ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS.

ATA Nº 023

PRESIDENTE - SENADOR JAYME CAMPOS

O SR. NARRADOR (EDSON PIRES) - Senhoras e Senhores, bom-dia! É com satisfação que anunciamos o início desta Audiência Pública, coordenada pela Comissão Temporária Externa do Senado Federal, que avalia os riscos ambientais da região da Amazônia. Esta Audiência tem como tema “as ações de combate ao desmatamento e a Operação ‘Arco de Fogo’, desencadeada pelo IBAMA, em parceria com a Polícia Federal”. O Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) inseriu dezenove municípios do Estado de Mato Grosso no mapa do desmatamento, como destruidores da natureza, resultando, assim, na criação do Decreto nº 6.231, de 21 de dezembro de 2007, que ‘dispõe sobre as especificações das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente’. A Operação “Arco de Fogo” vem asfixiando e restringindo as atividades econômicas da região. Por essa problemática, a Comissão do Senado da República convidou os setores produtivos, políticos e toda a população da região para debater os efeitos das medidas e desbravamento desta operação. A Comissão busca conhecer in loco a realidade sobre o desmatamento, mensurar a extensão dos danos sociais, as conseqüências ambientais e, principalmente, buscar alternativas para o desenvolvimento sustentável de Mato Grosso. Convidamos para comandar os trabalhos o Senador da República Jayme Campos, Presidente da Comissão Temporária Externa do Senado (PALMAS). Nós queremos registrar e agradecer as presenças dos Prefeitos e Vereadores de toda a região, dos representantes das instituições estaduais e federais, da imprensa local, regional e nacional e da população em geral. Com a palavra, o Senador Jayme Campos. O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Bom-dia a todos os presentes! Inicialmente, eu cumprimento e agradeço a presença de todos que vieram prestigiar esta Audiência Pública da Comissão Temporária Externa para avaliar os riscos ambientais da região da Amazônia. Eu convido para compor a Mesa o Exmº Presidente desta Casa, companheiro e amigo Deputado Sérgio Ricardo; o Exmº Governador de Mato Grosso, Sr. Blairo Borges Maggi; o Exmº Senador da República, do Estado do Pará e Relator desta Comissão, Sr. Flexa Ribeiro; o Exmº Senador, do Estado de e Presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal, Pág. 1 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. companheiro Leomar Quintanilha; o Exmº Senador, por Mato Grosso, Gilberto Goellner; o Exmº Senador da República, companheiro Expedito Júnior; o companheiro e amigo Exmº Deputado Federal Welinton Fagundes; o companheiro Exmº Deputado Federal Homero Pereira; o Exmº Deputado Federal Carlos Bezerra; o Exmº Deputado Estadual Riva, 1º Secretário desta Casa; o 1º Vice-Presidente e Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Recursos Minerais desta Casa, Exmº Deputado Dilceu Dal Bosco; o Exmº Deputado Estadual Adalto de Freitas - Daltinho; o Exmº Deputado Estadual Ademir Brunetto, 4º Secretário desta Casa; o Exmº Deputado Estadual Dr. Antônio Azambuja; o Exmº Secretário de Estado de Meio Ambiente, Luís Henrique Daldegan; o Exmº Presidente da AMM, companheiro Cidinho; o Superintendente do INCRA, Sr. João Bosco de Moraes; o Sr. Rui Prado, Presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso; o companheiro Presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso, Dr. Mário Cândia (PALMAS). Sintam-se como autoridades todos os presentes. Em dezesseis de maio de 2008, havendo número regimental, declaro aberta a 4ª Reunião da Comissão Temporária Externa, criada pelo Requerimento nº 193 de 2008, composta por cinco membros titulares, igual número de suplentes, pelo prazo de funcionamento de doze meses, destinada a verificar in loco o risco ambiental em que vivem os trinta e seis municípios relacionados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais-INPE, em seu mapa de desmatamento. A Ata da Reunião passada encontra-se na mesa. Coloco-a em votação e proponho dispensa de leitura. Os que a aprovam, permaneçam como se encontram (PAUSA). Aprovada. Hoje, a Comissão tem a honra de comparecer na Assembléia Legislativa de Mato Grosso, para debater com as autoridades locais, com o setor produtivo e com a sociedade mato- grossense as importantes questões de interesse do Estado, como os índices de desmatamento calculados pelo INPE e pela Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso, além da forma de condução da Operação “Arco de Fogo” pelas autoridades federais. Eu quero, nesta oportunidade, agradecer ao Exmº Presidente da Assembléia, Deputado Sérgio Ricardo, por nos ter cedido o espaço aqui. Eu convido a todos para que em pé ouvirmos o Hino Nacional Brasileir o. (NESTE MOMENTO É EXECUTADO O HINO NACIONAL BRASILEIRO). O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Convido para fazer parte da Mesa o companheiro Deputado Mauro Savi e o Superintendente do IBAMA, Dr. Paulo Maia (PALMAS). Meus senhores e minhas senhoras, ilustres autoridades aqui presentes, Exmº Governador do Estado, Sr. Blario Maggi; Exmº Presidente desta Casa, Deputado Sérgio Ricardo, estamos presidindo a Comissão Externa de Riscos Ambientais do Senado Federal, que tem como finalidade maior, naturalmente, avaliar esse assunto. Nós já tivemos a oportunidade ímpar de visitar o Estado do Pará, o Estado de Rondônia e, desta feita, estamos aqui, neste pujante Estado de Mato Grosso. A obrigação desta Comissão, Sr. Governador, Sr. Presidente desta Casa, demais autoridades, é avaliar e trazer à tona toda a verdade quanto a tudo que está acontecendo em relação à região Amazônica deste País. E isso é muito oportuno, até porque, nós estamos tendo a primazia de

Pág. 2 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. ver, realmente, não só as questões ambientais, mas, sobretudo, o que é importante dentro de uma política pública para esta região, onde habitam mais de vinte e três milhões de brasileiros. Especificamente falando de Mato Grosso, ontem, nós tivemos a oportunidade de estar em Alta Floresta e, também, em Sinop, onde constatamos, realmente, a indignação de toda uma população em relação não só às questões ambientais, mas, sobretudo, em relação à Operação “Arco de Fogo”. É bom que se esclareça que esta Comissão está aqui para ouvir a população, mas, também, para ouvir os segmentos sociais, pois, entendemos que é fundamental, principalmente, num País que vive no Estado democrático de direito, onde, certamente, os direitos individuais têm que ser respeitados, o que acho mais do que justo, e realmente o papel do Senado, como Casa Revisora, é ouvir e buscar, com certeza, saídas inteligentes em prol de uma política que não só busque a questão da preservação ambiental, mas, sobretudo, também compatibilizando com a produção, principalmente defendendo os interesses dos homens e mulheres que moram nesta região do nosso País. De tal forma, ilustres convidados, autoridades presente, que abriremos a palavra a alguns segmentos da sociedade. Fundamentalmente, gostaríamos de ouvir aqui a palavra do Sr. Secretário do Meio Ambiente. Sr. Luís Daldegan, para que possamos, principalmente os Srs. Senadores que fazem parte desta Comissão, ter conhecimento em ralação à política ambiental do Estado de Mato Grosso Concederei a palavra e espero que todos os oradores aqui inscritos cumpram literalmente o previsto no Regimento, ou seja, cinco minutos para cada orador, salvo melhor juízo, se algum orador ou assunto for do interesse dos demais membros desta Comissão, que poderá ser prorrogado por mais dois minutos. Concedo a palavra o ilustre Secretário Luís Daldegan. O SR. LUÍS HENRIQUE DALDEGAN - Exmº Senador da República, Jayme Veríssimo de Campos e Sr. Governador, nas pessoas de quem cumprimentos todos nesta mesa, senhoras e senhores. Primeiramente, agradeço a Deus a oportunidade de discutir nesta Casa, numa audiência da Comissão Externa do Senado da República, para que possamos, acima de tudo, montar e agendar, cada vez mais, essa propositura positiva que o Estado de Mato Grosso sempre vem colocando na gestão ambiental. Sr. Senador, foi-me apresentada a oportunidade de passar alguns slides e faremos da maneira mais rápida possível. Primeiramente, Srs. Senadores aqui presentes, a redução do desmatamento no Estado de Mato Grosso vem acontecendo de uma maneira extremante significativa nos últimos anos, e isso é comprovado por dados oficiais, inclusive foi anunciado pela, então, Ministra Marina Silva, na Conferência de Bali. Só para os senhores terem uma idéia, a redução no Estado de Mato Grosso foi da ordem de 72% de 2005 para cá, isso corresponde a 6% da quantidade da emissão de gases e efeito estufa que todos os países do Anexo I firmaram em Kyoto, que ainda não fizeram. Então, esse é um trabalho não somente por ação de Governo Federal, Governo Estadual, mas, acima de tudo, por uma questão econômica e uma conscientização maior dos nossos proprietários rurais. Pág. 3 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Esse é um ponto que não entendemos: o porquê de todas essas ações, às vezes, tão truculentas num Estado que está fazendo o seu dever de casa. Não entendemos isso, Srs. Senadores! Participamos de pactos com a sociedade civil organizada, com o setor produtivo e, pela primeira vez no País, foi assinado, pela Federação dos Agricultores e ONGs, um pacto ambiental. Estamos fazendo nossa parte! Estamos fazendo o dever de casa. A nossa fiscalização é cada vez mais eficiente, inclusive embargando e multando aqueles que estão trabalhando ilegalmente, mas não colocar todos na mesma vala. É isso que não entendemos! Então, rapidamente, Srs. Senadores, passarei alguns slides aqui Os senhores estão recebendo um relatório, um DVD e também um texto, para que os senhores tenham a consciência e o conhecimento do que estamos fazendo em Mato Grosso. Sempre falo que a gestão aqui é uma gestão ambiental compartilhada: Governo, sociedade organizada, produtores, enfim, toda a sociedade mato-grossense. Por gentileza, eu gostaria que o nosso Secretário-Adjunto, Sr. Salutiel, colocasse rapidamente na tela os slides. Acima de tudo, Srs. Senadores, queremos colocar também que somos parceiros em várias ações com o Governo Federal, sim, junto com os produtores, buscando, cada vez mais, o licenciamento e a transparência. Fomos o primeiro Estado a assumir a gestão florestal plena, com muita dificuldade, mas o Governador sempre colocando o aporte necessário para que encaminhássemos essas questões de licenciamento no Estado de Mato Grosso. O Setor de Base Florestal sabe do esforço que o Estado está fazendo e, acima de tudo, estamos avançando cada vez mais. Por gentileza, Salutiel, pode passar. Avaliação sobre a situação do DETER. O Sistema DETER é um Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real que utiliza sensores com altas freqüências, um dos sensores utilizados pelo INPE, mas o DETER, pela própria bibliografia que o INPE coloca, não define corte raso. Por isso não entendemos porque em janeiro houve toda aquela manifestação, sendo que não define corte raso e temos vários sensores que podem nos informar, dar uma ação de fiscalização para definir realmente a questão do desmatamento. Então, as deficiências na resolução do DETER são nítidas, são conhecidas. Na bibliografia do INPE fala que o objetivo do DETER não é estimar área total desmatada na Amazônia, para isso o INPE utiliza outros sensores e outras imagens com melhor resolução, dado, através do PRODES, o ano de desmatamento, que inicia de 1º de agosto a 31 de julho. Isso está na bibliografia do INPE. Esses dados do DETER foram mostrados em janeiro e observamos que, pelos dados do DETER, houve um grande avanço no desmatamento que não aconteceu na sua realidade. Nós, Srs. Senadores, em outubro do ano passado, fizemos ações junto com o IBAMA dentro de todos os polígonos do DETER, identificando aqueles que estavam realmente realizando desmatamentos ilegais, os multamos e devidamente fizemos as atribuições legais. Naquele momento identificamos e mostramos ao Ministério do Meio Ambiente e ao INPE que tinha Pág. 4 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. algum problema nos sensores, porque muitos dos dados não eram de desmatamentos recentes, muitos dos dados eram de afloramentos rochosos, muitos dos dados não eram de desmatamento - isso em outubro e novembro do ano passado. Fomos a campo, junto com o Governo Federal, temos todos esses relatórios, fazendo toda essa fiscalização, porque o DETER é um indicativo de fiscalização. Então, essas informações que foram usadas amplamente pelo Ministério do Meio Ambiente como justificativa para uma série de medidas que foram adotadas a partir do Decreto nº 6.321, em especial as medidas que vieram após esse Decreto, centraram-se principalmente nos municípios do Estado de Mato Grosso, mas, naquele momento, o Estado de Mato Grosso, o Governador Blairo Maggi, já indicou que estava tendo um erro nesses dados. Sugerimos, o Governador Blairo Maggi fez com que a Ministra e outros Ministros viessem ao Estado de Mato Grosso, foi feito um sobrevôo na região e nós simplesmente solicitamos que fossem revistos esses dados, porque estavam errados - o que é certo é certo! Temos o direito de observar isso, porque fomos a campo e não existe verificação melhor do que ir a campo. E nós, naquele momento, solicitamos que fossem revistos os dados e eles foram utilizados pelo Ministério para todas essas ações posteriores ao Decreto nº 6.321. Então, o Estado somente aceita os dados do DETER como indicativo, porque verificamos a campo, inclusive todos os dados foram encaminhados ao INPE, os nossos técnicos foram ao INPE fazer essa discussão, eles falaram que iam fazer uma avaliação e em outubro ou novembro iriam dar uma resposta. Isso nos deixou muito indignados, porque em Sinop o Diretor do INPE falou que iríamos fazer um workshop trinta dias depois para fazer essa discussão e até hoje, Srs. Senadores, não foi confirmada uma data, não mandaram nenhuma avaliação concreta em relação ao que apresentamos ao INPE depois desse levantamento de campo que fizemos. Nesse slide temos todos os pontos em que fomos a campo, para isso, trabalhamos em parceria com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública, com a Policia Militar, fomos fiscalizar todos aqueles pontos que observamos que não condiziam com o que foi falado pelo DETER, não eram desmatamento acontecido no Estado de Mato Grosso. Por exemplo, aqui temos algumas fotos Srs. Senadores, isso são pontos de desmatamento identificados pelo DETER. Agora, essas fotos, são pontos identificados como desmatamento recente, mas não são desmatamentos recentes. Inclusive, vários desses dados de desmatamento, já tinham sido utilizados pelas nossas dinâmicas, quer dizer, que são desmatamentos antigos e nós chegamos a um resultado que, dos 662 pontos que foram levantados a campo, somente de corte raso, foi na ordem de 10%, 10.27%. Então, é uma injustiça muito grande que foi feita em relação a esses dados do INPE e simplesmente, o que nós sempre solicitamos é que houvesse uma revisão desses dados. O que é certo, é certo! Quem desmatou ilegalmente, está sendo punido. Nós temos aqui, Srs. Senadores, desmatamentos que foram deste ano, que já foram fiscalizados, áreas foram embargadas. Inclusive, para os senhores terem uma idéia, no Município de São José do Xingu, foi desmatada numa única fazenda, por exemplo, dois mil cento e oitenta e nove hectares e são pessoas que moram em Presidente Prudente, pessoas que moram em Goiatuba, em Rio Verde. Isso quer dizer, há uma movimentação econômica, nós entendemos isso. Agora, os Pág. 5 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. produtores do Estado de Mato Grosso estão atentos a isso. Essa movimentação econômica, esses produtores que vem, não se pode colocar todos na mesma vala, essas áreas foram embargadas, foram multadas, essas pessoas estão sendo responsabilizadas, sim! Porque, o produtor do Estado de Mato Grosso, tem essa parceria, tem esse conhecimento, está cada vez mais diminuindo o desmatamento no Estado de Mato Grosso. Agora, não vamos aceitar, realmente, que haja nesta movimentação econômica, um desgaste maior no Estado de Mato Grosso. Inclusive, Srs. Senadores, duas dessas propriedades foram compradas por pessoas de outros Estados e são propriedades que tem a Licença Ambiental Única e foi desmatada toda reserva legal, já devidamente licenciada. Isso nós, também não vamos aceitar! Os produtores de Mato Grosso, também, não aceitam esse tipo de ação e nós temos a parceria com eles. O próprio Presidente da FAMATO, sempre colocou de que, o que é correto, é correto! Agora, nós não podemos aceitar todo esse transtorno que aconteceu no Estado de Mato Grosso e nós, nas ações efetivas, demonstrando que estava errado e não fomos, não tivemos uma resposta concreta até hoje, em relação a essas ações. Então, Srs. Senadores, temos no Estado de Mato Grosso várias Secretarias trabalhando com transparência, com ações para que a justiça seja feita. Os senhores conheceram a realidade em Alta Floresta, em Sinop e nós temos sim, avançado muito na gestão ambiental. Precisamos avançar mais? Precisamos! Em parcerias, na gestão compartilhada, isso é extremamente importante. E o dever de casa nós estamos fazendo. Nesta Casa de Leis, inclusive, já tem duas ações, que são a mudança do Código Florestal e do zoneamento que será detalhado depois pelo nosso Secretário Yênes Magalhães. Enfim, para terminar, a gestão ambiental compartilhada no Estado de Mato Grosso avançou, está avançada e não podemos aceitar, de maneira nenhuma, que dados que não traduzam a verdade possam ser utilizados para denegrir a imagem do Estado de Mato Grosso, denegrir a imagem das ações compartilhadas, inclusive com as ONGs e o setor produtivo - buscando sabe lá o que - não é, com certeza, uma gestão ambiental de sustentabilidade da Amazônia. Então, Srs. Senadores, obrigado pela oportunidade. Estamos à disposição para eventuais dúvidas. Muitos dos senhores, com certeza, têm clareza do que aconteceu no Estado de Mato Grosso. Está tudo documentado, tudo documentado e, acima de tudo, com transparência. O que é certo, é certo, o que é errado, é errado! Nós não podemos mais aceitar que questões que não são verdadeiras possam denegrir a nossa imagem. Meu muito obrigado aos senhores. (PALMAS) O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Queremos justificar a ausência da Senadora Serys Slhessarenko, que esteve até poucos minutos atrás, contudo, teve que se deslocar para Brasília, pois ela é a relatora da LDO, do Orçamento da União. Como, também, a justificativa do ilustre Senador da República Romeu Tuma, no seu Requerimento, no art. 43, inciso I do Regimento Interno do Senado Federal, requereu licença para se ausentar dos trabalhos da Casa no período de 12 a 16 de maio de 2008, para fins de tratamento de saúde. Neste sentido, encaminho em anexo o laudo de inspeção de saúde. É o requerimento do Senador Romeu Tuma. Concedo a palavra ao ilustre companheiro e amigo do CIPEM, João Baldacci, Presidente do Centro de Indústrias e Exportadores de Madeira de Mato Grosso. Por favor, Sr. João Baldacci, o senhor tem cinco minutos dentro da forma Pág. 6 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. regimental, quero que o Senhor cumpra o Regimento Interno. O SR. JOÃO BALDACCI - Bom dia, cumprimento o Presidente da Comissão Externa Temporária do Senado, Senador Jayme Campos, em nome de quem cumprimento todas as autoridades, Deputados, Senadores, Governadores do Estado, demais senhoras e senhores aqui presentes. Bom! Primeiro lugar, agradeço essa oportunidade, Senador do setor de base florestal, de poder me manifestar e falar um pouco do que pensamos, das nossas potencialidades, dos nossos rumos do setor. Primeiramente, eu queria esclarecer que o CIPEM, talvez, seja uma entidade não é muito comentada, reconhecida. Mas, o CIPEM foi criado com um intuito de unificarmos o discurso do setor de base florestal. Nós tínhamos aí 8 sindicatos, cada um deles baseado em uma cidade, como Alta Floresta, Sinop, São José do Rio Claro, Juara, Juína, entre outras e sempre discutindo questões regionais, questões que na verdade, poderiam ser tratadas de uma forma única e uníssona, por uma só entidade. Com esse intuito nós criamos o CIPEM, que é o Centro das Indústrias Produtora e Exportadoras de Madeira e fala em nome de todo o setor de base florestal do Estado, tem avançado muito rapidamente nas discussões que temos com os órgãos federais, estaduais, a Assembléia Legislativa, o Congresso Nacional, demonstrando que o setor é importante, é forte, está se organizando cada vez mais e tem condições de melhorar ainda mais com relação a isso. O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Dr. João, peço para que o senhor não passe dos 5 minutos, nós temos que cumprir o horário. O SR. JOÃO - Está o.k ! (NESTE MOMENTO, É EXIBIDO O ESLAIDE). O SR. JOÃO - Como eu havia comentando, nós temos o CIPEM que representa o setor de base florestal e 08 sindicatos do setor. Nós já tivemos aprovado pela Assembléia Legislativa e publicado hoje, um decreto de criação do FAMAD - Fundo de Apoio à Madeira, onde parte do Fundo Estadual de Transporte e Habitação será destinado ao setor que investirá em pesquisas, qualificação de mão - obra, projetos de educação ambiental, participação em feiras e congressos e principalmente, na mudança de margem do setor. Passe para a próxima, porque, já estou falando sobre... Eu falei um pouco sobre o CIPEM, que foi fundado em 2004, os sindicatos que fazem parte do CIPEM. O FAMAD que foi criado... A lei que vai dar em torno de R$ 2 a 3 milhões de reais para o setor poder investir em pesquisa, qualificação, em mão - de- obra, etc. Falando sobre os dados industriais, nós temos no setor mais de 900 indústrias, 120 mil empregos diretos e indiretos, sendo 30 mil diretos, mais 90 mil indiretos. Um faturamento de R$ 1,7 bilhões de dólares, sendo 30%, mais de 30% para exportação, mostrando a evolução que o setor teve durante todo esse período. Há uma perspectiva para o ano de 2008 de faturamento de mais de R$ 2 bilhões de reais. É importante destacar que esse aumento do faturamento, veio principalmente, pela agregação de valores de produtos, quer dizer, estamos usamos cada vez menos matéria - prima e cada vez mais faturando mais. Importante, sem muito apoio financeiro, porque, os próprios bancos têm uma restrição enorme em financiar o setor de base florestal, com um preconceito que nós enfrentamos na pele, acho que o Senador está vendo nessas visitas que está fazendo. Pág. 7 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Bom! Vamos falar um pouco do manejo florestal. O manejo florestal é uma atividade de baixo impacto. Por quê? Porque, só tiramos as árvores maduras, então, ele preserva a biodiversidade e só se volta a explorar, a tirar árvores de uma área depois de 25 anos, no mínimo, após a retirada esta madeira. Mostrando que nós temos... Do ponto de vista ambiental é uma coisa extremamente benéfica. Seqüestro de carbono, com a floresta madura o saldo de seqüestro de carbono é zero, porque, o que as árvores seqüestram de carbono durante o dia, elas liberam durante a noite. Com a exploração das árvores maduras, você libera... Você dá oportunidade das pequenas árvores crescerem, seqüestrando carbono, numa conservação proporcional de... (TEMPO ESGOTADO). O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Mais dois minutos para o Dr. João. Por favor! O SR. JOÃO BALDACCI - ...Meia tonelada de carbono por metro cúbico hectare/ano, colaborando na redução dos efeitos do efeito estufa. Hoje, temos mais de 300, 350 manejos aprovados, temos uma área sem manejo florestal em torno de dois milhões de hectares, e temos o potencial de área com vocação florestal de mais de cinco milhões de hectares. Para fazer um breve relato sobre isso, com o incremento médio anual de um a dois metros cúbicos por hectare, nós temos a possibilidade de colher sustentavelmente de cinco a dez milhões de metros cúbicos por ano. Hoje, o setor usa 3,2 milhões de metros cúbicos em 2007, quer dizer, um dado interessantíssimo. Nós temos aí cinqüenta seis reflorestadoras que empregam direta e indiretamente quarenta mil pessoas, e uma perspectiva de mais de quinhentos mil hectares nos próximos dois anos, quer dizer, nós temos um potencial enorme dentro da área de reflorestamento. Nós temos aí uma eficiência do controle governamental para fazer uma legalização de área, legislação fundiária, georreferenciamento, averbação de reserva legal, manejo na matrícula, aprovação de LAU, aprovação de manejo, quer dizer, é o setor produtivo que mais é penalizado... Penalizado, não, é legalizado, porque, na verdade, é obrigado a se legalizar para poder produzir, essa é uma grande verdade do setor de base florestal. E estamos sendo controlados pela SEMA de uma forma muito eficiente, e que leva a grande maioria para a legalidade, que é o que interessa ao setor. Bom, temos aqui algumas metas que, principalmente, nós queremos trabalhar dentro da legalidade, defender os interesses do setor, ajudar na implementação do certificado de origem de madeira, garantindo a procedência legal da madeira, apoiar a formalidade e melhorar a imagem do setor... (TEMPO ESGOTADO) O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Mais um minuto para concluir, Dr. João. Se for ler tudo, é uma verdadeira palestra. O senhor entrega o documento e nós vamos ler. Obrigado O SR. JOÃO BALDACCI - Bom, só para concluir, o setor tem sido penalizado com uma imagem de bandido, de quem não quer respeitar as leis, e nós queremos respeitar as leis e queremos ser o setor produtivo que trabalha dentro da legalidade, como temos caminhado para isso. Eu agradeço o Senador e agradeço a atenção de todos. Muito obrigado.

