ANAIS - VOLUME II Processo de Construção e as Etapas da Conae Presidência da República
Ministério da Educação
Secretaria Executiva
Secretaria Executiva Adjunta – ANAIS –
Brasília, DF Março/2011 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) ______
Conferência Nacional de Educação (2010 : Brasília, DF). Anais da Conferência Nacional de Educação : Conae 2010 : Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação : o Plano Nacional de Educação, diretrizes e estratégias de ação. – Brasília : MEC, 2011. 2 v.
Conteúdo: v. 1. Documentos elaborados no processo da Conae. – v. 2. Processo de construção e as etapas da Conae.
1. Conferência de Educação. 2. Plano Nacional de Educação. 3. Qualidade da Educa- ção. I. Brasil. Ministério da Educação. II. Título.
CDU 37.014.5 ______Comissão Organizadora Nacional da Conferência Nacional de Educação (Conae) Coordenador Geral: Francisco das Chagas Fernandes
Secretaria Execu va Adjunta − SEA Conselho Nacional de Educação − CNE Titular: Arlindo Cavalcan Queiroz Titular: Maria Izabel Azevedo Noronha Suplente: Paulo Egon Wiederkehr Suplente: Antônio Carlos Caruso Ronca
Secretaria de Educação Básica − SEB Associação Nacional dos Dirigentes de Ins tui- Titular: Carlos Artexes Simões ções Federais de Ensino Superior − Andifes Suplente: Edna Mar ns Borges Titular: Alan Kardec Mar ns Barbiero Suplente: Gustavo Henrique de Sousa Balduino Secretaria de Educação Superior − Sesu Titular: Renata Perez Dantas Associação Brasileira dos Reitores das Universida- Suplente: João Guilherme Lima Granja Xavier da des Estaduais e Municipais − Abruem Silva Titular: Mário Luiz Neves de Azevedo Suplente: Janete Gomes Barreto Paiva Secretaria de Educação Especial − Seesp Titular: Mar nha Clarete Dutra dos Santos Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Suplente: Sinara Pollon Zardo Ensino − Confenen Titular: Arnaldo Cardoso Freire Secretaria de Educação a Distância − Seed Suplente: Olmira Bernadete Dassoler 3 Titular: Carlos Eduardo Bielschowsky Suplente: Alvana Maria Bof Associação Brasileira das Universidades Comuni- tárias − Abruc Secretaria de Educação Profi ssional e Tecnológica Titular: Marcelo Ferreira Lourenço − Setec Titular: Marcelo Minghelli Suplente: Luiz Siveres Suplente: Patrícia Barcelos Conselho Nacional das Ins tuições da Rede Fede- Secretaria de Educação Con nuada, Alfabe zação ral de Educação Profi ssional, Cien fi ca e Tecnoló- e Diversidade − Secad gica − Conif Titular: Armênio Bello Schmidt Titular: Paulo Eduardo Grischke Suplente: Leandro da Costa Fialho Suplente: Jair Jonko Araújo
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Se- Conselho Nacional de Secretários de Educação − nado − CEC Consed Titular: Fá ma Cleide Rodrigues da Silva Titular: Milca Severino Pereira Suplente: Cristovam Ricardo Cavalcan Buarque Suplente: Tereza Cris na Porto Xavier
Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos União Nacional dos Dirigentes Municipais de Edu- Deputados − CEC cação − Undime Titular: Carlos Augusto Abicalil Titular: Leocádia Maria da Hora Neta Suplente: Nilmar Galvino Ruiz Suplente: Carlos Eduardo Sanches Confederação Nacional dos Trabalhadores em Edu- Confederação Nacional das Associações de Pais e Alu- cação − CNTE nos − Confenapa Titular: Heleno Manoel Gomes de Araújo Filho Titular: Iedyr Gelape Bambirra Suplente: Denílson Bento da Costa Suplente: Pedro Trindade Barreto
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Esta- Representação da Comunidade Cien fi ca belecimentos de Ensino − Contee Titular: Nelson Maculan Filho − SBPC Titular: José Thadeu Rodrigues de Almeida Suplente: Paulo Figueiredo Lima − SBPC Suplente: Cris na Aparecida de Castro Representação Social do Campo Federação de Sindicatos de Trabalhadores de Uni- Titular: Antônia Vanderlúcia de Oliveira Simplício − MST versidades Brasileiras − Fasubra Suplente: Eliene Novaes Rocha − Contag Titular: Rosângela Gomes Soares da Costa Suplente: Janine Vieira Teixeira Movimentos de Afi rmação da Diversidade Titular: Raimundo Jorge do Nascimento de Jesus − Fórum de Professores das Ins tuições Federais de Neab/UFPA Ensino Superior − Proifes Suplente: Antônio Carlos Malachias − Ceert Titular: Helder Machado Passos Suplente: Paulo Roberto Haidamus de Oliveira Bastos Movimentos em Defesa da Educação Titular: Daniel Tojeira Cara − Campanha Nacional pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Edu- Direito à Educação 4 cação Profi ssional − Sinasefe Suplente: Mozart Neves Ramos − Movimento Todos Titular: José de Araújo Pereira pela Educação Suplente: Ricardo Scoopel Velho En dades de Estudos e Pesquisa em Educação Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educa- Titular: Márcia Ângela da Silva Aguiar − ANPEd ção − FNCEE Suplente: Iria Brzezinski − Anfope Titular: Aguinaldo Garrido Suplente: José Reinaldo Antunes Carneiro Centrais Sindicais dos Trabalhadores Titular: José Celes no Lourenço − CUT União Nacional dos Conselhos Municipais de Educa- Suplente: Antônio Bi encourt Filho − UGT ção − UNCME Titular: Maria Ieda Nogueira Confederação dos Empresários e do Sistema “S” Suplente: Paulo Eduardo dos Santos Titular: Regina Maria de Fá ma Torres − CNI Suplente: Léa Maria Sussekind Viveiros de Castro − União Brasileira dos Estudantes Secundaristas − Ubes CNC Titular: Gabrielle D’Almeida Gonçalves Suplente: Ana Le cia Oliveira Barbosa Equipe de Assessoria da Comissão Especial de Dinâmi- ca e Sistematização União Nacional dos Estudantes − UNE Genuíno Bordignon − MEC/Unesco Clodoaldo José de Almeida Souza − MEC/SEB Titular: Tiago Augusto da Silva Ventura Lêda Maria Gomes − MEC/SEA Suplente: Daniel Iliescu Maria Ricardina Sobrinho de Almeida − MEC/Unesco Equipe de Consultores da Comissão Especial de Dinâmi- ca e Sistema zação João Ferreira de Oliveira − UFG Luiz Fernandes Dourado −UFG 1. Apresentação Nilma Lino Gomes − UFMG Regina Vinhaes Gracindo − UnB
Equipe da Secretaria Execu va Adjunta/MEC Adriana Lopes Cardozo Andréia Couto Ribeiro Cín a Larissa Braga Albino Claudivan Correia Coelho − Consultor MEC/Unesco Daniel Guilherme Galvão Santos Daniel Otávio Machado Rodovalho Fabiana Feijó de Oliveira Bap stucci Glorineide Pereira Sousa Josylene Soares Lima Lidyane Araújo Barros Lindaura Olina Dourado de Moura Lucimar Pedrosa dos Santos Luyde Araújo Barros Patrícia de Araújo Mariz Renato da Silva Cabral Sulamita da Silva do Bomfi m Vânia Lavoura Lopes Walmir Amaral da Silva Wesley Carvalho Praxedes 5 Equipe de Desenvolvimento do Sistema de Relatoria − Co- nae Bruno Rafael de Castro Guaitanele − DTI/MEC Fagner Alves Ernesto − DTI/MEC Maurício Hildebrand − DTI/MEC Nádia Mara Silva Leitão − MEC/Unesco
Equipe de Apoio Cleice Maria Mar ns Medeiros − Senado Federal Danubia Régia da Costa − MEC/Setec José Ronald Pinto − Senado Federal Maria de Lourdes Rodrigues da Silva − CNE Raimundo Nonato Silva Damasceno Júnior − Senado Federal
Organização e Elaboração dos Relatórios dos Anais - Rosiver Pavan
Colaboração - Lêda Gomes
Revisão - Erika Nakahata
Diagramação - Karine Brito dos Santos 6 Sumário
Apresentação ...... 9
1. O Processo de Construção e as Etapas Municipais, Estaduais e Nacional da Conae ...... 13
2. Repercussão na Mídia ...... 237
3. Diário da Comissão Especial de Dinâmica e Sistematização - Ceds ...... 243
4. Professor Francisco das Chagas Fernandes: 7 Passagens da Vida ...... 263
5. Participantes da Conae ...... 267
6. Os/as Palestrantes ...... 321 8 Apresentação
CONSTRUINDO O SISTEMA NACIONAL ARTICULADO DE EDUCAÇÃO O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
O conjunto de textos e documentos aqui apresentados ria, e para todos os que se interessam pela educação refere-se às deliberações e aos anais da Conferência em nosso país, tendo em vista que o conjunto de tex- Nacional de Educação – Conae 2010, que teve como tos e deliberações refl etem o acúmulo da sociedade tema central: “Construindo o Sistema Nacional Ar cu- na elaboração de diretrizes para as polí cas públicas lado de Educação”. educacionais, especialmente no que toca à diretriz fundamental: a construção de um Sistema Nacional Iniciamos os anais (volume I) com o Documento-Final, de Educação que ar cule todas as esferas de governo, resultado das discussões ocorridas em todo o país, nos União, estados, Distrito Federal e municípios, para im- municípios, estados e nas conferências livres, pois elas plementar uma educação de qualidade para todos os representam a síntese dos debates ocorridos na etapa cidadãos e todas as cidadãs de nosso país, valorizando nacional e expressam a visão de polí ca educacional a diversidade e superando as desigualdades. que os par cipantes desejam que se transformem em polí cas públicas de Estado já a par r do novo Plano Temos a certeza de que estamos tornando disponível Nacional de Educação – PNE, para o período de 2011 não só um documento histórico, que registra um mo- a 2020. mento histórico da educação brasileira, mas um docu- mento que fará história, pois os desdobramentos das Para chegarmos a esse documento, houve um proces- resoluções da Conae no novo PNE marcarão o início so de elaboração que se iniciou com uma ampla dis- de um novo período na história da educação nacional. cussão na Comissão Organizadora e resultou no Do- cumento-Referência. Esse documento foi amplamente Agradecemos às Comissões Estaduais e Municipais e deba do nas Conferências Municipais e Estaduais, que a todos/as aqueles/as que contribuíram para o êxito apresentaram sugestões na forma de emendas e, a par- desse processo e resultado, com a certeza de que este r desse conjunto, foi elaborado o Documento-Base, documento retrata essa importante conquista demo- 11 ou seja, um novo documento, síntese das diversas crá ca da sociedade brasileira. contribuições. Foi em torno desse documento que ocorreram as discussões da etapa nacional. Nos anais, teremos a possibilidade de revisitar ou co- nhecer todos os textos e documentos apresentados Comissão Organizadora Nacional na etapa nacional, seja dos palestrantes do painel de abertura, seja daqueles dos colóquios, bem como re- latórios de todas as etapas que precederam a etapa nacional e dados gerais das a vidades desenvolvidas na preparação e no desenvolvimento da Conae. Professores, estudantes, gestores e dirigentes de orga- nizações da sociedade civil certamente vão querer, no futuro, ter acesso ao que foi esse momento histórico de realização da primeira Conae. Este material será de grande valia para eles. Mas não só para esse segmento é importante este registro. É importante também para todos os que se envolveram no processo, pois faz parte de sua memó- 12 1. O Processo de Construção e as Etapas Municipais, Estaduais e Nacional da CONAE
CONSTRUINDO O SISTEMA NACIONAL ARTICULADO DE EDUCAÇÃO O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
O Brasil também sediou o Fórum Mundial de Educa- I. Antecedentes ção Tecnológica que se realizou no período de 23 a 27 de novembro de 2009 em Brasília, o qual contou com a presença de 16 países e cerca de 15 mil par ci- 1 - As Conferências Setoriais pantes. Muitos dos temas tratados na Confetec foram objeto de discussão nesse Fórum e serviram também Não pretendemos aqui tratar das diversas conferên- para subsidiar a par cipação desse setor na Conae. cias de educação ocorridas ao longo da história. Abor- daremos as conferências e fóruns realizados no perío- A Conferência Nacional de Educação Escolar Indíge- do de 2006 a 2010: Conferência Nacional de Educação na (Coneei), organizada pelo MEC em parceria com o Profi ssional e Tecnológica (Confetec), Conferência Na- Conselho Nacional de Secretários de Educação (Con- cional de Educação Escolar Indígena (Coneei), Fórum sed) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), realizou- Nacional de Educação Superior (FNES) e Conferência -se em três etapas, no período de 16 a 20/11/09: con- Nacional de Educação Básica (Coneb). ferências nas comunidades educa vas, conferências regionais e a Conferência Nacional. Teve como tema Essas conferências organizaram-se a par r de deman- central “Construindo a gestão etnoterritorializada da das de movimentos sociais e setores da sociedade civil Educação Escolar Indígena”, dividido nos seguintes organizada, tendo sido incorporadas e subsidiadas pelo eixos temá cos: Educação escolar, territorialidade e Ministério da Educação (MEC) em parceria com outros autonomia dos povos indígenas; Prá cas pedagógicas órgãos de governo e/ou ins tuições da sociedade. indígenas; Polí cas, gestão e fi nanciamento da edu- cação escolar indígena; Par cipação e controle social; A Conferência Nacional de Educação Profi ssional e Tec- Diretrizes para a educação escolar indígena. O tema 15 nológica (Confetec), ocorrida no período de 5 a 8 de central apontou um dos principais problemas da edu- novembro de 2006, contou com 2.761 par cipantes, cação escolar indígena: o fato de muitos povos indí- entre delegados/as, convidados/as e observadores/as. genas ocuparem territórios que se sobrepõem a mu- nicípios e estados da Federação, estes com diferentes Organizada em cinco eixos temá cos − O papel da enfoques e polí cas educacionais e pedagógicas, o educação profi ssional e tecnológica no desenvolvi- que difi cultava a gestão etnoterritorializada, com re- mento nacional e nas polí cas de inclusão social; Fi- fl exos nega vos sobre a diversidade sociocultural e a nanciamento da educação profi ssional e tecnológica; preservação da cultura desses povos. A expecta va é, Manutenção e expansão; A organização ins tucional então, de que se trace um “novo desenho do regime e o papel das instâncias do governo e da sociedade de colaboração a par r da territorialidade dos povos civil; Estratégias operacionais de desenvolvimento indígena e, assim, se garanta a qualidade e efe vida- da educação profi ssional e tecnológica; A relação da de da educação intercultural indígena”. educação profi ssional e tecnológica com a universali- zação da educação básica −, a Confetec aprovou um É importante observar que o Documento-Referência conjunto de propostas com vistas a ampliar a oferta da Conae, em seu Eixo VI − Jus ça social, educação e de educação técnica e tecnológica de qualidade, con- trabalho: inclusão, diversidade e igualdade, incorpo- solidando sua relação com a educação básica, espe- rou o conjunto de proposições da Coneei. cialmente em ar culação ou integração com o ensino médio, propostas essas contempladas também no Ocorreu, em 2008, o Fórum Nacional de Educação Su- Documento-Referência da Conae. perior (FNES), de cujo texto-base destaca-se a preocu- pação em assegurar a educação superior como direi- Nacional Ar culado de Educação, pautado na discus- to humano e bem público social, posição adotada na são de cinco eixos temá cos: Desafi os da construção Conferência Mundial de Educação Superior realizada de um Sistema Nacional Ar culado de Educação; De- em 1998, em Paris. Porém, no ano de 2009, a Orga- mocra zação da gestão e qualidade social da educa- nização Mundial do Comércio incorpora a educação ção; Construção do regime de colaboração entre os sis- superior como um dos serviços que passariam a ser temas de ensino, tendo como um dos instrumentos o regulamentados no âmbito dos Acordos Gerais de Co- fi nanciamento da educação; Inclusão e diversidade na mércio e Serviços, proposta que já havia sido fortale- educação básica; Formação e valorização profi ssional. cida pela rodada Doha de 2001. É importante ressaltar que, para organizar a Coneb, foi cons tuída uma Comissão Nacional Organizadora Como se depreende, a Educação Superior tem sido que contemplava os vários poderes de Estado (Execu- “objeto” de disputa internacional pelos organismos vo, Legisla vo e Judiciário), os Conselhos Nacionais vinculados à ONU. O Brasil par cipou em 2008, com (vinculados direta e indiretamente à educação), en- os demais países da América La na e do Caribe, da dades representa vas de gestores (como Undime e Conferência Regional de Educação Superior, em cuja Consed), en dades acadêmicas, en dades represen- Declaração Final adota-se o princípio da Educação ta vas de pais e alunos, e en dades representa vas Superior como direito humano e bem público social. dos trabalhadores em educação, bem como outras Esse princípio é reafi rmado no texto-base do Fórum ins tuições da sociedade civil, representando os mais Nacional de Educação Superior e adotado pelo Docu- variados segmentos e organizações sociais e buscan- mento-Referência da Conae. Também no Documento- do contemplar toda a diversidade que comporta a -Base reafi rma-se a necessidade da construção de um educação inclusiva. Ou seja, embora tenha sido uma 16 sistema nacional de educação condizente com o tema inicia va do MEC, buscava-se, desde a cons tuição da central da Conae. Comissão, organizar uma conferência do Estado brasi- leiro. Essa composição da Comissão Organizadora da A Conferência Nacional de Educação Básica (Coneb) Coneb serviu de referência para a cons tuição da Co- realizou-se em Brasília em abril de 2008 e contou missão Organizadora da Conae. com a par cipação de 1.463 delegados/as e 464 ob- servadores/as oriundos/as dos 26 estados e do Dis- Outro aspecto que merece ser registrado diz respei- trito Federal. Tais delegados/as foram eleitos/as nas to à deliberação rela va ao encaminhamento fi nal da conferências estaduais que a precederam. Para essa Coneb, pois ele indica não só a realização da Conae, conferência, não foi prevista a realização da etapa mas também seu cronograma. municipal, pois não havia garan a de que os municí- pios vessem possibilidade de organização para esse po de evento. Ainda assim, houve incen vo à reali- zação de qualquer po de discussão prévia às confe- rências estaduais e empenho da União Nacional de 2. A Organização da Dirigentes Municipais da Educação (Undime) para mobilizar os/as gestores/as dos sistemas municipais. CONAE 2.1 - Concepção e Abrangência A Coneb teve importância não só pela discussão e pe- las propostas deliberadas em plenário, mas também Na apresentação do Documento-Referência da Co- porque seu tema central foi a Construção do Sistema nae, lê-se: Durante a realização da Conferência Nacional Este documento desenvolve o tema central da da Educação Básica, em abril de 2008, o Mi- CONAE: Construindo o Sistema Nacional Ar - nistério da Educação assumiu o compromisso culado de Educação: O Plano Nacional de Edu- ins tucional de apoiar a organização da Confe- cação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação. A rência Nacional de Educação (CONAE). No dia par r deste momento, ele se torna objeto de 3 de setembro de 2008, foi publicada a Porta- estudo e de deliberação, incluindo, portanto, ria Ministerial n.o 10, cons tuindo a Comissão o debate de todos os níveis, etapas e modali- Nacional Organizadora da CONAE. dades de ensino em um fórum de mobilização nacional pela qualidade e valorização da edu- Em uma ampla parceria entre os Sistemas de cação com a par cipação de amplos segmen- Ensino, os Órgãos Educacionais, o Congresso tos educacionais e sociais. (grifo nosso) Nacional e a Sociedade Civil, a Comissão Na- cional defi niu que a CONAE será realizada, em Brasília (DF), no mês de abril de 2010, e será precedida de Conferências Municipais ou In- termunicipais, a serem realizadas no primeiro semestre de 2009 e de Conferências Estaduais 3. A Comissão e do Distrito Federal, com datas previstas para o segundo semestre de 2009. (grifo nosso) Organizadora
A concepção que emerge desse texto é de que a Co- Nacional nae não foi uma inicia va do MEC, ou seja, do Execu- vo federal, mas da sociedade brasileira, que defi niu No dia 28 de agosto de 2008 foi publicada no Diário polí cas educacionais de Estado para curto e médio Ofi cial da União a Portaria de Designação dos mem- 17 prazo, haja vista que deliberou sobre as diretrizes para bros da Comissão Organizadora da Conae. Fiel ao o novo Plano Nacional da Educação (PNE 2011-2020). acordado, de que a Conferência envolveria todas as Defi niu-se também a abrangência no que diz respeito esferas de governo e a sociedade civil organizada, a às esferas da Federação: Municípios, Estados e Distrito Comissão foi composta por 35 tulares e 35 suplentes, Federal foram chamados a organizar suas conferências que representaram: os execu vos nacional, estaduais como etapa preparatória da Conferência Nacional. e municipais, o Legisla vo Nacional, os Conselhos de Educação, as en dades representa vas de pais/mães, Ainda na apresentação do Documento-Referência, alunos/as e trabalhadores/as em educação, os movi- mentos ligados à diversidade, as en dades de estudo reafi rmou-se essa concepção: “A CONAE será um im- e pesquisa, o Sistema “S”, as centrais sindicais, as en- portante espaço democrá co para a construção de dades representa vas do setor privado da Educação, diretrizes para a polí ca nacional de educação e dos dentre outras. seus marcos regulatórios, na perspec va da inclusão, igualdade e diversidade”. É importante destacar que todas as Secretarias do MEC fi zeram parte da Comissão, o que reforçou o Em relação à abrangência, há que se observar que a compromisso da Conae de envolver todos os níveis, proposta da Coneb de uma Conferência Nacional en- etapas e modalidades da educação brasileira. volvendo toda a educação foi acatada, pois todos os níveis, etapas e modalidades foram objeto de discus- Registra-se que, apesar de o Sindicato Nacional dos são pelo conjunto dos par cipantes do processo. Docentes do Ensino Superior (ANDES) haver solicita- do à Comissão Organizadora da Conae a sua re rada da comissão, muitos professores que atuam na edu- Ainda nessa reunião foi decidida a marca da Conae e fo- cação superior par ciparam da Conae. ram cons tuídas a subcomissão de Dinâmica e Sistema- zação e a de Mobilização e Divulgação. A subcomissão A Comissão Organizadora é regida por Normas Regu- de Logís ca e Infraestrutura seria composta quando hou- lamentares da Comissão Organizadora da Conferên- vesse necessidade de encaminhamentos dessa natureza. cia Nacional de Educação, aprovadas em 21 de outu- bro de 2008. Tratou das atribuições dos membros e Foram atribuições da Comissão de Sistema zação: do funcionamento da Comissão e das subcomissões defi nir tema e eixos temá cos, elaborar o conteúdo criadas − Dinâmica e sistema zação; Mobilização e do Documento-Referência; defi nir dinâmica e meto- divulgação; Infraestrutura e logís ca −, integradas por dologia das conferências; defi nir tema dos colóquios membros da Comissão. Essas subcomissões reuniam- e suas ementas, defi nir critérios para seleção de pa- -se ordinariamente no dia anterior à reunião da Co- lestrantes; elaborar regimentos internos e normas re- missão Geral com vistas a prepará-la. Nas reuniões gulamentares da comissão; elaborar manual de orien- gerais, buscou-se sempre a construção de consensos, tações para as Comissões Estaduais e Municipais; embora o ar go 5o, inciso IV, estabelecesse o seguin- desenvolver sistema virtual de relatoria; sistema zar te: “O quorum mínimo, para deliberações, estará es- propostas dos estados; elaborar Documento-Base e tabelecido quando for observada a maioria simples Documento Final; organizar plenárias de eixo, plená- dos membros que compõem a Comissão”. ria fi nal, colóquios e votação do regimento interno; produzir documento de fundamentação teórica ao Todas as reuniões da comissão foram registradas em tema central; organizar relação de palestrantes para atas, que podem ser acessadas na página da Conae as conferências estaduais e organizar programas com 18 no sí o www.mec.gov.br. Já na primeira reunião fo- recursos da TV e de outras mídias para difundir o de- ram aprovados, além das normas regulamentares da bate sobre o tema da Conae. própria comissão, o tema central e os eixos temá cos da Conferência. Construindo o Sistema Nacional Ar- A Comissão de Mobilização e Divulgação teve como culado de Educação foi defi nido como tema central. atribuições elaborar e implementar a proposta de Quanto aos eixos temá cos, como consta na ata da mobilização social e de apoio à organização das Co- primeira reunião, foram determinados: I − Papel do missões e Conferências − Municipais ou Intermunici- Estado na garan a do direito à educação de qualida- pais, Estaduais e do Distrito Federal − de Educação. de: organização e regulação da educação nacional; II − Democra zação do acesso, permanência e sucesso A Comissão de Infraestrutura e Logís ca foi incumbida escolar; III − Qualidade da educação, gestão demo- de programar e acompanhar ações que garan ssem as crá ca e avaliação; IV − Formação e valorização dos condições necessárias para a realização da Conae (ma- trabalhadores em educação; V − Financiamento da teriais, equipamentos, espaços e a vidades culturais). educação e controle social; VI − Jus ça social, educa- ção e trabalho: inclusão, diversidade e igualdade. Foi também deliberada a cons tuição de duas subcomis- sões: a de Dinâmica e Sistema zação e a de Mobiliza- ção e Divulgação, sendo a primeira responsável por coordenar o processo de elaboração do Documento- -Referência, texto-base e texto fi nal. O texto-base apreciado na Conae 2010 foi o produ- 4. O Documento- to das discussões das conferências estaduais, lócus de discussão das propostas advindas das conferên- Referência cias municipais e de suas próprias discussões. Essa metodologia possibilitou uma construção cole va do O tema central e os eixos temá cos do Documento- texto-base e, evidentemente, do Documento-Final da -Referência foram defi nidos pela Comissão Organiza- Conae, reafi rmando a proposta inicial de que a Conae dora Nacional. fosse uma conferência de Estado.
