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Ano XVI - 2007 - NÚMERO 97

Ano XVI 2007 - R$ 0,00 NÚMERO 97 ISSN 1415 - 2460 ISSN Mallu Magalhães De hype da internet a revelação do mundo real

White Lion - Instiga - Tremião - Nelson Triunfo Vampiros e Piratas – Agnostic Front - Neto Trindade Pitty - O Quarto das Cinzas - Cultura Digital Junho / 2008 Junho / 2008 ÍNDICE JUNHO 2008 15 Tremião 25 Pitty

EDITORIAL

epois de 15 anos de vida com 16 Mallu Magalhães 26 Neto Trindade 96 edições e de muitos e muitos D estudos, chegou a hora de uma das maiores decisões da história da Dynamite. Devido à excelente repercussão de leitores e downloads da nossa edição 96 - a primeira que disponibilizamos totalmente gratuita 18 Nelson Triunfo 27 Instiga para leitura em nosso site - vimos que o caminho era esse. A partir dessa edição, nossa querida revista vai continuar com mais pique agora e somente online. Sim, isso mesmo: adeus edição impressa, welcome download gratuito! Óbvio que os 28 Cultura Digital crescentes custos de impressão, aliados 20 Vampiros e Piratas à crônica dificuldade de distribuição pesaram na decisão, mas ver que temos mais leitores pela web do que tínhamos pela edição em bancas é a principal constatação que a acessibilidade à informação passa pela Internet. 29 O Quarto das Cinzas 22 White Lion Ironicamente, outra prova disso é nossa capa dessa edição, Mallu Magalhães. De mera desconhecida parcos meses atrás, a garota adolescente se transformou na maior revelação do ano, sendo hypada via Internet, até conquistar os palcos 24 Agnostic Front de todo o Brasil e a veneração de outras mídias (TV, revistas e jornais). O próprio entrevistador, Humberto Finatti, é outro exemplo de jornalista que tem se notabilizado e reconhecido mais pelo seu trabalho como colunista e blogueiro no site da Dynamite, do que em seus 20 anos anteriores de serviços prestados à grande mídia.

Mas é óbvio que podemos lançar futuras edições impressas, sempre que algo justificar ou for necessário. Mas mesmo assim, de hoje em diante, ela estará sempre sendo 03 Editorial + Índice 12 Show Internacional disponibilizada gratuitamente em nosso site www.dynamite.com.br! 04 News 14 Mural/Play Boa ‘nova’ leitura! 08 Shows 32 Ears Up André “Pomba” Cagni 12 Fora do Eixo 35 Jukebox + Expediente Editor Junho / 2008 03 NEWS by Bruno Palma Fernandes (Fotos: Divulgação) O show que o Bon Jovi havia De acordo com o baixista Tommy Stinson existe uma possibilidade para uma re- marcado para o dia 26 de abril união do Replacements, banda norte-americana de rock alternativo formada em 1979 em Sunrise, na Flórida, começou e que acabou em 1991. A banda recebeu algumas boas propostas para se apresentar com três horas de atraso. Isso ao vivo esse ano e chegou a considerar, mas decidiu de última hora que ainda não aconteceu porque a polícia local era o momento. Se tudo der certo, a formação para essa reunião contará com os recebeu um telefonema de ameaça integrantes originais Tommy e Paul Westeberg (vocalista). A bateria ficaria a cargo de de bomba na casa de shows pouco Josh Freese, substituindo Chris Mars, que trocou a música pela pintura. O Replace- antes da data marcada para a ments ainda precisaria de um guitarrista para o lugar de Bob Stinson, irmão de Tommy apresentação. As pessoas foram falecido em 1995. M evacuadas do local e a polícia entrou em ação com o auxílio de Com o anúncio de que o Smashing Pumpkins cães farejadores. Como nada foi não lançaria mais álbuns, começaram a circular encontrado, foi permitida a entrada do público e o show ocorreu como planejado. M rumores de que a banda pudesse estar acabando mais uma vez, após menos de um ano de reunião. Faleceu Humphrey Littelton, que participou da gravação da música “Life In A Glass- O baterista Jimmy Chamberlin negou que isso house”, do álbum “Amnesiac”, que a banda inglesa de rock experimental Radiohead esteja acontecendo e voltou a explicar que a banda lançou em 2001. O trompetista, que estava com 86 anos de idade, não resistiu a uma só não lançará mais músicas através dos formatos cirurgia de retirada de um aneurisma da aorta. M mais convencionais, e que provavelmente passará a lançar novas composições de tempos em tempos Phil Collins, que finalizou recentemente uma turnê de reunião com o Genesis, através da internet. M anunciou que está se aposentando de vez, e que não tem planos para fazer mais discos ou apresentações ao vivo. A única coisa que o músico, que está com 57 anos Faleceu aos 58 anos de idade Danny Federici, que tocava teclado e órgão na E de idade, deve continuar fazendo é trabalhar em composições. M Street Band, banda de apoio de Bruce Springsteen. Danny passou os últimos três anos lutando contra um melanoma, mas não resistiu à doença. Charles Giordano está A banda norte-americana de poppy punk Yellowcard anunciou que está dando um agora ocupando o posto deixado tragicamente por Danny. M tempo. Não foi esclarecido o motivo por trás dessa decisão. M Travis Barker, baterista da banda de poppy punk +44 e que integrou o extinto Blink Um fã irlandês da banda indie 182, havia aberto um processo contra a fabricante de bebidas Rockstar Beverages, inglesa Muse descobriu onde fica a acusando a empresa de ter utilizado sua imagem em propagandas de um de seus residência do vocalista e guitarrista produtos – o Rockstar Energy Drink – sem ter pedido autorização. O músico e a empre- Matt Bellamy, na Itália. O músico sa chegaram a um acordo recentemente, mas seus termos não foram divulgados. M revelou que o tal fã deixa sacolas com objetos estranhos à porta da A Obbachi Jacked Lunch Box, empresa residência que ele divide com sua japonesa que vende pratos prontos desenvolveu noiva. Garrafas com mensagens uma linha curiosa de seus produtos. A Obbachi está dentro e poemas a respeito do fim do agora vendendo pratos, com tampa transparente, mundo foram alguns dos presentin- que imitam capas de discos de rock na disposição hos deixados para Matt. M de seus alimentos. Entre os títulos que servem de inspiração para os pratos estão o homônimo de Um instrutor está submetendo o rapper 50 Cent a uma série de exercícios de estréia do Rage Against The Machine, “Voodoo aeróbica. Essa foi a medida encontrada para fazer com que 50 perca um pouco de sua Lounge”, do Rolling Stones, “Nevermind The Bol- musculatura. O rapper terá que adaptar seu físico para interpretar um policial no filme locks”, do Sex Pistols, e “Pinkerton”, do Weezer. M “Streets Of Blood”. M Cliff Davis, que tocou bateria na banda de Ted Nugent durante os anos 70, foi O cantor e compositor Lou Reed se casou no dia 12 de abril com Laurie Anderson, encontrado morto em sua residência em Atlanta. A morte de Cliff foi atribuída a um mulher com quem vive há 13 anos. M ferimento a bala, mas ainda não foi divulgado se tratou-se ou não de suicídio. M

Yoko Ono está processando os documentaristas responsáveis por “Expelled: No David Byrne, que liderou a extinta banda de new wave Talking Heads, está trabal- Intelligence Allowed”, que trata da discriminação contra pessoas que propõem alternati- hando em algumas colaborações. No momento, Byrne está finalizando a gravação de vas à teoria darwiniana de evolução. M um álbum com o produtor Brian Eno, que fez parte do Roxy Music e já produziu três álbuns do Talking Heads. Dessa vez, a colaboração de Eno se estendeu à composição Yoko abriu o processo devido ao uso da música “Imagine”, de seu falecido marido das músicas em parceria com David Byrne. O ex-Talking Heads também revelou estar John Lennon, no filme. Os produtores do filme se defendem alegando que a canção, trabalhando em algumas músicas com o DJ Fatboy Slim. M embora protegida por direitos autorais, foi usada no documentário como objeto de comentário, o que é legal. M Circularam alguns rumores de que o vocalista e guitar- rista Paul Stanley estava pensando em deixar a banda Após boatos de que Sebastian Bach e Chris Cornell eram os favoritos para ocupar o de hard rock Kiss. Esses boatos foram reforçados por posto deixado por Scott Weiland, o guitarrista Slash revelou que o Velvet Revolver es- um problema de saúde que o músico teve no ano pas- colheu meios mais modernos para encontrar um novo vocalista. De acordo com Slash, sado, quando deixou de tocar com a banda devido a um a banda pretende fazer um website exclusivamente com a finalidade de encontrar uma problema no coração, e também pela dedicação que Paul nova voz para o Velvet e que os testes deverão acontecer on-line. M está dando à pintura nos últimos tempos. O frontman da banda, contudo, negou que esteja com essa intenção e Tim Owens (vocalista do Iced Earth), Nick Bowcott ainda declarou que o Kiss “nunca esteve melhor”. M (ex-guitarrista do Grim Reaper), Dave Ellefson (ex-baixista do Megadeth) e Jason Bittner (baterista O cantor e compositor Bob Dylan acaba de terminar de escrever um novo livro. Esse do Shadows Fall) se juntaram para gravar uma novo trabalho, chamado “Forever Young”, será o primeiro do artista voltado ao público música, chamada “Leave It Alone”. Essa música, infantil. O lançamento de “Forever Young” está marcado para o dia 06 de outubro. M feita em homenagem a Dimebag Darrell, guitarrista assassinado em pleno palco em 2005, será vendida George Michael já possui duas pinturas do famoso e misterioso grafiteiro inglês exclusivamente através do serviço virtual iTunes. O Banksy, mas ainda não está satisfeito. O cantor está agora oferecendo dois milhões de dinheiro arrecadado com os downloads será revertido libras para o artista para que ele pinte uma parede de sua casa. Banksy não revela sua para o Little Kids Rock, programa norte-americano identidade e disse que só topa fazer esse trabalho para George se ele não estiver pre- que oferece instrumentos musicais e aulas para cri- sente no momento. O grafiteiro tem diversos trabalhos espalhados pela Inglaterra e é anças que estudam em escolas da rede pública. M também o responsável pela capa de “Think Tank”, álbum que o Blur lançou em 2003. M

Junho / 2008 04 Após ter sido preso, acusado de agressão doméstica Desde 2006, o vocalista Terry Hall vem cogitando a possibilidade de uma reunião da (pela segunda vez; a primeira foi em 2001), Vanilla Ice foi banda inglesa de ska The Specials, inativa desde o começo dos anos 80. Esse ano, libertado. O rapper, conhecido na década passada pelo hit Terry anunciou que a banda estava se preparando para alguns shows para o próximo “Ice Ice Baby” (com a linha de baixo bastante similar à de semestre. Neville Staple, o outro vocalista, ainda não deu 100% de certeza de que a “Under Pressure”, que o Queen gravou com David Bowie), banda fará mesmo essa reunião. Segundo Neville, o Specials está ensaiando e vendo continua negando as queixas de sua mulher. se a coisa funciona. “Se der certo, nós faremos. Se não der, aí me desculpes, garotos e garotas. Mas nós estamos tentando”, afirmou. M Ira Trevisan decidiu deixar o posto de baixista da banda paulistana de electro rock CSS. A baixista tomou O guitarrista Timo Tolkki, que liderou o essa decisão para poder se dedicar à moda e outros Stratovarius, decidiu acabar com a banda projetos. O baterista Adriano Cintra assume o lugar de finlandesa de power metal no início do mês. Ira e a banda passa a tocar com um baterista contratado Timo decidiu deixar a banda que fundou nos ao vivo. O CSS lança seu segundo álbum em julho. M anos 80 para se dedicar a um outro projeto, chamado Revolution Renaissance. Essa nova Gene Simmons, baixista da banda de hard rock Kiss, faz o papel de um demônio banda lança seu álbum de estréia, intitulado num novo filme japonês. O filme, chamado “DMC”, é baseado num manga homônimo, “New Era”, no dia 06 de junho. M e o demônio interpretado por Gene é um deus do rock’n’roll no filme. M Segundo o guitarrista Ron Wood, existem A novela nunca acaba. Axl Rose finalmente entregou “Chinese Democracy”, álbum chances para uma reunião do The Faces, banda que promete desde 1999, pronto, à sua gravadora. No momento, a gravadora está que ele deixou nos anos 70 para tocar no Rolling resolvendo uma série de burocracias relacionadas a direitos autorais. O disco, que cus- Stones. Ron explicou que a reunião só não acon- tou mais de 13 milhões de dólares para ser feito, deve sair ainda esse ano. Será? M teceu ainda devido a conflitos de agenda. M

Keith Richards, guitarrista do Rolling Stones, acredita A banda alemã de power metal Primal Fear tem recebido diversos e-mails de pes- que está vivo até hoje devido a uma grande tolerância a soas que notaram a similaridade de “Scream Aim Fire”, música nova da banda galesa substâncias tóxicas. O músico, que está com 64 anos de de metalcore Bullet For My Valentine, com “Evil Spell”, música de “Seven Seals”, álbum idade, afirma que médicos do mundo todo querem estudar que o Primal Fear lançou em 2005. “Estamos tranqüilos com isso e não queremos seu corpo quando ele morrer para encontrar uma maneira de receber mais 150 e-mails a respeito disso”, disse a banda numa declaração, que ainda melhorar a saúde das pessoas. M teceu diversos elogios ao Bullet For My Valentine. M

Recentemente, Charli 2na, da inativa banda de hip hop Toni Garrido anunciou sua decisão de deixar a banda carioca de reggae pop Cidade norte-americana Jurassic 5, deu uma declaração na qual Negra. Toni, que cantou à frente do Cidade Negra desde 1994, está deixando o grupo afirmou ainda existir a possibilidade de uma reunião do para se dedicar a uma carreira solo, na qual será acompanhado pela banda Flecha grupo, que resolveu se separar no ano passado. “Eu espero Black. O Cidade Negra se apresenta com Toni até maio e depois deve anunciar um que nós possamos nos livrar das coisas que estavam nos incomodando e que nós substituto, ainda não definido. M possamos nos juntar mais uma vez”, declarou Charli. M O baterista Klaus Dinger, que ajudou a formar a banda alemã de música eletrônica Mark E Smith, vocalista da banda inglesa de pós-punk The Fall, pode se encrencar Kraftwerk nos anos 70, faleceu no dia 21 de março, aos 61 anos de idade. Klaus, feio com um órgão que atua como uma espécie de Sociedade Protetora dos Animais que também já passou pelas bandas Neu! e La Dusseldorf, foi vítima de insuficiência na Inglaterra e no País de Gales. Durante uma entrevista, Mark disse ter matado dois cardíaca. M esquilos em seu quintal porque os bichinhos estavam comendo sua cerca. Se o tal órgão prestar queixa contra o músico, ele pode acabar condenado a seis meses de Stefan Elmgren resolveu deixar o posto de guitarrista da banda sueca de power metal cadeia ou uma multa no valor de 20 mil libras. M Hammerfall. O músico resolveu sair do grupo para poder se dedicar a uma outra atividade, bem diferente da qual exercia no Hammerfall. Stefan quer se tornar piloto de avião. M Thomas Gabriel Fischer decidiu deixar o posto de O Fall Out Boy tentou entrar vocalista e guitarrista do Celtic para o livro dos recordes com a Frost. De acordo com uma marca de ter tocado em todos os declaração da banda suíça de continentes no menor espaço de metal, Tom pulou fora devido a tempo. O quarteto norte-americano motivos pessoais. No meio do tinha um show marcado numa base ano, o deve lançar de pesquisas na Antártida, o que lhe um álbum chamado “Monotheist daria a entrada para o Guinness. A Companion”, um apanhado de banda emo conseguiu chegar até o músicas que ficaram de fora de Chile, mas não pôde ir além devido seu álbum mais recente, intitulado “Monotheist”, além de novos arranjos para músicas ao mau tempo, que impossibilitou o que saíram no disco. Enquanto isso, Thomas grava na Noruega o trabalho de estréia vôo para o continente congelado. O Fall Out Boy ainda tentou remarcar o show, mas o de sua nova banda, chamada Triptykon. M mau tempo dificultou novamente. Ainda assim, a banda não desistiu da idéia, e deve tentar o recorde novamente ainda esse ano. M Ian McCulloch, vocalista da banda inglesa Echo And The Bunnymen, lançará no próximo ano um livro de memórias. A editora Transworld comprou os direitos da obra O cantor e compositor australiano Nick Cave conseguiu um certificado honorário de e tem planos para lança-la no meio do ano que vem. O título do livro ainda não está phd em Belas Artes, curso que ele abandonou no final dos anos 70 para se dedicar à decidido. M carreira musical. M

A reunião do Stone Temple Pilots não Um novo jogo de computador faz sátira do ficará limitada a apresentações ao vivo. divórcio do músico Paul McCartney e da ex-modelo Segundo novas informações, o quarteto, Heather Mills. Na vida real, Heather atirou água na separado oficialmente desde 2003, está advogada de Paul quando ficou decidido que ela pensando até em gravar um novo álbum, abocanharia 24,3 milhões de libras do patrimônio seu primeiro desde “Shangri-La Dee Da”, do ex-marido. O jogador, que representa Heather, que saiu em 2001. O STP começa sua turnê ganha pontos jogando água na advogada e em de reunião pelos Estados Unidos em maio. Paul e perde pontos quando atinge os jurados. E A banda deve começar a gravar o novo os pontos acumulados representam o dinheiro que trabalho em meados de novembro. M Heather arrecadará com a separação. M 05 Junho / 2008 O Still Remains anunciou que está se separando devido a razões pessoais. Segundo A vida de Layne Staley, que uma declaração da banda norte-americana de metalcore, os integrantes tomaram essa cantou à frente da banda grunge decisão de forma amigável para que cada um pudesse seguir seu próprio caminho. A norte-americana Alice In Chains, última apresentação do Still Remains acontece no festival Cornerstone, em Bushnell, será o tema de um novo filme. Esse Illinois, no dia 05 de julho. M projeto será baseado na biografia “Get Born Again”, da autora Adriana Lita Ford, que fez parte da banda feminina The Runaways e fez sucesso como artista Rubio. No filme, Layne será solo nos anos 80, volta aos palcos esse ano. O primeiro show acontece no dia 11 de interpretado por Lathan McKay, que julho no festival Rocklahoma, que acontece em Pryor, Oklahoma. Lita Ford não lança um tem em seu currículo alguns filmes álbum de material inédito desde “Black”, que saiu em 1995. M de comédia de pouco sucesso. Layne Staley faleceu em 2002, aos A Converse, conhecida fabricante de calçados, desenvolveu uma nova linha de tênis. 34 anos de idade, vítima de uma Esse novo modelo – preto, com uma estrela branca e, aparentemente, “sujo de fábrica” – overdose. O Alice In Chains vem trabalhando desde o ano passado em um novo álbum ainda conta com um outro atrativo: o nome de Kurt Cobain, líder do Nirvana falecido em de inéditas, seu primeiro desde o homônimo lançado em 1995. Os vocais serão gravados 1994, na lateral. M por William DuVall que está com a banda desde sua reunião, em 2006. M

Foi anunciado no final do ano passado o retorno A banda indie catarinense Pipodélica resolveu pendurar as chuteiras. Os músi- do vocalista Matt Barlow ao Iced Earth, banda na cos tomaram essa decisão devido à divergência de interesses. O disco derradeiro qual cantou entre 1994 e 2003. Essa volta será da banda, intitulado “Não Esperem Por Nós”, será disponibilizado gratuitamente oficializada em junho, mais precisamente no dia para download em breve. M 16, quando a banda norte-americana de heavy metal lança o novo single “I Walk Among You”. Essa Está correndo um boato de que o trio de britpop Keane virou um quarteto. A especulação música fará parte de “Revelations Abomination surgiu devido a uma foto que banda postou em seu site oficial. A tal foto mostra os três inte- (Something Wicked Part 2)”, novo álbum que o Iced grantes da banda e mais um sujeito. O Keane começou a gravar no mês passado o que virá Earth lança no próximo semestre. M a ser seu próximo álbum, sucessor de “Under The Iron Sea”, que saiu em 2006. Ainda não há previsão para o lançamento desse disco, que conta com a produção de Jon Brion. M Quem poderia imaginar que Kelley Deal, guitarrista da banda indie norte-americana Breeders que teve Manu Chao ficou bastante irritado com o Partido Popular da Espanha e tem bons problemas sérios com drogas nos últimos anos, teria um passatempo tão inocente como motivos para tal. “La Trampa”, uma de suas músicas, foi utilizada como trilha sonora na o tricô? Pois é. Kelley tem o hábito de tricotar bolsas enquanto está em turnê. E tem mais: campanha de Mariano Rajoy, candidato a primeiro ministro pelo partido. Manu Chao, que a guitarrista lançará em outubro um livro sobre seu hobby, intitulado “Bags That Rock: sequer simpatiza com a política de Rajoy, se queixa pelo fato de ninguém ter lhe pedido Knitting On The Road With Kelley Deal”. M autorização para o uso da música. M

A banda norte-americana de poppy punk The Starting Line anunciou que fará uma A banda indie inglesa The Dead 60´s resolveu encerrar atividades. Essa decisão foi to- pausa após o término de sua atual turnê. Apesar disso, os integrantes negaram que a mada durante as festas de fim de ano, mas o quarteto só a tornou pública recentemente. banda esteja em vias de se separar definitivamente. M O Dead 60´s foi formado em 2003 e lançou apenas dois álbuns. De acordo com uma declaração da banda, a decisão de terminar foi tomada de forma amigável e os músicos Durante sua vinda ao Brasil, no final do ano passado, a banda emo norte-americana devem montar novos projetos. M 30 Seconds To Mars, gravou uma versão acústica para a música “The Kill”, contando ainda com um arranjo de cordas. Depois, sozinha em estúdio, a cantora baiana Pitty Faleceu, aos 41 anos de idade, o bluesman canadense Jeff Healey, que cantava e tocava acrescentou alguns vocais. M guitarra, clarinete e trompete. Jeff, que tinha esposa e dois filhos, foi vítima de câncer. M

