Cadernos Do CHDD
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Cadernos do CHDD ANO IV - NÚMERO 6 1º Semestre 2005 CADERNOS DO CHDD EDITOR: ALVARO DA COSTA FRANCO EDITORA EXECUTIVA: MARIA DO CARMO STROZZI COUTINHO FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO PRESIDENTE EMBAIXADORA MARIA STELA POMPEU BRASIL FROTA Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H, Anexo II, Térreo, Sala 1 70170-900 Brasília, DF Telefones: (61) 3411-6033/6034 Fax: (61) 3322-2931/2188 Site: www.funag.gov.br e-mail: [email protected] CENTRO DE HISTÓRIA E DOCUMENTAÇÃO DIPLOMÁTICA DIRETOR EMBAIXADOR ALVARO DA COSTA FRANCO Palácio Itamaraty Avenida Marechal Floriano, 196 20080-002 Rio de Janeiro, RJ Telefax: (21) 2233-2318/2079 E-mail: [email protected] Direitos de publicação reservados à Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) Impresso no Brasil 2005 Cadernos do CHDD / Fundação Alexandre de Gusmão, Centro de História e Documentação Diplomática. Ano IV, n. 6. Brasília, DF : A Fundação, 2005. 296p. ; 17 x 25 cm Semestral ISSN: 1678-586X 1. Brasil Relações exteriores História Periódicos. 2. Diplomacia Brasil História Periódicos. I. Fundação Alexandre de Gusmão. II. Centro de História e Documentação Diplomática. CDU 341.7(81)(0.91:05) SUMÁRIO CARTA DO EDITOR ........................................................................ 5 A VERSÃO OFICIAL (III) CIRCULARES DO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES 1889-1902.............................................. 7 CORRESPONDÊNCIA DE BARTOLOMEU MITRE COM O VISCONDE DO RIO BRANCO E OUTROS ESTADISTAS DO IMPÉRIO 1865-1876 ................................................................ 159 CARTAS DE UM EMBAIXADOR DE ONIM ALBERTO DA COSTA E SILVA ................................................. 195 ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS (IV) BARÃO DO RIO BRANCO .................................................... 207 UM DOCUMENTO, UM COMENTÁRIO: PETIÇÃO DOS TRABALHADORES ALEMÃES DA FÁBRICA DE FERRO DE IPANEMA A JOSÉ BONIFÁCIO ..................... 287 CARTA DO EDITOR Neste sexto número dos Cadernos do CHDD, continuamos a publicação da coletânea das mais significativas Circulares do Ministério, agora denominado das Relações Exteriores. O corte cronológico inicia- se com a proclamação da República e termina com a posse do barão do Rio Branco como ministro, cobrindo, portanto, os primeiros e tumultuosos anos da República. A figura do general Bartolomeu Mitre de tão grande relevância para as relações brasileiro-argentinas é relembrada mediante transcrição de cartas trocadas entre o prócer argentino e o visconde do Rio Branco e outros homens públicos brasileiros, depositadas no Arquivo Histórico do Itamaraty e no Museu Mitre, de Buenos Aires. Associamo-nos, assim, aos atos comemorativos do centenário de seu falecimento, que transcorrerá em janeiro de 2006. Entre os documentos recolhidos ao Arquivo Histórico do Itamaraty, encontram-se, na seção relativa a d. Pedro I, duas cartas dirigidas de Salvador ao ainda príncipe-regente, por Manoel Alves Lima, que se intitulava embaixador ou enviado do rei de Onim. Alberto da Costa e Silva, grande conhecedor das relações entre o Brasil e o continente africano, apresenta e contextualiza estes documentos de autoria de quem, ao que tudo indica, foi o primeiro agente diplomático de um chefe de Estado africano no Brasil. Na qualidade de embaixador de Onim, foi, certamente, o primeiro representante de um governo estrangeiro a reconhecer nossa independência, numa época em que, como bem nota Costa e Silva, não se considerava os governos africanos como partes no concerto das nações. O barão do Rio Branco merece ainda nossa especial atenção. Com o intuito de contribuir para o conhecimento de sua atividade como jornalista, publicamos, na série ARTIGOS ANÔNIMOS E PSEUDÔNIMOS, as crônicas estampadas na pelo jovem Juca Paranhos, cuja identidade estava mal oculta sob o pseudônimo de Nemo, que ele viria a reutilizar já ministro das Relações Exteriores Pela primeira vez, incluímos imagens nos Cadernos: uma ilustração da autoria de Borgomainerio, sobre o batizado do príncipe do Grão-Pará, citada em uma das crônicas; uma caricatura do jovem Paranhos em companhia de Gusmão Lobo, publicada no , alusiva à sua atividade jornalística em , o diário em que ambos defendiam, ardorosamente, a política do ministério presidido pelo visconde do Rio 5 Cadernos do CHDD Branco; e uma terceira, também do traço de Borgomainerio e publicada na , alusiva à saída de Paranhos Júnior e de Gusmão Lobo de após a queda do gabinete. São imagens de Rio Branco na época das crônicas de Nemo. Na seção UM DOCUMENTO, UM COMENTÁRIO, publicamos documento encontrado no fundo José Bonifácio do Arquivo Histórico do Itamaraty que, aparentemente, passou despercebido aos pesquisadores. Trata- se de uma petição, redigida em alemão por