Informações necessárias para subsidiar o processo de criação da unidade de conservação marinha na Foz do Rio Amazonas

Produto 5 – Diagnóstico Final Ambiental (meios biótico e abiótico)

Mauro Luis Ruffino

Brasília, DF 26 de Fevereiro de 2018

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AGRADECIMENTOS

O autor agradece o inestimável apoio e ajuda de muitas pessoas durante coleta de dados e levantamentos bibliográficos, especialmente aos pesquisadores Alex Klautau

(CEPNOR), Ronaldo Francini (UFPB), Rodrigo Leão Moura e Lais Araujo (UFRJ),

Eduardo Paes (UFRA) e Ruan Souza (consultor independente, responsável pela confecção de mapas).

Naturalmente, as análises e as conclusões apresentadas neste estudo e erros que por ventura possam conter são de responsabilidade exclusiva do autor.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES AMP – Áreas Marinhas Protegidas ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica APA – Área de Proteção Ambiental CBRO – Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos CDB – Convenção da Diversidade Biológica CEPNOR – Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte CNB – Corrente Norte do Brasil EBSA – Ecologically or Biologically Significant Areas EEMJip – Estação Ecológica Maracá-Jipióca ESEC – Estação Ecológica IBAMA – Instituo Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade FUNBIO – Fundo Brasileiro para a Conservação da Biodiversidade GARS – Great Amazon Reef Syetem GEF – Global Enrivonment Facility GEFMar – Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas GEMAM – Grupo de Estudo de Mamíferos Marinhos IDEFLOR-Bio – Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade IEPA – Instituto Estadual de Pesquisa do Amapá IFPA – Instituto Federal do Pará INMET – Instituto Nacional de Meteorologia INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IUCN – International Union for Conservation of Nature LMAQ – Linha de Maré de Alta Quadratura LMAS - Linha de Maré de Alta Sizígia LMBQ - Linha de Maré de Baixa Quadratura LMBS - Linha de Maré de Baixa Sizígia MMA – Ministério do Meio Ambiente MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi PN – Parque Nacional PNCO – Parque Nacional do Cabo Orange REMAC – Reconhecimento Global da Margem Continental Brasileira RESEX – Reserva Extrativista

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REVIZEE – Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva TSM – Temperatura Média de Superfície do Mar UEAP – Universidade Estadual do Amapá UFPA – Universidade Federal do Pará UFPB – Universidade Federal da Paraíba UFRA – Universidade Federal Rural da Amazônia UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro ZCIT – Zona de Convergência Intertropical

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...... 07 2. OBJETIVOS...... 07 3. METODOLOGIA...... 07 4. RESULTADOS...... 08 4.1.MEIO ABIÓTICO...... 08 4.1.1. Aspectos Meteo-Oceanográficos...... 12 4.1.1.1. Temperatura da Superfície do Mar e Padrão de Ventos...... 12 4.1.1.2. Pluma de Água Doce do Amazonas...... 13 4.1.1.3. Concentração de Sedimentos na Foz do Amazonas...... 16 4.1.1.4. Forçantes Oceânicas...... 18 4.1.1.5. Forçantes Meteorológicas...... 20 4.1.2. Aspectos Fisográficos e Sedimentar da Plataforma Continetal...... 21 4.1.2.1. Fisiografia da Plataforma Continental...... 21 4.1.2.2. Sedimentação da Plataforma Continental...... 23 4.1.2.3. Ambientes Deposicionais Marinhos...... 26 4.2. MEIO BIÓTICO...... 32 4.2.1. Plâncton (fito, zoo e ictioplâncton)...... 32 4.2.2. Fauna Bentônica...... 41 4.2.3. Ictiofauna...... 47 4.2.4. Tartarugas Marinhas...... 59 4.2.5. Aves Marinhas...... 62 4.2.6. Mamíferos Marinhos...... 71 4.3.ANÁLISES E CONCLUSÕES...... 78 4.3.1. Espécies Ameaçadas...... 82 4.3.2. Considerações Finais...... 88 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...... 92

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1. Introdução

Este estudo foi encomendado pelo WWF Brasil objetivando a compilação e levantamento de informações necessárias para subsidiar o processo de criação de uma

Unidade de Conservação Marinha na costa do Amapá.

2. Objetivos

Elaboração do diagnóstico ambiental sobre meio abiótio e biótico contendo compilação e sistematização de dados e informações secundárias sobre as principais aspectos geológicos, meteorológicos, oceanográficos, ambientes e espécies da macrofauna que ocorrem na região por meio de levantamento bibliográfico e documentação associada.

3. Metodologia

Após o levantamento das informações através de revisão bibliográfica, aprofundamos o levantamento de dados e informações atualizadas junto a diversos pesquisadores e instituições, conforme a seguir:

• Ronaldo Francini-Filho (UFPB) que disponibilizou base dados sobre espécies

de peixes comerciais observados na área dos recifes na Foz do Amazonas;

• Rodrigo Leão Moura e Laís Araujo (UFRJ) que disponibilizaram dados

atualizados sobre o tamanho dos recifes da Foz do Amazonas e área em km2 dos

ecossistemas existentes na foz do Amazonas por categoria (proteção integral e

uso) das UCs federais existentes;

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• Amilcar Mendes (MPEG) e Valdenira Ferreira (IEPA) disponibilizaram os

shapes do Atlas de Sensilbilidade Ambiental do Óleo da Bacia Maritima da Foz

do Amazonas;

• Camila Thomaz (Greenpeace) disponibilizou os shapes do recifes da Foz do

Amazonas com os Blocos de exploração de petróleo; e

A espacialização dos dados se deu utilizando o software QGIS 2.8 e os shapes disponibilizados conforme acima descritos.

4. Resultados

4.1. Meio Abiótico

A Bacia Sedimentar da Foz do Amazonas localiza-se no mar, ao largo dos estados do Pará, na sua porção norte-noroeste, e Amapá, em todo o seu litoral, na faixa que compreende a plataforma continental, talude e sopé da Margem Equatorial Brasileira, possuindo uma área de 268.000 km² (Brandão & Feijo, 1994; Figueiredo et al. 2007), sendo limitada a noroeste pelo platô de Demerara, na Guiana Francesa, e a sudeste pela

Bacia Pará-Maranhão e pela Plataforma de Ilha de Santana (Mohriak, 2003) (Figura 1).

Figura 1. Àrea de abrangência do estudo. Os polígonos em amarelo ilustram a distribuição dos dos recifes na Foz do Amazonas.

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O Cone do Amazonas é uma importante feição na porção norte do delta do

Parnaíba, na foz do Amazonas, constituindo-se em um dos maiores leques de águas profundas do mundo (Figura 2).

Figura 2. Área de influência de deposição do Cone do Amazonas. Fonte: BP et al., 2015.

Subramaniam et al. (2008) mostram que a água descarregada pelo rio Amazonas

é transportada centenas a milhares de quilômetros de distância da costa por plumas de superfície. Os nutrientes entregues às plumas contribuem para a produção primária no oceano, e o fluxo afundando desta nova produção resulta em sequestro de carbono. A pluma do rio Amazonas apóia a fixação de N2 longe da boca do rio e fornece importantes caminhos de sequestro de CO2 atmosférico no oesteAtlântico Norte tropical (WTNA).

O Cone do Amazonas provoca uma descontinuidade no talude continental desta região e é cortado por diversos vales e cânions submarinos (Coutinho, 1996) e se estende por cerca 700 km deste a isóbata de 50 m até 150 m, formado por uma rede de pequenos canais, e depois segue até as regiões mais profundas a partir de um cânion principal além da quebra de plataforma continental (Rimington et al., 2000) até a planície abissal de

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Demerara, a uma profundidade máxima de 4.850 m. Cobre uma área de cerca de 160.000 km2 da porção noroeste da margem equatorial brasileira e possui gradiente médio de 0,4º e estende-se por profundidades entre 1.000 a 4.800 m (Araujo et al., 2009).

Na distribuição sedimentar pode-se observar uma clara predominância de fácies lamosa, seguida de fácies areia, fácies areia lamosa e fácies cascalho + cascalho arenoso

(Figura 3). Existem duas fácies lamosas distintas, uma diretamente relacionada à descarga sedimentar do Amzonas e outra que constitui a lama de talude e elevação continental

(Figueiredo et al., 2009). A fácies lamosa relacionada à descarga do Amazonas é interrompida pelas areias na Foz do Amazonas (canal norte) e do rio Guamá e também pelas areias do cabo Norte. Na parte externa da plataforma predominam as areias. Na Foz do Amazonas, entre as areias de plataforma e a lama da descarga do rio, aparecem as lamas arenoas. Os cascalhos e as areias cascalhosas estão localizados em borda da plataforma e representam fácies carbonáticas da região. Longitudinalmente ao longo da borda da plataforma esta fácies cascalhosa tende a aumentar para sudoeste.

A plataforma continental amazônica é um ambiente físico altamente energético, tanto ela alta descarga fluvial coo pelas fortes correnres de maré. Na região do talude flui para noroeste, aproximadamente paralela à plataforma, a itensa corrente norte do Brasil e, por estar situada próxima ao equador, há predominância de ventos alísios.

A plataforma estende-se aproximadamente até a isóbata de 100 m, onde começa o talude continental. A maior parte da plataforma é pouco profunda, com a isóbata de 20 m afastada mais de 200 km da costa na região da embocadura do rio Amazonas. As grandes descargas de material fluvial (águas, solutos, particulados) causam, direta e indiretamente, a ocorrência na plataforma de processos estuarinos e altas taxas de produtividade primária, acumulação de sedimentos e sequestro de carbono (Nittrouer &

Demaster, 1996). 10

Figura 3. Mapa da distribuição sedimentar a partir da classificação do sediento. Legenda: Rosa: cascalho; Vermelho: cascalho arenoso; Azul: areia cascalhosa; Amarelo: areia; Verde: areia lamosa; Bege: lama, areia e cascalho; Verde claro: lama arenosa e Azul claro: lama. Fonte: Figueiredo et al. (2008).

4.1.1. Aspectos Meteo-Oceanográficos

Uma vez que o foco do presente plano é a bacia marítima da Foz do Amazonas parece evidente que o principal ambiente físico a ser considerado é o mar. Neste sentido, iremos descrever as características meteo-oceanográficas da região oceânica do Atlântico

Ocidental. A seguir serão considerados os aspectos fisiográficos do litoral costeiro, em particular a fisiografia da plataforma continental e seus aspectos sedimentares e os ambientes costeiros propriamente ditos, que são pertinentes ao uso dos recursos naturais pelos moradores .das áreas costeiras.

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4.1.1.1. Relação entre a Temperatura da Superfície do Mar e Padrão de Ventos

A distribuição espacial da temperatura média da superfície do mar (TSM) é apresentada mês a mês na Figura . A TSM variou de 20,1° C a 31,8°C durante o período de julho de 2002 a Dezembro de 2007. A região costeira, de maneira geral, apresentou

águas mais quentes que as regiões de mar aberto. Ao longo do ano, a média de TSM próximo à costa variou entre aproximadamente 28°C e 30°C. A variação de TSM manteve-se nessa faixa, na região da foz do rio Amazonas, durante todo o período analisado. Uma nítida faixa de águas mais aquecidas desloca-se com certa regularidade durante um ciclo anual. Durante os meses de janeiro, fevereiro e março, as massas de

água mais aquecidas se mantém próximo ao Equador.

A direção predominante dos ventos alísios, localizados acima da linha do

Equador, é de Nordeste, com intensidade superior a 8 m/s. Essa intensidade é mantida entre janeiro e fevereiro. Em março, os alísios de NE começam a enfraquecer, com intensidade em torno de 7 a 5 m/s. A partir do mês de abril, os ventos alísios também se deslocam para o Norte (entre 0° e 4°N) e a massa de água costeira ligeiramente aquecida migra também nessa direção. Neste período os ventos são geralmente precedidos de calmaria e, quase sempre, acompanhados de rajadas violentas e chuva intensa. Em maio os ventos alísios de SE se tornam predominantes. Entre maio e julho, a confluência dos alísios atinge posições entre 4°N e 8°N, respectivamente. Este deslocamento é acompanhado pela faixa de TSM máxima. Em agosto e setembro, os ventos alísios convergem em posição mais ao Norte entre 5°N e 10°N, exatamente a mesma faixa ocupada por valores de TSM máximas. Em outubro, os ventos alísios de SE enfraquecem, e a convergência dos alísios desloca-se em direção ao sul. A faixa de TSM máxima também se desloca no mesmo sentido. No mês de dezembro, os alísios de NE

12 permanecem intensos e a zona de confluência volta à posição mais ao Sul, permanecendo aí até fevereiro. Nesta posição, as águas se mostram ligeiramente aquecidas.

Figura 4. Comportamento médio mensal da temperatura da superfície do mar, composta de cinco anos de dados mensais do sensor MODIS de Julho de 2002 até Dezembro de 2007. Fonte: Correa, (2009)

4.1.1.2. Pluma de Água Doce do Amazonas

A água doce proveniente da descarga do Rio Amazonas é lançada ao mar, formando uma massa d’água superficial de baixa salinidade conhecida como “Pluma do

Amazonas”. Esta massa de água se espalha da foz do rio em direção ao mar e também para Noroeste no Atlântico. Isto é uma consequência da ação da Corrente Norte do Brasil-

CNB, que circula com velocidades de 40 a 90 cm/s sobre a plataforma continental

(Beardsley et al., 1995) e variação sazonal, podendo alcançar seu máximo em agosto- setembro e o mínimo em abril.

Em maio, parte da água da pluma do Amazonas é desviada para Leste na retroflexão da CNB. As observações indicam também que a partir de agosto a outubro, 13 os valores sugerem que aproximadamente 70% das águas da pluma são carreadas na direção leste pela retroflexão da CNB, enquanto que os outros 30% continua fluindo para

Noroeste, em direção ao Caribe (Lentz, 1995).

A extensão da pluma amazônica varia de acordo com os períodos sazonais. No período de junho a dezembro, nas proximidades da foz do Amazonas (0º a 2º N), a pluma pode alcançar de 200 a 300 km, em direção ao Leste. Entretanto, de março a maio, ela alcança uma amplitude entre 400 e 500 km nas proximidades da foz, possivelmente devido à combinação da descarga máxima do rio e o componente do vento que sopra para

Sudeste (Lentz, 1995ab). Na época chuvosa (abril a junho), a concentração do material em suspensão despejada pelo rio aumenta, mesmo que a descarga de sedimentos seja maior durante os meses fevereiro e março. No período de seca (outubro a novembro) ocorre o contrário (Nittrouer et al., 1995) (Figura 5).

Figura 5. Variação sazonal dos fatores que influenciam no posicionamento e intensidade da pluma amazônica na Plataforma Continental do Amazonas. Fonte: extraída e modificada de Nittrouer et al. (1995).

Lentz & Limeburner (1995) associam a largura e direção da pluma com as mudanças de salinidade da água da superfície na foz do rio Amazonas, observando o deslocamento da pluma para o mar e para o NE, à medida que a vazão aumenta e diminui, ao longo do ano ( Figuras 6 e 7). 14

Figura 6. Mapas de contorno da salinidade superficial, mostrando a variação da descarga do Rio Amazonas, durante os meses de Agosto/1989 (período da vazante), Março/1990 (período da enchente), Maio (máxima da enchente) e Novembro (mínima da vazante). Fonte: Lentz & Limeburner (1995).

Figura 7. Mapa da plataforma continental do Amazonas mostrando os megahabitats e a influência sazonal da pluma do rio Amazonas. Fonte: Moura et al. (2016).

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4.1.1.3. Concentração de sedimentos na foz do Amazonas

De acordo com dados de vazão da estação de Óbidos, obtidos na ANEEL em 2002, a descarga do rio Amazonas muda sazonalmente, sendo de 1,69 x 105 m3/s em Fevereiro;

2,42 x 105 m3/s em Junho; 1,48 x 105 m3/s em Setembro e 0,94 x 105 m3/s em Novembro.

A concentração de sedimentos segue os ciclos de vazão. Como vimos antes, entre os meses de fevereiro e junho ocorre uma menor influência das águas oceânicas na região e o rio Amazonas tem maior força. Já no período de vazante (setembro e novembro), a vazão do rio Amazonas diminui substancialmente, verificando-se à redução da descarga estuarina e a existência de uma frente salina, que demonstra a maior influência e penetração da água oceânica nesse período no estuário. Isto pode ser visualizado claramente nas tonalidades das cores da imagem da Figura 8. De acordo com as fontes da literatura, o escoamento médio a longo prazo do rio Amazonas varia de 3.160 a 6.930 km3/ano. No entanto estudo mais recente oferece o valor de escoamento de 7.280 km3/ano

(Mikhailov, 2010).

A partir das imagens (Figura 8) classificadas por Costa (2006), é possível caracterizar as regiões pela quantidade de sedimentos na água, em: (1) Água Limpa, considerada como sendo puramente oceânica (azul marinho); (2) Água com Baixa

Concentração de sedimentos (Amarelo); (3) Água com Média Concentração (laranja) e

Água com Alta Concentração (vermelho).

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Figura 8. Imagens MODIS classificadas da composição de sedimentos em suspensão para diferentes períodos do ano na foz do Rio Amazonas. Os tons de marrom e bege denotam a pluma amazônica. A- fevereiro de 2002; B- junho de 2002; C- setembro de 2002; D- novembro de 2002. Fonte: Costa (2006).

A B

C D

O rio Amazonas drena uma bacia de 5,9 x 106 km2 e é o principal fornecedor de

água doce do mundo com uma descarga anual média de 208.000 m3/s (Gensac et al., 2016 apud Callède et al., 2010). Quanto ao suprimento de sedimentos, uma avaliação recente ao longo do período de 1995 a 2007 mostrou que o rio Amazonas oferece 754 x 106 t/ano,

+/- 8% de sedimento para o Atlântico (Gensac et al., 2016 apud Martinez et al., 2009).