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EXPEDIDO JÚNIOR - Peço desculpas a todos vocês, mas, infelizmente, nosso vôo é agora, às 11:50 horas, e vou ter que me retirar. Quase que não dá nem tempo de conversamos um pouquinho, mas eu peço só cinco minutos, já falei ao Presidente, vou ser rigoroso, aqui, cumprindo o nosso Regimento. Primeiro, eu quero saudar o companheiro Senador Jayme Campos e dizer que vocês estão de parabéns. O Estado de Mato Grosso, verdadeiramente, tem um grande representante naquela Casa, destemido, corajoso. E se essa Comissão está funcionando como está funcionando e estamos visitando todos os estados, é graças a Vossa Excelência, Senador Jayme Campos, pela sua determinação e coragem. Da mesma maneira, também, o Senador Gilberto, que ora está assumindo aquela Casa, os trabalhos e com uma responsabilidade grande, que é substituir o Jonas Pinheiro, grande representante que tinha a grande força da agricultura, era quem representava a produção naquela Casa. Senador Flexa Ribeiro, eu quero cumprimentá-lo também, que preside a Subcomissão, extraída da Comissão de Meio Ambiente, que é a Comissão que eu faço parte, que inclusive sou Relator dessa Subcomissão; cumprimentar também o Senador Quintanilha; cumprimentar o Governador Blairo Maggi, dizer que é uma alegria e agradecer aí a maneira cortês como vocês nos receberam no Estado de Mato Grosso; cumprimentar o Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Sérgio Ricardo, que esteve conosco, desde ontem, nos acompanhando nas duas Audiências Públicas que fizemos, e em seu nome quero cumprimentar todas as demais autoridades, inclusive os nossos Deputados Estaduais. Estamos finalizando as nossas Audiências Públicas. A partir da semana que vem começaremos a fazer as Audiências Públicas - eu quero cumprimentar, aqui, os Deputados Federais, em nome do meu amigo Homero e do meu amigo Welinton Fagundes, que também nos acompanharam ontem - vamos começar a ouvir as autoridades convidadas para que possamos começar a trabalhar na confecção do nosso relatório. Nós vamos apresentar um Relatório, e é por isso que estamos fazendo essas Audiências Públicas com várias mãos. Não será o Relatório do Senador Expedito Júnior, com certeza, será um relatório onde vamos extrair de todas essas nossas visitas, de todas essas nossas andanças que fizemos no Estado da nossa querida Rondônia, no Estado aqui de Mato Grosso e no Estado do Pará, para que possamos apresentar, é lógico, as causas já sabemos, mas que possamos também apresentar as soluções. Eu dizia, ontem, lá em Sinop, que há uma expectativa muito grande quando chega a Comissão do Senado no Estado e, principalmente, quando chega a Comissão do Senado no município. Nós não podemos deixar de dar uma resposta. Nós temos que dar uma resposta. Pág. 9 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Ontem, eu fui até um pouco enfático no nosso pronunciamento que, de repente, é a arma que nós temos. Haja vista que o Governo, às vezes, não nos escuta muito e, de repente, nós temos que fazer como fizemos na votação da CPMF e conseguir alguns avanços naquela Casa na base da pressão. E a única pressão que eu acho que temos o poder de exercer, que me perdoe os nossos Deputados Federais que lá o Governo passeia, lá o Governo tem a maioria absoluta; já no Senado não, lá no Senado a conversa é diferente e acredito que ali é o campo diferente, é o campo um pouco mais igualitário e dá para discutirmos e dá para nós dialogarmos. Essa questão do foco do desmatamento, eu tenho... Inclusive, em Alta Floresta até houve pessoas que discordassem do nosso pronunciamento, mas eu venho de um Estado, que é o Estado de Rondônia, que foi uma grande reforma agrária que deu certo. Lá nós não temos grandes fazendeiros, lá nós temos pequenos proprietários de quarenta e dois alqueires de terra e é uma grande reforma agrária que deu certo. E o foco do desmatamento não está no madeireiro; o foco do desmatamento, e bato nessa tecla sempre, está exatamente nos assentamentos ou nas áreas invadidas ou, então, o foco do desmatamento é o próprio Governo, o grande responsável, o grande vilão dessa história toda. O Governo teria que apontar para ele mesmo. O grande responsável do desmatamento na região Amazônica é o próprio Governo. Então, eu acho que isso já está claro. E eu não tenho dúvida de que o nosso relatório será nesse sentido. Nós analisamos... (TEMPO ESGOTADO)... O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Para o Senador é tempo ilimitado. O SR. EXPEDITO JÚNIOR - Já vou concluir, Sr. Presidente. ...Nós entendemos, também, que para que esse Estado policialesco que estão fazendo na questão do setor madeireiro, para que se investir cento e oitenta milhões para trazer para cá força nacional, trazer para cá Polícia Federal, tratando os nossos trabalhadores como marginais como bandidos. Polícia Federal, a Polícia Federal, a Força Nacional... (PALMAS)... Tinha que estar nas nossas fronteiras que estão escancaradas, onde o tráfico de drogas, armas, corre livremente sem que ninguém fale nada. Então, que se investisse esse dinheiro - e nós vamos propor isso - exatamente nas nossas fronteiras. Por fim, eu quero ser solidário ao meu Governador Blairo Maggi, do meu Partido, Presidente de honra do nosso Partido, não vou entrar nessa polêmica do Ministro, ele foi infeliz, eu só acho que a fala do Ministro, do futuro Ministro, do quase Ministro, não contribui para o processo democrático e não contribui para o processo que nós estamos buscando que é o diálogo. Quando um Ministro que já tem uma visão errada, primeiro, que ele já não conhece o Brasil, disse que conhece muito bem o , então, nós vamos dar um prazo para que ele conheça a região Amazônica, aí sim, aí nós vamos valorizá-lo em suas palavras. Mas, ele deveria aproveitar a oportunidade que tem, de repente, para falar como que vai destravar o Ministério do Meio Ambiente, como que vai destravar o IBAMA, que é um órgão que não funciona. Dividir o IBAMA, criar uma nova instituição que é o Chico Mendes, para quê? Para se investir, para se gastar mais dinheiro à custa do dinheiro do povo e não acontecer nada? Então, eu acho que ele perde uma grande oportunidade. Ao invés de atacar um dos maiores Governadores, eu acredito, depois do meu lá do Estado de Rondônia, que é Ivo Cassol, é o Governador Blairo Maggi, os dois são grandes empreendedores que estão ajudando muito no desenvolvimento, na contribuição dos seus Estados. Pág. 10 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Eu finalizo cumprimentando também a todos os Deputados Estaduais da Assembléia Legislativa, desejando sucesso na construção do Zoneamento que Vossas Excelências estão trabalhando aqui na Assembléia Legislativa; nós fizemos isso no Estado de Rondônia. O Estado de Rondônia, como disse o Secretário do Meio Ambiente, é um Estado que fez e faz o dever de casa, é um Estado que tem todas as suas áreas indígenas demarcadas e tudo isso nós trabalhamos juntos em nosso Zoneamento. Então, desejo a vocês sucesso e espero depois dar respostas dessas nossas Audiências Públicas por intermédio do Senado e por intermédio do nosso relatório. Um grande abraço a meu companheiro Senador Jayme Campos, sucesso. O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Obrigado, Senador Expedito Júnior. Registrar a presença dos ilustres Conselheiros, professor Oscar da Costa Ribeiro, Ubiratan Spinelli, do ex-Conselheiro, ex-governador Júlio Campos, que também nos honra nesta Audiência Pública aqui na cidade de Cuiabá. Concedo a palavra ao Dr. Joaquim Paiva de Paula, Presidente da Associação dos Engenheiros Florestais do Estado de Mato Grosso. Cinco minutos dentro da forma regimental, Dr. Joaquim Paiva. O SR. JOAQUIM PAIVA DE PAULA - Bom-dia a todos! Quero cumprimentar a mesa na pessoa do nosso Senador Jayme Campos, a quem eu prezo muito. E desejar um bom-dia a todos que nós, que tenhamos um bom aproveitamento. Bom, eu quero fazer uma leve introdução, porque estamos aqui discutindo e, às vezes, não raciocinamos porque chegamos nesta discussão. Primeiramente, porque o movimento ambientalista começou após a 2ª Guerra Mundial, quando começaram as poluições na Baía de Minamata. Como o efeito surgiu, começaram as discussões. Então, a sociedade definiu dois pensamentos distintos, que eram o ambientalista e o desenvolvimentista. O ambientalista pregava a consciência ambiental, o crescimento econômico e o desenvolvimento social; enquanto que o desenvolvimentista pregava o desenvolvimento econômico, o crescimento social e a conscientização ambiental. Mas se nós fizermos uma pesquisa com a população; se tomarmos a opinião pública, o homem busca: moradia, emprego e qualidade de vida. Nós temos que buscar duas coisas em nossa vida. A primeira é a paz interna, que nós buscamos com Deus, com os nossos familiares. A segunda é o prazer, que buscamos com o desenvolvimento econômico. Nós, profissionais, de que área for - eu sou Presidente da AMEF- Associação Mato-grossense de Engenheiros Florestais, que agrega quinhentos e cinqüenta engenheiros - temos que ser do meio. Não podemos ser extremistas, nem com ambientalista e nem com desenvolvimentista. Porque a emoção perverte a razão e o engenheiro que se preze não pode ser ambientalista em se tratando desses dois pensamentos da sociedade. Hoje, ainda, eu sou um produto da ditadura. Eu acredito que quase todos aqui são. Mas nem na ditadura eu vi acontecer o que tem acontecido aqui, em Mato Grosso. Todas as operações prendem sessenta, setenta, cem, cento e vinte pessoas. Na ditadura, eu não vi isso. Eu vi coisas pontuais, mas, coletivas não.

