Levantamento Fitopatológico De Doenças Da Bananeira Com Ênfase À Sigatoka Negra (Mycosphaerella Fijiensis,MORELET) Nos Municípios Produtores De Banana Da Paraíba
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Levantamento Fitopatológico de Doenças da Bananeira com Ênfase à Sigatoka Negra (Mycosphaerella fijiensis,MORELET) nos Municípios Produtores de Banana da Paraíba Edson Batista Lopes Engº Agrônomo, Pesquisador da EMBRAPA/EMEPA-PB.Fitopatologista, M.S. Consultor da Defesa Agropecuária da Paraíba – SAIA. EMEPA/PB -Estação Experimental de Lagoa Seca – Estrada da Imbaúba, Km3, Zona Agrícola. 58.117-000. Fone: 0xx83 3661298/99719758. Ivanildo Cavalcanti de Albuquerque EngºAgrônomo, EMEPA-PB.Especialista em Fruticultura Tropical.EMEPA/PB-Estação Experimental de Lagoa Seca- Estrada da Imbaúba,Km3,Zona Agrícola.58117-000.Fone:0xx83 3661298. Sumário 1. Introdução Em atendimento ao Senhor Diretor - Presidente da EMEPA-PB, Dr Miguel Barreiro Neto, através do MEMO Nº 065/PRESI datado de 09 de setembro de 2004, sobre a ocorrência da doença da bananeira conhecida como Sigatoka Negra, nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia,Mato Grosso, São Paulo e, mais recentemente, em Minas gerais, com grande possibilidade de se alastrar por todo o País e, em breve, chegar á Paraíba,um levantamento fitopatológico foi proposto com o objetivo de diagnosticar a possível presença da doença em território paraibano e, definir tecnicamente, as medidas preventivas de controle mais recomendadas. O Brasil é o 2º produtor mundial de banana, com produção aproximada de 6,8 milhões de toneladas, numa área cultivada de 560 mil hectares (AGRIANUAL,2001).A bananicultura possui grande importância econômica e social, sendo cultivada numa extensa região tropical, geralmente por pequenos agricultores. A cultura tem grande importância social, pois além da geração de empregos (dados do Ministério da Agricultura e Abastecimento, 2002, informam que o setor gera mais de 500.000 empregos diretos) e ser uma das fruteiras mais plantadas no país,é uma importante fonte de alimento, apresentando, em média, por 100g da fruta: 108,2 calorias; 1,2g de proteína; 0,2 g de gordura; 25,4 g de carboidratos; 9 mg de cálcio; 27 mg de fósforo; 0,6 mg de ferro; 50 mg de vitamina A; 11 mg de vitamina C; entre outros. Além disso, 99% da fruta produzida é consumida no mercado interno, fazendo parte do hábito alimentar da população.É indiscutível o papel da banana na complementação alimentar das populações de baixa renda e, praticamente, toda a produção brasileira destina-se ao mercado interno. O Brasil apresenta-se como um dos maiores mercados do mundo para essa fruta e o consumo per capita passou de 21,5 kg/hab/ano, no triênio 1973/75, para 24 kg/hab/ano, no triênio 1993/95. Os maiores problemas do cultivo no Brasil são a falta de variedades comerciais produtivas, com porte adequado e resistência às principais doenças, aos nematóides e às pragas, além do manejo inadequado do sistema solo-água-planta.As doenças como o Mal-do-Panamá, a Sigatoka Amarela e o Moko, que já prejudicam o cultivo substancialmente, existe a Sigatoka Negra, recentemente introduzida no País, que vem causando danos expressivos à bananicultura nacional.Uma das estratégias para a solução dos problemas mencionados é a criação de novas variedades resistentes a doenças, nematóides e pragas, mediante o melhoramento genético que possibilita a obtenção de híbridos superiores. No Nordeste, onde são produzidos 34% de toda a banana do País, é uma das frutas mais consumidas. Ela é estratégica, pois é um dos componentes básicos da alimentação de todas as camadas da população. Apesar dessa importância e do potencial de produção dessa fruteira, principalmente em sistemas irrigados, tem-se observado redução na maioria dos índices de produção.Assim é que as áreas de abrangência no Nordeste (Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará), produziu junto, em 1990, um total de 196.826 mil cachos de banana, passando para 179.048 mil cachos em 2000, apresentando queda de 9%. Quanto à área colhida, passou de 174.869 ha para 156.980 ha, representado redução ao redor de 10%. Enquanto em 1990 a Região dos Tabuleiros Costeiros gerava aproximadamente 26% da produção desses Estados, essa participação caiu para 20% em 2000.Embora no Nordeste encontrem-se boas condições de clima e solo para a produção de banana com alto padrão de qualidade, verifica-se baixa eficiência na produção e no manejo pós-colheita, principalmente nas áreas cultivadas em sistema de sequeiro. Sob regime de irrigação, principal forma de expansão dessa cultura,tem-se obtido produtividade elevada, porém ainda incompatível com os investimentos aplicados, devido a problemas relacionados ao manejo do solo, tratos culturais,pragas,doenças,tratamento pós-colheita e comercialização, entre outros. Na Paraíba, segundos dados do IBGE(2002),a área colhida com banana foi 16.937 hectares e um rendimento médio de 16.988 kg/ha.A bananeira é cultivada em todo o Estado,abrangendo as Mesorregiões da Mata Paraibana,Agreste Paraibano,Borborema e Sertão Paraibano, com um total de 11.608 hectares,dados esses obtidos no presente trabalho..Em termos percentuais,a Mesorregião Agreste Paraibano é responsável por 89% da