Na introdução, lê-se: O Documento-Referência Nacional aprovado pela Co- missão Organizadora Nacional da Conae em sua reu- Este Documento-Referência servirá como pa- râmetro inicial para as discussões nas confe- nião ordinária de 16 de dezembro de 2009 e distribuído rências municipais e estaduais, sobre o qual para todos os estados e municípios, além de en dades poderão ser incluídas temá cas complemen- vinculadas à educação, num total de 85 mil exemplares, tares, resultantes das deliberações de cada está disponível para download na página do MEC. Conferência Estadual de Educação, que deve- rá se expressar em documento próprio, com suas posições polí cas e pedagógicas, a ser Outros referenciais, visando es mular o debate, fo- encaminhado à Comissão Organizadora da ram disponibilizados no sí o da Conae. São os textos Conferência Nacional, que vai consolidar to- fi nais ou textos-base das conferências e fóruns seto- das as sugestões. Com base nas deliberações das conferências estaduais, novo relatório será riais realizados, e ar gos de especialistas, parlamen- elaborado e encaminhado aos/às delegados/ tares, gestores/as e en dades, que versam principal- as e convidados/as da CONAE. Ele servirá de mente sobre o tema central: a Construção do Sistema 19 eixo para as discussões teórico-prá cas das Nacional Ar culado de Educação. conferências e colóquios da CONAE, a par r dos quais será organizado um documento fi nal, englobando as deliberações da plenária com Foi incluído, como encarte do Documento-Referência, as posições consensuadas ou majoritárias. A o documento denominado Plano Nacional de Edu- expecta va é que este Documento-Referência cação (PNE 2011-2020), Diretrizes e Estratégias de possa ser amplamente disseminado e deba - do, tendo como resultado a signifi ca va par - Ação. Esse documento surgiu do interesse por esse cipação dos diferentes atores sociais e, desse tema manifestado nas conferências municipais e in- modo, sirva de referencial para se estabelecer termunicipais, dada a previsão de elaboração do novo e consolidar as polí cas e a gestão da educação Plano. Esse documento, “parte cons tu va e cons - demandadas pela nação. tuinte da Conae”, foi objeto de discussão e deliberação O documento apresentou para cada eixo temá co, da Conae, com vistas a subsidiar a elaboração do PNE uma análise do contexto da educação brasileira, de ca- em consonância com as deliberações gerais da Con- ráter teórico, para subsidiar as discussões, e um con- ferência. Nesse sen do, a par r de uma avaliação do junto de proposições de medidas que foram adotadas atual PNE, ele aponta diretrizes básicas para o novo e sugestões de encaminhamentos prá cos no âmbito PNE, que deverá ser decenal, com destaque para: dos poderes Execu vo e Legisla vo. O Documento-Re- ferência absorveu as contribuições das conferências e • construção do Sistema Nacional de Educação, para fóruns setoriais realizados, podendo ser considerado, garan a de uma polí ca nacional comum; portanto, um documento-síntese do acúmulo de dis- • ins tuição, pela União, de um Sistema Nacional de cussões que vêm ocorrendo no âmbito educacional. Acompanhamento e Avaliação do PNE e estabele- cimento, em até um ano, dos mecanismos neces- III − Da estrutura e organização; IV − Do temário e da sários a sua implementação; programação; V − Da metodologia nas etapas da Con- • ins tuição de planos decenais correspondentes ferência; VI − Da composição e par cipação na Confe- pelos estados, municípios e pelo Distrito Federal, rência Nacional de Educação; VII − Do credenciamento; com base no PNE. VIII − Dos recursos fi nanceiros; IX − Disposições gerais.
Outras diretrizes também consoantes com o Docu- Contou ainda com seis anexos, partes integrantes mento-Referência foram indicadas e referem-se à do regimento. O primeiro tratou da programação de garan a de condições efe vas para o conjunto das toda a Conferência Nacional, que se iniciou no dia 28 polí cas educacionais, a serem implementadas de de março, prevendo: no dia 28, credenciamento e forma ar culada entre os sistemas de ensino, cujos abertura; no dia 29, o painel Construindo o Sistema fundamentos estejam alicerçados nos princípios da Nacional Ar culado de Educação: o Plano Nacional universalização, da qualidade social da educação e do de Educação, diretrizes e estratégias de ação; e, na direito à diversidade, bem como da democra zação tarde do dia 29 e manhã do dia 30, a apresentação de sua gestão; de fontes de fi nanciamento referen- dos 52 colóquios distribuídos pelos eixos temá cos. ciados no custo aluno-qualidade, da valorização dos Na tarde do dia 30 e manhã do dia 31, ocorreram as profi ssionais da educação; e da ampliação dos atuais plenárias por eixos, já com o texto-base, produto das percentuais do PIB para a educação. contribuições advindas das conferências estaduais. A A introdução da discussão do PNE 2011-2020 na Co- tarde do dia 31 foi reservada para mesas de interesse nae reafi rmou sua vocação como espaço de discussão e reuniões setoriais. Cabe registrar que os proponen- e elaboração de polí cas que irão materializar-se nes- tes foram responsáveis pela organização das mesas 20 o se plano com vistas a estabelecer metas quan fi cá- de interesse. O dia 1 de abril foi todo reservado para veis, passíveis de acompanhamento e avaliação. a plenária fi nal, que deliberou, tendo como base as propostas aprovadas nas plenárias de eixos.
5. O Regimento 6. O Financiamento Interno da Conae Aprovado em reunião da Comissão Organizadora Na- cional já em sua segunda reunião, ocorrida em dezem- O MEC reservou em seu orçamento a quan a de bro de 2008, o Regimento Interno da Conae, também R$ 32 milhões para a realização da Conae em todas disponível na página do MEC/Conae, norteou todas as suas etapas. Os recursos fi nanceiros para as etapas as etapas (municipal, estadual e nacional), embora as municipais e estaduais foram repassados às ins tui- etapas estaduais e municipais pudessem e devessem ções federais de ensino superior (Ifes), uma em cada elaborar seus próprios regimentos, desde que não fe- estado, e executados por essas ins tuições. rissem o nacional. O custo teve por base: número de municípios de cada estado, população de cada município e quan dade de Os nove capítulos que o compuseram foram: I − Da re- par cipantes apoiados, conforme tabela abaixo: alização e caráter da conferência; II − Dos obje vos; CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO − COMED Custo per capita Itens de serviço Valor Dias Total Alimentação 10 2 20,00 Apoio a transporte interno 10 2 20,00 Materiais de apoio (bolsa, caneta, bloco) 10 - 10,00 Apoio de infraestrutura 30 - 30,00 Total 80,00
QUANTIDADE DE VALOR TOTAL DO APOIO QUANTIDADE DE UF PARTICIPANTES (POR PARTICIPANTE: MUNICÍPIOS APOIADOS R$ 40,00 x 2 DIAS = R$ 80,00) AC 22 940 75.200,00 AL 102 4.330 346.400,00 AM 62 2.740 219.200,00 AP 16 720 57.600,00 BA 417 18.040 1.443.200,00 CE 184 8.720 697.600,00 DF 1 200 16.000,00 ES 78 3.850 308.000,00 GO 246 9.300 744.000,00 21 MA 217 9.000 720.000,00 MG 853 32.750 2.620.000,00 MS 78 3.070 245.600,00 MT 141 5.290 423.200,00 PA 143 7.550 604.000,00 PB 223 7.750 620.000,00 PE 185 9.190 735.200,00 PI 223 7.420 593.600,00 PR 399 15.670 1.253.600,00 RJ 92 6.700 536.000,00 RN 167 6.030 482.400,00 RO 52 2.220 177.600,00 RR 15 640 51.200,00 RS 496 19.430 1.554.400,00 SC 293 11.190 895.200,00 SE 75 2.990 239.200,00 SP 645 32.450 2.596.000,00 TO 139 4.480 358.400,00 Total 5.564 232.660 18.612.800,00 *Fonte: IBGE, Dados da População 2007 e Es ma vas da População População até 20.000 habitantes − 30 par cipantes População de 20.001 até 50.000 habitantes − 50 par cipantes População de 50.001 a 100.000 habitantes − 80 par cipantes População de 100.001 a 200.000 habitantes − 100 par cipantes População a par r de 200.001 habitantes − 200 par cipantes Também para os estados, houve um estudo de custo, base para o repasse de recursos, embora a Comissão Organizadora tenha deixado claro que esses recursos eram um subsídio e outras parcerias seriam necessárias para cobrir as despesas. A tabela abaixo sinte za a previsão de recursos do MEC, levando-se em conta a expec- ta va de número de par cipantes e o valor médio do apoio por par cipante.
CONFERÊNCIAS DE EDUCAÇÃO − COEED, COMED, CONAE
RESUMO DO ESTUDO DEMONSTRATIVO DE PREVISÃO DE RECURSOS
QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE VALOR MÉDIO DO APOIO CRITÉRIO DE ATENDIMENTO CONFERÊNCIAS PARTICIPANTES VALOR TOTAL POR PARTICIPANTE APOIADAS APOIADOS COEED – ESTADUAL 27 14.200 464,15 6.591.000,00 COMED – MUNICIPAL 5.563 232.660 79,93 18.596.800,00 CONAE – NACIONAL 1 4.000 1.686,25 6.745.000,00 TOTAL 31.932.800,00 22 7. A Divulgação 8. A Mobilização dos Estados e Municípios Além dos 85 mil exemplares do Documento-Referência que foram enviados às Comissões Estaduais para divul- A par r do esforço conjunto dos membros da Coorde- gação nos municípios e organizações da sociedade civil nação Nacional, inúmeras reuniões foram realizadas de cada estado, foram distribuídos 223 mil fôlderes e em todos os estados e municípios, com vistas à: cartazes, encaminhados às escolas e a todas as ins tui- ções vinculadas direta ou indiretamente à educação. • sensibilização dos diferentes atores polí cos e so- ciais para a importância da Conae e, portanto, da Ainda em relação à divulgação, foram produzidos um realização de suas etapas municipal e estadual; fôlder em áudio, um spot de rádio e inserções para TV. O lançamento ofi cial, que ocorreu no dia 23 de abril de • cons tuição das Comissões Estaduais, às quais ca- 2009, com a presença do Ministro de Estado da Edu- beria a responsabilidade de sensibilizar e organizar cação, foi gravado e disponibilizado às emissoras esta- os municípios de sua abrangência. tais de televisão para veiculação em sua programação, bem como divulgado pelo Sistema “S” na área de sua Como resultado desse esforço, no período de novem- abrangência, pela TV Senado e pelo portal Interlegis bro e dezembro de 2008 foram instaladas as comis- que veicula a emissora às Câmaras Municipais. sões estaduais, sempre com a presença de um mem- bro da comissão nacional. A proposta de pauta foi da Comissão Nacional, as mo vações que as geraram comum a todas as reuniões: não vieram a público.
• apresentação da proposta de organização da Con- Deve-se registrar o esforço do Consed e da Undime ferência Nacional de Educação: tema central e ei- para a mobilização dos gestores estaduais e munici- xos temá cos; forma de par cipação; Documento- pais. No calendário de eventos dessas duas en dades -Referência, Documento-Base e Documento Final; esteve a agenda das conferências e chamadas à par- composição, metodologia e programação; cipação. A Undime realizou 12 encontros regionais com os secretários municipais, nos quais o MEC teve • debate sobre o processo de instalação da Comis- um espaço, por meio da par cipação de seus secre- são Estadual: defi nição das etapas, calendários e tários, para falar sobre os programas de suas Secre- responsáveis pela instalação da comissão especial tarias e da Conae. O Consed não promoveu encontro do estado; instalação da comissão ou grupo de tra- específi co preparatório, uma vez que os temas da Co- balho para ins tuição da comissão; defi nição da nae já fazia parte de seu co diano de discussão. data da próxima reunião; defi nição do responsável pela convocação da próxima reunião; indicação de Houve também envolvimento das ins tuições fede- prazo de até 20 de dezembro de 2008 para instala- rais de educação superior (Ifes). Em novembro de ção das comissões; 2008, realizou-se uma reunião com representantes das Ifes, com vistas a seu engajamento no processo de • debate sobre a realização de conferências munici- construção e realização das conferências municipais pais; e estaduais. Uma Ifes de cada estado da Federação 23 assumiu o compromisso de execução dos recursos fi - • introdução aos documentos norma vos que nortea- nanceiros repassados pelo MEC para as a vidades da rão o funcionamento da Conferência Estadual de Edu- cação (Coeed) e da sua Comissão Organizadora: Conae em cada estado e município. Segundo vários Regimento Interno da Conferência Estadual de atores do processo, essa descentralização foi a res- Educação (indica vo); Normas Regulamentares do ponsável por atrasos no cronograma de realização das Funcionamento da Comissão Organizadora Estadual a vidades. (indica vo); Portaria de instalação e designação dos membros. A descentralização de recursos para as Ifes resultou na impossibilidade de repasse direto aos municípios, Na maioria dos estados, a coordenação das Comis- já que a priori não se sabia quais deles iriam realizar as conferências e/ou se os municípios optariam por con- sões Estaduais fi cou a cargo da Secretaria Estadual de ferências intermunicipais. Além de não estar defi nida Educação, exceção feita a São Paulo, Minas Gerais e qual ins tuição coordenaria as Comissões Estaduais, Santa Catarina, cujas coordenações fi caram sob a res- o repasse direto às esferas estaduais não obteve con- ponsabilidade de representante da Undime local. A senso. Assim, optou-se pelas Ifes, que aceitaram o Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul compromisso. decidiu não par cipar do processo, fato que indica ter havido resistência por parte de execu vos estaduais à proposta de realização da Conae. Embora essas de- cisões estejam registradas na ata da segunda reunião organizada nas conferências estaduais e na Conae, e 9. A Mobilização da orientou suas afi liadas a realizar eventos preparatórios às conferências municipais e estaduais. Desse modo, Sociedade Civil houve um encontro centralizado em Brasília e diversos outros descentralizados nos estados e nos municípios, voltados aos dirigentes das en dades e à parte da base O engajamento da sociedade civil organizada foi gran- interessada em par cipar das conferências ofi ciais. O de, especialmente das organizações dos/as trabalha- documento originado da 7a Conferência, que orientou dores/as em educação, que realizaram seminários, a par cipação dos professores da rede pública, espe- debates e conferências (as chamadas conferências cialmente nas conferências estaduais, pode ser encon- livres), visando aprofundar as discussões e apresen- trado no sí o da CNTE: www.cnte.org.br. tar contribuições, tanto nas conferências municipais como nas estaduais. A Campanha Nacional pelo Direito à Educação (rede social que ar cula mais de 200 en dades de todo o A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Esta- Brasil, incluindo sindicatos, movimentos sociais, orga- belecimentos de Ensino (Contee), que reúne os sin- nizações não governamentais, universidades e grupos dicatos de trabalhadores das ins tuições privadas de estudan s, juvenis e comunitários) realizou encontros ensino, organizou um seminário nacional, o qual con- estaduais e um encontro nacional. O encontro nacio- tou com a presença de 150 pessoas − dirigentes das nal da Campanha ocorreu em Brasília, nos dias 17 e en dades fi liadas −, e teve como foco único a Conae. 18 de outubro de 2009, com 70 par cipantes indica- Além desse evento, várias das en dades sindicais e dos pelos comitês regionais. A Coordenação Geral da federações afi liadas realizaram seminários locais, com 24 Campanha mantém um grupo eletrônico de discussão par cipação da base, tomando como referência o se- e trabalho do qual par cipam 150 lideranças da rede. minário nacional. Nesse grupo já foram postados mais de 360 tópicos, entre relatos do processo nacional e das etapas esta- A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Edu- duais e municipais, debates de conteúdo e trocas de cação (CNTE), que ar cula os sindicatos de trabalhado- experiências para aprimoramento da par cipação na res em educação das redes públicas de ensino, já em Conae. Embora a ênfase das discussões tenha recaído 2009, elaborou material de subsídio voltado aos temas no tema fi nanciamento e controle social, a Campanha da Conae como preparação das conferências escolares produziu um caderno de emendas contemplando to- a realizadas na 10 Semana em Defesa e Promoção da dos os eixos. Educação Pública. O obje vo foi inserir a comunidade escolar de todo o país no processo das conferências As en dades cien fi cas, notadamente as voltadas à ofi ciais. A en dade produziu também o texto “Siste- educação, entre elas a Associação Nacional de Pós- ma Nacional Ar culado: aspectos da conformação do -Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) e a novo regime de cooperação educacional”, publicado na Associação Nacional de Polí ca e Administração da o revista Retratos da Escola, v. 3, n 4, janeiro/junho de Educação (Anpae), organizaram fóruns de discussão 2009, para subsidiar as discussões em torno do tema sobre os temas da Conae e introduziram os debates central da Conae. Esse texto encontra-se disponível na em seus encontros anuais. Centros de pesquisa de página do MEC/Conae. universidades também realizaram encontros para de- bater sobre a Conae, tais como o Centro de Estudos a Além disso, também promoveu sua 7 Conferência de Educação & Sociedade (CEDES), da Universidade Esta- Educação, com vistas à preparação da par cipação dual de Campinas (Unicamp). Comissões Estaduais estabeleceram quan ta vos de II. Etapa Municipal delegados/as por segmento e setor a ser eleitos para a etapa estadual. Outra difi culdade referiu-se ao fato de os municípios terem adotado diferentes pos de Alguns obstáculos foram encontrados para subsidiar registro. Alguns apenas registraram os/as delegados/ a organização dessas informações, tais como: falta de as; outros u lizaram fotos, e outros valeram-se dos dados, difi culdades de coleta de dados e, decorrentes relatórios das emendas aprovadas. disso, difi culdades em sua sistema zação. Muitos es- tados e municípios enviaram relatórios bastante de- Segundo membros da Comissão Organizadora Nacio- talhados. Outros, contudo, apenas informaram dados nal, a ênfase das discussões recaiu sobre a educação quan ta vos, e no caso de alguns, como poderá ser básica e o ensino superior. Além disso, de acordo com observado, os dados eram parciais. os relatos, houve baixa par cipação dos segmentos pais e alunos e maior par cipação de gestores/as e Embora o estudo demonstra vo de previsão de recur- professores/as. Foram citados também como proble- sos para a etapa municipal da Conae considerasse a quase totalidade dos municípios brasileiros, ou seja, mas o fato de muitos municípios terem optado por 5.563 municípios, e a mobilização de 232.660 par - eleição de delegados/as à conferência estadual, não cipantes nessa etapa, o número era impreciso devido previsto no Regimento Interno da Conae, e a ausência à ausência de dados por parte dos municípios, fosse de discussões sobre o Plano Nacional de Educação. pela inexistência de uma tradição de organização de conferências ou pela desar culação dos vários siste- Observou-se, contudo, que o tema educação está mas educacionais − federal, estaduais e municipais −, mais presente na agenda do país: as expecta vas objeto de refl exão de todo o processo de construção quanto ao número de conferências e de par cipantes 25 da Conae: Construindo o Sistema Nacional Ar culado foram superadas. A expecta va era envolver 232.660 de Educação. Assim, tornava-se di cil qualquer previ- pessoas; entretanto, mais de 300 mil − dentre as quais são, mesmo porque exis a também a possibilidade de principalmente gestores/as, professores/as, estudan- conferências regionais e/ou intermunicipais, o que se tes e sociedade civil organizada − es veram presentes confi rmou: algumas Comissões Estaduais decidiram na etapa municipal. O quadro a seguir permite-nos realizar apenas conferências intermunicipais, como visualizar essa realidade: se verifi cou nos estados de Sergipe e São Paulo, por exemplo; outras comissões optaram por conferências municipais, caso da Bahia e do Espírito Santo, mas na maioria dos estados houve conferências municipais e intermunicipais.
O que de fato ocorreu revela alguns aspectos a se- rem aperfeiçoados nas próximas conferências, como difi culdades inerentes à fragmentação das redes de ensino e à desar culação do “sistema”. Por exemplo, o Regimento Interno da Conae não previa a eleição de delegados/as na etapa municipal para par cipação na estadual. A simples par cipação na primeira leva- va ao credenciamento para a segunda, mas muitas QUANTIDADE CONFERÊNCIA E N.º DE PARTICIPANTES
INTERMUNICIPAL/ MUNICIPAL/ MUNICIPAL LIVRE ESTADUAL REGIONAL INTERMUNICIPAL
AC 12 3 0 2.130 230 AL 61 16 5 13.000 1.600 AM 58 0 1 8.700 500 AP 14 1 0 2.204 455 BA 136 17 20 50.000 2.500 CE 144 9 0 30.000 1.000 DF 0 1 9 909 657 ES 27 14 0 3.807 700 GO 81 13 0 2.073 650 MA 0 19 0 6.413 507 MG 34 12 0 15.134 1.200 MS 0 23 0 2.600 400 MT 141 15 0 2.000 600 PA 120 12 0 45.000 800 PB 45 9 0 7.888 200 26 PE 0 15 0 9.100 550 PI 1 17 223 3.338 620 PR 98 156 2 26.152 750 RJ 0 12 0 4.200 1.000 RN 18 0 0 2.725 400 RS 73 37 0 43.800 900 RO 51 0 0 9.300 500 RR 14 0 0 1.400 160 SC 292 29 0 40.000 1.100 SP 0 18 0 40.360 4.000 SE 0 9 75 3.000 400 TO 1 13 0 2.880 600 TOTAL 1.421 470 336 378.952 22.779 Participação por região ri, Boa Vista, Bonfi m, Cantá, Caracaraí, Caroebe, Ira- cema, Mucajaí, Normandia, Pacaraima, Rorainópolis, Região Norte São João da Baliza e São Luiz. Es verem presentes 1.400 par cipantes. A região Norte é composta de sete estados: Acre, Ama- pá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocan ns. No estado de Tocan ns, a Comissão Organizadora op- É a região menos populosa do país e a de mais di cil tou pela realização de conferências regionais. Foram acesso às cidades-polo, mas revelou um alto grau de organizadas 13 edições, que, juntas, contaram com organização: todas as expecta vas foram confi rmadas 2.880 par cipantes. As discussões foram bastante ri- e/ou superadas. cas e delas decorreu a apresentação de 332 emendas ao Documento-Referência. Nos relatos, não se obser- A Comissão Organizadora do Acre previa a realização de 3 conferências intermunicipais e 11 municipais, en- va nenhuma menção ao encarte rela vo ao PNE. volvendo cerca de 2.240 par cipantes. Porém, ocor- reram 3 conferências intermunicipais e 12 municipais, Na somatória geral da região Norte, a quase totali- com a par cipação de 2.130 pessoas, que debateram dade dos municípios organizou-se em conferências todos os eixos temá cos da conferência. municipais ou intermunicipais, envolvendo 71.616 par cipantes na etapa municipal. O número foi mui- O Amapá, que abrange 16 municípios, previu a reali- to superior ao projetado no estudo de custos para o zação de 14 conferências municipais e uma intermuni- fi nanciamento, já referido no relatório 1, que previa a cipal, o que se confi rmou e permi u a par cipação de par cipação de 13.038 pessoas nessa etapa. 2.204 pessoas. 27 No estado do Amazonas, dos 62 municípios, 58 rea- Região Nordeste lizaram conferências municipais, além de uma con- A região Nordeste é a maior em extensão geográfi ca ferência livre (esse po de conferência não obedecia e em número de estados do país, e também a região necessariamente ao regimento da Conae nem creden- com mais baixo índice de desenvolvimento humano ciava para a par cipação na etapa estadual) e, no to- (IDH). Composta dos estados de Alagoas, Bahia, Cea- tal, houve a par cipação de 8.700 pessoas. rá, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Gran- de do Norte e Sergipe, destacou-se também pelo No estado do Pará, a expecta va de par cipantes nas número de par cipantes na etapa municipal, como conferências intermunicipais também foi superada: poderá ser visto a seguir. previa-se a realização de 12 conferências intermunici- pais e o número de delegados/as que cada uma deveria eleger para a etapa estadual (embora não fosse prevista O estado de Alagoas, além de promover 5 conferências li- a eleição de delegados/as nessa etapa). Foram 120 con- vres, realizadas por segmentos, organizou-se em conferên- ferências municipais preparatórias, com um número de cias municipais, envolvendo 61 municípios, e 16 edições par cipantes que impressionou: 45 mil. intermunicipais, das quais par ciparam 13 mil pessoas.
No estado de Rondônia foram realizadas 51 conferências mu- Na Bahia, realizaram-se 136 conferências municipais e nicipais, que contaram com a par cipação de 9.300 pessoas. 17 intermunicipais, envolvendo 50 mil par cipantes.