Pág. 11 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. A classe dos Engenheiros Florestais tem contribuído deveras com a gestão florestal. Em tempo recorde, em apenas em dois anos, foram criadas as Leis nº 232 e 233. E a AMEF estava ali participando. A SEMA, o pessoal da SEMA tem sido herói. Porque - desculpe-me o Presidente do IBAMA, que está aqui presente - o que o IBAMA nunca conseguiu fazer a SEMA tem feito. Agora, um dos maiores problemas que nós vemos, que a classe vê, é o bate-cabeça entre órgãos. Mas isso não é de agora. Recordo-me que no Governo Júlio Campos, que está aqui presente, eu tive a oportunidade de ser Regional do INDEA, em Rondonópolis, no ano de 1983, e havia o Decreto nº 939, que apreendia o pescado. Quando apreendíamos o pescado, entrávamos em conflito com a SUDEPE, da época. Isso era um transtorno muito grande. No ano de 1991, eu tive o privilégio de ser Diretor da Fundação Estadual do Meio Ambiente, com o nosso Senador Jayme Campos como Governador, e tivemos problema com o IBAMA quanto à questão do licenciamento de garimpo em Poconé. Às vezes, chamavam-me de louco, coisa e tal, por licenciar. Mas eu sempre defendi o licenciamento, porque tira o homem da clandestinidade. Hoje, nós temos o problema SEMA/IBAMA. Nós, da classe, ficamos preocupados por isso. Quem, realmente, nós atendemos? É papel dos dois fiscalizar, sim! Hoje, é papel da SEMA licenciar. Mas não há entendimento de métodos. Recentemente, nós criamos a Portaria nº 32, onde estabelece a medição madeira descontando a casca e o oco. Isso é engenharia! Mas o IBAMA não estava respeitando essa Portaria. Ela acha que deve computar a casca e o oco. Eu não sei para que se o oco é ar e a casca é resíduo! Quando você tira... O madeireiro, que está aqui presente, pode falar com mais propriedade, porque eu sou engenheiro, apesar de ser do mato. Quando você traz a árvore do mato, perde-se a maioria da casca na mata, no cair, no arrastar. Se você computar a casca, como no pátio você vai medir uma casca que nem ali está? Tem madeireiro aqui que pode afiançar isso. E isso é diferencial de métodos e procedimentos. Então, tem que haver um alinhamento. Nós tivemos a oportunidade de discutir com o IBAMA a transição. Mas quando chegam as operações, passam o rolo em todo mundo. Hoje, tem três coisas no País que dão cadeia: pensão alimentícia, fiel depositário e ser Engenheiro Florestal, porque só em uma operação prenderam vinte e dois engenheiros florestais. Então, hoje, está muito difícil de conduzir a profissão de Engenheiro Florestal... (TEMPO ESGOTADO)... O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Concedo mais dois minutos ao Dr. Joaquim, para encerrar. O SR. JOAQUIM PAIVA DE PAULA - Então, hoje, não está tendo o norte verdadeiro e quem paga com isso é a sociedade. Hoje, se sair um Decreto proibindo o uso de alianças, amanhã prenderão todos que estiverem usando aliança, esquecendo-se da cultura. Usar aliança é cultural. A minha família mexe com a pecuária, porque a nossa cultura é de . Eu sou mineiro. Eu sou mato-grossense de coração, desde 1971. A minha cultura é irar leite. Eu não sei tirar, mas, a minha família tira. Agora, como farão a minha família plantar soja no pasto se não é a sua cultura? Se eu vender o meu Pág. 12 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. sítio em Jauru para um gaúcho, amanhã ele plantará soja. Ótimo, porque a sua cultura dele é plantar soja. Mas ninguém me fará plantar soja. Eu tenho uma proposta aqui de duas entidades ambientais, que solicita um relatório do desmatamento do Estado por sete anos. E durante esses sete anos propõe estruturar a Sema, pa-ra-rá-pa-ra-rá. Está aqui! Nós, da AMEF, fomos contra. Qual é a nossa proposta? Revisão do Código Florestal, que é de 1965, que foi feito na época do “achômetro”. Quando ninguém nem sobrevoava Mato Grosso, muito menos conhecia. E ainda continua... O brasileiro tem mania: Eu acho; eu penso e escreve. Não podemos ficar no “achômetro”. Temos que fazer isso que o Senador Jayme Campos fez, tomou a providência de vir na base e levantar. Enquanto for com base no “achômetro”, estaremos errados. Se fizer a pergunta agora: Por que na Amazônia é 80% de reserva? Porque eu acho que mantém a biodiversidade - eu acho. Prova cientificamente. Por que margem de rio é 50 metros? Porque achamos que 50 metros protegem, evita a erosão e tal. Achômetro! Desafiamos isso! A classe está aí, Senador Jayme Campos, à disposição para aquilo que puder contribuir. Não usei na fala nada técnico, porque já tem bastante coisa sobrando da SEMA, dos madeireiros, mas, se precisar, a AMEF está à disposição. Agradeço a todos. (PALMAS) O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Quero registrar a presença do Dr. Vicente Puhl, Presidente do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento- FOMAD. Passo a palavra agora ao ilustre Deputado Estadual Riva. Deputado, espero o cumprimento, conforme o combinado aqui, dos 10 minutos, na forma regimental, o que já foi uma abertura especial, tendo em vista ter um projeto para apresentar. Por favor, Deputado. O SR. RIVA - Bom-dia senhores e senhoras. Nossos cumprimentos ao Presidente desta Sessão, da Comissão, que vem avaliar os riscos ambientais, Senador Jayme Campos. Saúdo todas as demais autoridades aqui na pessoa do Presidente desta Casa, Deputado Sérgio Ricardo, e do Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Recursos Minerais da Assembléia Legislativa, Deputado Dilceu Dal Bosco. Senador, é muito oportuna a formação dessa Comissão, e quero parabenizar o Senado por isso, mas temos algumas preocupações. Estamos avaliando aqui os riscos ambientais, mas já estamos na fase de avaliar os danos causados por essas operações, em especial o desemprego, a fome e a marginalidade. Disse para o Governador e para Vossa Excelência ontem, na reunião de Sinop, infelizmente somos obrigados a falar isso, e quero pedi ao Governador Blairo Maggi, pelo que sentimos em Sinop e Alta Floresta, que o Estado precisará colocar a Polícia Militar e a Polícia Civil para proteger o cidadão de bem da Polícia Federal em Sinop e Alta Floresta. Infelizmente, essa é a realidade que encontramos lá: abusos, brigas, pessoas totalmente despreparadas. Gostaria até de salientar à Polícia Federal do nosso Estado, ao nosso Secretário de Justiça e Segurança Pública, que fiquem atentos a isso, inclusive desrespeito às famílias mato- Pág. 13 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. grossenses. Quero apresentar aqui um trabalho, Senador, que foi matéria do programa Fantástico, na Rede Globo. Estamos desenvolvendo esse trabalho há muito tempo, inclusive foi objeto da minha monografia, como acadêmico de Direito, e é uma das formas de redução do desmatamento. É muito fácil falar em redução do desmatamento, mas o que se oferece para os nossos pecuaristas, para os nossos produtores, para a sociedade em contrapartida? Assim, quero apresentar um trabalho produzido pelo meu gabinete, inclusive mostrando na prática um assessor nosso, o Salim, que já tem isso em sua propriedade, nós temos em Juara, e quero mostrar como podemos aproveitar para fortalecer os pequenos e médios produtores, especialmente os pequenos pecuaristas, reduzindo o desmatamento. Então, gostaria que a minha equipe colocasse no vídeo esse trabalho realizado pelo nosso Gabinete. Complementando o que disse o Senador Expedito, achei realmente inoportuna a fala do futuro Ministro Carlos Minc, mas prefiro aguardar que ele conheça o nosso Estado e a realidade da Amazônia para nos pronunciar, porque é difícil debater com alguém que sequer conhece a nossa realidade. Esse é uma demonstração de um voisin em Poconé. (NESTE MOMENTO PROCEDE-SE À APRESENTAÇÃO DE UM VÍDEO.) O SR. RIVA - Mais dois minutos, para dizer a Vossa Excelência e aos demais Senadores que esse é um programa desenvolvido no nosso Estado apenas com pequenos e médios produtores. É possível triplicar o nosso rebanho de gado sem derrubar uma única árvore, mas é preciso linha de crédito, é preciso condição para isso. Então, ao invés de gastar R$180 milhões nessas operações, vejam Vossa Excelência que é possível gastar R$400 reais por hectare para desenvolver esse programa. Numa área de 70 hectares, como a que foi demonstrada, gasta-se R$28 mil reais, podendo elevar, de 70 cabeças, nos 70 hectares, para 350 cabeças. Então, vejam o ganho que podemos ter, que o nosso Estado pode ter, além, naturalmente, da precocidade do gado, como vossas Excelências viram, não só na cria, mas também em relação à recria e à engorda. Eu gostaria de mostrar esse programa, porque ele, inclusive, foi fruto de uma monografia, foi fruto de uma matéria do programa Fantástico e acho muito oportuno, no momento em que se combate o desmatamento, oferecer novas alternativas para o nosso pequeno e médio produtor. Muito Obrigado. O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Muito obrigado, Deputado Riva. Quero conceder a palavra ao Sr. Secretário de Planejamento e Coordenação Geral, que está inscrito também aqui, Sr. Yênes Magalhães, cumprindo literalmente o que está previsto no Regimento Interno desta Comissão. O SR. YÊNES MAGALHÃES - Sr. Presidente desta Audiência, Jayme Campos. Quero cumprimentar todos os Senadores aqui presentes na pessoa do nosso Senador Gilberto Goellner.