Cerca de 20% dessa oferta formam bancos de lama e lama fluida (Eisma et al., 1991) que migram em um cinturão costeiro de 1.500 km e que controlam a morfodinâmica dos

17 ecossistemas desta costa (Gensac et al., 2016 apud Froidefond et al., 1988; Allison et al.,

2000; Alisson & Lee, 2004; Gardel & Gratiot, 2005; Anthony et al., 2010, 2014).

Estudos de Gensac et al. (2016) mostram que a lama fluida se desloca ao longo da costa do Amapá em função da influência das ondas e correntes atuantes na região e a taxa de sedimentação é cerca de 5 km/ano, cerca de 2 a 3 vezes superior à taxa anterioremente estimada

4.1.1.4. Forçantes oceânicas (correntes, ondas e marés)

Os fatores mais significativos na dinâmica oceanográfica da região são as correntes, as ondas e as marés. Na costa norte atua a Corrente Costeira Norte Brasileira

(CNB), que ao atingir a costa das Guianas, recebe o nome de Corrente das Guianas. É uma forte corrente que limita o sistema de dispersão do Amazonas a noroeste, sendo originada a partir da Corrente Sul Equatorial (CSE) (Knoppers et al., 1999). A CNB flui na direção noroeste ao longo da plataforma continental, com velocidade variando de 40 a

80 cm/s, mas durante os últimos meses do ano ela sofre retroflexão às proximidades da latitude 4º N, fluindo em direção ao leste (Beardsley et al., 1995; Lentz, 1995). Nesta latitude de 4º N, a CNB apresenta uma grande variação sazonal, com transporte máximo de sedimentos da ordem de 35 x 106 m3/s de julho a agosto e mínimo de 10 x 106 m3/s de abril a maio, com média anual de aproximadamente 25 x 106 m3/s (Nittrouer et al., 1995).

De acordo com Paiva et al. (2008) o Sistema de Circulação Superficial Equatorial

é formado basicamente por duas correntes para oeste e quatro correntes para leste.A primeira corrente para oeste está localizada ao sul de 10ºN, denominada de Corrente Norte

Equatorial (CNE) sendo caracterizada por concentrações de oxigênio inferior a 4 ml/l combinado com salinidades menores que 36,5. A segunda corrente, é a Corrente Sul

Equatorial (CSE) que possui uma ampla distribuição latitudinal entre 3ºN e 6ºS

18 apresentando um mínimo de vertical de oxigênio. Ambas as correntes são superficiais atingindo 200 m de profundidade. O sistema de contacorrente e subcorrentes flui para leste. Ainda em superfície a Contra Corrente Norte Equatorial (CCNE), localizada a aproximadamente 5ºN, alcança profundidade de 500 m, já a Contra Corrente Sul

Equatorial (CCSE) possui uma distribuição vertical mais restrita, entre 7 e 9ºS, com uma velocidade de 10 cm/s. Já para as águas centrais, correntes em subsuperfície zonais tem um papel importante no transporte de águas e conexão entre a região oeste do Atlântico

Tropical e o restante da bacia. A variação da posição das principais corrente observada na Figura 9, deriva na variação sazonal da posição da Zona de Covergência Intertropical

(ZCI) que altera os padrões de ventos e fluxos na superfície do mar, influindo assim na circulação oceânica

Figura 9. Mapa esquemática da circulação no Atlântico Tropical: circulação superficial durante a primavera (esquerda acima) e outono (esquerda abaixo) do Hemisfério Norte; circulação no nível das Águas Centrais (direitao acima) e Intermediária (direira abaixo). Fonte: Paiva et al. (2008)

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Trabalhos realizados por Pereira et al. (2012) mostram que as ondas podem desempenhar um papel remodelador desses ambientes, principalmente na costa paraense- maranhense, onde abundam ambientes arenosos. As ondas atingem a zona costeira do

Pará com altura média em torno de 1 m e direção de NE. Por outro lado, a ação de ondas produzida pelos ventos alísios ou pela entrada das marés na costa amazônica influencia a navegabilidade da região costeira.

Apesar da importância das marés na dinâmica para os moradores da costa amazônica, os levantamentos ainda são insuficientes, pontuais e, na maioria das vezes, servem a objetivos específicos, não havendo levantamentos sistemáticos. A documentação de maior abundância sobre o registro das marés se concentra na plataforma continental do Amazonas. O litoral amazônico é caracterizado por um sistema de meso

(2 a 4 m) a macro-maré (> 4 m) semi-diurna. As condições de maré não se distribuem de forma homogênea. As maiores amplitudes são encontradas na costa do Maranhão (8m)

(Pereira et al., 2012). Em alguns locais da costa do Amapá, como na ilha de Maracá (até

11m). Como um todo, pode-se afirmar que as amplitudes de maré decrescem em direção

à costa das Guianas, iniciando um regime de meso a micro marés a partir dos cabos lamosos, ao norte do Estado do Amapá. Na costa das Guianas a variação alcança 2,5 m

(Allersma, 1971; Shom, 1975).

Na plataforma continental do Amazonas, as correntes de marés fluem perpendicularmente às isóbatas durante os períodos de enchente e vazante, com velocidades de até 200 cm/s, durante as marés de sizígia, e de 80 cm/s nas de quadratura

(Gibbs, 1982; Nittrouer et al., 1986; Cacchione et al., 1995). Entretanto, as marés atuam diferentemente nos dois lados do Cabo Norte (Beardsley et al., 1995). A sul do Cabo

Norte, as marés comportam-se como uma onda progressiva que se propaga em direção às desembocaduras dos rios que, no caso do Amazonas, chega a atingir a cidade de Óbidos

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(a 800 km da foz). Para norte, as marés formam ondas estáveis (“standing waves”) que pouco se propagam no interior dos pequenos estuários.

4.1.1.5. Forçantes meteorológicas

Em função da variação latitudinal sazonal da Zona de Convergência Intertropical

(ZCIT) (~14oN em agosto-setembro e 2oS em março-abril) (Figura 10) e dos fenômenos

El-Niño e La Niña, o clima na costa amazônica não é uniforme, controlando a pluviosidade regional (Figura 10) (CLIMANÁLISE, 1986). Segundo dados obtidos pelo

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), podem ser distinguidos quatro períodos, em relação às chuvas nesta região: chuvoso (fevereiro a maio); de transição, das chuvas para o período seco (junho a agosto); seco (setembro a novembro) e; de transição, do período seco para o chuvoso (dezembro a janeiro). Contudo, localmente, podem ocorrem alterações de curto período, como o veraneio de março, onde há escassez de chuvas. A ação da ZCIT está relacionada com o padrão de dominância dos ventos alísios, oriundos de Nordeste e do Leste.

Figura 10. Imagens do satélite GOES mostrando a posição da zona de convergência intertropical sobre a América do Sul. A e B- Visão global da ZCIT em 25/03/2004 e 25/08/2004, respectivamente. C- Precipitação média mensal (de 1961 a 1990) e precipitação mensal acumulada. Fonte: PTEC/INPE.

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4.1.2. Aspecto Fisiográficos e Sedimentares da Plataforma Continental do Amazonas

4.1.2.1. Fisiografia da plataforma continental

A Plataforma Continental do Amazonas sob a influência da sedimentação dos rios da Amazônia apresenta um conjunto de características fisiográficas, relacionadas à forte hidrodinâmica atuante na área, mas também aos eventos de flutuações eustáticas. Esta plataforma atinge sua maior extensão em frente ao canal norte do rio Amazonas (330 km), diminuindo para 125 km, próximo ao Cabo Orange (Zembruscki et al., 1972). A plataforma continental é subdividida em plataforma interna (0-40m), intermediária (40-

60m) e externa (60-80m) (Figura 11).

Na plataforma interna, a isóbata de 20 m reproduz perfeitamente o traçado da linha de costa atual, sendo marcantes as reentrâncias na frente de todos os sistemas estuarinos modernos (Golfão Maranhense, Estuário dos rios Pará e Amazonas, entre outros). Esse padrão indica que os sistemas estuarinos foram ativos no passado até uma distância de 20 km da costa moderna de “rias” do Pará - Maranhão (El-Robrini et al.,

1992) (Figura 11).

Na plataforma intermediária, a isóbata de 40 m, afastada 80 km da atual foz do estuário do rio Gurupi, marca uma ampla reentrância, semelhante a um golfo, cuja largura

é da ordem de 12 km (El-Robrini, 1990). Na parte interna, em direção à costa, é possível observar estruturas alongadas, que apresentam a forma de paleo-canais, provavelmente antigos sistemas estuarinos, tais como são observados atualmente na costa do Golfão

Marajoara (Figura 11).

Na plataforma externa, a isóbata de 80 m possui trechos sinuosos, marcando importantes endentações longitudinais e paralelas. O comprimento das feições importantes atinge 130 km e largura máxima de 20 km. Essas estruturas morfológicas são 22 semelhantes aos traços atuais da costa de “rias” do NE do Pará e são interpretados também como antigos canais da maré (Nittrouer & DeMaster, 1986) afastados 150 km do litoral atual do Amapá (10). Além do mais, na Planície Costeira do Amapá, existem traços espetaculares de um antigo e importante sistema de drenagem, como na Foz do rio

Araguari (Sul do Cabo Norte) na Ilha de Maracá e ao norte do rio Cunani (parte norte do

Estado do Amapá) (Faria Jr. et al., 1992; Faria et al., 1993; Silveira, 1998).

Figura 11. Mapa fisiográfico da margem continental norte do Brasil. 1-Plataforma externa; 2- Plataforma intermediária; 3- Plataforma interna.

.

4.1.2.2. Sedimentação da plataforma continental

A sedimentação da Plataforma Continental do Amazonas tem sido objeto de muita controvérsia e vários modelos têm sido propostos para explicar a evolução desse sistema de dispersão. Milliman & Barreto (1975) sugerem que a maioria dos depósitos

de argila da plataforma interna é reliquiar, provavelmente formados durante períodos

23 regressivos, por acreção costeira. Kuehl et al. (1996) advogam que a plataforma interna

funciona, atualmente, como uma bacia acumuladora de sedimentos

Kowsman & Costa (1979) atribuíram origem fluvial às fácies lamosa e arenosa presentes atualmente na plataforma continental. Os sedimentos carbonáticos restringem- se à plataforma externa, onde dominam fácies de recifes algais, com uma débil contribuição terrígena. Nittrouer & Demaster (1986) admitem, contudo, que a plataforma externa é coberta por areia fina, que representaria uma relíquia transgressiva.

A distribuição horizontal dos sedimentos na plataforma continental é constituída por vários domínios.

A plataforma interna do litoral do Amapá é constituída por lama arenosa fluidizada, com fração predominantemente síltica (Vital et al., 1991; Kowsman & Costa,

1979; Kuehl et al., 1996; Pujos et al., 1990), originadas pelos aportes de sedimentos em suspensão oriundos, principalmente do Amazonas mas também pelos maiores rios localizados na costa do Amapá (Araguari, Calçoene, Flexal e Cunani) (Figura 12). O aporte de sedimentos se estende até a isóbata de 40 m e em direção Noroeste, em função da ação da Corrente Costeira do Norte do Brasil. Neste setor a taxa de sedimentação é muito elevada (Kuehl et al., 1996), da ordem de 10 cm/ano (Sternberg & Kineke, 1991).

A plataforma interna do litoral do Pará e Maranhão apresenta características diferentes

(Figura 12), estando recoberta por areias transgressivas de granulometria fina a média

(Pomerancnlum & Costa, 1977) e orto-quarzíferos (Francisconi et al., 1979, Koppler &

Nogueira, 1973, Kowsman & Costa, 1979).

Na plataforma intermediária do Amapá predominam as areias finas siliciclásticas, as areias siltosas, constituídas por grãos de quartzo sub-angulares e arredondados (60%) e feldspatos (Vital et al., 1991; Pujos et al., 1990; Faria et al., 1993).

24

A sedimentação arenosa da Plataforma Continental do Amazonas é relicta, como aquela que recobre em parte a Plataforma da Guiana Francesa entre 25-30 e 100m (Pujos et al.,

1990). Os depósitos lamosos nesta área da plataforma apresentam uma taxa de sedimentação também da ordem de 10 a 60 cm/ano. Na parte da plataforma intermediária do Pará-Maranhão, os fundos dos paleo-canais, principalmente do paleo-Golfão do

Gurupi e do rio Pará são recobertos por depósitos arenosos fluviais (REMAC, 1979; El-

Robrini, 1992) de granulometria média e grosseira. Esses depósitos possuem formas linguóides e ocorrem, também, próximo aos paleo-canais detectados na frente da costa do

Amapá (Figura 13).

A partir da isóbata de 70 m, Vital et al. (1991) descreveram depósitos de areias constituídas por quartzo e calcita hexacorais, ostreídos e algas coralineas na plataforma externa (Figura 12). Na proximidade da quebra do talude, a uma profundidade de 80 a

120 m, os três fácies carbonáticos constituídos por moluscos, foraminíferos bentônicos e algas descritas por Kowsman e Costa (1979) e as manchas de carbonatos descritas por

Vital et al. (1991) comprovam a existência de uma antiga barreira recifal submersa a 80 m, nessa área (Figura 13), cujos vestígios foram detectados no Brasil, na Guiana Francesa

(Pujos & Odin, 1986), no (Nota, 1958) e na Colômbia (Vernette et al., 1984).

As datações dos oólitos lagunares por C14 indicam que essa barreira paleo-recifal amazônica tem idade de 17.400 anos A.P. (Milliman, 1977; Milliman & Barreto, 1975;

Kumar et al., 1977).

25

Figura 12. Mapa faciológico dos sedimentos superficiais da Plataforma Continental do Amazonas (REMAC, 1979). 1- Lama fluvial; 2- Areia Fluvial; 3- Areia de supridouro indeterminado; 4- Recifes de algas; 5- Areia e/ou cascalho de algas coralíneas ramificantes (‘meaerl’); 6- Areia e/ou cascalho de moluscos; 7- Areias de foraminíferos bentônicos; 8- Oólitos; 9- Quebra do Talude; 10- isóbata (20, 40e 60 m).

4.1.2.3. Ambientes Deposicionais Marinhos

Desde a década de 1960, aceitou-se que a distribuição de corais de recifes no

Brasil teria seu limite mais ao norte do Parque Estadual Marinho Manuel Luis

(aproximadamente 0 ° 46'S, 44 ° 15'W), cerca de 530 km ao sul da Boca do rio Amazonas.

E este aceite se dava pelas condições na região da existência de uma densa camada de sedimentos sobre as águas quem impediriam a penetração de luz solar e, consequentemente, a fotossíntese – base da cadeia alimentar de recifes de corais de águas tropicais e condição considerada imprescindível para sua presença. Mas Collette &

Rützler (1977) apresentaram no 3º Simpósio Internacional de Recifes de Corais, em

Miami, nos Estados Unidos, a presença de esponjas e peixes recifais na foz do rio (Figura

13). 26

Figura 13. Distribuição de peixes de recife de coral (área sombreada) no Atlântico Atlântico tropical (com base em I, 2), grandes pontos indicam as 14 estações com esponjas e peixes de recife coletados pelo Navio de Pesquisa V Oregon II, Cruise 58; círculos abertos indicam as estações sem uma fauna de peixes de recife. Fonte: Collette & Rützler (1977)

Posteriormente Moura et al. (1999) demonstraram a presença de corais ao sul daquela região. Em 2008, estudos do projeto Piatam Mar – Potenciais Impactos

Ambientais do Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica, projeto de pesquisa desenvolvido por instituições de ensino e de pesquisa distribuídas nos três estados da Zona Costeira Amazônia Brasileira – também levantaram essa mesma possibilidade devido a alta concentração de carbonato de cálcio biogênico nas imediações.

Cordeiro et al. (2015) após analisarem espécimes coletados na região e depositados no Museu Oceanográfico Alves Coelho da Universidade Federal de

Pernambuco (MOUFPE) e Smithsoniam National Museum of Natural History e cruzarem

27 dados oriundos de revisões da literatura sobre corais que colonizam substratos consolidados na região, registramos 38 espécies de corais ao largo da boca do rio

Amazonas, incluindo 27 octocorais, 9 escleractinistas, 1 hidrocoral e 1 coral preto. Os corais foram encontrados nas profundezas entre 18 e 125 m, fornecendo provas da existência de um ecossistema mesofótico de corais adjacentes à foz do rio Amazonas, e que levantou questões importantes sobre a origem e conectividade entre populações de organismos de recife do Brasil e os da região do Caribe.

Figura 14. Distribuição de registros de coral anteriores (publicados) e novos (base de dados on- line do Smithsonian National Museum of Natural History para a região no mar da foz do rio Amazonas. Batimetria obtida da CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Fonte: Cordeiro et al. (2015)

Recentes estudos reafirmaram a existência de recifes na bacia da Foz do

Amazonas (Moura et al., 2016). Além de corais, ali vivem esponjas de mais de 2 metros de altura e algas calcárias (também chamadas de rodolitos) adaptadas às águas escuras da

28 foz do Amazonas de cerca de 1.000 km de extensão e 50 km de largura na plataforma exterior e talude entre 30 m até 120 m, desde a Guiana Francesa até o Parcel Manuel Luis

(5° N para 1° S e 44° a 51° W) de aproximadamente 9.500 km2 (Figura 15). Em vez de usarem a luz do sol, esses organismos usam compostos inorgânicos como o ferro, nitritos e o enxofre, para gerar a energia necessária para sobreviverem (Moura et al., 2016). Um ecossistema que abriga mais de 30 espécies de algas, 60 espécies de esponjas, 40 de corais, isso sem falar mais de 70 espécies peixes que dependem de recifes para se reproduzir e prosperar(Moura et al., 2016).