No estado de Roraima foi prevista a realização de A Comissão Organizadora do estado do Ceará tam- conferências intermunicipais em: Alto Alegre, Amaja- bém optou pela realização de conferências munici- pais, num total de 144 municípios, além de 9 inter- A Comissão Estadual de Sergipe optou pela realização municipais, tendo envolvido 30 mil par cipantes. de audiências públicas, num total de 75, e 9 confe- rências intermunicipais, que envolveram 3 mil par - O estado do Maranhão realizou 19 conferências in- cipantes. Em todas as conferências intermunicipais termunicipais, contemplando a par cipação de 6.413 foram deba dos os eixos temá cos e apresentadas pessoas. emendas ao Documento-Referência, além de eleitos /as delegados/as para a conferência estadual. Na Paraíba, realizaram-se 45 conferências municipais e 9 intermunicipais, das quais par ciparam 7.888 pes- Também a região Nordeste superou em muito as ex- soas. pecta vas: previa-se a par cipação de 73.470 interes- sados, mas, no conjunto dos estados, compareceram Pernambuco optou por organizar apenas a modali- 125.464 par cipantes na etapa municipal. dade de conferências intermunicipais, no total de 15, que envolveram 9.100 par cipantes. Região Centro-Oeste No Piauí, além da realização de 223 a vidades prepa- Essa região é composta do Distrito Federal e dos es- ratórias, entre audiências públicas, debates e confe- tados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. rências livres, foram organizadas uma conferência mu- nicipal e 17 intermunicipais, com 3.338 par cipantes. O Distrito Federal, por sua própria natureza, teve um regimento diverso daquele dos estados, por não ne- 28 O Rio Grande do Norte promoveu 18 conferências cessitar realizar conferências municipais. Contudo, municipais, que contaram com a par cipação de organizou uma pré-conferência e nove conferências 2.725 pessoas. livres, das quais par ciparam 904 interessados/as, conforme quadro a seguir. TITULO DA TABELA RELATÓRIO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO DISTRITO FEDERAL
EVENTO DATA NÚMERO DE PARTICIPANTES PRÉ-CONFERÊNCIA 12/9/2009 293
CONFERÊNCIAS LIVRES REALIZADAS INSTITUIÇÃO DATA NÚMERO DE PARTICIPANTES SINEPE 6/10/2009 35 SINPROEP 2/10/2009 27 23/10/2009 SINPRO/UBES 93 24/10/2009 UNE 15/10/2009 134 FÓRUM EJA – GTPA – DRE PARANOÁ – 23/10/2009 32 CEDEP GTPA – FÓRUM EJA/DF – GEJA/SEDF 24/10/2009 162 IFB 31/11/2009 33 SEDF 6/11/2009 369 SAE 7/11/2009 19 TOTAL 904
CONFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL DATA NÚMERO DE PARTICIPANTES Inscritos pelas ins tuições 29 16 a 19/11/2009 492 par cipantes da Comissão Inscritos no local do evento 65 TOTAL 557
TOTAL DE PESSOAS ENVOLVIDAS: 1.755
O estado de Goiás realizou 81 conferências munici- jetou-se um número de par cipantes de 17.860, mas pais e 13 conferências intermunicipais, que conta- compareceram 7.677 interessados nessa etapa. ram com 2.073 par cipantes. Região Sudeste Em Mato Grosso, foram realizadas 141 conferências municipais e 15 intermunicipais, que registraram um A região Sudeste, a mais populosa e com os melho- total de 2 mil par cipantes. res IDH do país, é composta dos estados do Espíri- to Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Já o estado de Mato Grosso do Sul optou pela orga- nização de 23 conferências intermunicipais, que con- O estado do Espírito Santo previu a realização de 41 con- taram com 2.600 par cipantes. ferências municipais ou intermunicipais, o que de fato ocorreu. A es ma va para essa etapa era envolver 3.850 A tendência à superação das expecta vas de par ci- pessoas, e a par cipação registrada alcançou 3.807, per- pação não se manteve na região Centro-Oeste. Pro- feitamente dentro da margem de erro. Minas Gerais realizou 34 conferências municipais e 30 conferências regionais”. De fato, ocorreram 292 12 intermunicipais, segmentadas por macrorregião. edições municipais e 29 regionais, totalizando 40 mil Porém, além das municipais, ocorreram 13 edições par cipantes. regionais e, no total, houve o envolvimento de 15.134 par cipantes nessa etapa. No Rio Grande do Sul, a Comissão Organizadora, tam- bém coordenada pela Undime − já que a Secretaria de No Rio de Janeiro foram organizadas 12 conferências Educação estadual não par cipou do processo , previa intermunicipais, envolvendo 4.200 par cipantes. a realização de 25 conferências regionais, abrangendo todos os 496 municípios do estado. As 25 conferên- São Paulo, cujo responsável pela Comissão Organiza- cias regionais foram realizadas, com o envolvimento dora foi o representante da Undime, previu a realiza- de 463 municípios, ou seja, 90% deles, e a ngiram ção de 18 conferências regionais, que de fato ocor- 43.800 par cipantes. reram, registrando a par cipação de 40.360 pessoas. Na região Sul, a tendência à superação das projeções Também na região Sudeste, a projeção de par cipa- volta a ocorrer. O estudo rela vo aos par cipantes a ção não se confi rmou. Embora a es ma va fosse en- serem fi nanciados previa o envolvimento de 46.290 volver 80.750 pessoas, compareceram a essa etapa interessados. Contudo, foram 109.952 par cipantes, 64.001 interessados. maior do que o dobro que foi es mado inicialmente.
No conjunto do país, portanto, a par cipação na eta- Região Sul pa municipal foi bem maior que a projetada, chegan- 30 A região Sul do país é geografi camente a menor, mas do-se quase ao dobro: esperava-se a par cipação de é uma das que apresentam os melhores indicadores 232.660 pessoas, número que alcançou a casa dos de desenvolvimento humano. 378.952 envolvidos diretamente nas discussões.
No estado do Paraná, foram realizadas 98 conferên- cias municipais e 156 intermunicipais, com um total de 26.152 par cipantes. A Comissão Organizadora engajou-se no processo de discussão desenvolvido nas escolas, que ocorreu no dia 19 de março de 2009. Produziu, além disso, uma apresentação com 194 sli- des para orientar as discussões nas etapas municipal e estadual.
A coordenadora dos trabalhos em Santa Catarina re- latou em 2009: “Aqui a Conae está ‘pegando fogo’ e, com isso, a demanda de trabalho também. Estamos com mais de 200 conferências municipais agendadas, faltando poucas para serem confi rmadas. Vamos reali- zar 292 municipais, e alguns municípios estão realizando pré-conferências de discussão. Em agosto acontecerão Conclusões tratar da educação, sendo essa a primeira inicia va com esse intuito. Igualmente, deve-se aprofundar o Observaram-se, pelo relato anterior, alguns aspectos debate sobre as injunções sociais, polí cas e culturais que merecem estudos mais aprofundados. dos estados da Federação para ter-se uma melhor compreensão desse processo, com vistas às novas Em primeiro lugar, destacou-se a difi culdade de al- conferências que serão realizadas, e até mesmo para guns estados informarem a Comissão Organizadora subsidiar a construção de um Sistema Nacional Ar cu- Nacional das realizações de suas conferências muni- lado de Educação. cipais e/ou intermunicipais, apesar de essa comissão ter fornecido orientações sobre como organizar os relatórios. Essa defi ciência não parece ter sido pro- vocada pelas desigualdades regionais, pois todos os estados das regiões Norte e Nordeste − as menos de- senvolvidas do país e com menor infraestrutura nas Secretarias de Educação − enviaram seus relatórios, o que não ocorreu com todos os estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Outra questão que pede uma pesquisa mais aprofun- dada diz respeito ao porquê de as regiões mais po- bres e com mais baixos índices de desenvolvimento, ou seja, as regiões Norte e Nordeste, terem apresen- 31 tado proporcionalmente maior par cipação do que as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Também aqui, não se pôde falar de desigualdades regionais, pois tanto a re- gião Sul, mais desenvolvida, como as regiões Norte e Nordeste, menos desenvolvidas, alcançaram um nível de par cipação além do projetado pelo estudo para o fi nanciamento, que levou em conta a população de cada estado e região, tendo as regiões Centro-Oeste e Sudeste fi cado aquém do esperado.
Chamou a atenção também, posi vamente, o resulta- do da região Sul, pela “uniformidade” quanto ao nú- mero de par cipantes em cada estado e pelo fato de ter sido a região em que o número de par cipantes, alcançou mais que o dobro do que era esperado.
Essas questões devem ser analisadas tanto no âmbi- to da inexistência de um sistema nacional ar culado, como no âmbito da inexistência de um acúmulo histó- rico de organização de conferências municipais para sistema zação. Sabe-se, contudo, que o número de III. Etapa Estadual par cipantes superou em muito a quan dade de par- cipantes apoiados/as pelo MEC, conforme tabela a Considerações seguir:
Também em relação às conferências estaduais houve difi culdades de coleta de dados e, portanto, de sua
QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE VALOR TOTAL UF UNIVERSIDADE PARTICIPANTES DELEGADOS/AS DO APOIO APOIADOS/AS 1 AC Ufac 25 200 117.000,00 2 AL Ufal 47 400 195.000,00 3 AM Ufam 48 400 195.000,00 4 AP Unifap 25 200 117.000 ,00 5 BA UFBA 132 950 409.500,00 6 CE UFC 80 550 253.500,00 7 DF UnB 40 400 195.000,00 8 ES Ufes 49 400 195.000,00 9 GO UFG 69 550 253.500,00 32 10 MA UFMA 70 550 253.500,00 11 MG UFV 166 950 409.500,00 12 MS UFMS 42 400 195.000,00 13 MT UFMT 47 400 195.000,00 14 PA UFPA 74 550 253.500,00 15 PB UFPB 53 400 195.000,00 16 PE UFPE 86 550 253.500,00 17 PI UFPI 48 400 195.000,00 18 PR UFPR 101 750 331.500,00 19 RJ Unirio 140 950 409.500,00 20 RN UFRN 47 400 195.000,00 21 RO UNIR − RO 29 200 117.000,00 22 RR UFRR 23 200 117.000,00 23 RS UFRGS 106 750 331.500,00 24 SC UFSC 68 550 253.500,00 25 SE UFS 33 400 195.000,00 26 SP UFSCar 323 1.550 643.500,00 27 TO UFT 29 200 117.000,00 Total 2.000 14.200 6.591.000,00 Seguiu-se, para a apresentação desse relatório, a Amapá mesma metodologia adotada para o relatório da eta- pa municipal: uma apresentação por estado e, assim O estado do Amapá também realizou sua Conferência que foram recebidas as informações de todas as uni- Estadual de acordo com o previsto. Par ciparam 455 dades da Federação, uma síntese por região, embora representantes e foram eleitos/as, para a etapa na- o formato de apresentação de cada estado tenha difi - cional, 25 delegados/as, representantes de todos os cultado a elaboração de uma síntese regional. segmentos da educação.
Não foi possível indicar exatamente quantos interes- Amazonas sados par ciparam dessa etapa, seja por ausência de Nesse estado, compareceram 500 representantes de histórico de conferências − apesar da realização da segmentos e setores diversos, que discu ram todos Conferência Nacional de Educação Básica (Coneb), os eixos e elegeram 48 delegados/as para a etapa na- em 2008, que só contou com a etapa estadual, além cional. da nacional −, seja pelo fato de cada estado ter es- tabelecido uma metodologia de par cipação. Alguns Pará optaram por determinar uma quan dade de delega- dos/as a serem eleitos/as na etapa municipal; outros, Na Conferência Estadual do Pará inscreveram-se e contudo, seguindo o regimento da Conae, não o fi - par ciparam 800 interessados/as entre delegados/as, zeram, de modo que todos/as os/as par cipantes da observadores/as e ouvintes. A comissão estadual ela- etapa municipal poderiam inscrever-se para a etapa borou uma tabela sobre esses delegados/as, contem- estadual. Isso gerou uma diversidade de procedimen- plando segmento, setor, etnia, orientação sexual etc, tos e de organização dessa etapa, como pode ser veri- uma referência para futuras conferências que, poderá 33 fi cado nas informações a seguir. ser vista ao fi nal deste capítulo. Depreende-se deste quadro que todos os municípios do estado veram representação na conferência estadual e o segmento Região Norte mais representado foi o da educação básica. Dentre as categorias, destacou-se o/a professor/a do ensino A região norte é composta de sete estados: Acre, público. Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocan- ns. Todos realizaram suas conferências estaduais, Rondônia embora não tenham sido recebidas pelo MEC infor- mações do estado de Rondônia. Nesse estado, par ciparam 500 interessados/as de todos os segmentos da educação e foram eleitos/as, Acre para a etapa nacional, 29 delegados/as. A Conferência Estadual do Acre contou com a par - Roraima cipação de 230 representantes dos diversos segmen- tos e setores, tendo sido discu dos todos os eixos e Em Roraima, es veram presentes na etapa estadual eleitos/as 25 delegados/as dos segmentos. Também 160 par cipantes, que discu ram todos os eixos e foi feita a indicação de representantes dos setores da elegeram 23 delegados/as para a etapa nacional. sociedade civil organizada, tal como previsto no Regi- mento Interno da Conae. Tocantins Foram eleitos/as 47 delegados/as, contemplando to- dos os segmentos e setores, conforme o regimento Em novembro de 2009 realizou-se, na Universidade da Conae. Não houve indicação de delegados/as além Federal de Tocan ns, a etapa estadual da Conferência dos/das eleitos/as. Nacional de Educação, com o obje vo de discu r as propostas oriundas das etapas intermunicipais ocorri- Difi culdades exis ram, entre as quais a impossibili- das em setembro de 2009 e deliberar sobre elas. dade da par cipação dos/as delegados/as munici-
pais (principalmente das localidades mais distantes) A etapa estadual contou com 600 pessoas, entre de- e transporte de pessoal, devido à questão fi nanceira. legados/as eleitos/as, observadores/as e convidados/
as, os/as quais par ciparam a vamente das a vida- Na avaliação da Comissão Organizadora, destacaram- des da programação. Constava dessa programação a -se como pontos posi vos: o nível elevado dos/as pa- realização de 48 colóquios para aprofundamento e lestrantes; a organização do evento; a centralização discussão dos seis eixos do Documento-Referência, os de todas as a vidades num mesmo complexo (esco- quais seriam conduzidos por palestrantes de renome las próximas); a qualidade da discussão dos/as par - nacional, que trabalharam cada um dos seis eixos, e coordenados por um/uma representante das ins tui- cipantes; e a efe va par cipação dos/as delegados/as ções parceiras. Não houve, contudo, discussão sobre e convidados/as, não esvaziando as a vidades. o encarte rela vo ao PNE. Registrou-se que em 13 salas não havia número sufi ciente de par cipantes e, Foram apontados como pontos nega vos: a falta de por esse mo vo, eles/elas decidiram juntar-se a ou- recursos para alimentação, transporte e hospedagem tros grupos de colóquios. dos/as delegados/as; a ausência de informações da 34 Ufal a respeito dessa defi ciência; a redução conside- Na plenária fi nal, foram aprovadas as emendas e elei- rável no número de delegados/as, devido à carência tos/as os/as 29 delegados/as e seus/suas respec vos de recursos, além da alta temperatura nos locais das suplentes, além dos/as indicados/as pelo estado. a vidades.
Na avaliação dos organizadores, essa etapa, somada à Bahia etapa municipal, em muito contribuiu para a constru- A Conferência Estadual da Bahia contou com a pre- ção do Sistema Nacional Ar culado, tendo sido con- sença de 2.500 par cipantes, representando todos os sensual sua necessidade. segmentos previstos.
Região Nordeste Durante as etapas municipais, intermunicipais e ter- ritoriais, os municípios propuseram emendas, que Alagoas foram acrescentadas ao Documento-Referência da Conae durante a Conferência Estadual de Educação, A conferência de Alagoas teve um total de 1.600 par - ocorrida no período de 25 a 28 de novembro de 2009 . cipantes, que discu ram todos os temas em plenárias de eixos. No total, 469 emendas foram aprovadas, Todos os eixos apresentaram muita per nência e fo- sendo os eixos I e VI os que mais receberam emendas − Eixo I, 164 emendas, e Eixo VI, 153. O encarte rela- ram discu dos com afi nco, porém alguns sobressaí- vo ao Plano Nacional de Educação foi discu do em ram, como o Eixo VII, Condições de saúde e trabalho plenária e obteve 3 emendas. dos profi ssionais em educação. Esse eixo foi incluído nas discussões por inicia va da Bahia a par r das de- des na realização de sua conferência, como a exten- mandas surgidas. são do estado, que tornou complicada a logís ca de transporte dos/as delegados/as dos municípios para a A Conferência Estadual de Educação (Coeed) cons - capital, e a len dão no processo de licitação, efe va- tuiu-se, assim, como relevante espaço de discussão do pela Universidade Federal do Maranhão. democrá ca, contribuindo signifi ca vamente para a construção de diretrizes voltadas à Polí ca Nacional Ainda segundo a Comissão, o evento foi bem avaliado de Educação e comprovando o interesse de todos os e ocorreu em um ambiente democrá co de debates, segmentos envolvidos em par cipar efe vamente da tendo representantes dos mais diversos segmentos, elaboração e implementação de um novo processo que puderam expressar suas ideias e contribuir para educacional no país. a construção de polí cas públicas voltadas ao estado e ao país. Ceará Paraíba A Conferência Estadual do Ceará teve como tema cen- tral: A educação do futuro pensada no presente e mo- A Comissão Organizadora Estadual, cons tuída por bilizou cerca de mil par cipantes, entre professores/ representantes de 31 ins tuições/en dades vincula- das à educação, foi a responsável pelo assessoramen- as, gestores/as educacionais, alunos/as, pais/mães e to aos municípios e realizou nove conferências inter- representantes da sociedade civil e de organizações municipais, em municípios-polo das diversas regiões governamentais, indicados nas etapas municipal e in- geográfi cas do estado. Sua atuação mobilizou e envol- termunicipal do processo da Conferência Nacional de veu nas discussões cerca de 10 mil pessoas. Educação 2010. Os debates foram orientados pelos 35 eixos temá cos do Documento-Referência da Conae, Dessas, 550 par ciparam da Conferência Estadual, en- subsídios para o processo de elaboração do Plano De- volvendo as esferas federal, estadual e municipal do cenal da Educação 2011-2020. Foram eleitos/as, para poder público, empresários e a sociedade civil orga- a etapa nacional, 80 delegados/as. nizada. Es veram reunidos/as gestores/as municipais e escolares, professores/as, estudantes, pais/mães de Maranhão alunos/as, conselheiros/as estaduais e municipais de educação, representantes de en dades sindicais, Mi- A Conferência Estadual do Maranhão contou com 507 nistério Público, Assembleia Legisla va, Sistema “S” par cipantes, que discu ram todos os eixos. O eixo (Senai, Sesi, Sesc e Senac), ins tuições de ensino su- que mais obteve emendas foi o I, com um total de perior (UFPB, UFCG, UEPB e IFPB), Fórum de EJA, So- 127 emendas. Contudo, não houve momento espe- ciedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), cífi co para deliberação sobre o PNE, mas este esteve Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (Resab) e presente em todos os eixos, norteando os debates. outros.
O estado do Maranhão elegeu 70 delegados/as, divi- Todos os eixos, bem como o PNE, foram objeto de didos/das entre educação básica, ensino superior e discussão e emendas. Além disso, foi feita a eleição profi ssional, e aproximadamente 15 indicados/as pe- dos/das 53 delegados/as dos segmentos da educação los movimentos sociais, totalizando 85 delegados/as. básica, educação superior e educação profi ssional e tecnológica, e referendados os nomes dos/as dele- A Comissão Organizadora apontou algumas difi culda- gados/as indicados/as pelos setores, ou seja, pelas en dades nacionais, que representaram a Paraíba na pe consis u na concre zação do debate em torno da Conferência Nacional de Educação. educação de forma ar culada, evidenciando tratar-se de um novo momento na educação brasileira. O novo Pernambuco Plano Nacional de Educação surgirá após um amplo debate nacional, sendo responsabilidade de todos a No estado de Pernambuco, a Conferência Estadual sua ampla divulgação e concre zação”. contou com a par cipação de 550 pessoas, as quais discu ram todos os eixos temá cos e aprovaram emendas ao Documento-Referência. Centro-Oeste
Piauí Distrito Federal Nesse estado, fi zeram-se presentes na Conferência A Conferência de Educação do Distrito Federal, pela Estadual 620 par cipantes. Como nos demais esta- natureza desse território, não contou com etapas mu- dos, discu ram em grupo, os eixos temá cos e em nicipais e teve seus/suas delegados/as inscritos/as plenária as emendas sugeridas. diretamente pelos segmentos e setores, totalizando 557 par cipantes. Rio Grande do Norte A Conferência Estadual contou com 400 par cipantes, Todos os eixos foram discu dos nos colóquios e plená- que discu ram todos os eixos. Também foram eleitos/ rias de eixo e em cada um foram iden fi cados pontos as os/as delegados/as que representaram o estado na polêmicos, o que ocasionou discussões mais acirradas. 36 etapa nacional. Ao todo, foram aprovadas 147 emendas, não tendo Sergipe havido momento específi co para discussão do encar- te rela vo ao PNE, uma vez que o tópico permeou as No estado de Sergipe, a Conferência Estadual envolveu discussões nos seis eixos. 400 pessoas, que discu ram todos os eixos temá cos e aprovaram um total de 437 emendas ao Documento- Foram eleitos/as 40 delegados/as, de acordo com as -Referência. Não foi reservado espaço para discussão vagas disponibilizadas pelo MEC. Também foram elei- específi ca sobre o encarte rela vo ao PNE e, conse- tos/as os/as suplentes, conforme previsto pelo Regi- quentemente, não houve apresentação de emendas. mento Interno da Conae.
Foram eleitos/as 33 delegados/as, contemplando os Na avaliação da Comissão, “acredita-se que a confe- segmentos e setores de acordo com o Regimento In- rência foi uma experiência enriquecedora para a maio- terno da Conae. ria dos membros da Comissão Organizadora, embora tenhamos enfrentado algumas situações-problema, A Comissão Organizadora relatou difi culdades no to- no entanto, com as parcerias, foram superadas e não cante à parceria fi rmada com a Universidade Federal afetaram seu sucesso”. de Sergipe, responsável pela aplicação dos recursos fi nanceiros disponibilizados pelo MEC. Goiás
Apesar das difi culdades, segundo a Comissão Orga- A Conferência Estadual da Educação, realizada de 13 nizadora, “a realização da Conae no estado de Sergi- a 16 de novembro de 2009, contou com par cipação ampla e representa va das várias ins tuições fede- tes desenvolveram-se em clima harmônico e cordial, rais, estaduais e municipais, organizações, en dades sem qualquer entrevero e/ou desavença, e veram e segmentos sociais; de representantes dos sistemas como principal foco a educação almejada. Nenhum de ensino, das en dades de trabalhadores da educa- eixo fi cou sem a entusiasmada discussão dos/as dele- ção básica, das en dades e organizações de estudan- gados/as. Registrou-se a prevalência da visão educa- tes, da sociedade civil, dos movimentos de afi rmação cional sistêmica sobre a corpora va e a segmentada. da diversidade, e dos Conselhos de Educação, confor- Nas palavras da Comissão, “pode-se afi rmar, de forma me os segmentos e setores estabelecidos pela Conae, categórica, que a Conae, em Goiás, caracterizou-se num total de 650 par cipantes, que discu ram todos como o maior e o mais representa vo evento educa- os eixos e apresentaram 171 emendas. O encarte re- cional das úl mas décadas”. la vo ao PNE foi aprovado na íntegra, sem maiores discussões. Mato Grosso
Foram eleitos/as 69 delegados/as, representando to- O Regimento Interno do Mato Grosso previa a par - dos os segmentos e setores, conforme regimento da cipação, na etapa estadual, de 600 delegados/as, dos Conae. quais 200 foram eleitos/as nas etapas intermunicipais e 400 foram indicados/as pelos segmentos (um terço A Comissão estadual apontou alguns obstáculos, tais e dois terços, respec vamente). Par ciparam da Con- como por exemplo não ter sido possível “u lizar o ferência Estadual cerca de 90% desse grupo, tendo sistema de eventos do MEC para a realização da con- discu do todos os eixos temá cos. Não houve, con- ferência por difi culdade de acesso, problemas de se- tudo, discussão sobre o encarte rela vo ao PNE, pois, segundo a Comissão Organizadora, a programação da nhas, bloqueios, travamentos, dentre outros. Isso difi - 37 etapa estadual foi defi nida no Regimento Interno em cultou a coleta de dados dos par cipantes, o controle fevereiro de 2009, e o encarte chegou apenas em meados de frequência, a cer fi cação e a comunicação entre a do segundo semestre, não havendo tempo hábil para al- Comissão Organizadora e os par cipantes”. teração. Apesar dessas difi culdades, a Comissão avaliou que Na etapa estadual foram eleitos/as 47 delegados/ a discussão, a preparação e a realização da etapa es- as, obedecendo aos critérios estabelecidos pelo Re- tadual da Conae cons tuíram-se em acontecimentos gimento Interno da Conae, além de 6 delegados/as de grande relevância e expressiva repercussão social. indicados/das pela organização, observando-se igual- Ao longo do ano, mobilizaram-se, em todos os 246 mente os critérios do referido regimento. municípios do estado, autoridades educacionais, pro- fessores/as, gestores/as, agentes administra vos edu- Também pela avaliação da Comissão Organizadora, “a cacionais, alunos/as, pais/mães e os demais membros discussão de temas educacionais integrados (educa- da comunidade escolar, com a fi nalidade de discu r a ção básica e superior) foi o maior avanço para o Mato educação no país, tendo como referencial a Conae. To- Grosso. Apesar dos esforços de governos e muitos dos os níveis, etapas e modalidades da educação goia- segmentos, foi uma discussão integrada com esse ní- na responderam posi vamente à Conae e fi zeram-se vel de abrangência (começando no município, depois presentes em todos os seus momentos. Cada um dos nos polos e, em seguida, na etapa estadual). Estamos seis eixos que compuseram o Documento-Referência no caminho da construção do Sistema Nacional de foram objeto de amplas e pro cuas discussões, quer Educação”. nas conferências regionais, quer na estadual. Os deba- Mato Grosso do Sul A difi culdade fi nanceira, apesar do subsídio do MEC, A Conferência Estadual de Educação de Mato Grosso foi superada com recursos adicionais da Secretaria de do Sul (Coeed/MS) contou com 400 par cipantes e Estado de Educação, mas o processo de liberação dos teve todos os eixos discu dos. Os trabalhos rela vos recursos por parte da Universidade Federal do Espí- à discussão dos eixos ocorreram simultaneamente. rito Santo − tanto na etapa municipal/intermunicipal Para cada um deles houve uma palestra de abertura, quanto na etapa estadual − provocou adiamento de e o debate sobre as propostas das conferências inter- muitas conferências municipais. Na etapa estadual, municipais foi coordenado por uma equipe composta essa questão também foi recorrente e, por conta dos de um coordenador e dois auxiliares. O encarte do atrasos, desrespeitou o regimento nacional, ocasio- PNE não foi discu do devido aos problemas logís cos nando adiamento da Conferência Estadual. que antecederam a Coeed/MS. Registrou-se a avaliação da coordenadora da confe- Foram eleitos/as 42 delegados/as, dos quais 21 apre- rência no estado: “Podemos avaliá-la sob dois olha- sentaram-se como indicação, por seus segmentos. res. O primeiro olhar perpassa o trabalho de orga- nização realizado pela comissão ao longo do ano de Houve difi culdades de organização por problemas de 2009. Por esse olhar, vimos o trabalho como provei- licitação, o que causou o adiamento da Conferência. toso, feito com muita responsabilidade, tendo alcan- Ainda assim, apesar dos transtornos logís cos que an- çado os obje vos propostos, que foram a discussão tecederam a realização do evento, este ocorreu com do Documento-Referência e as propostas de emendas tranquilidade. Observou-se uma grande par cipação que foram inseridas nele, originadas das conferências municipais/intermunicipais, discu das e aprovadas na 38 nos trabalhos dos eixos e durante a plenária fi nal. As avaliações por parte dos/as delegados/as foram boas, Conferência Estadual. Tivemos, também, a par cipação com exceção de itens como transporte e hospeda- de palestrantes reconhecidos nacionalmente, para gem, que foram diretamente infl uenciados pelos pro- fazer uma exposição do tema da Conferência, junta- blemas logís cos citados. mente com uma discussão centrada no fi nanciamen- to da educação. Já o segundo olhar remete à par - Região Sudeste cipação de alguns segmentos que, como delegados/ as, pareceram não reconhecer o lugar onde estão, Espírito Santo transformando o espaço em local de disputa de seg- mentos, em detrimento da discussão das ideias. Isso, No Espírito Santo, a etapa estadual ocorreu em de- no nosso entendimento, muitas vezes, atrapalhou o zembro, no Sesc de Praia Formosa, município de Ara- andamento dos trabalhos. Na Conferência Estadual, cruz, e foi organizada para 700 par cipantes − delega- aqui no Espírito Santo, as palestras e as discussões de dos/as e observadores/as eleitos/as nas conferências grupo funcionaram dentro do que havia sido organi- municipais e intermunicipais, além de convidados/as. zado. Já as plenárias cheias, em muitos momentos, Contrariando às projeções, par ciparam da Conferên- foram dominadas por alguns segmentos, desviando o cia 543 interessados/as. De modo geral, todos os ei- rumo dos trabalhos para os interesses de grupo. Por xos apresentaram o mesmo nível de discussão, o que esse olhar, entendemos que ainda precisamos apren- levou a quan dades aproximadas de emendas. O Eixo der a reconhecer os espaços para par ciparmos bem V foi o que mais recebeu emendas: 356, de um total dos eventos”. de 1.112. O encarte rela vo ao PNE não foi discu do separadamente. Minas Gerais o importante papel das en dades que representavam no processo de estruturação do evento, e as arestas Na Conferência do estado de Minas Gerais es veram foram sendo aparadas, o que resultou num brilhante presentes 1.200 pessoas, entre representantes dos momento de par cipação e democracia com vista à municípios, integrantes da comissão e de setores, ob- construção do Sistema Nacional Ar culado: o Plano servadores/as e convidados/as. Nacional de Educação, Diretrizes e Metas”.