área plantada e onde concentram-se os principais problemas fitopatológicos da bananeira. No tocante aos tipos de bananeiras cultivadas,97% são do tipo mesa,encabeçada pelas cultivares “pacovan” , “prata-comum”,comprida e “maçã.” Os 3% restantes são cultivares destinadas às industrias como “nanica”, “nanicão” e “grand naine.” Todas essas cultivares são suscetíveis á Sigatoka Amarela e Sigatoka Negra.Diante do exposto,caso a Sigatoka Negra venha a se estabelecer nas zonas produtoras de banana da Paraíba ,todas elas sucumbirão em pequeno espaço de tempo.Isto acontecento, uma crise sócio-conomica sem precedente irá ocorrer, já que o cultivo da bananeira gera quatro empregos diretos/hectare, durante os 12 meses do ano. 2. Breve Histórico da Sigatoka Negra A SIGATOKA NEGRA foi observada pela primeira vez nas Ilhas Fijii,em 1963. Essa doença da bananeira, é causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensís Var. difformis, identificado por Mulder e Stover, a partir de Honduras (1972) disseminou-se para Belice (1975), Guatemala (1977), Nicarágua (1979), México (1980), Costa do Pacífico (1981), Panamá - zona do Atlântico e Pacífico (1981), Colômbia (1986), Equador (1987) e Peru (1995).. O fungo foi descrito pela primeira vez em 1963 nas Ilhas Fiji, distrito de Sigatoka, com a denominação de “estria negra da bananeira”, sendo conhecido por Mycosphaerella fijiensis var. difformis (Morelet), cuja forma perfeita é Paracercospora fijiensis. Esta doença se alastra nas folhas da bananeira, causando uma rápida decomposição foliar, reduzindo a capacidade fotossintética da planta, podendo causar-lhe a morte, antes mesmo da formação do cacho e dos frutos, e a conseqüente redução da produção da bananicultura. Ao chegar da América Central e da Colômbia em 1988, no Estado do Amazonas, a Sigatoka Negra rapidamente se espalhou pelo norte do país. Atualmente, quase todas as regiões produtoras da Amazônia já estão contaminadas. Também há focos de Sigatoka Negra nos bananais do Centro-oeste e no Mato Grosso. O avanço rápido do problema exigiu pressa dos cientistas. Era o início de uma corrida contra o tempo no sentido de conter a disseminação e como combater a doença. Em 1999 o fungo já ocupava todo o Estado do Amazonas e ainda Rondônia e Acre. Em 2000 foi a vez de Roraima, do Amapá e de parte do Mato Grosso . Em 2001 a doença chegou aos cultivos do Pará. Só no Estado do Amazonas, em cinco anos, o fungo destruiu quase 70% dos bananais. Hoje, a doença já foi detectada também nos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e, mais recentemente, em Minas Gerais. O fungo, levado pelo vento, chuva ou transporte das folhas e frutas, tem alta capacidade de disseminação. Dentre as doenças da bananeira, a Sigatoka Negra é a que atualmente vem trazendo maiores preocupações para produtores e pesquisadores. 3. Resultados por Mesorregiões e Municípios de Abrangência do Levantamento. Durante um período de 13 dias dos meses de setembro e outubro , os técnicos Edson Batista Lopes e Ivanildo Cavalcanti de Albuquerque, percorreram 3.644 km em rodovias asfaltadas e estradas carroçáveis,abrangendo as Mesorregiões da Mata Paraibana,Agreste Paraibano,Borborema e Sertão Paraibano.Nas citadas mesorregiões, foram obtidos dados e visitados um total 65 municípios que cultivam a banana ,desde 01 a 2.100 hectares de área plantada.No levantamento fitopatológico foi dado ênfase a doença Sigatoka Negra, mas também foram levantadas a Sigatoka Amarela e o Mal-do- Panamá. Os resultados obtidos serão apresentados por mesorregião homogênea onde nos seus respectivos municípios, alvo de estudos, foram levantados dados da área plantada,variedades cultivadas e as principais doenças fúngicas da bananeira. 3.1. Mesorregião da Mata Paraibana Na tabela 1, são apresentados os resultados obtidos na Mesorregião da Mata Paraibana. Em nenhum momento do levantamento, foi diagnosticada a Sigatoka Negra, doença da bananeira alvo do estudo e mais temida por técnicos e produtores.A Sigatoka Amarela ocorre em todos os municípios e localidades visitadas e com uma incidência relativamente danosa, com índices que variam entre 20- 45% de redução no peso e tamanho do cacho(Fotos 1 e 2).Já o Mal-do-Panamá, vem ocorrendo em alguns municípios, principalmente, em reboleiras, mas com incidência baixa entre 1-4% de plantas afetadas. Cacho de "pacovan", de planta com baixa Cacho de "pacovan", de planta com média incidência de Sigatoka Amarela incidência de Sigatoka Amarela 3.2. Mesorregião Agreste Paraibano A Mesorregião Agreste Paraibano é onde está concentrada a maior área cultivada com a banana,ocupando mais de 10.000 hectares.A cultivar “pacovan”, ocupa 95%, enquanto que os outros 5%, correspondem as cultivares “prata-comum”,comprida e um pouco de “maçã”.Os Municípios e Bananeiras e Borborema, ocupam as maiores áreas com 2100 e 1800 hectares,respectivamente(tabela 2). Vista de um bananal em Bananeiras Vista de um bananal em Borborema É, nessa microrregião, onde as doenças fúngicas da bananeira são mais severas.As condições edafo- climaticas reinantes nos municípios, aliados á falta de um bom manejo cultural,tem levado a cultura a apresentar doenças,desordens nutricionais e fisiológicas,bem como a elevação da intensidade do ataque de pragas.