Figura 15. Localização do sistema de recifes de carbonato submerso, rodolitos e esponjas em marron. Fontes: Moura et al. (2016) e Greenpeace (2017)

E um estudo mais recente ainda de Francini-Filho et al. (in press) registraram, em vídeo submersíveis inéditos, características únicas do Grande Sistema de Recifes

Amazônicos (Great Amazon Reef System (GARS) utilizando um submarino duplo Deep

Worker (Nuytco, Canadá, Earle 2010) em janeiro-fevereiro de 2017. As principais descobertas desta expedição foram: 1) uma nova estimativa do tamanho do recife de 9.500

29 km2 estimado por Moura et al. (2016) para cerca de 56.000 km2 numa profundidade de

70-200 m de profundidade; 2) a alta complexidade e diversidade de habitats e espécies,

3) a ocorrência de um corredor de recife mesofótico contínuo que conecta SW Atlântico e Caribe ("ecotono biogeográfico") e 4) a concentração de espécies de peixes e lagosta comercialmente importantes e ameaçados (Figura 16).

Figura 16. Mapa do Grande Sistema de Recifes Amazônico (GSRA) mostrando os locias de amostragem. A área cinzenta indica a extensão do recife. A - Dunas de areia na porção mais rasa do recife (60-70 m), B - Recife coberto por sedimentos entre 70-80 m de profundidade, C - Comunidade diversa de recifes com escolas de Paranthias furcifer e fundo dominadas por algas calcárias vivas crustosa e corais negros a 130 m de profundidade, D - Porção mais profunda do GSRA (220 m) com quase 100% de cobertura bentônica viva (principalmente esponjas, octocorais e corais negros), E - Uma estação de limpeza do camarão de hortelã-pimenta Lysmata grabhami a 110 m profundidade, F - Montículo de Rhodolith construído pelo Sandfish Malacanthus plumieri, G - Um grande indivíduo (> 60 cm de Comprimento Total) da garoupa nevada comercialmente importante e ameaçada Hyporthodus niveatus (a 190 m de profundidade) e H - um erin estéril aos 130 m profundidade. Escala de laser: 20 cm. Fonte: Francini-Filho et al. (in press).

O estudo de Francini-Filho et al. (in press) revela um gradiente claro da porção mais profunda do recife (~ 220 m de profundidade), onde os fundos de laterita expostos alternam com áreas com 100% de fundo vivo (principalmente esponjas, octocorais e corais negros), até a porção mais rasa do recife, que é quase completamente coberto de lama e areia (Figura 15A-D). A complexidade do alto fundo e a grande diversidade de

30 habitats ocorrem no GARS, incluindo leitos de rodolitos, plataformas de carbonato formadas por rodolitos fundidos, fundos de laterita, além de esponjosos, corais macios e campos de corais negros (Figura 15A-D). Uma grande parede de recife foi gravado na plataforma exterior do setor central do GARS, com uma altura média de 80 m (115-195 m de profundidade) e uma extensão linear mapeada de pelo menos 12 km (Figura 16).

Frente ao GARS em sua parcela mais rasa, existem campos de ondas de areia (Figura

16A) indicativos de hidrodinamismo alto, sendo a areia eventualmente transportada sobre a estrutura do recife (Figura 16B).

Segundo Francini-Filho et al. (in press), uma alta rotatividade de espécies foi observada dentro do recife, bem como entre o GARS e regiões adjacentes (ou seja, Caribe e as regiões N/NE do Brasil). E segundo esses autores, este padrão é plausivelmente explicado tanto pela heterogeneidade do habitat como pela formação de uma ecótono entre as duas províncias biogeográficas (Brasil e Caribe), com uma sobreposição clara da fauna. Exemplos incluem a ocorrência do Chormis Chromis e do Amblycirrithus surinamensis, ambas espécies de peixes anteriormente registradas apenas para o Caribe, sugerindo uma conexão entre o Brasil e o Caribe do Sul através do GARS. As agregações de peixe (particularmente os peixes ameaçados e comercialmente importantes como pargo (Lutjanus purpureus) e garoupa (Hyporthodus niveatus), Figura 16G) foram claramente associadas a fraturas e fendas em plataformas de carbonato e fendas criadas por fundos complexos de rocha laterítica. A maioria das agregações de peixe foram associadas a estações de limpeza, com juvenis de locos de porco Bodianus pulchelius e camarão de hortelã Lysmata grabhami atuando como limpadores (Figura 16E).

Além das estações de limpeza, os ninhos do pirá Malacanthus plumieri, formados por agregações de rodolitos, também agregaram uma grande diversidade de peixes e invertebrados (Figura 16F). Dois peixes herbívoros também foram gravados em

31 profundidades entre 100-200 m, o budião Sparisoma frondosum e o peixe-cirurgião

Acanthurus chirurgus. Também foram gravados grandes barrens dos ouriços do mar, com milhares de metros em extensão linear (Figura 16).

4.2. Meio Biótico

4.2.1. Plâncton (fito, zoo e ictioplâncton)

As regiões que compõem a bacia da foz do rio Amazonas já tiveram sua comunidade fitoplanctônica inventariadas, totalizando 436 espécies (Wood, 1966;

Demaster et al., 1983; Paiva, 2001; Shipe et al., 2007; Souza et al., 2009; Silveira Júnior,

2012; Goes et al., 2014). Em tais estudos as diatomáceas, dinoflagelados e cianobactérias foram os grupos mais expressivos, com epresentantes nas zonas neríticas e/ou oceânicas.

O estudo de Wood (1966) coletando em diferentes profundidades (0- 1500 m) registrou a presença de diatomáceas, dinoflagelados e cianobactérias e também a presença de euglenofíceas e clorofíceas, em sua maioria em sítios próximos a foz do rio Amazonas.

Ao contrário da região estuarina, na pluma do Amazonas são encontradas diatomáceas (em predominância), cianobactérias e criptofíceas. Quanto às diatomáceas que se encontram na pluma, as mesmas possuem a capacidade de associar-se a cianobactérias fixadoras de N2, como Richelia intracellularis, transformando-se em diatomáceas diazotróficas, as quais contribuem para o sequestro de carbono, assim como para a disponibilização de nitrogênio orgânico em sistemas oligotróficos, como o oceano

(Cooley & Yager, 2006; Demaster et al.,1983; Shipe et al., 2007; Subramaniam et al.,

2008).

Na zona oceânica, por sua vez, são encontrados representantes de cianobactérias, diatomáceas e dinoflagelados, (Goes et al., 2014; Brasil, 2006; Souza et al., 2009; Wood,

1966) e com maior diversidade e densidade de dinoflagelados, porém menos 32 representativos que as diatomáceas (Wood, 1966; Souza et al., 2009; Goes et al., 2014).

Há uma grande representatividade de diatomáceas na região que são responsáveis por grande parte da produção primária em regiões costeiras amazônicas, bem como em áreas oceânicas sob influência da pluma do rio Amazonas, relacionando-se, diretamente, com a entrada de nutrientes e a alta penetração de energia da pluma, o que possibilita uma rápida taxa de crescimento, característica do grupo (Goes et al. 2014; Shipe et al., 2007,

Souza et al., 2009).

Destaca-se, também, a importância das associações diazotróficas

(cianobactérias+diatomáceas) compostas principalmente pelas espécies Richelia intracellularis+Hemiaulus hauckii, as quais ocorrem nas regiões mesohalinas (onde a

água é parte doce, parte salgada), sob influência da pluma do Amazonas, no extremo norte do Amapá. Já no oceano, a diazotrófica dominante é Trichodesmium sp. (Subramaniam et al., 2008). Essas espécies são importantes para o sequestro de CO2. Vários autores reportam que a fixação de carbono, bem como a disponibilização de N2 e sílica, no oceano

Atlântico Norte Tropical Ocidental dependem intimamente da estrutura da comunidade de algas que sofrem influência da pluma do Amazonas. Devido a grande importância desta comunidade, relacionam blooms de organismos iazotróficos, com a manutenção do sequestro de carbono na área (Demaster et al., 1983; Cooley & Yager, 2006; Shipe et al.,

2007; Subramaniam et al., 2008; Yeung et al., 2012).

Segundo Paiva (2001) e Santos (2004), os locais com alta produtividade mudam conforme a sazonalidade (vazão) do Rio Amazonas. Isso ocorre porque os nutrientes da foz do Amazonas são transportados ao longo da Plataforma Continental do Estado do

Amapá pela Corrente Norte do Brasil (CNB), sendo responsáveis pelo aumento da biomassa e produtividade do fitoplâncton nesta região.

33

No período de descarga máxima, a área com elevada produtividade é maior próxima à desembocadura do rio. Já no período de vazão decrescente, as regiõescom maior produtividade ficam na costa, a noroeste da foz, próximo ao Cabo Orange,

Oiapoque (Santos, 2004).

Quanto ao gradiente costa/oceano, foram observados valores moderados de clorofila-a na costa e baixas concentrações nas águas com elevada salinidade, na zona oceânica (Demaster et al., 1991; Smith Jr. & Demaster, 1996; Santos, 2000). Santos

(2000) detectou concentrações próximo à costa de 0,03 a 9,79 µg.L-1 e de 0 a 1,85 µg.L-

1 em águas oceânicas. As maiores concentrações de clorofila-a ocorreram na camada superficial da zona de transição entre águas estuarinas e oceânicas, caracterizadas por elevada concentração de nutrientes, baixa salinidade (<32psu) e baixa concentração de sólidos suspensos (<10mg. L-1) (Demaster et al., 1991; Smith Jr. & Demaster, 1996). Na zona de alta produtividade, Smith Junior & Demaster (1996) observaram valores de

25µg.L-1.

A quantidade de clorofila “a” na superfície oceânica é proporcional à biomassa fitoplanctônica, que por representar a base da cadeia, considera-se um importante indicador de produtividade das águas marinhas. A distribuição espaço-temporal das médias de concentrações de clorofila a entre 2002 e 2007 são apresentadas mês a mês na

Figura 17. Pela escala de cores, a cor mais “fria” (roxo) representa as menores concentrações e, a mais “quente” (vermelho), as maiores concentrações de clorofila a.

Nesta representação observa-se que há uma nítida diferença entre as “águas costeiras” e as “águas oceânicas”. Uma estreita faixa das águas localizadas próximo à costa apresentaram maiores índices de clorofila (máximo 2,5 mg/m3), enquanto que as águas oceânicas exibem valores de concentração baixos, menores que 0,08 mg/m3.

34

Os meses de janeiro a março são marcados por baixa produtividade primária nas

águas oceânicas. A concentração de clorofila a começa a aumentar no mês de abril, maio e junho, de cada ano, próximo ao Golfão Maranhense, passando pela foz do rio

Amazonas, até a costa da Guiana Francesa, ao longo de uma faixa costeira que varia de

150 km até 300 km da linha de costa. A partir de abril, observa-se um aumento deste parâmetro na costa das Guianas e da , estendendo-se por até 700 km da linha de costa. De maio e junho, observa-se uma extensa faixa com alta concentração, que vai desde a foz do rio Amazonas até costa da Venezuela, com largura de aproximadamente

600 km. No período de julho a setembro, a longa faixa com altos valores desaparece e o que se observa é a retroflexão da Corrente Norte Brasileira (CNB) em direção a Leste, indicada pela alta concentração de clorofila a, que atinge a latitude de 15°N. Os meses de outubro a dezembro apresentam uma redução da produção primária ao longo da área de estudo.

No relatório executivo do Programa REVIZEE (2006) foi reportado que os maiores valores de clorofila a (Figura 18) foram registrados em frente à ilha do Marajó

(2,25μg/litro), enquanto que teores inferiores a 0,1μg/litro caracterizaram as regiões sobinfluência oceânica em frente ao Estado do Amapá. Embora haja uma nítida elevação da biomassa primária e da eficiência fotossintética (de 0,3 para 13,0mg Carbono/mg

Clorofila-a/hora) em frente à região de descarga dos rios Amazonas e Pará, em função da elevada carga de silicatos, esses valores não são tão altos quanto o esperado, provavelmente em razão dos reduzidos teores em nitrato e fosfato das águas continentais.

35

Figura 17. Comportamento médio mensal de concentração de clorofila a, obtidas pelo sensor MODIS de Jul/2002 a Dez/2007. Fonte: Correa, 2009; Souza-Filho et al. (2012).

Com relação à composição da biomassa de algas, Paiva (2001) afirma que 90 a

99,6% da biomassa fitoplanctônica da região norte (Calçoene e Oiapoque) é composta de picoplâncton (≤4µm), principalmente diatomáceas.

Segundo Vannucci & Queiroz (1963) a grande quantidade de material dissolvido e particulado transportado pelo rio Amazonas explica as altas densidades do fitoplâncton e consequente abundância do zooplâncton na região costeira ao longo do Pará e Amapá.

As espécies de Copepoda mais comuns no trecho do litoral ao largo da foz do rio

Amazonas são: Acartia giesbrechti e Corycaeus amazonicus (Vannucci & Queiroz,

1963). De acordo com Alvariño (1968), há uma diminuição das espécies oceânicas do zooplâncton (Hydromedusae, Siphonophorae, Chaetognatha e Copepoda, em particular) nas águas com menor teor salino, como a área de influência do rio Amazonas.

36

Figura 18. Concentração de Clorofila a (µg/L) na superfície do mar da região Norte. Limites dos blocos (localização aproximada) em vermelho. Fonte: REVIZEE (2006).

A pluma do Amazonas cria uma variabilidade extrema na condição hidrográfica da plataforma continental e área oceânica adjacente, o que, por sua vez cria um mosaico complexo de habitats para o desenvolvimento do zooplâncton. A combinação da entrada de nutrientes da pluma amazônica e a alta penetração luminosa na área oceânica cria uma zona de transição altamente produtiva, cuja localização varia com a descarga do rio amazonas (Melo, 2004).

Dados do REVIZEE (2006) apontam que o zooplâncton esteve representado pelos filos Sarcomastigophora, Cnidaria, Mollusca, Annelida, Crustacea, Bryozoa,

Brachiopoda, Chaetognatha, Echinodermata, Hemichordata e Chordata, nas formas adultas, juvenis, larvas e ovos. Foram totalizados 164 (cento e sessenta e quatro) taxa,

37 contados a partir dos infragenéricos, dos quais 109 (cento e nove) são de Copepoda (Melo,

2004).

Costa & Costa (2008) utilizou os dados da Operação Norte IV disponibilizados por Melo (2004) para avaliar a distribuição da biota zooplanctônica da região em seus mapas (Figuras 19 e 20) e gerou ainda, um gráfico com as frequências de ocorrência separadas pelas espécies predominantes de Copepoda na região equatorial amazônica

(Figura 21).

Figura 19. Dados de zooplâncton gerados por Melo (2004) a partir de amostras coletadas na Operação Norte IV do Projeto REVIZEE Score Norte realizada em 2001. Fonte: Costa & Costa (2008).

38

O conhecimento atual da comunidade de ictioplâncton na ZEE é ainda muito restrito, e pouco se conhece da região Norte além do que foi levantado no REVIZEE

(REVIZEE/Norte, 1999). No trabalho realizado pelo projeto REVIZEE, as seguintes famílias foram identificadas nas amostras coletadas com rede de nêuston superior:

Carangidae, Priacanthidae, Myctophidae, Gobiidae, Engraulidae, Bothidae, Scaridae,

Gempilidae, (Clupeidae e Pleuronectidae). A família mais abundante foi Carangidae, com

45 indivíduos e representando 57% de todo o ictioplâncton, seguida pela Myctophidae, com 5 indivíduos e representando 6%. Os resultados demonstram que as famílias mais abundantes e frequentes não possuem área de desova exclusiva, ocorrendo desde as áreas costeiras como nas oceânicas (REVIZEE/Norte, 1999).

Figura 20. Dados de zooplâncton gerados por Melo (2004) a partir de amostras coletadas na Operação Norte IV do Projeto REVIZEE Score Norte realizada em 2001. Fonte: Costa & Costa (2008).

39

Fôro et al. (1990 apud Bittencourt, 2004) destacaram a maior abundância da

Família Gobiidae na plataforma Norte, além de grande quantidade de ovos. Souza (2001 apud Bittencourt, 2004) apresentou um levantamento com registro de 21 famílias e com

ênfase na Família Gobiidae. Souza et al. (2002 apud Bittencourt, 2004) verificaram as maiores densidades registradas durante o período de maior descarga do rio Amazonas para a Família Bothidae, além do registro de grande quantidade de ovos, indicando que praticamente toda a região constitui importante área de desova para inúmeras espécies.

Figura 21. Frequência de ocorrência (%), separados por classe, de algumas espécies de Copepoda nas províncias nerítica e oceânica dos estados do Pará e Amapá. Fonte: Melo (2004 apud Costa & Costa, 2008).

Rocha et al. (2003 apud Bittencourt, 2004) registraram a presença de 14 famílias, com ampla distribuição da família Carangidae, e maior riqueza nas estações neríticas em comparação às estações oceânicas.

Bittencourt (2004) registrou que o ictioplâncton da costa do Amapá caracteriza- se pela presença das famílias pelágicas (epi e mesopelágicas) Myctophidae, Gobiidae,

Carangidae, Clupeidae, Sciaenidae e Scombridae. Apresentando ampla distribuição na

40

área de estudo, sendo as maiores densidades registradas nas estações neríticas. Já na plataforma do rio Amazonas, a família Eugraulidea se mostrou a mais abundante, sendo seguida pelas famílias Carangidae, Clupeidae, Sciaenidae, Gobiidae, Bothidae e

Scombridae (Bittencourt, 2004).