O processo de discussão dos eixos foi um acúmulo Rio de Janeiro na medida em que a metodologia adotada em Minas Gerais possibilitou a cada delegado/a permanecer no A Comissão Organizadora da Conae no estado do Rio eixo inicial de discussão, tanto nas conferências muni- de Janeiro elaborou cole vamente um documento- cipais como nas micro e macroconferências realizadas -síntese do processo de sua construção, para o qual em todo o estado. Dessa forma, houve discussão e contribuíram conselheiros/as municipais e estaduais, propostas de emendas em todos os eixos, com maior gestores/as da educação básica, trabalhadores/as da número de emendas em relação ao Eixo VI (238). educação pública e privada, sociedade civil organiza- da, estudantes, pais/mães e outros. Desse documen- Não houve tempo hábil para discussão específi ca do to foi extraída a síntese a seguir. encarte rela vo ao PNE, mas a Comissão Organiza- dora avalia que, “par ndo da perspec va de que o A Conferência Estadual de Educação do Rio de Janeiro encarte estava con do nos eixos, consideramos que foi realizada no período de 27 a 29 de novembro de o debate foi bom e, em vários momentos, abordou 2009, no Colégio Pedro II − Unidade São Cristóvão-RJ, a questão central, ou seja, a Construção do Sistema e contou com a par cipação de mil pessoas. 39 Nacional Ar culado: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação”. A Conae-RJ teve um caráter delibera vo e apresentou, a par r de um diagnós co da realidade educacional de O quan ta vo de Minas Gerais é de 166 delegados/as todo o estado, um conjunto de propostas para a Con- e, por setor, foram indicados oito delegados/as. ferência Nacional de Educação, tendo como obje vos: a) mobilizar ins tuições e organizações envolvi- De acordo com o relato da Comissão Organizadora, das com a educação básica, a educação profi s- “envolver 853 municípios de Minas Gerais no evento sional e a educação superior no estado do Rio não foi tarefa fácil. Além disso, a esfera estadual par- de Janeiro para debater a temá ca da Conae; cipou como parceiro e não como coadjuvante, o que b) organizar e sistema zar as propostas das confe- fez com que todas as ações fossem orquestradas pela rências intermunicipais e da conferência da ci- Undime-MG e por uma comissão composta por 23 en- dade do Rio de Janeiro, em conformidade com dades dos mais variados setores da sociedade civil os eixos temá cos propostos para a Conae; organizada, rede par cular e pública de ensino, estu- c) eleger os/as delegados/as para a Conae. dantes, trabalhadores/as em educação e gestores/as, ou seja, interesses confl itantes sentaram-se à mesma A Conae-RJ teve como suporte estrutural e organiza- mesa para discu r e organizar o que foi, sem dúvida cional as conferências intermunicipais e a conferên- nenhuma, um grande marco na história da educação cia da cidade do Rio de Janeiro, precedidas ou não de mineira. No início não foi nada fácil, mas, com respon- conferências municipais. sabilidade e entusiasmo, cada um foi compreendendo Todos os eixos, com exceção do VI, foram discu dos Sul e, após modifi cações, foram aprovados pela plenária geral. O Eixo VI demandou um prazo maior para fi na- Paraná lização de suas análises, mas não foi possível fechar A Conferência Estadual do Paraná contou com a pre- as proposições à plenária, de modo que nenhuma sença de 750 delegados/as, eleitos/as nas conferências emenda foi acrescentada. O PNE não chegou a ser municipais e intermunicipais, que discu ram todos os analisado, somente lido individualmente. No total, eixos. Os debates veram o mesmo tempo em ambas a Conae-RJ aprovou 259 emendas, destacando-se o plenárias, a específi ca e a fi nal. Os eixos que mais re- Eixo III, com 81 emendas. ceberam emendas foram os eixos III e VI. Houve tam- bém discussão específi ca sobre o encarte rela vo ao Foram eleitos/as 140 delegados/as dos diversos seg- PNE, que aprovou na plenária fi nal três emendas. mentos e indicados/as 16 representantes da socieda- de civil organizada. Todos os segmentos e setores da sociedade civil orga- nizada estavam representados. “Tivemos muitos problemas, haja vista que a Comis- são Organizadora nha difi culdades em tomar deci- Foram eleitos 114 delegados/as e, conforme o Regi- sões, dada a preponderância de vontades individuais mento Interno da Conae, foram indicados/as 16 dele- que buscavam se impor frente ao obje vo precípuo, gados/as dos diversos setores, além de observadores/ além da ausência de membros às reuniões, que acar- as, compreendendo as indicações estaduais, de acor- retou muitas vezes a revisão das deliberações já to- do com o Regimento Nacional. 40 madas e provocou atrasos em todo o processo.” Po- rém, “apesar de todos os contratempos, trabalhou-se Houve difi culdade sobretudo em relação ao fi nancia- incessantemente para que, dentro das condições des- mento e ao volume de trabalho necessário para que o critas, o melhor fosse feito, tendo-se em mente que, evento acontecesse, de forma que fi cou concentrado por mais que nos esmerássemos, jamais conseguiría- − por uma série de razões − em, basicamente, repre- sentantes de 3 en dades, entre as 12 integrantes da mos dar um atendimento adequado, uma vez que foi Comissão. Foram elas: Seed; APP-Sindicato e UFPR. feito em pouco espaço de tempo”. Ainda que pesem tais difi culdades, a Comissão Orga- São Paulo nizadora avalia que “a Conferência Estadual, em ge- A Conferência Estadual de São Paulo foi a primeira ral, a ngiu os obje vos propostos”. As fragilidades das conferências estaduais e foi coordenada por um notadas foram: índice considerável de discussão de membro da Undime, sem condições adequadas para aspectos formais do Documento-Referência nas ple- um processo de tal magnitude. Segundo relatos de nárias de eixo e diferença importante entre o número integrantes da Comissão Organizadora Nacional, a previsto de par cipantes (cerca de 1.200 pessoas) e o conferência não conseguiu discu r todos os eixos em con ngente efe vo (pouco mais de 700 pessoas). plenária geral, dado o volume de emendas − mais de Além desses aspectos, observou-se, em vários mo- 2 mil −, ocorrendo problemas também com a eleição mentos, “um certo desvio de foco na prioridade dos de delegados/as. Porém, compareceram 4 mil repre- debates das questões educacionais − e suas inúmeras sentantes. questões correlatas −, em razão, principalmente, dos temas rela vos à chamada ‘diversidade’, cujas pautas, segundo avaliamos, são de suma importância, porém, segmentos e setores indicados pelo estado, além de no âmbito da Conae, é importante ater-se à polí ca um/uma delegado/a representando os parlamentares. educacional para a diversidade”. Segundo a Comissão, houve uma única difi culdade: Pontos relevantes: o problema com o vírus da chamada gripe A (H1N1) • apesar das divergências comuns no ambiente provocou o adiamento de várias conferências regio- democrá co, muitos debates resultaram em nais, mas felizmente não prejudicou a Conferência consensos; Estadual.
• considerando todas as etapas da Conae (dis- Na avaliação da Comissão Organizadora, assumiu-se cussão nas escolas, etapa municipal e etapa o desafi o de realizar um amplo e democrá co deba- estadual), notou-se que os debates em regime te da educação em Santa Catarina. Esse obje vo foi de plenária consis ram em espaço de forma- a ngido dados a capacidade de ar culação e o en- ção polí co-pedagógica, o que é importante, volvimento das Secretarias Municipais de Educação e sobretudo no Paraná, para a recuperação de das Gerências Regionais da Educação da Secretaria de todas as instâncias educa vas enquanto locus Estado da Educação, além de todas as en dades da de debate polí co e de formação para o pleno Comissão Organizadora Estadual. exercício da cidadania, o que envolveu uma série de lutas e embates para a efe vação de O processo resultou em 292 conferências municipais direitos. (de um total de 293 municípios) e par cipação de aproximadamente 40 mil pessoas, 29 conferências re- 41 Santa Catarina gionais e par cipação de 8 mil delegados/as, e a Con- Da Conferência Estadual de Santa Catarina par cipa- ferência Estadual, que contou com 917 delegados/as ram mil delegados/as, representando os vários seg- e mais de 80 observadores/as e convidados/as, supe- mentos da educação (851) e setores organizados da rando as expecta vas. sociedade civil (67). Houve pouca par cipação da educação profi ssional, principalmente a da rede pri- Rio Grande do Sul vada, e do ensino superior, tanto público como priva- Par ciparam da etapa estadual do Rio Grande do Sul do, impossibilitando o cumprimento da meta estabe- 900 pessoas, dentre as quais aproximadamente 100 lecida pela coordenação nacional − 50% da educação convidados/as e observadores/as, que não par cipa- básica, 30% do ensino superior e 20% da educação ram de etapa municipal (como palestrantes, dirigen- profi ssional na Conferência Estadual de Educação. tes municipais, dirigentes de ins tuições de ensino Todos os eixos foram discu dos, exceto o encarte re- superior e de educação profi ssional, Ministério Públi- la vo ao PNE, por ter chegado depois da realização co, Receita Federal, entre outros). das conferências regionais e após concluída a organi- zação da programação da Conferência Estadual. O en- Todos os eixos foram discu dos, sendo o Eixo VI o que carte foi distribuído como documento na Conferência mais apresentou e aprovou emendas: 452. Também Estadual. o encarte rela vo ao PNE foi discu do, acolhendo 12 Foram eleitos/as 82 delegados/as, representando esses emendas. Foram eleitos/as 108 delegados/as dos segmentos, sendo 55 da educação básica, 20 da educação profi s- sional e 31 da educação superior. Os/as 17 delegados/ as de setores foram referendados na etapa estadual.
A Comissão Organizadora relatou difi culdades em re- lação à execução do projeto fi nanceiro, o que acar- retou problemas na qualidade da etapa. Muitas des- pesas ultrapassavam o limite orçamentário e as duas empresas licitadas não foram contratadas para o que era necessário. Por exemplo, parte do material im- presso foi feito pelo recurso federal e o restante, di- vidido entre as ins tuições da Comissão Organizado- ra Estadual. O mesmo ocorreu com a sistema zação − feita pelos membros da própria Comissão ou paga pelas ins tuições. Esses detalhes poderiam ter quali- fi cado o evento e liberado os membros da Comissão para acompanhar mais os debates e contribuições ao documento.
42 Foi inserido nesse relatório um quadro demonstra - vo dos par cipantes da Conferência Estadual do Pará para servir de referência às próximas conferências da educação quanto à organização dos dados do perfi l dos par cipantes. Quadro demonstrativo dos participantes da Conferência Estadual do Pará
TOTAL DE PARTICIPANTES INSCRITOS DELEGADOS/AS 578 OBSERVADORES/AS 100 OUVINTES 80 TOTAL DE PARTICIPANTES 758
Informações Quantitativa e Qualitativa dos/as Delegados/as Inscritos/as e Credenciados/as QUANTO AO SEXO INSCRITOS INSCRIÇÃO SEXO OCORRÊNCIAS ATIVO FEMININO 333 ATIVO MASCULINO 245 TOTAL 578
QUANTO À REGIÃO DE INTEGRAÇÃO INSCRITOS INSCRIÇÃO REGIÃO OCORRÊNCIAS 43 ATIVO ARAGUAIA 21 ATIVO BAIXO AMAZONAS 55 ATIVO CARAJÁS 28 ATIVO MARAJÓ 30 ATIVO METROPOLITANA 177 ATIVO RIO CAETÉ 45 ATIVO RIO CAPIM 49 ATIVO RIO GUAMÁ 53 ATIVO TAPAJÓS 22 ATIVO TOCANTINS 50 ATIVO TUCURUÍ 27 ATIVO XINGU 21 TOTAL 578
POR SEGMENTO INSCRITOS IINSCRIÇÃONSCRIÇÃO SSEGMENTOEGMENTO OOCORRÊNCIASCORRÊNCIAS AATIVOTIVO EEDUCAÇÃODUCAÇÃO BBÁSICAÁSICA 552525 AATIVOTIVO EEDUCAÇÃODUCAÇÃO PPROFISSIONALROFISSIONAL 1155 AATIVOTIVO EEDUCAÇÃODUCAÇÃO SSUPERIORUPERIOR 3388 TTOTALOTAL 557878 POR CATEGORIA INSCRITOS INSCRIÇÃO CATEGORIA OCORRÊNCIAS ATIVO CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 1 ATIVO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO 20 ATIVO DOCENTE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICA 5 ATIVO ESTUDANTE 46 ATIVO GESTOR DA EDUCAÇÃO ESTADUAL 26 ATIVO GESTOR DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL 70 ATIVO GESTOR DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL/ESTADUAL 5 ATIVO GESTOR DA EDUCAÇÃO PRIVADA 4 ATIVO PAIS 30 ATIVO TÉCNICO ADMINISTRATIVO SUPERIOR PÚBLICO 10 ATIVO TRABALHADOR DA EDUCAÇÃO PRIVADA 10 ATIVO TRABALHADOR DA EDUCAÇÃO PÚBLICA 346 ATIVO TRABALHADOR DA EDUCAÇÃO SUPERIOR PRIVADA 5 TOTAL 578
POR ESCOLARIDADE INSCRITOS INSCRIÇÃO ESCOLARIDADE OCORRÊNCIAS 44 ATIVO ENSINO MÉDIO COMPLETO 49 ATIVO ENSINO MÉDIO INCOMPLETO 30 ATIVO ENSINO SUPERIOR COMPLETO 211 ATIVO ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO 61 ATIVO ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO 8 ATIVO ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO 15 ATIVO PÓS-GRADUAÇÃO − DOUTORADO 7 ATIVO PÓS-GRADUAÇÃO − ESPECIALIZAÇÃO 172 ATIVO PÓS-GRADUAÇÃO − MESTRADO 25 TOTAL 578
POR RAÇA/ETNIA INSCRITOS INSCRIÇÃO RAÇA OCORRÊNCIAS ATIVO AMARELA 10 ATIVO BRANCA 100 ATIVO INDÍGENA 9 ATIVO NEGRA 84 ATIVO PARDA 375 TOTAL 578
POR EIXOS TEMÁTICOS INSCRITOS INSCRIÇÃO GRUPO DE TRABALHO OCORRÊNCIAS DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO, PERMANÊNCIA ATIVO 74 E SUCESSO ESCOLAR ATIVO FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO E CONTROLE SOCIAL 96 FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS ATIVO 187 DA EDUCAÇÃO JUSTIÇA SOCIAL, EDUCAÇÃO E TRABALHO: INCLUSÃO, ATIVO 89 DIVERSIDADE E IGUALDADE PAPEL DO ESTADO NA GARANTIA DO DIREITO À ATIVO 50 EDUCAÇÃO DE QUALIDADE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO, GESTÃO DEMOCRÁTICA ATIVO 82 E AVALIAÇÃO TOTAL 578
CONAE – RELATÓRIO POR IDENTIDADE DE GÊNERO INSCRITOS INSCRIÇÃO IDENTIDADE DE GÊNERO OCORRÊNCIAS ATIVO NÃO OPTOU 330 ATIVO OUTROS 237 ATIVO TRANSEXUAL 3 ATIVO TRANSGÊNERO 7 ATIVO TRAVESTI 1 TOTAL 578 45 CONAE – RELATÓRIO POR ORIENTAÇÃO SEXUAL INSCRITOS INSCRIÇÃO ORIENTAÇÃO SEXUAL OCORRÊNCIAS ATIVO BISSEXUAL 2 ATIVO HETEROSSEXUAL 460 ATIVO HOMOSSEXUAL 9 ATIVO NÃO OPTOU 106 ATIVO TRANSEXUAL 1 TOTAL 578 Coordenadores/as estaduais
REGIÃO NORTE COORDENADOR/A ACRE RITA PARO
SIRLEI ALVES HENRIQUE AMAZONAS Contato: Eliana ou Fernanda
AMAPÁ ELICE MARTINS NOBRE PARÁ WILSON DA COSTA BARROSO RONDÔNIA JOÃO RAMÃO CHAVES ZARATE RORAIMA ANA CELIA OLIVEIRA PAZ TOCANTINS ALESSANDRA DE FÁTIMA CAMARGO PEREIRA REGIÃO NORDESTE COORDENADOR/A ALAGOAS JOSÉ NEILTON NUNES ALVES BAHIA GELCIVÂNIA MOTA SILVA CEARÁ CARMENSITA MATOS BRAGA PASSOS MARANHÃO NARCISA ENES ROCHA PARAÍBA GISELDA FREIRE DINIZ PERNAMBUCO AIDA MARIA MONTEIRO SILVA 46 PIAUÍ JOÃO BATISTA RODRIGUES DOS SANTOS RIO GRANDE DO NORTE OTÁVIO AUGUSTO DE ARAÚJO TAVARES SERGIPE IVANISE GOMES DE JESUS REGIÃO CENTRO-OESTE COORDENADOR/A DISTRITO FEDERAL REGINA BALDINI DE FIGUEIREDO GOIÁS EDVÂNIA BRAZ TEIXEIRA RODRIGUES MATO GROSSO ROSANEIDE SANDES DE ALMEIDA MATO GROSSO DO SUL CARLA DE BRITTO RIBEIRO CARVALHO REGIÃO SUDESTE COORDENADOR/A ESPIRÍTO SANTO CÁSSIA OLINDA NUNES MINAS GERAIS SUELY DUQUE RODARTE RIO DE JANEIRO CÉLIA REGINA MARINS QUARESMA SÃO PAULO JOSÉ ADINAN ORTOLAN REGIÃO SUL COORDENADOR/A PARANÁ ALAYDE MARIA PINTO DIGIOVANNI RIO GRANDE DO SUL MÁRCIA ADRIANA DE CARVALHO
SANTA CATARINA MARTA VANELY vadores/as e en dades parceiras fi cou dentro das IV. Etapa Nacional expecta vas. Superou as expecta vas o número de pessoas e en dades solicitando par cipação. Regis- tramos também que alguns estados não observaram Realizada no período de 28 de março a 1o de abril de o Regimento Interno, que dizia claramente que era 2010, conforme programação apresentada adiante, a necessário par cipar da etapa municipal e estadual”. etapa nacional da Conae reuniu 1.831 delegados/as Como se vê pela programação, a Conae cons tuiu-se eleitos/as nas conferências estaduais, 146 delegados/ em diversos momentos: a abertura − que contou com as de indicação nacional, 385 delegados/as de indica- a presença do Ministro de Estado da Educação e de ção estadual, 66 delegados/as natos/as, 778 observa- outros atores importantes envolvidos na educação dores/as palestrantes, 403 pessoas como equipe de −, o painel de abertura sobre o tema central da con- apoio e coordenação, 170 profi ssionais da imprensa ferência; os colóquios; as mesas de interesse; as vá- e 114 integrantes da equipe cultural, num total de rias reuniões dos setores organizados; as plenárias de 3.892 par cipantes. Como o Regimento Interno já eixo; a plenária fi nal; o encerramento; e as a vidades dispunha sobre a quan dade de delegados/as a se- culturais nos intervalos para almoço e jantar. rem credenciados/as na etapa nacional, por estado, segmento e setor, “o número de delegado/as, obser-
47 da Comissão Organizadora Nacional, fez um balanço 1. Abertura Ofi cial da conferência e de seu processo de construção em todas as etapas, ressaltando sempre a importância do Mais de 4 mil pessoas estavam presentes no auditório envolvimento e da par cipação social nesse processo. principal do Centro de Convenções, para a abertura da O destaque foi para o fato de essa ter sido a primeira Conae, quando dezenas de manifestantes da UnB, em conferência de Estado da educação, envolvendo todas greve, adentraram a plenária para reivindicar a pala- as instâncias do poder público (Execu vo, Legisla vo vra. Após negociações com os organizadores, foi-lhes e Judiciário) de todas as esferas de governo (federal, garan do tempo para informar aos presentes os mo- estaduais, do Distrito Federal e municipais) e todos os vos da paralisação. Confl ito? Segundo membros da segmentos da comunidade escolar e de gestão, bem Comissão Nacional Organizadora, esse momento foi como todos os setores organizados da sociedade civil, um exercício dialé co da educação. “Estávamos nos desde sua organização, que se expressaram na com- preparando para discu r todos os temas referentes posição da Comissão Organizadora, como visto ante- à educação, do fi nanciamento à qualidade, passando riormente. pela valorização dos profi ssionais, quando chegou um setor reivindicando algo do governo e querendo que Digna de atenção também foi a fala do Ministro de isso fosse visto por delegados/as do país inteiro, ou Estado da Educação, Fernando Haddad, que, além de seja, não é um confl ito com a conferência, pois tanto se congratular com a conferência, incen vou os par - o movimento grevista quanto ela estavam lutando na cipantes a serem ousados em suas proposições, o que mesma direção. Na negociação que precedeu a fala foi percebido por muitos par cipantes e também pela das lideranças do movimento, isso fi cou muito claro, Comissão Organizadora. 48 quando disseram que não queriam atrapalhar a con- ferência, apenas informar aos/às delegados/as o mo- vo da greve, o que foi feito, sem nenhum prejuízo para a conferência.”
A mesa de abertura foi composta pelo professor Fran- cisco da Chagas Fernandes, coordenador geral da con- ferência, pelos ministros de Estado da Educação, da Cultura e dos Esportes, pelas senadoras Ideli Salva e Fá ma Cleide Rodrigues da Silva, esta presidente da Comissão de Educação do Senado e representante do Senado na Comissão Organizadora, e pelos deputados federais Angelo Vanhoni, presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, e Car- los Augusto Abicalil, representante da Câmara na Co- missão Organizadora Nacional.
