides (50 mL da suspensão por furo), sendo os orifícios vedados com uma rolha de madeira para evitar a entrada de contaminantes. Durante o experimento, foram feitas três observações para avaliar o aparecimento de sintomas externos nas seguintes datas do ano de 2018: 20/02, 19/04 e 16/07. Para a observação dos sintomas internos, os estipes foram cortados a aproximadamente 60 cm de altura do solo, na data da última avaliação, procurando-se visualizar o anel interno na parte basal. Fez-se a contagem de indivíduos de B. cocophilus em cada unidade experimental, mediante extração conforme metodologia de Oliveira e Wilcken (2016).

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7.2.3 Teste in vitro para analisar o efeito da seiva do caiaué sobre B. cocophilus Uma planta sadia de ‘Caiaué’ foi selecionada e posteriormente inoculada, utilizando- se a mesma metodologia descrita anteriormente. Após sete dias da inoculação do nematoide na planta, o estipe foi cortado em discos transversais, que foram levados ao laboratório para extração do sumo (Figura 1AB) e posterior teste de inibição do patógeno. Para a realização do teste in vitro, o B. cocophilus foi obtido do estipe de coqueiro, com sintoma avançado do Anel Vermelho, fazendo-se a extração do nematoide conforme descrito no Capítulo 1 deste trabalho. A suspensão contendo todas as fases biológicas de B. cocophilus foi ajustada para 800 nematoides/mL de água. Dois mL da suspensão (aproximadamente 1.600 nematoides) e dois mL do sumo de ‘Caiaué’ foram pipetados em placas de Petri. As análises foram feitas após 24, 48, 72, 96 e 120 horas, com seis repetições para cada tempo. A cada 24 horas, a suspensão de nematoides em contato com o sumo foi transferida para um lenço de papel sobre uma peneira em contato com água de torneira, deixando-o em temperatura ambiente, para contagem de nematoides vivos (Figura 1CD), conforme metodologia descrita por Alby (1975).

Figura 1 – Efeito do sumo do ‘Caiaué’ sobre o Bursaphelenchus cocophilus. (A) Trituração do estipe. (B) Obtenção do sumo. (C) Suspensão de nematoides e sumo do dendê. (D) Análise da sobrevivência do B. cocophilus a cada 24 horas.

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7.3 RESULTADOS

Os primeiros sintomas externos começaram a aparecer a partir do 26° dia da inoculação do B. cocophilus em todas as plantas de dendezeiro da variedade Tenera, com o amarelecimento progressivo das pontas das folhas mais velhas em direção à ráquis (Figura 2A). Aos 58 dias após os sintomas iniciais, as plantas se encontravam em estágio avançado da doença, com as folhas basais completamente secas e o tufo central ainda com folhas verdes. Neste estágio, verificou-se o apodrecimento das inflorescências, com frutos desprendendo-se dos cachos já podres (Figura 2B). Após 88 dias da segunda observação, todas as plantas morreram (Figura 2C).

Figura 2 – Sintomas externos e internos do Anel Vermelho em dendezeiro da variedade Tenera. (A) Sintoma inicial. (B) Sintoma avançado. (C) Palmeiras mortas. (D) Anel interno no estipe do dendezeiro.

Após o corte dos estipes do dendezeiro africano, do ‘Caiaué’ e do HIE, foi possível observar o anel interno apenas nas plantas do primeiro (Figura 2D), as quais também apresentaram alta concentração de nematoides, variando entre 2.000 a 22.000 espécimes, tendo uma média de 11.000 nematoides por 300 gramas de estipe. Nas plantas de ‘Caiaué’ (Figura 3AB) e de HIE (Figura 4AB) não foram observados sintomas externos ou internos da doença, bem como não foi detectado B. cocophilus nos estipes analisados.

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Figura 3 – Palmeiras de Caiaué (Elaeis oleifera). (A) Plantas assintomáticas. (B) Estipe sem a presença do anel interno.

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Figura 4 – Palmeiras de HIE. (A) Plantas assintomáticas. (B) Estipe sem a presença do anel interno.

Deste modo, ficou comprovada a resistência de E. oleifera e do HIE ao ataque de B. cocophilus em condições edafoclimáticas do sul da Bahia, sendo a suscetibilidade de E. guineensis ao B. cocophilus confirmada nestas condições.

7.3.1 Teste in vitro para analisar o efeito da seiva do ‘Caiaué’ sobre B. cocophilus O teste in vitro evidenciou que os tratamentos com sumo do ‘Caiaué’ foram efetivos no controle do B. cocophilus, causando a morte de 98 % dos nematoides após 120 horas, diferindo da testemunha (água + nematoide), na qual observou-se mortalidade inferior a 40 %. Nas primeiras 72 horas, notou-se que a mortalidade dos nematoides atingiu 50 %, alcançando cerca 103

de 80 % nas repetições 4 e 5. A partir de 96 horas, observou-se alto índice de mortalidade em todas as repetições, sendo superior a 60 % e chegando a 92,5 % na repetição 4 (Figura 5).

Figura 5 – Avaliação do efeito do sumo do ‘Caiaué’ sobre Bursaphelenchus cocophilus.