Dengue e Pupilo, baixista Faleceu aos 60 anos de idade o baterista Buddy Miles, conhecido por ter tocado na e baterista da banda per- Band Of Gypsys, do lendário guitarrista Jimi Hendrix, entre 1969 e 1970, quando Hendrix nambucana Nação Zumbi, morreu. Buddy vinha sofrendo de falência cardíaca nos últimos tempos. A causa de sua respectivamente, se juntaram morte, contudo, ainda não foi revelada. M a Rica Amabis, integrante do Instituto, num novo projeto, Gene Simmons falou recentemente a respeito da sex tape que vazou esse mês na internet. chamado 3naMassa. O disco De acordo com o baixista da banda de hard rock Kiss, que é casado há 20 anos, a fita foi gra- de estréia dessa nova banda, vada há muito tempo e sem seu conhecimento. Gene alega ainda que a pessoa responsável intitulado “Na Confraria das pela gravação vem tentando chantageá-lo há anos, mas ele nunca pensou em ceder. M Sedutoras”, conta com vocais de cantoras e atrizes, como O Black Crowes caiu de pau em cima da revista Maxim por ter publicado uma crítica Thalma de Freitas, Nina ao próximo álbum da banda, “Warpaint”, que será lançado no mês que vem. O autor da Becker, Pitty e Leandra Leal, entre outras. Rodrigo Amarante (Los Hermanos), Jorge Du crítica deu ao disco duas estrelas e meia de cinco, mas o Black Crowes alega que o jor- Peixe (Nação Zumbi) e Lirinha (Cordel do Fogo Encantado) participaram do disco. M nalista não ouviu “Warpaint” e sequer poderia tê-lo ouvido, já que não foram distribuídas cópias promocionais. A Maxim admitiu o erro e pediu desculpas, mas só aos leitores. M O produtor chinês Phoenix Cry convocou artistas ao redor do mundo para gravar uma música para as olimpíadas de Pequim, tendo a paz como tema central. Participarão Os anos de rebolado acabaram músicos do Canadá, Israel, Costa Rica, Chile, Senegal, Hungria, Estados Unidos, Bósnia- custando caro a Prince. Atual- Herzegovina, Austrália, Japão, além do próprio produtor, que representa a sede dos mente, o artista pop, que está com jogos. Do Brasil, foram selecionados as bandas DeCore, de hardcore, e RPW, de rap. M 49 anos de idade, tem sentido dores toda vez que se apresenta. A cantora pop Janet Jackson está escrevendo um livro dando dicas de perda de E a culpa disso tudo é seu célebre peso. O livro, que Janet está escrevendo com seu nutricionista, David Allen, deve ser requebrado. No dia 16 de junho, lançado até o final do ano. M Prince será submetido a uma cirurgia, na qual parte da cartilagem O trio carioca de rock alternativo danificada de sua bacia será sub- Autoramas está com uma nova stituída por uma peça de titânio. M baixista substituindo Selma Vieira, que entrou para a banda em 2004 no lugar Noel Gallagher, guitarrista da banda de britpop Oasis, curtia passar algum tempo em da baixista original Simone do Vale. A sua mansão em Ibiza, na Espanha. Mas isso agora é coisa do passado. O músico resolveu carioca Flávia Cury foi escalada para vender a propriedade, avaliada em mais de cinco milhões de libras, devido ao incômodo o posto, mantendo uma tradição de caudado por um vizinho: ninguém menos que o cantor romântico James Blunt. Noel disse baixistas mulheres na banda. M que não pode suportar a idéia de ter Blunt “compondo porcaria” tão próximo. M 06 Junho / 2008 A banda californiana de nu metal No dia 23 de fevereiro Adema decidiu dar um tempo e até Ali Campbell fez seu úl- desistiu dos planos que havia feito timo show como vocalista de excursionar pela Europa. Ainda da banda inglesa de não se sabe se a banda voltará reggae UB40. Essa ap- à ativa. O último lançamento do resentação, assistida por Adema, surgido há dez anos, foi cerca de 30 mil pessoas, o álbum “Kill The Headlights”, que aconteceu em Uganda. saiu no ano passado. M Ali anunciou sua decisão de deixar o UB40 ale- Jeff Penalty deixou o posto de vocalista da banda californiana de hardcore Dead gando que vinha tendo Kennedys. Jeff entrou para a banda em 2003 no lugar de Brandon Cruz, que as- dificuldades na relação sumiu os vocais quando a banda se reuniu, em 2001. De acordo com declarações com os empresários, mas do vocalista, sua saída não foi o que se pode chamar de amigável. “É provável que a banda insiste que Ali a banda atribua a minha saída a conflitos de agenda por conta de meu trabalho resolveu pular fora mesmo para se dedicar à sua carreira solo. Mesmo sem Ali, que com documentário, mas na realidade é uma história longa e tediosa envolv- esteve com a banda desde seu surgimento há 30 anos, o UB40 segue em frente. M endo conflitos de personalidade, diferenças criativas, discussões sobre partilha igualitária de dinheiro, discussões sobre como a banda deveria ser administrada, O Freebass, projeto dos baixistas Mani (Primal Scream), Andy Rourke (The discussões sobre a esperteza de contratar um empresário cujo outro cliente é Smiths – foto) e Peter Hook (New Order), finalmente anunciou o nome de um um artista cristão de folk, discussões a respeito de a banda aparecer ou não na vocalista. O escolhido para o posto foi Gary Briggs, da banda indie inglesa MTV e discussões sobre muitas outras coisas”, explicou Jeff. O vocalista, que Haven, formada em 1998. O Freebass já está gravando seu álbum de estréia. deixou a banda no final do ano passado, ainda revelou que o Dead Kennedys já Devem aparecer como convidados especiais nesse trabalho vocalistas como vinha procurando por um substituto e que até fez um show surpresa com um outro Billy Corgan (Smashing Pumpkins), Tim Burgees (Charlatans), Liam Gallagher vocalista num bar que fica no bairro onde ele reside. (Oasis), Ian Brown e Rowetta (Happy Mondays). Ainda não há previsão para o lançamento desse disco. M Preocupado com as doenças sexualmente transmissíveis, Marky Ramone, que tocou bateria na banda nova-iorquina de punk rock Ramones, lançou um kit de sexo Circulam desde o início de 2006 rumores seguro. O kit, que vem numa caixinha de metal, conta com preservativos e embala- a respeito de uma possível reunião da banda gens de lubrificantes. M londrina de pop rock The Kinks. De acordo com o vocalista e guitarrista Ray Davies, a banda pode No ano passado, um homem man- mesmo se juntar, mas desde que faça músicas dou uma mensagem para o site do FBI novas. “Não posso reunir a banda só para tocar ameaçando matar integrantes da banda os velhos sucessos”, explicou Ray. O vocalista californiana de nu metal Korn, membros também adiantou que seu irmão, o guitarrista de suas famílias e agentes do FBI que Dave Davies, está recuperado do derrame que interferissem. No dia 15 de fevereiro, Adrian sofreu em 2004 e já voltou a tocar. M McCoy, de 23 anos de idade, se declarou culpado das ameaças. A pena pode ser de O vocalista Sammy Hagar e o baixista Michal Anthony, que fizeram parte do Van até cinco anos atrás das grades mais uma Halen, se juntaram ao guitarrista virtuose Joe Satriani e ao baterista Chad Smith, do Red multa de até 250 mil dólares. M Hot Chili Peppers, para formar um novo projeto, chamado Chickenfoot. A banda começa a gravar seu álbum de estréia em breve. M O guitarrista Spiral Stairs já havia dito que era possível. O vocalista e guitarrista Shirley Manson, vocalista da banda de pop Stephen Malkmus também. Agora parece rock Garbage, ganhou um papel na série de que o Pavement, banda indie que encerroua TV “Terminator: The Sarah Connor Chronicles”, tividades em 1999, está finalmente com planos que dá seqüência ao filme “O Exterminador para uma reunião. A banda pretende fazer um show especial no próximo ano na festa de do Futuro II”. Na série, Shirley fará o papel de 20 anos de criação da gravadora independente Matador. Para o baixista Mark Ibold, o Catherine Weaver, chefe de uma empresa da único trabalho será reaprender as músicas. Mark revelou que já chegou a sonhar que o área de tecnologia chamada Cyberdyne. A can- Pavement faria um show de reunião e ele não conseguia se lembrar como tocar. M tora lança ainda esse ano seu álbum de estréia como cantora solo, o qual gravou contando Marilyn Manson anunciou no ano passado que lançaria uma bebida chamada com colaborações de nomes como Billy Corgan Mansinthe, sua própria versão do absinto. A bebida foi submetida a um teste, no (Smashing Pumpkins), Jack White (White Stripes qual foi provada por especialistas. E o resultado não foi nada favorável ao artista. e Raconteurs) e Beck. M O motivo da maior queixa foi o aroma da bebida, comparado por alguns a água de esgoto e lama de pântano. M Marcelo Camelo, que cantou e tocou guitarra no inativo Los Hermanos, está finalizan- do a gravação de seu primeiro álbum solo. Entre os nomes que participaram da gravação A banda nova-iorquina de rock experimental do disco, com lançamento previsto para o próximo semestre, estão o músico pernambu- Sonic Youth está se preparando para fazer cano Dominguinhos, o carioca Domenico (do +2) e a banda paulistana Hurtmold. Camelo uma exibição de arte ao redor do mundo. tem algumas músicas postadas em sua página do MySpace. M Serão expostas nessas exposições obras de todos os artistas que já trabalharam com a John Lydon, vocalista da banda inglesa de banda nas capas de seus discos. De acordo punk rock Sex Pistols, tem planos para compor com o vocalista e guitarrista Thurston Moore, uma música e dá-la de presente à cantora pop esse projeto deve durar entre dois e três anos, norte-americana Britney Spears. Segundo Lydon, passando por museus novos em diversos que também atende por Johnny Rotten, essa será países, começando em junho pela França. uma boa maneira de Britney sacudir a poeira e Acredita-se que a banda fará shows nos mu- dar a volta por cima em sua carreira. “Eu gostaria seus por onde a exibição for passando. Será de ajudar porque essa garota precisa de ajuda”, que rola no Brasil? M explicou Johnny. M

John Reis, que liderou a banda de rock alternativo Rocket From The Crypt, encerrada No ano passado, o júri não conseguiu chegar a um veredicto no julgamento do produ- em 2005, está agora com um novo projeto. Essa nova banda de John se chama Night tor Phil Spector, acusado de ter assassinado a atriz Lana Clarkson em 2003. Spector, Marchers. O álbum de estréia desse projeto, intitulado “See You In Magic”, tem lança- que já trabalhou ao lado de nomes como Beatles e Ramones, volta a ser julgado a partir mento marcado para abril. M do dia 29 de setembro. M Junho / 2008 07 SHOWS PSYCHO CARNIVAL – DO ESQUENTA À RESSACA MY CHEMICAL ROMANCE TOCA PARA POUCOS EM CURITIBA 01 a 05/02/2008 – Hangar Bar, Jokers Pub e 92 Graus – Curitiba 17/02/2008 – Hellooch – Curitiba Texto: Herik Correia Rocha - Fotos: Murilo Ribas Texto & fotos: Marilia Mello

m seu segundo dia de apresentações pelo Brasil, a banda norte-americana EMy Chemical Romance passou por Curitiba fazendo um grande show na Helooch. A banda, que vinha se apresentando com a turnê “The Black Parede”, título de seu último álbum, veio para América do Sul sem toda a parafernália do antigo espetáculo, apresentando uma turnê mais simples. “The Black Parade Is Dead”, como anunciado em seu website, mostra a banda sem figurinos que relembravam a roupa das Paquitas, sem a entrada monumental Voodoo Zombie do vocalista Gerard Way deitado em uma maca e sem fogos de artifício e cenários esta de Esquenta deslumbrantes. Muito mais intimista, o show apresentou aleatoriamente musicas de seus O carnaval do rock curitibano teve seu início no dia 01 de fevereiro, na Festa três álbuns. Fde Esquenta, que aconteceu no bom Hangar Bar. Com casa cheia, apresenta- Sucessos antigos, como “Headfirst For Halos” e “Cemitery Drive”, e ainda músicas ram-se as bandas CWBilly’s, Crazy Horses e Hillbilly Rawhide. somente lançadas em edição especial em vinil, como “Kill All Your Friends”, puderam ser conferidas no show. Gerard ainda tornou a apresentação mais interessante com peque- Psycho Carnival – Primeiro Dia nos covers intercalados com as músicas da banda, como “First Of The Gang To Die”, do Este ano o Psycho Carnival deu bastante espaço às bandas de rockabilly, o que cantor Morrisey, e sucessos da banda inglesa Oasis. não acontecia em edições passadas. Exemplo disso foi a banda que abriu o festival: os Mesmo decepcionados pela proibição de câmeras dentro do local do show, ocasio- gaúchos do Old Stuff. Na seqüência rocker sobe ao palco o Bad Luck Gamblers de São nado pelo lançamento próximo de um DVD, o público estava entusiasmado interagindo Paulo com uma mistura de rockabilly raiz com o neo rockabilly e psychobilly. com Gerard, que insistia em conversar com a platéia, desafiando a compreensão do O Skizoyds de Santa Isabel (SP), que andava meio sumidão dos eventos psycho de inglês das crianças ali presentes. Curitiba, retornam em grande estilo e mandaram um puta show com seu psychobilly Quando questionados a respeito do número relativamente pequeno de pessoas porrada recheado de influências de hardcore, punk e thrash metal. Devido a um dos conferindo o show comparado aos shows feitos nos gigantescos estádios de hóquei nos integrantes não ter conseguido sair de seu país, os norte- americanos do The Howlers Estados Unidos, a banda afirma que o que importa é a energia do público, que qualquer abriram espaço à banda de Londrina Crazy Horses. show vale a pena quando as crianças estão animadas cantando todas as músicas junto Para fechar o festival, a banda Chuck And Brazil Crack Pipes, que nada mais é do que o à banda. vocalista Chuck, da banda Frantic Flintstones, e uma seleção curitibana como banda de apoio. Cansados das incessantes viagens, os meninos carregam junto com eles uma enorme mala cheia de vídeo games. Em Curitiba a falta de opção foi tanta que o baterista Bob Psycho Carnival – Segundo Dia Bryar resolveu tirar toda a mobília de dentro de seu quarto de hotel e fazer uma brinca- A primeira banda foi As Diabatz. As garotas são deira empilhando tudo na frente da porta dos outros integrantes da banda, impedindo que feras e mandam bem seu psychobilly. Direto de eles saíssem. M Santos, o Big Nitrons praticou um dos melhores shows do festival, com uma pegada e atitude de DEEP PURPLE FAZ SHOW COMPETENTE, SEM SURPRESAS palco que lembra o King Kurt. 24/02/2008 – Credicard Hall – São Paulo A dupla seqüência gringa veio com o dinamar- Texto: Hilton “Demo” Chueiri - Fotos: Dum de Lucca Neto quês Pete 1, que foi guitarrista dos discos mais importantes da banda dinamarquesa Nekromantix, omo nas últimas ocasiões, o e veio ao Brasil como o mais novo guitarrista do Deep Purple veio com o tripé Mad Sin. Pete subiu ao palco sozinho, com violão Cbásico de sua formação mais em mãos, às vezes trocando-o por uma guitarra. clássica: Ian Giillan (vocal), Roger Glover A segunda atração internacional da noite foram (baixo) e Ian Paice (bateria), e os já nem os chilenos do Voodoo Zombie. Com muito sangue, tão novos componentes Steve Morse a banda fez uma apresentação bem teatral, com (guitarra) e Don Airey (teclados). destaque para a vocalista Kat vestindo uma roupa bem Mad Sin O show, como sempre, fez um apan- sexy em vinil verde e preto com cinta-liga e meia calça. hado da primeira fase de Gillan (70-73), O show, em si, alternou bons e maus momentos. Para fechar a noite, o Ovos Presley, no com “Pictures Of Home” (abertura), “Into maior show da banda até então com a atual formação. The Fire”, “Strange Kind Of Woman” e “Lazy”, “Space Trucking”, “Highway Psycho Carnival – Terceiro Dia Star” e “Smoke On The Water”, todas do A noite começa com os estreantes paulistas do Pyromaniacs. Com músicos experi- quarto álbum “Machine Head” (71), considerado o melhor trabalho do grupo. entes, mandou seu neo rockabilly recheado de influências do psychobilly tradicional. Da terceira fase com Gillan (dos anos 90 pra cá) as únicas que empolgaram foram O neo rockabilly estava em alta no festival, mostra disso foi a atração internacional “Sometimes I Feel Liek Screaming” e “The Battle Rages On”. Motorama, da Argentina. Mandaram seu som altamente técnico e competente; utilizam Já no solo de Morse, rolaram riffs conhecidos como de “Paranoid”, “Crazy Train”, bastante o vocal em trio, o que deixa o som dos caras muito bacana. Com jogo ganho, “Strawberry Fields” e “Sweet Child O’ Mine”, e a galera veio abaixo! sobem ao palco os curitibanos do Sick Sick Sinners com seu competente power psycho- Don Airey também empolgou no solo de teclado, principalmente na palhinha de billy, repleto de toques hardcore e metal. Seria a vez da atração principal não só da noite “Mr. Crowley”. como de todo o festival, os alemães do Mad Sin, considerado o melhor show de psycho- Dos anos 80, é claro, rolou “Perfect Strangers”, mas senti falta de alguma coisa do billy da atualidade. O show é pura energia, mas dividiu opiniões. Uns acharam o Mad Sin álbum “The House Of Blue Light” (87). melódico demais, outros, como eu, acharam o melhor show do Psycho Carnival. No bis nenhuma novidade, com os primeiros sucessos “Hush” e “Black Nite”. A platéia, formada em boa parte por jovens, ficou extasiada com o show, mas será Baile da ressaca que não estava na hora de Gillan dar o braço a torcer, e cantar alguma música da Na terça-feira, aconteceu no 92 graus o Baile da Ressaca, com a banda de thrash core era Coverdale? Onde estão clássicos como “Burn”, “Mistreated” e “Stormbringer”? dos camaradas do Cadela Maldita, que mandou seus sons próprios e covers pedidos E mais ainda, será que o próprio não poderia se juntar ao Purple e dar umas férias pelo público, como D.R.I., Exploited, Motorhead, Ratos de Porão e os pais do crossover para Gillan? Isso, de certo, daria uma nova motivação à banda e aos fãs. Mas Cro-Mags, tocada pela primeira vez em shows. M mesmo assim foi um bom show. M 08 Junho / 2008 SONATA ARCTICA FAZ BOM REGRESSO A SÃO PAULO IRON MAIDEN FAZ SHOW SÓ COM CLÁSSICOS EM SÃO PAULO 26/02/2008 – Citibank Hall – São Paulo 02/03/2008 – Parque Antártica – São Paulo Texto e fotos: Bruno Silva Texto e fotos: Kadu M. de Oliveira

Sonata subiu ao palco por volta das 21h30 e abertura do show ficou por conta da banda da mandou de cara “Black And White”, do último filha de Steve Harris, Lauren Harris, com um Oálbum, que estava na ponta da língua da A hard rock um pouco fraco e que não contagiou maioria dos fãs. A banda emendou “Paid In Full”, primeiro muita gente (talvez pelo fato de não combinar muito single do álbum mais recente, que também agradou aos com o som do Maiden). fãs, mas não era exatamente o que eles queriam ver e Em torno das 20h10 as luzes do Parque Antártica ouvir ali. Foi o que sugeriu a reação do público quando se apagam e começa o velho discurso de Churchill o vocalista Tony Kakko anunciou que a próxima música que precede nada menos que “Aces High”. A banda seria “Victoria’s Secret”, do disco “Winterheart’s Guild”. entra em palco contando com bom som e com pique, Muita animação, muita gente pulando durante os refrões incendiando o estádio. Era o momento de muito trintão e muitos aplausos inflamados após a execução. (inclusive eu) lavar a alma, ouvindo os clássicos que Os fãs demonstraram que preferem à moda antiga. talvez nunca ouvissem ao vivo no decorrer dos anos. A apresentação seguiu com mais canções antigas do O começo do show seguiu bem a linha do “Live After que novas. Lá pela sexta música, Kakko começou a Death”, com “Aces High”, “2 Minutes To Midnight”, “The Laurie Harris anunciar “8th Commandment”, uma das mais famosas do Sonata, mas foi interrompido Trooper” e “Revelations”. pelo tecladista Henrik Klingenberg. “Ah”, suspirou a platéia ao saber que a banda seguiria A essa altura os fãs já estavam em pleno delírio; os refrões e mesmo as passagens o setlist planejado, que certamente não deixaria este clássico de fora. instrumentais eram cantadas pelos presentes no estádio. Depois de “Shamandalie”, Kakko anunciou que a próxima música começaria com uma A primeira alteração em relação ao pequena história. Todos entenderam que se tratava da faixa “Caleb”, do álbum “Unia”, show de 84/85 foi a inclusão de “Wasted mas é interessante comentar aqui a desenvoltura do vocalista, sempre carismático e ani- Years”, nunca tocada no Brasil e perten- mado. Com direito a dancinha no momento em que a música lembra uma valsa, pose de cente ao hall de clássicos da banda. Na mau durante os solos e bastante diálogo entre as músicas (mesmo que algumas vezes verdade, todas as músicas tocadas nesse tenha se limitado a “Oh yeah?” para que o público respondesse “Yeah!”). show fazem parte dessa categoria. Perto do final da apresentação, Kakko falou que logo alguém ia mandá-lo calar a boca Como costumeiro, no coro de “Heaven porque não havia mais o que dizer, mas muito o que tocar. Também era essa a opinião Can Wait” subiram pessoas que partici- dos fãs, que pularam ao som de “The Cage”, também uma das mais famosas do grupo. O param de promoções para cantar junto Sonata emendou em seguida a divertida “Vodka’s Song”, que marca o fim dos shows. com banda no palco. Alguns choraram de A multidão deixou o Citibank Hall satisfeita com a apresentação. Apesar de alguns tanta emoção. reclamarem da falta de uma ou outra música, a banda agradou bastante o público. M Nas músicas “Powerslave” e “Rime Of The Ancient Marriner” mais uma vez INTERPOL FICA NO ZERO A ZERO NO RIO DE JANEIRO a platéia foi ao delírio. Ver a banda ex- ecutando essas músicas tocadas apenas 13/03/2008 – Fundição Progresso – Rio de Janeiro uma única vez no Brasil (Rock In Rio I) foi Texto: Guilherme Sorgine - Foto: Deborah Engiel Steve Harris um dos ápices da noite. Bruce Dickinson, sempre comunicativo ouco após as 23h o Interpol e brincalhão com o público, não deixou a peteca cair. Um único ponto fraco em relação a pisou no palco, acompanhado algumas das músicas tocadas é o fato de Janick Gers fazer alguns solos que original- Ppor um músico de apoio que mente foram feitos por Adrian Smith, com uma cara não tão boa quanto os originais, mas, comandava os teclados, e abriu com se para o próprio Adrian está tudo bem, que as coisas ocorram dessa forma. a climática “Pioneers To The Falls”, do Outras músicas tocadas ao vivo com mais novo álbum. Mesmo não sendo lá das freqüência pelo Maiden, como “The Number Of The mais catárticas, a música provocou Beast”, “Run To The Hills” e “Fear Of The Dark” uma reação intensa do público, que por (alguém realmente sabe por que essa música vezes chegava a abafar a voz de Banks. entrou na programação?) também são cantadas em Na seqüência, “Obstacle 1” seria o pri- uníssono pelos fãs da Donzela de Ferro. meiro hit da noite, com o refrão marcado Durante a música “Iron Maiden” entra no palco o sendo cantado a plenos pulmões. Eddie versão “Somewhere In Time” para mais um Seguiu-se uma interessante seqüên- momento de delírio dos presentes e encerrando a cia, com “C’Mere” e a dançante “Narc”, primeira parte do show. duas das melhores da curta discografia do grupo. Mas apesar da performance correta, Após um curto intervalo, o Maiden retorna com a banda não ia além do regulamentar, isto é, versões idênticas às de estúdio, sem nada “Moonchild”, música que abre o disco “Seventh Son que levasse ao menos a crer que se estivesse vendo um show ao vivo, e não um DVD. Of A Seventh Son”, tocada ao vivo anteriormente Resultado óbvio, a empolgação do público baixou vertiginosamente. Mesmo a boa e somente na turnê de seu próprio álbum. Foi um pre- Adrian Smith pesada “Say Hello To The Angels” foi recebida com certa frieza. sente para os fãs da banda, que nunca esperavam As coisas só voltariam mesmo para os eixos aos primeiros acordes de “Slow Hands”, ver essa música ao vivo. Um clássico a muito guardado e que ressurgiu na hora certa. presença obrigatória em qualquer noite alternativa da cidade nos últimos (muitos) anos, e que O show segue com “The Clairvoyant” e fecha com “Hallowed Be Thy Name”. Final transformou a Fundição em uma verdadeira pista de dança. Incompreensível, porém, foi o triunfante. M que se seguiu na seqüência, com as sonolentas “Rest My Chemistry” e “The Lightouse”, que jogaram um verdadeiro balde de água fria no público e trouxeram o marasmo de volta. Ainda que morno em sua maior parte, o show caminhava para um bom encerramento, com as eficientes “Evil” e “Heinrich Maneuver”, trazendo o público de volta para junto da banda. Mas a noite não era mesmo para ser do Interpol, e ao fim de “Not Even Jail”, programada para fechar a primeira parte do set, um problema técnico na guitarra de Paul Banks forçou a interrupção do show por longos 20 minutos. E o que já não estava lá muito quente se tornou definitivamente gelado. Consertados os equipamentos, coube à banda demonstrar o profissionalismo que faltou à produção, voltando para completar o que originalmente seria o bis, com “NYC”, “Stella Was a Diver And She Was Always Down” e “PDA”. Ainda que simpática, a atitude não foi suficiente para alterar o panorama, e ao fim, fi- cou a impressão de que o Interpol entrou em campo com o jogo ganho, mas saiu apenas com um empate. M Bruce Dickinson Junho / 2008 09 DREAM THEATER EMPOLGA FANÁTICOS EM SÃO PAULO THE REZILLOS MOSTRA A FÓRMULA DE ENVELHECER BEM 08/03/2008 – Estacionamento do Credicard Hall – São Paulo 14/03/2008 – CB Bar – São Paulo Texto e fotos: Bruno Silva Texto e fotos: Maíra Hirose