Pág. 14 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Cumprimento o nosso Governador Blairo Maggi e os Deputados Estaduais, na pessoa do nosso Presidente Sérgio Ricardo e o Presidente da Comissão de Meio Ambiente desta Casa, Deputado Dilceu Dal Bosco. Sr. Presidente, quero dizer antes de tudo, principalmente, ao Senador Flexa Ribeiro e ao Senador Leomar Quintanilha, que Mato Grosso sempre teve sorte com seus governadores na questão ambiental. Nós poderemos ver agora rapidamente. E o Presidente Lula lançou, na semana passada, o PAS, o Plano Amazônia Sustentável, que vem trazer, através, da Operação Arco Verde, linhas de financiamento para que possamos minimizar os problemas da nossa região. (O SR. LEOMAR QUINTANILHA ASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 11:37 HORAS) O zoneamento - seremos bem breve - é um instrumento político e técnico de gestão para orientar a política de planejamento e ordenamento sustentável de Mato Grosso. Os objetivos são planejar de forma integrada e participativa as atividades sociais, econômicas e ambientais de espaços territoriais expressos em plano e programas de Governo; orientar o uso sustentável dos recursos naturais e fomentar a melhoria das condições de vida da população. Quando eu disse, Srs. Senadores, que o Estado sempre teve sorte com os seus governadores, porque, em 1989 tivemos o primeiro Zoneamento Agroecológico do Estado - o Governador a época era Carlos Bezerra - que era uma escala de um para dois milhões. Em 1992, começamos o zoneamento numa primeira aproximação com o Senador Jayme Campos, Governador do Estado, que era o mapa, também, de um para um milhão e meio e agora o terceiro, que é a finalização do zoneamento, numa escala de um para duzentos e cinqüentas mil. Passa a ser o primeiro no Brasil, numa escala tão próxima para melhorar as atividades. O zoneamento partiu de um macro compartilhamento do Estado, dividindo em regiões e as regiões de planejamento são subdividias em zonas e subzonas e agrupadas em categorias e subcategorias. O mapa de zoneamento é este que está aqui, nós temos o 1, que são áreas com estruturas produtivas consolidadas ou a consolidar; o 2, áreas que requerem readequação do sistema de manejo para recuperação ambiental, para reordenação da estrutura produtiva e para conservação e/ou recuperação de recursos hídricos; 3 áreas que requerem manejos específicos em ambientes com elevado potencial florestal, pelo elevado potencial biótico em ambientes pantaneiros, em ambientes com elevadas fragilidades; o 4 são áreas protegidas que se dividem em duas áreas: As áreas protegidas criadas, que são as terras indígenas e unidade de conservação federal, estadual e municipal e as áreas protegidas propostas. A categoria 1, onde temos áreas com estrutura produtiva consolidada ou a consolidar, são áreas em processo de consolidação das atividades produtivas ou já consolidadas, para as quais são recomendadas ações e intervenções para manutenção e/ou intensificação da atividade já existente, tendo em vista a sustentabilidade ambiental e econômica. São extensas áreas de cerrado no planalto central que acabaram se convertendo em celeiro do Brasil. Aqui, é uma imagem de satélite que mostra essas áreas, são áreas planas para exploração do agronegócio. A categoria 2: são áreas que requerem readequação do sistema de manejo. Áreas de ocupação antiga ou em processo de consolidação, para as quais são necessárias algumas ações de Pág. 15 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. recuperação, autorização de uso do solo, reordenação de estrutura produtiva, adequação do sistema de manejo, readequação para conservação e/ou recuperação de recursos hídricos, face a sua importância estratégica para o desenvolvimento sustentável do Estado e aos problemas de degradação emergente dos componentes ambientais. O SR. PRESIDENTE (LEOMAR QUINTANILHA) - Concedo mais três minutos ao Secretário, por favor. O SR. YÊNES JESUS DE MAGALHÃES - Ele é dividido em 03 categorias, que é para a área de recuperação ambiental, uma delas nós temos Cuiabá, que tem problemas seriíssimos de saneamento; a outra subcategoria que requer readequação do sistema de manejo para estrutura produtiva, quer dizer, são áreas que estão produzindo e que continuarão produzindo, apenas há a necessidade de se fazer alguns ajustes de manejo, mesmo para exploração ou para recuperação de alguns recursos ambientais. Nós temos, nessas áreas... Por favor, Tereza, a próxima. Essa é uma região de Juína, estas áreas sofriam alteração. Nós temos, por exemplo, a primeira imagem, que falta apenas financiamento para que possa melhorar a qualidade apresentada aqui pelo Deputado Riva, é uma iniciativa que tem que ser implementada naquela região. Por favor, Tereza... A subcategoria 2.3, área para readequação ao sistema de manejo para recuperação dos recursos hídricos, são áreas aonde existe a produção, vai continuar existindo, mas que tem que ser dado um tratamento para a questão dos recursos hídricos, porque ali nascem os principais formadores da Bacia Amazônica e da Bacia Platina. E, com muito cuidado, quando nós temos uma área como essa de vereda, simplesmente fazer a drenagem pode perder toda a área. Temos a categoria três que são áreas de manejo específico, que eu não vou entrar em detalhes maior por causa do tempo, e áreas que requerem manejos e nós temos também ambientes frágeis que têm que ser preservados. Por favor, Tereza a próxima imagem. São escarpas regiões, regiões de escarpas são regiões lá do rio Jauru, as cabeceiras do rio Jauru, que têm que ser preservadas, são áreas frágeis como essa área de areia que nós temos ali assoreamento e erosão. E, por último, categoria quatro, áreas protegidas, que são divididas em duas áreas, as áreas protegidas já existentes, que são as áreas indígenas e as Unidades de Conservação, Federal e Estadual ou Municipal; e, por último, as áreas propostas. Vale ressaltar, Senhor Presidente, em relação às áreas propostas, são áreas indicadas como de interesse especial para conservação dos seus componentes naturais. Não são Unidades de Conservação, são áreas onde os órgãos ambientais SEMA e IBAMA podem selecionar parte para criação de Unidades de Conservação, após a realização de estudos ecológicos. As diretrizes, como elas serão aplicadas, através da admissão de políticas públicas, através do PPA, através do Orçamento. Eu quero aproveitar a oportunidade e colocar mais uma vez o nosso Governo, o Governo Blairo Maggi, à disposição desta Casa para as doze Audiências Públicas que serão realizadas. A Secretaria de Planejamento, juntamente com a Secretaria de Meio Ambiente ... (TEMPOP ESGOTADO)... Pág. 16 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. O SR. PRESIDENTE (LEOMAR QUINTANILHA) - Concedo mais dois minutos, por favor, para concluir. O SR. YÊNES JESUS DE MAGALHÃES - ...Elas estão preparadas para essa discussão que ocorrerá, fruto das Audiências Públicas desta Casa. E antes de concluir, Sr. Presidente, é uma proposta de trabalho, então, nós vamos para toda região discutir com a população o que é melhor para o Estado de Mato Grosso. Concluindo a minha fala, eu quero simplesmente dizer que a questão ambiental de Mato Grosso vem sendo tratada com muito respeito dentro das políticas públicas, uma vez que nós não temos hoje outro Estado no Brasil que tenha o Zoneamento dessa qualidade. Em dezesseis anos de trabalho, é o único Estado que passa a ter o Zoneamento Socioeconômico Ecológico no país. É modelo para que outros Estados brasileiros possam calcar, uma vez que nós temos essa preocupação com o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Estado de Mato Grosso. Meu muito obrigado, Sr. Presidente (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (LEOMAR QUINTANILHA) - Agradeço a participação de Vossa Senhoria e tenho a honra de passar a palavra ao Sr. Rui Prado, Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso, FAMATO, que dispõe de cinco minutos. O SR. RUI PRADO - Bom-dia, Sr. Presidente, eu agradeço a oportunidade e serei breve cumprindo os cinco minutos. Eu gostaria de parabenizar a Assembléia Legislativa pela chamada da discussão do Zoneamento Socioeconômico e Ecológico, e tenho certeza de que esse Zoneamento aparecerá inúmeras oportunidades para discutirmos as questões ambientais e chegarmos a bom termo. Quero também parabenizar o Senado, na pessoa dos Senadores, na pessoa do Senador Jayme Campos e Gilberto Goellner, os nossos Senadores que prontamente atenderam o chamamento da discussão ambiental e estamos aqui justamente em Mato Grosso, hoje, discutindo um assunto tão importante que não precisa nem dizer da importância desse assunto em função de toda a responsabilidade que ele traz. Quero parabenizar aqui também o Governo do Estado, na pessoa do Governador Blairo Maggi, que quando começaram as discussões a respeito dos números do desmatamento o Governador colocou a sua equipe para fazer a aferição desses números e, felizmente, o Governador Blairo Maggi estava certo. E nós, eu digo nós cidadão aqui do Estado de Mato Grosso, provamos a toda a sociedade brasileira e quem sabe à sociedade mundial que os números estavam errados, portanto, estamos certos no tocante aos números. Mas, infelizmente, isto não basta e nós vivemos hoje numa sociedade, eu diria, preconceituosa com relação à produção de alimentos. Quando eu digo alimentos, eu digo carne e grãos. E nós infelizmente tivemos a oportunidade de ver, ontem, a manifestação do então novo, futuro Ministro, Sr. Carlos Minc, numa declaração totalmente preconceituosa contra a produção agrícola, principalmente de soja e contra a pessoa do nosso Governador Blairo Maggi, dizendo de plantar soja até na Cordilheira dos Andes. Nós repudiamos essa declaração e fazemos aqui um chamamento ao Ministro, ou, então, ao novo Ministro e até ao Presidente da República, para que possamos discutir os assuntos ambientais in loco, inclusive aqui no Estado de Mato Grosso. Que nos consta que o Ministro vem do Estado do Rio de Janeiro, um belo Estado do ponto de vista turístico e de outras atividades. Pág. 17 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Nós queremos que o futuro Ministro - e faço aqui um convite aqui de público - venha a Mato Grosso conhecer como se produz, como se faz aqui, de maneira correta e sustentável do ponto de vista, inclusive, da Legislação de hoje. E, como se não bastasse, também, nós tivemos que acionar o sistema Judiciário. A FAMATO entrou, nos últimos dias, com três Mandatos de Segurança, todos relativos às questões ambientais. Logicamente, pela falta de tempo que tenho nesta tribuna, não vou pormenorizar esses Mandatos de Segurança. Mas nós estamos acionando a Justiça quanto às questões ambientais daqui, do Estado de Mato Grosso, para que ela seja feita e para que produtor seja reconhecido como um produtor de alimentos e preservador do meio ambiente. Eu queria dizer algumas palavras breves quanto aos conceitos. Nós tivemos, no ano de 2007 Sr. Presidente desta Audiência Pública, Senador Jayme Campos, duzentas e oitenta e uma inserções da Rede Globo, em horário nobre, dizendo das questões ambientais. A maioria dessas inserções da Rede Globo na mídia foi preconceituosa contra a produção e o desenvolvimento sustentável do Brasil e, principalmente, do Estado de Mato Grosso. Então, nós estamos vivendo uma lavagem cerebral coletiva aqui, no Brasil. Eu quero denunciar isto nesta tribuna (PALMAS). Porque as verdades têm que ser ditas, mas, elas têm que ser ditas de maneira técnica, não preconceituosa, como muitas vezes a Rede Globo tem feito. (O SR. SENADOR JAYME CAMPOS REASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 11:49). O SR. RUI PRADO - Eu gostaria de citar uns números aqui. A pecuária, no Brasil, tem mais de cento e cinqüenta anos, portanto, é uma atividade que já está consolidada em nosso País. Nós temos na Amazônia Legal um termo que descreve um território geograficamente. Há em 61% do território da Amazônia Legal 35% dos bovinos existentes neste País e nos outros 39% do território brasileiro há 65% de bovinos. Então, nós chegamos à conclusão que os bovinos estão mais fora da Amazônia Legal do que dentro. Isso nos mostra claramente que a pressão ambiental, que a pecuária de... O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Concedo mais dois minutos ao Presidente da FAMATO, Sr. Rui Prado. Por favor! O SR. RUI PRADO - Obrigado, Senador. ... Isso nos mostra claramente que a pecuária brasileira, hoje, exerce uma pressão ambiental mais fora da Amazônia Legal do que aqui dentro da Amazônia Legal. E não é diferente na questão da soja. A soja... Em 1990, Sr. Presidente, nós tínhamos um pacote tecnológico, onde produzíamos em torno de quarenta sacos por hectare. Hoje, nós já produzimos mais de 3.000Kg. Se nós continuássemos no mesmo pacote tecnológico da década de 90, de 1990, precisaríamos de mais 2,9 milhões de hectares para produzir a mesma quantidade de soja que produzimos hoje. Então, isso mostra claramente, Srs. Senadores, que o produtor rural está fazendo a tão sonhada preservação ambiental. Está fazendo essa preservação ambiental, logicamente, com tecnologia. Foi com investimento do Governo, com recursos próprios, com recurso da iniciativa privada. Isso nos mostra; esse passado recente nos mostra a linha que temos que seguir daqui para frente. É uma linha pró-ativa, aonde os Governos têm que colocar investimentos na produção brasileira e não, simplesmente, situação de comando e controle.

Pág. 18 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Nós fizemos uma conta, senhores ouvintes, Srs. Deputados, Srs. Senadores: O que se gasta na Operação “Arco de Fogo”, que nós estamos acompanhando pela imprensa, cento e oitenta milhões de reais, dá para alimentar, percebam este número, cinqüenta mil pessoas a vida inteira. Façam suas contas matemáticas. Quem é bom de matemática pode fazer essa conta. O dinheiro que está sendo gasto com gasolina para helicóptero, em repressão ao povo mato-grossense e ao povo da Amazônia poderia ser utilizado para comprar arroz e daria para alimentar cinqüenta mil pessoas do seu nascimento, na sua vida adulta e até o seu falecimento. Portanto, é esta linha que nós precisamos... (TEMPO ESGOTADO)... O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Mais dois minutos para o Sr. Rui Prado concluir. O SR. RUI PRADO - Dos pedidos, então, Senador. Nós viemos pedir, os produtores rurais vieram pedir... Nós já entregamos um documento a Vossa Excelência, em Sinop, então, eu gostaria de frisar os tópicos do que nós estamos pedindo. Nós estamos pedindo a suspensão imediata da Operação “Arco de Fogo”, por tudo o que já foi dito e por tudo o que já foi falado; a revogação, simplesmente, do Decreto 6.321 e da Resolução do Conselho Monetário nº 3.545, que prevê a restrição de crédito aos produtores mato- grossenses. Nós estamos pedindo - está aqui o Superintendente do IBAMA - a retirada daquela lista do IBAMA de áreas embargadas, que tem causado um transtorno tremendo na hora da comercialização da nossa produção. Nós sabemos, claramente, que não há razão daquela lista estar nos sites de áreas embargadas, pois, há ali áreas que não são embargadas. Nós queremos também, Srs. Senadores, uma ação urgente quanto à questão das reservas indígenas, ao aumento das reservas indígenas. Nós estamos assistindo, em , o episódio da Raposa Serra do Sol. Aqui, em Mato Grosso, há várias situações parecidas àquelas. Pode acontecer aqui o mesmo problema que está acontecendo em Roraima quanto à questão indígena. Portanto, nós pedimos ao Senado que seja firme nessa situação e que leve ao Congresso Nacional a prerrogativa de aumentar ou não a reserva indígena. Enfim, eu quero deixar um recado claro à imprensa e aos companheiros produtores: Chegará, daqui a alguns meses, a seca no Estado de Mato Grosso. Nós sabemos que, tradicionalmente, o Estado de Mato Grosso pega fogo. Ele se incendeia. Eu gostaria de deixar claro que os produtores rurais não estão dispostos a colocar fogo em suas propriedades. O fogo, muitas vezes, advém da beira de estrada, de terras indígenas, muitas vezes, até de assentamentos e, talvez, de alguns produtores. Nós estamos fazendo aqui um pedido...(TEMPO ESGOTADO). O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Mais um minuto. O SR. RUI PRADO -...Que a imprensa e, também, as autoridades reconheçam quando esse fogo foi colocado de maneira criminosa ou começou naturalmente. Era isso que eu tinha para falar, Srs. Senadores. Muito obrigado pela oportunidade (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Muito obrigado, Dr. Rui Prado.