Todas as falas da abertura, além de saudar os presen- tes, registraram a importância da Conferência Nacional da Educação, considerando-a momento histórico para a educação brasileira. O professor Chagas, em nome No processo de construção da Conae, convivemos 2. Falas com a pluralidade social, polí ca e cultural e consegui- mos dialogar, apesar dos interesses próprios de cada Todas as falas e saudações apresentaram balanços segmento educacional e de cada setor. Buscamos a sobre os avanços na educação brasileira durante os sabedoria de estabelecer os acordos necessários à governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além realização deste momento histórico da educação bra- de expecta vas e desejos em relação à Conferência e sileira. O clima que sinto hoje instalado me assegura seus desdobramentos. que aqui con nuaremos, na construção de novos pac- tos sociais, para avançar na consolidação da educação Francisco das Chagas Fernandes escolar nacional, um direito de todos os brasileiros e Coordenador Geral da Comissão brasileiras. Organizadora Nacional da Conae Estou me referindo àqueles que representam as se- guintes en dades: o Ministério da Educação, a Co- Eu quero cumprimentar a nossa Mesa, cumprimen- missão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, a tando o ministro de Estado da Educação, Fernando Comissão de Educação e Cultura da Câmara, o Con- Haddad, em nome de quem eu cumprimento os mi- selho Nacional de Educação, a Associação Nacional nistros que estão presentes nesta abertura. Quero dos Dirigentes das Ins tuições Federais de Ensino Su- cumprimentar o presidente da Comissão de Educação perior − Andifes, a Associação Brasileira dos Reitores e Cultura da Câmara dos Deputados, deputado Va- das Universidades Estaduais e Municipais − Abruem, a nhoni. Quero cumprimentar a senadora Fá ma Clei- Confederação Nacional dos Estabelecimentos de En- de, presidente da Comissão de Educação, Cultura e sino − Confenen, a Associação Brasileira das Universi- 49 Esporte do Senado Federal. Quero cumprimentar a lí- dades Comunitárias − Abruc, o Conselho Nacional das der do governo no Congresso, senadora Ideli Salva . Ins tuições da Rede Federal de Educação Profi ssional, Quero cumprimentar todos os companheiros e com- Cien fi ca e Tecnológica − Conif, o Conselho Nacional panheiras que compõem a Comissão Organizadora da de Secretários de Educação − Consed, a União Nacio- Conae, que já foram nominados e estão aqui conos- nal dos Dirigentes Municipais de Educação − Undime, co. Quero cumprimentar os parlamentares federais, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Edu- estaduais e municipais. Esta conferência tem setores, cação, a Confederação Nacional dos Trabalhadores como os deputados estaduais e vereadores, e tem a em Estabelecimentos de Ensino − Contee, a Federa- Comissão de Educação, da Câmara e do Senado, como ção de Sindicatos e Trabalhadores de Universidades delegados/as nesta conferência. Quero cumprimen- Brasileiras − Fasubra, o Fórum de Professores das Ins- tar os segmentos dos pais/mães, estudantes, profi s- tuições Federais de Ensino Superior − Proifes, o Sin- sionais da educação e os/as gestores/as da educação dicato Nacional dos Servidores Federais de Educação brasileira, pública e privada. Básica e Profi ssional − Sinasefe, a União dos Conselhos Municipais de Educação − UNCME, a União Brasileira Eu quero me dirigir a vocês em nome da Comissão Or- dos Estudantes Secundaristas − Ubes, a União Nacio- ganizadora. Essa comissão debateu, discu u e propôs nal dos Estudantes, a Confederação Nacional das As- que eu, como coordenador da Comissão, falasse em sociações de Pais e Alunos − Confenapa, a Sociedade nome de todas as en dades que compõem a Comis- Brasileira para o Progresso da Ciência − SBPC, o Mo- são Organizadora da Conae. vimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra − MST, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricul- tura − Contag, a Comissão Assessora de Diversidade Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Casa da Moeda, a para Assuntos Relacionados a Afrodescendentes, o Petrobras e o Senai. Centro de Estudos das Relações de Trabalho, a Cam- panha Nacional pelo Direito à Educação, o Movimento Quero agradecer às Comissões Estaduais, Municipais, “Todos pela Educação”, a Central Única dos Trabalha- Intermunicipais e do Distrito Federal, aos seus mem- dores, a União Geral dos Trabalhadores, a Confedera- bros e coordenadores, que organizaram com sucesso ção Nacional da Indústria, a Confederação Nacional as etapas precedentes da Conae. Às universidades e do Comércio, Bens, Serviços e Turismo, a Associação escolas técnicas federais, que par ciparam da coope- Nacional pela Formação dos Profi ssionais de Educação ração técnica e fi nanceira aos estados e municípios, à − Anfope, e a Associação Nacional de Pós-Graduação e Secretaria Execu va do MEC, ao FNDE e à diretoria de Pesquisa em Educação − ANPEd. Tecnologia da Informação − DTI, pelo trabalho conjun- to que realizamos. Aos secretários de Educação que Também quero registrar que, com o clima de parceria ofereceram suporte às etapas municipais e estaduais que se instalou entre nós, essa Comissão que eu termi- da Conae. Aos sindicatos de trabalhadores e demais nei de mencionar ampliou o número de en dades que en dades da sociedade civil, pela mobilização social estão par cipando da Conae. Mesmo não integrando a que realizaram, apoio e par cipação na Conferência. Comissão Organizadora, nós temos como parceiros ain- da: a Associação Nacional de Polí ca e Administração da Excelen ssimo senhor ministro Fernando Haddad, ca- Educação − Anpae, o Fórum de Diretores de Faculdades ros colegas, delegados e delegadas, observadores e e Centros de Educação das Universidades Públicas Bra- observadoras, palestrantes desta conferência, sileiras − Forumdir, o Centro de Estudos em Educação & Esta conferência resgata um dos marcos históricos 50 Sociedade − CEDES, o Conselho Nacional de Desenvol- vimento Econômico e Social, o Ministério da Cultura, o dos movimentos em defesa da educação republicana Ponto de Cultura “Invenção Brasileira”, aqui de Brasília, no Brasil, que teve sua expressão maior no Manifesto o Ministério da Saúde, a Associação Brasileira de Gays, dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932. Essa con- Lésbicas, Bissexuais, Traves s e Transexuais, a Organi- cepção republicana infl uenciou os grandes debates zação das Nações Unidas para a Educação, Ciência e educacionais, sobretudo os congressos e as Conferên- Cultura − Unesco, e outros organismos internacionais, cias Brasileiras de Educação. Muitos de nós par cipa- como OEI, PNUD, OIT, Unicef e Banco Mundial, Funda- mos das Conferências Brasileiras de Educação − CBEs, ção Nacional do Índio − Funai, Associação Nacional dos par cipamos dos Congressos Nacionais de Educação, Pós-Graduandos − ANPG, Confederação dos Sindicatos organizados pela sociedade civil, além dos congressos Municipais − Confetam, Comissão Pastoral da Terra, Sis- e conferências organizados pelos segmentos, pelos tema “S” − Senai, Senac, Sesi e Sesc, Ins tuto Nacional setores da nossa educação. do Câncer, Conselho Federal de Psicologia, Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tec- A importância polí ca desta e de outras conferências, nologia e Inovação, dentre outros. para o país, guarda estreita relação, em suas origens, com a própria história de organização e de fortaleci- Com certeza, se formos procurar, temos outras en dades mento do Estado, do seu dever com uma educação que estão aqui presentes e eu não ve oportunidade de escolar pública, gratuita, laica e de qualidade social citar, mas que, às vezes, indiretamente, estão colaboran- para todos e todas. do com esta conferência e par cipando das a vidades.
Agradecemos aos nossos patrocinadores: o Banco do Há uma relação entre este acontecimento e a própria história da ins tucionalização do Ministério da Edu- cação, quando o presidente da República sancionou, retomou a convocação e a realização de conferências em 1937, a Lei no 378, reorganizando o Ministério da desse porte. Esta conferência vai propor a ins tucio- Educação e Saúde Pública e também ins tuindo, no nalização, em lei, da Conferência Nacional de Edu- mesmo ato, uma Conferência Nacional de Educação, cação. Não temos dúvida sobre isso. Aliás, na minha assim defi nido em lei. Vou ler para vocês o que foi opinião, ela vai propor algo que a gente já poderia até escrito naquele momento: considerar como lei porque já tem uma lei lá atrás, que eu li para vocês, dizendo isso. E vai também dizer Art. 90. Ficam insƟ tuídas a Conferência Nacional de que essa conferência deverá fazer parte do Sistema Educação e a Conferência Nacional de Saúde, desƟ na- Nacional Ar culado de Educação. das a facilitar ao Governo Federal o conhecimento das aƟ vidades concernentes à educação e à saúde, reali- A Conferência Nacional de Educação é um importan- zadas em todo o País, e a orientá-lo na execução dos te acontecimento na vida democrá ca do país e está serviços locais de educação e de saúde, bem como na marcada por antecedentes históricos da educação concessão do auxílio e da subvenção federais. brasileira e pelo contexto social e polí co atual. Avan- çamos na consolidação do Estado Democrá co de Di- Parágrafo único: A Conferência Nacional de Educação reito e elegemos um governo democrá co e popular, e a Conferência Nacional de Saúde serão convocadas comprome do com a igualdade social. pelo Presidente da República, com intervalos máximos de dois anos, nelas tomando parte autoridades admi- A Conae emergiu como um espaço democrá co da nistraƟ vas que representem o Ministério da Educação sociedade, que tem o apoio ins tucional do poder e Saúde e os governos estaduais, do Distrito Federal e público, para que todos possam par cipar do desen- Territórios. volvimento da educação nacional. Ela está organizada 51 para debater a educação escolar, da educação infan l Em novembro de 1941, foi realizada a I Conferência à pós-graduação. Vem sendo realizada nos diferentes Nacional de Educação e, na sequência, sob o formato territórios e espaços ins tucionais, municípios, Distri- de congressos ou conferências, muitas outras foram to Federal e estados. organizadas, umas pela sociedade civil e outras pelo poder público. Na década de 1980, foram realizadas Portanto, instala-se hoje aqui a culminância de um as Conferências Brasileiras de Educação, a que já me processo de colaboração interfedera va e de ampla referi, e os Congressos Nacionais de Educação − Co- par cipação da sociedade civil. Aqui estão estudan- ned. tes, pais/mães, profi ssionais da educação, gestores/ as, agentes públicos e setores diversos da sociedade Na atual década, a Câmara dos Deputados organizou brasileira que trabalham com educação, direta ou in- a I Conferência Nacional de Educação, Cultura e Des- diretamente. porto e a Conferência Nacional de Educação e Cultura. A primeira fortaleceu a proposição do Plano Nacional Percebemos aqui, em cada um, a certeza de que de Educação e a segunda contribuiu com a avaliação conquistamos a oportunidade de termos, em nossas e sua implementação. mãos, a construção da educação, de conferir e de pro- por rumos para a educação nacional. Ao contrário da saúde, a educação teve a ins tucio- nalidade das Conferências Nacionais abandonada e A Conae é parte desse novo momento da vida ins - o Ministério da Educação só agora, na atual gestão, tucional brasileira, da vigência de uma Cons tuição Federal que tornou o Brasil uma República Federa - Sabemos que mudanças estruturais, planejadas e de va, por cooperação, que eleva os estados, o Distrito longo prazo, cons tuem grandes desafi os. Enfrenta- Federal e os municípios à condição de entes autôno- mos 13 anos de luta polí ca para aprovar a primeira mos e de interlocutores juridicamente reconhecidos Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A luta na organização da educação nacional. con nua para fortalecer a educação nacional no Esta- do Republicano e Democrá co. Coerente com este contexto polí co ins tucional e com a ampla par cipação da sociedade civil e de Não será surpresa para ninguém o acirramento de agentes públicos, o Ministério da Educação coordena debates, bem posicionados, em relação à educação esta conferência. Coordenou a Conferência Nacional nacional: o papel do Estado na regulação da educação de Educação Profi ssional e Tecnológica, em 2006, e a escolar, educação pública e educação privada, entre a Conferência Nacional de Educação Básica, em 2008, educação presencial e a educação a distância, entre que deliberou pela realização da Conferência Nacio- diferentes propostas e percentuais vinculados ao PIB nal de Educação, defi nindo que esta seria precedida para a educação, entre outros. de conferências municipais, de conferências estaduais e do Distrito Federal. E ainda, em 2009, o Ministério A ins tucionalização das polí cas de desenvolvimen- da Educação realizou a Conferência Nacional de Edu- to social e, em par cular, de desenvolvimento da edu- cação Indígena. cação, inauguradas por este governo, é um dos con- teúdos centrais do nosso debate nesta conferência. É Foram realizadas 1.891 conferências municipais ou notório o signifi ca vo avanço das polí cas sociais do intermunicipais, 27 conferências estaduais e do Dis- nosso governo, todas formuladas em cooperação, co- 52 trito Federal e 336 conferências livres, nas escolas, laboração e corresponsabilidade entre os entes fede- nos bairros, nas universidades e nas en dades da so- rais. Porém, ainda temos grandes desafi os a superar. ciedade civil, mobilizando em torno de 3 milhões de Podemos até citar alguns exemplos de avanços na brasileiros e brasileiras. Esse gesto demonstra que a educação brasileira e dos desafi os que esta conferên- sociedade brasileira assumiu um diálogo fecundo e cia, com certeza, vai discu r, refl e r e apontar. Avan- que já se tornaram suas, as Conferências Nacionais çamos na estratégia do governo federal para garan r de Educação. o direito à educação, com a implementação do Plano de Desenvolvimento da Educação − PDE. Dentro do “Construindo o Sistema Nacional Ar culado de Edu- PDE, nós temos a expansão do ensino superior, a am- cação: o Plano Nacional de Educação” foi o tema de- pliação e redimensionamento da rede federal de edu- fi nido pela nossa Comissão Organizadora Nacional da cação profi ssional e tecnológica, a elaboração de Pla- Conae. Tornou-se inadiável, senhor ministro, pautar nos de Ações Ar culadas − PAR, e, dentro do PAR, nós a questão da regulamentação dos disposi vos cons - temos o redesenho do “Brasil Alfabe zado”, o exercí- tucionais que tratam do Pacto Federa vo na questão cio do direito à educação de grupos da diversidade, o da educação nacional: o da cooperação, no art. 23 da programa “Mais Educação” e a criação do Índice de Cons tuição Federal, e o do regime de colaboração Desenvolvimento da Educação Básica, entre outros. entre os sistemas de ensino, art. 211 da Cons tuição. Esses dois ar gos são chaves na cooperação e na cola- Mas temos um desafi o: ins tucionalizar as conquis- boração da Federação para a educação brasileira. Mas tas do PDE e ampliá-lo, incluindo temas como o da di- é claro que ainda há outros ar gos que têm a ver com versidade, e incorporar ao novo PNE essa concepção esses dois. de planejamento ar culado, como uma estratégia do próximo Plano Nacional de Educação. Em relação à organização da educação nacional, nós salarial é preciso se tornar uma realidade no país, e, temos avanços, com a LDB, com o Plano Nacional de com certeza, esta conferência debaterá com mais cla- Educação, com o Conselho Nacional de Educação, tra- reza como implantar o piso salarial no Brasil. Temos balhando na perspec va de um Conselho de Estado, que avançar no Plano de Carreira e Saúde do Educa- no Brasil. Mas nós temos o desafi o de fazer com que dor etc., tentando avançar cada vez mais na formação as diretrizes que vão compor o Plano Nacional de Edu- inicial e con nuada. cação contribuam para que o próximo PNE seja um plano do Estado brasileiro. De maneira que todo e Senhoras e senhores, delegados e delegadas, obser- qualquer governo que assuma o país deverá cumprir vadores, senhor Ministro, as metas, diretrizes e estratégias colocadas no PNE. Um outro desafi o é a regulação do público e do pri- Nós estamos construindo, nesta conferência, as ba- vado, atualização da lei do CNE. É que a Lei no 9.131 ses do Sistema Nacional Ar culado de Educação e não dá conta daquilo que hoje o Conselho Nacional as diretrizes do PNE. A retomada das lutas históricas de Educação poderia ser para a educação brasileira. É por reformas educa vas, estruturais e de Estado, que por isso que nós estamos falando da atualização da lei consolidam efe vamente a educação nacional, em do CNE. Além disso, da ins tucionalização do Fórum sua dimensão coopera va, colabora va, democrá - Nacional de Educação e, portanto, da Conferência Na- ca e de qualidade social, para todos e todas, está em cional de Educação. marcha. O sonho de famosos educadores, que dedi- caram as suas vidas à educação, a exemplo do nosso Sobre o fi nanciamento da educação, avançamos com querido Paulo Freire e do nosso inesquecível Anísio o Fundeb, avançamos com o orçamento do MEC e Teixeira, se instalou entre nós. Como disse Anísio Tei- avançamos porque derrubamos a DRU. Com certeza, xeira em seu livro, “educação não é privilégio. Toda 53 foram a coragem do governo e a mobilização da so- a nossa educação se conservou sele va e eli sta. A ciedade que fi zeram com que aqueles 20% que foram expansão educacional brasileira par cipa desse vício, rados da educação brasileira voltassem, e, como não quase diria congênito” (...) “Indicamos, entretanto, é pouco, porque são 9 bilhões de reais, isso é impor- o que nos parece deveria ser a nova polí ca educa- tan ssimo para a educação brasileira. Então, avança- cional do Brasil e, a fi m de promovê-la, um sistema mos em relação ao fi nanciamento. Mas temos desa- de administração em que se casem as vantagens da fi os ainda sobre o fi nanciamento. Precisamos avançar descentralização e a autonomia, com a integração e a em relação ao percentual do PIB e precisamos avançar unidade dos três poderes − Federal, Municipal e Esta- em relação ao custo aluno-qualidade como percentu- dual do Brasil”. al do PIB para a educação brasileira. Aqui, o governo federal, com a sociedade, já garan u uma conquista Portanto, desejo a todos e a todas uma ó ma confe- forte na lei brasileira, que é o percentual de metas do rência para nós todos. Muito obrigado. PIB para o PNE na Cons tuição brasileira.
Em relação à valorização dos trabalhadores em edu- cação, avançamos também signifi ca vamente quando criamos a lei do piso salarial nacional, a lei de normas e diretrizes da carreira dos profi ssionais de educação, a reestruturação da Capes, a implantação da OBA etc. Nos programas de formação inicial e con nuada dos profi ssionais. Mas temos desafi os. Implantar o piso Deputado Angelo Vanhoni ção, não é mais o plan o de soja, não é mais o maior rebanho de gado; a percepção de que a educação é o Presidente da Comissão de Educação e grande instrumento de desenvolvimento do país está Cultura da Câmara dos Deputados se dando de uma maneira cada vez mais clara e trans- parente para o conjunto da sociedade. E não só para o Ao saudar o ministro Fernando Haddad e o ministro conjunto da sociedade. A classe polí ca brasileira está Juca Ferreira, saúdo todos os membros desta Mesa. amadurecendo e está também entendendo a impor- Saúdo também os estudantes da UNE e os estudantes tância do momento histórico do Brasil. da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, aqui presentes. Saúdo os professores, mestres, trabalha- dores em educação, os deputados e os gestores pú- O Chagas fez uma referência às mudanças que nós fi - blicos aqui presentes. zemos na Cons tuição e às leis que nós aprovamos no Congresso Nacional. É preciso realçar que foi do setor É uma emoção falar num ato como este. Seria já uma progressista da sociedade que emanaram essas leis. emoção se fosse apenas uma Conferência Nacional de Mas também é preciso realçar que essas leis foram Trabalhadores na Área da Educação. Seria uma gran- aprovadas por unanimidade. O Fundeb foi fruto de de responsabilidade e uma grande emoção se fosse debate, mas, no momento certo, no momento histó- só por isso. Mas é muito mais do que isso. Este dia rico, as diferenças par dárias não prevaleceram. Pre- de hoje, e os próximos quatro dias, no meu entendi- valeceu o entendimento de que a educação infan l mento, e acredito que no entendimento também dos deveria ser amparada pelo Estado brasileiro. Preva- deputados que par cipam da Comissão de Educação leceu o entendimento de que a educação de jovens 54 e Cultura na Câmara, estes dias são muito importan- e adultos, a meta de acabar com o analfabe smo no tes para o nosso país. Eu não me lembro, nos úl mos nosso país, os graves problemas que nós temos que anos, de ter ouvido falar, de ter recebido no cias, de enfrentar, e estamos enfrentando, no ensino médio, um evento com a importância que tem este hoje. A deveriam constar do Fundeb. O Fundeb já foi a pri- gente fi ca no dia a dia da vida e vamos recordando meira grande lei, nesses úl mos quatro ou oito anos esse dia a dia pelo nosso conhecimento e pela nos- do governo Lula, que demonstra que, a par r de ago- sa razão. A gente não consegue trazer a dimensão do ra, o Estado brasileiro está marcado pelas necessida- conjunto do que está acontecendo. É um esforço in- des e pelos direitos da maioria do povo brasileiro. O telectual muito grande. Muitas vezes, é um esforço Fundeb é um grande fundo para organizar as fi nanças, intelectual cole vo para a gente perceber o que está acontecendo no conjunto. Cada um de nós pega um em todo o território nacional, para amparar as polí- pedaço do real. Mas, hoje, aqui, nos próximos quatro cas dos estados, dos municípios e da União e para dias, nós estamos dando uma demonstração de con- fazer algo que nós precisamos fazer no Brasil, que é a junto do que está acontecendo para o Brasil. distribuição do conhecimento de maneira igual para todos os brasileiros. A Conae tem uma pauta que é “Construindo o Sis- tema Nacional Ar culado de Educação” defendendo O orgulho de ser brasileiro, neste momento, não ter- que o Estado brasileiro tenha uma polí ca para a edu- mina aí. Olha que nós achávamos que seria muito di- cação como Estado. Eu diria que a impressão que eu cil conquistar isso! A deputada Fá ma Bezerra, que tenho é que essa mudança na sociedade brasileira, a está aqui e que foi a relatora do projeto, com outros percepção de que a educação é o grande instrumento companheiros, que durante anos militaram para con- de desenvolvimento do país, não é mais a exporta- quistar o piso salarial, como o Carlos Abicalil, a Maria do Rosário, o Paulo Rubem, diversos deputados do par r de agora, quase como um oráculo, quase como Congresso Nacional − nós achávamos que teríamos um computador, perceber que, no interior do meu difi culdade. O ministro Haddad tem dito com muita estado, do Paraná, através da prova de português e clareza, para todos nós, que a educação no nosso país de matemá ca, que é realizada anualmente, que nós vai dar um salto de qualidade, de uma maneira funda- estamos com problemas de aprendizagem, e que as mental, se nós enfrentarmos o maior dos problemas possibilidades desses problemas de aprendizagem − a valorização que a sociedade tem que fazer em re- são diversas, desde a distância do aluno, o pagamen- lação à nossa profi ssão. A ins tuição do piso salarial, to dos professores não condizente, falta de estrutura, a votação no Congresso Nacional e no Senado Fede- enfi m, são vários os fatores. A possibilidade que nós ral para que o piso salarial dos professores pudesse temos, enquanto Brasil, enquanto Estado brasileiro, signifi car um grande instrumento para a valorização de poder analisar escola por escola do nosso país e do magistério em todo o território nacional, quando poder aferir se nós estamos tendo, minimamente, mais de 50% dos professores não ganham o piso, nós profi ciência em ministrar o conhecimento da mate- sabemos da importância que esta lei tem para que a má ca e do português para as nossas crianças, e mais gente possa estruturar uma polí ca de Estado para a do que isso, quando o Ministério elenca todo um con- educação no nosso país. junto de normas, todo um conjunto de procedimen- tos, todo um conjunto programá co, que é o Plano Então, para nós, este momento é de grande impor- de Desenvolvimento da Educação, que vai desde o tância. Esta conferência vai exalar o perfume, doce, transporte escolar, passa pelo livro didá co, passa por alegre, de futuro que o povo brasileiro vai ter, nos inúmeros programas para que a gente possa atacar próximos dez anos, no processo educacional no nosso esse problema, eu não tenho dúvida de que o Brasil 55 país. As diretrizes, as metas, sejam as metas quan ta- hoje já se comporta como um Estado de Direito, com vas, de universalização de acesso, sejam as metas do a educação sendo a sua principal ferramenta para a ponto de vista fi nanceiro, para que o Estado cumpra emancipação dos brasileiros e das brasileiras. aquilo que fi car elencado como fruto deste trabalho da Conae e aquilo que for aprovado lá no Congresso Eu quero deixar, de público, o meu entusiasmo e ale- Nacional. Nós sabemos que, sem a meta fi nanceira, as gria de poder pertencer a um par do e a um gover- nossas propostas fi cam apenas como um referencial no que vem fazendo o que este governo vem fazendo conceitual. Não! Nós já evoluímos, nós já estamos ma- pela educação no nosso país. Agora, fruto do traba- duros, nós já trilhamos 30 anos de luta. Agora, além lho dos deputados que dão sustentação ao governo, do referencial conceitual, nós queremos a viabilidade e também dos deputados que fazem oposição ao go- de concre zar aquilo que nós estamos pensando, nos verno, há a extensão da obrigatoriedade do ensino da dias que vão vir pela frente. etapa fundamental para o percurso de 4 a 17 anos de idade, juntamente com a modifi cação da PEC, que não Além dessas duas metas, tem uma que eu acho que permi a que fosse re rado mais que 20% da pasta é a de maior importância. Ou eu destacaria como tão da educação. Está aqui a senadora Ideli Salva , que importante quanto essas. É a meta da qualidade de entrou com essa PEC em 2003. Juntamente com essa ensino no nosso país. O ministro Haddad esteve re- PEC, que traz um futuro para nós na educação, e isso é centemente na Comissão de Educação e falou sobre polí ca de Estado, nós aprovamos a inclusão do Plano essas três metas, esses três vetores que devem nor- Nacional e a obrigatoriedade do ensino fundamental tear a discussão nesses dias. O governo consegue, a dos 4 aos 17 anos de idade, no texto cons tucional. relação à importância da cultura, como se a cultura Então, ministro, nós