s escoceses do The Rezillos provaram que para fazer um bom som, com om show marcado para as 21h, o Dream Theater subiu ao palco de surpresa, animação e muita energia, o fator idade nada interfere nestes dois quesitos, ainda às 20h40. O estacionamento do Credicard Hall já estava cheio de uma O“teoricamente” e erroneamente associadas à alma juvenil. Aliás, em quase Cmultidão ansiosa, mas a antecipação foi frustrante para quem chegou pouco duas horas de apresentação, os músicos tocaram com vigor seu poderoso punk rock a antes da hora prevista. Segundo a assessoria do evento, isso ocorreu por decisão da seus diletos fãs, que cantaram e se entregaram à ótima performance do quinteto. produção da banda, que tinha outros compromissos no mesmo dia. Embora a casa não estivesse cheia, o A primeira música foi “Constant Motion”, do álbum mais recente, “Systematic Chaos”, grupo não desanimou nem um pouco e que não foi a que mais empolgou os fãs, definitivamente. Mesmo assim, os milhares em momento algum. Muito pelo contrário, de presentes recepcionaram bem a banda. A faixa seguinte, “Never Enough”, do disco do início ao fim do show, a banda foi pri- anterior, “Octavarium”, foi mais bem recebida. morosa. O show foi impecável e animado, Depois da execução de “Blind Faith” e “Surrounded”, veio a pesada “The Dark Eternal combinando a característica presença de Night”, do disco “Systematic Chaos”, que agradou bastante. Mas, sem dúvida, não tanto palco dos vocalistas Eugene Reynolds e quanto a seguinte, a instrumental “Erotomania”, do álbum “Awake”. Fay Fife. Lá pela metade do show, alguém atirou uma revista erótica perto do vocalista James A apresentação da banda começou com LaBrie, que se mostrou feliz com o presente. Não tão feliz ficou o guitarrista John um dos seus grandes clássicos, “Destina- Petrucci, quando lhe atiraram um copo com bebida (não dava para ver se era água, tion Venus”, seguido de outros, entre eles, cerveja ou outra coisa), que molhou seu pedal de efeitos. Foi necessário que um roadie “Top Of The Pops”, “My Baby Does/Good se apressasse com um pano para secar o equipamento. Sculptures” e “I Can’t Stand My Baby”. Depois de “Voices” e “Forsaken” (esta última ligeiramente mal recebida pelos fãs A simpatia foi sem sombra de dúvidas mais ávidos, principalmente pelo fato de o vídeo dela ter conquistado espaço na MTV ao a marca do show do The Rezillos. Durante lado dos grandes nomes da música pop), a banda emendou “Take The Time”, do disco toda a apresentação, o grupo procurou “Images And Words”, uma das mais belas do grupo. A última música dessa parte do show interagir com a platéia, fazendo piadas e foi “In The Presence Of Enemies”, a mais longa do álbum novo, com cerca de 25 minutos brincadeiras carregadas de ironia, uma de duração. das grandes marcas da banda, inclusive. De volta ao palco, a banda fez um medley com vários clássicos, para o delírio dos Sem abandonar a língua mãe, o inglês, os presentes. Foram tocados trechos de “Trial Of Tears”, “Finally Free”, “Learning To Live”, músicos não tiveram barreira alguma na “In The Name Of God” e “Octavarium”. Depois do “apanhado”, que deve ter extrapolado comunicação com seus fãs e demonstraram que estavam ali para divertir e entreter a facilmente trinta minutos, a banda se juntou para o agradecimento e a despedida. todos, como numa espécie de revival memorável. Bastante ovacionado, o Dream Theater demonstrou o peso que tem o metal progressivo e o Tanto que um dos momentos mais engraçados e descontraídos aconteceu na volta fanatismo dos mais aficionados pelo estilo. Mais ainda: que os integrantes estão em plena forma, para o bis, quando Fay Fife pediu desculpas pelo atraso do retorno do guitarrista com execuções impecáveis de músicas que dariam trabalho até para um experiente musicista Jo Callis, pois o mesmo estaria com “problemas no banheiro”, e na seqüência ele erudito. LaBrie, que apareceu com um pedaço de papel higiênico deve ter perguntado a na mão, arrancando risos de todos. alguém do staff como Com mais de três décadas de carreira, se dizia “Thank you” a banda (formada por Eugene Reynolds na em português, provav- voz e guitarra, Fay Fife no vocal, Jo Callis elmente entendeu que na guitarra, Angel Paterson na bateria e a tradução também Johnny Terminator Brady no baixo) provou teria duas palavras. que continua com a mesma essência e pique “Obri fucking gado”, de 30 anos atrás e que continua em forma gritou ao se despedir para prosseguir sua grande contribuição do público e deixar o ao mundo da música. Aliás, pelo visto, não palco em definitivo. E pretendem largar o osso tão cedo. encerrar a apresen- Tomara, afinal de contas, é um dos tação da banda que grandes representantes do punk rock lá é, talvez, a mais bem dos anos 70 (quando o movimento surgiu e sucedida no universo tomou corpo em Londres, na Inglaterra), e do prog. que continua na ativa até hoje. Além do mais, De fucking nada. o The Rezillos consegue agregar a suas Voltem fucking composições sabiamente, sem perder a sua sempre. M essência, elementos de new wave. M 10 Junho / 2008 SHOW DO MARDUK EM SÃO PAULO É FRIO, MAS IN- SKATALITES LANÇA DVD EM SUA 2ª PASSAGEM POR SP FERNAL 07/04/2008 – Inferno – São Paulo 21/03/2008 – Hangar 110 – São Paulo Texto e fotos: Vicky Machado - Assistente: Celso Machado Texto: Rodrigo “Khall” Ramos - fotos: Pepe Brandão casa noturna Inferno foi Ailuminada, dado o brilho das estrelas que ali se apresentaram nas noites de 07 e 08 de abril: o Skatalites. Mister Lloyd Knibbs, o primeiro a subir no palco, assumindo seu lugar de comando na bateria, seguido por Vin Gordon (filho de Don Drummond, Vader falecido e ex-membro da banda), dá início à oitava edição do Extreme Metal Fest, produzido anualmente pela Tumba contagem para abrir Produções, teve sua abertura com a banda Gestos Grosseiros, e mais dois o set com “Freedom Anomes já consolidados do metal extremo mundial: Vader (death metal/Polônia) e Sounds”, plugando Marduk (black metal/Suécia). a platéia à força dos metais de Lester Sterling – que, ao lado de Doreen Shaffer (voz) e A primeira atração internacional seria os poloneses do Vader, cuja última passagem Knibbs forma o time original –, Kevin Batchelor no trompete, e o revival com o renomado por São Paulo foi ao lado do WASP, na quarta edição do mesmo festival Extreme Metal, saxofonista Cedric Brooks, que fez parte do grupo na década de 90 e agora retorna em 2005, no Via Funchal. Naquela data, porém, o quarteto teve apenas meia hora de ap- neste show de lançamento do DVD “Arena”, gravado durante a primeira apresentação do resentação. Dessa vez, com o dobro do tempo para executar seus hinos, só não tocaram Skatalites no Brasil, no Teatro do Sesc Pompéia. mais porque houve mais de uma hora de atraso. Foi com a casa já cheia de bangers Voltando esperando afoitos que deram início a um autêntico show de death metal. Os poloneses se ao show, mostravam atenciosos com o público, que respondia com rodas de pancadaria e moshes segue “East- do palco (alguns sendo ajudados pelos seguranças, inclusive). Os quatro, sem receio, ern Standard descarregaram em forma de riffs distorcidos e vocais guturais o que sabem fazer de Time”, melhor, proporcionando assim um aumento exagerado do calor que já fazia no local. Mais “James quente a cada música, a cada roda, e a casa ia ficando pequena. Mas quem estava ali Bond”, com presenciando a atuação de Peter Wiwczarek e companhia não estava ligando muito para direito a essa banalidade. A cerveja controlava a temperatura do corpo. uma pitada Lembro-me bem da apresentação anterior do Marduk. Foi na cidade de Sorocaba/ do tema da SP. Apesar do local sinistro e pequeno, onde quase não se conseguia assistir por falta “Pantera Cor- de espaço ou excesso de colunas no meio do caminho, a banda fez um ótimo concerto. de-Rosa”, es- Desta vez, aqui na capital, logo de cara, os suecos do Marduk transformaram o local num tremecendo inferno. A banda entrou com cara de poucos amigos, principalmente o vocalista Mortuus, o trombone que grunhia suas blasfêmias com maestria. O clima estava mesmo obscuro, com direito de Gordon, a corpsepaint, que ia desaparecendo a cada molhada de cabelo com garrafas d’água, que manda quando miticamente usariam sangue de galo. O ânimo não parecia agradável, talvez por passos instigantes ao lado de seu parceiro Batchelor. Ainda vieram “Latin Goes Ska”, não terem feito o show que estava marcado para a cidade de Campinas/SP na noite ante- “Skaloween” e “Occupation”. A guitarrada pesada de Devon James, cheia de swing, mais rior, por atraso de chegada. Mostraram-se um pouco frios para com o público, mas em se o baixo grooveria de Val Douglas (experiência de bandas como Abissinians) e o teclado tratando de um show de black metal podemos entender bem o fato, que não transformou minuciosamente dedilhado e rebuscado de Ken Stewart, não deixam mesmo ninguém o mesmo em algo maçante, afinal um show do Marduk é sempre uma experiência “from parado na platéia, que vai ao delírio. hell” imperdível, pois obras apocalípticas como “Baptism By Fire”, “With Satan And Victori- Quando a diva Doreen sobe ao ous Weapons” e “Panzer Division Marduk” já asseguraram um bom concerto, mesmo que palco, cantando “Sugar Sugar”, curto. M “You’re Wondering Now”, “Nice Time”, “When I Fall In Love”, chega a arrancar lágrimas de alguns presentes. A banda inteira é muito comunicativa e interage com o público a todo o momento, dando autógrafos, posando para fotos, atendendo a pedidos de músicas, enquanto músicos/instrumentos dialogam na linguagem universal da música. Seguem com “El Pussycat”, na apresentação de Sterling, que a cada som introduzido faz referências à Studio One, gravadora original do Skatalites desde o começo, em meados de 1964. Ainda vieram as mais do que clássicas “Rivers Of Babylon”, “Amen” e “Phoenix City”. No bis, o encerramento com “Freedom Sounds” deixa um gos- Marduk tinho de quero mais. M Junho / 2008 11 FORA DO EIXO Autoramas Fiquei positivamente ABRIL PRO ROCK 2008 impressionado com o Sweet Recife/PE Fanny Adams (PE). Para mim, Texto e fotos: André “Pomba” Cagni a principal “revelação” da edição deste ano do festival. Abril Pro Rock: primeiro dia O exemplo oposto veio da “banda” seguinte, o Barbie Kill Bad Brains epois de uma ma- (RN), que segue a linha new ratona de palestras rave, mas mostrou que ainda D e reuniões, a 11ª tem muito a evoluir. Bem, se edição do festival Abril Pro o CSS começou com uma Rock finalmente começou brincadeira e foi ficando sério no Chevrolet Hall, em e evoluindo, quem sabe eles Recife. Além do palco prin- sigam o mesmo caminho. cipal, o evento teve dois A atração seguinte foi o grupo carioca Autoramas, que estava lançando seu palcos laterais menores, mais recente álbum, “Teletransporte”. Não foi uma de suas melhores performances. destinado aos grupos “de O Violins (GO) teve sua apresentação prejudicada por constantes problemas de abertura”, o que faz com som. Wander Wildner (RS) veio ao APR lançar seu novo CD, “La Canción Inesper- que as atrações sigam sem ada”, em que ele resgata a verve portunhol que tem permeado seu trabalho solo. intervalo. A seguir, o pianista Vitor Araujo (PE) foi uma escolha ousada - até demais - para Abrindo o palco 3, o cast do festival. É óbvio dizer que as atenções em geral ficaram dispersas. A destinado às bandas cantora paulistana Céu não decepcionou quem esperava ansiosamente a apresen- selecionadas nas prévias tação de uma das maiores vozes da MPB atual. Link Musical, entrou no palco uma das futuras revelações da cena indie, o Amp O grupo sergipano Rockassetes voltou à cidade para apresentar as músicas (PE). Seguido do thrash metal da local Project 666 (PE). O Mukeka di Rato do seu álbum de estréia. Salta aos olhos a evolução do grupo. A essa altura, o (ES) foi a primeira banda a tocar no palco principal e mostrou o por quê. A público, até então animado, dava clara demonstração de cansaço. Meia-noite banda animou o público, que formou uma imensa roda de pogo. em ponto sobe ao palco o gaúcho Jupiter Maçã (RS). Estado mais representado Pela primeira vez em Recife, o grupo paulista Zumbis do Espaço não pareceu depois de Pernambuco, o Rio Grande do Sul, trouxe mais uma ótima banda, o estar tão animado quanto o público. A banda foi seguida pela primeira atração Superguidis (RS). internacional, os norte-americanos do Bad Brains, abrindo logo de cara com “At- O grupo neozelandês The Datsuns foi a única atração internacional da noite e a titude”. A banda mescla hardcore com reggae e filosofia rastafari. Essa mistura faz curiosidade do público era latente. Destaque para as guitarras competentes do grupo. com que o show oscile muito de pique. Os momentos reggae soam intermináveis. A montagem do Tocar entre duas bandas gringas é uma tarefa ingrata. Coube ao Vamoz (PE) a palco já denunciava Lobão tarefa de manter o público aquecido. Existia grande expectativa no ar para o New que o formato do show York Dolls. Muitos velhos e novos fãs se aglomeravam na frente, mas a maior parte de Lobão (RJ) seria do público desconhecia o trabalho deles. Sem muita espera, eles abriram com o da turnê acústica, o “Babylon”, cujo refrão o público entoava. Focando principalmente músicas dos dois que poderia ser uma primeiros álbuns, como “Trash” e “Jet Boy”. Clichê dizer que foi uma aula de rock, temeridade num além de mais uma prova de longevidade do estilo, eternamente jovem. festival de rock. Mas, apesar do formato Segundo dia: uma maratona “careta”, Lobão canta com muita propriedade A segunda noite do Abril Pro Rock 2008 começou com uma expectativa maior e garra. E agita mesmo que a primeira e contou com um público nitidamente superior. Contudo, o número sentado, embora essa excessivo de atrações fez com que fosse humanamente impossível acompanhar a postura às vezes todas. Perdi a outra banda selecionada no Link Musical, o Madalena Moog (PB), e pareça forçada. O Abril Pro Rock terminou no dia 27 de abril, na tradicional noite a Erro de Transmissão (PE), que acaba de lançar seu EP “Sem Moderação”. metal, com as bandas alemãs Gamma Ray e Helloween. M

SHOW INTERNACIONAL PORTISHEAD APRESENTA NOVO ÁLBUM EM LONDRES Entre outras do “Third”, uma introspectiva “Hunter”, a massacrante “Machine Gun”, Brixton Academy - Londres - 17/04/08 “Small”, a emocionante “Magic Doors” e “Threads”. Na verdade, só duas ou três músicas Texto e foto: Thanira Rates do novo álbum ficaram de fora. Clássicos do Dummy, como “Mysterons” e “Roads” (que eguei um lugar de arrepiou a alma de cada pessoa dentro do Brixton Academy e fez muita gente chorar). onde consegui ver Poucas do segundo álbum foram apresentadas: “Cowboys”, “All Mine” e “Over”. Po show perfeita- A maior parte do tempo, a vocalista ficava de costas para o público, olhando para mente e escutar o que foi a banda e batendo os pés delicadamente, como se estivesse curtindo o show ou sim- uma espetacular noite para plesmente marcando o tempo da música Beth Gibbons e cia. O pú- para si mesma. Não posso culpá-la. Os blico teve a oportunidade músicos conseguiram fielmente reproduzir de escutar pela primeira as músicas. Além de Beth Gibbons, um vez músicas do triunfante baterista, um percussionista/DJ, tecladista, “Third” (novo álbum da baixista e um guitarrista fenomenal. banda, lançado em abril), Beth quase não se movimentou no e muitas do primeiro e palco e respondeu pouco ao gritos do segundo doscps da histéricos dos fãs, falando que a amava, banda de Bristol. mas conseguiu fascinantemente descer O show de abertura ficou por conta de A Hawk And A Hacksaw. Ciganos, com instru- do palco na última música para cumpri- mental forte, diferente. Algumas das músicas com vocais, que foram pouquíssimas, numa mentar as pessoas que estavam na língua inidentificável. Nada em inglês. O público foi bem receptivo com eles. grade. Antes de sair do palco, agrade- Ninguém sabia se olhava para o telão ou para o palco quando o show ceu novamente e se desculpou por ter principal começou. No centro, uma Beth notavelmente tímida, mas com “soado terrível”. Prometeu ser melhor uma performance eletrizante. A primeira música foi “Silence”. O som estava no próximo show. Mas como se pode extraordinário. Ouvia-se tudo nitidamente. melhorar a perfeição? M 12 Junho / 2008 Junho / 2008 13 PLAY MURAL Texto: André Azenha

Talento não se ensina A história do cineasta By Bruno Silva Coleção Aplauso, coordenada pelo crítico de cinema Rubens ara algumas pessoas, AEwald Filho e editada pela a música flui natural- Imprensa Oficial do Estado de SP, tem P mente. Para outras, são feito um bonito serviço ao patrimônio necessários muitos anos de es- cultural brasileiro, resgatando nomes de tudo até que um punhado de notas profissionais do cinema e teatro em livros executadas num instrumento soe biográficos. Artistas como Carla Camurati, harmonioso. Com o advento e a Agildo Ribeiro e Lilia Cabral tiveram suas trajetórias profissionais contadas em democratização da tecnologia, obras literárias publicadas em formato “de tornou-se muito mais fácil. Con- bolso”, com pouco mais de 200 páginas, tudo, ainda existem talentos natos, pessoas que, mesmo sem o devido letras graúdas e narrativas simples e estudo formal da música, esbanjam musicalidade. Este é o caso de envolventes. Seguindo esse formato, Jorge Damasceno, músico da nova geração que usa a tecnologia a fa- chega ao mercado Rir e Chorar, escrito vor da criatividade. Seu trabalho, que ele mesmo batizou de Sinfonia pelo jornalista Rodrigo Capella, que conta X4, é destaque do portal PalcoMP3. Confira a entrevista: a história de Ricardo Pinto e Silva, figura experiente do cinema brasileiro. Ricardo Dynamite: Quais instrumentos você toca, e há quanto tempo? já atuou como roteirista, assistente de direção e dirigiu obras como Sua Excelên- cia, O Candidato (1992) e o premiado Querido Estranho (2002), protagonizado Jorge Damasceno: Toco guitarra, teclado e baixo. Se o computador for por Daniel Filho e baseado em trama de Maria Adelaide Amaral. considerado um instrumento, eu toco ele também. Devido à falta de recur- sos para comprar um controlador midi, eu gravo tocando o próprio teclado Rodrigo Capella é formado em comunicação, mas o destino e o gosto pela do computador. Dá um pouco de trabalho, já que ele não tem teclas de sen- literatura fizeram-no escritor. Para realizar o livro, Rodrigo não só entrevistou sibilidade, como em alguns teclados musicais. Então eu tenho que escrever Ricardo e outras figuras citadas ao longo da obra, como também precisou editar, manualmente quando uma nota vai ser mais forte ou mais suave. Mas fazer reescrever e deixar o texto em primeira pessoa, uma norma da Coleção Aplauso, isso me ajudou a entender melhor a composição da harmonia. que faz a história ganhar um cunho mais “verdadeiro”. O jornalista, em conversa exclusiva, comentou a experiência nova que foi escrever uma biografia, escondeu Dyna: Você já chegou a ter banda? o nome de seu próximo biografado (“uma estrela global”) e, claro, falou sobre liter- atura e cinema – ele é editor do site Cineminha (www.cineminha.uol.com.br). M Jorge: Já tive banda, sim. Comecei com uma banda em que não sabíamos tocar muito bem. Nós tocávamos muitas músicas cover, como Metallica, Experiência nova Iron Maiden, Nirvana. Com a entrada do baterista Freddy, eu fui apresen- Uma experiência estressante, mas gostosa. Uma experiência nova. Só tinha tado à banda Dream Theater. Quando eu escutei, tomei como objetivo um escrito conto, romances e poesia antes. Escrever biografia foi bem diferente, o dia tocar alguma música deles. E logo após o término da banda foi o que eu trabalho mais difícil e mais gostoso que eu já fiz. Escrever é como sexo, só é bom escutei e escuto muito, para aprender música. quando se goza. E posso dizer que gozei bastante enquanto escrevia esse livro.

Dyna: Há quanto tempo você faz esse tipo de trabalho? Como Interesse pelo cinema começou esse projeto? Sempre fui fascinado pelo cinema. Cinema me comove, me envolve, cinema é excitação pura. Sem o cinema, eu não teria tanta alegria. Os bastidores do Jorge: O primeiro passo foi o término da banda. Depois disso eu comecei cinema são algo que não tem explicação, é o mais puro sentimento de arte, a me dedicar à guitarra. Na época, eu escutava muita música instrumental. levado ao mais extremo da atuação. Foi quando eu conheci o programa Acoustica Beat Craft, que fazia seqüên- cias de bateria. Em 2004 eu iniciei o X4, que era um projeto de música As empresas que não disponibilizaram fotos para o livro instrumental com guitarras. As músicas não são muito boas porque eu não As fotos do livro eu solicitei para as produtoras dos filmes. E para a minha surpresa, sabia equalizar muito bem os instrumentos. O projeto Sinfonia X4 começou boa parte não quis me mandar. Olha que contraditório: a própria produtora não quer em junho ou julho de 2007, quando eu conheci o programa Fruity Loops. divulgar o seu filme, pois quando não manda foto, não divulga. Já que isso ocorre, Então acho que o Sinfonia X4 tem por volta de 10 ou 11 meses. concluí que esse é um dos motivos do cinema brasileiro estar tão atrasado, ou seja, falta divulgação. Isso mostra que o cinema brasileiro ainda está muito atrasado e que precisa mudar bastante para estar entre as grandes escolas cinematográficas. Dyna: Já pensou em vender alguma dessas músicas a um artista renomado? Como surgiu a idéia do livro Jorge: Bom, se isso algum dia acontecer, será o maior sonho meu Depois que eu assisti Querido Estranho, pensei em escrever o livro. O filme é denso, realizado, já que eu vivo música, mas não tenho tempo e nem condições mas ao mesmo tempo suave e enigmático. O Ricardo acertou na medida certa. Liguei para financeiras para trabalhar com música profissionalmente. Queria muito o Ricardo, conversei sobre a minha idéia, marcamos uma reunião e mandamos bala. mesmo trabalhar com música, mas fica difícil quando não se tem dinheiro para comprar os aparelhos necessários. Projetos para 2008 Vou escrever uma outra biografia, de uma famosa atriz global, mas por Dyna: E quais são suas pretensões para o futuro? enquanto não posso revelar o nome. Ela também está bastante empolgada. Vou escrever também um próximo livro, bem denso, com um tema muito atual. Jorge: Bom, eu pretendo continuar compondo as músicas tentando Então, para esse ano teremos dois livros e algumas participações em feiras lit- sempre evoluir. Se algum dia eu tiver oportunidade de trabalhar com erárias, em cidades como Joinville, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Florianópo- M música, será ótimo. lis, Brasília, Palmas e na Baixada Santista também. 14 Junho / 2008 TREMINHÃO Um caminhão de musicalidade By Bruno Silva

azz pernambucano. As duas palavras certa- de algum tempo foi batizado com esse mente não são capazes de definir a mistura nome. Após um ano de “ensaios bebi- Jsonora promovida pelo Treminhão – que reúne dos”, como nós costumamos chamar os não só jazz e música regional, mas também influên- ensaios regados a cerveja, saiu nosso cias de música brasileira em geral. Os músicos, todos primeiro filho: o CD Treminhão. Então, com passagem pelo Conservatório Pernambucano de como eu disse, estudávamos juntos no Música, esbanjam talento em melodias que dialogam Conservatório e fazíamos uma cadeira com o erudito, o jazz, o choro, o baião, o maracatu e chamada Prática de Conjunto com o outros ritmos genuinamente brasileiros. O grupo tem professor Tales Silveira. Daí a afinidade um disco lançado e prepara o segundo para julho musical foi inevitável e acabamos de 2008. Direto de Pernambuco, a banda deu uma virando bons amigos e construindo essa palavra à Dynamite. Confira a entrevista: criança que amadurece a cada ano.