Pág. 19 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Concedo a palavra ao Dr. Cleverson Cabral, Diretor da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso, por favor, por cinco minutos. O SR. CLEVERSON CABRAL - Senador Jayme Campos, Presidente da Comissão Externa, demais autoridades, Srs. Senadores, membros da Assembléia Legislativa. Eu quero transmitir aqui a preocupação da Federação das Indústrias do Estado Mato Grosso com o desenvolvimento do nosso Estado. O Estado de Mato Grosso tem mais de 10% da área nacional. É a sua produtividade que vai gerar qualidade de vida. No momento em que o segmento da base florestal é acuado, da forma que vem sendo, naturalmente, decorrerá no abandono das atividades de geração de emprego e, conseqüentemente, da qualidade de vida. Então, eu peço à Comissão que considere conscienciosamente o seu trabalho. Nós temos um prazo longo previsto para o trabalho dessa Comissão, que será de doze meses e esperamos ser bem avaliados e que nos tragam tranqüilidade. Que o mato-grossense; que o produtor mato-grossense possa atuar sem receio de ser perseguido injustamente. Era o que eu gostaria de transmitir, em nome da Federação das Indústrias de Mato Grosso, acreditando que a qualidade de vida vem da geração de riquezas. Deixem Mato Grosso produzir! Era só isso! Eu agradeço a oportunidade (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Muito obrigado ao representante da FIEMT pelo cumprimento regimental. A sua fala, com certeza, está registrada aqui, na Secretaria Executiva desta concedo a palavra ao Sr. Leonardo Pio da Silva Campos, Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil. Por ventura, se encontra presente? (PAUSA) Concedo a palavra ao companheiro Exmº Deputado Federal Homero Pereira, por cinco O SR. HOMERO PEREIRA - Eu quero cumprimentar o Presidente dessa Comissão, Senador Jayme Campos; o Governador Blairo Maggi; em nome do Senador Flexa Ribeiro, todos os nos Eu estou aqui falando, também, em nome do Deputado Welinton Fagundes, que falou em meu nome em Sinop e em Alta Floresta. Eu não pude estar porque presidia a Subcomissão de Endividamento, que é outro assunto que estamos fechando e que interfere na vida dos produtores de Mato Grosso. Ontem, nós tivemos uma Audiência com o Ministro da Agricultura e não foi possível estar presente em Alta Floresta e em Sinop, conforme era o nosso desejo. Eu quero rapidamente - eu acho que as nossas posições são por demais conhecidas por todas as pessoas que nos ouvem - enaltecer a importância do Senado Federal entrar nessa pauta. Eu acho que a motivação dessa Comissão Externa foi, exatamente, em dados fictícios. Vejam bem, foi baixado o Decreto 6.321, baseado em informações do INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que não se confirmaram quando a Secretaria de Meio Ambiente foi in loco , no chão

Pág. 20 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. verificar. Então, toda essa celeuma, a imagem não só de Mato Grosso, mas, da Amazônia, foi jogada mundo afora, em cima de dados que, efetivamente, não existiram. Então, essa foi, talvez, a maior mentira que se tentou pregar em cima dessa questão. Foi tentar jogar... Infelizmente, o Presidente Lula aqui, quando lançou o Plano da Amazônia Sustentável, o Senador Gilberto Goellner me mostrou agora, disse que tomou as providências em função do aumento do desmatamento que aconteceu no último trimestres de 2007. E não houve aumento do desmatamento exatamente porque na constatação in loco se verificou que não houve esse aumento do desmatamento. Então, vejam bem a quantidade de recursos que está se gastando nessa operação, o envolvimento de ilustres Senadores para poder corrigir uma injustiça e ir também in loco discutir com a sociedade uma coisa que não existiu. Veja bem como é o nosso Brasil. Ao invés de primarmos pela boa imagem do Brasil, mostrar que fazemos uma produção aqui de forma sustentável, em harmonia com o meio ambiente, que o nosso boi é engordado a pasto, que a nossa carne é uma carne verde, estamos aqui discutindo uma coisa em cima de algo que efetivamente não existiu. Esse é o Brasil! Certo? É por isso que temos, enquanto legisladores, que estar atentos, porque a insegurança jurídica que tem sobre cada produtor rural - os prefeitos aqui presentes - é enorme, Senador Flexa Ribeiro. Eu tive a honra de ser o relator na Comissão de Agricultura do projeto da sua autoria, onde tentamos modificar um pouco o Código Florestal Brasileiro, arcaico, de 1965, permitindo que possamos compensar, permitindo que possamos plantar espécies exóticas ou nativas, para o produtor poder enxergar também naquilo que vai recompor um ganho econômico, mas, infelizmente, tivemos uma Audiência Pública há poucos dias, Vossa Excelência esteve presentes, e está na Comissão de Meio Ambiente, espero que nós possamos dar continuidade a belo projeto de sua iniciativa, apensado ao projeto do ex-Deputado Thomas Dano, para que possamos tentar minimizar um pouco os problemas que acontecem na atividade rural. A Comissão de Meio Ambiente da FAMATO, liderada pelo eminente produtor rural, Engenheiro Agrônomo, Ricardo Ariolli, junto com um grupo de advogados, identificou cinqüenta duas inseguranças jurídicas que tem hoje na legislação ambiental em cima das portarias, dos decretos, da Medida Provisória nº 2.166, enfim, de um conjunto de legislação que está colocada e não podemos conviver com essa insegurança jurídica. Eu acho que o zoneamento vai poder - e esta Assembléia Legislativa, eu falava para o Deputado Riva, vai ter um papel fundamental - consagrar as áreas consolidadas do nosso Estado. Não podemos permitir interferência naquelas áreas que já foram antropisadas no passado, algumas das quais, há mais de duzentos, trezentos anos, como é o caso de municípios que teve a sua antropisação gerada pelo garimpo, e hoje, no intuito de promover a diminuição do desmatamento na Amazônia, estão tentando atrapalhar aquelas áreas consolidadas, inclusive de municípios, por exemplo, como é o caso da primeira Capital de Mato Grosso, Vila Bela da Santíssima Trindade, que hoje está inclusive cerceada de crédito. Ontem ainda falávamos isso com o Ministro da Agricultura. É uma tremenda...(TEMPO ESGOTADO). O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Concedo mais dois minutos para o Exmº Deputado Homero Pereira. Pág. 21 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. O SR. HOMERO PEREIRA - Só para concluir. É uma tremenda injustiça que está se fazendo com a Amazônia, em especial com o Estado de Mato Grosso, que depende de crédito rural para continuar a sua atividade. Se estão achando que cortar crédito rural vai diminuir a pressão sobre a floresta, há um tremendo do engano, porque se você disponibiliza crédito, conforme mostrou aqui o Deputado Riva, você pode intensificar a atividade, intensificar a pecuária, produzindo mais na mesma área na agricultura. No momento em que você limita crédito, o produtor vai querer ter ganho de escala, vai querer aumentar. Então, a pressão sobre a floresta será maior. Esta semana apresentei um projeto na Câmara dos Deputados, o Projeto da Servidão Ambiental, para que possamos receber pelo nosso ativo ambiental. Porque essa questão de você querer... Para diminuir a pressão sobre a floresta, só tem uma forma, valorizá-la em pé. Então, somos prestadores de serviços agropecuários no momento que vendemos a nossa produção, seja soja, seja arroz, seja madeira, seja o boi, uma vez que somos remunerados por aquela atividade. Poderemos ser prestadores de serviços ambientais, só que alguém tem que estar disposto a pagar por isso. Infelizmente, nessa história tem muita conversa e pouco dinheiro e é por isso que estamos nessa situação. Então, desejo sucesso nessa Comissão Especial que vocês estão fazendo neste momento. Tenho plena convicção de que com a vinda desse novo Ministro do Meio Ambiente, que já chega com uma visão meio preconceituosa, - e eu fiz um pronunciamento ontem na Câmara - não queremos fazer nenhum juízo de valor sobre o novo Ministro e estamos estendendo bandeira branca a ele, mas que ele venha também conhecer o perfil do Estado de Mato Grosso, venha conhecer a nossa Amazônia e não venha com atitudes preconcebidas, preconceituosas, porque já estamos cheios de preconceitos em cima da atividade produtiva do Brasil. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Muito obrigado, Deputado Homero. Concedo a palavra o caro Prefeito Fernando Gorgen, de Querência, que falará em nome dos demais prefeitos aqui, por cinco minutos, para que possamos cumprir a nossa agenda de trabalho. O SR. FERNANDO GORCHEN - Bom-dia a todos e todas! Quero cumprimentar a Mesa na pessoa do ilustre Senador Jayme Campos. Gostaria de dizer para a Comissão as coisas que estão acontecendo no campo e citarei como exemplo o nosso município, para que Vossas Excelências tenham um noção do acontece na verdade. Querência surgiu de uma Colonização, de um projeto aprovado pelo Governo Federal na década de 80, quando se desmatava 80% do cerrado. No meio do jogo mudam as regras, inventam uma mata de transição onde se desmata 50%. Agora piorou! Agora, é o campo inteiro, preserva-se 80%. E, para piorar a situação, existe no meu município, como existe em vários municípios, assentamentos. Sabemos que existem em torno de quinhentos assentamentos no Estado de Mato Grosso e apenas um deles tem licença ambiental. Agora piorou. Agora o IBAMA está multando também os assentados do INCRA. No meu município estão se organizando, querem invadir a prefeitura, porque todos os coitados, quando não querem assinar a multa, lhe é encostada uma metralhadora na costela ou na cabeça e tira do homem a única coisa que ele tem, o CPF, com uma multa, com certeza, embargando Pág. 22 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. o único crédito a que ele direito, que é o PRONAF. Então, acho que a Comissão tem que saber disso. Não podemos aceitar mais isso! Se multar algum fazendeiro, porque existem dois dentro do município que desmataram irregular - irregular “vírgula” - o protocolo do, então, desmatamento é de apenas 20% feito e a mais de um ano não conseguimos a licença. Dois desmataram fora do assentamento dentro do meu município, mas o resto do desmatamento é dentro de áreas do INCRA. Estive o Superintendente e ele disse que é impossível que se faça a multa no nome dos assentados. Teria que ser feita a multa, então, no nome do INCRA. Esse mesmo Governo coloca o assentado no campo, dá o PRONAF, você é obrigado a comprar uma moto-serra para fazer a sua roça e esse mesmo Governo vem com o IBAMA e multa o assentado porque ele desmatou. Como ele sobrevive no campo! Acho que a Comissão tem que saber dessa realidade e dizer que tem muitos municípios como nosso e Querência não tem terra da União, não tem grilagem de terra, não tem invasor de terra. Queremos viabilizar o nosso município econômica e ambientalmente, mas precisamos de condições. Não tem ninguém no mundo que gosta mais da nossa terra do que nós, que somos proprietários. Não tem Americano, não tem União Européia, não tem ninguém! Queremos legalizar a nossa situação e ser viáveis economicamente. Tenho certeza que os municípios atingidos são os mais promissores do Estado de Mato Grosso na produção de grãos e de carne também. Eu acho que essa Comissão tem que ver isso, que os municípios atingidos são muito promissores na produção de grãos. A é maior que Mato Grosso e só se conhece dois municípios, Barreiras e Luiz Eduardo Magalhães, porque produzem, senão ninguém fala dos outros. Muito obrigado pela atenção. (PALMAS) O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Obrigado Fernando, pelo cumprimento do horário. Pela Ordem da inscrição, concedo a palavra para Rui Alberto, Presidente do Sindicato Rural de Tangara da Serra. Com a devida vênia e permissão do companheiro Aciole, acho que o Rui vai representar bem também o companheiro, tendo em vista que é da mesma região. Certamente o Rui é preparado e capacitado suficiente para falar em nome do senhor também. Com a palavra o Sr. Rui Alberto. O SR. RUI ALBERTO - Sr. Presidente, Srs. Senadores Flexa Ribeiro, Leomar Quintanilha. Quero iniciar invocando o art. 19 da Constituição Federal: “Art. 19 É vedado à União...... III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. Os desiguais têm sido tratados desigualmente, ampliando o fosso das distâncias regionais e as ações do Governo Federal que estão em curso em nossa região são claros sinais de ruptura do Pacto Federativo, o que é muito grave. Aos governantes, inclusive o Ministro do Meio Ambiente que, talvez, venha a tomar posse brevemente, lembro uma passagem do Padre Vieira: “Não basta que o que houver de Pág. 23 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. governar seja homem com alma; mas é necessário que seja alma com homem. Se tiver alma, não quererá fazer mal; mas, se juntamente não tiver atividade, resolução e talento de homem, não fará coisa boa. Deu-lhe Deus memória, entendimento e vontade; memória para que se lembre de sua obrigação; entendimento para que saiba o que há de mandar; e vontade para querer o que for melhor.” Mato Grosso é a extração, o produto da geopolítica de Portugal, lembrando a ocupação física de Vila Bela da Santíssima Trindade, Diamantino, como em décadas recentes, por obra do entendimento formulado pela ESG no tocante à ocupação espacial brasileira - isso fica exemplificado num livro de autoria de Golbery de Couto e Silva. Os programas, as ações do Governo Federal da década de 60 e 70, buscando ordenamento fundiário, perdeu expressão na década de 80 com as ações discriminatórias do INCRA, que equacionaram em parte a legitimação de posse e propriedade nos eixos das rodovias federais. A base, Senhores Senadores, dos problemas que estamos enfrentando está na falta de ordenamento fundiário, face a presente conturbação provocada pelo Governo Federal - eu saliento - a busca que o Estado de Mato Grosso vem fazendo ao longo do tempo, buscando, principalmente equacionar esta questão ambiental, desde o Governo Bezerra. Toda via, eu destaco, especialmente, que foi no Governo Jayme Campos, que foi contratado o primeiro estudo que, efetivamente, iria desembocar na proposta atual encaminhada pelo Poder Executivo Estadual. Agora, Srs. Deputados Estaduais, a recente proposta enviada pelo Poder Executivo Estadual a Assembléia Legislativa, o único fundo competente para tratar da matéria, está descaracterizando essa proposta a Constituição histórica do nosso Estado. E, realmente, fica visível que esta Assembléia Legislativa de Mato Grosso, através, dos nossos Deputados, é a autoridade que soberanamente colocará nos seus devidos lugares, o necessário ordenamento espacial mato- grossense. Toda via, Sr. Presidente Jayme Campos, Senadores, eu acuso o Ministério do Meio Ambiente de omissão e desídia e que deveria ser investigado pelo Congresso Nacional. Se não, vejamos: Primeiro, a intolerável da nossa Comissão das Águas em , em que segundo o Órgão Ambiental daquele Estado, 90% de suas águas estão altamente contaminadas por coliformes fecais, nitratos, antibióticos não terapêuticos, gerando graves problemas de saúde pública sobre aquela população. Segundo, o genocídio silencioso da população da grande São Paulo, onde há mais de vinte milhões de paulistas, por aquelas águas abjetamente poluídas por metais pesados, poluentes e industriais de toda sorte, milhares de toneladas de embalagens PETs. Terceiro, o não cumprimento dos Estados do Sul e Sudeste, contra a Reserva Legal de 20%, onde exemplificando o Estado de São Paulo, não tem nem 5%. Quarto, a não efetivação de qualquer ação legal quanto às áreas de APP... (TEMPO ESGOTADO)... O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Concedo mais dois minutos e faço um apelo caro companheiro, que conclua a sua fala.