brasileiros estamos com uma ale- fosse algo que não interessasse aos trabalhadores, gria sem fi m porque o nosso país entrou num ciclo de como se a formação do nosso povo, pelo teatro, pela crescimento econômico, com média de 5% a 6% ao dança, pela música, pelo cinema, fosse um atributo ano. Nós vemos uma descoberta fantás ca no Brasil, apenas acessível à elite, como se fosse um deleite do que é uma reserva magnífi ca de petróleo, que pode espírito, num momento único de lazer. E nós quere- mudar a nossa história, porque a riqueza é enorme. mos cultura para todo o povo brasileiro. Nós somos autossufi cientes em petróleo hoje. Nós temos 14 bilhões de barris de petróleo em reservas. Por isso, a transversalidade da cultura e da educação, Nós descobrimos mais uma reserva e podemos che- seja no ensino infan l, seja na meta que nós vamos - gar a 80 bilhões de barris de petróleo. Isso signifi ca rar para a educação integral aqui; é fundamental que que, quando as plataformas es verem jorrando o a gente abra uma discussão proveitosa para a forma- petróleo e nós es vermos vendendo o petróleo para ção do nosso povo. o resto do mundo, fruto do nosso conhecimento, da pesquisa que a Petrobras fez, com o conhecimento Deixo a vocês a convicção de que, nos próximos anos, dos professores que ensinam nas escolas brasileiras, em especial este ano, em que o debate sobre o Plano no ensino infan l, no ensino fundamental, na forma- Nacional vai acontecer, que vai nos dizer como o Bra- ção dos nossos engenheiros − esse conhecimento é sil vai ser nos próximos dez anos − porque as metas e fruto da nossa inteligência e esse recurso pode al- as diretrizes, vocês vão discu r nesses próximos qua- terar o panorama social do nosso país. O presidente tro dias −, o projeto que o Poder Execu vo vai mandar Lula não teve dúvidas, não tubeou, quando enviou o para a Câmara dos Deputados vai se nutrir, de forma 56 projeto do pré-sal, que nós estamos votando no Con- visceral, dessa discussão feita pela sociedade civil. gresso Nacional, afi rmando, categoricamente, que as futuras gerações do nosso país vão poder ter acesso É este o compromisso de um governo democrá co a essa riqueza. Ela não será diluída no tempo do pre- popular na condução do ministro Fernando Haddad sente, como acontece em alguns países. No Fundo do na pasta da educação. Não tenho dúvidas que nós va- Pré-Sal estão inclusos a educação, a saúde, a ciência mos aprovar o melhor Plano de Educação e Cultura e tecnologia, o meio ambiente e a cultura, pelo traba- do nosso país. E, daqui a dez anos, quando nós nos lho abnegado que o ministro Juca Ferreira vem fazen- reunirmos de novo, para fazer o diagnós co das me- do à frente dessa pasta. tas alcançadas, do Brasil que nós teremos, nós vamos estar passando um momento, como há cem anos, Aqui me permitam fazer um breve parêntese. Não quando em 1922 o Brasil passou por um momento de há como a gente entender o processo de formação transformação histórica e construiu uma perspec va do nosso povo se nós não fi zermos uma transversa- de futuro, na cultura e na educação, simbolizado pela lidade entre a educação e a cultura. O Ministério da Semana de Arte Moderna de 1922. A nova Semana de Cultura é um ministério recente. Ainda não temos um Arte Moderna não vai ser em 2022, vai ser em 2021, conjunto de leis como a educação, a saúde e a assis- quando a gente fi zer o diagnós co do Plano Nacional tência social têm. A elite que governou o nosso país, de Cultura, que nós vamos aprovar este ano. que construiu uma universidade de ensino superior apenas para a elite, deixando a maioria dos brasileiros Boa conferência! Bons trabalhos! alijados da formação superior, a elite que governou o nosso país cunhou, ideologicamente, uma visão em Senadora Fátima Cleide Educação do Senado Federal, mas falo aqui também como alguém que teve a felicidade de par cipar da Presidente da Comissão de Educação, Comissão Organizadora desta conferência, de ser tra- Cultura e Esporte do Senado balhadora em educação e, como trabalhadora em educação, me orgulho de ser funcionária de escola e Boa noite a todos e a todas. Quero saudar a nossa também delegada desta conferência. Quero homena- Mesa, o nosso querido ministro da Educação, Fernan- gear aqui todos os servidores do Ministério da Educa- do Haddad. Quero saudar o nosso querido ministro ção, principalmente da Secretaria Execu va Adjunta, Samuel Pinheiro Guimarães, da Secretaria de Assun- que foram valentes e corajosos − uma equipe dimi- tos Estratégicos, e dizer que considero extremamen- nuta, mas que nunca se dobrou às difi culdades para te oportuna a presença do secretário de Assuntos realizar esta conferência −, em nome da servidora An- Estratégicos, da Presidência da República, nesta que dréa. é a maior conferência já realizada no Brasil, porque considero também que não há desenvolvimento eco- Como já falei, é uma grande honra representar a Co- nômico e social se nós não considerarmos a educação missão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Fe- emancipatória e libertária como um assunto estraté- deral, na Conferência Nacional de Educação. Sou tra- gico para o nosso país. Quero cumprimentar o nosso balhadora em educação e estou senadora. querido ministro Juca Ferreira e já parabenizá-lo pela brilhante Conferência Nacional de Cultura, realizada Ainda na minha infância, em Rondônia, quando o recentemente. Quero cumprimentar a minha com- mundo se descor nava na sala de aula, comecei a ter panheira de Senado, Ideli Salva , líder no Congresso noção da dimensão exata deste imenso país chamado Nacional. Quero cumprimentar meu companheiro, Brasil. Na minha vida profi ssional, conheci a realida- 57 Deputado Vanhoni, presidente da Comissão de Edu- de dos trabalhadores e trabalhadoras em educação, o cação da Câmara dos Deputados. E, muito carinhosa- seu co diano na escola, o chão da escola, o dia a dia. mente, cumprimentar o nosso companheiro, profes- Percebi que nhamos muitas lutas pela frente. Como sor Francisco das Chagas Fernandes, coordenador da militante da educação, conheci companheiros e com- Conferência Nacional de Educação. panheiras de todas as regiões do Brasil, que conosco compar lhavam suas experiências e esperanças. Quero dizer que, hoje, o Chagas deu um feliz exemplo de quem, por dentro do governo, aperfeiçoou a cora- Falo da minha história pessoal porque tenho certeza gem de dialogar e de resolver confl itos, mediando to- que a riqueza da história de vida que cada um traz dos aqueles que aparecem para, daí, extrair um bom até aqui faz com que nós tenhamos um rico mosaico consenso para todos. étnico e cultural, que desenha o nosso país: povos in- dígenas, povos ribeirinhos, povos da fl oresta, quilom- Quero cumprimentar toda a Comissão Organizadora da bolas, LGBTS, pescadores, populações das periferias, Conae, em nome de uma pessoa que para mim é extre- populações urbanas, todos e todas, homens e mulhe- mamente querida, e acredito que, pelo menos, de 99% res que constroem, com muita luta, este imenso país. deste plenário, que é o deputado Carlos Abicalil. Uma conferência das dimensões da nossa é necessa- Para fazer jus ça, me sinto muita honrada por falar riamente um marco na história da educação em nosso nesta abertura, como presidente da Comissão de país. Não é um evento sem história. Muitos encon- tros, debates, conferências e congressos, ao longo dos anos, foram preparando a nossa comunidade, a movimento da sociedade em defesa da educação. comunidade da educação, para este momento. É um Aqui presentes, eu gostaria de citar a minha compa- momento em que estamos, todos e todas, frente a nheira Ideli Salva , o companheiro Carlos Augusto frente, para celebrarmos a diversidade, buscando su- Abicalil, deputado Paulo Rubem, deputado Vanhoni, perar todas as diferenças, na construção de um Siste- deputada Fá ma Bezerra, deputada Marinha Raupp ma Nacional Ar culado de Educação. e senador Valdir Raupp. Todos são compromissados com o desenvolvimento da educação e compar lham Os úl mos oito anos demarcam uma mudança sig- da importância estratégica deste tema para o desen- nifi ca va de rumos na educação brasileira. Eu quero volvimento socioeconômico, cultural e ambiental do aqui homenagear o grande homem, que por não ter nosso país. Exemplo desse compromisso é a nossa do acesso à educação formal, e principalmente à presença neste momento. Fazemos do Senado Federal universidade, como muitos brasileiros e brasileiras, se um instrumento para a defesa da educação brasileira. tornou o maior líder deste país e o maior presidente Como já disse, somos fi lhos e fi lhas de um processo deste país, Luiz Inácio Lula da Silva. histórico. Esta conferência é o momento de realização dos debates e propostas que deverão se transformar Uma sinergia construída entre o governo federal, o em ações de polí cas públicas. O momento em que a Poder Legisla vo e os movimentos sociais culminou construção cole va, com a par cipação de milhares em avanços, de há muito tempo esperados pela nossa de brasileiros e brasileiras, apresentará um produto sociedade: a transformação do Fundef em Fundeb, o que será referência para as polí cas públicas em edu- fi m da lei que impedia a expansão da rede federal de cação. A construção do Sistema Nacional Ar culado educação tecnológica, a extensão da obrigatoriedade em Educação deverá ser fruto do esforço dos atores 58 do ensino da etapa fundamental para o percurso de sociais aqui reunidos, e a elaboração do Plano Nacio- 4 a 17 anos de idade, incluindo a pré-escola e o en- nal de Educação, de suas diretrizes e estratégias de sino médio, a profi ssionalização dos funcionários de ação, deverá ser a referência para o debate sobre o escola, o piso salarial nacional do magistério e o fi m mesmo no Congresso Nacional. da DRU na educação, graças à coragem, à inteligência e a toda a habilidade polí ca da nossa companheira Não podemos esquecer a luta de todos e todas, em Ideli Salva . Essas são algumas das medidas que pas- alguns casos, doando a própria vida, pela conquista saram pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte da democracia, que nos permite este momento. Aqui do Senado Federal e geraram grandes debates até a manifesto a minha solidariedade a todos os trabalha- sua aprovação. dores e trabalhadoras que neste momento se encon- tram em greve pelo nosso país afora − aqui em Brasí- As demandas que buscamos atender para a ngir os lia, em São Paulo, em Rondônia − e tantos outros que princípios e obje vos que preconizamos, as novas neste momento brigam, lutam prioritariamente pelo demandas que se apresentam e as metas que deve- respeito à sua profi ssão. remos defi nir no novo Plano Nacional de Educação estão necessariamente condicionadas à defi nição de Tenho fé na democracia, tenho fé na sabedoria da um percentual vinculado ao Produto Interno Bruto, construção cole va, por isso, trago a certeza de que capaz de fi nanciá-las. O Senado Federal reverbera os teremos êxito na nossa caminhada e, nesses cinco debates da sociedade sobre educação e sobre todos dias, avançaremos mais do que nos úl mos 500 anos. os temas que se colocam no dia a dia de nossas vidas. Boa Conferência Nacional de Educação para todos e para todas! Muito obrigada. Alguns de nossos parlamentares são oriundos desse brasileiros quando dizem, com propriedade, que é Fernando Haddad muito di cil a ngir metas de qualidade sem o ofere- cimento dos meios necessários para que essas metas Ministro de Estado da Educação sejam ob das. Portanto, quando os educadores bra- sileiros falam de fi nanciamento, em primeiro lugar, Senhores delegados, senhoras delegadas. É uma sa- fazem referência a um eixo estratégico do desenvol- sfação recebê-los em Brasília para esta que é a maior vimento da educação, sem o que não é possível fazer Conferência Nacional de Educação da história do nos- mais e melhor do que nós estamos fazendo. so país. Bem-vindos a todos. Sintam-se em casa. Sobre isso, eu gostaria de dizer que eu sinto orgulho Eu gostaria de cumprimentar o ministro Juca Ferrei- de ter servido ao governo do presidente Lula. Sinto ra, o ministro Samuel Pinheiro Guimarães, o ministro orgulho por várias razões e falo apenas de fi nancia- interino Antonio Roberto Lambertucci, representan- mento. O presidente Lula, nos seus oito anos de go- do aqui o nosso querido ministro Dulci, a senadora verno, triplicou o orçamento do MEC. Descontada a Fá ma Cleide, Ideli Salva , Valdir Raupp, deputados infl ação, nós duplicamos os valores em termos reais. Angelo Vanhoni, Carlos Augusto Abicalil, Fá ma Be- Isso foi possível graças a duas providências, sem o que zerra, Marinha Raupp, Paulo Rubem, Pedro Wilson e não seria possível a ngir o novo patamar de fi nancia- Wilson Picler. mento. A primeira foi a aprovação da emenda cons - tucional que criou o Fundeb. A emenda cons tucional que criou o Fundeb mul plicou, em termos nominais, Gostaria de cumprimentar toda a Comissão Organi- em 17 vezes o que a União aporta para os fundos es- zadora, a quem nós devemos esta conferência, na taduais. Em 2002, essa complementação foi de 431 pessoa do meu companheiro Francisco das Chagas 59 milhões de reais. Este ano, ela será de 7,6 bilhões de Fernandes. Queria cumprimentar também os secre- reais. São quase 20 vezes o que se inves u em 2002. tários do Ministério da Educação, os presidentes de Isso permite resolver um dos mais dramá cos proble- Autarquia, da Capes, do FNDE e do Inep. mas da educação brasileira. Em 2002, um estudante do Maranhão recebia metade do que o estudante do Gostaria de cumprimentar os estudantes, pais e tra- Paraná recebia, para a sua educação, por meio do an- balhadores da educação, sobretudo os professores go Fundef. Este ano, um estudante do Maranhão vai aqui presentes. receber, em termos de inves mento, 90% do que vai receber um estudante do Paraná. Isso signifi ca dizer Antes de mais nada, eu gostaria de fazer um brevíssi- que o avanço foi extremamente importante, mas sig- mo balanço da nossa atuação no Ministério da Educa- nifi ca também dizer que nós ainda temos espaço para ção. Digo brevíssimo porque o mais importante aqui melhorar esse indicador e fazer com que o brasileiro, é apontar as perspec vas da educação brasileira para não importa o local de nascimento, tenha a mesma a próxima década. Os senhores e senhoras têm gran- atenção do poder público, seja no interior do Piauí, de responsabilidade sobre os ombros, que é defi nir as no interior do Maranhão ou nas cidades mais ricas do diretrizes do futuro Plano Nacional de Educação, que país. O inves mento não pode ser correlacionado ao é de vigência decenal, e estabelecer os parâmetros local de nascimento, mas ao direito subje vo à edu- em que nós vamos nos mover para a ngir os nossos cação de qualidade. obje vos. O Fundeb também tem a sua importância porque é Eu considero justa a reivindicação dos educadores ele que viabiliza o piso nacional do magistério. Sem o dade do disposi vo poderia ser arguida. O que é que Fundeb, seria impossível as prefeituras mais modestas nós fi zemos quando derrotamos a DRU da educação deste país honrarem o piso nacional, que, ainda que pela Emenda 59, quando ampliamos a obrigatorieda- aprovado, está aquém das necessidades do professor de da matrícula dos 4 aos 17 anos pela mesma Emen- brasileiro. O Fundeb, ao equalizar as oportunidades da 59? Nós colocamos um disposi vo dizendo que o educacionais, permite aos municípios mais pobres Plano Nacional de Educação tem que fazer constar pagar aquele mínimo fi xado em lei. Mas nós também uma meta de inves mento público como proporção temos que dizer, nesta conferência, com todas as le- do PIB em educação. Ou seja, aquilo que era contrá- tras: se há espaço para avançar no que diz respeito ao rio à Lei de Responsabilidade Fiscal agora é dever do inves mento por aluno, do ponto de vista regional, legislador. O Congresso Nacional, obrigatoriamente, também nós teremos que avançar no que diz respei- terá que fi xar uma meta de inves mento público em to ao piso nacional do magistério, pelo menos, em educação e o presidente da República não poderá ve- dois sen dos. Em primeiro lugar, reconhecer que só tar. Essa é a grande diferença do próximo PNE. o piso não atende às necessidades da categoria. Nós temos que aprovar, no Congresso Nacional, as Diretri- Em relação à formação dos professores, também zes Nacionais de Carreira. Em segundo lugar, o Plano temos alguns desafi os, mas temos uma plataforma Nacional de Educação. Por que não fi xar uma meta de lançamento. Nós alteramos a lei da Capes e mul- de aumento real para o piso nacional do magistério? plicamos por quatro vezes o orçamento da Capes, Por que as metas só fazem recair sobre os professores para que a Capes assumisse a responsabilidade pela mais responsabilidade, mas o poder público não se formação dos professores, valendo-se das licenciatu- compromete com mais valorização, com mais atendi- ras presenciais e à distância, sobretudo das univer- 60 mento? Quando o presidente Lula tomou posse, a dis- sidades públicas, mas também com o apoio das co- tância que separava um docente de um não docente munitárias, onde não há universidades públicas em era de 86% a favor do não docente. O trabalhador não número sufi ciente para atender todo o magistério. docente ganhava, em média, 86% a mais do que um Hoje, o professor em serviço tem à sua disposição docente. Esse número, até 2008, que é o úl mo dado uma vaga em universidade pública, seja para fazer a disponível, caiu para 51%. Não seria o caso de zerar sua primeira licenciatura, seja para fazer a sua segun- essa diferença e dizer, de uma vez por todas, para a da licenciatura. E mais, o professor que estudar em juventude: “Venha ser professor! A sua vocação está uma ins tuição par cular pode obter fi nanciamento assegurada!”. Não é um gesto simbólico que o país estudan l de 100% e quitar automa camente este pode assumir perante a nação, dizer que o professor fi nanciamento, depois de formado, bastando exercer não vai ganhar menos do que os demais profi ssionais de nível superior. Por que não incluir essa meta no a profi ssão por cem meses, porque, a cada mês, ele futuro Plano Nacional de Educação? quita 1% da dívida consolidada. Isso signifi ca, na prá - ca, que nós estamos tornando a polí ca de formação Nós fomos mais longe. Vocês se lembram do argumen- inicial dos professores, e con nuada, uma polí ca de to que foi u lizado para vetar o disposi vo do PNE Estado. O Estado está assumindo 100% do fi nancia- que fi xava o inves mento mínimo como proporção do mento de formação de professores no país, indepen- PIB em educação? O argumento era que o disposi - dentemente da ins tuição em que o professor queira vo do PNE afrontaria a Lei de Responsabilidade Fiscal. estudar. Isso é um gesto inédito na direção do magis- Isso nos amarrou por muitos anos. E por quê? Porque tério. Você sinalizar, para aquele que quer ser profes- nós não podíamos sequer sugerir a derrubada do veto sor, que ele terá um piso nacional, que ele terá dire- pelo Congresso Nacional porque a incons tucionali- triz de carreira e que não pagará pela sua formação, podendo, inclusive, receber uma bolsa de iniciação à os educadores. É preciso abraçar essa causa na sua docência, enquanto faz a sua licenciatura, é um gesto integralidade. Talvez um dos méritos da polí ca edu- que muda para melhor a convocação que é feita à ju- cacional em vigor, que pode e deve ser aprofundado, ventude para voltar a pensar na carreira de professor. seja a questão de tomar a educação a par r de uma Nós temos um grande caminho pela frente para que visão de conjunto, sem as velhas an nomias que se os professores sejam formados em número e com a verifi cavam nos discursos ofi ciais. Havia aquela an - qualidade necessária para um salto na qualidade da nomia: “Eu vou relegar a educação superior a um se- gundo plano; eu vou me fi xar no ensino fundamental”. educação brasileira. Outros diziam: “Vou relegar o ensino fundamental ao segundo plano; vou me fi xar na educação infan l”. Em relação à avaliação, eu penso que o Brasil dá uma Eu penso que o país está maduro para repudiar essas demonstração ao mundo de que é possível avaliar, an nomias, que são falsas, e estabelecer que, se nós não para criar um sistema de premiação e punição, quisermos levar a educação a sério, é da creche até à mas para garan r um direito; avaliar para garan r pós-graduação. Não dá para pular etapas. Não é pos- um direito dos pais, para garan r um direito dos es- sível pular etapas. Nós sabemos que a boa condução tudantes, para garan r um direito dos professores, do ensino fundamental depende da educação infan- dos trabalhadores em educação; e para comprome- l. E hoje não somos nós os educadores que dizemos ter a classe polí ca com metas de qualidade. O nos- isso, são os economistas da educação, são os neuro- so Plano Nacional de Educação, esse que está por cien stas, os psicólogos; várias áreas do conhecimen- ser forjado, não pode mais se fi xar, como o plano em to que atuam em educação chegaram à conclusão de vigor, em metas meramente quan ta vas. As metas que os educadores chegaram há mais de cem anos: quan ta vas são muito importantes porque se refe- sem educação infan l não há como avançar no ensino rem ao atendimento. Nós temos que atender. Agora, fundamental; não há como reduzir as taxas de repe- 61 a Cons tuição estabelece mais compromisso do po- tência se nós não acolhermos as crianças das famílias der público com o atendimento. Mas não basta aten- mais pobres deste país precocemente. Temos que dar a essas famílias, e a essas crianças, os es mulos ne- der. É preciso atender bem. É preciso fi xar também cessários para o desenvolvimento emocional, cogni- metas qualita vas para a educação. É preciso ir além vo, intelectual, afe vo. Não basta acolher a criança das metas quan ta vas e qualita vas. É preciso fi xar aos 7 anos de idade e esperar que essa criança tenha os meios de atendimento dessas metas. Se nós não um desempenho extraordinário, sobretudo quando dispusermos dos recursos necessários, nós vamos ela vem de camadas muito pobres da população. En- lamentar chegar a 2020 com algumas metas parcial- tão, nós precisamos reiterar metas e reforçar o com- mente cumpridas. Meios e fi ns precisam andar juntos promisso com a educação infan l. no novo Plano Nacional de Educação, e quan dade e qualidade precisam andar juntas no novo Plano Na- Da mesma maneira, como pensar em educação su- cional de Educação. E isso não pode dizer respeito só perior e ensino fundamental, sem esse elo, extrema- ao direito dos estudantes. É preciso fazer referência mente importante, que é o ensino médio? Como re- também ao direito dos professores, dos trabalhado- legar o ensino médio a um plano secundário quando res em educação, ou seja, o direito é da comunidade nós sabemos que o ensino médio é aquela etapa da escolar. É um direito que envolve desde o inves men- educação básica que começa a permi r a diversifi ca- to em infraestrutura, que é absolutamente imprescin- ção e a ampliação dos horizontes da nossa juventude? dível para garan r a qualidade do serviço prestado, Vejam o que foi feito para melhorar as condições do mas também a questão da valorização dos trabalha- ensino médio nos úl mos anos. O ensino médio não contava com livros didá cos até 2005; não contava dores, do respeito da comunidade escolar para com com transporte escolar até 2005; não contava com ões do país. Nós chegamos a esse requinte de proibir, alimentação escolar até 2009. Mas nós queríamos por lei, a expansão da rede federal de ensino médio e que os jovens do ensino médio da escola pública ar- hoje estão aí os nossos ins tutos federais, oferecendo rasassem no Enem, vessem um excelente desempe- o Proeja, ensino médio integrado, cursos superiores nho. Com que energia? Com que força? Esses alunos e de tecnologia e até a pós-graduação, em mais de 300 esses professores do ensino médio operavam um mi- cidades do país. Isso porque foi revogada uma lei e o lagre, sem nada à disposição. Às vezes, estados ricos presidente Lula abraçou a causa da educação profi s- da Federação ofereciam o ensino médio em escolas sional, com a expansão da rede federal, com o apoio de ensino fundamental, e até hoje é assim, porque à reestruturação das redes estaduais pelo “Brasil Pro- não dispõem de infraestrutura e equipamentos ade- fi ssionalizado”, e com algo que eu espero que essa quados para atender o jovem do ensino médio. São conferência volte a tocar, porque eu penso que tam- jovens robustos que não cabem em carteiras do ensi- bém esse segmento tem que ser incorporado ao Pla- no fundamental. Como exigir de professores e jovens, no Nacional de Educação, como não foi no plano em nessas condições, um desempenho superior ao que é vigor, que é incorporar os nossos companheiros do verifi cado hoje em dia, sem oferecer formação inicial Sistema “S” ao atendimento à juventude que está no e con nuada aos professores, sem oferecer instala- ensino médio. A reforma do Sistema “S”, no primeiro ções adequadas para a juventude? Isso vai começan- ano de 2009, já benefi ciou quase 300 mil jovens. E do a mudar a par r da universalização do atendimen- se nós aprofundarmos essa agenda, com o Sesi, Sesc, to à educação básica. Senai e Senac, nós poderemos avançar muito mais e garan r, àquele jovem que não chega à universidade, Vejam que nós tomamos o cuidado, nessa mesma uma educação profi ssional de qualidade durante o Emenda Cons tucional 59, de tornar norma cons - ensino médio, como os jovens dos países desenvol- 62 tucional a ampliação desses bene cios para toda a vidos têm direito. Ou seja, ter direito a uma profi ssão educação básica e não restringi-las ao ensino funda- de nível médio, ou de nível superior, tem que ser uma mental, como rezava a Cons tuição. Agora, se alguém das metas claras do Plano Nacional de Educação. E a quiser re rar o livro didá co do ensino médio vai ter meta tem que ser de 100%. Como é que você vai ne- que mudar a Cons tuição, porque é norma cons tu- gar a um brasileiro o direito a uma profi ssão? Quanto cional atender da creche ao ensino médio, incluindo tempo isso vai levar é outra questão. Mas nós precisa- educação de jovens e adultos, que fi cou de fora do mos garan r, àqueles que concluem o ensino funda- Fundef, que fi cou de fora da merenda, que fi cou de mental, a ampliação do seu horizonte profi ssional por fora do transporte, como se nós não véssemos uma meio da educação. dívida com os jovens e adultos deste país que não - veram a oportunidade de estudar na idade própria! Na educação superior, nós vemos alguns avanços Como se nós pudéssemos apagar essa dívida pelo muito importantes, com a ampliação e democra za- texto legal! Hoje, nós estamos incorporando esses di- ção do acesso. A expansão das federais é um fato hoje reitos à Cons tuição e traduzindo esses direitos, no no país. São mais de 100 cidades recebendo polos uni- plano infracons tucional, em leis, programas e ações versitários presenciais, sedes