Dynamite: Primeiramente eu gostaria que cada Dyna: O que quer dizer Treminhão? integrante se apresentasse brevemente Ricardo Fraga: Treminhão são aqueles e dissesse qual instrumento toca, suas influên- caminhões que carregam a cana de cias, preferências musicais. açúcar, matéria-prima da nossa cachaça. Ricardo Fraga: Bateria e percussão. Escuto de tudo, É muito encontrado na Zona da Mata prefiro ter minha própria opinião sobre determinados de Pernambuco, com até três vagões estilos, em vez de ficar criticando sem saber do que acoplados um ao outro, daí a mistura se trata. No meu carro tenho CD’s de rock e de samba de trem com caminhão, treminhão. de raiz. Acho que isso acaba influenciando o meu jeito de pensar a música. Também tem o de praxe, Dyna: E como se dá a influência da que é muita musica instrumental, o Hermeto [Pascoal, música regional no trabalho de vocês? Divulgação instrumentista] também não sai do carro. Nesta fase, É um processo natural ou pensado? em que estou gravando o segundo disco do Trem- Ricardo Fraga: Tivemos o privilégio de nascer em Ricardo Fraga: Achamos o jazz super moderno, inhão, estou ouvindo pouca musica instrumental, não um lugar com uma grande diversidade de ritmos, fazemos jazz também. Como já dissemos, temos que queria que outros trabalhos me influenciassem nesse costumes e crenças, que são heranças da nossa somar e não dividir. As pessoas têm muitos problemas momento. Acho que esse disco vem com uma mistura história do Brasil colonial, e isso está no nosso quanto ao rótulo, acho que isso prejudica um pouco. legal, e também com mais grooves e climas. sangue, não podemos deixar para lá. Faz parte da Temos que preparar um bom release para deixarmos Breno Lira: Violão e guitarra. Costumo escutar muito nossa infância, da nossa formação social. Misturar os jornalistas e o público a par do que queremos jazz e blues. Vivo pesquisando outros ritmos, outras os ritmos locais e ritmos que estão presentes no mostrar, do que a gente faz. Aí cabe a cada um decidir culturas e isso ajuda muito na hora de compor. Fora nosso País ao jazz ao rock e outros estilos mundi- se vai ou não comprar um disco ou ir a um show, que a paisagem de Recife ajuda muito. Admiro muitos ais é algo que já é feito pelos músicos pernambu- sabendo que também vai encontrar jazz. instrumentistas como Heraldo do Monte, que está canos há muito tempo. Isso é muito natural para participando do nosso segundo CD, Yamandu Costa, o Treminhão, a gente produz uma mistura do que Dyna: Falem um pouco sobre o lançamento do etc. Respiro música 24 horas por dia. aprendemos, ouvimos e vivemos. primeiro, a gravação e divulgação do segundo CD? Marcos F.M.: Baixo elétrico. Como minha cidade Ricardo Fraga: O primeiro veio com muito sacrifício, natal é Timbaúba, interior de Pernambuco, vivo tra- Dyna: Como está o mercado para este tipo de não pudemos fazer tudo que queríamos, a grana era balhando com os ritmos regionais, mas buscando música, localmente e nacionalmente falando? curta e não tivemos apoio algum. Teve de ser “na sempre outros estilos, como o jazz. Escuto muito Ricardo Fraga: Acho que ainda é muito pouco. tora”, como a gente costuma falar, mas foi o disco samba de raiz, maracatu, caboclinho, frevo, mas Terminamos tendo de tocar só em eventos que sejam mais importante de nossas vidas, sem dúvida. O seg- nunca esquecendo do blues, jazz, música africana. voltados para a música instrumental e para um público undo já vem em outras condições, pois o primeiro pos- Ou seja, sempre pesquiso, não só pelo Treminhão que só esta ali para ver o músico tocando e não a sibilitou muita coisa e estamos adorando o resultado mas também pelo meu trabalho constante com banda e toda a diversidade que ela possa apresentar. desse segundo CD. O nome vai ser “Panelada”, é a alunos na cidade de Recife. Temos no Brasil uma grande quantidade de festivais cara do disco. Acho que esse vem muito mais maduro de música instrumental. Ainda é muito difícil furar [o e consolida o nosso estilo de tocar e compor. Dyna: Contem um pouco da história da banda, bloqueio], mas a gente está tentando. Tanto esse mer- já com cinco anos de trajetória. cado quanto os festivais de rock e de outros gêneros Dyna: Quais os planos para o futuro do grupo? Como surgiu? Como vocês se conheceram? que se propõem a levar algo novo para seu público. O que vocês pretendem conquistar ainda? Ricardo Fraga: A banda surgiu pela necessidade que Ricardo Fraga: Bom, o limite é o céu. Estamos a gente tinha de externar tudo que sentíamos, ouvía- Dyna: Muitos músicos preferem se desvincular trabalhando duro já há alguns anos e esperamos mos e aprendíamos, pois todos têm formação de Con- da palavra “jazz”, porque para cada vez mais conseguir levar o nosso som a servatório e Universidade. Então, em uma conversa alguns ela soa ultrapassada. Vocês se consid- mais pessoas e mais lugares para que possamos de mesa de bar surgiu o Treminhão, que só depois eram um grupo de jazz? interagir e produzir cada vez mais. M Junho / 2008 15 MALLU MAGALHÃES Mais um hype ou a nova musa indie? By Humberto Finatti Fotos: Reprodução astou apenas um show no começo deste qual compõe boa parte de suas canções. Dyna: E se continuar assim e se sua carreira ano (abrindo para o hoje consagrado Van- Bobagem. Mallu é sim um fenômeno para a sua realmente decolar, vai chegar em um momento que Bguart, na Clash Club, em São Paulo), para idade. Um fenômeno, óbvio, que ainda precisa ser você terá que decidir entre continuar os estudos ou que aquela garota meio tímida, magrinha, cara de lapidado com esmero e maturado. Feito isso, ela tem partir com tudo para a música. Quando isso aconte- menina mesmo e ainda algo desengonçada no palco, tudo para se tornar um dos maiores nomes femini- cer, você já imaginou qual dos dois irá escolher? imediatamente apaixonasse quem estava lá, naquela nos surgidos na música brasileira nos últimos anos. Mallu: Música (risos), mas vou tentar ao máximo noite. E quem estava lá, além do público normal que Afinal, suas referências são as melhores possíveis até quando não der mais (isso se tiver um dia que vai a shows indies? Algumas figuras carimbadas e ela tem toda a estrutura e apoio necessários para não dê mais). do jornalismo musical paulistano e brasileiro, como “chegar lá”. E enfim, como a Dynamite ainda não o reverendíssimo Fábio Massari, e também Lúcio tinha batido aquele papo com a doce e meiga Mallu Dyna: Neste ponto, o que seus pais falam pra você? “Popload” Ribeiro, Thiago Ney e este repórter. Magalhães, o faz agora, logo abaixo, quando você Eles interferem, fazem algum tipo de pressão ou Todos se encantaram com a voz e o violão dedil- lê a entrevista exclusiva que ela concedeu à revista, apenas aconselham e deixam você livre para decidir? hados pela garota. E mais ainda se surpreenderam enquanto se prepara para tocar em festivais como o Mallu: Um pouco de cada. Tem uma pressão, mas é com as canções mostradas por ela, que exalavam in- Bananada (em Goiânia, no final de maio) e o Mada uma pressão que eu entendo. Eles dão muitos consel- fluências e referências folk da melhor estirpe, como se (em Natal, no mês de agosto): hos. Mas eles me ajudam demais. Sem eles eu nunca ela tivesse sido alimentada à base de Bob Dylan, Neil conseguiria nada. Minha mãe sempre falava para mim Young e Johnny Cash desde a mais tenra infância. Dynamite: E uma boa pergunta pra começar: você tem que eu seria alguém. O olho dela brilhava forte. Hoje ela Daí pra frente o fenômeno Mallu Magalhães quinze anos de idade, e está em qual período escolar? fica toda orgulhosa. E o meu pai tocava Caetano para explodiu. Vídeos sendo mega acessados no Youtube Mallu Magalhães: Falta esse e mais dois anos. mim. Hoje eu tento fazê-lo perder o medo do palco, (como a da linda música “J1”), shows lotados e Estou no 1º colegial. quando eu peço para ele tocar “Letrinhas dos Jornais”. concorridos no circuito indie paulistano e também em outros estados (há pouco, ela levou 600 pessoas ao Dyna: Ok. E de repente, foi uma reviravolta na Dyna: Só para encerrar então esta parte sobre delírio na re-inauguração da Casa Fora do Eixo, em sua vida começar a se destacar como artista. estudos, que carreira você pretendia ou pre- Cuiabá), entrevistas para a grande mídia brazuca e Como isso está influenciando sua rotina escolar? tende seguir à parte da carreira musical? gringa, e até uma aparição no Programa do Jô, na TV Está atrapalhando um pouco ou você está con- Mallu: Eu penso muito entre moda e design. Mas Globo. Ao mesmo tempo, começaram as críticas ao seguindo conciliar o estudo com os compromis- esses dias estou mais para moda, porque comprei trabalho da garota (claro, quem disse mesmo que toda sos de shows e entrevistas que, pelo visto, estão umas coisas em armarinhos. unanimidade é burra? Foi aquele famoso dramaturgo, se tornando cada vez mais freqüentes? o Nel... Bom, lembre-se você mesmo, mané). Ela seria Mallu: Além de cada vez mais freqüentes, está Dyna: São ótimas profissões, lidam com arte e imatura, não possuiria ainda domínio do instrumento cada vez mais difícil. É bem complicado conciliar. criação e isso é sempre bacana. E como se deu que toca (o violão) e tampouco do inglês, a língua na Se tivesse outra saída... esse seu envolvimento com música de maneira

16 Junho / 2008 tão intensa? Há influência de sua família nisso, Dyna: E Elvis foi através dos discos que você muito material e eu estou muito animada. do seu pai e de sua mãe? encontrou na casa da sua avó, imagino. Dyna: E você pretende seguir a nova ordem de Mallu: Meu pai, mesmo sendo engenheiro, sempre Mallu: É (risos). Elvis todo mundo sabe que existe. distribuição musical e postar o disco gratuita- tocou o tal do violão. Eu ouvia músicas muito legais Mas aí que entra o negócio: quem procura e vê mente na net? saírem das mãos dele. Aí quando eu encontrei os LP’s quem ele é de verdade acaba chegando em muita Mallu: Não sei ainda. Isso a gente vê depois. Mas dele na casa da minha avó, comecei a pesquisar. Teve coisa boa. os meus planos sempre envolvem o disco físico e uma coisa que me marcou. Um dia fui ouvir um disco o digital. Quem quiser comprar o físico a gente vai do Pink Floyd e ouvi uma música que ele tocava para Dyna: Enfim, agora que você foi descoberta, deixar disponível. mim. Junto a isso, ouvi Beatles e descobri que cresci naquele já lendário show abrindo para o Van- ouvindo “Black Bird”. A única que eu sabia de quem guart, e está se tornando cada vez mais conhe- Dyna: Como está a sua agenda de shows? era e tal era o “Leãozinho”, do Caetano [Veloso]. A cida, como você pretende levar sua carreira? Parece que você vai começar a tocar em minha mãe cuidou da cabeça, ficava olhando fundo e Vai continuar independente mesmo, apesar do festivais grandes, como o Mada (em Natal) e o chorando se eu tocava musica nova. assédio de algumas grandes gravadoras que Calango (em Cuiabá). mostraram interesse pelo seu trabalho? Mallu: É, estamos vendo. Por enquanto tem o Dyna: Bom, e você começou a aprender música Mallu: Independência! do Studio SP no final da semana que vem. Agora para valer com qual idade? E começou a com- começaram shows cada vez melhores. Troquei por suas próprias canções quando? Dyna: Você tem empresário, certo? Decidiram o pianista e a banda está com mais intimidade, e Mallu: Entrei na aula de violão lá pelos meus 11, em conjunto permanecer independentes ou foi mais bem ensaiada também. mas parei porque me apaixonei pelo folk. Lógico, uma decisão exclusivamente sua? compunha com uns 12/13 mas, tipo, uma música a Mallu: Tenho... o Rossatto... Então, foi em Dyna: Certo. Para encerrar, eu gostaria que você cada seis meses. Quando deu uns 14 pra 15 anos, conjunto: Mallu + Rossatto + papai. Eu não queria falasse do trio folk que montou junto com o Hélio aí desembestou. Hoje em dia saem de duas a seis falar nada sem saber, sabe? Sem ouvir propostas e o Zé Mazzei. Vocês irão tocar na Virada Cultural músicas ao mês. antes. Meu pai não gostou do fato de não ter tanta e parece que agora o trio vai virar coisa séria liberdade. também. Você pretende levar os dois projetos ao Dyna: Uau! Isso é ótimo! Olha, um dos fatores mesmo tempo, o trio folk e sua carreira pessoal? que mais admiro em você é o fato de você ter Dyna: Mas as propostas não eram boas? Mallu: Então, desde que comecei esse negócio esse leque absurdo de influências bacanas, Mallu: Não sei... Pra mim não, não me são úteis. de música achei que ia ter benefício, mas não como folk music, Bob Dylan e por aí vai, sendo Não por enquanto. Se um dia vier uma proposta esperava tanto. Não esperava tocar com meus que garotas na sua idade costumam, via de que me deixe livre e que esteja preocupada em próprios ídolos. Para mim, esse trio é tão profundo regra, gostar de bandas emocore, pop meloso arte de verdade, aí eu leio o contrato. e me faz tão bem. Mas a idéia dele é ser bem livre, ou boy bands. Como você acha que você “esca- para não atrapalhar a carreira de ninguém sabe? pou” dessas influências musicais nefastas? Dyna: Você mesma afirmou que anda bastante Não é sempre que poderemos tocar juntos, nós Mallu: É que quando eu encontrei o folk, principal- inspirada e compondo muito. Já há planos três. Cada um tem sua carreira. O que deixa a mente o [Bob] Dylan, que conheci pelo [Johnny] para gravar seu primeiro disco ou você ainda coisa rara, tão rara quanto o folk bom. Mas para Cash, eu me encontrei. Pra que se perder de novo? vai esperar um tempo, para “amadurecer” seu mim o trio é um absurdo de especial, e por mais trabalho? que eu tenha que ficar um pouco distante de vez Dyna: E como você conheceu Johnny Cash? Mallu: Vou entrar em estúdio assim que sair de em quando, eu nunca vou esquecer porque o trio Mallu: Pelo Elvis. férias, em julho. Vai sair logo depois porque tem tem muito pela frente.

Dyna: Você era fã do Vanguart antes de con- hecer o grupo? Mallu: Sim (risos).

Dyna: Só mais uma questão, que eu lembrei agora: surgiu uma discussão em comunidades no Orkut, sobre quem decide as coisas na sua carreira. E um sujeito que se diz amigo do seu empresário, disse que você possui personali- dade forte e que ouve as sugestões de seus pais quanto à forma de se vestir e se portar nas entrevistas etc. Mas no final quem decide tudo é você mesma e seu empresário acata o que você decide. Confere esta informação? Mallu: Confere. Exatamente isso. Eu sou quem eu sou. Tem gente que gosta, tem gente que não gosta. Eu ouço mas eu também falo. Bastante.

Última forma: pouco depois da realização desta en- trevista, Mallu Magalhães deixou o projeto paralelo Overcoming Trio. M Junho / 2008 17 NELSON TRIUNFO A verdadeira história da dança de rua no Brasil By Nilson Rizada

ifícil falar de um artista tão cheio de virtudes, super importante para a história Dda dança de rua deste País. Dançarino, coreógrafo, educador social e grande ícone do hip hop nacional. Pernambucano, nasceu na cidade de Triunfo, no sertão do Estado. É precursor do movi- mento hip hop, cresceu cercado por danças como o maracatu e o frevo, sob influência do papa da soul music mundial, James Brown. Estudou no bairro de Matança, na época um dos bairros mais periféricos da cidade, e que hoje se chama Alto da Boa Vista. Dali, sua fama se propagou para o Brasil e parte do exterior, com suas danças, palestras e atuações em peças de teatro. Atuou em uma peça do grande mestre teatrólogo Bertolt Brecht, na Alemanha. Acervo pessoal Fotos: Ganhou o País com um jeito diferente de dançar (um funk soul original), misturado com maracatu, mente praça Roosevelt. Ali começou a história do para São Paulo, morei em cantos difíceis, já morei frevo, cutilada e até gingas de capoeira. movimento hip hop, com seus quatro elementos: em favelas, tipo a da Ceilândia. Como eu era um Em 1971, Nelson foi estudar e trabalhar em B.Boy, MC, DJ, e graffiti. cara ligado às danças, tive que sobreviver da forma Paulo Afonso, Bahia, onde começou sua militância Em 1985, os dançarinos saíram das ruas para a mais difícil possível, ninguém me ajudou neste na dança do Brasil. Logo depois, continuou sua estação São Bento do metrô, que se transformou sentido. Tudo o que tive foi com muito suor para carreira se mudando para Brasília, DF, especifi- por vários anos no verdadeiro point nacional da eu conseguir uma certa fama, ter um certo nome. camente em um dos bairros mais periféricos, a cultura hip hop. Nelson Triunfo ajudou a erguer Aí a mídia começou a abrir as portas para mim, e Ceilândia. Lá, ajudou a comunidade, ensinando a os pilares desse movimento cultural, tão cheio de logo em seguida eu comecei a abrir as portas para linguagem da dança de rua. Depois mudou-se para virtudes, informação e questões sociais, tornando- os outros também. Essa foi a época das grandes São Paulo e Rio, onde participou das principais se o verdadeiro ícone dessa cultura no Brasil. Com equipes black, na virada dos anos 70 para os equipes de som. Em meados dos anos 70, freqüen- vários trabalhos realizados em diversos setores 80, quando eu vim com a parada do hip hop. Já tou bailes como Chic Show, Black Mad, Clube da da sociedade, é um dos pioneiros em trabalhos abrimos novelas das oito, demos entrevistas para Cidade, e outras equipes do gênero. Foi nessa sociais com jovens periféricos, em parcerias com diversas rádios, daí começamos a ser respeitados, época que criou seu primeiro grupo de dança, o o governo (em nível municipal, estadual e federal), porque até então éramos vistos como uns malucos Black Soul Brothers, que mudou logo depois para ONG’s e comunidades. Atualmente desenvolve que dançavam no centro da cidade. Nelson Triunfo e o Grupo Funk & Cia, um dos oficinas culturais de hip hop nas escolas e centros principais grupos de dança de rua do País. Este culturais em vários lugares, inclusive na cidade de Dyna: Como e quando você começou no hip grupo foi formado por grandes dançarinos da época Diadema, onde atua como assessor da Casa de hop? dos bailes black de São Paulo. Os integrantes eram Cultura do Hip Hop. Nelson: Foi numa fusão entre o original funk, que escolhidos a dedo nas tradicionais rodas de soul. Esse ano, Nelson Triunfo foi apresentar suas vinha antes dos anos 80, nos bailes do Palmeiras. No início dos anos 80, Nelson Triunfo começou vertentes na Alemanha, mostrando para o resto Aí começamos a colocar outros tipos de dança. a fazer apresentações com o Funk & Cia na rua do mundo que aqui no Brasil existe uma grande Pela primeira vez eu levei a equipe do Funk e Cia. 24 de Maio, centro de São Paulo. Foi um grande fábrica de cultura. Nelson apresentou em abril Essa nova equipe já estava trazendo a dança de passo para uma parte do movimento hip hop, um projeto, em parceria com o PAC e a Revista rua; começamos a fazer, em 1983, interferências numa época em que fazer arte ou qualquer tipo Dynamite, retratando toda sua trajetória, história da por vários lugares de São Paulo, daí expandimos de manifestação artística era desafiar o poderoso dança de rua no Brasil e suas vertentes, em cinco para o resto do País essa cultura que não era bem regime militar então em vigor. O Funk & Cia ousava exposições por São Paulo. vista pela sociedade. Hoje as coisas já são bem em suas vestimentas e coreografias, inovava a diferentes, tudo é cultura nos olhares de quem cada roda que era aberta para os jovens execu- Dynamite: O que representa o hip hop para entende, não é mesmo? tarem seus passos de break (dança de rua), na você? época conhecida pela mídia erroneamente como Nelson Triunfo: O hip hop representa para mim a Dyna: O que você entende por dança de rua? break dance. Na realidade, isso acontecia porque possibilidade de fazer várias coisas. Há um certo Nelson: A dança de rua é como a nossa capoeira. os manos que dançavam apavoravam na parte do tempo, eu tinha o sonho de fazer uma coisa boa, Ela tem os dançarinos, que começaram a fazer as break da música, as partes em que eles quebravam à altura da minha vida; era apenas um sonho. De primeiras exibições nos parques, nas ruas, num mais os movimentos dentro da dança. Os lugares uns anos pra cá, eu vejo esse sonho se tornando processo um pouco parecido com a capoeira, mais freqüentados pelos rappers, B.Boys, DJ’s e realidade. Eu tinha a vontade de ajudar as pessoas como eu já havia dito no começo. A partir daí, se MC’s eram a 24 de maio, São Bento, e posterior- naquele tempo que eu vinha de Pernambuco. Vindo tornou uma cultura mais vista. A própria mídia lá 18 Junho / 2008 resolvendo os problemas dos outros e esquecia boa, a Equipe 13. Eu dos meus. Hoje eu tenho 50 anos. Estou ata- tenho essa coisa cando com toda a minha sabedoria acumulada com o número 13, nesse tempo. Estamos fechando vários eventos, meio Zagallo. Quando mostrando a importância dos quatro elementos. eu bato uma bola é Eu faço um trabalho com o Funk e Cia, com oito sempre com a 13, a pessoas. Já fechamos oficinas culturais com equipe 13 no Motonáu- palestras de capacitação, de como evitar a evasão tico em Brasília já das oficinas. Faço palestras em universidades. fazia muita coisa boa. Agora tem um projeto aprovado pelo PAC, que Tudo já era tocado vai ter toda a trajetória da dança, do hip hop, do em Brasília, grandes inicio, dos primeiros passos até os dias de hoje, em bandas blacks. Quem uma parceria com a revista Dynamite, que já tem sabia dançar ficava no uma certa experiência em projetos. Serão cinco primeiro andar. Eram apresentações em diversos pontos de São Paulo, fora vendeu um pouco errado o conceito. Fizeram três andares. Quem sabia pouco ficava nos CEUs, casas de cultura. Vai ser muito legal, porque aquele filme break dance, aí todo mundo chamava andares inferiores. E nessa época eu recebi vai ter também um site com toda a minha história. de break e generalizavam a coisa; você podia o James Brown aqui no Brasil. Imagina eu É um novo momento, e tem tudo a ver com meu dançar um pop, um looking, um B.Boy, e todo apertando a mão do mestre. Foi coisa de louco, trabalho. No ano passado eu participei de uma mundo chamava de break. Na verdade, hoje, mun- eu recebendo o cara aqui no meu País. Foi um peça de Bertolt Brecht, na Alemanha: “Nas Selvas dialmente, os conceitos da dança são trabalhados grande presente para mim, um grande momento da Cidade”. Eu tive o prazer de participar como de forma mais profunda, todo mundo sabe quem na minha vida. ator, porque já participei em vários filmes, curtas, são seus criadores, seus percussores. Existem três TV e teatro. Claro, eu sou um militante, um artista. estilos principais da dança de rua. O B.Boy é o cara Dyna: Nelson, para você, o hip hop é uma cul- Se a coisa vier para mim, e eu achar que é legal, que dançava no break da música; ali os moleques tura de rua, ou um movimento cultural? estou dentro. ficavam mais loucos para dançar. Alguns chama- Nelson: Nós começamos com o trabalho social vam de breakin’, que vem de Nova York. O looking pela necessidade. Porque, como a gente já estava Dyna: Então deixe uma mensagem para os foi criado por Don Kamp Bell, líder dos The Looks. na militância, já éramos politizados. Com aqueles leitores. Esse era dançado como se fosse o “chicken”, da moleques novos depois do militarismo, começou Nelson: A gente tem a mania de ficar metendo galinha. Tem também o popping, que é uma dança a ser mais “soft”, sem ligar para essas paradas. O o pau no trabalho dos outros, dentro do nosso mais diferente, na qual se usa muito as mãos, com negócio deles era só dançar mesmo, e não ligavam hip hop. Na verdade, estamos criando os nossos aqueles movimentos meio egípcios, e outros mais para essas coisas. Só que a gente tinha que ajudar próprios inimigos, brigando entre nós mesmos, sem “wave”, fazendo ondas com as mãos. Essas são esse povo que morava nas favelas, melhorar nosso a menor necessidade. Você poderia ficar se preo- as danças mais fortes, mas dentro dessas três ensino, nossa educação. E eles tinham essa visão, cupando com seu próprio trabalho, e simplesmente danças existem várias outras. Na minha exposição, de não cobrar, de achar que estava tudo bem, mas obsrevando o trabalho dos outros. A única forma vou apresentar tudo isso que estou falando para a não estava. Daí começamos uns trabalhos sociais possível de crescimento é o respeito pela cultura. galera entender melhor como é. na Casa de Cultura de Diadema. Hoje ela é uma E evitar ficar metendo o pau no trabalho alheio. grande referência. Descobri coisas. Minhas idéias Porque isso, no mínimo, é coisa de quem está com Dyna: O que James Brown representou para batiam muito com as de Paulo Freire. A partir daí, inveja dos outros trabalhos. É uma coisa muito feia. você? comecei a fazer trabalhos nas escolas, no próprio Ambição atrai isso. O pobre não pode ser inimigo Nelson: Foi o maior ídolo da minha vida. Eu governo da Erundina. Cada um seguia um tipo de do pobre, coisa que vem do conservadorismo. Às considero ele um cara muito grande. Como eu linha, eu segui a minha, dentro daquele trabalho vezes nós ficamos reproduzindo coisas que podem sou nordestino, eu considero Luiz Gonzaga. social. A Casa do Hip Hop, foi uma conseqüência ser muito nocivas, e por isso temos grandes proble- Agora, meu ídolo supremo mundial é o James que veio depois. Veio pela necessidade de ter um mas, não é verdade? M Brown, porque através da música dele veio a lugar representante. Hoje inspiração para eu ser um dançarino da época o Brasil inteiro vem saber dele no fim dos anos 60, início de 70. Eu lia como são os nossos muito sobre a dança, tinha ouvido falar de um trabalhos. Eu acho que cara que dançava pra caramba, tinha um cabelo aqui em São Paulo temos black power, e estava vindo para o Brasil. Esse o orgulho de sermos os cara era Tony Tornado. Então comecei a fazer primeiros a fazer este aquilo no nordeste. A partir daí comecei a criar tipo de trabalho social coisas novas dentro da dança. Em 72, em Paulo periférico. Afonso, começaram os comentários sobre mim. Quando as equipes de dança do Rio de Dyna: O que você está Janeiro me viram dançando se assustaram. fazendo no momento? Eu dançava uma musica que era considerada Nelson: Hoje eu estou o hino dos blacks, “Sex Machine”, deixei meu procurando me preocupar cabelo crescer na Bahia, depois fui para o Rio um pouco mais comigo, de Janeiro. Em Brasília tinha uma equipe muito porque eu ficava muito Junho / 2008 19 VAMPIROS E PIRATAS Sim, existe hard rock no Brasil By Jay Sosa