Pág. 24 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. O SR. RUI ALBERTO - Quanto às áreas da APP nas grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, do futuro Ministro Minc, nas bacias hidrográficas dos rios Paraná, São Francisco, Guaíba, com exemplos tão-somente. Eu repudio o arbítrio, a prepotência e o autoritarismo dos agentes do governo federal que só trouxeram insegurança, perplexidade e dúvidas quanto ao futuro, com essa ação desencadeada ao talante do Ministério do Meio Ambiente. Finalizando, Sr. Senador Jayme Campos, Srs. Membros dessa Comissão, eu vos digo, com a futura aprovação pela Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Zoneamento Socioeconômico Ecológico, teremos os marcos para a produção, com segurança jurídica. E lembro e digo com muito orgulho: nós somos mais Mato Grosso! Temos que levantar essa bandeira, nós somos mais Mato Grosso! Muito obrigado. (PALMAS) O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Concedo a palavra ao Presidente desta Casa, Deputado Sérgio Ricardo, que falará em nome dos demais Deputados Estaduais, após ouviremos o Deputado José Geraldo Riva, que tinha se inscrito para falar nesta Comissão. Com a palavra, o Deputado Sérgio Ricardo. O SR. SÉRGIO RICARDO - Sr. Presidente, farei o possível para cumprir o tempo regimental. Só para cumprimentar o senhor, parabenizar a Comissão de Risco Ambiental, que é importantíssima e que está aqui em Mato Grosso na hora certa, no tempo certo. Eu quero parabenizar o Senador Jayme Campos por essa iniciativa, cumprimentar o Governador Blairo Maggi, em nome de quem eu cumprimento toda a Mesa, Srs. Deputados, senhores e senhoras. Pude acompanhar nesses 02 dias estas Audiências Públicas, em Alta Floresta e em Sinop e venho de lá convicto de que naquela região, hoje, existe uma população angustiada, revoltada, desesperada e se dizendo injustiçada. E eu tenho muita fé no Congresso, muita fé no trabalho, no resultado do trabalho desta Comissão. Tenho certeza de que a partir da semana que vem esses Senadores vão conversar com outros Senadores e essa voz, o clamor de Mato Grosso vai chegar onde tem que chegar, para buscar soluções, para que as soluções aconteçam para Mato Grosso, porque, a sociedade mato- grossense pede, precisa e está esperando ansiosa por esta resposta. Assisti a tudo nestes 02 dias e percebo que o que leva Mato Grosso estar hoje nessa situação, é que se obedeceu a regras definidas pelo Governo Federal. Essas regras em um determinado momento foram mudadas, quem tinha que ser avisado, não foi e hoje, as punições acontecem por ações que foram permitidas, em muitos casos pela lei existente a época. A ocupação dessa região, a ocupação do Centro-Oeste brasileiro, a ocupação da Amazônia, na proposta de integrar para não entregar a Amazônia, então, motivou-se o Brasil a vir a Mato Grosso, a vir para o Centro-Oeste. Eu não tenho dúvida que essa história, que essa situação vai acabar, vai se resolver com ações fortes e ativas do Congresso Nacional, da Bancada Federal, da Assembléia Legislativa, essa situação vai se resolver! Mas, temos que pensar no futuro e é o futuro que nós iremos começar a discutir agora, através, deste projeto que já está nesta Casa e é um projeto que será a bula do

Pág. 25 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. desenvolvimento do Estado de Mato Grosso. Vai ser o guia para o futuro do nosso Estado, para o futuro da nossa região. Então, começaremos a discutir o zoneamento inicialmente nos 12 pólos levantados pelo projeto. E o que eu entendo e, deixa bem claro este projeto, Secretário Yênes Magalhães, que nós temos 12 Estados, tal é a diversidade, tais são as diferenças. Por isso, nós iremos com muita profundidade, em cada um destes pólos e as cidades que compõem esses pólos. Iremos discutir nos pólos iniciais: Juína, Alta Floresta, Vila Rica, Barra do Garças, Rondonópolis, Cuiabá e Várzea Grande, Cárceres, Tangará da Serra, Diamantino, Sorriso, Juara e Sinop. E, poderemos incluir outras regiões nas discussões, criarmos até Audiências Públicas, em outras cidades, dependendo das necessidades. Para isso iremos já com ações decididas nesta semana, em reuniões do Colégio de Líderes aqui nesta Casa. Os nobres Deputados... Chegamos ao entendimento, que iremos mandar aos pólos 15 dias antes de cada Audiência... - eu já pediria ao Secretário Yênes Magalhães, que já começasse a racionar sobre isso - uma equipe, membros da Assembléia, da equipe técnica da SEPLAN, para que esta equipe conjunta chegue aos pólos, fique lá 15 dias discutindo com a sociedade organizada e 15 depois, chegará a Audiência Pública. Depois, por mais 15 dias, este mesmo grupo continua ouvindo as sugestões. Essas sugestões entrarão no plano, no projeto de zoneamento como emendas, as quais serão discutidas em Audiências aqui em Cuiabá, depois de realizadas as 12 ou mais Audiências Públicas nos pólos. Então, esta já é a definição para o andamento do processo. Quero conclamar toda a sociedade mato-grossense, para que venha discutir o zoneamento, porque, o futuro está aqui, o futuro do crescimento de Mato Grosso, o futuro do desenvolvimento sustentável está no do zoneamento. Então, quero convidar a todos para que venham discutir. Para encerrar a minha fala, Senador Jayme Campos, quero e tenho falado muito nisso, quero propor que, nós temos hoje em Mato Grosso... Criou-se para Mato Grosso o mapa do desmatamento, Deputado Dilceu Dal Bosco, que vai presidirá, já escolhido por esta Casa, a Comissão Especial, além de ser o Presidente da Comissão do Meio Ambiente, irá presidir a Comissão Especial que irá tratar da discussão do zoneamento. A proposta que eu faço, é que criemos o mapa do reflorestamento. Para reflorestar onde? As áreas degradadas que nós temos no Estado de Mato Grosso. Então, quero deixar aqui esta proposta, é uma proposta difícil de ser realizada, mas, não é impossível! Vamos criar políticas públicas nesse sentido, temos áreas degradadas a serem recuperadas. Nós temos as APPs, nós temos... É uma forma da pessoa que não tem a APP na sua propriedade, que não tem a reserva legal, possa vir para esse projeto. Então, fica aqui a propositura, a idéia de criarmos - já está colocada a idéia - o mapa do reflorestamento do Estado de Mato Grosso, que é uma forma de devolvermos Mato Grosso, o que foi tirado do Estado ao longo dessa história de crescimento e de desenvolvimento que fez Mato Grosso chegar a ser hoje, essa potência. O que eu tinha para dizer era isso. Espero que a nossa Bancada Federal, Deputado Homero Pereira, se junte aos membros da Comissão que estiveram aqui participando desta Audiência Pública e que possamos cobrar atenção do Governo Federal para essas questões que estão preocupando a sociedade mato-grossense. Pág. 26 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Parabéns, Senador Jayme Campos, Vossa Excelência, com essa criação da Comissão do Risco Ambiental, pode ter certeza de que os Senhores Senadores estão dando uma grande contribuição ao presente e ao futuro do Estado de Mato Grosso. Que Deus abençoe a todos nós. (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Muito obrigado, Deputado Sérgio Ricardo, com suas bondosas e generosas palavras. Mas, antes de ouvirmos os demais, eu vou convidar para fazer uso da palavra, o Senador Gilberto Goellner, que neste ato representa o nosso Estado lá no Congresso Nacional. Com a palavra, o Senador Gilberto Goellner, e espero que possamos cumprir regimentalmente o que está previsto nesta Audiência Pública. O SR. GILBERTO GOELLNER - Bom-dia, Srs. Senadores, Deputados Federais, prefeitos, autoridades aqui presentes, produtores rurais que se fazem presentes. Eu gostaria de, após essa visita que fizemos, que o grupo fez inicialmente no Pará, após em Rondônia e agora no Estado de Mato Grosso, claro que não deu para visitar todos os Estados, mas gostaria de fazer uma síntese do que eu sinto e do que nós devemos, nosso dever de casa, e o que podemos tirar dessa comissão. Eu participo pela Comissão de Meio Ambiente, na subcomissão do desmatamento. Vejam bem, os antecedentes, são esses dados coletados pelo INPE e já contestados muito veemente pela SEMA, aqui no Estado de Mato Grosso, que o Secretário Luis Henrique Daldegan mostrou é verdadeiro e não foram refutados pelo IBAMA, só que o IBAMA não voltou atrás e não fez referência ao erro cometido. O que ocasionou isso aí tudo? A própria ausência do Estado, da Federação, do IBAMA, aqui para fazer fiscalizações e controles permanentes e periódicos. O que há, realmente, que nós sentimos lá em Brasília e dos grandes órgãos de imprensa brasileira, da mídia, é um preconceito muito grande ao madeireiro, colocando-o como vilão da situação e, quem sabe, até do agronegócio, o que todos nós sentimos. O agronegócio, pelo boom das commodities, realmente, eles acham que nós estaríamos destruindo a Amazônia. A toda hora se vê referência sobre isso, o que não é verdadeiro, muito longe. Porque, com essa falta de logística que se tem no Estado de Mato Grosso, inverídico, antieconômico e improdutivo se pensar em se ocupar mais áreas do que já a que se estão exploradas. Os objetivos únicos dessa operação: Efetuar multas e punições. A quem? Foram procurar - que nós sentimos em Alta Floresta, Marcelândia, os relatórios que existem, de Sinop - foi procurando madeireiros. Eles não foram olhar áreas desmatadas. Esse era o objetivo. Só que eles não estão lá para fazer isso. O que originou tudo isso aí? Conservar, realmente, o que o mundo está pedindo: Conservação da Floresta Amazônica. É isso que está levando. Agora, nós temos um patrimônio incalculável. O Brasil possui, hoje, 69.4% de sua floresta nativa intacta, e a Europa 0.1%. Essa é a grande diferença. E agora, eles estão só preocupados conosco. E constituíram ONGs internacionais que realmente estão aqui com interesses de fazer essa preservação, mesmo porque também com as reservas indígenas que estão se proliferando e as riquezas que estão sendo demarcadas reservas, objetivando a conservação dessas riquezas minerais principalmente, e de água no Estado de Pág. 27 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Roraima, é isso que está motivando, então, essa proliferação dessas nações indígenas que um dia, até por consideração de interesses maiores, poderão ser desanexadas do país. E aí é que entra a parte de interesses do Brasil na conservação do seu território intacto. O que nós precisamos, realmente, efetuar no Congresso Nacional? É constituir um meio ambiente com regras claras. Hoje, nós somos regidos por uma Medida Provisória que não está dando respaldo, é CONSEMA, o próprio IBAMA, a própria SEMA, e nesse ínterim que o zoneamento socioeconômico ecológico que o Estado de Mato Grosso vai começar a discutir, vai permitir que se defina realmente o que é o bioma floresta, o que é o bioma floresta, o que são as áreas de transição que hoje não existe mais esse termo. E nós devemos realmente levantar a bandeira do ex-Senador Jonas Pinheiro, que eu vou defender lá, é um projeto que ele entrou em fevereiro, antes do seu passamento, qual seja, Mato Grosso não é a floresta Amazônica. Ele parte desse princípio, e nós vamos defender isso aí. A criação de parques indígenas, nós devemos também lá trazer para o Senado Federal e para o Congresso Nacional a sua homologação. Hoje, apenas um antropólogo definindo já é o suficiente para que haja um ato presidencial de ampliar qualquer reserva em qualquer situação e sem remuneração dessa terra. Os impactos desses Decretos, esses últimos Decretos que começarão a ocorrer na agricultura e na agropecuária mato-grossense são imprevisíveis. Eu diria que nós estamos restritos para produzir e para comercializar. Estamos restritos para produzir e para comercializar, pois fazemos parte, esses decretos nos limitaram sem necessidade, sem coerência e sem procedência. O pacto federativo da SEMA e do IBAMA não está sendo respeitado. Mesmo porque uma Operação como Arco de Fogo que o IBAMA faz aqui constituindo com a Polícia Federal, é um desrespeito ao Estado de Mato Grosso. O Estado de Mato Grosso foi duramente desrespeitado. O que devemos fazer aqui no Estado, nós legisladores, os produtores e o que nós da Bancada Federal podemos ajudar? Nós precisamos realmente constituir esse Zoneamento Econômico Ecológico, e já falando com o Deputado Riva e outros Deputados isso, aí vai demandar tempo, possivelmente um ano ainda. Atividades alternativas como foram colocadas aqui deverão ser incrementadas sim - consórcio, pastagens, silvicultura -, ele vai possibilitar uma renda melhor para a pecuária se nós dobrarmos ou triplicarmos, sim, a produção de carne em metade da área que está sendo utilizada hoje. O MT Legal e os frutos iniciados pela prefeitura de Lucas do Rio Verde, e que hoje serviram de moldes para se constituir num Ato Legislativo nº 20, aqui na Assembléia Legislativa, constitui o MT Legal e agora vai ser complementado com seu certificado e suas licenças. Eu vejo que essa municipalização dessa fiscalização e controle, com os levantamentos reais de cada imóvel e restauração, a identificação da restauração dos passivos, principalmente das nascentes dos rios, dos córregos, isso aí juntamente com a recuperação dessas APPs, das Áreas de Preservação Permanentes fazendo com que o município puxe para si a responsabilidade de auxiliar os produtores a recuperarem essas áreas.

Pág. 28 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. A regularização fundiária que poderá acontecer após a identificação das posses rurais, e também eu diria que nós devemos nos utilizar dos recursos que hoje serão disponibilizados pelo Ministério do Meio Ambiente, ao redor de um bilhão de reais, que está sendo anunciado no Programa do PAS, Programa da Amazônia Sustentável, que esses recursos serão destinados também para situações como é esse projeto do MT Legal. Então, nós podemos correr na frente, fazer um mutirão, Associação dos Municípios, apresentar projetos para todos os municípios levantar dados, terceirizar esses serviços de georreferenciamento, de aerofotogronometria, tirar essa responsabilidade que hoje afeta o INCRA, que ele está incapacidade de realizá-los, fazer com que esse trabalho, especialmente dos municípios a prefeitura Lucas Legal, nós podemos correr na frente e levantar esses dados, como eu falei, e nos regularizar ao todo. E vejo que nós podemos correr atrás do desmatamento evitado, como já foi amplamente aqui divulgado. Nós podemos, sim! Nós falamos com o Rui Prado, da FAMATO, e ele nos comunicou que no Senado dos Estados Unidos um Senador apresentou um Projeto que destina 2,5% de todas as atividades de crédito de carbono, que seria necessário para os Estados Unidos, para aplicarem em preservação de florestas no mundo. Nós podemos nos credenciar. Eu vou propor ao Senado Federal, à Comissão de Meio Ambiente, a constituição de uma Comissão para ir atrás dessa grande promessa que existe para nós, também, trazermos isso como uma opção para conservamos a floresta. O que eu tenho a dizer quanto à Operação “Arco de Fogo”, que foi o que ocasionou a constituição dessas duas Comissões, da Comissão Externa do Senado, presidida pelo Senador Jayme Campos, e da Comissão do Desmatamento, presidida pelo Senador Flexa Ribeiro, é que constatamos que não há risco ambiental, como foi propalado. Como eu já ressaltei, os policias que estão lá, não só aqui, como, também, em Rondônia e no Pará, ainda, estão aí e não se sabe o que estão fazendo. Eles estão passeando bastante pela cidade. Estão saindo muito à noite, festejando em bares, em boates e de dia procuram, ainda... Já fecharam todas as madeireiras. E, incrivelmente, não foram olhar um só desmatamento. Isso é o mais incrível! Não foram constatar. Não estão levando nada. E há indícios que já gastaram até agora cento e oitenta e cinco milhões de reais. Mesmo porque, eles não sabem aonde ir. Os policias não sabem aonde ir. Quem tem o endereço e quem fez o levantamento é a SEMA. A SEMA já autuou os produtores que desmataram ilegalmente. O que se tem de dados que o Secretário Luís Henrique Daldegan nos apresentou hoje, informalmente, são números tipo: Foram desmatados no último ano duzentos mil hectares no Estado de Mato Grosso, 2 sendo ⅓ legais e /3 ilegais. Será que é tudo isso ou será que as queimadas, os incêndios espontâneos, também, são os grandes vilões? Para finalizar, Sr. Presidente, eu digo que Mato Grosso está atento, está fazendo o seu dever de casa e precisa ser mais respeitado pelo Governo Federal. Obrigado (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Eu convido para fazer uso da palavra, o nosso companheiro, amigo Senador e Presidente da Comissão do Meio Ambiente, Leomar Quintanilha. O SR. LEOMAR QUINTANILHA - Meu prezado e Exmº Governador Blairo Maggi; Exmº Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Sérgio Ricardo; querido Senador Jayme Campos, que preside essa Comissão Externa de Avaliação do Risco Ambiental; Exmºs Pág. 29 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Senadores Gilberto Goellner e Flexa Ribeiro; Exmº Deputado Federal Homero Pereira; Exmº Deputado Federal ; Exmº Deputado Dilceu Dal Bosco, Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Recursos Minerais da Assembléia Legislativa, em nome de quem quero saudar todos os Deputados integrantes desta Casa; Srs. Prefeitos; Presidente da FAMATO, em nome do qual eu cumprimento os dirigentes classistas aqui presentes. É com particular satisfação que venho a esta Audiência Pública, na Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso, meu caro Presidente Jayme Campos, depois de percorrermos uma parte considerável deste próspero Estado de Mato Grosso: Alta Floresta, Sinop, onde ouvimos uma manifestação forte e contundente da sociedade, expressada através dos seus líderes, sobretudo, líderes classistas e políticos, sobre essa questão levantada com a Operação “Arco de Fogo” e com a possibilidade de riscos ambientais devastadores aqui, no Estado de Mato Grosso. O que nós, efetivamente, podemos observar é que essa Operação pode transformar o risco ambiental em um risco alimentar, em um risco de desemprego, em um risco de redução das atividades econômicas de um Estado operoso, que vem procurando atuar dentro da legalidade, observar as normas e as legislações estabelecidas. O que está faltando, efetivamente, são regras claras sobre o aproveitamento potencial econômico deste Estado e deste País. Não conseguimos entender a razão pela qual estão fechando, quase que indiscriminadamente as madeireiras no Estado que usam planos de manejos, que extraem a madeira madura, que não promovem o corte raso. De sorte que entendemos que a nossa presença aqui foi muito importante, para constatar essa situação, receber o clamor forte da população, sobretudo dos produtores, através de seus representantes, e a indignação sobre a ação, a forma como essa fiscalização está sendo feita. Entendemos, Sr. Presidente, que a fiscalização precisa ser feita, sim, uma fiscalização ordinária, normal, respeitosa, para aferir se as ações econômicas não estão efetivamente comprometendo o que há de legalidade nisso, mas a reação que vimos foi exatamente a presença, nessa operação, de uma força, de um aparato policial que tem criado um constrangimento muito grande e entendemos ser desnecessária essa força, esse aparato policial, na operação que está sendo realizada em Mato Grosso. Estou seguro de que os colegas que integram a Comissão que Vossa Excelência, com raro brilho dirige, estará levando para o Senado e para o Congresso Nacional a necessidade da discussão sobre a forma, essa forma, de fiscalização que o IBAMA está realizando, não em só no Mato Grosso, no Pará e Amazonas, mas no País inteiro, e possamos, efetivamente, oferecer ao País as regras claras de uso do solo, estribadas seguramente no zoneamento socioeconômico ecológico que cada Estado deve fazer, principal responsável pelo desenvolvimento das atividades produtivas em cada Estado da Federação. Para me manter no meu horário, Sr. Presidente, gostaria de dizer que saio daqui muito bem impressionado com o desenvolvimento do Estado de Mato Grosso, com o aproveitamento do seu potencial econômico, com o desenvolvimento das atividades produtivas, com a oportunidade ao desenvolvimento de enormes possibilidades que tem feito com que o Brasil venha quebrando recordes na produção de alimentos. Os sinais fortes de escassez alimentar, que hoje o