4.2.2. Fauna Bentônica

A fauna bentônica na zona costeira amazônica é das faunas marinhas menos conhecidas do Brasil (Lana et al., 1996). Particularmente na plataforma continental, o dignóstico realizado pelo MMA (2004) identificou que os bentos são insuficientemente conhecidos, apontando a margem equatorial amazônica como de prioridade extremamente alta para a conservação da biodiversidade do grupo.

A densidade da macrofauna varia significativamente entre áreas e período climático. Próximo da costa, nos locais com substrato composto por lama fluida, nenhum organismo deste grupo é encontrato. Por sua vez, em profundidades entre 70 e 80 m, em fundos lamosos firmes misturados com areia e, particularmente nos pontos onde ocorrem elevadas densidades de Callianassa sp. As densidades alcançam 3.915 ind/m2, com grande diversidade de gupos animais, especialmente poliquetas da família Lumbrineridae

(Aller & Aller, 1986). Sazonalmente as densidades máximas são registradas durante o período de menor vazão do rio Amazonas, sendo as menors abundâncias registradas quando nos momentos de enchente e máxima vazão (Aller & Stukapoff, 1996).

Além da baixa abundância da macrofauna na plataforma continental amazônica, outra pequena característica do grupo é o tamaho (ind. < de 2 cm comp.), baixa diversidade e presença de espécies com grande mobilidade. Nas áreas mais rasas (prof. <

30m) o macrobentos é dominado por poliquetas, sendo a maioria deles comedores de depósito e carnívoros de grande mobilidade (Aller & Aller, 1986). Os mesmos autores

41 também observaram que a abundância da micro e meio-fauna é baixa na lama fluída próxima à costa quando comparado a regiões mais estáveis offshore.

Dentre a fauna bentônica destacam-se os crustáceos e os moluscos. No entanto como a área do presente estudo é a região costeiro-marinha, iremos tratar aqui somente dos camarões e lagostas.

As principais espécies de camarões de interesse econômico, que ocorrem na costa norte do Brasil, são os camarões Peneidae das espécies: Farfantepenaeus subtilis

(camarão rosa), Litopenaeus schmitti (camarão branco) e Xiphopenaeus kroyeri (camarão sete barbas ou piticaia) (Carvalho, 2006).

O camarão rosa Farfantepenaeus subtilis tem ampla distribuição nas águas tropicais do Atlântico ocidental, desde as Antilhas, ao longo da costa da América Central e do Sul, até o litoral do Estado do Rio de Janeiro (Pérez Farfante, 1969). Ocorre preferencialmente em fundos brandos de lodo, lama ou areia-lama, até profundidades de

190 m (Holthuis, 1980). Indivíduos de maior porte habitam águas mais profundas, entre

35 e 100 m de profundidade (Asano Filho et al., 2003). As formas larvais de nauplios, prozoeas e mysis também ocorrem em alto mar. Pós-larvas sub-bênticas migram em direção à costa, entrando pelas noites em áreas estuarinas de manguezais, através de um complexo processo, que envolve migração vertical, advecção e correntes de marés. Os jovens e adultos jovens são encontrados nas águas turvas dos estuários e no ambiente costeiro, próximo às bocas dos rios, onde há maior quantidade de alimento e refugio de predadores (Garcia, 1977). Há mudanças na dieta com a evolução ontegenética desta espécie. Larvas se alimentam provavelmente de fitoplâncton, como outras espécies do gênero (Preston et al., 1992) e adultos são principalmente detritívoros, mas ocorre a ingestão de pequenos crustáceos e outros organismos da meio-fauna bentônica, além de bactérias e algas (Dall et al., 1990). Em amostragens feitas no estuário do rio Caeté, 42 encontram-se indivíduos desta espécies entre 8 a 32 mm de comprimento da carapaça, sendo que as fêmeas são sempre maiores do que os machos (Martinelli, 2005). O tamanho médio de fêmeas na primeira maturação sexual é de 11 cm de comprimento total (Isaac et al., 1992). A reprodução destes camarões parece ocorrer de forma mais ou menos continua durante o ano (Garcia, 1985), com dois picos, um maior e de mais intensidade entre março e junho e outro mais curto e de menor intensidade entre setembro e outubro

(Martinelli, 2005).

O camarão branco Litopenaeus schmitti é uma espécie de grande importância econômica nos estuários, onde é explorado artesanalmente pelas comunidades litorâneas.

Tem ampla distribuição nas águas tropicais do Atlântico ocidental, desde Cuba, na

América Central, até o litoral do Estado do Rio Grande do Sul, no Sul do Brasil (D’Incao,

1991; Costa et al. 2003). A espécie tem preferência por fundos de areia, areia lamosa, areia com fanerógamas, lama, lama com conchas e lama compactada (D’Incao, 1995) e

águas rasas com até 50 m (FAO, 1978; Fausto-Filho,1968; D’Incao, 1995). O ciclo de vida envolve um período planctônico-pelágico durante as fases larvais e um período bentônico-demersal, com fases juvenil e adulta (Calazans, 1993). As pós-larvas adentram os ambientes estuarinos ao longo de todo o ano (Emerecniano, 1978; Garcia & Le Reste,

1987) e os juvenis permanecem nesse ambiente, rico em materiais nutritivos, considerado

ótimo para o seu crescimento, sendo os adultos altamente gregários, numa estratégia provavelmente relacionada com os hábitos alimentares (Pérez Farfanbte, 1970). Nas fases larvais se alimentam de fito e zooplâncton e, a partir da pós-larva, assumem a condição de onívoro, utilizando algas, nematodos, anelídeos, moluscos, crustáceos e bactérias

(Pérez Farfante, 1970). O tamanho máximo para a espécie é de 17,5 cm para machos e

23,5 cm para fêmeas de comprimento total (Holthuis, 1980). Em amostragens feitas no

43 estuário do rio Caeté registraram indivíduos desde 0,4 cm até 3,6 cm de comprimento de carapaça, sendo que as fêmeas são sempre maiores do que os machos (Martinelli, 2005).

Conhecido popularmente como camarão sete-barbas ou piticaia Xiphopenaeus kroyeri é uma espécie de importância comercial sendo capturado juntamente com outras espécies de camarões, como o branco e o rosa. Ocorre desde a costa da Virginia (EUA) até a região sul do Brasil (D’Incao, 1995) e preferencialmente em substratos areia-lama ou arenosos, em águas rasas em profundidades que variam de 30 a 70 m (Martinelli,

2005). As larvas do gênero Xiphopenaeus migram do mar aberto para os estuários

(berçários) aonde vão se estabelecer até tornarem-se jovens. Quando estes camarões atingem a maturidade sexual eles deixam os estuários e retornam para regiões distantes da costa para se reproduzirem (Dall et al., 1990). Em amostragens feitas no estuário do rio Caeté registraram indivíduos desde 2,9 a até 23,59 mm de comprimento de carapaça

(Martinelli, 2005). O tamanho médio na primeira maturação sexual em camarões no estuário do rio Caeté é de 1,4 cm de comprimento da carapaça para ambos os sexos

(Martinelli, 2005). Os camarões imaturos são mais frequentemente encontrados nos meses de julho e agosto, os indivíduos em desenvolvimento ocorrem em setembro e completamente desenvolvidos entre os meses de novembro a abril (Martinelli, 2005).

A lagosta vermelha, Panulirus argus – No litoral brasileiro, se estende desde o extremo norte do país até o sul do estado do Rio de Janeiro (Fonteles-Filho, 1997). Tem abundância com tendência crescente no sentido perpendicular à costa e atinge seu máximo na faixa de profundidade de 41 – 50 metros (Dias Neto, 2008).

Espécie marinha de hábito bentônico, que apresenta preferência por arrecifes de corais, rochas e fundos de águas calcáreas (Holthuis, 1991). Tanto juvenis como adultos possuem hábito alimentar noturno e predominantemente carnívoro, alimentando-se de organismos sedentários ou de movimentos lentos (Ivo & Pereira, 1996). Nas costas do 44

Amapá e Pará foi registrada por Botelho (2006) a ocorrência de fêmeas maturando e desovando ao longo de todo o ano, supondo uma desova contínua, com picos no segundo semestre. O mesmo autor também encontrou comprimento total médio de primeira maturação gonadal de 6 a 7 cm.

Espécie de ciclo longo, tendo como característica uma taxa de crescimento mediano e lento, apresentando taxas anuais de crescimento, em termos absoluto e relativo:

2,6 cm/ano e 24,4 %/ano. Os valores da longevidade no estoque capturável e no ciclo vital são os seguintes: 13,9 anos e 37,3 anos, respectivamente (IBAMA, 2008).

Recentes estudos indicam que as populações de lagosta P. argus do mar do Caribe e da costa brasileira devem ser consideradas como duas unidades geneticamente e ecologicamente distintas, tendo como base a análise da estrutura genética populacional da espécie através do uso de marcadores moleculares (Diniz, 2005; Diniz et al., 2004;

Diniz et al., 2005a; Diniz et al., 2005b).

Além da lagosta-vermelha, Silva et al. (2003), estudando as espécies de lagosta capturadas em campanhas de prospecção pesqueira para o REVIZEE/Norte (entre o Cabo

Orange/AP até a foz do rio Parnaíba/PI), em isóbatas de 100 m até 600 m, identificaram exemplares de lagosta de fundo, tais como: Acanthacaris caeca, Nephropsis rosea,

Palinustus truncatus (lagosta espinhosa), Parribacus antarcticus (lagosta sapateira) e

Scyllarides delfosi (lagosta sapateira).

A figura 22 apresenta a distribuição dos crustáceos (camarão rosa, branco, sete barbas e lagostas) acima mencionados na Foz do Amazonas.

45

Figura 22. Área de distribuição as espécies de crustáceos de importância comercial (camarões e lagostas) na Foz do Amazonas.

A Tabela 1 apresenta as espécies marinhas ameaçadas registradas da plataforma

continental amazônica. Um total de 17 espécies de invertebrados foram identificados

como ameaçados na região norte, sendo 12 espécies de estrelas do mar, 1(uma) espécie

de ouriço, 1 (uma) de poliqueta, 1 (uma) de gorgônia, 1 (uma) de anêmona e 1 (uma) de

crustáceo (PB et al., 2015).

Tabela 1. Invertebrados marinhos ameaçados de extinção na região norte segundo o Livro

Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do MMA (2008).

Biodiversitas IUCN MMA Filo Família Espécie Nome vulgar (2002) (2007) (2008) Annelida Amphinomidade Eurythoe complanata Verme-de-fogo VU NC A Luidia ludwigi Estrela do mar VU C A Luidiidade Luidia segalensis Estrela do mar VU NC A Luidia Clathrata Estrtela do mar VU NC A Echinater (Othilia) brasiliensis Estrela do mar VU NC A Echinasteridade Echinodermata Echinaster (Othilia) echinophorus Estrela do mar VU NC A

46

Echinaster (Othilia) guyanensis Estrela do mar VU NC A Linckia guildingi Estrela do mar VU NC A Ophidiasteridae Narcissia trigonaria Estrela do mar VU NC A Oreasteridade Oreaster reticulatus Estrela do mar VU NC A Cidaridade Eucidaris tribuloides Ouriço satélite VU NC A Astropecten brasiliensis Estrela do mar VU NC A Astropectinidae Astropcten cingulatus Estrela do mar VU NC A Astropecten marginatus Estrela do mar VU NC A Arthropoda Porcellanidade Minyocerus angustus VU NC A Actiniidae Condylactishgigantea Anêmona gigante VU NC A Cnidaria Orelha de Elefante, Gorgoniidae Phyllogorgia dilatata VU NC A Gorgônia Fonte: BP et al. (2015). LEGENDA: Status de Conservação: VU (Vulnerável) NC (Não Consta) e A (Ameaçada)

4.2.3. Ictiofauna

A região costeira e de plataforma do Estado do Pará possui uma grande

diversidade e abundância de organismos aquáticos, muitos dos quais podem ou já são

explotadas comercialmente pela atividade pesqueira. Contudo o conhecimento e

dimensionamento dessa biota e de seu potencial extrativo é ainda muito deficiente, sendo

a região Norte a menos conhecida de todo o litoral marinho do Brasil (Paiva, 1997; Isaac,

2006). Levantamentos do Projeto Piatam Oceano (www.piatamoceano.uff.br) apresentam

uma lista de 780 espécies registradas, para o nécton da costa e plataforma da região Norte,

desde o Maranhão até o Amapá.

Segundo Camargo & Isaac (2001; 2003), pelo menos 303 espécies de peixes

foram registradas nos ambientes marinhos e estuarinos do Amapá ao Maranhão. Espírito-

Santos et al. (2005) compilaram informações de 120 espécies, registradas no estuário do

rio Caeté, as quais foram distribuídas em pelo menos 40 famílias e 14 ordens. Em águas

estuarinas destacam-se as famílias: , com pelo menos 12 espécies; Engraulidae

47 com 12 espécies; Pimelodidae com 5 espécies; e Mugilidae, com 3 espécies de importância econômica (Espirito Santo et al., 2005).

Souza & Fonseca (2008) apresentam uma lista de 334 espécies catalogadas para toda a região, mas afirmam que o número deve alcançar mais de 500 espécies, já que muitas delas possuem ainda uma classificação taxonômica indefinida e não foram incluídas nessa compilação.

Asano Filho et al. (2005) registram mais 42 espécies, que ocorrem exclusivamente no talude da região Norte. Adicionalmente, 19 espécies de peixes ósseos 13 de peixes cartilaginosos foram registrados nas capturas com espinhel, realizadas de forma experimental no ambiente pelágico da plataforma, entre 30 e 50º de Longitude W (Asano

Filho et al., 2004).

A seguir apresentamos algumas informações disponíveis para as principais espécies alvos das pescarias artesanais:

A pescada amarela, Cynoscion acoupa (Lacepède, 1801) é uma espécie da família

Sciaenidae, que tem grande valor comercial, tanto pela qualidade de sua carne, como também pela sua bexiga natatória, denominada “grude”, utilizada para a elaboração de emulsificantes e clarificantes (Cervigón, 1993; Wolff et al., 2000). É um peixe nectônico demersal, encontrado geralmente sobre fundos de areia ou lama e em águas costeiras rasas

(até 35 m), sendo também abundante em ambientes estuarinos (Carvalho Filho, 1999). Os espécimes juvenis são restritos a águas salobras e doces e são encontrados em pequenos e grandes cardumes próximos ao fundo, em maguezais e águas estuarinas (Matos &

Lucena, 2006). Realizam pequenos deslocamentos, se aproximando da costa durante a noite para se alimentar e retornando para as regiões mais profundas durante o dia, quando são menos ativos (Menezes & Figueiredo, 1980). Alimenta-se basicamente de peixes e

48 também de crustáceos, principalmente, camarões da família Penaeidae (Paz et al., 2008).

A espécie possui um tamanho de primeira maturidade sexual de aproximadamente 53 cm

(Souza et al., 2003a). A desova é contínua, durante o ano todo; contudo há dois períodos de maior atividade reprodutiva, um entre março e abril e outro entre novembro e dezembro (Almeida, 2008). A espécie possui uma longevidade de pelo menos 12 anos

(Matos, 2004).

A serra Scomberomorus brasiliensis é uma espécie de ampla distribuição no

Atlântico ocidental, entre 20°N e 30°S (Collette & Russo, 1984), desde Belize no Caribe até Rio Grande do Sul, no Brasil (Carvalho-Filho, 1999), de hábitos neríticos, que nada na região epi-pelágica de águas claras, (Fonteles-Filho, 1988). Os adultos vivem em pequenos cardumes ou solitários, mas formam grandes agrupamentos quando jovens ou na época de reprodução (Carvalho-Filho, 1999). Há indícios de que esta espécie realiza deslocamentos ao longo da costa e entre profundidades. Entre maio e setembro os cardumes se aproximam da costa, para alimentação, seguindo cardumes de peixes

Clupeidae que entram nos estuários nessa época (Batista & Rego, 1996; Batista & Fabré,

2001). Indivíduos com comprimentos de 15 até 113 cm podem ser capturados (Gonçalves et al., 2003), mas espécimes podem chegar até 125 cm de comprimento total.

O pargo Lutjanus purpureus é uma espécie demersal da família Lutjanidae

(Menezes & Figueiredo, 1980) que ocorre em águas tropicais e subtropicais no Atlântico ocidental, desde Cuba, no Mar do Caribe, até o nordeste do Brasil (entre os estados de

Pernambuco e Bahia) (Menezes & Figueiredo, 1980; Paiva, 1997). É uma espécie demersal, que pode ser encontrada desde águas estuarinas, marinhas e até em bancos oceânicos com fundos arenosos, rochosos e/ou coralinos (Peabody & Wilson, 2006).

Realiza migrações verticais, ao longo da coluna d’água, em função de fatores ambientais ou em busca de alimentos (Paiva, 1997). Na região norte e nordeste do Brasil, os

49 indivíduos adultos se concentram próximos da superfície nos meses de maio a agosto e em zonas mais profundas de dezembro a abril (Fonteles-Filho & Ferreira, 1987).

Alimenta-se com maior frequência e intensidade de peixes, mas também pode ingerir outras presas, como moluscos, crustáceos, equinodermos, algas, briozoários e cnidários

(Paiva, 1997). O comprimento médio de primeira maturação sexual foi estimado para as fêmeas entre 43 e 46 cm, com aproximadamente 4 a 5 anos de idade (Souza, 2002). A reprodução ocorre ao longo do ano todo, com picos nos segundo e quarto trimestres do ano (Souza, 2002; Souza et al., 2003b).