ascidos das cinzas das bandas Lastpain e De Falla, os Vampiros e Piratas surgem para Npreencher a lacuna que existe no hard rock brasileiro. Com letras em português e temas ligados ao universo rock/terror, a banda formada por Nicolas Graves (voz), Jax Molina (gutarras), Camila Brandão (baixo), Claudio Guidugli (teclado) e Artur Schreiber (bateria) vem fazendo barulho com seu EP homônimo em shows performáticos e cheios de energia, como o bom e velho rock deve ser. A casa não estava com sua lotação total no último dia 02 de maio, mas um público animado aguardava no CB Bar a entrada dos Vampiros que aconteceria por volta das 2h30 da manhã. Antes do show, a Dynamite bateu um papo com os VP na casa do vocalista Nicolas. Acompanhe a entrevista:

Dynamite: Contem um pouco sobre como surgiu o nome Vampiros e Piratas. Alessandra Falbo Nicolas: O nome em si foi dado pelo Jax (guitarra), e eu achei que tinha tudo a ver, pelo fato de esses per- estética mais voltada para o folk, o que fez com que os Dyna: A música “Vampiros e Piratas” tem como sonagens serem vilões queridos que fazem parte do roqueiros esquecessem o que é um show de rock per- tema a degradação dos estereótipos da noite imaginário da galera. E eu acho que isso representa formático, um pouco mais teatral. O rock “fun” dentro de roqueira. Isso teve um intuito crítico ou apenas bem um rockstar. toda fantasia do que é uma banda de rock e o rockstar representativo? em si. Acho que é isso que falta no rock brasileiro. Nicolas: Foi um retrato do que é a noite dos roqueiros, Dyna: Mesmo a banda tendo sido formada por Jax: A gente não se preocupa muito em ser radical junkies... É que a gente anda muito na Rua Augusta. ex-integrantes do Lastpain (industrial) com estilo. Temos essa influência meio gótica no Na verdade, quando eu escrevi essa música eu pensei e De Falla (punk/hard rock/heavy metal), o VP visual, mas é um som rock pop para muita gente curtir. na Rua Augusta, que é onde ficam os roqueiros, as possui uma sonoridade completamente diferente Arturi: Resumindo, a gente não quer levantar ban- prostitutas, os travestis. É uma cena relativamente feia, disso e presa pelas letras em português. Isso foi deira para o hard rock. A gente quer fazer rock’n’roll e mas por outro lado muito bonita. E a idéia era essa, um algo pré-estabelecido ou aconteceu naturalmente? quem gosta de rock’n’roll vai gostar da gente. E antes retrato com suas belezas e suas feiuras. Nicolas: A gente sempre achou que os melhores de tudo a gente faz rock nacional. rocks são os ingleses e americanos, mas vimos que Dyna: Hoje em dia, com a massificação musical no Brasil existia um espaço, um “gap” para uma banda Dyna: Sendo uma banda independente, desde a criada pela internet, fica dificil defirnir “main- de hard rock que cantasse em português, e decidimos gravação do CD, produção do clipe, agendamento de stream”. Uma banda pode ser famosa na web alcançar o público que espera por esse tipo de som. shows, etc, quais as maiores dificuldades que a banda e nunca ter sido citada na mídia. Existe um Jax: Desde o princípio eu já compus com o Nicolas vê em se integrar ao mainstream do rock nacional? segmento específico que vocês almejam? em português pelo fato de já termos tido experiências Nicolas: Acho que qualquer trampo independente, Nicolas: Não existe nenhuma banda no Brasil do cantando em inglês e saber que há uma carência no autônomo, no Brasil, é sofrido. É difícil chegar às nosso gênero, nenhuma. No exterior tem algumas, mercado nacional de um som pesado, gótico e pop. pessoas e fazê-las conhecer seu trabalho. É difícil mas nem tanto assim. Não é nada proposital, mixa- Arturi: Eu toco há vinte anos e essa é minha primeira administrar, ainda mais um bando de roqueiro louco. mos vários estilos dentro do rock e seguimos assim! banda em português. Mas para mim rolou natural- E vamos combinar que as gravadoras acabaram. mente, pelo fato de eu ter vivido o rock nacional dos Viva o mp3! O que importa é fazer muitos shows, ter Dyna: O EP “Vampiros e Piratas” vem fazendo anos 80. Mas eu concordo que é muito difícil escrever gente nos shows, e nos shows a galera vai curtir e bastante barulho. Como está a banda neste momen- em português sem soar tosco. Mesmo porque rock reconhecer. O produto da banda, e isso não é de hoje, to? O que podemos esperar para o álbum full-lenght? nacional atual parece que só fala para os adoles- sempre foi show. Com disco, só gravadora ganha Cláudio: O primeiro álbum será um instrumento para centes. Uma galera mais velha não acompanha essa dinheiro. Banda ganha dinheiro é com show. venda de shows, algo para deixar na internet para as cena. E o que me fez me interessar pelos Vampiros e Camila: Acho que o veículo de mais importante e de pessoas terem uma prévia do nosso trabalho. Hoje Piratas foi justamente o conteúdo das letras. fácil acesso hoje em dia é a internet mesmo. a gente não pode pensar num LP que vai estar nas lojas e vai vender milhôes. Isso não existe mais. Não Dyna: É completamente visível que a banda se Dyna: Como foi receber em pessoa a autorização conheço ninguém que vá numa loja atrás de um CD preocupa tanto com o visual quanto com a sonori- para o cover de “Doce Vampiro” pela própria Rita Lee? para comprar, com a internet aí para todos. dade. Vocês acham que esse tipo de apelo atrai ou Nicolas: Uma honra! Sou amigo do Beto Lee [filho de cria barreiras perante o público do rock nacional? Rita] e no chá de bebê de sua filha ele me apresentou Dyna: Vocês acham que o rock será hype de novo Nicolas: A verdade é que as pessoas não estão à Rita e contou para ela que estávamos planejando um dia? esperando uma banda com a nossa proposta. O rock uma versão para a música “Doce Vampiro”. E ela, sem Jax: Eu acho que sim. Mas para isso tem que surgir no Brasil acabou ficando muito nas bandas indies, essa hesitar, me disse: “A música é sua!”. Foi demais! um novo Guns’n’Roses. M 20 Junho / 2008 Junho / 2008 21 WHITE LION O retorno do orgulho By Silvia Mendes

White Lion está de volta depois de um longo período de inércia. A banda, O que ficou famosa no final dos anos 80 com sucessos como “When The Children Cry” e “Tell Me”, está lançando seu primeiro álbum em 16 anos intitulado “Return Of The Pride”. Gravado entre a Austrália e a Dinamarca em 2007, o “Return Of The Pride” teve seu lança- mento nos Estados Unidos no dia 30 de abril e já foi lançado na Europa em 16 de março. Da banda original só restou Mike Tramp, que com o resto da banda - Jamie Law nas guitarras, Claus Langeskov no baixo, Henning Warner nos teclados e Troy Patrick Farrell na Divulgação bateria - se apresentou no Brasil pela primei- ra vez no dia 26 de abril no Hard in Rio, Circo de tudo. primeiros discos do Led Zeppellin, e até o Voador (a entrevista foi feita antes do show). Dyna: Como foi o processo de criação Queen, que é uma das minhas bandas favori- A turnê sul-americana foi parte de uma longa deste novo album? tas, não tinha muito tempo para gravar. Essa série de shows que inclui Colômbia, México e Mike: Eu já estava escrevendo muitas forma intensa de gravar acaba por trazer Europa, além de shows nos Estados Unidos. músicas e como neste momento os integran- muita energia na música e era isto que nós Nesta entrevista exclusiva para a Dynamite, tes da banda moram em quatro continentes queríamos. Mike Tramp fala sobre o disco novo, religião, diferentes, eu mandava músicas quase que família e muito mais. Enjoy. terminadas para o Claus (baixista) e ele Dyna: No passado suas músicas falavam adicionava suas idéias e mandava de volta. de problemas políticos ou sociais. O que Dynamite: Em 1987 o White Lion lançou A maioria das músicas foi feita assim, mas te inspira a compor? um álbum chamado “Pride”. Este novo também tem algumas que eu criei com o Mike: Eu componho não porque tenho que álbum se chama “Return Of The Pride”. Jamie, o guitarrista. Nós não tivemos o luxo gravar um álbum, mas porque tem alguém Qual a relação e a mensagem que você de estar no mesmo lugar para podermos es- batendo na minha porta dizendo “Eu quero quis passar para as pessoas? crever músicas juntos, então nós tivemos que sair”. Tem que vir naturalmente e da forma Mike Tramp: Quando eu decidi ressuscitar o encontrar um jeito. Tivemos cinco dias para certa. Eu acabo escrevendo sobre coisas que White Lion no mundo do rock de hoje, onde gravar o baixo, bateria, e guitarras porque me tocam de alguma forma. Por exemplo, tudo está tão estranho comparado com antes, dinheiro não era uma opção para a gente. eu tenho sérios problemas com religião. Eu eu quis que o álbum e o conceito dele se en- Nós não tivemos uma gravadora para nos nasci na Dinamarca em uma família cristã, caixassem de uma forma que os fãs pudessem bancar e tudo que foi feito eu que paguei com mas quando eu vejo a religião sendo usada conectar estas duas décadas de diferença. o meu dinheiro, e eu não vivo no luxo. Tudo em nome da guerra, aí é um motivo para Quando se ouve este álbum, parece déjà vu, neste álbum foi feito pela banda, inclusive a eu escrever, como aconteceu com a música tem um sentimento do tipo “Eu já estive por produção e mesmo não sendo da forma que a “Battle At Little Big Horn” aqui antes”. Nos meus 30 anos de rock’n’roll gente queria, foi uma necessidade. eu percebi uma coisa muito estranha: não há Dyna: Mas você acredita em Deus ou em muito espaço para mudanças, os fãs querem Dyna: Mas você não acha que este proc- alguma religião? álbuns novos, mas ao mesmo tempo eles esso nos leva de volta ao antigo espírito Mike: Não, eu não acredito em religião e querem ouvir os sucessos do passado. O que do rock’n’roll? também não acredito em Deus do jeito que é difícil de entender é que músicos se cansam Mike: Sim, com certeza. Não estou querendo ele é mostrado nos livros. Eu acredito na cri- muito facilmente de uma música e querem criticar os grandes clássicos que bandas ação das coisas, mas você nunca vai me ver mudar tudo. Com esta volta a gente se per- como o Def Leppard ou Metallica fizeram, tentando convencer ninguém de que o meu gunta: “Qual é a razão de ressuscitar o White mas em alguns casos só a pré-produção leva jeito de pensar é o correto. Religião é uma Lion?”. Para mim, pessoalmente, eu mantive o seis meses... O White Lion não tinha este coisa pessoal e eu não quero saber qual é a espírito do hard rock dentro de mim e um dia tempo todo e mesmo que tivesse eu não acho religião de ninguém. Tem destruição demais eu percebi que eu tinha que voltar a compor que funcionaria para a gente. Você tem que acontecendo no mundo em nome de Deus, músicas para o White Lion, mesmo sabendo ser verdadeiro com você mesmo. Quando qualquer que seja o Deus. É uma loucura. que o que eu estava escrevendo seria como terminamos e ouvimos o produto final nós voltar ao passado, Mas a verdade é que no pensamos “Está bom o suficiente, o som é Dyna: Mudando de assunto, no ano pas- passado também está este lugar que o tempo de uma banda tocando, não uma máquina”. sado uma parte da turnê do White Lion foi esqueceu que é onde o hard rock existe. Para Nós não podemos esquecer que os nossos cancelada por problemas legais envolv- mim tudo tem que se conectar com o começo maiores heróis gravavam assim. É só ver os endo a propriedade do nome White Lion. 22 Junho / 2008 Você pode falar um pouco sobre isso? suas vidas a esta banda. Nós estamos saindo Mike: Esses problemas já foram resolvidos em turnê e não temos um tour manager, nem e o único dono do nome White Lion é o Mike técnicos de palco, nada. Temos que acreditar Tramp. Na verdade, no ano passado eu já no que nós somos e fazer o que é preciso era o dono, mas as pessoas sempre têm o para estar perto dos fãs. Ninguém na banda direito de brigar pelo que elas acham que tem tem a idéia pré-concebida de como o show direito, e foi isso que aconteceu. Do outro vai ser, mas o que eles sabem é que muito lado tem o produtor do show que não está in- vai ter que ser feito por eles mesmos e eles teressado em ter que se envolver nesse tipo concordam com isso. de problema, então por isso os shows foram cancelados. Foi a nossa pequena “Battle At Dyna: Esta é a primeira vez que a banda Little Big Horn” (risos). se apresenta na América do Sul, incluindo o Brasil. Quais as suas expectativas para Dyna: E existe alguma chance de o White estes shows, especialmente o do Rio de Lion voltar a tocar com a formação original Janeiro? um dia? Mike: Não existe nada como a sensação de Mike: Não, de jeito nenhum! Eu ainda manten- fazer uma coisa pela primeira vez. Nós já ho contato com o nosso ex-baixista, que agora tocamos essas músicas por tantos anos e tantos problemas pessoais envolvidos, parece toca com o Megadeth e está muito feliz. Vitto, agora temos a chance de adicionar uma coisa que a gente está lutando uma batalha para com quem eu formei o White Lion, é do tipo nova para a nossa história. Meio que dá uma sobreviver. Eu tenho filhos, mas todo mundo que não quer andar de bicicleta, mas também recarregada na energia, como nascer de está separado em algum lugar do mundo. Meu não quer que você ande sem ele. Uma vez eu novo. Quando você vai a um lugar diferente, maior sonho é ter todas as pessoas que eu tentei perguntar a ele se ele queria continuar e vê o sorriso no rosto das pessoas como que amo no mesmo lugar, mas ao mesmo tempo. com a banda e ele arranjou tantas desculpas agradecendo por a gente estar lá significa Este é quem eu sou e apesar de tudo, é o que e razões para não voltar. Parece até que ele é muito. Esta oportunidade de tocar no Brasil eu faço. É um estilo de vida 24 horas por dia, a única pessoa no mundo que tem problemas, aconteceu de repente e nós estamos muito 7 dias por semana, 365 dias por ano... todo o resto de nós não tem. Eu tenho uma ansiosos para tocar no Rio e quem sabe no vida super complicada, minha família mora na futuro no Rock In Rio! Tenho certeza que vai Dyna: E o que você acha do mundo da Dinamarca, minha esposa e minha fillha mo- ser maravilhoso tocar lá. música hoje em dia? ram na Indonésia, eu moro na Austrália com Mike: É muito difícil de ser analisada, é tudo a o meu outro filho de outro relacionamento. É Dyna: Quando as pessoas vão a um show respeito de negócios hoje em dia. No passado, tudo muito complicado, mas quando eu acordo do White Lion, o que elas podem esperar? a música vinha primeiro e depois os negócios, todos os dias eu me lembro que eu tenho feito Mike: Bom, tem duas formas de eu respond- agora é o contrário. Acho que é parte do proc- isso por 30 anos e eu vou ter que encontrar er: do jeito honesto ou do falso (risos). esso de evolução do mundo e da tecnologia, e um jeito de continuar e esperar que o melhor isso tudo acaba tendo um impacto grande nas aconteça. Dyna: Responda do jeito honesto. pessoas, em como elas pensam. Tem muita Mike: Uma banda de rock não tem muita música sendo feita hoje em dia totalmente sem Dyna: Como foi a escolha dos músicos diferença da outra, você tem as suas músicas sentimento e inspiração, mesmo rock, e eu para o White Lion? e as características únicas de quem você é. não sou parte disso. Mike: Eu viajo muito pelo mundo todo em o White Lion é uma dessas bandas que toca turnês e já tinha conhecido esses músicos rock clássico e é verdadeira no que faz. Isto Dyna: Você conhece a música brasileira? antes. Acho que é por isso que no fim cada é o que nós levamos para o palco. Alguma banda ou artista? um da banda vem de um país diferente, mas Mike: Não, não mesmo... Peraí, o Sepultura o que interessa é que nós combinamos em Dyna: Você gosta de fazer turnês? é do Brasil, não é? Eu sei tudo sobre eles! termos de personalidade e eles são leais. Mike: Não tanto quanto antes e eu nunca Eu tenho que dizer que embora não con- Eles estão preparados para dedicar muito de pensei que um dia eu diria isso. Existem heça a música brasileira, eu sei do tamanho do Brasil e a força que o rock tem lá. Muito deste conhecimento vem de assistir aos vídeos do Queen e como o público vibrava com eles.