7.4 DISCUSSÃO

Bursaphelenchus cocophilus demonstrou ser letal à E. guineensis, levando as plantas à morte em no máximo 172 dias após a inoculação do patógeno, confirmando ser esta palmeira altamente suscetível nas condições estudadas. Comparando os resultados deste estudo ao realizado por Thurston (1984) em coqueiros (Cocos nucifera L.) infectados por B. cocophilus, nota-se que o dendezeiro leva em média o mesmo tempo para manifestar os primeiros sintomas do Anel Vermelho, demorando maior tempo para morrer. Segundo o autor, coqueiros duram, em média, de 23 a 28 dias para manifestar os primeiros sintomas da doença, e morrem 3 a 4 meses após a infecção. Boari et al. (2016) explicam que o quadro sintomatológico pode variar no campo de acordo com a idade, a cultivar e o local de infecção. Segundo Silva (1991), a planta pode ser infectada pelo nematoide por diferentes partes e, dependendo do local da penetração, manifesta diferentes sintomas. Ainda de acordo com o autor, se a introdução do patógeno ocorrer pela parte basal do estipe, as folhas mais velhas apresentam um amarelecimento progressivo da ponta para baixo, seguido do secamento das folhas. O amarelecimento progride no sentido das 104

folhas mais novas devido à colonização dos tecidos superiores pelos nematoides, sendo que os frutos soltam-se dos cachos sem que estejam completamente maduros. Ressalta-se que tais sintomas foram observados neste estudo. O dendezeiro pode ser atacado por outros patógenos, os quais podem induzir sintomatologia externa semelhante ao Anel Vermelho, como é o caso do protozoário Phytomonas staheli McGhee & McGhee, causador da Murcha de Fitomonas (WARWICK, 2005). Desta forma, a observação do anel interno é fundamental para diferenciar o Anel Vermelho das demais enfermidades em campo. De acordo com Tihohod (1993) e Giblin-Davis (2001), a presença do anel é um distúrbio metabólico produzido pela atividade do nematoide, o qual causa danos aos vasos condutores de monocotiledôneas, sendo estes irreversíveis, levando a planta à morte em alguns meses. Tal fato ficou evidente nos resultados encontrados em plantas de dendezeiro da variedade Tenera, nas quais foram observados o típico anel interno de coloração marrom. Por outro lado, algumas plantas desenvolvem mecanismo(s) de defesa ao ataque do patógeno, tornando-se resistentes. Schwan-Estrada, Stangarlin e Pascholati (2008) explicam que podem ocorrer dois mecanismos de defesa, estrutural e bioquímico, sendo estes pré ou pós formados em relação à tentativa de penetração do patógeno. O mecanismo estrutural consiste em barreiras físicas à penetração, e o bioquímico engloba substâncias capazes de inibir o desenvolvimento do patógeno, fator este que pode explicar os resultados encontrados no teste in vitro, o qual induziu a morte de 98 % dos espécimes de B. cocophilus após 120 horas de submersão na seiva do ‘Caiaué’. O ‘Caiaué’ vem se destacando em programas de melhoramento genético devido a diversas características que lhes são peculiares, dentre as quais a resistência ao ataque de pragas e patógenos, principalmente ao B. cocophilus. Há que se considerar, ainda, a transmissão de características de resistência ao HIE pelo ‘Caiaué’. Naturalmente que a combinação de uma cultivar que tenha a resistência do ‘Caiaué’ e a produtividade do dendezeiro africano é o que se busca em programas de melhoramento genético (MÜLLER, 1980; SILVA, 1991; RAMOS; VEIGA; JÚNIOR, 2006; MOURA et al., 2013). Estudos realizados por Cunha e Lopes (2010) mostraram o HIE com melhor desempenho agronômico, sendo recomendada a cultivar BRS Manicoré (inserida no Registro Nacional de Cultivares – RNC sob o nº 26031) para cultivo em área de incidência da doença denominada Amarelecimento Fatal, cujo agente etiológico é desconhecido. Apesar dos resultados promissores de resistência do ‘Caiaué’ e HIE ao B. cocophilus, estudos em andamento com plantas de HIE do banco de germoplasma da Esmai demonstram, 105

parcialmente, que tais acessos genéticos são suscetíveis a algumas doenças causadas por fungos. Segundo Moura (2017), plantas infectadas por estes patógenos tornam-se atrativas a Rhinostomus barbirostris, um dos vetores de B. cocophilus, podendo, assim, disseminar este patógeno para plantações de dendezeiro africano. Na dendeicultura o Anel vermelho ainda é considerada a principal doença (BOARI et al., 2016), acarretando perdas significativas na produtividade desta oleaginosa, sendo necessário adotar medidas de controle preventivo mais eficazes, a exemplo da utilização de plantas resistentes a esta doença. Desta forma, com base nos resultados deste estudo, recomenda-se o cultivo do HIE em áreas com elevado índice de Anel Vermelho, ficando comprovada a resistência deste híbrido a B. cocophilus.

7.5 CONCLUSÕES

O HIE pode ser uma alternativa viável para o cultivo do dendezeiro nas condições edafoclimáticas e fitossanitárias do sul da Bahia, pois apresenta características agronômicas superiores ao E. guineensis além de resistência ao B. cocophilus.

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8 CONCLUSÕES GERAIS

A presente pesquisa trouxe avanços para o manejo integrado do Anel Vermelho em dendezeiro e coqueiro no sul da Bahia da seguinte forma: a) estabelecendo o uso de injeções de abamectina para o controle preventivo e curativo da doença em palmeiras; b) comprovando que há uma baixa taxa de disseminação do patógeno pela raiz e solo, enfatizando que o cavador utilizado na despalma transmite o nematoide; c) constatando que o B. cocophilus sobrevive em estipes de dendezeiros infectados recém cortados por pelo menos 120 dias, havendo a necessidade de se manejar adequadamente tais estipes, quer seja por sua completa eliminação ou pela utilização do herbicida MSMA, o qual promoveu total dessecação das plantas e mortalidade do nematoide de forma concomitante; d) recomendando o cultivo do híbrido (HIE) em áreas com incidência do Anel Vermelho.