A gurijuba, parkeri, é um bagre estuarino/marinho de grande importância econômica que ocorre no Atlântico ocidental desde a Guiana até o litoral do Maranhão

(Ferraris, 2007). Sciades parkeri habita bocas de rios, águas turvas estuarinas e costeiras, sob fundos lodosos até uma profundidade de 31 m (Nascimento et al, 2002, Carpenter,

2002). Indivíduos maiores habitam, preferencialmente, áreas mais profundas (Sanyo

Techno Marine, 1998). Os adultos se deslocam no sentido da costa, na época da reprodução e podem alcançar até 132 cm de comprimento total. A alimentação desta espécie é constituída principalmente de peixes (Mendes, 1999). A primeira maturação sexual ocorre com dois anos de idade e comprimentos entre 46 e 59 cm e a reprodução da espécie foi observada, na costa do Amapá, em águas mornas dos manguezais no período entre novembro e março (Araújo, 2001).

O bagre Sciades herzbergii é uma espécie da família Ariidae que ocorre em águas do Atlântico ocidental, desde o Caribe, litoral da Colômbia e norte e nordeste do Brasil até o litoral do estado de Sergipe (Oliveria, 1972). Prefere nadar em águas turvas de boca de rios, estuários com manguezais, lagoas hipersalinas e regiões costeiras de pouca profundidade, sob fundos lamosos (Figueiredo & Menezes, 1978). Tem preferência pelos canais de maré dentro dos estuários, onde ocorre com bastante abundância (Castro, 2001;

50

Barletta et al., 2003). Se alimenta de caranguejos, mas também de insetos e poliquetas

(Krumme et al., 2008). A dieta é mais especializada no período chuvoso do que no período seco (Giarrizzo & Saint-Paul, 2008) e pode alcançar 1 m de comprimento.

Martins-Juras (1989) afirma que, no litoral do Maranhão, esta espécie tem um longo período reprodutivo, com desova de fevereiro a agosto, e de outubro a novembro.

O bandeirado Bagre bagre é uma espécie da família Ariidae que ocorre no

Atlântico ocidental, desde a Colômbia até o norte do Brasil, no litoral do Maranhão

(Cervigón et al., 1992). Habita águas turvas estuarinas, costeiras e marinhas, até 50 m de profundidade. Pode ser encontrada em canais de rios e estuários e, principalmente, em regiões costeiras de baixa profundidade, em frente a estuários e deltas, sob fundos lamosos e de areia (Cervigón et al., 1992). Alimenta-se de peixes, pequenos crustáceos e poliquetas da macrofauna bentônica (Le Bail et al., 2000). Indivíduos entre 5 e 50 cm foram encontrados em coletas com redes de arrasto no estuário do rio Caeté, no Pará

(Silva Junior, 2004), porém na literatura registram-se indivíduos de até 55 cm (Cervigón et al., 1992).

A pescada gó Macrodon ancylodon e uma espécie da família Sciaenidae e um dos principais recursos pesqueiros de valor comercial do Brasil (Haimovici et al.,1996; Isaac

& Braga, 1999). Tem ampla distribuição no Atlântico ocidental, desde Baia Blanca, na

Argentina, até o Golfo de Paria, na Venezuela (Cervigón, 1993). Porém trabalhos recentes sobre diversificação genética indicam uma grande divergência, o que permite postular a existência de duas espécies de Macrodon, a primeira com distribuição tropical, desde

Venezuela até o litoral de Pernambuco e a outra com distribuição subtropical, desde o litoral de Sergipe, no Brasil até a Argentina (Santos et al., 2003). Esta espécie ocorre sobre fundos de areia ou lama, em estuários ou lagoas costeiras e sob a plataforma até uns

60 m de profundidade. Tem um padrão de distribuição agregada, com variações sazonais

51 que se correlacionam com as características fisico-químicas da água e com os deslocamentos reprodutivos (Vazzoler et al., 1973). Passa boa parte de seu ciclo de vida em ambiente estuarino, sendo mais abundante na parte externa do mesmo. Indivíduos maiores tendem a habitar águas mais profundas e os juvenis águas mais internas e rasas

(Camargo & Isaac, 2005). Indivíduos de 3 a 41cm foram encontrados no estuário do rio

Caeté, em Bragança, embora no Maranhão foram encontrados indivíduos de até 45 cm

(Camargo & Isaac, 2001). Os recrutas entram nas águas turvas e menos salinas do estuário no início do ano para se alimentar e se proteger dos predadores (Camargo & Isaac, 2005).

Indivíduos desta espécie começam a ter atividade reprodutiva com 17 cm, sendo o comprimento de primeira maturação sexual para toda a população de 22 cm (Camargo &

Isaac, 2005), com aproximadamente 1,5 ano de idade. Possui um período de desova prolongado, com aparentemente, duas desovas por ano, sendo uma no terceiro bimestre do ano (entre maio e junho) e a outra no final do ano (entre dezembro e janeiro) (Santana,

1998).

Levatamento bibliográfico realizado para o Estudo Ambiental de Caráter

Regional da Bacia Foz do Amazonas registrou 66 espécies de peixes de interesse comercial na costa norte do Brasil, distribuídos em 7 ordens, 23 famílias e 36 gêneros

(Tabela 2) (BP et al., 2015).

Segundo dados do IBAMA (2007), as espécies mais capturadas pela pesca extrativista da costa norte do Brasil foram: bandeirado (Bagre bagre), bagre (Sciades spp), corvina (Cynoscion virescens/C. microlepidotus), gurijuba (Sciades parkeri), pargo (Lutjanus purpureus), pescada amarela (Cynoscion acoupa), pescadinha gó

(Macrodon ancylodon), serra (Scomberomorus brasiliensis), uritinga (Sciades proops) e tubarões (Carcharinus spp).

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Tabela 2. Lista das espécies de peixes de interesse econômico ocorrentes na costa norte do Brasil. Uso da área (MMA, 2002), IUCN – lista das espécies ameaçadas, MMA 2014 – Portaria MMA n 445 de 2014.

IUCN MMA Família Gênero Espécie Nome vulgar Uso (2014) (2014) Chlorophthalmidae Parasudis P. truculenta Camurim do olho verde SI - NA C. acronotus Cação SI - NA C. falciformes* Tubarão lombo preto SI NT NA C. leucas Cabeça chata SI NT NA Carcharhinus C. limbatus Cação SI NT NA Carcharhinidae C. longimanus* Tubarão estrangeiro SI VU VU C. porosus Cação SI - CR Isogomphodon I. oxyrhynchus Cação bico de pato SI CR CR Prionace P. glauca* Tubarão azul SI NT NA S. lewini* Cação martelo SI EN CR Sphyrnidae Sphyrna S. tiburo Cação rodela SI - CR S. tudes Cação rodela, martelo SI VU CR P. castelnaeana Sarda amarela SI - NA Pristigasteridae Pellona P. flavipinnis Sarda, apapá branco SI - NA P. harroweri Sardinha chata SI - NA Megalopidae Megalops M. atlanticus Pirapema, camurupim SI VU VU Carangidae Chloroscombrus C. chrysurus Xaréu SI - NA C. parallelus Camorim, camorim tapa SI - NA Centropomidae Centropomus C. pectinatus Camorim, camorim sovela SI - NA C. undecimalis Camorim, camorim açu SI - NA Cichlidae Cichla C. monoculus Tucunaré SI - NA Coryphaenidae Coryphaena C. hippurus* Dourado SI LC NA Kajikia K. albida Marlim branco SI VU VU Istiophoridae Makaira M. nigricans* Marlim azul SI VU EN Lobotidae Lobotes L. surinamensis Cará açu SI - NA Lutjanidae Lutjanus L. purpureus Pargo C,A,R - VU M. incilis Tainha SI LC NA Mugilidae Mugil M. liza Tainha SI - NA C. acoupa Pescada amarela C,A,R LC NA C. microlepidotus Corvina SI - NA Cynoscion C. steindachneri Pescada jaguara SI - NA Sciaenidae C. virescens Pescada cambucu SI - NA C. jamaicensis Pescada-goete SI - NA Macrodon M. ancylodon Pescada gó C,A,R - NA

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Micropogonias M. furnieri Pescada curuca grande SI - NA Nebris N. micros Pescada sete buchos SI - NA P. auratus Pescada preta SI - NA Plagioscion P. magdalenae Pescada branca R - NA P. squamosissimus Pescada branca C,A - NA S. brasiliensis Peixe serra A,R LC NA Scomberomorus S. cavalla Cavala SI LC NA Scombridae T. alalunga* Albacora branca SI NT NA Thunnus T. albacares* Albacora lage SI NT NA T. obesus* Albacora bandolim SI VU NA Mullidae Upeneus U. parvus Trilha SI - NA Serranidae Epinephelus E. itajara Mero SI CR CR Xiphiidae Xiphias X. gladius* Espardate SI LC NA P. pectinata Peixe serra SI CR NA Pristidae Pristis P. perotteti Peixe serra SI - NA Ageneiosidae Ageneiosus A. ucayalensis Mandubé SI - NA Amphiarius A. phrygiatus Canguito, cangatá branco SI - NA Apistor A. quadriscutis Cangatá SI - NA Bagre B. bagre Bandeirado SI - NA S. couma Bagre branco SI LC NA S. grandicassis Cambéua SI - NA Ariidae S. herzbergii Bagre branco SI - NA Sciades S. parkeri Gurijuba C,A,R NT VU S. passany Bagrelhão SI - NA S. proops Uritinga R,B - NA S. rugispinis Jurupiranga SI - NA Hypophthalmidae Hypophthalmus H. marginatus Mapará SI - NA Loricariidae Hypostomus H. plecostomus Acari bodó R - NA B. filamentosum Filhote C,A - NA B. flavicans Dourada C,A - NA Brachyplatystoma B. rousseauxii Dourada SI LC NA Pimelodidae B. vaillantii Piramutaba C,A - NA Goslinia G. platynema Babão SI - NA P. blochii Mandi SI - NA P. ornatos Mandi SI - NA Fonte: BP et al. (2015). LEGENDA: Status de Conservação: EN (Em perigo) - “Endangered” - Risco muito alto de extinção na natureza em futuro próximo; VU (Vulnerável) - “Vulnerable” - Alto risco de extinção na natureza em médio prazo; CR (Criticamente em Perigo) - Critically Endangered - Risco extremamente alto de extinção na natureza; NT (Near Threatened) - Quase ameaçada; LC (Least Concern) - Menos Preocupante; NA – Não Ameaçado. Uso da área: SI – Sem informação; C – Crescimento; A – Alimentação; R – Reprodução; B – Berçário; Espécies com * – Espécies Migradoras.

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Das 66 espécies de interesse econômico, 14 estão ameaçadas de extinção no

Brasil e/ou no mundo (Carcharinus longimanus, C. porosus, Isogomphodon

oxyrhynchus, Sphyrna lewini, S. tiburo, S. tudes, Meagalops atlanticus, Epinephelus

itajara, Kajikia albida, Makaira nigricans, Lutjanus purpureus, Thunnus obesus, Pristis

pectinata e Sciades parkeri). As principais ameaças identificadas para os peixes são a

sobreexploração e a captura acidental. Além desses fatores, também podemos citar atos

pesqueiros danosos, como a utilização de redes oceânicas de grandes dimensões e a

prática de aproveitamento ilegal de partes dos animais, como as nadadeiras (Lessa et

al., 1999).

A Tabela 3 apresenta as características biológicas e as principais áreas de captura das espécies de importância comercial mais capturada na área de estudo (Figura 23) segundo IBAMA (2007), com informações sobre área de pesca e reprodução na costa norte do Brasil, de acordo com os trabalhos de Araujo (2001), Barthem & Goulding (1997), Espirito-Santo (2012), Ikeda (2003), Lima (2004), Sanyo (1998) e Souza (2002).

Tabela 3. Características biológicas e principais áreas de captura das espécies de importância comercial mais capturada na área de estudo.

Principais áreas Nome comum Nome científico Hábitat Reprodução Migração de captura Toda a extensão da costa da área de Espécie pelágica estudo, na região encontrada em Formam estuarina e na parte águas salobras dos cardumes e interna da Sem estuários, em aproximam-se plataforma informação Pescada- amarela Cynoscion acoupa profundidades que de águas mais continental, para a área de variam de 1 a 35 m, rasas a noite, destacando-se como estudo. podendo ainda, para se principais penetrar na água alimentar. pesqueiros a costa doce. dos municípios do Oiapoque, Calçoene e Amapá. Toda a extensão da Espécie demersal Reprodução Migram para a costa da área de encontrada contínua ao costa nos estudo, na região principalmente em longo do ano, meses de julho-estuarina e na parte áreas de substratos Macrodon com picos de agosto e vão interna da Pescada-gó arenosos e lamosos ancylodon junho a para águas plataforma das águas costeiras novembro e mais profundas continental, rasas e estuarinas, fevereiro a em janeiro-destacando-se como em profundidades março. março. principal pesqueiro de até 60 m. a foz do Amazonas.

55

Espécie demersal encontrada em águas entre 30 e Reprodução Toda a extensão da 240 m, sendo mais contínua ao Intensa costa da área de abundantes além longo do ano, migração estudo, na região da Lutjanus Pargo dos 90 m. São com picos no vertical, quebra da purpureus encontrados sobre segundo e dependendo do plataforma fundos rochosos, ao quarto tamanho. continental e bancos redor de ilhas trimestre. oceânicos. afastadas, parcéis e cristas submarinas. Toda a extensão da costa, na região Espécie demersal estuarina e na parte encontrada em interna da águas salobras dos Sem Sem plataforma estuários, em Cynoscion informação informação continental, Corvina profundidades que microlepitodus para a área de para a área de destacando-se como variam de 1 a 35 m, estudo. estudo. principais podendo ainda, pesqueiros a costa penetrar na água dos municípios do doce. Oiapoque, Calçoene e Amapá. Toda a extensão da costa, na região Espécie demersal estuarina e na parte encontrada em interna da águas salobras dos Sem Sem plataforma estuários, em Cynsocion informação informação continental, Pescada cambuçu profundidades que virescens para a área de para a área de destacando-se como variam de 1 a 35 m, estudo. estudo. principais podendo ainda, pesqueiros a costa penetrar na água dos municípios do doce. Oiapoque, Calçoene e Amapá. Toda a extensão da costa, na região estuarina e na parte Espécie pelágica Realizam interna da encontrada em Sem migrações ao plataforma Scomberomorus águas salobras dos informação longo da costa continental, Serra brasiliensis estuários, em para a área de para destacando-se como profundidades que estudo. reprodução/ principais variam de 1 a 50 m. alimentação. pesqueiros a costa dos municípios do Oiapoque, Calçoene e Amapá. Reprodução pouco Toda a extensão da Espécie demersal conhecida, com costa, encontrada em Sem indícios de dois principalmente águas salobras dos informação Gurijuba Sciades parkeri picos de entre Calçoene e a estuários, em para a área de setembro a Ilha de Maraca- profundidades que estudo. novembro e de Jipioca, município variam de 1 a 50 m. fevereiro a de Amapá. março.

56

Espécie demersal encontrada em Sem Sem Toda a extensão da águas salobras dos informação informação Uritinga Sciades proops costa da área de estuários, em para a área de para a área de estudo. profundidades que estudo. estudo. variam de 1 a 20 m. Migração ocorre na calha Espécie demersal do rio encontrada em Sem Amazonas. Em toda área da Brachyplatystoma águas salobras dos informação Desovam na costa, Piramutaba vaillantii estuários em para a área de Amazônia principalmente na profundidades que estudo. Ocidental e foz do Amazonas. variam de 5 a 20 m. migram para o estuário para alimentação. Fonte: BP et al. (2015) Figura 23. Espécies de importância comerciais mais capturadas na área de estudo: (A) Cynoscion acoupa (pescada-amarela), (B) Macrodon ancylodon (pescada- gó), (C) Lutjanus purpureus (pargo), (D) Cynoscion microlepidotus (corvina), (E) Cynoscion virescens (pescada cambuçu), (F) Scomberomorus brasiliensis (serra), (G) Sciades parkeri (gurijuba), (H) Sciades proops (uritinga) e (I) Brachyplatystoma vaillantii (piramutaba).

E F

G

I

57

Segundo Magro et al. (2000), os recursos tradicionalmente explotados na zona costeira estão distribuídos até cerca de 100 m de profundidade. Assim, os peixes costeiros foram considerados aqueles que ocorrem até 100 m de profundidade, e os oceânicos aqueles que ocorrem em profundidades maiores que 100 m.

4.2.4. Tartarugas marinhas

Todas as cinco espécies de tartarugas marinhas do Brasil estão presentes na área de estudo. As espécies Chelonia mydas (tartaruga-verde), Lepidochelys olivacea

(tartaruga-oliva) e Eretmochelys imbricata (tartaruga-de- pente) possuem área de distribuição ao longo de todo o litoral brasileiro (Almeida et al., 2011a; Castilhos et al.,

2011; Marcovaldi et al., 2011). A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) tem ocorrências registradas entre os estados do Pará e Rio Grande do Sul (Santos et al., 2011) e a tartaruga- de-couro (Dermochelys coriacea) possui registros de encalhe no litoral do Pará e outros estados do Brasil (Almeida et al., 2011b).

