A Crítica Viva De Paulo Emilio
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1 A crítica viva de Paulo Emilio Tese de doutoramento apresentada ao Programa de Meios e Processos Audiovisuais do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes – Universidade de São Paulo. Orientador: Prof. Dr. Ismail Norberto Xavier Orientando: Adilson Inácio Mendes Fevereiro de 2012 2 Mendes , Adilson Inácio M538c A crítica viva de Paulo Emilio/ Adilson Inácio Mendes. – São Paulo, 2012 149 f.: il. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) - Departamento de Cinema, Rádio e Televisão/Escola de Comunicações e Artes/USP, 2012. Orientador: Prof. Dr. Ismail Xavier Bibliografia: f. 1. Cinema Brasileiro 2. Paulo Emilio Salles Gomes 3. Humberto Mauro – Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte 4. Brasil. Anos 1960 e 1970 5. Crítica - Ideologia I. Ismail Xavier II. Título. CDD 791.430981 3 FOLHA DE APROVAÇÃO ADILSON INÁCIO MENDES A CRÍTICA VIVA DE PAULO EMILIO Tese de doutoramento apresentada ao Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes – Universidade de São Paulo. Área de concentração: Programa de Meios e Processos Audiovisuais Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr._______________________________________________________________ Instituição_________________________________Assinatura____________________ Prof. Dr._______________________________________________________________ Instituição_________________________________Assinatura____________________ Prof. Dr._______________________________________________________________ Instituição_________________________________Assinatura____________________ Prof. Dr._______________________________________________________________ Instituição_________________________________Assinatura____________________ 4 Agradecimentos Olga Futemma merece os principais agradecimentos em razão de sua enorme generosidade e disposição para ler, ponderar e criticar esta tese ao longo dos anos. Seu trabalho à frente da Cinemateca Brasileira transformou toda a instituição e deu seu caráter democrático que hoje conhecemos. Ismail Xavier foi o leitor mais rigoroso. Intelectual integral, analista de filmes e crítico da sociedade, seu trabalho é uma referência decisiva para essa pesquisa e para as que virão. Não posso deixar de mencionar a paciência e a compreensão diante de meus atrasos e enganos. Carlos Augusto Calil é também uma presença fundamental. O diálogo em torno do mestre, o estímulo constante e a paciência transformaram não apenas esta tese. Carlos Wendel Magalhães e Patrícia de Filippi impulsionaram esse trabalho, na medida em que me apresentaram cotidianamente as agruras da cozinha de uma cinemateca. Assim como Olga, eles são os responsáveis pela mudança decisiva: do amadorismo familiar ao profissionalismo eficaz. Ao amigo José Antônio Pasta Jr., o compromisso com a verdade e a coerência até debaixo d’água. A quem devo a negligência básica em matéria de propriedade intelectual que orienta esse trabalho. Eduardo Morettin é outra presença decisiva. Sua generosidade, precisão e rigor na reformulação da discussão histórica sobre o cinema no Brasil abriram meus olhos para o “aspecto característico”. Agradeço a todos os trabalhadores da Cinemateca Brasileira, que ampliam e desenvolvem o grande projeto intelectual de Paulo Emilio. Destaque para Carmen Lúcia Quagliato, o sabor do cotidiano e a coerência profissional, Ligia Farias, a beleza das cores e das luzes, Rodrigo Archangelo, o anjo guerreiro de todas as horas, Victor Martins, o mano de fé, Daniela “la” Giovana, a crítica sem concessões, Bruno Logatto, mágico dos pixels, Marília Freitas, a elegância discreta, João Marcos e Sérgio, a cinefilia engajada, Daniel Shinzato, a ajuda suave, Alexandre Miazaki, o expedito Alê, Fernando Fortes, o mestre das imagens, Karina Seino, o gesto preciso, Túlio “Mix Up”, a descontração produtiva, Rodrigo Mercês, a técnica pesada, Fábio Kawano, a técnica leve, Carlos Eduardo “Catito”, a técnica simpática, Elisa Ximenes, a técnica revolucionária. 5 Aos comparsas Fábio Uchoa, Fausto Douglas e Pedro Plaza Pinto, a prosa e a bossa das letras e dos “esprítos”. Marcos Pereira Vieira (“Araponga”) é o exemplo da luta e da transformação que só descansam na vitória. Tânia Rodrigues e André Rodrigues Judice, ambos do Itaú Cultural, merecem um agradecimento especial pela eterna paciência. Da família, a ajuda infinita e o estímulo antidiluviano: D. Teresinha, a humildade decisiva, e de seu Aderaldo, a fibra que não verga, Cida, a ternura acima de tudo, Denise, a promessa no futuro, Telma, o debate franco no alpendre, César, o futuro na imagem, Rosa, a doce vida infantil contra a burrice dos adultos, David, o conhecimento natural, Danilo, o futuro do homem, Juju, a sensibilidade da menina, Ana, a luta sem fim, Marcelo, técnico da vida, Emanuel, Daniel, Mateus, a ver, Myriam, a agitação generosa, Billy, o trabalho e a alegria do conviver, Guilherme, a construção da amizade. Por último, por tudo, pelo futuro, na vida presente, de mãos dadas: Olga. E brilhando como um novo sol: Flora. ESTE TRABALHO CONTOU COM O AUXÍLIO DA FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO (FAPESP), POR MEIO DE BOLSA DE DOUTORADO. 