Dyna: Para terminar, uma palavrinha para os fãs brasileiros? Mike: Quero que eles saibam como estamos ansiosos para tocar aí. Quando eu contei para o resto da banda eles vibraram! Espera- mos que este seja o começo de um longo re- lacionamento entre a gente e os fãs brasilei- ros e é uma pena que só tocaremos no Rio, gostaríamos de tocar em mais cidades. M Junho / 2008 23 AGNOSTIC FRONT Sobre música, cinema e política By Bruno Palma Fernandes Divulgação

Agnostic Front foi formado em 1980, em vontade de fazer no momento. Roger: Ainda não. Estamos muito focados nessa Nova York. Os únicos membros que se Dyna: A produção de “Warriors” foi feita por Freddy atual turnê. Quando terminarmos essa série Ofirmaram na formação da banda foram Cricien, vocalista do Madball, e o álbum anterior, de shows nós tiraremos um tempo para pensar Roger Miret nos vocais e Vinnie Stigma na guitarra. “Another Voice”, foi produzido por Jamey Jasta, vo- sobre isso. Além dos dois, integram hoje a banda o guitarrista calista do Hatebreed. Por que trabalhar com nomes Joseph James e os irmãos Steve e Mike Gallo, na ligados à mesma cena da qual vocês fazem parte? Dyna: E você já tem algum palpite de como esse bateria e no baixo, respectivamente. Roger: Freddy e Jamey são nossos irmãos [Freddy próximo disco deverá ser? A banda é um dos maiores expoentes do é meio-irmão de Roger]. É sempre bom trabalhar Roger: Difícil dizer. Eu chuto que ele será mais chamado crossover, que consiste de uma mistura com pessoas com as quais você tem uma relação como o “Warriors”, naquele sentido que eu já de alguns elementos do metal com alguns do hard- próxima. Tê-los produzindo o Agnostic Front é havia dito, como uma mistura de tudo aquilo core, Mas o Agnostic sempre pendeu um pouco trabalhar escutando a opinião de amigos, e nós que o Agnostic Front já apresentou ao longo de para um dos lados, dependendo da fase. Seu sempre ouvimos aquilo que os amigos de verdade nossa carreira. último lançamento, “Warriors”, que saiu no ano pas- têm a nos dizer, não é mesmo? Além disso, Freddy sado, por exemplo, costuma ser classificado como e Jamey são produtores muito eficientes. Até temos Dyna: Em 2002 vocês participaram de “Cremas- mais próximo ao metal. “Something’s Gotta Give”, interesse em trabalhar com pessoas diferentes, ter 3”, de Mathew Barney, e agora Vinnie Stigma de 1998 (o primeiro da banda desde “One Voice”, mas ninguém se oferece. está atuando em “New York Blood”, de Nick que saiu em 1992, quando a banda se separou), Oddo. Vocês são ligados em cinema? em comparação, costuma ser mais associado ao Dyna: O que influencia a banda na hora de Roger: Cinema não é algo que nós vamos atrás street punk. compor? para fazer. Nós fazemos como hobby. Mathew Em entrevista à Dynamite, Roger Miret falou Roger: Tudo ao nosso redor, especialmente as nos convidou para participar de seu filme e nós um pouco sobre música, sobre as participações pessoas. Peso também é um elemento crucial para achamos que seria bacana. Foi uma exper- que a banda já fez no cinema e um pouco sobre a banda. Tanto o peso do som quanto o peso das iência muito boa. A participação de Vinnie em o cenário político atual. Roger ainda afirmou que situações que nós vivemos ou vemos acontecendo. “New York Blood” também foi um convite. Estou a banda volta ao Brasil em 2008 para algumas curioso para ver como ele vai se sair. apresentações. Dyna: O Agnostic Front esteve no Brasil em 2005. Quais as lembranças que você guarda de Dyna: Vamos falar um pouco sobre política. Dynamite: O que o novo álbum, “Warriors”, repre- nosso país? Tendo nascido em Cuba, qual sua opinião a senta para o Agnostic Front, já com quase 30 anos Roger: Eu simplesmente amo o Brasil. O que me respeito da aposentadoria de Fidel Castro? de formação? vem diretamente à mente quando penso em seu Roger: Foi um episódio muito interessante, um Roger Miret: O “Warriors” é o álbum que define país é arroz com feijão e bife à milanesa. O que fato histórico mesmo. A ditadura de Fidel foi o que é o Agnostic Front. Ele é a essência dessa mais me marcou com relação ao Brasil foram as bastante longa. Eu não sei muito bem como vai banda. Isso pode ser sentido no som e nas letras pessoas, que são muito boas, honestas e genero- ser daqui pra frente. Cuba mudou muito desde das músicas desse disco. Ele mistura elementos de sas. que Fidel tomou o poder, mas eu acredito que todos os discos do Agnostic Front. Chega a ser até permanecerá comunista. Eu só espero que um tanto nostálgico. Dyna: Planejam voltar? a retirada de Fidel resulte numa abertura de Roger: Nós vamos voltar. Em 2005 nós fomos com mercado. Dyna: Alguns críticos afirmam que esse disco o Hatebreed, mas agora vamos sozinhos. Vamos é uma retomada da banda ao estilo crossover. fazer alguns shows pelo Brasil em setembro. Dyna: E quanto à eleição presidencial norte- Você concorda? americana? A banda está apoiando publicamente Roger: Pode até ser. Mas sempre considerei o Ag- Dyna: E as bandas brasileiras? algum candidato? nostic Front como uma banda que mistura street Roger: Gosto das bandas das antigas... Olho Seco, Roger: Não estamos prestando apoio a nenhum punk com metal e hardcore. Nós fazemos música Ratos de Porão e Sepultura, por exemplo. Preciso candidato. Essa será a primeira vez que eu vou pesada e agressiva, é esse o ponto. A direção ouvir algumas novas. votar nos Estados Unidos, aliás. Só agora con- para qual caminha a sonoridade de cada um segui minha cidadania norte-americana. Torço de nossos discos é fruto da formação da banda Dyna: Já estão trabalhando em composições para pelo Barack Obama porque estou cansado de que o grava e também daquilo que estamos com um próximo álbum? Clintons e Bushes. M 24 Junho / 2008 PITTY Independente, sim, obrigado By André Azenha

baiana Pitty, de 30 anos, pode ser considerada uma ilha no oceano que é Ao rock praticado no Brasil. Diferente de contemporâneos como CPM 22 e Detonautas, a vocalista tem canções que tocam no rádio, sim, mas opta por investir em letras que possuam algum tipo de mensagem e não fiquem apenas nas rimas de “amor” com “dor”, e uma sonoridade regada a muitos decibéis. Com dois discos na praça, “Admirável Chip Novo” (2003) e “Anacrônico” (2005), suas canções possuem aquele “toque” necessário para serem tocadas nas FM’s. Ao vivo, porém, ela não hesita em selecionar covers de bandas desconhecidas do público ouvinte dessas mesmas rádios, como o Queens Of The Stone Age, por exemplo. “Já ouvi relato de gente que conheceu algumas dessas bandas porque ouviu a gente tocando e se interes- sou”, diz a cantora. Independente da preferência musical de cada Fotos: Erika Hoffmann um, é inegável que Pitty possui seus méritos. Ao longo da carreira, conseguiu se manter no De coisa mais nova tinham as meninas do Cruci- e tantos caminhos que podem ser seguidos, se cambaleado mainstream nacional sem precisar fied, mas a banda acabou, e o Conexão Baixada, você fosse aconselhar um músico em início de apelar para músicas açucaradas e provou que era que tocou com a gente ano passado. Conheço carreira, diria para ele seguir o percurso inde- possível uma mulher da Bahia (estado geralmente os meninos do Fresno sim, não me lembro se já pendente ou tentar contrato com alguma major? associado ao axé e aos trios elétricos, quando o tocamos juntos. Essa coisa de jam session, quando Pitty: Uma coisa depende da outra. Acho que o assunto é música) se destacar no rock brasileiro. rola, é algo espontâneo, não dá pra prever. legal é sempre primeiro fazer por você mesmo: Pitty fez um show no dia 27 de abril, na Associ- gravar uma demo bacana, fazer uma página no ação Atlética dos Portuários, aqui em Santos. Em Dyna: Seus shows costumam ter covers de MySpace, tocar no máximo de lugares possível e turnê do DVD “(Des)Concerto Ao Vivo”, a roqueira bandas que a influenciaram. Até que ponto você todas essas coisas que quem tem banda faz pra foi a principal atração do Chilly Fest II, cujo line up acha que o fato de tocar músicas do Queens divulgar o som. O contrato com uma gravadora, também incluiu Fresno e formações da Baixada Of The Stone Age, por exemplo, possa fazer o um selo ou qualquer outro tipo de apoio deve ser Santista. garoto que é seu fã ir atrás dessas bandas? Vai um reconhecimento e uma recompensa por essa Em papo exclusivo, ela também falou sobre o rolar algum cover no show em Santos? primeira parte do trabalho. Você está lá, fazendo rock da Baixada Santista, machismo, as bandas Pitty: A gente faz isso por puro prazer egoísta, sua correria, e se nesse meio tempo pintar uma que valem a pena no País, projetos para o resto do visto que muitos dos covers que fazemos são de gravadora, ótimo. Se não, você continua fazendo o ano e os possíveis caminhos para novos roqueiros. bandas pouquíssimo conhecidas do público. É seu [trabalho] do melhor jeito que der, sem esperar Sobre o mainstream, sentenciou que ”As coisas extremamente válido para nós, porque adoramos cair do céu. andam meio enlatadas. (...) O rock que toca por aí tocar essas músicas, e pra galera, que acaba con- tem uma característica mais inofensiva”. Abaixo, a hecendo sons novos. Já ouvi relato de gente que Dyna: Quais os planos para o restante do ano? conversa completa. conheceu algumas dessas bandas porque ouviu Disco novo na praça? a gente tocando e se interessou. Ainda não sei se Pitty: Encerrar essa turnê finalmente e dar um Dynamite: O Chilly Fest II contará com bandas vamos fazer alguma versão nesse show, porque o tempo pra começar a produzir um disco novo. do litoral paulista e o Fresno. Você conhece nosso repertório é muito feito na hora, de acordo Quero fazer com calma, sem prazo, sem pressa. alguma banda nova da Baixada Santista? Gosta com a vontade do dia. Mas pode rolar sim. do Fresno? Há a possibilidade de alguma jam? Dyna: Haverá alguma mudança no seu som? Pitty: Tem umas bandas daí que eu conheço das Dyna: Você começou independente e conseguiu Pitty: Mudanças sempre acontecem e são benéfi- antigas, como Garage Fuzz e Safari Hamburgers. contrato com gravadora. Com pirataria, internet cas para que não se caia no marasmo criativo, mas quais são elas eu só vou saber quando começar a escrever e compor de forma mais específica. Dyna: Quais bandas de rock valem a pena no cenário brasileiro atualmente? E qual sua opinião sobre a cena rock no País? Pitty: Muitas. Eu gosto de coisas tipo Dead Fish, Cachorro Grande, Nação Zumbi, Devotos, Matanza, B Negão. No underground, com todas as possibilidades que existem de gravações caseiras e internet, ficou fácil ter uma banda. No maistream as coisas andam meio enlatadas e diferentes de quando a gente surgiu há uns cinco anos, quando ainda era possível tocar no rádio uma música como “Máscara”, com guitarra pesada, parte em inglês, quase cinco minutos e letra que não fala de amor, por exemplo. Não acho que o atual momento permitiria isso. O rock que toca por aí tem uma característica mais inofensiva. Dyna: Atualmente ainda existe algum tipo de preconceito com mulheres no rock? Pitty: O preconceito com as mulheres não é necessariamente no rock, apesar de ser um meio majoritariamente masculino, e sim no mundo, que é patriarcal. No rock, se for ver, até menos. M Junho / 2008 25 NETO TRINDADE E O BANDO DA LUA Voando Alto By Nilson Rizada

eto Trindade, figura carimbada do reggae nacional, acaba de lançar seu mais novo CD, N“Posso Voar”, o terceiro da carreira, e já está conquistando o Brasil. Produzido por Mingau e pelo próprio Neto no estúdio F&M, o novo CD resgata o início da carreira de Neto, quando ele atuava como baixista e vocalista nas bandas de punk rock Indecisus e 365. Com muita energia e irreverência, largou o punk rock e foi para Trindade, litoral norte de sampa, onde ficou em retiro espiritual, reestruturando toda sua carreira artística. Voltou para São Paulo com sede de mudar uma parte na história do reggae, misturando todo o seu potencial rocker, punk e MPB com a pura linguagem do reggae. Começava, então, a peregrinação para Neto Trindade e o Bando da Lua, que rodou o Estado nos maiores festivais de reggae, tributos a Bob Marley e outros eventos. O primeiro disco atingiu a marca de mais de 15 mil CD’s, tudo no independente. Seguindo nos caminhos do público “rastamen”, Neto lança o segundo CD ao vivo, no Projeto Equilíbrio, isso em 2003. No ano seg- unte, Neto levou ao Kazebre Rock Bar, em São Paulo, um público de mais de 5 mil pessoas para a gravação

do DVD. Logo em seguida, algumas músicas entraram Débora Gomes em novelas, como “Mandacaru”, da TV Bandeirantes, e “Jamais Te Esquecerei” e “Cristal”, do SBT. Dyna: Como você vê o reggae hoje no Brasil? várias cópias com mais de 250 CD’s. Estou pen- Este terceiro álbum, intitulado “Posso Voar”, é o Neto: Hoje eu vejo o reggae como uma coisa que sando seriamente em distribuir para os camelôs, retrato da história de um guerreiro que está voando não tem união. É um ou outro que se junta pra de graça, uns cinco CD’s para cada, só pra eles alto. Este disco, equilibrado e harmonioso, conta fazer algo. Já o rock, o forró universitário, entre ficarem tocando o dia inteiro. E, se quiserem fazer com as participações de Edu Ribeiro, outro grande outros estilos também, são bem mais unidos. Tem cópias, está liberado. Quer ouvir ou gravar minhas nome do reggae nacional, Serginho, do Ultraje a muita gente boa dentro do reggae, mas parece que músicas? Digita lá “Neto Trindade” no eMule, no Rigor, e Mingau, que, além de produzir, participou eles não se ajudam, e isso me deixa muito triste Kazaa, busca de música. Eu estou liberando, mas em seis faixas. O clipe da música de trabalho, “Sei mesmo. O reggae de Brasília, por exemplo, é inteli- assistam aos shows. E o cara ganha na entrada um que ela vai”, já está pronto para lançamento. gente pra caralho, eu bato palmas para gente como CD novo. Vemos hoje um Neto Trindade maduro e consciente o Natirutz, Alma Djem, Edu Ribeiro. Tem muita de todas as histórias que viveu. Hoje, à espera da coisa boa dentro no reggae nacional, muita. Dyna: Que som você tem curtido atualmente? primeira filha, ele só quer trabalhar. E voar. Vamos lá. Neto: Cara, já passei pela fase de Zeca Balero. Dyna: Como você vê o Neto Trindade hoje, Consumi ao máximo o que eu ouvi. Escutei também Dynamite: O nome do novo disco é “Posso futuro papai? Los Hermanos, bem legal, e Manu Chao, que eu Voar”. Para onde você quer voar? Neto: É mais uma coisa na minha vida, um senti- acho do caralho. Ultimamente eu tenho ouvido o Neto Trindade: Eu tive condições de pensar em mento inexplicável. O Neto Trindade do começo era som do Alma Djem. Eu tinha um programa na Net voar depois que as grandes gravadoras começar- muito doido mesmo. No decorrer dos discos e do TV, cheguei até a entrevistar eles. Na época, eu não am a afundar na semente que elas mesmas tempo fui aprendendo a controlar a loucura e ajudar tive tempo e paciência para ouvir. Isso é o caos dos plantaram. Os independentes estão cada vez mais um monte de gente a enxergar que o exagero não grandes produtores de TV e rádio, que recebem sobrevivendo. Os grandes músicos estão saindo leva a nada. Você tem que saber curtir. Ir para a pilhas e pilhas de CD’s, mas não escutam nada, não das grandes gravadoras e se lançando por conta balada e não pensar em beber até cair, passando têm tempo. Bom, depois eu peguei o CD, botei para própria. Existe uma grande liberdade do público de mal. Esse negócio de cocaína está por fora. Hoje ouvir, e estou pirando no som dos caras. Nota 10. buscar o que eles gostam. Agora, com a internet, eu sou testemunha. Falo porque já fui muito louco eles escolhem o que querem, não aquilo que lhes mesmo, e me orgulho de falar que hoje sou um Dyna: Agora deixe uma mensagem para os colocavam goela abaixo, como sempre foi. cara maduro e vivido. Você tem que saber dosar leitores. tudo na vida. Até água, se você não souber dosar, Neto: A transformação está aí. Não importa se Dyna: Quem produziu o novo álbum? pode ser mortal. é forró, reggae ou pagode. Todos têm o direito Neto: Este disco teve a produção do Mingau e minha. de beber em todas as fontes, então, por sermos Fizemos num tempo em que estava acontecendo de Dyna: Como você vê o mercado fonográfico? brasileiros, temos que incentivar a cultura no nosso tudo, mas foi muito gratificante ver o resultado final. Neto: Eu vou te falar uma coisa, cara. Eu tenho país. E bola pra frente. M 26 Junho / 2008 INSTIGA Do interior de São Paulo para o Brasil By Maíra Hirose

om canções despretensiosas, no estilo “have fun”, os integrantes do Instiga vêm Cadquirindo cada vez mais espaço no cenário underground de música, o que lhes rendeu uma indicação ao Prêmio Toddy de Música Independente 2007, na categoria Álbum Indie Rock. A banda também ficou entre os 20 semifinalistas do concurso musical promovido pela Rede Britânica BBC, “The Next Big Thing”, realizado no final do ano passado. Formado no distrito de Barão Geraldo, localizado na região universitária de Campinas, o quarteto – integrado por Christian Camilo (vocal e guitarra), Gabriel Duarte (baixo), Heitor Pellegrina (guitarra) e Débora Gomes Pedro Leite (bateria) – conta com dois álbuns gra- vados: “Máquina Milenar” (2005) e “Menino Canta Dyna: A música de vocês tem as mais diversas vez que a fama ainda não chegou para nós (risos). Menina” (2007). A banda já se prepara para lançar, influências. Como vocês conseguem agregar Dyna: Vocês já começaram a trabalhar as canções em breve, o terceiro CD, cujas canções já estão em estilos musicais tão diferentes? do próximo trabalho do grupo? Para quando os processo de elaboração. Christian: Nós tentamos fazer uma sonoridade fãs do Instiga devem esperar novo CD? O Instiga produz um verdadeiro indie rock, que com cores no meio das músicas e dos arranjos. As Christian: Sim, estamos fazendo novas músicas e resulta das mais diversas influências, desde Beatles e pessoas conseguem identificar sutilmente essas o CD deve sair até julho. Pearl Jam até Transmissor. E apesar da pouca idade, referências que você citou como “tons de cor”. Pedro: Sim, já temos músicas prontas ou quase os integrantes da banda demonstram que possuem Para isso, buscamos os mais variados timbres de prontas. O disco será gravado no meio do ano. Sen- sabedoria para transitar entre o folk, o rock dos anos guitarra, baixo e bateria e arranjos que possibilitem do um pouco pessimista com relação aos trâmites 70, o britpop e até a MPB. Confira a entrevista: uma experimentação sonora e, ao mesmo tempo, burocráticos pós-gravação, até o final do ano nossos melódica. Somado a isso, buscamos símbolos so- três fãs terão um novo álbum em mãos. Dynamite: Como nasceu o Instiga? noros e palavras que estimulam a imagem cognitiva Christian Camilo: Nasceu de uma vontade minha, do do ouvinte de nossas músicas. No imaginário, o Dyna: As letras das canções do grupo são Heitor e do Pedro de termos uma banda. Eu estudava ouvinte sente que somos mais que quatro pessoas todas elaboradas em português? Por quê? com o Pedro, e o Heitor era meu vizinho. Convidamos tocando. Somos a conexão cerebral dela com sua Christian: Quase todas são em português. “Tota” é o Gagá depois, porque achávamos que ele era um própria imagem psicodélica. uma música em “portunhol” feita para minha avó que baixista do caralho no jazz. E ele é mesmo. é argentina; e outra música é “Alamera”, nela eu fiz Dyna: Quais as principais influências da banda? um refrão numa língua que eu inventei (risos). Dyna: No ano passado, vocês lançaram o CD E o que não pode faltar no som de cada um do Pedro: O principal motivo é termos sido alfabeti- “Menino Canta Menina”. Qual a diferença entre grupo? zados em português. Tentamos fazer uma letra em este e o anterior? Christian: As influências do Instiga são Beatles, finlandês uma vez, mas não conseguimos. Christian: A diferença do álbum “Máquina Milenar”, música imperial, colonial e nativa. No meu som de 2005, para o segundo álbum, “Menino Canta não falta AC/DC, Nick Drake, Morde o Rabo, Nova Dyna: Aliás, mesmo com letras em português, o Menina”, pode ser calculada pela equação X=MCM- Pasta, Transmissor, Pearl Jam, Broken Social Instiga teve suas canções tocadas em rádios da MM, em que MCM representa o Menino Canta Scene etc. Difícil falar dos outros, pois muda muito, Europa. A que vocês atribuem esta conquista? Menina e o MM representa o primeiro disco. E MCM e a todo o instante, as bandas que escutamos. Eu Christian: Quando a música do Instiga toca, por é resultado da equação: 2g+ba+p, onde g significa citei as que num geral são apreciadas por todos. uma propriedade física e espiritual, ela se propaga guitarras, e não gays, ba significa baixista de jazz do mais que as músicas das outras bandas. caralho e p significa quantidade de Pedros do Brasil. Dyna: Todos são bem novinhos, né!? Como Pedro: Acho que se deve ao fato das músicas serem MM é o resultado da equação g+Vi+b+P, onde g sig- vocês vêm lidando com a fama e projeção den- boas, e também a um certo apelo exótico que uma nifica guitarra, Vi é violão, e não viado, como muitos tro do cenário da música alternativa? música cantada em português tem para os estrangei- erram algo em calcular nosso som, b é baixista e x Christian: Eu sou o mais velho da banda, tenho 27 ros. Afinal de contas, falamos uma língua muito quantidade de Pedros do Brasil, novamente. Então anos. O Heitor e o Gagá são os mais novos, têm 22 estranha. temos, para cálculo de diferença: MCM-MM=X (x anos. A cena alternativa no Brasil está crescendo, ou representa sua pergunta); x=2g+ba+p - (g+Vi+b+p) pelo menos o Instiga está mais conhecido. Dyna: O que os integrantes do Instiga preten- e x=g+ba-Vi-b. Disso, podemos concluir que no Pedro: Bem, por onde começar a corrigir os erros desta dem futuramente? “Menino Canta Menina”, a diferença é uma pessoa a pergunta (risos)? Não somos bem novinhos, talvez Christian: Difícil dizer! Não há um consenso. Acho mais tocando guitarra, a existência de um baixista de para jogar bocha. O nosso querido vocalista Tita já é uma que mais vídeos e mais legais. jazz do caralho e a substituição do violão e do baixo balzaquiana prestes a começar a reposição hormonal. Pedro: Continuar tocando nossas músicas e por duas guitarras tocadas por mim e pelo Heitor. E eu não posso te dizer como lidamos com a fama, uma respondendo entrevistas como essa. M Junho / 2008 27 CYBERCULTURA A civilização do virtual By Dum de Lucca