Tartaruga-verde – Chelonia mydas é encontrada na região do Golfão

Amazônico, apesar de não ser muito frequente Smith (1979), Para a Ilha de Marajó,

Nascimento et al. (1991) ressalta que o primeiro registro dessa espécie foi realizado por

Goeldi em 1897, onde seus ovos foram registrados, além de outras informações. Acredita- se que, no passado, a Ilha de Marajó servia como local de agregação e desova de C. mydas

(Goeldi, 1906 apud Smith, 1979). Recentemente, Campos et al. (2013) registraram 01

(um) exemplar de C. mydas na Reserva Biológica do Parazinho, uma ilha fluvial que faz parte do Arquipélago de Bailique, no litoral do Amapá, onde o ambiente aquático é uma mistura de água doce e salgada. Ressalta-se que o registro dessa espécie na REBIO do

Parazinho também já havia sido realizado por Araújo et al. (2011) no ano de 2011. Lima

58

& Lima (2007) fizeram um registro através de observações in situ dessa espécie na

Reserva Biológica do Lago Piratuba, abrangendo os municípios de Pracuúba,

Tartarugalzinho e Amapá, no estado do Amapá. Além disso, a área de estudo representa uma importante rota de migração da tartaruga-verde, conectando suas áreas de reprodução na Guiana Francesa e no Suriname e suas áreas de alimentação, na costa do Brasil

(Boudouin et al., 2015). Estes mesmos autores destacam, ainda, o estuário do Rio

Oiapoque e uma localidade antes do delta amazônico (canal do Varador de Maracá), no município do Amapá, como áreas de particular interesse ao longo do corredor migratório, devido ao elevado tempo de permanência de alguns indivíduos nesse local durante a trajetória. Sendo assim, foram registrados apenas encalhes ou capturas esporádicas da tartaruga-verde, sem ter sido encontrada uma área definida de concentração dessa espécie nesta região (TAMAR, 1999).

Tartaruga-de-couro - Dermochelys coriácea foram registrados apenas encalhes ou capturas esporádicas dessa espécie, como um registro realizado por Cunha (1975) na região da foz do Rio Amazonas. Além disso, Barata et al. (2004) fizeram uma compilação de registros de tartaruga-de-couro na costa brasileira ao longo de 33 anos (1969 - 2001), relatando um registro no lado leste da Ilha de Marajó. Sendo assim, é possível concluir que essa espécie é encontrada com baixa frequência na região do Golfão Amazônico.

Lima & Lima (2007) fizeram um registro através de observações in situ dessa espécie na

Reserva Biológica do Lago Piratuba, abrangendo os municípios de Pracuúba,

Tartarugalzinho e Amapá, no estado do Amapá.

Tartaruga-cabeçuda - Caretta caretta é uma espécie carnívora durante todo o seu ciclo de vida (Santos et al., 2011). Nos estágios iniciais e de juvenil são epipelágicas, habitando zonas oceânicas e se alimentando, na maior parte do tempo, acima dos 5 m de profundidade. Já em estágios de subadulto e adulto se tornam neríticas, se alimentando

59 principalmente no fundo (Bolten, 2003 apud Santos et al., 2011). É uma espécie altamente migratória, onde as fêmeas migram das áreas de alimentação e descanso para as áreas de reprodução, em deslocamentos que podem chegar a mais de 1.500 km (Santos et al.,

2011). No Brasil, indivíduos em diferentes estágios de vida são registrados na costa de diversos estados entre o Pará e o Rio Grande do Sul, em águas costeiras ou oceânicas

(Santos et al., 2011). Essa espécie possui registros ao longo da costa do estado do Pará, incluindo os municípios de Soure e Salvaterra, na Ilha de Marajó. Apesar da ocorrência confirmada, não foram encontrados locais específicos de concentração da espécie na área de estudo.

Tartaruga-oliva - Lepidochelys olivacea é uma espécie carnívora durante todo o seu ciclo de vida (Castilhos et al., 2011). É altamente migratória, com as fêmeas migrando das áreas de alimentação e descanso para as áreas de reprodução, em deslocamentos que podem chegar a mais de 1.500 km (Castilhos et al., 2011). A espécie possui distribuição circunglobal (Castilhos et al., 2011). No Brasil, juvenis e adultos ocorrem em áreas costeiras e oceânicas desde o Rio Grande do Sul até o Pará, e em águas internacionais adjacentes à Zona Econômica Exclusiva do Brasil (Castilhos et al., 2011). Na área de estudo, foram registrados apenas encalhes ou capturas esporádicas da tartaruga-oliva, como ressaltado por Nascimento et al. (1991) para a região da Ilha de Marajó, sem ter sido encontrada uma área definida de concentração dessa espécie.

Tartaruga-de-pente - Eretmochelys imbricata é uma espécie carnívora, alimentando-se principalmente em locais com substratos duros, como os recifes. Suas principais presas são crustáceos, moluscos, briozoários, cnidários, ouriços, esponjas e algas (Sanches & Bellini, 1999 apud Marcovaldi et al., 2011). É uma espécie altamente migratória, com as fêmeas migrando das áreas de alimentação e descanso para as áreas de reprodução, em deslocamentos que podem chegar a mais de 1.500 km (Marcovaldi et

60 al., 2011). No Brasil, juvenis distribuem-se em todo o litoral norte-nordeste e, com menor frequência, no sul-sudeste do país (Marcovaldi et al., 2011). Apesar da ocorrência confirmada, não foram encontrados locais específicos de concentração da espécie na área de estudo.

4.2.5. Aves Aquáticas

Dentre os diferentes grupos da avifauna do Brasil, as aves marinhas e costeiras correspondem a 8,8% do total de aves registradas para o Brasil, o que equivale a aproximadamente 148 espécies. As Ordens Procellariiformes, Pelecaniformes e

Charadriiformes abrangem a grande maioria das espécies de aves marinhas e costeiras identificadas para o Brasil (Vooren & Brusque, 1999).

Para a região norte do Brasil foi descrita a ocorrência de oito das nove ordens de aves marinhas e costeiras do Brasil, habitando áreas de mangue e praias até regiões oceânicas (BP/BIODINÂMICA, 2003). A Ordem dos Charadriiformes responde por 66% das espécies de aves marinhas e costeiras registradas, o que representa 47% do total de espécies dessa ordem encontradas no país.

As espécies cuja ocorrência foi registrada para o litoral da região norte do Brasil correspondem a 34% das espécies conhecidas no litoral brasileiro, o que evidencia a importância desta região para a preservação da avifauna brasileira e o grande potencial local para a criação de unidades de conservação que tenham como foco as espécies marinhas e costeiras do Brasil (Petrobrás, 2011).

As aves Procellariiformes ocorrem somente nas regiões oceânicas, e contribuem com 44% à biodiversidade de aves neste tipo de habitat. Os maçaricos, batuíras e afins, da Subordem Charadrii, ocorrem principalmente nas praias oceânicas e/ou estuarinas, e

61 contribuem com 44% à biodiversidade de aves destes habitats. Outros grupos, incluindo os Ciconiiformes, Phoenicopteriformes, Gruiformes, Falconiformes e Sternidae, 70% ocorrem no manguezal e constitui 57% do número de espécies de aves, neste ecossistema.

Todas as espécies da subordem Lari e da ordem de Pelecaniformes alimentam-se nas

águas. Nas praias continentais e/ou nas ilhas, estas aves pousam para descanso e nidificam

(Vooren & Brusque, 1999).

Dos táxons citados, a Maracanã-verdadeira (Primolius maracana) e o João- teneném-castanho (Synallaxis rutilans –subespécie omissa), com registros no município de Curuçá, encontram-se na lista paraense de espécies ameaçadas de extinção, a primeira como vulnerável e a segunda considerada em perigo (Meireles Filho et al. 2009).

Das 114 espécies de ocorrência comprovada ou potencial na área de estudo, 11 apresentam algum grau de ameaça nacional (MMA, 2014) e/ou global (IUCN, 2014). São elas:

Agamia agami (garça-da-mata), segundo a IUCN é uma espécie considerada

“Vulnerável” a nível global, embora não conste na lista brasileira de espécies ameaçadas.

A garça-da-mata vive solitária em beiras de córregos e lagos no interior de floresta e em manguezais, onde se alimenta de peixes, podendo formar pequenas colônias durante o período reprodutivo. Coloca dois ovos a cada ciclo. (Stotz et al., 1996).

Calidris canutus (maçarico-do-peito-vermelho) classificado como ”Criticamente em Perigo”. O maçarico-do-peito- vermelho é uma ave migratória que habita zonas estuarinas de solo macio, como as praias, onde formam enormes bandos. Migram entre os hemisférios norte (sítio de nidificação) e sul. Sua alimentação inclui invertebrados, moluscos, poliquetas, ovos do caranguejo-ferradura, dentre outros organismos intermareais (Morrison et al., 2004).

62

Calidris pusilla (maçarico-rasteirinho) classificado como “Em perigo”, no Brasil,

é uma ave limícola migratória que habita ambientes lamosos e zonas costeiras, onde se alimenta de insetos aquáticos e crustáceos. A região costeira no norte do Brasil é a principal área de invernagem da espécie no Brasil (Souza et al., 2008).

Charadrius wilsonia (batuíra-bicuda) classificada como ”Vulnerável”. A batuíra- bicuda é uma espécie migrante dos EUA e México. No Brasil habita praias, onde se alimenta de caranguejos e insetos. No país ocorre uma subespécie

C. w. brasiliensis, a qual nidifica em dunas com vegetação esparsa nas praias do

Amapá até o litoral da Bahia, colocando de 2 a 3 ovos por estação reprodutiva (Abril a

Novembro) (Rodrigues, 2007).

Limnodromus griseus (maçarico-de-costas-brancas) é considerado “Criticamente em Perigo”, migra anualmente da América do Norte, chega ao Brasil em meados de setembro e novembro, sendo encontrado em manguezais e praias lamosas (Rodrigues,

2007).

Procellaria aequinoctialis (pardela-preta) classificada como “Vulnerável”, de habitat pelágico, migra das ilhas subantárticas, onde nidificam, para latitudes menores, chegando regularmente às águas sul-brasileiras e, ocasionalmente, no nordeste e norte do

Brasil, em busca de alimento (Sick, 1997).

Thalassarche chlororhynchos (albatroz-de-nariz-amarelo) considerado ”Em

Perigo”, é estritamente pelágico, podendo em raras situações chegar até a costa, em geral animais debilitados. Ocorre no Atlântico Sul (entre a América do Sul e a África), nidificando nas ilhas do Arquipélago de Tristão da Cunha e Gough (Bugoni, 2008).

Thalasseus maximus (trinta-réis-real) considerado ”Em Perigo” é uma espécie restrita a ambientes costeiros marinhos. Alimenta-se no mar, mas pousa nas praias e ilhas

63 em pequenos bandos, onde se associa a outras espécies. No Brasil essa espécie se distribui ao longo de toda a costa (Sick, 1997).

Sterna dougallii (trinta-réis-róseo) é classificado como “Vulnerável”, migra do hemisfério norte e tem no Brasil uma importante área de invernagem, em especial no litoral da Bahia. Alimenta-se no mar e chega pouco até as praias para descansar e pernoitar

(Hays et al., 1999).

Sula sula (atobá-de-pé-vermelho) é considerado ”Em Perigo” no Brasil, reproduz apenas em Fernando de Noronha (Pernambuco). Há registros confirmados em alto mar no Suriname, e deduz-se que ocorra na área marinha ao largo da costa do Amapá, considerando a proximidade geográfica entre as áreas (Sick, 1997).

No que diz respeito à migração, dentre as espécies registradas para a área de estudo e tendo-se como base a lista do CBRO (2014), que elenca as espécies que migram para o

Brasil, 02 são consideradas vagantes do Norte (VN), 28 migrantes do Hemisfério Norte,

05 migrantes do Hemisfério Sul e 77 residentes (Figura 24).

Figura 24. Percentual de origem das espécies migratórias (n = 35 espécies no total), à esquerda, e proporção entre espécies migratórias e residentes (à direita), de um total de 112 espécies de ocorrência comprovada ou potencial para a área de estudo.

5,7% (Vagantes)

80,0% (Visitantes do Norte) 14,3% (Visitantes do Sul) Fonte: BP et al. (2015).

64

A reprodução das espécies residentes na costa norte do país tem seus picos nos meses de dezembro a fevereiro, durante a época chuvosa, quando as espécies podem colocar os ovos sobre a vegetação. Dessa forma eles ficam protegidos de predadores pela

água circundante. Além disso, nessa época também pode ocorrer maior oferta de alimento, suprindo, assim, os gastos energéticos durante o cuidado parental, especialmente nos primeiros meses de independência dos filhotes, período crítico para sua sobrevivência (Souza et al., 2008). Naiff et al. (2011), durante estudo sobre a biologia reprodutiva de Megaceryle torquata (martim-pescador-grande) no Amapá, relatou que a postura de ovos coincidiu com o início do período chuvoso, que se estende de dezembro a julho.

As aves migratórias que utilizam a área de estudo, reproduzem-se, predominantemente, na região neártica, chegando ao Brasil durante a primavera (outubro a dezembro), em busca de recurso alimentar. Salienta-se que, no país, não há sítios de nidificação de espécies costeiras migratórias, embora espécies deste grupo, como

Charadrius wilsonia, Charadrius collaris (família Charadriidae) e Haematopus palliatus

(família Haematopodidae) reproduzam ao longo da costa brasileira (Sick, 1997).

Diversos organismos pertencentes à avifauna vêm sendo utilizados como bioindicadores da qualidade dos ecossistemas. As aves, por serem predadores de topo da cadeia alimentar, tendem a acumular grandes concentrações de poluentes nos seus organismos, através dos processos de bioacumulação e biomagnificação. Por isso tornam- se táxons adequados para representar a saúde dos ambientes em que se encontram. Como exemplo pode-se citar as aves piscívoras em geral, em particular as garças, que são ótimos indicadores de poluição por metais, como o mercúrio, ou poluentes orgânicos, que bioacumulam ao longo da cadeia trófica. Outros organismos respondem rapidamente a distúrbios que afetam a qualidade dos habitats, como por exemplo, a presença humana.

65

Neste caso, podem-se citar as espécies Aramides cajaneus (Saracura- três-potes) e

Charadrius collaris (Batuíra-de-coleira), que apresentam alta sensibilidade a distúrbios de origem antrópica (Silva, 2009).

Abaixo são relatadas as áreas utilizadas pelas aves como áreas de concentração, alimentação e reprodução e que, por isso, podem ser consideradas áreas prioritárias para proteção desse grupo biológico.

Valente et al. (2011) menciona Calçoene – AP, como área de forrageio de grandes bandos de aves limícolas migratórias: Calidris alba, Calidris pusilla, Charadrius semipalmatus, Pluvialis squatarola, Arenaria interpres, Calidris canutus,Tringa melanoleuca; Ilha Parazinho – AP como ponto de parada, forrageamento e invernada de migrantes neárticos, especialmente entre os Charadriiformes (maçaricos); Estação

Ecológica Maracá-Jipióca (EEMJip) (Amapá/AP) como local de repouso e alimentação para espécies de aves de rapina, como Pandion haliaetus; aves limícolas como

Charadrius semipalmatus, Actitis macularius, Tringa melanoleuca, Arenaria interpres,

Calidris alba, Calidris pusilla; e aves marinhas costeiras como Leucophaeus atricilla,

Sternula antillarum, Sterna hirundo. As lagoas temporárias desta ESEC são importantes locais de alimentação para espécies que nidificam no continente e aproveitam para capturar peixes nas águas rasas, caso das espécies de aves aquáticas pernaltas Mycteria americana e Eudocimus ruber.

Nascimento (1998) também destaca a Ilha do Parazinho como sítio utilizado para mudas de penas de voo (rêmiges e retrizes) e de corpo, entre outubro e dezembro, das espécies de aves limícolas migratórias Pluvialis dominica, Charadrius semipalmatus,

Calidris pusilla, Tringa melanouleuca, Calidris minutilla, Charadrius collaris, Arenaria interpres, Actitis macularius, Calidris canutus, Calidris minutilla, Calidris alba.

66

Martins (2009) cita a APA do Rio Curiaú (Macapá/AP) como sendo importante para aves migrantes que a utilizam como sítio de invernada, para fins de alimentação, muda de penas e descanso para espécies de aves limícolas como Tringa solitaria

(Maçarico-solitário) e Pluvialis squatarola (Batuiruçu-de-axila-preta), além de local seguro para anseriformes, como a marreca Dendrocygna autumnalis (Asa-branca), realizarem suas mudas, engorda e reprodução. Também cita a utilização da área como sítio de reprodução da espécie de ave aquática pernalta Ardea alba (Garça-branca- grande), observada com plumagem nupcial durante o período de julho a agosto de 2009.

Carlos & Fedrizzi (2013) mencionam que a ave marinha costeira Sternulla antillarum

(Trinta-réis- miúdo) ocorre na costa do Amapá entre setembro e outubro, sendo proveniente das áreas de reprodução do Hemisfério Norte ou mesmo das colônias do norte do Brasil (Rodrigues et al., 2010).

Souza et al. (2008) ao se referirem ao Parque Nacional do Cabo de Orange-AP, o retratam como local de alimentação e parada, onde as aves irão realizar a troca de penas desgastadas e adquirir as reservas energéticas. Destacam-se, nessa região, as espécies de aves limícolas como Calidris alba, Calidris pusilla, Calidris canutus, Tringa flavipes,

Tringa melanoleuca, Pluvialis squatarola, Charadrius semipalmatus; aves de rapina como Pandion haliaetus e anseriformes como Anas discors. A área também é destacada como dormitório de aves aquáticas pernaltas como as garças (Ardea alba, Egretta thula,

Egretta caerulea), guarás (Eudocimus ruber) e colhereiros (Platalea ajaja), além de algumas cegonhas (Mycteria americana, Ciconia maguari e Jabiru mycteria). Abriga concentrações de anseriformes como patos e marrecas residentes, principalmente o irerê

(Dendrocygna viduata) e o pato-do-mato (Cairina moschata), os quais utilizam áreas adjacentes de campos alagáveis para realizarem as mudas em bloco das penas das asas, fenômeno conhecido como “desasagem”. É citado, ainda, como área de alimentação de

67 espécies de aves aquáticas pernaltas, como o flamingo (Phoenicopterus ruber), sendo um dos poucos locais de ocorrência de colônias reprodutivas da espécie em solo brasileiro. A gaivota-alegre (Leucophaeus atricilla), espécie de ave marinha costeira, é outra espécie migratória do Hemisfério Norte, comumente encontrada nas praias e áreas marinhas do

PNCO, muitas vezes acompanhando embarcações de pesca no litoral amapaense.