6 RESUMO Recuperar partes da formulação descontínua do projeto de história do cinema brasileiro em Paulo Emilio Salles Gomes é o foco deste trabalho, em que o livro Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte (1974) ocupa um lugar central, pois ele marca a configuração de uma concepção da história do cinema no Brasil e aponta para uma inclusão do fenômeno cinematográfico em um contexto mais amplo. Os anos de juventude (1941-1945) ajudam a entender as primeiras formulações que acompanhariam o trabalho do crítico ao longo das décadas. O empenho político e a disposição imaginativa definem esse período, marcado pelos manifestos partidários e pelos experimentos ensaísticos. Por último, destacaremos os escritos no Suplemento Literário d'O Estado de S. Paulo (1956-1965). Esse conjunto de textos expõe o crítico em ação, aplicando e desenvolvendo suas opiniões ao eleger um determinado panteão artístico, e renovando o debate cinematográfico ao incluí-lo no principal suplemento de cultura do país. ABSTRACT Retrieving parts of the discontinuous drawing up of the Paulo Emilio Salles Gome’s Brazilian cinema history is the focus of this work, in which the book Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte (1974) has a central place for it signals the idea of a certain conception of the Brazilian cinema history and points out to the inclusion of the cinematographic phenomenon in a broader context. Paulo Emilio Salles Gomes’ years of youth (1941-1945) help to understand the first ideas that would accompany the critic’s work over the decades. The political commitment and an imaginative drive define this period, marked by party manifestos and experimental essays. Finally, his articles published at the Suplemento Literário in the newspaper O Estado de S. Paulo from 1956 to 1965 will be singled out. This set of texts shows the critic “in action”, implementing and developing his opinions by electing a certain artistic pantheon, and renewing the cinematographic debate by including it in the most important Brazilian cultural publication at the time. 7 Sumário Introdução......................................................................................................................07 Capítulo I – A estética pobre de Humberto Mauro..........................................................10 Capítulo II – A pirueta qualitativa de Piolim....................................................................58 Capítulo III – Um cinema de artesão...............................................................................84 Conclusão.....................................................................................................................117 Bibliografia...................................................................................................................122 Anexo I – A biblioteca de Paulo Emilio...........................................................................127 Anexo II – Cronologia de Paulo Emilio...........................................................................147 8 Introdução Em 1960, no célebre artigo Uma situação colonial?, Paulo Emilio descrevia o ambiente desfavorável ao desenvolvimento das questões da cultura cinematográfica. Todo o ambiente parecia comprometido, com a mediocridade unindo os diferentes ramos. O impacto desse texto foi imediato e sentimos sua força na “revisão crítica” de Glauber Rocha (1963) que expõe as dificuldades de formação de alguém interessado nas questões de cinema no Brasil. O mercado editorial era precário com suas poucas traduções e as raras produções locais. A dificuldade para se adquirir as principais publicações, em razão do clima de penúria, criava um ambiente “desumano” para o cinéfilo sem recursos materiais. Os livros já clássicos de história e teoria, as grandes revistas, as idéias que circulavam na França e nos Estados Unidos chegavam com enorme atraso. Para o crítico e o cineasta, o conhecimento mais nítido do passado, na busca dos antecedentes do realismo que se buscava superar preservando, interessava tanto a formulação de uma problemática histórica como a invenção de uma tradição. Passadas cinco décadas, as condições locais se transformaram bastante. O mercado editorial evoluiu, as pesquisas se renovaram, os departamentos de comunicação se espalharam por todo o país, e o interesse pelo passado ganhou novos contornos. Hoje, a crítica – que até então se mantivera próxima às estéticas dos realizadores – se transformou em campo