universitárias; são mais concretos e ins tucionalizados, para que não haja so- de 500 polos da Universidade Aberta do Brasil; são lução de con nuidade. mais de 200 polos dos ins tutos federais; é o ProUni que está em 700 cidades. Nós temos que fazer uma Ainda em relação ao ensino médio, nós vemos que conta de que todo o esforço necessário para a amplia- revogar uma lei que proibia a expansão da rede fede- ção e democra zação do acesso à educação superior ral de ensino médio, para dar conta da expansão que tem que ser feito. Inclusive, agora, com o novo Fies. está em curso, e que vai atender a todas as mesorregi- Também temos que usar o Fies. Nós baixamos de 9% para 3,4% o juro ao ano, vamos mudar totalmente as do, sem inves mento em formação. Nós temos que condições de fi nanciamento, até o dia em que nós pu- formar. Se foi possível, no passado, fazer a economia dermos oferecer educação pública de qualidade para crescer 7%, 8%, 10% ao ano, sem inves mento em todos. Mas nós não podemos fazer disso um pretexto educação, como era a regra no Brasil, agora, na era para não colocar todos os expedientes disponíveis a do conhecimento, está claríssimo que é impossível favor da inclusão e da democra zação do acesso. crescer de forma sustentável, economicamente, eco- logicamente, se nós não inves rmos na formação da Muitas vezes, medidas são consideradas impopulares. nossa gente. Algumas são populares. Mas nós nunca conduzimos a nossa agenda no Ministério da Educação com olho na Eu entendo que vocês têm uma grande responsabilida- popularidade, na opinião pública, no senso comum. de por par cipar da maior conferência de educação já Nós levamos a frente o Plano de Desenvolvimento convocada, por fazê-lo no momento em que se discute da Educação porque nós nhamos metas a cumprir, o Plano Decenal, o Plano Nacional de Educação 2011- porque nós nhamos um compromisso com a socie- 2020, e por fazê-lo em ano de eleições presidenciais. dade e, sobretudo, porque não nos foram negados É muita coisa num ano só. Isso dá a dimensão da tare- os recursos necessários para ampliar, tanto quanto fa de vocês. É uma tarefa histórica, uma tarefa muito as nossas pernas permi am, esses programas todos importante, que eu tenho certeza que os/as delega- que estão em curso. Nós já conveniamos a construção dos/as vão desempenhar da melhor maneira possível, de 1.721 creches e pré-escolas no país. O Proinfância com a maior liberdade possível e com a maior ousadia nem sequer exis a antes do PDE. Por quê? Porque, possível. O que eu posso dizer, da parte do Ministé- apesar de já termos duplicado o acesso à creche e ter- rio da Educação, é que nós vamos nos colocar nesta mos chegado a mais de 80% de atendimento de 4 a conferência muito mais como ouvintes do que como 6 anos, nós sabemos que nós temos um compromis- par cipantes, para servir de correia de transmissão 63 so até 2016, agora pela letra cons tucional, de não entre a vontade da sociedade que elegeu seus/as de- deixar nenhuma criança fora da escola, a par r dos 4 legados/as, e a vontade da sociedade que elegeu seus anos. Apesar de termos duplicado − e provavelmente representantes no Congresso Nacional. Nós queremos vamos chegar a 21% ou 22% de atendimento na cre- servir de ponte, nesta conferência, para a Comissão de che, o que já é um patamar de países civilizados −, Educação na Câmara, para a Comissão de Educação no nós sabemos que o Brasil precisa de mais. Embora a Senado, para o plenário da Câmara, para o plenário do média da OCDE não seja muito superior a isso, nós en- Senado, para, quem sabe, ainda em 2010, aprovar o tendemos que, para encurtar o caminho da educação Plano 2011-2020, que tem que ser, por obrigação nos- brasileira, o atalho da educação infan l é essencial. É sa, melhor do que o Plano Nacional 2001-2010. Tem ele que vai nos permi r acelerar o processo de desen- que ser melhor em relação à quan dade, à qualidade volvimento educacional no país. e, sobretudo, aos meios necessários para o a ngimen- to dessas metas. Tem que ser abrangente o sufi ciente Amanhã nós temos uma solenidade importante. Essa para tratar do estudante, do trabalhador, do professor, é a razão pela qual, inclusive, a ministra Dilma me ligou comprometer a classe polí ca, defi ni vamente, com pedindo desculpas por não estar nesta solenidade. É essa agenda transformadora. Portanto, é uma tarefa o lançamento do PAC 2. Para nossa sa sfação, a edu- enorme que repousa sobre os ombros de vocês. Mas cação vai ser incluída no PAC, com todos os bene cios eu tenho certeza que todos nós gostaríamos de estar que a lei do PAC traz para os inves mentos públicos no lugar de vocês para fazer a mudança da história da no país. Então, nós vamos incluir, sim, a educação no educação brasileira. Vocês têm uma grande oportu- Plano de Aceleração do Crescimento, porque não tem nidade. Por favor, não a percam!Bons trabalhos, boa crescimento sustentável, em nenhum lugar do mun- noite, boa semana para vocês! 3. Programação Ofi cial
Programação Da Conferência Nacional De Educação
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 28/3/2010 Manhã 8h30 Credenciamento Noite 18 h Abertura ofi cial
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 29/3/2010 Manhã Painel: Construindo o Sistema Nacional Ar culado de Educação: o Plano Nacional de Educação, 8h30 diretrizes e estratégias de ação 10 h Aprovação do Regimento 12 h Almoço 14 h Encerramento do credenciamento 64 14 h Início do credenciamento de suplentes Tarde EIXO I − PAPEL DO ESTADO NA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DE QUALIDADE: ORGANIZAÇÃO E REGULAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL
14 h Colóquio 1.1) O papel do Estado na regulação e na garan a do direito à educação Colóquio 1.2) Defi nindo as responsabilidades educacionais de cada sistema de educação, as áreas de 14 h corresponsabilidades e os indicadores para o monitoramento público do efe vo direito à educação Colóquio 1.3) Propondo diretrizes e mecanismos de planejamento norma vo, estratégico e operacional 14 h no âmbito do Sistema Nacional de Educação ar culando os sistemas de ensino
Colóquio 1.4) Sistema Nacional Ar culado de Educação e o papel da União: coordenação da polí ca 14 h nacional, colaboração, ação suple va e estabelecimento de diretrizes e normas gerais
Colóquio 1.5) CNE e Fórum Nacional de Educação: espaços de exercício do Estado Democrá co de 14 h Direito Colóquio 1.6) Sistema nacional, planejamento e gestão da educação: construindo ar culações entre 14 h Plano Nacional de Educação, Plano Plurianual e Plano de Ações Ar culadas em âmbito nacional, es- tadual e municipal
14 h Colóquio 1.7) Setor privado e educação: par cipação, regulação e papel social
14 h Colóquio 1.8) Autonomia universitária e a Cons tuição Federal EIXO II − QUALIDADE DA EDUCAÇÃO, GESTÃO DEMOCRÁTICA E AVALIAÇÃO
Colóquio 2.9) Sistema Nacional de Avaliação como instrumento de qualidade e sua interface com o 14 h Plano Nacional de Educação e os planos decenais correspondentes
14 h Colóquio 2.10) Gestão democrá ca e qualidade social da educação
Colóquio 2.11) Emancipação, autonomia e par cipação popular: desafi os na construção da qualidade 14 h social e eemocrá ca da educação para todos/as
Colóquio 2.12) Padrões de qualidade para a educação básica e superior: defi nindo os referenciais e 14 h garan ndo a efe vação desse princípio cons tucional
16 h Encerramento do credenciamento de suplentes
16h20 Intervalo
Colóquio 2.13) O PDE e a construção cole va de referenciais para a efe vação da qualidade social da 16h30 educação
16h30 Colóquio 2.14) Concepções curriculares e a consolidação polí co-pedagógica da prá ca educa va
16h30 Colóquio 2.15) Educação superior e sociedade: indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão
16h30 Colóquio 2.16) Avaliação para a qualidade social da educação
16h30 Colóquio 2.17) A pós-graduação, a produção e a socialização do conhecimento cien fi co 65
EIXO III − DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO, PERMANÊNCIA E SUCESSO ESCOLAR 16h30 Colóquio 3.18) Acesso à educação e obrigatoriedade
Colóquio 3.19) Processos educa vos, ampliação do atendimento da educação escolar e tecnologias da 16h30 informação e comunicação
16h30 Colóquio 3.20) Educação integral e integrada: ampliação de tempos e espaços educa vos
16h30 Colóquio 3.21) Educação infan l: expecta vas, desafi os e possibilidades
Colóquio 3.22) Consolidando as polí cas para a universalização do ensino fundamental com qualidade 16h30 social
16h30 Colóquio 3.23) Expansão e consolidação do ensino médio
16h30 Colóquio 3.24) Consolidando a educação superior como bem público social e direito humano
16h30 Colóquio 3.25) Educação superior, pesquisa e sociedade
16h30 Colóquio 3.26) Educação profi ssional, demanda e inclusão social PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 30/3/2010 Manhã 8 h Colóquio 3.27) Educação de jovens e adultos: desafi os e perspec vas EIXO IV − FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO 8 h Colóquio 4.28) Formação inicial e con nuada de professores: polí cas e desafi os Colóquio 4.29) Funcionários de escola e pessoal técnico-administra vo: formação e iden dade profi s- 8 h sional 8 h Colóquio 4.30) Avaliação e os instrumentos de valorização dos profi ssionais da educação Colóquio 4.31) Piso salarial, Diretrizes Nacionais de Carreira, desenvolvimento profi ssional, reconheci- 8 h mento social e melhoria das condições de trabalho na educação escolar
8 h Colóquio 4.32) Formação dos profi ssionais da educação e da educação a distância
Colóquio 4.33) A educação básica e superior e as tecnologias de informação e comunicação e os con- 8 h teúdos mul midiá cos Colóquio 4.34) Polí ca Nacional de Formação: ar culação entre Ministério da Educação, sistemas de 8 h ensino e ins tuições públicas de educação básica e superior
8 h Colóquio 4.35) Polí cas de prevenção e de atendimento à saúde dos trabalhadores em educação 66
EIXO V − FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO E CONTROLE SOCIAL
Colóquio 5.36) Gestão e fi nanciamento de polí cas educacionais no regime de colaboração: polí cas, 8 h papel dos entes federados, órgãos de controle interno, externo e de controle social
8 h Colóquio 5.37) Polí ca de fundos: ar culação e consolidação do Sistema Nacional de Educação
Colóquio 5.38) Vinculação e subvinculação dos recursos fi nanceiros à manutenção e ao desenvolvim- 8 h ento da educação, na perspec va do custo aluno-qualidade (CAQ)
8 h Colóquio 5.39) Financiamento da educação: controle social e regulação dos setores público e privado
10h20 Intervalo
Colóquio 5.40) Estratégias para o fi nanciamento da educação pública de qualidade: alterações no siste- 10h30 ma tributário e fi scal
Colóquio 5.41) Estabelecendo referenciais e novas fontes de recurso para o fi nanciamento da educação 10h30 pública EIXO VI − JUSTIÇA SOCIAL, EDUCAÇÃO E TRABALHO: INCLUSÃO, DIVERSIDADE E IGUALDADE
10h30 Colóquio 6.42) Polí ca de ações afi rma vas para estudantes: promovendo a igualdade
10h30 Colóquio 6.43) Estratégias de superação da violência no ambiente educacional
10h30 Colóquio 6.44) Educação e mundo do trabalho
10h30 Colóquio 6.45) Educação e relações étnico-raciais e mul culturais
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 30/3/2010
Manhã
10h30 Colóquio 6.46) Educação ambiental e contextualização curricular
10h30 Colóquio 6.47) Diversidade regional e contextualização curricular
10h30 Colóquio 6.48) Educação do campo
10h30 Colóquio 6.49) Educação escolar indígena e territorialidade
Colóquio 6.50) Direito à educação para adolescentes em medidas socioeduca vas e para pessoas 10h30 privadas de liberdade 67 10h30 Colóquio 6.51) Educação e diversidade sexual
Colóquio 6.52) Educação de pessoas com defi ciências, transtornos globais de desenvolvimento e altas 10h30 habilidades/superdotação
13 h Almoço
Tarde
14h30 Plenária de eixos
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 31/3/2010
Manhã
8h30 Plenária de eixos
12 h Almoço
Tarde
14 h Mesas de interesse PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 1/4/2010
Manhã 8h30 Plenária fi nal 12 h Almoço
Tarde Tarde
14 h Plenária fi nal − Con nuação 18 h Encerramento/show
4. Programação Cultural
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 28/3/2010 DOMINGO 16 h Quarteto de Brasília, DF (instrumental) − Palco Principal 18 h Orquestra de Flautas Villa-Lobos, RS − Auditório Máster 20 h Mandrágora (instrumental) − Palco Restaurante 68 PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 29/3/2010 SEGUNDA 7h30 Cacai Nunes, DF (viola caipira) − Palco Principal 7h45 Orquestra Jovem de Contagem, MG − Auditório Máster 12 h Grupo Sertão, GO (instrumental) − Palco Restaurante 13h30 Orquestra de Flautas Villa-Lobos, RS − Auditório Máster 13h30 Grupo Minhas Raízes, RO − Auditório Planalto 13h30 Grupo Ventoinha de Canudo (pífano), DF 13h30 Centro de Cultura Mamãe Taguá, DF 19 h Oswaldo Amorin Trio, DF (jazz) − Palco Restaurante
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 30/3/2010 TERÇA 7h30 Zé Mulato e Cassiano, DF (viola caipira) − Palco Principal 7h45 Grupo Teatral Os Inclusos e os Sisos, RJ − Auditório Máster 7h45 Grupo Sussa Kalunga, GO − Auditório Planalto 7h45 Cacuriá Filha Herdeira, DF 7h45 Grupo Colapso, DF 13 h Grupo Ventoinha de Canudo, DF (pífano) − Palco Restaurante 14 h Grupo Minhas Raízes, RO − Auditório Máster 14 h Orquestra Jovem de Contagem, MG − Auditório Planalto 14 h Cia Artcum, DF 14 h Grupo Colapso, DF 18 h Aula-Espetáculo com Ariano Suassuna, PE − Auditório Máster 19 h Indiana Nomma, DF (MPB) − Palco Restaurante
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 31/3/2010 QUARTA 7h30 Gizele Garrido e Ismael Fontes, DF (MPB) − Palco Principal 8 h Grupo Sussa Kalunga, GO − Auditório Máster 8 h Grupo Teatral Os Inclusos e os Sisos, RJ − Auditório Planalto 8 h Udigrudi, DF 8 h Irmãos Saúde, DF 12 h Dudu Maia Trio, DF (choro) − Palco Restaurante 13h30 Zé do Pife e as Juvelinas, DF 13h30 Centro de Cultura Mamãe Taguá, DF 16h45 Patubatê, DF − Palco Principal 19 h Antonio Nóbrega, PE − Auditório Máster 20 h Festa – Trio Tradição de Forró, DF, e Renata Jambeiro, DF (samba) − Palco Restaurante
PROGRAMAÇÃO PARA O DIA 1/4/2010 QUINTA 7h30 Chico de Assis e João Santana, DF (repente) − Palco Principal 8 h Mambembrincantes, DF − Auditório Máster 12 h George Lacerda, DF (MPB) − Palco Restaurante 18 h Adora Roda, DF (samba) − Palco Restaurante 69 e polí cas e divergências ideológicas, cons tuindo-se 5. Painel de Abertura desafi os que imporão um processo de ar culação iné- dito no âmbito da educação. Foi muito ressaltado que a conferência, organizada em torno desse tema, possi- No dia 29 de março, pela manhã, ocorreu o painel de bilita um salto nessa ar culação pelo peso que terá na abertura sobre o tema central da conferência: Cons- elaboração e tramitação do PNE 2011-2020. Ressalta- truindo o Sistema Nacional Ar culado da Educação: o dos também os avanços do úl mo período, tais como Plano Nacional de Educação, diretrizes e estratégias a criação do Fundeb, a ins tuição, por lei, do piso sa- de ação. A mesa, composta dos palestrantes Derme- larial nacional, a extensão da escolaridade obrigatória val Saviani, Regina Vinhaes e Carlos Augusto Abicalil, dos 4 aos 17 anos, entre outros, foram abordados os dedicou-se a aprofundar as questões rela vas ao tema desafi os para o PNE 2011-2020 no que diz respeito à central, as difi culdades pelas quais a proposta de ins- construção do Sistema Ar culado de Educação, que tuição de um sistema nacional de educação passou implica ampliação do fi nanciamento, novas responsa- desde a promulgação da Cons tuição brasileira e pela bilidades para estados, Distrito Federal, municípios e longa tramitação do projeto de LDB até agora, e as di- União, e novos modelos de gestão para garan r o di- fi culdades de um Estado federa vo com mais de 5 mil reito à educação de qualidade para todos. municípios e muitas desigualdades regionais, sociais
70 Sistema de Educação: Subsídios ria da educação nos úl mos dois séculos, tratarei dos obstáculos para a construção do sistema nacional de para a Conferência Nacional de educação no Brasil, desdobrando-os em quatro espé- 1 Educação cies: os econômicos, traduzidos na tradicional e per- sistente resistência à manutenção do ensino público; Dermeval Saviani2 os obstáculos polí cos, expressos na descon nuidade das inicia vas de reforma da educação; os fi losófi co- -ideológicos, representados pelas ideias e interesses O obje vo deste trabalho é apresentar subsídios para contrários ao sistema nacional de educação; e os obs- os eventos preparatórios que se desenrolarão ao lon- táculos legais, correspondentes à resistência à apro- go deste ano de 2009 tendo em vista a realização da vação de uma legislação que permita a organização Conferência Nacional de Educação, em 2010. Tendo do ensino na forma de um sistema nacional em nosso presente esse obje vo, este texto reúne elementos país. Por fi m, abordarei alguns aspectos rela vos aos desenvolvidos pelo autor em trabalhos anteriores, es- problemas e perspec vas suscitados pela retomada pecifi camente no livro Educação brasileira: estrutura do tema da construção do sistema nacional de educa- e sistema (SAVIANI, 2008a), no arƟ go “Estruturalismo ção no contexto brasileiro atual. e educação brasileira” (SAVIANI, 2007) e no trabalho I - SOBRE A NOÇÃO DE “SISTEMA” “Sistema nacional de educação: conceito, papel históri- co e obstáculos para a sua construção no Brasil”, apre- Embora o termo “sistema” seja de uso corrente em sentado em 2008 na 31ª Reunião Anual da Associação diferentes contextos, dando a impressão de que se Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação trata de algo previamente dado que nós podemos - ANPEd, que por sua vez incorporou, ampliando-o, o iden fi car externamente, é preciso ter presente que 71 ar go “Desafi os da construção de um sistema nacional o sistema não é um dado natural, mas é, sempre, ar culado de educação” (SAVIANI, 2008b). um produto da ação humana. Se nós procedermos a uma análise da estrutura do homem (SAVIANI, 2008a, Considerando que a tarefa principal da Conferência p. 35-69), vamos concluir que a realidade humana se Nacional de Educação diz respeito à construção de um encontra demarcada pelo trinômio situação-liberda- sistema nacional de educação no Brasil e tendo em vis- de-consciência. A existência humana é, pois, um pro- ta as imprecisões e confusões que têm marcado o uso cesso de transformação que o homem exerce sobre o do termo “sistema” no campo educacional, considero meio, ou seja, o homem é um “ser-em-situação”, dota- conveniente começar pela discussão da própria noção do de consciência e liberdade, agindo no mundo, com de “sistema”, seguida da noção de “estrutura” que o mundo e sobre o mundo. Na maior parte do tem- lhe é correlata. Feita essa incursão preliminar aborda- po as ações humanas desenvolvem-se normalmente, rei o signifi cado da expressão “sistema educacional” espontaneamente, ao nível, portanto, da consciência a par r de sua confi guração histórica. Na sequência, irrefl e da, até que algo interrompe seu curso e inter- após destacar o relevante papel que a organização dos fere no processo, alterando sua sequência natural. Aí, sistemas nacionais de ensino desempenhou na histó- então, o homem é obrigado a se deter e examinar, a 1 Texto organizado a pedido da Assessoria do MEC procurar descobrir o que é esse algo que, normalmen- para servir de subsídio às discussões preparatórias da te, nós nomeamos com a palavra “problema”. A par r Conferência Nacional de Educação – CONAE 2010. desse momento ele começa a refl e r, isto é, ele te- 2 Professor Emérito da UNIMCAP e Coordenador-Geral do ma za a realidade, voltando-se intencionalmente para HISTEDBR. ela a fi m de compreendê-la, tendo em vista resolver os problemas que interromperam o curso de sua ação de. E o resultado ob do, eis o que se chama “sistema”. vital. Em consequência, a a vidade anterior, de cará- Este é, então, produzido pelo homem a par r de ele- ter espontâneo, natural, assistemá co é subs tuída mentos que não são produzidos por ele, mas que a por uma a vidade intencional, refl e da, sistema zada. ele se oferecem na sua situação existencial. E como Consequentemente, é possível ao homem sistema - esses elementos, ao serem reunidos, não perdem sua zar porque ele é capaz de assumir perante a realidade especifi cidade, o que garante a unidade é a relação de uma postura tema zadamente consciente. Portanto, coerência que se estabelece entre eles. Além disso, o a condição de possibilidade da a vidade sistema za- fato de serem reunidos num conjunto não implica que dora é a consciência refl e da. É ela que permite o agir os elementos deixem de pertencer à situação obje va sistema zado, cujas caracterís cas básicas podem ser em que o próprio homem está envolvido; por isso, o assim enunciadas: conjunto, como um todo, deve manter também uma a) tomar consciência da situação; relação de coerência com a situação obje va referida. b) captar os seus problemas; Daí se conclui que as seguintes notas caracterizam a noção de “sistema”: c) refl e r sobre eles; a) intencionalidade; d) formulá-los em termos de obje vos realizáveis; b) unidade; e) organizar meios para a ngir os obje vos propos- tos; c) variedade; f) intervir na situação, pondo em marcha os meios d) coerência interna; 72 referidos; e) coerência externa. g) manter ininterrupto o movimento dialé co ação- Ora, vê-se, por aí, a estrutura dialé ca que caracteriza -refl exão-ação, já que a ação sistema zada é exa- a noção de “sistema”: intencionalidade implica os pa- tamente aquela que se caracteriza pela vigilância res an té cos sujeito-objeto (o objeto é sempre algo da refl exão. lançado diante de um sujeito) e consciência-situação Ora, percebe-se facilmente, pelas notas mencionadas, (toda consciência é consciência de alguma coisa); a que a a vidade sistema zadora envolve toda a estru- unidade contrapõe-se à variedade, mas também com- tura do homem nos seus três elementos (situação, li- põe-se com ela para formar o conjunto; e a coerên- berdade e consciência). cia interna, por sua vez, só pode sustentar-se desde que ar culada com a coerência externa, pois, em caso O ato de sistema zar, uma vez que pressupõe a consciên- contrário, será mera abstração. Por descuidar do as- cia refl e da, é um ato intencional. Isso signifi ca que, ao pecto da coerência externa é que os sistemas tendem realizá-lo, o homem mantém em sua consciência um a se desvincular do plano concreto, esvaziando-se em obje vo que lhe dá sen do; em outros termos, trata- construções “teóricas”. -se de um ato que concre za um projeto prévio. Este caráter intencional não basta, entretanto, para defi nir Podemos, enfi m, concluir as observações sobre a no- a sistema zação. Esta implica também uma mul plici- ção de “sistema” enfeixando-as na seguinte conceitua- dade de elementos que precisam ser ordenados, uni- ção: “sistema” é a unidade de vários elementos inten- fi cados, conforme se depreende da origem grega da cionalmente reunidos de modo a formar um conjunto palavra “sistema”: reunir, ordenar, coligir. Sistema zar coerente e operante. é, pois, dar, intencionalmente, unidade à mul plicida- A simples leitura revela que nessa defi nição estão con- dos todos os caracteres básicos que compõem a no- sugere a ideia de paradigma ou modelo) como a pró- ção de “sistema”. Foi necessário acrescentar o termo pria coisa construída (e a estrutura se confunde, en- “operante” para evitar que a coerência fosse reduzida tão, com a realidade mesma). Um exame mais de do apenas à coerência interna. Na verdade, um “siste- da origem e mológica revela, contudo, que a interpre- ma” insere-se sempre num conjunto mais amplo do tação anterior é susce vel de certos reparos, uma vez que ele próprio; e a sua coerência com relação à situ- que, além de struo, encontram-se em la m os verbos ação de que faz parte (coerência externa) exprime-se construo, destruo, instruo. Isso indica que struo é a raiz precisamente pelo fato de operar intencionalmente a par r da qual se podem compor outros vocábulos de transformações sobre ela. Com efeito, se o “sistema” signifi cados diferentes e até an nômicos, na medida nasce da tomada de consciência da problema cidade em que se acrescenta esse ou aquele prefi xo. Indica, de uma situação dada, ele surge como forma de su- ainda, que “construção” deriva diretamente de cons- peração dos problemas que o engendraram. E, se ele truo e não de struo, o que lança dúvidas com relação não contribuir para essa superação, terá sido inefi caz, à iden fi cação entre estrutura e construção e sugere a inoperante, ou seja, incoerente do ponto de vista ex- ideia de que essa interpretação é um tanto apressada terno. E tendo faltado um dos requisitos necessários e superfi cial, hipótese que talvez permita explicar boa (a coerência externa) isso signifi ca que, rigorosamente parte das confusões rela vas ao termo em questão. falando, ele não terá sido um “sistema”. Sendo um termo-raiz, struo (assim como structura) II - SOBRE A NOÇÃO DE “ESTRUTURA” não possui um sen do preciso e susce vel de ser ca- O termo “estrutura”, da mesma forma que “sistema”, racterizado de imediato e a priori. Seu uso na língua la- também refere-se a conjunto de elementos; por isso, na, como se pode inferir do manuseio dos dicionários muitas vezes, ambos são usados como sinônimos. Para e enciclopédias, sugere um signifi cado cuja precisão se 73 evitar ambiguidades cumpre, no entanto, dis ngui-los. instaura em função dos contextos em que é u lizado. Variando os contextos, variará, consequentemente, o O termo “estrutura” originou-se do verbo la no strue- sen do do termo. Assim, se é possível dizer de ime- re. A esse verbo é atribuído correntemente o signifi ca- diato e a priori que “construo” se opõe a “destruo”, o do de “construir”. Esse sen do é aceito sem objeções, mesmo não ocorre com struo (FORCELLINI, 1940, vol. tanto entre os leigos como nos círculos especializados. IV, p. 509)3; este não opõe-se nem se iden fi ca aos Tal fato dispensa os estudiosos de um exame mais de- termos anteriores a não ser quando considerado em do do signifi cado e mológico do termo, o que pode função de determinado contexto. Isso permite com- ser ilustrado pela frase com a qual Bas de (1971, p. 2) preender ao mesmo tempo a polissemia e a respec va introduz o exame dos diferentes i nerários percorri- difusão do termo “estrutura”, bem como suas impreci- dos pela palavra “estrutura” no vocabulário cien fi co: sões e confusões. “Sabemos que a palavra estrutura vem do la m struc- tura, derivada do verbo struere, construir”. As observações feitas permitem concluir que “estru- tura” é a matriz fundamental a par r da qual, ou em Vê-se, assim, que “estrutura” signifi caria “construção”, função da qual, são construídos os modelos. Em ou- o que já abre margem para uma duplicidade de sen do tros termos: é possível construir modelos cuja função também