trabalhadores contratados, em Berlim, pela legação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, para trabalhar na Fábrica de Ferro de São João de Ipanema. Testemunha o papel desempenhado desde muito cedo pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros na atração de imigrantes e transferência de conhecimentos científicos e tecnológicos, no quadro do que hoje chamaríamos uma política de desenvolvimento econômico. Reflete, também, as dificuldades encontradas por estes primeiros e pioneiros esforços. O EDITOR 6 A VERSÃO OFICIAL PARTE III CIRCULARES DO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES 1889 - 1902 APRESENTAÇÃO Continuamos a publicação das circulares emitidas pelo Ministério, já não mais dos Negócios Estrangeiros, mas agora das Relações Exteriores. Nos documentos mais significativos, selecionados neste período inicial da Primeira República que se estende do 15 de novembro até a posse do barão do Rio Branco vemos refletidas não somente as grandes mudanças do cenário interno, mas a construção de uma nova política externa, que se queria inspirada por um espírito americanista e republicano, bem como uma renovação de estilos da chancelaria, a sublinhar a transição da monarquia para a república. É um período rico de acontecimentos: reconhecimento internacional da república, solução dos problemas fronteiriços com a Argentina e com a Guiana Francesa, questão da ilha da Trindade, as seqüelas internacionais da Revolta da Armada, o rompimento e restabelecimento de relações com Portugal, política de imigração, os problemas sanitários e suas repercussões sobre os transportes internacionais, etc. A transcrição obedeceu, em suas linhas gerais, aos critérios que vimos seguindo nos números anteriores dos Cadernos, com atualização ortográfica e da pontuação. A pesquisa foi feita, sob orientação do CHDD, por Vitor Bemvindo Vieira, da UFF, coadjuvado na transcrição por Bárbara Pinheiro Bado e Leonardo Ribeiro Freitas, ambos da UFRJ, todos estagiários no Centro. O EDITOR 9 A VERSÃO OFICIAL CIRCULARES DO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES 1889-1902 AHI 317/03/11 Circular de 18/11/1889. Índice: Proclamação da república. Governo provisório. Ministro das Relações Exteriores. Ao corpo diplomático e consular estrangeiro Em 18 de novembro de 1889. Só hoje me é possível fazer ao sr. ... a comunicação que lhe devo sobre os acontecimentos políticos dos três últimos dias, os quais se resumem nisto: o Exército, a Armada e o povo decretaram a deposição da dinastia imperial e, conseqüentemente, a extinção do sistema monárquico representativo; foi instituído um governo provisório, que já entrou no exercício das suas funções e que as desempenhará enquanto a nação soberana não proceder à escolha do definitivo pelos seus órgãos competentes; este governo manifestou ao sr. d. Pedro de Alcântara a esperança de que ele fizesse o sacrifício de deixar, com sua família, o território do Brasil e foi atendido; foi proclamada provisoriamente e decretada como forma de governo da nação brasileira a República Federativa, constituindo as províncias os Estados Unidos do Brasil. O governo provisório, como declarou na sua proclamação de 15 do corrente, reconhece e acata todos os compromissos nacionais contraídos durante o regime anterior, os tratados subsistentes com as potências estrangeiras, a dívida pública, externa e interna, os contratos vigentes e mais obrigações legalmente estatuídas. No governo provisório, de que é chefe o sr. marechal Manoel Deodoro da Fonseca, tenho a meu cargo o Ministério das Relações Exteriores e é por isso que me cabe a honra de dirigir-me ao sr. ...(nome)..., assegurando-lhe em conclusão que o governo provisório deseja vivamente manter as relações de amizade que têm existido entre ...(país)... e o Brasil. Aproveito esta primeira ocasião para ter a honra de oferecer ao sr. ministro as seguranças da minha ... consideração. Quintino Bocaiúva Ao sr. ... * * * 11 CADERNOS DO CHDD AHI 317/03/11 Circular de 19/11/1889. Índice: Proclamação da república. Pede reconhecimento. Aos governos estrangeiros Em 19 de novembro de 1889. Sr. ministro, O Exército, a Armada e o povo decretaram a deposição da dinastia imperial e, conseqüentemente, a extinção do sistema monárquico representativo; foi instituído um governo provisório, que já entrou no exercício das suas funções e que as desempenhará enquanto a nação soberana não proceder à escolha do definitivo pelos seus órgãos competentes; este governo manifestou ao sr. d. Pedro de Alcântara a esperança de que ele fizesse o sacrifício de deixar, com sua família, o território do Brasil e foi atendido; foi proclamada provisoriamente e decretada como forma de governo da nação brasileira a república federativa, constituindo as províncias os Estados Unidos do Brasil. O governo provisório, como declarou na sua proclamação de 15 do corrente, reconhece