Pág. 30 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. mundo inteiro anuncia, seguramente não nos serve. Aqui estamos produzindo, aqui seguramente conseguiremos atender as demandas do povo brasileiro e contribuir para mitigar a fome do mundo. É preciso estabelecer as regras adequadas e certas para deixar o nosso povo, principalmente o produtor, trabalhar com dignidade, sem opressão, sem incômodo, possa fazer a sua parte e dar a sua contribuição para o desenvolvimento do País. Muito obrigado. (PALMAS). O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Obrigado Senador Leomar Quintanilha, com experiência de Deputado Federal por vários mandatos, Senador por duas vezes e, com certeza, será reeleito Senador da República ao terceiro mandato pelo seu Estado, Tocantins. Concedo a palavra ao querido companheiro, Senador Flexa Ribeiro, Relator desta Comissão, lembrando o cumprimento do Regimento desta Comissão. O SR. FLEXA RIBEIRO - Sr. Presidente, Senador Jayme Campos, Governador Blairo Maggi, Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Sérgio Ricardo, na pessoa de quem quero saudar todos os Deputados Estaduais do querido Estado do Mato Grosso. Senadores: Leomar Quintanilha, Gilberto Goellner, Expedito Júnior, que nos acompanha nessas duas Comissões, na Comissão Externa do Senado e na sub-Comissão da Comissão de Meio Ambiente; Deputados Federais Welinton Fagundes e Homero Pereira; senhores representantes dos setores produtivos, das organizações não governamentais, da representação da sociedade de Mato Grosso, senhores Secretários de Estado, minhas senhoras e meus senhores. Presidente Jayme Campos, quero, atendendo Vossa Excelência, que as minhas primeiras palavras sejam de agradecimento, agradecimento pela recepção carinhosa que o Estado de Mato Grosso, a população de Mato Grosso, deu aos Senadores que aqui vieram. Agradeço ao Governador Blairo Maggi a hospitalidade, que é uma das suas peculiaridades, e pela amizade que demonstra e devota a todos os amazônidas que buscam trazer soluções para que tenhamos o direito de desenvolver de forma sustentável a nossa região. Estamos encerrando, com esta Audiência Pública, a primeira etapa de trabalho das Comissões do Senado Federal. A partir da semana que vem, nós vamos passar à oitiva das autoridades e proposições concretas que possam nos levar a elaborar o relatório que seja voltado não para a divisão entre o desenvolvimentista e o ambientalista, porque, isso não nos leva a nada, até porque, Senador Jayme Campos, Vossa Excelência sabe que quando fizemos a composição das duas comissões, a fizemos de forma pluripartidária e, mais do que isso, de forma a abranger todos os pensamentos voltados à questão do desenvolvimento da nossa região. Convidando e tendo sido aceitos Senadores de outras regiões do nosso país, para que eles pudessem, ao viajarem pelo Estado da Amazônia, verificar a realidade que poderia ser encontrada e não as informações deturpadas que eram levadas pela imprensa, através, das informações que chegavam a ela. Lamentavelmente, não tivemos a adesão, tivemos adesão na participação na comissão, mas não tivemos adesão nas viagens que empreendemos ao Pará, a Rondônia e Mato Grosso. Vou voltar a Brasília, vamos fazer os nossos pronunciamentos, vamos fazer os nossos relatórios, vamos chamar esses outros companheiros nossos e qualquer outro membro do Senado Federal que queira nos ajudar, para que possamos fazer um relatório que leve realmente, Governador Blairo Maggi, aquilo que todos nós queremos para nossa Amazônia. Porque, se há brasileiros Pág. 31 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. interessados em que a nossa região, a nossa floresta seja perenizada, são aqueles brasileiros que estão aqui, num número próximo de vinte três milhões, defendendo a soberania da nossa região. Não podemos desconhecer que a Amazônia é cobiçada, cobiçada internacionalmente. E, lamentavelmente não é cobiçada pelos brasileiros outros, que completam os cento e noventa milhões que compõe o nosso país. Esses, sim, deveriam estar preocupados em nos ajudar a desenvolver de forma correta a Amazônia e não tentar fazer da Amazônia o santuário para que possa ser explorado ou possa ser utilizado daqui a vários séculos. Eu tenho dito e agora com a saída da Ministra Marina Silva, a imprensa tem me procurado para saber se era motivo de festejo a saída da Ministra, eu digo: Não. É de lamentar a saída da Ministra. Eu tenho respeito por ela, apenas discordo dela na forma. No mérito e no conteúdo eu estou de pleno acordo com ela, porque, tanto ela como nós queremos a preservação da nossa região. Agora, diferente do que pensa ela, em tornar a Amazônia engessada, nós queremos que os países desenvolvidos transfiram para cá tecnologia e recursos para nos ajudarem a fazer o desenvolvimento sustentável da Amazônia. E tenho dito e repetido, Senador Gilberto Goellner, tenho dito e repetido, Senador Eumar Quintanilha, que com grande competência preside a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumir, Fiscalização e Controle, do Senado Federal, que nós não precisamos derrubar mais uma única árvore da floresta para que possamos desenvolver a nossa região. Precisamos, sim, utilizar de forma intensiva as áreas já abertas. E, para isso, nós temos que ter e, o nosso relatório vai propor que se faça a revisão do Código Florestal, uma Legislação que está aí a 40 anos e que não corresponde a tecnologia que avançou e que nos permite, hoje, fazer como aqui foi dito, triplicar a produção de alimentos numa mesma área, ou seja, não há necessidade de se avançar. Há necessidade de se incorporar tecnologia. E para isso, meus amigos aqui de Mato Grosso, nós temos alguns pontos que já vamos propor e levar a apreciação dos nossos companheiros da Comissão, para fazerem parte do nosso relatório. E um deles é a presença do Estado, a presença do Estado é necessária na nossa região. Não existe Estado máximo, Estado mínimo. Existe o Estado necessário. E na nossa região, a presença do Estado é definitivamente o marco de determinação, do que se fazer, do que não se fazer. Não temos ainda uma economia consolidada que permita que investimentos e infra-estrutura possam vir aqui serem feitos pela iniciativa privada, que tenha retorno econômico. Então, é preciso que o Estado faça isso. É preciso que o Estado brasileiro dê recursos para os governos da Amazônia, todos os seus Estados possam fazer o Zoneamento Econômico Ecológico, como está sendo iniciado agora com Audiências Públicas pela Assembléia Legislativa de Mato Grosso, como foi feito no Estado do Pará e no Estado de Rondônia. Estado do Pará tem o seu Zoneamento Econômico Ecológico aprovado por unanimidade, discutido por todos os segmentos da sociedade desde 2005. Lamentavelmente, não conseguimos implementá-lo, porque para implementá- lo é preciso, primeiro, que ele seja detalhado na escala de um para duzentos e cinqüenta mil e precisa de recursos vultosos para isso. E depois, que seja aprovado pelo Ministério do Meio Ambiente. Estivemos com a Ministra Marina Silva, porque a legislação determinava que para o detalhamento e implantação do Zoneamento teria que ser feito num todo, ou seja, é necessário fazer o detalhamento de toda área territorial do Estado para depois implementá-lo, o que levaria décadas para que isso pudesse ser feito. E ela aceitou a proposta que nós levamos para que pudesse Pág. 32 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. ser feito por parte, à medida que fizesse o detalhamento, Governador Blairo Maggi, que se fizesse a implantação. Só que ela concordou com a idéia, mas só realizou a idéia um ano e meio depois. Nós falamos com a Ministra em 2006 e só em 2007, ao final de 2007, é que ela deferiu o Decreto que permite a implantação por áreas do Zoneamento Econômico Ecológico. É preciso rever e dar condições para que o Estado Brasileiro, em nível federal, em nível estadual, faça a legalização fundiária. Essa talvez seja a maior dificuldade que se encontra para o desenvolvimento da região Amazônica. Temos que colocar e vamos colocar no nosso relatório, Senador Jayme Campos, e antes do relatório até, vamos fazer uma ação política no Congresso Nacional para que coloquemos em pauta a Medida Provisória nº 2.166, para que ela seja discutida. Não vamos aqui fazer juízo de valor do que ela contem, mas queremos que ela seja discutida pelo Congresso Nacional, aprovada, modificada ou rejeitada, o que não é possível é que se tenha uma medida provisória há onze anos e que ela não entra em pauta na Casa do Congresso Nacional. Eu quero desde já dizer que a partir da semana que vem vamos iniciar uma ação política para que possamos discutir a medida provisória, possamos discutir a revisão do Código Florestal e, mais ainda, vamos propor, Senador Leomar Quintanilha, que pela Comissão do Meio Ambiente do Senado Federal possamos fazer uma auditoria, fazer uma perícia com relação aos dados divulgados pelo INPE e assumidos pela Ministra do Meio Ambiente, pelo Senado Federal, porque há dados discordantes entre o Ministério do Meio Ambiente e os já aqui declarados, comprovados pelo Governo de Mato Grosso como sendo irreais aquilo que foi divulgado e que gerou a Operação Arco de Fogo. E isso, Governador Blairo Maggi, não aconteceu só aqui, não. No meu Estado do Pará, no Município de Paragominas, Município de Paragominas, que em décadas passadas sofreu realmente uma ação de alteração de sua cobertura florestal, mas que, ao longo dos últimos doze anos, vem recompondo e vem tomando ações no sentido de se transformar num município verde ecologicamente correto e que tem a sua economia voltada aos produtos da base florestal, ele foi incluído na Operação Arco de fogo por um levantamento de uma área desmatada nos últimos quatro meses de 2007, de setecentos e poucos hectares e que realmente houve desmatamento. Sendo que, desta área, seiscentos e poucos hectares era área licenciada para desmatamento pelos Órgãos Ambientais, porque era implantação de projeto de uma Mina de Bauxita da Companhia Vale do Rio Doce. Então, existia o desmatamento, mas o desmatamento legal. O desmatamento autorizado. Em função disso, ele está incluído na Operação Arco de Fogo e lá como aqui como em Rondônia, o que se vê é apenas o aumento do desemprego e, em conseqüência disso, o aumento da violência. Eu quero, ao encerrar, dizer que precisamos, Governador Blairo Maggi, unir os segmentos da nossa região, o segmento político, o segmento produtivo, os representantes da sociedade para que, de uma vez por todas, não aceitemos mais que sejamos denegridos. E quero aqui solidarizar-me com Vossa Excelência pelas lamentáveis palavras ditas pelo futuro Ministro do Meio Ambiente. É lamentável que ele, antes de assumir, ao invés de abrir o diálogo, de se mostrar receptivo para a negociação, venha com ações que, ao invés de ajudar, além de inverídicas, provoquem, exatamente, o oposto do que nós buscamos, que é o entendimento, o consenso.