ara escrever sobre arte digital e o ser humano virtual, que estão diretamente se estruturando mais na paródia (o vômito do Pacoplados à velocidade do mundo passado), mas no pastiche, na assimilação (a contemporâneo, onde nada é definitivo, não apropriação do passado). A única possibilidade, dá para deixar de mencionar que o assunto é já que tudo já foi feito, é combinar, mesclar, muito amplo e tem várias abordagens. É claro, reapropriar, recriar. a digitalidade se apóia na tecnologia. E, como A partir dos anos 1960, a arte sofreu modifi- a arte e o ser humano, é fruto do meio em que cações profundas em todos os níveis: na poesia nasceu e se desenvolve. E vale aqui uma pitada de Jim Morrison, na arquitetura de Venturi, sobre o conceito de arte e sua intervenção em na pop art de Warhol, no rock e um pouco épocas diferentes. Para uma reflexão sobre essa mais tarde no punk, no cinema de Godard, na situação é necessária uma breve retrospectiva literatura de Thomas Pynchon, Thimoty Leary histórica, lembrando que os seres humanos e Charles Bukowski, no foto-realismo e na primitivos utilizaram recursos naturais com o ob- arte ambiental. A pós-modernidade aparece Fotos: Reprodução jetivo de assegurar a sobrevivência da espécie. como antídoto da arte moderna, transgredindo Segundo o filósofo francês Gilbert de Simondon, e destruindo as fronteiras entre a cultura do ROM multimídia e a internet. A efervescência da o homem iniciou seu processo de humanização, mainstream e a cultura popular. Essa estética é rede e suas comunidades virtuais, a música e os ou seja, a diferenciação de seus comporta- anárquica, pós-industrial e pós-revolucionária, e vídeos compartilhados, são reflexos da existên- mentos em relação aos dos outros, a partir do se distancia do imaginário racionalista e futurista cia de uma “comunidade digital”, a sociedade momento em que utilizou os recursos existentes da modernidade. compartilhada através das tecnologias digitais. A na natureza em benefício próprio. As novas tecnologias começaram a interes- internet é o melhor exemplo da cybercultura, da A arte faz parte disso e é a tradução do sar aos artistas contemporâneos (fotografia, civilização do virtual, da “cyber-socialidade”. imaginário, da onda e da energia de sua época. literatura, cinema, música, televisão e vídeo) Na civilização virtual, a metáfora dos bits O que é moderno aparece a partir de diversos na década de 70. Eles começaram a utilizar substituindo os átomos parece ter tudo a ver. segmentos da vida, como a ciência, a arte, a novos recursos, como os computadores e as Em todas as formas da cultura contemporânea espiritualidade, o humanismo e as relações redes de telecomunicação (TV e satélites), para podemos perceber os efeitos dessa transfor- humanas. A arte moderna racionalizou o mundo criar uma arte aberta, rizomática e interativa, mação: os “smart-cards” e o dinheiro eletrônico e se distanciou do ecletismo do século XIX, onde autor e público se misturam de forma (criando um espaço digital de circulação de fragmentando a tradição clássica. Ela nasceu de simbiótica. O grande lance agora é a circulação mercadorias e informação), a HDTV e os (multi) forma revolucionária para olhar o futuro e deixar das informações e da comunicação. A arte na media, a informatização do trabalho (e o surgi- o passado para trás, escondido. Ela é utópica, era digital abusa da interatividade, das possibi- mento de empresas virtuais), a arte eletrônica e futurista e prática, na qual as formas estéticas lidades hipertextuais, das colagens (“sampling”) suas obras interativas e imateriais. O paradigma devem servir a uma função (Bauhaus, Interna- de informações (bits), dos processos fractais digital e a circulação de informação em rede tional Style, etc). A arte moderna, de certa forma, e complexos, da não linearidade do discurso, parecem constituir a espinha dorsal da contem- aliou-se à indústria, servindo como modelo e da desconstrução. A idéia de rede, aliada às poraneidade. parceira na organização social do século XX e recombinações sucessivas de informações e a A virtualização da cultura, da comunicação, a revolução industrial. De certa forma, serviu ao comunicação interativa (coletivos e copyleft), do trabalho e do entretenimento, transformou capitalismo. torna-se a propulsora principal da “cyber-arte”. A o mundo em bits e, ao mesmo tempo, os bits A arte pós-moderna se diferenciou do movi- arte digital é a arte da comunicação total. se traduzem em informação alimentando as mento modernista por produzir formas lúdicas, redes e os bancos de dados. A virtualização do desconstrutivas, ecléticas e fragmentadas. Civilização do Virtual mundo é o término do mundo, num processo Nesse momento a arte serve como parâmetro, progressivo de “desmaterialização” da natureza. refletindo o imaginário da pós-modernidade, não A transformação, impulsionada pela chegada É com essa parabólica que devemos entender das novas tecnologias e pela crise das metáforas e pensar a arte eletrônica ou digital, pois ela vai da modernidade, caracteriza o que o sociólogo aceitar e explorar a desmaterialização pela qual francês Léo Scheer identificou como a “civiliza- passa e se fundamenta a civilização do virtual. ção do virtual”. A linguagem digital e a mutação A cyber-arte encarna o imaginário da civilização do espírito e da mentalidade são conseqüên- do virtual. A arte eletrônica contemporânea toca cias da falência de um pensamento clássico, a alma da civilização do virtual: a desmateriali- cansado e agonizante. Essa é a nova civilização. zação do mundo pelas tecnologias virtuais, a A civilização do virtual dá exemplos todos os interatividade e possibilidades hipertextuais, a dias de sua dinâmica e velocidade: telefones circulação (virótica) de informações por redes celulares, Ipods, música eletrônica, sites intera- planetárias. A arte vibra e atua no processo tivos, Second Life, skype, próteses e implantes, global de virtualização do mundo. Compreender engenharia genética; sem falar na informática a arte desse início de século é entender o imag- popular, com os PC’s, consoles de jogos, CD- inário ilimitado da nossa cybercultura.  28 Junho / 2008 QUARTO DAS CINZAS Dois quartos de melodia, mais dois de poesia By Maíra Hirose

a estrada há cinco anos, os cearenses do Quarto das Cinzas vêm traçando seu Ncaminho no cenário musical de maneira sólida e bastante consciente. Após o sucesso do último EP, “A Chave”, lançado no ano passado, o trio - formado por Laya Lopes (vocal), Carlos Edu- ardo Gadelha (guitarra e programação) e Raphael Haluli (baixo) - se sente preparado para lançar seu primeiro álbum. O disco vai reunir 12 músicas e está previsto para sair do forno no mês de agosto. O grupo, que vem conquistando fãs por todo o Brasil, em meio a aparições nos principais festivais de música independente do País, não deve fugir da tônica que rege seu trabalho neste disco. Com canções singelas e que exalam poesia, embaladas Renato Reis pela doce e suave voz de Laya, o Quarto das Cin- nos unimos em busca de algo comum e de um é que apresentamos o nosso trabalho para um zas assimila em suas criações outros elementos propósito maior, que é fazer arte para o mundo. público bem diversificado e de várias cidades. para completar sua expressão artística, como Neles fazemos boas amizades, a interação entre teatro e literatura. No momento, o trio está no Dyna: O trabalho do Quarto das Cinzas as bandas é muito legal. Além da troca de CD’s processo de conclusão da gravação das músicas agrega várias influências. De onde surge tanta entre a gente, que sempre rola. e da parte gráfica do projeto que vai gerar seu inspiração? Haluli: Os festivais são ótimos e dá para se ter primogênito. Acompanhe a entrevista: Gadelha: Ah, a gente busca dentro da gente, não uma idéia do que vem sendo produzido no País, existe um conceito pré-definido. Nós buscamos por contar com pessoas de vários lugares. Mas Dynamite: Como vem sendo a evolução da inspiração nas coisas que gostamos. É algo ficar somente focado em festivais pode limitar banda desde o nascimento? intuitivo, pois cada um tem as suas influências e bastante em diversos aspectos. Carlos Eduardo Gadelha: Logo quando foi criado procura lidar com elas conforme a sua vivência, do O Quarto das Cinzas, já começamos gravando tipo ouvir e filtrar. Dyna: Em breve, vocês devem lançar novo uma demo, em 2003, como outras banda, em Laya: Dia desses descobrimos que temos influên- trabalho. O que o público pode esperar desse casa, “in vitro”. A banda tinha outra formação cia até de mangue beat, mas nunca imaginamos álbum? e chegou a ter seis componentes. Inicialmente que a tivéssemos. Nunca tínhamos parado para Gadelha: Este é o primeiro disco do Quarto das pensamos em seguir a linha musical do trip hop, pensar nisso. Aliás, é fantástico ver as pessoas Cinzas e nós temos pensando nele há uns anos. mas com o tempo este conceito foi sendo descon- descobrirem influências, que muitas vezes não Só não saiu antes porque ainda não estava na struído e foram sendo agregados diversos outros temos consciência. Pois fazemos com o coração, hora. A nossa idéia com este trabalho é que ele elementos às nossas canções. Acho que estamos com o que nos soa natural. seja um álbum completo e que siga, sim, a mesma indo bem, conseguindo uma evolução boa. Haluli: Isso acontece com todos. Escuta-se várias linha do “A Chave”, o primeiro trabalho. No entan- coisas e aquele conjunto de pessoas dá uma certa to, o público, superficialmente, não deve esperar Dyna: Por que vocês optaram por sair de sonoridade. Temos um projeto democrático, onde nada igual ao anterior, mas sim algo que soe como Fortaleza e vir morar aqui em São Paulo? Como o que impera é a força de todos. No entanto, é verdadeiro para nós. Até porque a nossa forma de vem sendo a adaptação de vocês aqui? livre, mas não solta; é do tipo pode tudo, mas não produzir é somente esta. Este novo trabalho reflete Gadelha: Estamos em São Paulo há um ano qualquer coisa. o caráter “móvel”, “mutante” do nosso som. Sem e dois meses, principalmente pela expansão rótulos, até porque a nossa busca por uma forma do nosso trabalho. Em quase quatro anos, já Dyna: Qual a importância para a banda de melhor de se expressar é incessante. Ele vai ser tínhamos conseguido tocar em praticamente todos participar de festivais de música? Como vocês bem diverso, vai contar com 12 músicas, algumas os lugares de Fortaleza. Queríamos mesmo é dar avaliam o cenário atual deste tipo de evento? compostas ainda no começo da banda, e outras continuidade ao nosso trabalho. Laya: A gente vem se surpreendendo com a força mais atuais. Aguardem. Laya Lopes: A gente veio para cá, mas aqui é da nossa música. Um exemplo foi em Rio Branco só uma passagem para outros lugares. Sentimos (AC), no ano passado, no Festival Varadouro. Dyna: Quais os planos futuros para o Quarto muita saudade de Fortaleza, mas conviver com Não imaginávamos que nosso trabalho estava das Cinzas? esta diversidade toda está sendo uma experiência atingindo uma amplitude tão grande e um público Gadelha: Lançar o nosso trabalho. Estamos foca- muito boa para todos nós e tem valido muito a tão diversificado. As pessoas vêm nos recebendo dos nisso agora, tanto que estamos mais em casa, pena. muito bem, elas vêm nos impressionando com produzindo mais. Estamos estudando como e onde Raphael Haluli: O nordeste tem um povo mais a sua liberdade. Em festivais tem vários artistas buscar apoio para a prensagem do nosso novo místico, mais religioso. Aqui o ritmo é outro, bons, de vários lugares, que possibilitam essa álbum, pensando a parte gráfica dele. Ou seja, na as pessoas são mais materialistas, mas esta interação entre os músicos. O que é fantástico. produção de todo este material para divulgação. experiência está sendo muito boa para nós, que Gadelha: A vantagem em participar de festivais Queremos tocar para o mundo.  Junho / 2008 29 Junho / 2008 Junho / 2008 EARS UP Fi q u e p o r d e n t r o d o s ú l t i m o s lançamentos d e CDs. REATORES - Monstros, Homens Loucos e Objetos Voadores (Ataque Frontal) MMMM O s i t e d a r e v i s t a (w w w .d y n a m i t e .c o m .b r ) t r a z m a i s lançamentos . Se esta banda estivesse nos anos 80, com certeza, faria Co t a ç ã o : bastante sucesso, pois apesar de ser uma banda de punk rock, MMMMM (Excelente); o som é acessível, sem cair naquele comercialismo barato. MMMM ( timo); O som é simples, tradicional, como deve ser o de uma banda Ó punk. É bem feito, ficando o destaque para os vocais de Thunder MMM (Bom); (guitarra) e Gláuber (baixo). Completam o time Adriano (guitarra) MM (Regular); e Fabiane (bateria). As letras são bem inteligentes, tendo como M (Fraco) destaques “Queria que Gandhi estivesse aqui”, “Blues do Exorcismo ao Contrário” e “Legião dos Loucos Pacíficos” (esta com uma letra super bem feita, a melhor do CD). Fãs D DRUMM ELÉTRONS - Rock Brasileiro (Independente) MMMM de rock e punk rock: adquiram e divirtam-se muito. (MT) Uma união de influências do rock, com irreverência de soul, su- ingue, reggae e música brasileira regionalista com uma espécie de SMOKING BRASIL DELUXE - Smoking Brasil Deluxe (ST2) MMMM viagem instrumental introspectiva por parte das letras carregadas Uma compilação com o melhor da produção contemporânea de tristeza, amor, irreverência e sarcasmo puro. Terreno fértil para da nova música popular brasileira, com projetos criados por novas tendências musicais, essa é a melhor forma de descrever brasileiros e estrangeiros. Uma seleção de artistas que expres- o trabalho de produção e execução dessa dupla formada pelo sam novas tendências com grooves, mixagens, fusões e muita virtuosismo de Marcelo Domingos (que concebeu pré-produção de musicalidade e originalidade não deixando a tradição musical 2002 a 2005) e Ben Charles, banda que tem como principal foco brasileira para trás. No repertório: “Concrete Jungle”, “Liga Lize”, a valorização da cultura brasileira com muita singularidade e criatividade com que executa Que Pena/Tanto Faz”, “Pro Marcelinho Tocar”, “Se Ele” e “Samba sua música, criando um ambiente perfeito para dançar e se divertir. Vale a pena ouvir. Paulista”. Por trás deste CD existe um trabalho memorável de re- Destaque para “Dias”, “Ei Chefe”, “Insônia”, “Eles” e “Som Viver”. (EPS) florestamento junto à Carbon Free, uma ação socioambiental contra a emissão de gases de efeito estufa relacionados à sua linha de produção e distribuição. Espero que outros CASULO - Na Onda do Banzeiro (Independente) MMM artistas e gravadoras se engajem nesta causa; o planeta agradece. (EPS) Uma banda de reggae sabe bem o que fazer quando não quer soar parecida com tantas outras do mercado nacional. Mas a KRATERA - Boca de Lobo (Lançamento virtual) MMMM Casulo segue a cartilha. Letras leves, som do estilo reggae pop e A mais nova modalidade de lançamento das bandas independ- os instrumentos de sempre, nada que a diferencie de outras. Mas entes é lançar o CD inteiro de maneira virtual. Além de a divulgação reggae nem sempre tem que soar revolucionário ou diferente, ser bem maior que o usual CD físico, abrange-se o conceito antigo tem que soar reggae, nada estapafúrdio, ou no mínimo respeitar de a arte ser para todos e não para uma minoria que tem condições os princípios básicos da cartilha de Jah. Uma boa opção musical de adquirir CD’s físicos. Com essa democratização do lançamento em tempos em que algumas bandas de reggae estão se metendo do CD, a Kratera traz de volta o stoner rock com pitadas mais na MPB para não deixar de colocar trabalhos no mercado sempre tão voraz e tão cruel. modernas e letras em português. Para os desavisados que ainda Contudo, a Casulo consegue ser muito melhor que as pseudo-bandas e artistas que apre- não conhecem, esta banda é radicada em Florianópolis. Dizem que goam que são reggae por aí. Fique com “De Volta pra Ela” e “Yara”. (LCV) um bom time começa por um bom goleiro. O que dizer então da belíssima capa do CD da banda? Corram e baixem o álbum inteiro porque aqui está uma das melhores bandas de rock COWBOYS ESPIRITUAIS - Cowboys Espirituais (Independente) MMMM da atualidade. Rock no talo, sem frescuras e com padrão de qualidade atestado. (LCV) O Cowboys Espirituais é a banda de Júlio Reny, ex-Expresso Oriente, banda que fez sucesso no final dos anos 90. Depois de HERMANO - Into The Exam Room (Meteorcity) MMM dois trabalhos lançados, um deles “ De Luxe”, em homenagem O Hermano começou como um projeto paralelo de músicos a José Mendes, Tonico e Tinoco e Raul Seixas, a banda foi rel- de várias bandas (Kyuss, Disengage, Supafuzz e outras) e a egada em segundo plano, depois da saída de Frank Jorge. Agora gravação que fizeram em 2000 saiu tão boa que acabaram sain- voltam com este trabalho, que além de Júlio nos vocais e violões, do em turnê. A tour foi tão bem sucedida que eles se reuniram conta com Márcio Petracco nas guitarras e bandolins, Lúcio novamente e em 2004 saiu “Dare I Say...”, que gerou outra tour Dorfman (ex-Engenheiros do Hawaii) nos teclados, Paulo Arcari de sucesso. Esta é a terceira empreitada deles e o mais interes- na bateria e percussão e Régis Sam no baixo. O CD é bem agradável, com boas letras, sante é que, apesar da boa recepção, o Hermano nunca deixou um country rock típico dos anos 60, levemente pop, mas muito bem tocado. As canções de ser um projeto - este CD foi composto pela banda via internet estão todas no mesmo nível, mas “A Cerveja de Cada Dia”, “H-Tel” e “Cavalo Doido” (com e cada músico gravou sua respectiva parte separada em cidades e estúdios diferentes, uma excelente guitarra) são ótimas. “Tom Mix” tem um slide bem legal. (MT) só se reunindo depois de meses para a mixagem. É bom deixar claro que cada CD tem um estilo de música diferente (afinal, é um projeto), o primeiro ia de stoner rock a grunge, AYAT AKRASS - Como Uma Tela Pintada Com o Nosso Sangue (União Positiva o segundo tinha desde rock tradicional a punk, e este traz um hard rock pesado e mod- Discos) MMMMM erno com “groove” setentista que chega a puxar para o grunge. O segredo? Eles fazem Porrada na orelha, daquelas de zunir o ouvido. É isso que a coisa por diversão. A maior prova disto é o título da quinta música: “Out Of Key, But In podemos ouvir nas 10 músicas deste excelente CD de estréia The Mood” (“Desafinado, mas no clima”). (MM) da banda curitibana Ayat Akrass, que é o nome de uma menina palestina camicase, que se explode dentro de um supermercado FERNANDO SANINI - Sanini (Sonorabiz) MM em Israel. O peso das músicas pode assustar os desavisados, pois Este é o primeiro trabalho de Fernando Sanini, gaúcho não é para qualquer ouvido a mistura venenosa de death metal radicado em São Paulo, e conta com a produção de Rodrigo e hardcore que os caras praticam. Velocidade, paradinhas para Castanho e Rick Bonadio, que também é o responsável pela trechos mais cadenciados, vocal gutural e boas letras (em português) altamente políticas direção artística e que participa da versão para “Stand By My recheiam este excelente álbum, que, com certeza, é um dos melhores lançamentos do Woman”, de Lenny Kravitz. O trabalho de Sanini, que toca gênero. Vale destacar a boa produção de Wiliam Fernandez (Subtera), sua bela capa e que guitarra e violão em algumas faixas, não é ruim, mas não inova, o CD conta ainda com uma faixa multimídia do vídeoclipe da música “Descaminho”, dirigido tornando-se enfadonho em certos momentos. O CD é muito bem por Rafael Gasparim. Ouça a última música até o fim, pois tem uma mensagem legal. (HC) produzido, mas falta um pouco de sujeira, um pouco de rebeldia musical, pois Sanini demonstrou ser um bom músico. Destaque para as faixas “Para VIOLETA DE OUTONO - Volume 7 (Voiceprint) MMMMM Falar a Verdade” e “Pela Vida”. (MT) Neste novo álbum de estúdio, finalizado no meio do ano de 2007 e cheio de composições inéditas e de quebra um vídeoclipe DJ MARKY & FRIENDS - The Master Plan (ST2) MMM de bônus, a lendária banda de rock progressivo e psicodelia, com O mais novo trabalho de Marky é simplesmente uma corrida pelas muita maestria, arrasa e novamente Fábio Golfetti (guitarra e melhores e inéditas faixas do selo internacional do DJ, o Innerground vocal), Gabriel Costa (baixo), Claudio Souza (bateria) e Fernando Records, criado com o seu colega brasileiro Xerxes de Oliveira. Um Cardoso (órgão hammond, piano e synth) mostram a experiência álbum duplo, cujo primeiro CD traz mixagens maravilhosas de Marky profissional de longa data aliada à versatilidade de seus instru- com destaque para as faixas “Distant Lover”, “Untitled”, “She’s The mentos em suas composições, e em arranjos modernos cheios One” e “New Infection”. Já no segundo CD, há uma apresentação de truques, engenhocas, viagens mirabolantes e hipnotismo, resultando numa música de 10 faixas inéditas de seu selo. Vale a pena conferir “25th Floor” intimamente ligada ao MPC - música popular criativa. Uma espécie em extinção, apenas e “Long Distance”. Com elementos mais simples, o drum’n’bass pelas influências musicais e referências cheias de estéticas tridimensionais. Vale a pena tem sofrido modificações atualmente na cena européia, com sua diversidade, exibicionismo, conferir também um apresentação ao vivo. Os destaques vão para “Além do Sol”, “Eyes melodia, grooves e timbres. Este tão esperado trabalho do ousado e visionário DJ Marky, que Like Butterflies”, “Pequenos Seres Errantes”, “Ponto de Transição” e “Fronteira”. (EPS) já é um dos grandes do gênero, vai se firmar em 2008, então deleite-se. (EPS) 32 Junho / 2008 MR. MANN - A-Side | B-Side (Independente) MMM NEVILTON - S.I.M. (Independente) MMM O primeiro CD da banda de Curitiba mostra um hard rock na Especial com 15 faixas, incluindo o EP “S.I.M.” na íntegra mais linha do Dr. Sin, Mr. Big, Whitesnake e Van Halen. Nada original, extras de gravações anteriores. Todas as músicas compostas por porém bem executado pelos competentes músicos Airton Mann Nevilton de Alencar, o Ton, são ótimas e bem executadas. Vale o (guitarrra e backing vocais), Diegues Girotto (bass) e Gabriel clichê “I know it’s only rock’n’roll, but I like it”. Letras pensantes e di- Bordignon (bateria). O diferencial fica no fato de o Mr. Mann vertidas, com destaque para as faixas “Paz e Amores”, “O Monstro”, possuir dois vocalistas, o masculino a cargo de Fabio Olesko e “Bolo Espacial”, “Cala e Forma” e “Luz Demais Pr’eu Dormir”. Se o feminino por conta da bela Wanessa Siewert. Justificando o você gosta do primeiro trabalho do Los Hermanos e curte Jupiter nome do álbum, o A-Side compreende as faixas de um a sete, Maçã, está ai uma mistura que vale a pena conferir. (EPS) cantadas por Fabio, e o B-Side as faixas de oito a treze, com Wanessa. Destaque para a boa produção musical e visual da bolachinha. (HC) - Latest Version Of The Truth (Regain Records) MMMM Por que as bandas de heavy metal não pensam mais assim? CAFÉ COLOMBIA - Demo (Independente) MMMM Quando o Mustasch foi formado, eles decidiram fazer música Mais um presente da minha amiga Benya Gomes, do Coletivo baseada em riffs. Não importa o que é moderno ou antigo, feio Supernova. Com apenas quatro faixas, já de primeira a música ou bonito. Se o riff fosse poderoso, a música seria feita. E o “Automotiva”, impressiona. Adoraria ver um CD com muito mais resultado foram três CD’s e dois EP’s que os tornaram uma músicas desta banda composta por Felipe Lima (voz e guitarra), das maiores novas bandas de heavy metal escandinavas. Este Camila Matos (guitarra), Johw (baixo), João Luís Studart (bateria) quarto CD dos suecos traz um som coeso e poderoso que pode e participação especial de Leonardo Melo. Carregadas de ir- ser descrito como apenas metal. A banda soa única, apesar reverência e sarcasmo puro, de várias faces nas letras relevantes de não esconder as influências das diversas facetas do heavy metal e apresenta aqui e profundas e dos arranjos experimentais à linguagem pop. Um seu trabalho mais maduro, se valendo até mesmo de arranjos de cordas em diversas alternativo indie rock que promete. No repertório: “Aquela Rua”, “Por Tempo” e “Todo composições (com efeito máximo na led zeppeliana “The End”). O CD tem altos e baixos, Mundo Tem Um Lado Torto”. (EPS) mas os altos ganham. Em “In The Night”, “Double Nature”, “I Am Not Aggressive”, “The Heckler”, “Faling Down” a banda detona como poucas hoje em dia. Está na hora do BEASTIE BOYS - The Mix-Up (EMI) MMMM Mustasch ser conhecido também fora da Europa viking. (MM) A última visita ao Brasil rendeu um bom trabalho ao lendário grupo de New York que ficou marcado na homenagem em “Suco SAHG - Sahg II (Regain Records) MMMM de Tangerina”, faixa três do álbum. Com muito grooves do tipo Formada em 2004 por membros do , Audrey Horne oldschool funk, inovações em execução de baixo, guitarra e e Manngard, os noruegueses do Sahg estão na categoria stoner bateria, o trabalho supera o anterior, “The In Sound From Way rock, ou seja, aquelas bandas que usam variações de riffs do Out!”, também instrumental, de 1996. O público vai querer ouvir e Black Sabbath da era Ozzy para fazer um som pesado e arras- vai ficar embasbacado com a pecularidade sonora da faixa “14th tado. Bom, dentro deste estilo nada original, o Sahg é uma das St.Break”, com “Deitar e Rolar”, de Rita Lee. Vale a pena conferir. bandas mais originais. Claro, a “mão iommica” pode ser ouvida Destaques também para “Off The Grid”, “The Melee” e “The Kangaroo Rat”. (EPS) o tempo todo, mas eles conseguem trazer um certo frescor às composições, o que grande parte das bandas do estilo não con- GUI BORATTO - Chromophobia (ST2) MMMMM segue. “Ascend To Decadence” e “Pyromancer” são bons exemplos disso - você ouve um Um dos nomes que mais tem se destacado na produção pouco de Ozzy aqui, “um muito” de Tony Iommi ali, mas a pura energia das músicas te faz nacional. Ou seja, o cara é bom. E em pouco mais de um ano ex- curtir o som e não se importar com as referências (por outro lado, “Escape The Crimson plodiu no cenário internacional. O produtor de techno e minimal Gui Sun” e “Monomania” gritam a plenos pulmões “Queremos ser a nova Planet Caravan!”). Boratto, através do selo europeu Kompakt, apresenta “Chromopho- Mais diverso que o disco de estréia, “Sahg II” é uma boa pedida para os fãs de stoner bia”. O CD tem um pouco daquele começo de festa; aconchegante rock, mas eu ainda recomendo ouvir o original. (MM) e meio perturbador, dançante e no final um gostinho de quero mais que transcende e explode. Com muita evolução, fusão de acid, liq- MUZZARELAS - Beer God (Läjä Records) MMM uid, minimalismo cheios de beats, grooves e reverbs e execuções A banda Muzzarelas, de Campinas/SP, traz em seu novo de mixagens à altura. Transportar o ouvinte para a pista e se jogar é só o começo. Destaque trabalho um hardcore com gosto de Muzzarelas. Passam-se os para “Scene 1”, “Gate 7”, “Shebang” e “Beautiful Life”. (EPS) anos e a banda continua fiel aos princípios. Com Alex no vocal, Stênio e Flávio nas guitarras, ET no baixo e Vitor na bateria for- SATANIQUE SAMBA TRIO - Sangrou (Independente) MMMM mam o time que há anos faz o hardcore mais pogado. As letras Um dos selecionados para o edital Rumos Itaú Cultural 2007 muitas vezes parecem ser seu inconsciente ironizando a vida, na categoria de música, o grupo Satanique Samba Trio, com o como é o caso de “The Last Beer Is The Best”. “Fire Cracker CD instrumental “Sangrou”, parece uma brincadeira do tipo jam Johnny” também se descata pelo discurso acompanhado de session de músicos de jazz com repertórios de música popular um furacão sonoro desgraçado. No total são 18 músicas cantadas em inglês e duas em brasileira. O álbum encanta e é diferente. Soa meio clichê, mas a português, sendo a última uma “surpresa” escondida no CD. O encarte, como sempre, influência brasileira é criativa e inovadora. Com experimentações traz uma ótima animação! (AC) do tipo no wave à la Sonic Youth e muito regionalismo, é provo- cante e perturbador. Um trabalho que aguça os sentidos e alegra TOTO - Falling In The Between Live (Eagle Records) MMMMM a alma, que contagia e empolga através da mistura dos seus instrumentos, gêneros e O Toto ficou conhecido aqui pelas músicas “Rosanna”, “Africa” estilos. Vale a pena ouvir. Destaque para “Salsa em Carne Viva” e “DIABOLYN”. (EPS) e “I’ll Be Over You”, tocadas à exaustão nas FM’s nos anos 80. Quem procurou conhecer os trabalhos deles se deu bem, pois CWBILLY’S - Single (Independente) MMMMM a banda esbanja competência. Este trabalho foi gravado na Em tempos de modernidades como o emo, o indie e outras França em março de 2007, em um CD duplo e também em DVD. modas, o trio curitibano CWBilly’s aposta no bom e velho rock’n’roll O CD 1 tem como destaque as faixas “Pamela” (na qual Steve dos anos 50, o rockabilly. Este “Single” é o primeiro registro desta Lukeater dá um show), “Caught In The Balance” e o hit “I’ll Be excelente banda e contém cinco boas canções para dançar e se di- Over You” (muito bem tocado), finalizado com um belo solo de vertir com as letras, como “Festa no Celeiro”, o quase hit da banda, piano de Greg Phillinganes. É incrível a qualidade da gravação. O CD 2 começa com o “Golpe do Baú”, “Pegação na Aero” e “Dançando o Rock’n’Roll”. mega-sucesso “Rosanna”, com uma aula de guitarra de Lukeater. As faixas seguintes, “I’ll Em “Aleluia Irmãos”, a alfinetada vai para as igrejas evangélicas. Supply The Love” e “Isolation”, são bem nervosas. “Traint Your World” e “Gypsy Train” são Porém a banda abençoa a cerveja, a mulher e o rock’n’roll. Amém! declaradamente hard rock, lembrando um pouco o Van Halen. A faixa seguinte é outro Bacana também toda a arte, por Magoo. (HC) mega-sucesso, “Africa”, tocado de forma magnífica. O trabalho acaba com “Drag HimTo The Roof”. Enfim, este disco é uma aula de rock. (MT) RODRIGO VIEIRA AND MIXING FRIENDS - Fever Two (ST2) MMMM House de qualidade, com abuso de efeitos nas mixagens. TRANSGRESSORES - Além das Fronteiras (Independente) MM Certamente um trabalho que vai agitar as pistas e os clubes, uma Gravado semi-ao vivo em um estúdio da zona leste, a ótima seleção de trabalhos mixados por Rodrigo Vieira em “Fever demo traz oito sons influenciados pelo punk 77, pas- Two” de grandes artistas dos estilos que variam do electro, sando pela velocidade do street punk com guitarras bases progressive até ao melhor da house-mix. Em destaque “Think de Coxinha acompanhadas pelo baixo de Karioka e a Sex”, progressivo com uma premissa rave com grooves à la bateria de Vela. Os oito protestos cantados por “Falador” Jorge Ben Jor, gerando uma mistura muito interessante e “3PM” retratam o princípio primário para a fomação da consciên- uma mixagem meio 80’, discopunk e electro. Escutem. É para cia humana. “Transgressão” é uma boa pedida, além de chacoalhar o esqueleto. (EPS) demonstrar bem a proposta da banda. (AC) Junho / 2008 33 DELUX - Fernando Deluqui (Atração) MMM DESASTRE - Procurando Saída (Two Beers Or Not Two Beers Records) Este álbum do guitarrista Fernando Deluqui, ex-RPM, mostra MMM um trabalho com características de brock, ou seja, o rock bra- A banda goiana Desastre traz em seu álbum uma proposta sileiro dos anos 80, com instrumental simples, sem virtuosismo, sonora com bases criativas de Hassan que, quando menos mas com um ingrediente bom: o som não tem aquele apelo esperado, coloca solos muito bem encaixados em seus riffs, comercial escancarado. É um trabalho de pop rock bem feito. mesclando entre o hardcore e o heavy metal oitentista. Acompan- Completam a banda JP (batera), Lova (teclados) e Pelicano hadas pelo baixo certeiro de Danny e a bateria técnica de Bibi, as (baixo). Deluqui assina como Delux. A banda tem um pouco de melodias chegam a ser devastadoras, como no caso de “Bomba RPM. Os destaques aqui vão para as letras legais, com uma Relógio”. As letras, quase sempre de protesto e realidade social, menção especial para “Quem Vai Mudar?”, com um belo arranjo, e “O Vagabundo”, com são cantadas por Will, que mostra um vocal que lembra vagamente o Lobotomia. Ao todo uma letra bem legal. Tomara que continue assim, pois o CD é bem feito. (MT) são 16 músicas para ouvir, pogar e pensar. (AC)