Campos (2008) refere-se à região norte da bacia amazônica como uma área onde as espécies de aves limícolas Pluvialis dominica, Charadrius semipalmatus, Calidris pusilla, Calidris minutilla e Tringa solitaria (batuiruçu, batuíra-de-bando, maçarico- rasteirinho, maçariquinho e maçarico-solitário respectivamente) ocorrem em maior número de indivíduos, de setembro a janeiro. Já a população de C. semipalmatus ocorre durante o ano todo, sendo constituída de indivíduos jovens ou que ainda não atingiram a idade reprodutiva.

Silva et al. (2014) ao se referirem à porção norte da bacia amazônica, destacam agrupamentos heteroespecíficos de Phalacrocorax brasilianus (biguá), ave aquática mergulhadora, com aves limícolas migratórias (Calidris minutilla, Pluvialis dominica,

Charadrius semipalmatus, Calidris pusilla, Tringa solitaria). Estes maçaricos utilizam a

área para alimentação e pouso, maximizando o esforço/tempo de alimentação ao descansarem próximo aos locais de forrageamento e em associação com outras espécies,

às quais oferecem proteção devido à vigilância.

Rodrigues et al. (2008) citam a praia de Goiabal – AP, como importante sítio de invernada da ave limícola Calidris pusilla.

Miño & Del Lama (2014) cita que a ave aquática pernalta, Platalea ajaja

(colhereiro), reproduz-se junto com outras espécies de aves dessa categoria, tais como

Mycteria americana e Ardea alba, porém referem-se somente à região norte do Amapá,

68 sem citar localidade específica no estado, onde suas amostras para análise genética foram coletadas.

Aguiar et al. (2010) se referem à REBIO do Lago Piratuba - AP como local de grupos grandes da ave aquática mergulhadora Eudocimus ruber (guará) (mais de 2.000 indivíduos), e de anseriformes como Dendrocygna autumnalis, com mais de 5.000 indivíduos nos campos herbáceos inundáveis e floresta de várzea sob influência de mar, para fins de alimentação. D. autumnalis também utiliza a área para nidificar. Além disso,

Rdrigues (2006), ao estudar essa área no estado do Amapá, a qualificou como local de parada e invernada para algumas espécies das famílias Charadriidae, Scolopacidae e

Laridae, como as aves limícolas Calidris minutilla e Calidris pusilla.

As áreas consideradas prioritárias para a conservação de aves localizadas na área de estudo e seu entorno, segundo MMA (2007) são apresentadas na Tabela 4 e ilustradas na Figura 25.

Tabela 4. Áreas Prioritárias para Conservação de Aves localizadas na área de estudo e seu entorno. Nome Importância/Prioridade Característica Remanescentes florestais, açaizais, recursos pesqueiros, potencial turístico, muitas aves Extremamente Alta/ AmZc239 (Ilhas de Belém) endêmicas*, abastecimento de alimentos (fruta, Extremamente Alta farinha, peixe, marisco), centro de endemismo de Belém**. Presença de tucuxi, várzea, igapó, ninhais. Obs: AmZc255 (PA-08) Alta/Muito Alta criação de RESEX em Marapani. AmZc290 (Ninhal de Extremamente Alta/Muito Reprodução de pássaros. Lontra) Alta Área limítrofe a REBIO do Lago Piratuba. Área AmZc316 (Ponta do Lago Extremamente Alta/ importante para pouso de aves migratórias. Piratuba) Extremamente Alta Pesca marinha e de água doce, caranguejo, camarão. Área de manguezal, berçário de ictiofauna, AmZc753 (RESEX Extremamente desova, aves migratórias, peixe-boi, possível Marinha Machadinho) Alta/Extremamente Alta área Ramsar. AmZc776 (ESEC de Florestas de várzea oceânica (ilha); aves Extremamente Alta/ Alta Maracá-Jipióca) migratórias; crustáceos. Floresta de várzea; terra firme manguezais; AmZc801 (PN do Cabo Extremamente Alta/ Alta espécies endêmicas, aves migratórias; espécies Orange) de peixe-boi marinho e fluvial.

69

* Apesar do MMA (2007) descrever a área prioritária AmZc 239 como um local de presença de espécies de aves endêmicas, não foram encontrados registros científicos que fornecessem informações sobre endemismos de aves aquáticas. ** O centro de endemismo de Belém abrange 147 municípios nos estados do Pará e Maranhão e agrupa a maioria das aves ameaçadas de extinção da Amazônia. Destaca-se, porém, que até o ano de 2010 cerca de 67% dessa área já havia sido desmatada. (Almeida & Vieira, 2010; SEMAS, 2012). Fonte: MMA (2007). Figura 25. Mapa ilustrando as áreas consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade no que se refere a aves, nas zonas costeira e marinha da Foz do Amazonas. Fonte: MMA, 2007.

4.2.6. Mamíferos marinhos

Na região de estudo é confirmada a presença de 17 espécies de cetáceos, com outras 4 apresentando ocorrência provável (Tabela 6). Entre os odontocetos, aqueles com ocorrência confirmada são: Sotalia guianensis (boto-cinza), Sotalia fluviatilis (tucuxi),

Inia geoffrensis (boto-vermelho), Steno bredanensis (golfinho-de-dentes-rugosos),

Tursiops truncatus (golfinho-nariz-de-garrafa), Stenella frontalis (Golfinho-pintado-do-

Atlântico), Stenella attenuata (golfinho-pintado-pantropical), Stenella longirostris

(golfinho-rotador), Stenella clymene (golfinho-de-clymene), Peponocephala electra

(golfinho-cabeça-de- melão), Pseudorca crassidens (falsa-orca), Orcinus orca (orca),

70

Globicephala macrorhynchus (baleia-piloto- de-peitorais-curtas), Grampus griseus

(golfinho-de-risso) e Physeter macrocephalus (cachalote).

Já os odontocetos com ocorrência provável são Delphinus delphis (golfinho- comum) e Delphinus capensis (golfinho-comum-de-bico-longo). Apesar dessas espécies não apresentarem ocorrência confirmada na área de estudo, registros de encalhes de indivíduos no município de Maracanã (Pará), sugerem que elas podem ocorrer, também, na área de estudo (Siciliano et al., 2008, Rodrigues et al., 2010).

Entre os misticetos presentes na área de estudo, aqueles com ocorrência confirmada são: Balaenoptera edeni (baleia-de-Bryde) e Balaenoptera physalus (baleia- fin) (Spectrum/Everest, 2012, 2014).

Registros de encalhes de Balaenoptera bonaerensis (baleia-minke-Antártica) em pontos distintos do estado do Pará (Curuçá e Viseu) sugerem que a espécie pode também ocorrer na área de estudo. O mesmo ocorre com a baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) que, apesar de não ter registros confirmados na área de estudo, apresenta registros de encalhe no município de Quatipuru (Pará), localizado a sudeste da área de estudo (Siciliano et al. 2008; Pretto et al., 2009, Arcoverde et al. 2010b). Isto faz com que estas duas espécies possam ser consideradas como de "ocorrência provável" na região.

Na Tabela 5 é possível encontrar informações acerca da origem das espécies (se é residente ou migrante do norte ou do sul) presentes ou de ocorrência provável na Área de

Estudo, seu período de reprodução e seu status de conservação nacional (MMA, 2014) e mundial (IUCN, 2014). Destaca-se que apesar de haver registros de espécies migratórias na área de estudo, não são conhecidas rotas de deslocamento das mesmas na região.

Entre as espécies levantadas para a área de estudo destacam-se o boto-cinza

(Sotalia guianensis), o boto- vermelho (Inia geofrensis), a cachalote (Physeter

71 macrocephalus) e a baleia-fin (Balaenoptera physalus), por serem consideradas espécies ameaçadas de extinção em alguma esfera. A cachalote e a baleia-fin encontram-se ameaçadas de extinção a nível nacional e global, enquadrando-se na mesma categoria de ameaça nas duas esferas (“Vulnerável” e “Em perigo” respectivamente). Já o boto-cinza e o boto-vermelho encontram-se ameaçados apenas no Brasil, sendo o primeiro classificado como “Vulnerável” e o último como “Em perigo” (MMA, 2014; IUCN,

2014).

A Figura 26 mostra os registros efetuados na costa norte amazônica durante três campanhas de sísmica realizadas na região, entre os meses de março e junho de 2002, abril e novembro de 2012 e janeiro e outubro de 2014 (BP Energy/Analytical Solutions

S.A., 2002; Spectrum/Everest, 2012; 2014), onde apenas espécies de odontocetos foram identificadas. Destaca-se que a área monitorada encontra- se afastada da costa, razão pela qual não houve registro de espécies estritamente costeiras.

72

Figura 26. Distribuição de espécies de cetáceos com ocorrência confirmada para a área de estudo. Fonte: BP et al. (2015), modificado de BP Energy/Analytical Solutions S.A., 2002; Spectrum/Everest, 2012; 2014.

73

Tabela 5. Cetáceos com ocorrência provável e confirmada na região de estudo, suas características ecológicas mais relevantes e status de conservação nacional e global.

Status de Conservação Área de Período de Subordem Nome Científico Nome Comum Ocorrência Origem IUCN Ocorrência reprodução MMA (2014) (2014) Família Delphinidae Águas costeiras entre Honduras Sotalia guianensis Boto, boto-cinza C R Ano todo DD VU (América Central) e Florianópolis (SC) Sotalia fluviatilis Tucuxi Águas fluviais C R Agosto a Novembro DD Não ameaçado Águas fluviais e Boto-vermelho, Inia geoffrensis ambientes fluvio- C R Maio a Setembro DD EN boto-rosa marinhos Águas costeiras tropicais, Golfinho-de-dentes- Steno bredanensis subtropicais e C R Ano todo LC Não ameaçado rugosos Odontoceti temperadas quentes de todos os oceanos Águas oceânicas e Golfinho-flíper, costeiras, podendo Tursiops truncatus golfinho-nariz-de- C R Ano todo LC Não ameaçado penetrar estuários e garrafa rios Águas costeiras e Golfinho- ocasionalmente Stenella frontalis pintado- do- oceânicas, tropicais e C R Ano todo DD Não ameaçado Atlântico temperadas do oceano Atlântico Golfinho-pintado- Stenella attenuata Águas oceânicas C R Ano todo LC Não ameaçado pantropical Stenella longirostris Golfinho-rotador Águas oceânicas C R Ano todo DD Não ameaçado

74

Golfinho-de- Stenella clymene Águas oceânicas C R Ano todo DD Não ameaçado clymene Delphinus delphis Golfinho-comum Águas oceânicas P R Ano todo LC Não ameaçado Golfinho-comum- Delphinus capensis Águas oceânicas P R Ano todo DD Não ameaçado de-bico-longo Peponocephala Golfinho-cabeça- Águas oceânicas C R Agosto a Outubro LC Não ameaçado electra de-melão tropicais Pseudorca Falsa-orca Águas oceânicas C R Ano todo DD Não ameaçado crassidens Águas costeiras e Orcinus orca Orca C R Ano todo DD Não ameaçado oceânicas Globicephala Baleia-piloto-de- Águas oceânicas C R Ano todo DD Não ameaçado macrorhynchus peitorais-curtas tropicais Grampus griseus Golfinho-de-Risso Águas oceânicas C R Ano todo LC Não ameaçado

Família Physeteridae Physeter Primavera em ambos Cachalote Águas oceânicas C R VU VU macrocephalus os hemisférios Misticeti Família Balaenopteridae Águas costeiras e Balaenoptera edeni Baleia-de-Bryde C DI Maio a Outubro DD Não ameaçado oceânicas Balaenoptera Baleia-minke- Águas oceânicas do P MS DI DD Não ameaçado bonaerensis Antártica hemisfério sul Megaptera Águas costeiras e Baleia-jubarte P MS Junho a Novembro LC Não ameaçado novaeangliae oceânicas Balaenoptera Baleia-fin Águas oceânicas C MS Julho a Setembro EN EN physalus Fonte: Bryden et al, 1977, Zerbini et al. (2002), Lucena, 2006, Siciliano et al. (2006; 2008), Rodrigues et al., 2010, Spectrum/Everest (2012, 2014), BP Energy/ Analytical Solutions S.A., 2002; Pretto et al. (2009), Arcoverde et al. (2010b); Marinebio, 2015. Status de Conservação: EN (Em perigo) - “Endangered” - Risco muito alto de extinção na natureza em futuro próximo. VU (Vulnerável) – “Vulnerable” - Alto risco de extinção na natureza em médio prazo. LC (Pouco preocupante) - “Least Concern” - Quando a espécie, tendo sido avaliada, não se enquadra nas categorias acima. DD (Dados Insuficientes) – “Data Deficient” – Quando não existem dados suficientes para se definir uma característica de risco de extinção para a espécie. Ocorrência: C – Ocorrência Confirmada P – Ocorrência Provável; Origem: R – Residente, DI – Dados Insuficientes MS – Migrante do Sul, Período de reprodução: DI – Dados Insuficientes

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Nesses três levantamentos foram realizados 87 registros, divididos entre 11 espécies de odontocetos, conforme Tabela 6. Durante a campanha realizada em 2014, a maior taxa de encontro com grupos de cetáceos ocorreu no mês de julho. Nessa campanha as avistagens ocorreram em profundidade mínima de 115 m e máxima de 3194 m. Somente uma avistagem ocorreu na profundidade de 39 m (Stenella attenuata), durante o deslocamento do navio para o porto, ao término da atividade (Spectrum/Everest, 2014).

Durante essa campanha foram observados comportamentos de forrageamento, deslocamentos lentos, médios e rápidos; borrifos; exposição da nadadeira peitoral, caudal e dorsal; golpe da nadadeira e da cabeça na superfície; saltos parciais e totais; repouso; indiferença; fuga/evitação; aumento do comportamento aéreo; aumento do tempo de mergulho; mergulho; nado na superfície e, ainda, nado na ondulação gerada pelo navio

(bowriding) (Spectrum/Everest, 2012).

Tabela 6. Cetáceos registrados em águas oceânicas da região da Bacia da Foz do Amazonas durante as campanhas de sísmica realizadas em 2002, 2012 e 2014.

Nome Científico Nome Comum Nº de registros

Steno bredanensis Golfinho-de-dentes-rugosos 03 Tursiops truncatus Golfinho-flíper, golfinho-nariz-de- garrafa 30 Stenella frontalis Golfinho-pintado-do-Atlântico 01 Stenella attenuata Golfinho-pintado-pantropical 14 Stenella longirostris Golfinho-rotador 15 Stenella clymene Golfinho-de-clymene 01 Peponocephala electra Golfinho-cabeça-de-melão 03 Pseudorca crassidens Falsa-orca 02 Orcinus orca Orca 01 Globicephala macrorhynchus Baleia-piloto-de-peitorais-curtas 16 Physeter macrocephalus Cachalote 01

As áreas consideradas prioritárias para a conservação de cetáceos na área de estudo e seu entorno, de acordo com MMA (2007), são apresentadas na Tabela 7 e ilustradas na

Figura 27. Ressalta-se que a Tabela 6 reproduz ipsis litteris as informações constantes das

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fichas de Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição dos

Benefícios da Biodiversidade Brasileira em MMA (2007) sendo que no presente documento encontram-se destacados, em negrito, os cetáceos presentes em cada área prioritária.

Tabela 7. Áreas Prioritárias para Conservação de Cetáceos presentes na área de estudo e seu entorno. Nome Importância/Prioridade Característica

Braço norte do Extremamente Peixe boi amazônico, boto. arquipélago de Marajó Alta/Extremamente Alta

Peixe-boi-amazônico, possível contato com a RESEX Foz do Rio Extremamente Alta/Muito espécie marinha-tucuxi, floresta de várzea, área de Amazonas Alta reprodução de piramutaba (Brachyplatystoma sp.) e outros peixes costeiros. Várzeas e igapós, extremo sudoeste Ilha Extremamente PA-04 Urucuricaia e Ilha Cojubá, ambientes de campos Alta/Extremamente Alta inundáveis, toda a região rica em açaizais, tucuxi. Presença de tucuxi, várzea, igapó, ninhais. Obs: PA-08 Alta/Muito Alta criação de RESEX em Marapani. RESEX Marinha de Extremamente Manguezal, espécies ameaçadas (onça, boto) Soure Alta/Extremamente Alta Fundos lamosos. Descarga do Amazonas com a presença de diversas espécies de água doce (piramutaba - Brachyplatystoma vaillantii e Plataforma do Amapá + Extremamente Alta/Muito dourada - Brachyplathystoma flavicans). Grande Golfão Marajoara Alta importância para a pesca. Grande diversidade de (novo polígono) organismos aquáticos. Oceanografia altamente dinâmica. Presença de mamíferos marinhos (Sotalia fluviatilis). Bancos de Areia Fluvial Pesqueiros de camarão marinho. Presença de (nome anetriro do blocos arrematados pela Petrobras nas rodadas 5 e Muito Alta/Muito Alta poligono: Golfão 6. Alta diversidade biológica. Atuns e afins. Rota Marajoara de cetáceos.