Pág. 33 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Então, ele tem sido... E não é somente a essa fala da qual eu discordo. Como eu disse, hoje, pela manhã, ele fez referência e disse que não faz questão de ser Ministro, que não queria ser Ministro. Então, eu não entendo porque a pessoa que não quer ser Ministro, que não faz questão de ser Ministro, aceita a indicação do Presidente para um cargo que, para nós, para a nossa região, para o Brasil e para o mundo, é um dos mais importantes da Republica Brasileira. Eu espero e desejo que o novo Ministro tenha, realmente, uma ação propositiva. Que ele assuma o Ministério do Meio Ambiente com uma visão correta de que é possível, sim, fazer a perenização da nossa floresta e, ao mesmo tempo, desenvolver a nossa região, melhorando a qualidade de vida de todos nós, brasileiros, que aqui moramos. Senador Jayme Campos, é preciso que o Congresso Nacional, já possa na próxima semana, convide o Ministro... Já que ele não conhece o Brasil... Se ele não conhece o Brasil, muito menos conhece a Amazônia. Esse é outro defeito dos brasileiros, porque só conhece a Amazônia pelas revistas, às vezes, nem por sobrevôo. E o Ministro diz não conhecer o Brasil, a não ser o Rio de Janeiro. Então, é preciso que ele venha aqui, que seja nosso parceiro e veja a realidade da nossa região para que nos ajude a transformar essa região, sem sombra de dúvida, na região que resolverá o problema da fome no mundo, que é a região Amazônica. Parabéns, pela Audiência! Parabéns Senador Jayme Campos pelo o que vimos aqui, no Estado de Mato Grosso! (PALMAS) O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Muito obrigado, Senador Flexa Ribeiro. Concluindo os nossos trabalhos, eu peço desculpas a algumas pessoas inscritas, porque não será possível falar, tendo em vista o adiantado da hora. Mas não faltará oportunidade. Se alguém tiver algum documento, por favor, encaminhe-o a esta Mesa. Concedo a palavra ao Exmº Governador do Estado de Mato Grosso, Sr. Blairo Maggi (PALMAS). O SR. BLAIRO MAGGI - Boa-tarde a todas as senhoras e senhores! Eu cumprimento o Senador Jayme Campos, Presidente da Comissão de Risco Ambiental do Senado. Também, quero cumprimentar o Deputado Estadual Sérgio Ricardo, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso e, em seu nome, cumprimentar os demais Deputados Estaduais. Eu quero dar boas vindas aos Senadores Gilberto Goellner, Flexa Ribeiro, Leomar Quintanilha e Expedito Júnior, que já não se encontra presente. Também, quero cumprimentar os Deputados Federais Welinton Fagundes, Homero Pereira e Carlos Bezerra. Sr. Presidente, eu procurarei ser breve, até porque a Comissão do Senado, que visitou Alta Floresta e Sinop, já recolheu todas as impressões necessárias para formular o seu relatório. Com toda certeza, será um relatório que pedirá ao Governo Federal a mudança dos Decretos e das Resoluções colocadas, porque os números do desmatamento que levaram à edição desses Decretos, dessas Normativas, não existem. Eles não existiram! Pág. 34 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Nós tivemos a possibilidade aqui, no Estado de Mato Grosso, graças à organização da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, dos controles que esse Estado tem, à hora e na hora certa, de fazer o questionamento e dizer que aqueles dados que estavam sendo divulgados não eram corretos e precisavam sofrer modificações. Então, se partirmos da base que os números não são corretos, temos que, no mínimo, pedir a retirada do Decreto do Governo Federal e, também, das normas que foram colocadas com respeito à restrição de créditos (PALMAS). Até porque, o Estado de Mato Grosso está com oitenta e seis, oitenta e sete municípios dentro do Bioma Amazônico. E dentro desses oitenta e sete, oitenta e seis, nós temos, aproximadamente, trinta municípios que são grandes produtores e que, a partir de 1º de junho, ficarão fora de qualquer possibilidade de buscar recursos federais, através de bancos federais ou de bancos estaduais. Então, essa é uma urgência que nós temos. Eu tratei desse assunto com o Presidente da República e ele me garantiu que fará as mudanças, porém, elas ainda não aconteceram. Eu espero que a Comissão do Senado nos ajude porque 1º de junho está chegando. Daqui a quinze dias, quatorze dias, nós chegaremos a essa data, que será definitiva para o Estado de Mato Grosso. Mas eu gostaria de dizer a essa Comissão que, muito mais do que os números que nós estamos discutindo, que eu acho que são páginas viradas, até porque o Estado contestou e provou que estão errados, há poucos dias atrás o IMAZON e o ICV divulgaram números, também, diferentes dos que o DETER colocou. E, por último, o próprio INPE declarou, há poucos dias atrás, em uma reunião em Belém, que os números não eram esses, que foram colocados de forma equivocada. Todos estão dizendo que não são esses números. E, também, Senador Jayme Campos, eu gostaria de informar que o Presidente da República pediu à EMBRAPA, já está na Casa Civil, um trabalho minucioso de toda essa problemática dos números daqui, do Estado de Mato Grosso. E a EMBRAPA fez esse trabalho. Eu não conheço os resultados da minúcia, mas, sei do resultado final, que, também, comprova a tese do Estado de Mato Grosso, portanto, mais um órgão que diz o que nós estamos dizendo. Mais do que esses números, eu gostaria de dizer a essa Comissão que nós temos que começar a nos preocupar na Amazônia - e vamos fazer, agora, que criamos um Fórum de Governadores - em buscar normas, regras, protocolo e metodologia para discutirmos as coisas da Amazônia. Hoje, se nós colocarmos uma imagem de satélite sobre uma mesa e chamarmos aqui a Secretaria de Meio Ambiente do Estado, o IBAMA, o INPE, a EMBRAPA, enfim, algumas universidades, encontraremos discrepâncias em todas as análises feitas. Então, fica impossível determinar quais os números que nós estamos discutindo, porque a metodologia utilizada é diferente para cada um deles. As pessoas que vivem fora da região Amazônica não têm noção quando se fala que o desmatamento em Mato Grosso, no mês de janeiro de 2008, foi de 37km²; quando dizem que foi três vezes mais do que o desmatamento de janeiro de 2007; que esses 37km² são, apenas, 3.700 hectares e que os 10km² de 2007 são 1.000 hectares. Para um Estado que tem noventa milhões de hectares isso é, simplesmente, nada! Então, o que se vende lá fora, o que se diz, é que o desmatamento na Amazônia triplicou e que Mato Grosso foi responsável por 70% desse desmatamento. Mas qual é o tamanho desse número? É isso que nós, também, precisamos discutir. Pág. 35 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. Assim como nos exames médicos, que cada um de nós faz - e qualquer leigo pode ler um exame médico - está o desejável, o que tem risco médio e o que é elevado. O exame de colesterol, por exemplo, é assim, e tantos outros. E quando nós estamos dentro do desejável não nos preocupamos com a questão do colesterol. Eu acho que na questão da Amazônia, também, deve ser assim. Tem que ter um colchão e uma tolerância para que não sejamos crucificados a cada mês e a cada dia que saem números novos da Amazônia. Então, eu sugiro, também, a essa Comissão que coloque nesse relatório discutirmos as metas, os protocolos e as metodologias colocadas. Feito isso, eu tenho certeza que iremos avançar bastante quanto à questão da Amazônia. E, também, eu gostaria de chamar atenção de que essa Comissão deveria pedir, talvez, ao IBAMA; talvez, à própria Secretaria do Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso, fazer um levantamento histórico dos últimos quinze anos do desflorestamento da Amazônia. Nós, neste momento, no ano de 2008, temos índices de desmatamento menores do que tínhamos há quinze anos. Portanto, estou tentando colocar essas questões para dizer aqui, com toda clareza, que essa operação “Arco de Fogo” foi inoportuna, desnecessária, arbitrária e que fez com que o Estado de Mato Grosso e outros Estados da Federação Brasileira, da Amazônia, pagassem um preço muito caro pela difamação, pelo preconceito que se criou contra essas unidades da Federação. Mas, também, isso não fica só internamente no País. Eu sei que cada vez que um Governador faz uma viagem para o exterior; que um Senador faz uma viagem para o exterior; que os Presidentes das Federações viajam; que o Presidente da República vai a algum encontro fora do Brasil, os primeiros questionamentos que vêm são sobre o desmatamento na Amazônia, como se não estivéssemos cuidando bem da Amazônia. O que me deixa profundamente magoado é que os números colocados não são verdadeiros. Os números foram manipulados. E essa manipulação de números estraga a imagem do Estado de Mato Grosso e também a imagem do Brasil lá fora. Então, essas são as nossas preocupações. Uma vez resolvido isso, tenho certeza que a Amazônia, o Estado de Mato Grosso, continuará crescendo, com respeito ao meio ambiente. Não vamos flexibilizar, por parte do Estado de Mato Grosso, da Secretaria do Meio Ambiente, nada! O que é lei é lei. Talvez, o que tenha que ser discutido seja a lei, e ela deve ser discutida no Congresso Nacional, pelos Deputados Federais, os Senadores. A nós, no Estado, cabe fazer com que essa legislação seja obedecida - e estamos fazendo isso! - por isso a nossa revolta de ver o nome do Estado de Mato Grosso constantemente na mídia, como quem não obedece as regras colocadas pelo Congresso Nacional. Muito pelo contrario! Aqui estamos punindo. Também temos reclamações dos setores produtivos contra a Secretaria do Meio Ambiente, mas não fizemos e não permitiremos arbitrariedades das nossas fiscalizações Meu caro Senador Jayme Campos, quero parabenizar Vossa Excelência por esta iniciativa. Sei que foi da sua iniciativa a criação dessa comissão, sei que os Senadores que estão aqui são Senadores comprometidos com esta região, que a discussão que será feita no Senado Federal será muito mais ampla do que simplesmente com Senadores da região da Amazônica e vamos poder, Pág. 36 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. então, socializar essas informações, levar as preocupações que temos nesta região e buscar novamente a paz para região Norte do Estado de Mato Grosso. Acho que os senhores ouviram muito a questão madeireira, de fato, essa Operação Arco de Fogo até agora não fez aquilo a que se propôs, que era fazer a prevenção e o combate ao desmatamento, mas fez uma operação contra o setor madeireiro do Estado de Mato Grosso, do Pará, de Rondônia e dos outros locais. Então, são as nossas reclamações, que não são de hoje - já procuramos escalões da Federação para discuti-las - e espero que, com a estada do Senado Federal nessa discussão, possamos resolver esse problema e trabalhar em paz, fazer aquilo que o Brasil quer, que é produzir alimentos e gerar riquezas, que essas riquezas sejam para todos e que possamos encontrar a felicidade e a tranqüilidade. Muito obrigado pela vinda dos senhores aqui e espero que isso, de fato, possa ajudar a buscar uma solução para os problemas do Estado de Mato Grosso. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (JAYME CAMPOS) - Concluindo o trabalho desta Comissão - que hoje se encontra em Cuiabá e no dia de ontem nas cidades de Alta Floresta e Sinop - quero confessar à sociedade mato-grossense que não gostaria de estar aqui para discutir esse assunto. Na verdade, seria muito mais prazeroso que estivéssemos aqui para discutir a questão da logística, a questão da regularização fundiária, que são fundamentais para a nossa população, ou ainda questões da saúde, da educação e daquelas políticas públicas que certamente são importantes no cotidiano para o homem brasileiro. Todavia, lamentavelmente, o que ouvimos nessas visitas que fizemos ao Estado é lamentável. Não posso admitir que num Estado, que se diz democrático de direito, onde o que se vê hoje parece-me que é um Estado contra seu povo... Temos a certeza que esta Comissão e o Congresso Nacional têm um papel fundamental de buscar uma política que, certamente, é imperativa para a boa convivência entre a preservação e a nossa produção. O Governador, Sr. Presidente, nos deixou muito claro que as regras não são claras. Lamentavelmente, hoje há um desrespeito em relação até mesmo ao Pacto Federativo, quando o Governo Federal encaminha para Mato Grosso uma Força Tarefa composta por uma Força Nacional e a Polícia Federal deste País. Acho que tínhamos que empregar melhor essas forças policiais. Vamos empregar aqui no combate ao narcotráfico na divisa do nosso Estado com países vizinhos, combatendo realmente uma grande entrada de drogas, onde, lamentavelmente, para o poder e o aparelho policial estadual é impossível combater, até porque temos uma fronteira seca de quase 700 quilômetros. Por outro lado, Sr. Governador, lamentavelmente, temos sido tratados de tal forma, e eu ouvi no Estado do Pará algumas pessoas dizerem que o homem amazônico está sendo menos, ou melhor, o pato selvagem é mais importante do que o homem que mora nesta região. São vinte e três milhões de brasileiros que aqui habitam que, com certeza, conseguiram a nossa soberania nacional. Não podemos, em hipótese alguma, concordar com esse Decreto nº 6.321. Ele é pernicioso! Muitas pessoas de Mato Grosso não acompanharam de perto a edição da portaria também, portaria, como bem disse aqui o Governador, que pôs na esteira dezenove municípios e mais sessenta e poucos municípios. E não caiu a fixa! Pág. 37 - Secretaria de Serviços Legislativos ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA COM O OBJETIVO DE VERIFICAR “IN LOCO”, O RISCO AMBIENTAL EM QUE VIVEM OS 31 MUNICÍPIOS RELACIONADOS PELO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAL - INPE EM SEU “MAPA DE DESMATAMENTO”, COM A PRESENÇA DO SENADOR JAYME CAMPOS -PRESIDENTE DA COMISSÃO TEMPORÁRIA EXTERNA “RISCO AMBIENTAL”. REALIZADA NO DIA 16 DE MAIO DE 2008, ÀS 09:00 HORAS. A partir de 1º de julho, companheiros, estarão impossibilitados de contrair qualquer financiamento para que possam dar continuidade naturalmente ao plantio, depois à colheita e depois à venda. Conversei com o doutor Paulo aqui, representante do IBAMA, e disse a ele que vi ontem revolta, um verdadeiro clamor popular. Nasci, me criei e moro neste Estado. Já fui Governador, três vezes prefeito, meu irmão foi prefeito e Governador, enfim, conheço este Estado, sem exagero, não melhor que qualquer um, mas conheço tão bem como qualquer outro, sobretudo quando Governador, mas, lamentavelmente, vi lá um povo indignado, revoltado, disposto a qualquer situação. Acho que não podemos conviver com um Estado que, lamentavelmente, seu povo não acredita nas instituições. Os direitos individuais estão sendo desrespeitados, na medida em que no último sábado dois componentes da Força Nacional espancaram um moço de dezesseis anos e um de vinte e um anos. Vi a indignação de um povo que não sabe mais em quem acreditar. O próprio o Promotor de Justiça da Comarca de Alta Floresta também mostrou sua indignação. Ninguém discorda de termos ali outro aparelho policial do Governo Federal, mas nunca perdendo de vista, naturalmente, os órgãos estaduais que são perenes, permanentemente, durante a história de Mato Grosso, fazendo com que realmente a sua Constituição seja cumprida. De tal forma, Sr. Governador, Srs. Deputados, que quero dizer que esta Comissão terá, com certeza, um resultado pró-ativo, no sentido de que os nossos relatórios possam ser vistos de forma a trazer uma boa política e uma boa convivência a esta região do nosso País, caso contrário, com certeza, todos e quaisquer meios, ferramentas e instrumentos serão usados. Foi proposto ontem pelo Senador Expedito Júnior até mesmo trancar a pauta do Senador Federal e eu assumo o compromisso aqui de público, que o meu Partido, o Democratas, que são 14 Senadores da República, farão com que possamos, também, trancar a pauta. O Senador Flexa Ribeiro assumiu um compromisso, também, do PSDB, o Senador Expedito Junior pelo PR e o nosso companheiro Leomar Quintanilha, também, vai fazer com que os seus pares do PMDB, nos ajudem nessa verdadeira cruzada. Uma cruzada da sobrevivência e certamente, imagino que o Governo Federal vai ter que entender. Eu faço o apelo aqui ao Dr. Paulo, Rondônia, Dr. Paulo praticamente, está com o problema das madeireiras resolvido e Vossa Excelência tem aqui uma nobre missão de ajudar o povo de Mato Grosso. O IBAMA não pode ser contra o mato-grossense, não pode ser contra aquele que produz, que constrói a grandeza não só do Estado, mas do país. O senhor tem o papel de fazer o encaminhamento no sentido de revertemos este quadro, esta situação caótica que lamentavelmente, algumas partes do Estado estão vivenciando. Principalmente, a falta de regularização é muito grande, o Governador Blairo Maggi, está encalacrado. Uma situação realmente de que, lá pra fora se entende que Vossa Excelência é o maior devastador, que o seu Governo permite fazer a devastação da nossa Amazônia. Por outro lado, aqui dentro do próprio Estado de Mato Grosso, muitos e muitos cidadãos brasileiros que aqui moram, sobretudo o setor produtivo, acham que Vossa Excelência está sendo omisso na defesa dos interesses desse segmento produtivo, de tal forma, que eu acho que a responsabilidade é de todos nós, todos nós! Independentemente de sigla partidária, enfim, o que nós

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Equipe Técnica: - Taquigrafia: - Amanda Sollimar Garcia Taques Vital; - Cristiane Angélica Couto da Silva Faleiros; - Sueli Maria Pita Rocha; - Dircilene Rosa Martins; - Rosa Antônia de Almeida Maciel Lehr; - Isabel Luíza Lopes; - Revisão: - Regina Célia Garcia; - Rosivânia de França Daleffe; - Anna Flávia Gasparotto; - Nilzalina Couto Marques.

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