PREDATOR - Homo Infimus (Independente) MMM RECATO – Recato.net (Independente) MMM O Rio Grande do Sul já tem uma tradição em bandas de death Em viagem ao Acre, conheci a banda Recato, quarteto formado metal. E quem tem tradição tem que honrar a causa. É o que faz por Raony, Henrique, Gracildo e Caducho, de Roraima. Esta é uma com muita competência esta banda de Caxias do Sul, formada das bandas que com certeza vai aparecer muito em 2008. Pessoal por Jener Milani (guitarras), Luciano Hoffman (baixo) e Roberto dos festivais independentes, fiquem atentos. Com muita simplicidade, Ceccato (bateria). A banda mostra um death bem técnico, trabal- músicas singelas, gravações baratas e encarte simples, eles atacam hado, não aquele estilo “arrasa quarteirão”, porém super pesado. com o rock alternativo cheio de melodia, guitarras em contraponto com São 35 minutos de metal de qualidade, destacando-se entre elas a bateria e o baixo junto a uma voz perturbadora e penetrante. A banda a óima “Osiris”, que tem o videoclipe contido no CD. O disco promete. Destaque para “Mirela” e “Mundo”. (EPS) tem apoio do Fundo de Cultura, da Secretaria Municipal de Caixias do Sul, o que prova que o metal, principalmente o metal extremo, está vencendo o preconceito. Parabéns à SANTO GRAAL – Santo Graal (Monstro Discos) MMMM iniciativa e à atitude. Ponto para o metal. (MT) O Santo Graal é um banda de Belém (PA), formada por Izabelle Francioli (vocais), Paulo Francioli (guitarra), Marcelo Bordallo (guitar- BARRA PESADA - Chumbo Grosso (Independente) MM ra), Bruno Bordallo (baixo) e Leandro Pereira (bateria). Apresentam Uma mistura de hard rock, nu metal e rock’n’roll sem muita um rock tradicional, mais próximo ao hard. As letras são mescladas, novidade. Mas que não se pode considerar mal feito. O disco algumas em português e outras em inglês. Os destaques ficam por tem oito faixas e mistura músicas cantadas em inglês com conta do baterista Leandro Pereira e da vocalista Izabelle, dona de canções mistas de português e inglês. As letras falam de uma belíssima voz, principalmente em “Whisher”, com vocais que perturbações e decepções, sem nenhum destaque em especial. lembram Tarja Turunen. Outras músicas de destaque são “Guerilhas” A produção do disco deixa a desejar, mas a banda tem talento e “Nossa Vez”, bem políticas. A produção prejudicou um pouco as guitarras, deixando-as um e potencial para crescer. (BS) pouco baixas. Com uma melhor produção, com certeza, terão melhor resultado. (MT)

REBENTO MC’S - Luz, Sangue e Proceder (Atração) MMMM WASTED NATION - Tempos Difíceis (Independente) MMMM Rebento MC’s é um grupo que já está trilhando um Com o álbum “Tempos Difíceis”, o WN, formado por Dods, caminho muito forte dentro do rap nacional. Vindos da zona Sabão, Tiaguim e Fábio, apresenta um repertório musical muito oeste, porta voz da periferia, sem maquiagens como diz na bem trabalhado. O som foge do rock pop e cai de cabeça no faixa “Nós Temos que Lutar”, uma música com muito “swing”. experimentalismo, com o melhor da mistura entre Radiohead, O grupo possui uma harmonia bem legal, uma química muito Violent Femmes e Pixies, tanto nos instrumentos como no vocal, boa, as bases são bem sintetizadas, produzidas por Duck com uma ótima apresentação gráfica e arte bem elaborada. Jam. As faixas destaque deste ótimo CD são “Se Liga Nesse Destaque para as faixas “Comensal”, “Acalanto”, “Caminho do Som “, que lembra Commodors, “Garotos da Periferia“, e Nenhum”, “Tempos Difíceis” e “Visitantes”. O pessoal está de “Desabafo“, relato de uma mãe como num velório, estilo jogo da vida. Rebento MC’s parabéns e vale a pena conferir o bom trabalho da banda. (EPS) tem tudo para se dar bem no mercado fonográfico do hip hop. O grupo tem muito a oferecer em termos de música, psicologia, ideal, raiz, coisas que faltam para muitos VERTIX – Vertix (Independente) MMMM grupos que estão aí, gozando do sucesso, sem merecer. (NR) Os integrantes do Vertix - Lela, Cynthia, Pedro e Steven - já me empolgaram antes mesmos de vê-los no palco. Este CD, THE HITCHCOCK TRIO - The Hitchcock Trio (Universal Music) MMM recém-saído do forno, com seis faixas apenas e entregue a mim Ao escutar o trabalho do The Hitchcock Trio, você é transpor- em mãos pela energética e maravilhosa vocalista no final do tado literalmente aos filmes que com certeza a maioria de nós já ano de 2007, surpreende com seu riot e punk rock incrementado vimos. As trilhas sonoras têm uma sensibilidade e uma viagem com pegadas ao estilo de Action Pact e The Addicts. Recomendo subliminar, onde todos os instrumentos conversam entre em “Nightmare”, “Love Song”, e “Spray Love”, uma balada romântica. si e convergem em um tempo e espaço de enredo e persona- Fico agora na espera de um próximo projeto com mais músicas, gens. Com direção de Rick Bonadio, um trabalho virtuosíssímo. e, de quebra, escutando uma versão bem adaptada de “Walk On The Wild Side” de Lou Destaques para as faixas “O Jardineiro Fiel”, “Despedidas em Reed, o mestre. (EPS) Las Vegas” e “Chinatown”. (EPS) GAF - A Viagem é Contínua (Independente) MMM TOA TOA - Na Mão do Palhaço (Independente) MMM Agregando os melhores elementos do punk rock, rock’n’roll e Um som legal que lembra o Raimundos no começo da car- hardcore, a banda busca esse diálogo entre as tendências e herda reira. A banda do Rio de Janeiro tem ritmo e os guitarristas são deste mesmo rock a crítica social, em defesa da rebeldia jovem. A foda; com o tempo bastante preciso em relação aos compassos banda Gaf - Garotos Antenados Falando - é um trabalho estranho e à harmonia. As letras são escrachadas, mas com muito con- que afasta logo quando você começa a ouvir; mas que supreende. teúdo. Toa Toa é uma banda que mistura as influências musicais Destaques para “Hora do Show”, “Marionetes do Sistema”, “Insana de seus integrantes, que vão do hardcore nova-iorquino ao rock Mente Insana”, “Cemitério de Lágrimas” e “Conflitos Externos”. alternativo, rapcore, entre outros elementos. Destaques para [vírus Khall: “Mal Sapão, mal Sapão”!!!] (EPS) “Folgado”, “A Deriva”, “Polícia e Ladrão”, “O que que foi?”, ”Eu, Meu Coração e Minha Cabeça”, “Cada Um Por Si” e “Na Mão do Palhaço”. (EPS) SHINING STAR – Reset (Silent Music) MMMMM Ricardo Parronchi, que foi vocalista, baixista e produtor de RIDE THE SKY - New Protection (Nuclear Blast) MMM várias bandas do underground evangélico, ataca novamente. O Ride The Sky é a banda do ex-baterista do Helloween, disco começa com uma voz digital que pronuncia a contagem Uli Kusch, que também tem em sua formação Bjorn Jans- regressiva da capa do CD. “Desperate And Suffocated”, a faixa son (vocais), Benny Jansson (guitarras), Kaspar Dahlqvist que vem a seguir, é um hard rock moderno e bem trabalhado. E o (teclados) e Mathias Garnas (baixo). A banda faz um metal álbum segue todo nessa levada. É pesado e tem belas melodias. tradicional, que no início não chega a empolgar, mas a Chega a lembrar Dr. Sin em vários momentos, mas sem soar coisa melhora na faixa “Silent War”. Embora a banda soe repetitivo. As letras também são um destaque. Vão muito além competente, principalmente Benny e Kaspar, Uli está meio da insistência em parábolas e versículos, falam de um mundo caótico e profetizam um “preso”. Bjorn faz o arroz com feijão e Mathias segura bem. futuro sombrio, sem pregação exagerada no meio. O vocal de Parronchi às vezes soa um Destaque para a parte gráfica do CD, com um encarte bem legal, e para a faixa pouco contido, mas é algo que pode certamente ser trabalhado. Destaque para “Reign Of “Heaven Only Knows”. (MT) Terror”, “I Hate You” e “Nightmares”. (BS) 34 Junho / 2008 JUKEBOX Por Dum de Lucca Neto EXPEDIENTE Dynamite # 97 – Junho / 2008

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Diagramação: Rodrigo “Khall” Ramos ([email protected]) Fotos da capa: Divulgação

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ascido na Universidade de Columbia, em net, de acordo com a sua página oficial. O som dos Colaboraram nesta edição: NYC, o Vampire Weekend estréia em disco Vampiros é uma competente colisão de indie, folk, Alessandra Falbo (AF), Alexandre Carvalho (AC), André com um ótimo trabalho, de nome homônimo, afro-pop e climas de música barroca européia, num N “Pomba” Cagni (APC), André Azenha (AA), Bruno Palma dando uma esperta diferenciada da maioria das mix que cria um som híbrido que parece fluir de bandas novas, e mostrando que transita pelo lado forma completamente natural. A banda valida seu Fernandes (BPF), Bruno Silva (BS), Débora Gomes (DG), oposto do Strokes em NY. Os músicos descrevem som com boas letras e até um pouco intelectualiza- Deborah Engiel (DE), Dum de Lucca (DL), Erika Hoffmann seu som como “upper west side soweto”, e poderiam das. Às vezes o disco parece como um roteiro de (EH), Everton “Pardal” Soares (EPS), Guilherme Sorgine ter um jeito estranho de se vestir, com acessórios cinema, sobrepondo ambientes e produzindo uma (GS), Herik Correia (HC), Hilton “Demo” Chueiri (HDC), marroquinos e muita cor. (vocal e sensação aventureira. É uma estréia forte, destilada, Jay Sosa (JS), Kadu M. de Oliveira (KMO), Luciano guitarras), (bateria), Rostan Batmanglijt concentrada e visceral de um grupo que cuida de “Carioca” Vitor (LCV), Maíra Hirose (MH), Marcelo Teixeira (teclados, guitarras e vocais) e Chris Tomson (baixo) sua música como arte e mostra que cresceu ouvindo (MT), Marilia Mello (MaM), Micki Mihich (MM), Murilo produzem melodias inspiradas pelo folk, clássico várias vertentes e estéticas musicais. Ribas (MR), Nilson Rizada (NR), Pepe Brandão, Renato europeu, indie rock e o afro-pop, com letras de Ao contrário da maioria dos grupos, que produzem construção literária acima da média. Estão sendo músicas descartáveis e para um rápido consumo, Reis (RR), Rodrigo “Khall” Ramos (RKR), Rômulo “Creep” chamados de criadores do “afro rock”, coisa que o som do Vampire não é alienante. “Mansard Roof” (RC) e Silvia Mendes (SM). acho besteira. Mas, afinal, inventam rótulos para e “Oxford Comma”, que abordam a arquitetura e tudo. Começaram a tocar em festas da universidade gramática, respectivamente, têm um ritmo bem Correspondentes: e no circuito literário, além de pequenos clubes, em construído sobre uma linha de baixo sincopada, Paraná: 2006. Lançaram alguns EP’s, gravados nos quartos com belas e impulsivas melodias. Aliás, em “Oxford Herik Correia Rocha ([email protected]) da UC, mas mais a título de registro e experiências. Comma” a letra dá uma lição de geografia do Tibet, Rio de Janeiro: O barulho em torno do VW começou em 2007. No numa construção de trincar qualquer rapper. Cordas Guilherme Sorgine ([email protected]) verão embarca na sua maior oportunidade, quando e harpsichords com nítidas influências barrocas dão participa do CMJ Music Marathon, o que acabou a linha de “M79”, uma bela canção de inspiração afri- Santa Catarina: gerando um contrato com a XL Records (Racounters, cana e irlandesa que usa guitarras africanas, um clima Luciano Santos ([email protected]) Radiohead, Basement Jaxx, Devendra Banhart, único e muito root. Batidas punks, flautas andinas e White Stripes, etc). O EP “The Mansard Roof” foi a mellotrons são a cara da faixa “A-Punk.”, uma deli- Internacionais: estréia do Vampire Weekend no selo, seguido desse ciosa e grudenta música que pega na alma e pode ser New York: Micki Mihich ([email protected]) primeiro álbum, em 2008. Vale dizer que, como Peter a essência do som dos nova-iorquinos. Na sensacion- Los Angeles: Silvia Mendes ([email protected]) Gabriel e Paul Simon (no sensacional “Graceland”, no al “”, nada de arremedos qual trabalhou de forma magistral esse mix cultural), exóticos como coros de tribos ou cânticos pigmeus, Redação / Publicidade: mergulhou fundo na fusão entre ritmos, sensações e mas guitarras, percussão e flautas que exploram com idéias africanas e ocidentais, mas em um tempo onde intensidade e sutileza elementos africanos. Fone/Fax: (11) 3064-1197 - Rua dos Pinheiros, 730 – sala 1 essa postura normalmente é superficial, coisa que Em “Campus”, a melhor do CD e já um clássico do CEP: 05422-001 - Pinheiros - São Paulo/SP passa longe da excelência do trabalho desenvolvido VW, partes como “Eu vejo você andando pelo campus. pelos vampiros. Reencarnando o art rock feito ante- Como eu posso pretender não te ver mais?”, mostram DYNAMITE é uma publicação sem fins lucrativos riormente por Pink Floyd (até os anos 1970), Velvet sentimentos que costumam rondar a vida em uma aberta a qualquer tipo de colaboração não remunerada Underground, Soft Machine, Focus ou Gong - dentro universidade. Koenig faz brotar um ar novo, que possui em qualquer forma de expressão. Envie e-mail para das devidas proporções -, mas usando construções uma esperançosa qualidade. O Vampire Weekend [email protected] ou xerox dos seus textos/ diferentes e acopladas à cultura atual, o grupo se atira é especialmente perfeito em canções como “I Stand trabalhos/ensaios para a Caixa Postal 11253 - CEP: na pesquisa, provocando uma bruxaria dos sons, Corrected”, uma linda música que começa doce e leve, e 05422-970 - SP/SP, com seu endereço e fone para reflexão, atenção e diversão. O resultado são batidas vai subindo de temperatura sobre um teclado fatal e uma sincopadas, muita percussão e melodias que supor- bateria simples e direta. É uma quase balada, uma faixa contato. Caso seu material seja aprovado, entraremos tam as mudanças de andamento e de tom. forte e tentadora. Já “The Kids Don’t Stand A Chance” em contato. A opinião dos nossos colaboradores não Com a internet, capaz de levar ao céu e desman- lembra, de leve, “Message In A Bottle”, do Police, só que representa necessariamente a opinião da revista. A cópia telar artistas com uma velocidade impressionante, as mais lenta e lírica. Um reggae bem sincopado que tem ou reprodução total ou parcial das fotos e matérias aqui bandas passaram a produzir música sem qualquer algo de Marley e The Wailers, trançado por belos violinos contidas é permitida, desde que citada a fonte e a autoria. interferência de gravadoras e, por outro lado, e uma interpretação delicada de Koenig. “Walcoat” é colocaram na rede, também, porcarias e modas pas- a que de longe é a mais parecida com a maioria das DYNAMITE é uma publicação da ASSOCIAÇÃO sageiras. O Vampire Weekend ataca esse mercado bandas atuais e, por isso mesmo, é a mais fraca em um CULTURAL DYNAMITE, CNPJ 07.157.970/0001-44 diferente com a estratégia de fugir um pouco da CD de estréia acima da média. M Junho / 2008 35 Junho / 2008