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Figura 27. Mapa com as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade que contemplam informações sobre cetáceos das zonas costeiras e marinhas da área de estudo (Foz do Amazonas). Fonte: MMA (2007)

4.3. Análises e Conclusões

Exatamente por sua importância biológica e ecológica, a região foi identificada com duas Áreas Ecológicas ou Biologicamente Significativa (“Ecologically or Biologically

Significant Areas”; EBSA, no processo conduzido pela Convenção de Diversidade

Biológica) (https://chm.cbd.int/database/record?documentID=200105), EBSAs 1 e 2 conforme Figura 28. No entanto a região da EBSA 1 permanece sem nenhum mecanismo de proteção e a região da EBSA 2 possui algumas UCs de Uso Sustentável e Proteção Integral.

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Figura 28. Áreas Ecológicas ou Biologicamente Significativas (“Ecologically or Biologically Significant Areas”; EBSA) brasileiras.

A região também foi considerada de importância muito alta e extremamente alta no processo de identificação de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade conduzido pelo MMA em 2007 (Figura 29) (MMA, 2007).

Figura 29. Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade. Fonte: MMA (2007)

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No âmbito do projeto GEF Mar, uma das áreas identificadas para a criação de UCs é a área da “Lixeira” (Figura 30), área que se localiza na Foz do Amazonas, formada por um banco lamoso de alta produtividade de camarão.

Figura 30. Área da Lixeira na Foz do Amazonas. Fonte: CEPNOR/ICMBio (2017)

No entanto, recentes estudos reafirmaram a existência de recifes na bacia da Foz do

Amazonas (Moura et al., 2016). Além de corais, ali vivem esponjas de mais de 2 metros de altura e algas calcárias (também chamadas de rodolitos) adaptadas às águas escuras da foz do Amazonas. Em vez de usarem a luz do sol, esses organismos usam compostos inorgânicos como o ferro, nitritos e o enxofre, para gerar a energia necessária para sobreviverem (Moura et al., 2016). Um ecossistema que abriga mais de 30 espécies de algas, 60 espécies de esponjas, 40 de corais, isso sem falar mais de 70 espécies peixes que dependem de recifes para se reproduzir e prosperar (Moura et al., 2016) (Figura 31).

80

Figura 31. À esquerda espécies de esponjas coletadas na Foz do Rio Amazonas: (A) Clathria nicoleae; (B) Oceanapia bartschi; (C) Agelas clathrodes; (D) Aplysina fulva; (E) Callyspongia vaginalis; (F) Monanchora arbuscula (attached to live and dead rhodoliths); (G) Geodia neptuni. À direira espécies de peixes de corais: (A) Xyrichtys splendens; (B) Sparisoma frondosum; (C) Halichoeres dimidiatus; (D) Chaetodon ocellatus; (E) Acanthostracion polygonius.

Um estudo mais recente ainda de Francini-Filho et al. (in press) registraram uma nova estimativa do tamanho do recife de 56.000 km2 numa profundidade de 70-200 m de profundidade; a alta complexidade e diversidade de habitats e espécies, ocorrência de um corredor de recife mesofótico contínuo que conecta SW Atlântico e Caribe ("ecotono biogeográfico") e a concentração de espécies de peixes e lagosta comercialmente importantes e ameaçados.

Segundo Francini-Filho et al. (in press), uma alta rotatividade de espécies foi observada dentro do recife, assim como entre o GARS e regiões adjacentes (ou seja, Caribe e as regiões N/NE do Brasil), e este padrão é plausivelmente explicado tanto pela heterogeneidade do habitat como pela formação de uma ecótono entre as duas províncias biogeográficas (Brasil e Caribe), com uma sobreposição clara da fauna.

81

A Figura 32 apresenta os dados inéditos de amostragens realizadas na região dos recifes da Foz do Amazonas mostrando a presença de espécies comerciais e algumas espécies ameaçadas (Francini-Filho et al., dados não publicados).

Figura 32. Espécies de peixes comerciais e ameaçadas presentes nos recifes da Foz do Amazonas. Fonte: Francini-Filho et al. (dados não publicados).

4.3.1. Espécies ameaçadas

Entendem-se como espécies ameaçadas, aquelas cujas populações e habitats estão desaparecendo rapidamente, de forma a colocá-las em risco de tornarem-se extintas.

Atualmente, as principais causas de extinção são a degradação e a fragmentação de ambientes naturais, causadas pela implantação de pastagens ou agricultura convencional, extrativismo desordenado, expansão urbana, ampliação da malha viária, poluição, incêndios florestais, formação de lagos para hidrelétricas e mineração de superfície. Além disso, a

82

introdução de espécies exóticas aparece também como importante causa para a extinção de espécies (MMA, 2015).

As espécies ameaçadas de extinção, quando identificadas como tal, são classificadas quanto ao grau de ameaça. Segundo a IUCN (2014), os graus de ameaça são:

i. (Não avaliada) – “Not Evaluated” – Quando a espécie não foi avaliada;

ii. DD (Falta de dados) – “Data Deficient” – Quando não existem informações

adequadas para uma avaliação dos riscos de extinção da espécie;

iii. LC (Pouco preocupante) – “Least Concern” – Quando a espécie, tendo sido

avaliada, não se enquadra em nenhum grau de ameaça;

iv. NT (Quase ameaçada) – “Near Threatened” – Quando a espécie, tendo sido

avaliada, não se enquadra nas categorias abaixo, porém está perto de ser

qualificado como ameaçado em um futuro próximo;

v. VU (Vulnerável) – “Vulnerable” – Quando a espécie apresenta alto risco de

extinção na natureza em médio prazo;

vi. EN (Em perigo) – “Endangered” – Quando a espécie apresenta risco muito

alto de extinção na natureza;

vii. CR (Criticamente em perigo) – “Critically Endangered” – Quando a espécie

apresenta risco extremamente alto de extinção na natureza;

viii. EW (Extinta na natureza) – “Extinct in the Wild” – Quando a espécie está

extinta na natureza, sendo encontrada apenas em cativeiro;

ix. EX (Extinta) – “Extinct” – Quando não existe dúvida de que o último

representante da espécie morreu.

O MMA (2014), por sua vez, segue um padrão de classificação dos graus de ameaça de extinção similar ao de IUCN (2014):

83

i. EX - Extinta

ii. EX (BR) - Extinta no Brasil, presente em outros países

iii. EW - Extinta na Natureza

iv. CR - Criticamente em Perigo

v. EN - Em Perigo

vi. VU - Vulnerável

A seguir apresenta-se um resumo das espécies com algum grau de ameaça de extinção encontradas na área de estudo de acordo com a BP et al. (2015).

A) Invertebrados bentônicos

Foram identificados 05 (cinco) invertebrados bentônicos considerados como ameaçados de extinção na área de estudo, 04 (quatro) estrelas-do-mar (Luidia senegalensis, Linckia guildingi, Oreaster reticulatus e Astropecten marginatus), todas classificadas como “Vulnerável” segundo o MMA (2014), além da anêmona- gigante

(Condylactis gigantea) classificada como “Em Perigo” pelo mesmo órgão. Nenhuma espécie presente na área de estudo teve sua ameaça avaliada a nível global pela IUCN

(2014).

Além dessas, é importante destacar que algumas espécies são consideradas como sobreexploradas ou ameaçadas de sobreexplotação, quais sejam: Farfantepenaeus subtilis e F. brasiliensis (camarão-rosa) e Panulirus argus (lagosta vermelha).

B) Sirênios

As duas espécies de sirênios encontradas na área de estudo, o peixe-boi-marinho

(Trichechus manatus) e o peixe-boi-amazônico (Trichechus inunguis), são consideradas ameaçadas de extinção tanto para o Brasil, quanto para o restante do mundo. No Brasil o

84

peixe-boi-marinho é considerado “Em perigo” e o peixe-boi-amazônico é considerado

“Vulnerável” (MMA, 2014). Para o restante do mundo as duas espécies são consideradas

“Vulneráveis” (IUCN, 2014).

C) Cetáceos

São descritas 04 (quatro) espécies ameaçadas de extinção para a área de estudo: cachalote (Physeter macrocephalus), baleia-fin (Balaenoptera physalus), boto-cinza

(Sotalia guianensis) e boto-vermelho (Inia geoffrensis). A cachalote e a baleia-fin encontram-se ameaçadas de extinção a nível nacional e global, enquadrando-se na mesma categoria de ameaça nas duas esferas (“Vulnerável” e “Em perigo” respectivamente). Já o boto-cinza e o boto-vermelho encontram-se ameaçados apenas no Brasil, sendo o primeiro classificado como “Vulnerável” e o último como “Em perigo” (MMA, 2014; IUCN, 2014).

D) Tartarugas marinhas

Todas as cinco espécies de tartarugas marinhas presentes na área de estudo são referidas em listas nacionais e internacionais de espécies ameaçadas de extinção (MMA,

2014; IUCN, 2014). No Brasil, a espécie Chelonia mydas (Tartaruga-verde) é considerada

“Vulnerável”, as espécies Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) e Lepidochelys olivacea

(Tartaruga-oliva) são consideradas “Em perigo” (EN- risco muito alto de extinção na natureza) e Eretmochelys imbricata (tartarguga-de-pente) e Dermochelys coriacea

(tartaruga-de-couro) são consideradas “Criticamente em perigo” (CR - Risco extremamente alto de extinção na natureza em futuro imediato) (MMA, 2014).

Já no cenário mundial, as tartarugas oliva e de couro são consideradas “Vulneráveis”

(VU), as tartarugas cabeçuda e verde são consideradas “Em perigo” (EN) e a tartaruga-de- pente é considerada “Criticamente em perigo” (CR).

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E) Aves marinhas

Dez espécies de aves encontradas na área de estudo são consideradas ameaçadas de extinção, seja no Brasil (MMA, 2014) ou no restante do mundo (IUCN, 2014). No Brasil as espécies Charadrius wilsonia (batuírabicuda), Procellaria aequinoctialis (pardela-preta) e

Sterna dougallii (trinta-réis-róseo) são classificadas como “Vulneráveis”, com risco alto de extinção na natureza; as espécies Calidris pusilla (maçarico-rasteirinho), Thalassarche chlororhyncos (albatroz-de-nariz-amarelo), Thalasseus maximus (trinta-réis-real) e Sula sula (atobá-do-pé-vermelho) são consideradas “Em perigo”, com risco muito alto de extinção na natureza em futuro próximo; e as espécies Calidris canutus (maçarico-do-peito- vermelho) e Limnodromus griseus (maçarico-de-costas-brancas) são classificadas como

“Criticamente em Perigo”, com risco extremamente alto de extinção na natureza. Por fim, a espécie Agamia agami (Garça-da-mata), também presente na área de estudo, é considerada

“Vulnerável” apenas a nível global, não estando presente na lista de espécies ameaçadas do

Brasil.

A pardela-preta e o albatroz-de-nariz-amarelo também se encontram ameaçados de extinção na esfera mundial (IUCN, 2014), sendo enquadrados nas categorias “Vulnerável” e “Em Perigo” respectivamente. É válido ressaltar, ainda, que o maçarico-rasteirinho, embora não seja considerado ameaçado globalmente, é classificado como “Quase ameaçado”.

Apesar de não serem consideradas ameaçadas de extinção a nível global, as espécies

Zebrilus undulatus (Socoí-zigue-zague), Buteogallus aequinoctialis (Caranguejeiro) e

Calidris pusilla (Maçarico-rasteirinho) são consideradas “Quase ameaçadas” nessa esfera.

F) Ictiofauna

86

Para as espécies da ictiofauna registradas para a área de estudo, foram identificadas

12 espécies ameaçadas para o Brasil (MMA, 2014), sendo 05 (cinco) delas classificadas como “Vulneráveis” (VU), uma como “Em perigo” (EN) e seis como “Criticamente em

Perigo” (CR).

No cenário global o número de espécies ameaçadas cai para 10. Entre essas, 06 (seis) são classificadas como “Vulneráveis” (VU), 01 (uma) como “Em perigo” (EN) e 03 (três) como “Criticamente ameaçadas” (CR). Destaca-se, ainda, que 07 (sete) espécies são consideradas “Quase Ameaçadas”, podendo se tornar ameaçadas de extinção em um futuro próximo (IUCN, 2014) (Tabela 8).

Tabela 8. Espécies da ictiofauna registradas para a área de estudo e seus status de conservação nacional e internacional.

IUCN MM Família Gênero Espécie Nome vulgar 2014 A 2014 C. falciformes Tubarão lombo preto NT NA

C. leucas Cabeça chata NT NA

Cação NT NA Carcharhinus C. limbatus Carcharhinidae C. longimanus Tubarão estrangeiro VU VU C. porosus Cação - CR Isogomphodon I. oxyrhynchus Cação bico de pato CR CR Prionace P. glauca Tubarão azul NT NA S. lewini Cação martelo EN CR Sphyrnidae Sphyrna S. tiburo Cação rodela - CR S. tudes Cação rodela, martelo VU CR Megalopidae Megalops M. atlanticus Pirapema, camurupim VU VU Kajikia K. albida Marlim branco VU VU Istiophoridae Makaira M. nigricans Marlim azul VU EN Lutjanidae Lutjanus L. purpureus Pargo - VU T. alalunga Albacora branca NT NA Thunnus T. albacares Albacora lage NT NA T. obesus Albacora bandolim VU NA Serranidae Epinephelus E. itajara Mero CR CR Pristidae Pristis P. pectinata Peixe serra CR NA Ariidae Sciades S. parkeri Gurijuba NT VU NT (Quase ameaçada) – “Near Threatened”; VUVulnerável) – “Vulnerable” EN (Em perigo) – “Endangered”; CR (Criticamente em perigo) – “Critically Endangered”. Fonte: BP et al. (2015)

87

No Brasil, as espécies proibidas de serem capturadas, ou seja, consideradas ameaçadas de extinção estão listadas na IN Nº 05, de 21 de maio de 2004 publicadas pelo

MMA, a única exceção existente na referida Instrução, são as autorizações especiais emitidas pelo IBAMA pra fins científicos.

Além das espécies ameaçadas de extinção, devem-se considerar também as espécies sobreexplotadas e as ameaçadas de sobreexplotação conforme citado no artigo 2º da IN citada acima: “Art. 2º Entende-se por espécies: ... II - sobreexplotadas: aquelas cuja condição de captura de uma ou todas as classes de idade em uma população são tão elevadas que reduz a biomassa, o potencial de desova e as capturas no futuro, a níveis inferiores aos de segurança; III - ameaçadas de sobreexplotação: aquelas cujo nível de explotação encontra-se próximo ao de sobreexplotação” (MMA, 2004).

Segundo o MMA (2004), são 14 as espécies identificadas e classificadas como

“sobreexplotadas” ou “ameaçadas de sobreexplotação na área de estudo, são elas:

Carcharhinus longimanus (tubarão estrangeiro), C. porosus (cação), Isogomphodon oxyrhynchus (cação bico de pato), Prionace glauca (tubarão azul), Sphyrna lewini (cação- martelo), S. tiburo (cação rodela), Lutjanus purpureus (pargo), Mugil liza (tainha),

Macrodon ancylodon (pescada-gó), Micropogonias furnieri (corvina), Epinephelus itajara

(mero), Pristis perotteti e P. pectinata (peixe serra), e Brachyplatystoma vaillantii

(piramutaba).

4.3.2. Considerações Finais

Dentre as espécies pertencentes aos grupos faunísticos já avaliados, é possível concluir que todas as espécies levantadas no presente documento, com ocorrência presumida ou confirmada para a área de estudo: sirênios, cetáceos, tartarugas, aves aquáticas, ictiofauna e invertebrados bentônicos, constam nas listas nacionais nas categorias “Vulnerável”, “Em Perigo” e “Criticamente em Perigo”. Destaca-se ainda que o MMA não apresenta uma

88

categoria “Quase Ameaçada”, com isso, as 12 espécies assim classificadas foram avaliadas dentro do contexto mundial (MMA, 2014), conforme consta na Figura 33.

Figura 33. Número de espécies na área de estudo com algum grau de ameaça no Brasil e no mundo. Fonte: BP et al. (2015).

Além disso, Além disso, a contribuição de cada grupo faunístico para obtenção desse resultado é encontrado nas Figuras 34 e 35.

Figura 34. Contribuição de cada grupo faunístico para obtenção do resultado nacional de espécies consideradas ameaçadas de extinção na área de estudo. Fonte: BP et al. (2015).

89

Figura 35. Contribuição de cada grupo faunístico para obtenção do resultado internacional de espécies consideradas ameaçadas de extinção na área de estudo. Fonte: BP et al. (2015)

As figuras 36, 37 e 38 ilustram as áreas prioritárias para conservação de quelônios, aves e mamíferos aquáticos ameaçados, respectivamente, a partir dos dados do ICMBio de avaçiação da espécies ameaçadas de 2015, sobrepostas ás áreas dos recifes e da lixeira.

Figura 36. Área de distribuição de tartarugas marinhas ameaçados na Foz do Amazonas.

90

Figura 37. Área de distribuição de aves aquáticas amaeaçadas na Foz do Amazonas.

Figura 38. Área de distribuição de mamíferos aquáticos ameaçados na Foz do Amazonas.

91

Como pode ser observado nas figuras apresentadas, existem espécies de peixes comerciais e ameaçados na região dos recifes e uma pequena sobreposição com a área da lixeira para o boto Sotalia guianensis, peixe-boi marinho Trichechus manatus e a tartaruga- cabeçuda Caretta caretta.

Contudo, tanto na região dos recifes como na área da lixeira existem atividade pesqueira cuja caracterização e descrição da pressão de pesca será detalhada no Produto 6.

Um aspecto também a se considerar é a importância fundamental de se proteger a região do Cone do Amazonas cuja pluma de água doce oriunda do Rio Amazonas contribui para a produção primária, sequestro de carbono, fixação de N2 e consequentes processos ecológicos.

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