Breve Mapeamento Das Instituições Que Organizam O Futebol Profissional
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar Francischini, Sandro Luis Montanheiro. F818cb Campeonato brasileiro de futebol e a esportificação do futebol profissional (1971-1979) / Sandro Luis Montanheiro Francischini. -- São Carlos : UFSCar, 2006. 143 p. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2005. 1. Sociologia do esporte. 2. Antropologia. 3. Futebol. 4. Campeonato brasileiro. 5. Integração. I. Título. CDD: 306.483 (20a) Resumo Esta dissertação intitulada Campeonato Brasileiro de Futebol e a esportificação do futebol profissional (1971-1979) tem como propósito abordar o Campeonato Brasileiro de Futebol, cujo marco inaugural é 1971, e suas implicações sócio-históricas. Pelo modelo de organização dos campeonatos organizados pela CBD observamos que a notória “paixão” do brasileiro pelo futebol não pode ser vista como algo da “essência” da cultura brasileira, mas também como uma deliberada construção social que mobilizou vários agentes e, no período aqui delimitado (1971-1979), destaca-se o empenho do projeto militar de nação, mas sobretudo da elite política em instrumentalizar o futebol na obtenção de dividendos eleitorais. Mas é claro que esse dirigismo estava assentado em estruturas simbólicas mais amplas e o projeto de nação então em voga era maximizar o exemplo do futebol brasileiro, um esporte vitorioso. Lembrar que o futebol brasileiro conquistara definitivamente a taça Julies Rimet ao vencer pela terceira vez a Copa do Mundo em 1970, no México. Se existia uma unidade simbólica em torno do selecionado, reconhecida no plano internacional, internamente o futebol estava fracionado em competições estaduais e interestaduais, em consonância ao universo da política jogado no plano de seus localismos. Foi preciso promover essa unidade, que outros nos outorgavam “de fora”, para dentro do país e consolidar no plano futebolístico a idéia da nação forte. Sendo assim, o Campeonato Nacional veio como uma necessidade que transbordava os limites de um mero simbolismo esportivo, mobilizando as várias esferas da vida pública, primeiro governadores, deputados, depois prefeitos, vereadores, num escalonamento que se seguiu até o esgotamento do modelo de aliciamento dos clubes na busca da “completa integração”, num jogo assentado no personalismo de dirigentes e na lógica do favorecimento dinamizado pelo bipartidarismo então vigente. Este trabalho foi dividido em três capítulos: no primeiro fizemos um breve mapeamento das instituições que organizam e comandam o futebol brasileiro e mundial. Ainda neste capítulo enfocamos as primeiras competições até o surgimento do primeiro Campeonato Brasileiro destacando os fatos que precederam o mesmo como, por exemplo, a briga por uma vaga na primeira edição do Nacional. No segundo capítulo mostramos o avanço das ingerências políticas, sendo mais ativa nesse momento a participação de governadores de estados, deputados federais entre outras autoridades objetivando integrar seu estado na competição Nacional. Outro ponto deste capítulo foi a maneira como o presidente máxima do futebol brasileiro administra as pressões vindas de diversos setores. Primeiro exigiu-se que os interessados possuíssem estádios de grande capacidade e em seguida observamos que a força política valia mais em detrimento dos critérios técnicos. Devido ao carisma do presidente da CBD João Havelange que neste período estava em campanha para conseguir a presidência da FIFA relatamos um perfil da trajetória de Havelange até sua chegada a líder da entidade máxima do futebol mundial. No terceiro e último capítulo destacamos a completa integração com mudança de esferas que passam a disputar uma brecha no certame nacional. Tais disputas são feitas no âmbito regional com participação de prefeitos, vereadores e liderança locais. Enfatizamos ainda a queda deste modelo que provocou sérios problemas financeiros aos clubes sejam eles grandes, médios ou pequenos com o sucateamento da entidade culminando com o surgimento da Confederação Brasileira de Futebol. Palavras-chave: Campeonato Brasileiro, Nacionalização, Futebol, Política, Organização, Eleições, Calendário Nacional. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a orientação do Professor Dr. Luiz Henrique de Toledo, que em muito me ajudou a percorrer esse longo caminho até chegar à finalização dessa dissertação. Outro professor, Marco Villa, fez importantes observações no momento da qualificação, agradeço pelas sugestões e críticas. E em segundo lugar, à FAPESP, pelo suporte financeiro, fundamental para o desenvolvimento desse trabalho. Quero lembrar também as funcionárias Derci, Janaína, da graduação, Ana Virginia e Ana, da pós e a funcionária do CECH Vanda pelo convívio quase que diário na universidade. Em especial, gostaria de agradecer à minha mãe Maria Helena Montanheiro Francischini que, embora não tenha conhecimentos acadêmicos, em muito me incentivou a fazer este trabalho. Aos meus irmãos também: Helen, Angélica, Fábio e Fabrício que, seguindo caminhos diferentes, não deixaram de me incentivar. Aos meus amigos da turma de graduação: Malu, Juliano, Richard e Marcelo, que durante esse tempo sempre deram sugestões que ajudaram na feitura deste trabalho. Ainda na turma de graduação deixo um especial agradecimento à querida amiga e irmã, Cristina Maria Castro, que colaborou fundamentalmente na minha carreira acadêmica, mesmo antes de eu entrar na pós-graduação, vindo a desempenhar um papel definitivo também na construção dessa dissertação. À minha turma de mestrado, que me recebeu bem e também desempenhou um papel importante, agradeço a todos que conviveram comigo nessa caminhada destaco os seguintes nomes: Miliana, Lulis, Nelson, Claudirene, Pedro, Mateus, Michele, Cristiane Olga, Reginaldo, Rene, que, na medida do possível, ajudaram em muito na confecção desta dissertação. Aos meus amigos da UFSCar, que conheci durante essa longa caminhada e que sempre se propuseram a me ajudar, segue os nomes de alguns deles: Paulo Ferreira, Carmen, Paulo (TO), Nanda GPS, Fernanda Flávia, entre outros. Aos meus amigos de Ribeirão Preto, em especial D. Ana, André, Daniel e Eduardo, que, há mais de 15 anos, vem acompanhando e incentivando a minha caminhada e sempre estiveram dispostos a colaborar. Ainda em Ribeirão Preto, agradeço ao incentivo de minhas amigas Felícia e Fabiana Oliveira, Josiane, Fátima Rosário e, em especial, a Professora Marlene. Voltando a São Carlos, não posso esquecer de agradecer às pessoas de D. Juçara e Donizete Campos, que me receberam muito bem quando no início de 2002 voltei a residir em São Carlos e, nos últimos anos, assistiram ao desenvolvimento do meu trabalho. Por fim, gostaria de agradecer a todas as pessoas que, de forma direta ou indireta, desde o começo até o fim, incentivaram na conclusão deste trabalho. Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................ 9 CAPÍTULO I - Unidade nacional e a bola ....................................................................................................... 11 Primeira parte: breve mapeamento das instituições que organizam o futebol profissional .......................... 12 1. A FIFA e seus filiados.......................................................................................................................... 12 2 No Brasil................................................................................................................................................ 14 2a. A sede da CBD ................................................................................................................................... 15 2b. O CND: disciplinar o desporto brasileiro. .......................................................................................... 16 2c. No caminho da CBF, a CBD .............................................................................................................. 19 Segunda parte: contexto e surgimento do nacional...................................................................................... 23 1. Antecedentes ........................................................................................................................................ 23 2. Os campeonatos regionais e a situação dos clubes ............................................................................... 25 2a. Preparativos para o nacional............................................................................................................... 30 2b. A loteria esportiva como captadora de recursos e mobilização simbólica do ethos do jogo .............. 34 2c. 1971: começa o Nacional ................................................................................................................... 38 2d. Um balanço do primeiro campeonato nacional.................................................................................. 41 CAPÍTULO 2 - Racionalidade ou carisma? ..................................................................................................... 48 Primeira parte: a lógica das influências........................................................................................................ 49 1. O nacional de 1972: aspectos organizativos e a dinâmica das influências políticas ............................ 49 2. A ampliação do nacional...................................................................................................................... 59 2a. A segunda vaga..................................................................................................................................