mencionada pelo próprio Bas de: “a de mo- é permi r conhecer, da maneira mais precisa possível, delo e concreto, de relações latentes e relações reais, 3 Conferir especialmente os verbetes “structura” e “struo”. e esta oposição encontra-se em todas as disciplinas No Lexicon totius latinitatis, Forcellini indica os seguintes [...]” (idem, ibidem, p. 11). De fato, “construção” pode sinônimos de “struo”: “exstruo”, “construo”, “instruo”, indicar tanto o modo como algo é construído (o que “obstruo” e “moveo”. as estruturas, pondo em evidência os respec vos ele- co” mesmo fenômeno que recebera de Morgan a de- mentos e o modo como estes se relacionam entre si; nominação “sistemas de parentesco” (BASTIDE, 1971, e é possível, também, a par r do conhecimento das p. 4). estruturas, construir modelos que permitam tanto a Se existe uma certa sinonímia entre os vocábulos “es- modifi cação das estruturas existentes como a forma- trutura” e “sistema”, é interessante notar que, en- ção de novas. A noção de estrutura não coincide, pois, quanto nos demais contextos predomina a palavra com a de modelo (não importando, no caso, se se trata “estrutura”, no contexto educacional a preferência de modelos de conhecimento ou de modelos de ação). é conferida ao termo “sistema”. Mas é preciso reco- Considerando-se que “estrutura” origina-se de struo, nhecer a presença do termo “estrutura” em várias ex- o substan vo correspondente derivado de “construo” pressões, como ocorre, por exemplo, na denominação seria “construtura”. Como tal palavra não é u lizada, da disciplina “estrutura e funcionamento do ensino”. o conteúdo que lhe corresponde acaba, por extensão, Nesse caso também não se explicita de modo claro o sendo designado também pelo termo “estrutura”. signifi cado de “estrutura”. Todavia, a contraposição É interessante notar, porém, que a ciência acabou por com “funcionamento” sugere a analogia com a bio- cunhar o termo “constructo”, este sim diretamente de- logia. “Estrutura” indicaria a anatomia do ensino (os rivado do supino do verbo “construo”. Ora, os “cons- órgãos que o cons tuem, suas caracterís cas básicas); tructos” são modelos cuja função é permi r conhecer “funcionamento”, a fi siologia do ensino (o modo como as estruturas e/ou agir sobre elas. funcionam os diversos órgãos que cons tuem o ensi- no). Passa-se, então, a falar também em “estrutura Conclui-se, então, que a palavra “estrutura” designa do sistema educacional”, o que acaba por aumentar 74 primária e originariamente totalidades concretas em as confusões. Com efeito, expressões como “estrutu- interação com seus elementos que se contrapõem e ra do ensino superior” e “sistema de ensino superior” se compõem entre si dinamicamente. Nesse sen do, equivalem-se? Uma vez que se fala em “estrutura do “estrutura” opõe-se a “constructo” ou “modelo”. Este ensino superior” e em “estrutura do sistema de ensino decorre do modo de exis r do homem, ser concreto, superior”, o que é que a palavra “sistema” acrescenta que, por necessidade de compreender a realidade da que não está con do no signifi cado da expressão an- qual faz parte, constrói esquemas explica vos dessa terior? Poder-se-á mul plicar as questões propostas mesma realidade. pondo em evidência exaus vamente a confusão exis- III - AS NOÇÕES DE “ESTRUTURA” E “SISTEMA” NA tente entre “estrutura” e “sistema” no emprego cor- EDUCAÇÃO rente dessas palavras no contexto educacional. Cum- pre, pois, demarcar mais claramente a dis nção entre Os termos “estrutura” e “sistema”, como já se assina- esses dois termos. lou, são u lizados com signifi cados intercambiáveis entre si, do que decorre, na educação, o uso das ex- A “estrutura” implica a própria textura da realidade; pressões “estrutura educacional” e “sistema educa- indica a forma como as coisas se entrelaçam entre si, cional” com signifi cados mais ou menos equivalentes. independentemente do homem e, às vezes, envolven- Repete-se aqui o mesmo fenômeno que se constata do o homem (como no caso das estruturas sociais, em outros setores do conhecimento nos quais, por polí cas, econômicas, educacionais etc.). O sistema, exemplo, “estrutura social” e “sistema social”, “estru- em contrapar da, implica uma ordem que o homem tura econômica” e “sistema econômico” etc assumem impõe à realidade. Entenda-se, porém: não se trata de sen dos intercambiáveis. Isso se evidencia no próprio criar a realidade. O homem sofre a ação das estrutu- Lévi-Strauss, que denominou “estruturas de parentes- ras, mas, na medida em que toma consciência dessa ação, ele é capaz de manipular a sua força agindo so- pode ser comparado a uma “estrutura” que o homem bre a estrutura de modo a lhe atribuir um sen do. faz e sabe que o faz. Note-se que, no segundo caso, o Parafraseando um dito de Sartre (1968, p. 117), numa verbo foi u lizado no presente e não foi por acaso; é de suas famosas polêmicas com o estruturalismo, dir- preciso atuar de modo sistema zado no sistema edu- -se-ia: “o que foi feito do homem são as estruturas; o cacional; caso contrário, ele tenderá a distanciar-se que ele faz (daquilo que fi zeram dele) é o sistema”. dos obje vos humanos, caracterizando-se, agora sim, especifi camente como “estrutura” (resultado cole vo Vê-se, pois, que enquanto a “estrutura” implica inin- inintencional de práxis intencionais individuais). Esse tencionalidade (no nível da práxis cole va), o “siste- risco é par cularmente evidente no fenômeno que ma” implica intencionalidade. Não se deve, porém, vem sendo chamado de “burocra smo”. Este consiste inferir, daí, que “sistema” iden fi ca-se com modelo ou em que, a um novo processo, apliquem-se mecanica- “constructo” situando-o num plano exclusivamente mente formas extraídas de um processo anterior. teórico. “Sistema” é uma organização obje va resul- tante da a vidade sistema zadora que se dirige à rea- IV - O SISTEMA EDUCACIONAL COMO PRODUTO DA lização de obje vos cole vos. É, pois, um produto da EDUCAÇÃO SISTEMATIZADA práxis intencional cole va. Práxis (SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Levando-se em conta a “estrutura” do homem, carac- 1975, parte 2, capítulos I a III) é entendida aqui como terizada pelo trinômio situação-liberdade-consciência, uma a vidade humana prá ca fundamentada teo- constatamos que a educação, enquanto fenômeno, ricamente. Tal conceito implica, então, uma unidade apresenta-se como uma comunicação entre pesso- dialé ca entre teoria e prá ca, o que signifi ca que se as livres, em graus diferentes de maturação humana, trata de uma a vidade cujos obje vos não se realizam numa situação histórica determinada; e o sen do des- apenas subje vamente; ao contrário, trata-se de re- sa comunicação, a sua fi nalidade, é o próprio homem, 75 sultados que se manifestam concretamente. quer dizer, sua promoção. O produto intencional e concreto de uma práxis inten- A educação, assim considerada, é encontrada em to- cional cole va, eis o que está sendo denominado “sis- das as sociedades: de maneira simples e homogênea, tema”. Vê-se, pois, que a teoria não faz o “sistema”; nas comunidades primi vas; de modo complexo e di- ela é apenas uma condição necessária para que ele se versifi cado, nas sociedades atuais. Aparece de forma faça. Quem faz o “sistema” são os homens, quando as- difusa e indiferenciada em todos os setores da socie- sumem a teoria na sua práxis. E quem faz o “sistema” dade: as pessoas comunicam-se tendo em vista obje- educacional são os educadores, quando assumem a vos que não o de educar e, no entanto, educam e teoria na sua práxis educa va, isto é, quando a sua educam-se. Trata-se, aí, da educação assistemá ca; prá ca educa va é orientada teoricamente de modo ocorre uma a vidade educacional, mas ao nível da explícito. consciência irrefl e da, ou seja, concomitantemente a Feitos esses esclarecimentos preliminares, podemos, uma outra a vidade, esta sim, desenvolvida de modo agora, compreender o signifi cado da expressão “estru- intencional. Quando educar passa a ser objeto explíci- tura do sistema educacional”. Uma vez que o “sistema” to da atenção, desenvolvendo-se uma ação educa va educacional confi gura-se como uma organização obje- intencional, então tem-se a educação sistema zada. O va, concreta, ele possui uma “estrutura”. Lançando que determina a passagem da primeira para a segun- mão de um jogo de palavras, dir-se-ia, pois, que, en- da forma é o fato de a educação aparecer ao homem quanto a “estrutura” apresenta-se como um “sistema” como problemá ca; ou seja: quando educar apresenta que o homem não fez (ou fez sem o saber), o “sistema” -se ao homem como algo que ele precisa fazer e ele não sabe como o fazer. É isso o que faz com que a edu- não terá, contudo, um caráter de “sistema”, mas de cação ocupe o primeiro plano na sua consciência, que “estrutura”, confi gurando-se como resultado comum ele se preocupe com ela e refl ita sobre ela. intencional de um conjunto de práxis individuais in- Assim, a educação sistema zada, para ser tal, deverá tencionais. preencher os requisitos apontados com relação à a - Mas o “sistema” – já que implica em intencionalidade vidade sistema zadora em geral. Portanto, o homem é – deverá ser um resultado intencional de uma práxis capaz de educar de modo sistema zado quando: também intencional. E, como as práxis intencionais a) toma consciência da situação (estrutura) educacional; individuais conduzem a um produto comum intencio- nal, o “sistema educacional” deverá ser o resultado b) capta os seus problemas; de uma a vidade intencional comum, isto é, cole va. c) refl ete sobre eles; Mas como se poderá passar da a vidade intencional individual à a vidade intencional comum? É aqui que d) formula-os em termos de obje vos realizáveis; entra o papel da teoria. Sem uma teoria educacional e) organiza meios para alcançar os obje vos; será impossível uma a vidade educa va intencional f) instaura um processo concreto que os realiza; cole va. Com efeito, o homem comum, imerso no co- diano, é incapaz de ultrapassar o domínio do prá co- g) mantém ininterrupto o movimento dialé co ação- -u litário para perceber as implicações e consequên- -refl exão-ação. cias de sua própria a vidade prá ca. A consciência O úl mo requisito (g) resume todo o processo, sen- que tem da práxis é, mesmo, um obstáculo à ação do condição necessária para garan r sua coerência, intencional comum, uma vez que o leva a desprezar 76 bem como sua ar culação com processos ulteriores. a teoria. Para ele, a prá ca basta-se a si mesma; se Pois o modo de existência do homem é tal que uma surgem problemas, a própria prá ca já apresenta um práxis que se estrutura em função de determinado(s) repertório sa sfatório de soluções. A a vidade teórica obje vo(s) não se encerra com a sua realização, mas é o não-prá co, portanto, inú l; mais ainda: é o an - traz a exigência da realização de novos obje vos, pro- prá co, pois introduz complicações, altera a sequência jetando-se numa nova práxis (que só é nova pelo que “natural” dos acontecimentos, quebra a ro na, causa acrescenta à anterior e porque a pressupõe; na reali- transtornos. dade prolonga-a num processo único que se insere na Em suma, para ter-se um “sistema educacional” – que totalidade do exis r). evidentemente deverá preencher os três requisitos Ora, assim como o “sistema” é um produto da a vi- mencionados, a saber: intencionalidade (sujeito-obje- dade sistema zadora, o “sistema educacional” é re- to), conjunto (unidade-variedade), coerência (interna- sultado da educação sistema zada. Isso implica que -externa) – é preciso acrescentar às condições impos- não pode haver “sistema educacional” sem educação tas à a vidade sistema zadora (educação sistema za- sistema zada, embora seja possível esta sem aquele. da) esta outra exigência: a formulação de uma teoria Isso porque nós podemos ter educadores que, indivi- educacional. Reduzindo-se os requisitos da educação dualmente, desenvolvem educação sistema zada preen- sistema zada a dois pontos fundamentais pode-se, chendo todos os requisitos antes apontados. O “sistema”, enfi m, determinar as condições básicas para a cons- porém, ultrapassa os indivíduos. Estes podem agir de trução de um “sistema educacional” numa situação modo intencional visando, contudo, obje vos diferen- histórico-geográfi ca determinada; são elas: tes e até opostos. Essas ações diferentes ou divergen- a) consciência dos problemas da situação; tes levarão, é verdade, a um resultado cole vo; este b) conhecimento da realidade (as “estruturas”); fi cado da expressão “sistema educacional”. c) formulação de uma pedagogia. Na base do uso difuso do conceito de sistema na edu- A consciência dos problemas é um ponto de par da cação está, como já se mostrou, a noção de que o ter- necessário para se passar da a vidade assistemá ca à mo “sistema” denota conjunto de elementos, isto é, sistema zação; do contrário, aquela sa sfaz, não ha- a reunião de várias unidades formando um todo. Daí vendo razão para ultrapassá-la. Contudo, captados os a assimilação do conceito de sistema educacional a problemas, eles exigirão soluções; e como os mesmos conjunto de unidades escolares ou de rede de ins tui- resultaram das estruturas que envolvem o homem, ções de ensino. Assim, normalmente quando se fala surge a necessidade de conhecê-las do modo mais em “sistema público de ensino”, o que está em causa preciso possível, a fi m de mudá-las; para essa análise é o conjunto das ins tuições públicas de ensino; quan- das “estruturas”, as ciências serão um instrumento in- do se fala em sistema par cular de ensino, trata-se da dispensável. A formulação de uma pedagogia (teoria rede de escolas par culares; ao falar-se em sistema educacional) integrará tanto os problemas como os superior de ensino, sistema de ensino profi ssional, sis- conhecimentos (ultrapassando-os) na totalidade da tema de ensino primário, igualmente a referência são práxis histórica, na qual receberão o seu pleno signi- as redes de escolas superiores, profi ssionais ou primá- fi cado humano. A teoria referida deverá, pois, indicar rias e assim por diante. os obje vos e meios que tornem possível a a vidade De fato, os exemplos mencionados já indicam outra comum intencional. fonte de equívoco que diz respeito aos critérios de V - SIGNIFICADO HISTÓRICO DA EXPRESSÃO “SISTEMA classifi cação dos diferentes aspectos ou partes cons - EDUCACIONAL” tu vas do sistema, o que pode ser evidenciado pelos seguintes exemplos: 77 O desenvolvimento da sociedade moderna correspon- de ao processo em que a educação passa do ensino a) do ponto de vista da en dade administra va, o sis- individual ministrado no espaço domés co por pre- tema educacional pode ser classifi cado em: fede- ceptores privados para o ensino cole vo ministrado ral, estadual, municipal, par cular etc.; em espaços públicos denominados escolas. Assim, a b) do ponto de vista do padrão, em: ofi cial, ofi cializa- educação sistema zada própria das ins tuições esco- do ou livre; lares tende a generalizar-se impondo, em consequên- c) do ponto de vista do grau de ensino, em: primário, cia, a exigência de sistema zar-se também o funciona- médio, superior; mento dessas ins tuições dando origem aos sistemas educacionais organizados pelo Poder Público. Nessas d) do ponto de vista da natureza do ensino, em: co- condições, a par r segunda metade do século XIX a mum ou especial; emergência ou consolidação dos Estados nacionais e) do ponto de vista do po de preparação, em: geral, fez-se acompanhar da implantação dos sistemas na- semiespecializado, ou especializado; cionais de ensino nos diferentes países. f) do ponto de vista dos ramos de ensino, em: comer- O fenômeno dos sistemas nacionais de ensino gene- cial, industrial, agrícola etc. ralizou, na educação, o uso do termo “sistema” que se Daí derivam expressões como: “sistema geral de edu- confi gurou como uma espécie de termo primi vo, não cação”, “sistema federal de ensino”, sistema ofi cial”, carecendo, pois, de defi nição. Daí sua polissemia com “sistema público”, “sistema escolar” etc. Na verdade, as imprecisões e confusões decorrentes, o que nos im- porém, o uso dessas expressões é impróprio; um exa- põe a exigência de examinar, preliminarmente, o signi- me mais de do revelará que, em todos esses casos, pressões como “sistema” público ou par cular de en- trata-se propriamente do sistema educacional, consi- sino, “sistema” escolar etc. Ora, a expressão “sistema derado sob este ou aquele prisma, nesse ou naquele público de educação” é pleonás ca porque o “sistema aspecto. de ensino” só pode ser público. Já a expressão “siste- Mas é preciso considerar que, para lá dessas acepções, ma par cular de ensino” é contraditória porque as en- o termo “sistema” denota um conjunto de a vidades dades privadas não têm o poder de ins tuir sistemas que se cumprem tendo em vista determinada fi nalida- educacionais. Em verdade, a a tude que tem prevale- de. E isso implica que as referidas a vidades são orga- cido entre os educadores em geral, e especialmente nizadas segundo normas decorrentes dos valores que entre os legisladores, tem sido a de evitar a questão estão na base da fi nalidade preconizada. Assim, siste- rela va ao esclarecimento preciso do conceito de “sis- ma implica organização sob normas próprias (o que tema”, considerando-o como algo constantemente re- lhe confere um elevado grau de autonomia) e comuns ferido, mas cujo sen do permanece sempre implícito, (isto é, que obrigam a todos os seus integrantes). Ora, supostamente compreendido, mas jamais assumido os cursos livres são tais exatamente porque não se su- explicitamente. bordinam às normas gerais e comuns. Dessa maneira, Até a atual LDB, aprovada em 20 de dezembro de 1996, os cursos livres, por defi nição, estão fora do sistema havia no Brasil apenas duas modalidades de sistemas educacional. Logo, não parece adequado classifi car o de ensino: o sistema federal, que abrangia os territó- sistema educacional como ofi cial, ofi cializado ou livre. rios federais e nha caráter suple vo em relação aos Vê-se que falar em “sistema livre de educação” seria estados; e os sistemas estaduais e do Distrito Federal. uma forma de referir-se ao conjunto das escolas livres, Nesse contexto, as escolas de educação básica, públi- 78 isto é, aquelas escolas que não se subordinam às nor- cas e par culares, integravam os respec vos sistemas mas defi nidas pelo sistema educacional e que, conse- estaduais. Já as escolas superiores, públicas e par cu- quentemente, regulam o funcionamento de todas as lares, integravam o sistema federal subordinando-se, escolas que o integram. Fica evidente, aí, a contradi- pois, às normas fi xadas pela União. Neste úl mo caso, ção, pois “sistema livre de educação” signifi ca o con- a legislação admi a a possibilidade de o sistema fede- junto das escolas que não integram o sistema educa- ral delegar aos sistemas estaduais a jurisdição sobre cional, o que põe em evidência de forma cristalina o as escolas superiores, desde que se tratasse de estado caráter equívoco do uso corrente na noção de sistema. com tradição consolidada no âmbito do ensino supe- Não podemos perder de vista, ainda, que nas socieda- rior. des modernas a instância dotada de legi midade para Cabe observar que as difi culdades com relação a esse legislar, isto é, para defi nir e es pular normas comuns tema decorrem já do próprio texto cons tucional. que se impõem a toda a cole vidade, é o Estado. Daí Tudo indica que os cons tuintes procederam nesse que, a rigor, só se pode falar em “sistema”, em sen - assunto segundo aquela a tude acima descrita, pres- do próprio, na esfera pública. Por isso as escolas par- supondo tacitamente o signifi cado de “sistema”, mas culares integram o “sistema” quando fazem parte do sem compreendê-lo de forma rigorosa e clara. Com sistema público de ensino, subordinando-se, em con- isso, inadver damente, introduziram no texto, por sequência, às normas comuns que lhe são próprias. analogia, o conceito de “sistema municipal de ensino”. Assim, é só por analogia que se pode falar em “sistema Ora, a própria Cons tuição, ao prescrever no art. 22, par cular de ensino”. O abuso da analogia resulta res- inciso XXIV, que compete priva vamente à União le- ponsável por boa parte das confusões e imprecisões gislar sobre diretrizes e bases da educação nacional; que cercam a noção de sistema, dando origem a ex- que compete à União, aos estados e ao Distrito Fede- entre a União e o Distrito Federal. Já nos Estados essa ral legislar concorrentemente sobre educação, cultura, organização envolveria a colaboração entre a União, o ensino e desporto (art. 24, inciso IX); e que é compe- estado e os seus municípios. tência comum da União, dos estados, do Distrito Fede- Por outro lado, como já foi salientado, o termo “sis- ral e dos municípios proporcionar os meios de acesso tema” é u lizado em educação de forma equívoca à cultura, à educação e à ciência (art. 23, inciso V), não assumindo, pois, diferentes signifi cados. Ao que tudo estendeu aos municípios a competência para legislar indica, o ar go 211 da Cons tuição Federal de 1988 em matéria de educação. Portanto, não tendo auto- estaria tratando da organização das redes escolares nomia para baixar normas próprias sobre educação ou que, no caso dos municípios, apenas por analogia são ensino, os municípios estariam cons tucionalmente chamadas aí de sistemas de ensino. Com efeito, sabe- impedidos de ins tuir sistemas próprios, isto é, muni- -se que é muito comum a u lização do conceito de cipais, de educação ou de ensino. Não obstante, o tex- sistema de ensino como sinônimo de rede de escolas. to cons tucional deixa margem, no art. 211, para que Daí falar-se em sistema estadual, sistema municipal, se possa falar em sistemas de ensino dos municípios, sistema par cular etc, isto é, respec vamente, rede quando estabelece que “a União, os Estados, o Distrito de escolas organizadas e man das pelos estados, pe- Federal e os Municípios organizarão, em regime de co- los municípios ou pela inicia va par cular. Obviamen- laboração, os seus sistemas de ensino”. te, cabe aos municípios manter escolas, em especial Como interpretar esse disposi vo? Estaria ele afi rman- de educação infan l e de ensino fundamental, o que, do claramente a competência dos municípios para ins- aliás, está prescrito expressamente no inciso VI do tuir os respec vos sistemas de ensino? Mas, então, ar go 30 da Cons tuição Federal de 1988: “compete por que não se estendeu aos municípios, de forma aos Municípios: VI – manter, com a cooperação téc- 79 explícita, a competência para legislar em matéria de nica e fi nanceira da União e do Estado, programas de educação? educação pré-escolar e de ensino fundamental”. É de Observe-se que nessa passagem da Cons tuição Fede- notar-se, por outro lado, que não consta desse ar go, ral não aparece a expressão “os respec vos sistemas que trata das competências dos municípios, a prerro- de ensino”, mas “os seus sistemas de ensino”. Ora, o ga va de “legislar sobre educação, cultura, ensino e adje vo “respec vos” denota univocamente “de cada desporto”, como ocorre com a União, os estados e o um”, enquanto a palavra “seus” pode signifi car tanto Distrito Federal. Portanto, numa interpretação estrita “de cada um” como “deles”, isto é, os sistemas de en- do que está expresso no texto da Cons tuição Federal sino da União, estados e municípios. em vigor, os municípios não disporiam da faculdade de ins tuir sistemas próprios de ensino, já que isso entra- Será que, no citado ar go 211, o acento deve ser posto ria em confl ito com o disposto no Título III da Cons - na competência individual de cada ente federa vo ou tuição. Consequentemente, não haveria lugar para a no regime de colaboração entre eles? Ou seja: o plural ins tuição de sistemas municipais de ensino. As esco- “sistemas de ensino” deve ser lido como signifi cando las municipais integrariam, via de regra, os sistemas que cada um organiza o respec vo sistema de ensino estaduais de ensino, subordinando-se, pois, às normas ou estaria signifi cando que a organização dos sistemas estabelecidas pelos respec vos estados. de ensino pressupõe sempre a colaboração entre os vários entes federados? Assim, no Distrito Federal, O texto da nova LDB, entretanto, procurou contornar que não é cons tuído por municípios, a organização a difi culdade, ultrapassando a ambiguidade do texto do sistema de ensino implicaria apenas a colaboração cons tucional e estabelecendo com clareza a exis- tência dos sistemas municipais de ensino. Para tanto, além do ar go 211 (“A União, os Estados e os Muni- optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual de cípios organizarão em regime de colaboração os seus ensino ou compor com ele um sistema único de edu- sistemas de ensino”), a LDB terá buscado respaldo nos cação básica”. incisos I e II do ar go 30 da Cons tuição Federal, que Com certeza a LDB introduziu a possibilidade de opção afi rmam, respec vamente, a competência dos municí- à luz de duas evidências, uma no plano formal e outra pios para “legislar sobre assuntos de interesse local” e no plano real. Do ponto de vista formal, levou em con- “suplementar à legislação federal e à estadual no que ta a ambiguidade da Cons tuição, como já se mostrou. couber”. Assim, o inciso III do ar go 11 da LDB es pula Do ponto de vista real, considerou as difi culdades téc- que cabe aos municípios “baixar normas complemen- nicas e fi nanceiras que muitos municípios teriam para tares para o seu sistema de ensino”. Isto posto, ainda organizar, a curto ou mesmo a médio prazo, os seus que do ponto de vista da hermenêu ca cons tucional sistemas de ensino. É de notar-se que o reconheci- se possa arguir contra a cons tucionalidade do dis- mento dessa limitação está expresso também no texto posto na LDB, já que, se os cons tuintes quisessem, cons tucional quando, ao estabelecer no inciso VI do de fato, estender essa competência aos municípios ar go 30 a competência inequívoca dos municípios de teriam-no feito expressamente como o fi zeram com manter programas de educação pré-escolar e de ensi- os estados e o Distrito Federal, já não pairam dúvidas, no fundamental, acrescenta que isso será feito com a à luz do texto da LDB, quanto à competência dos muni- cooperação técnica e fi nanceira da União e do estado. cípios para ins tuir os seus sistemas de ensino. Assim, enquanto nós ainda nos perdemos nessas dis- Conclui-se, então, que a defi nição clara da competên- cussões que nos desviam da questão do sistema nacio- cia dos municípios para ins tuir os próprios sistemas nal, os principais países foram, desde o fi nal do século 80 de ensino fl ui da Lei de Diretrizes e Bases da Educação XIX, organizando os respec vos sistemas nacionais de Nacional (LDB) e não da Cons tuição Federal. Portan- ensino. Vejamos, então, qual foi o papel que esses sis- to, não parece procedente a posição daqueles que en- temas desempenharam. tendem que a LDB, ao tornar opcional a organização dos sistemas municipais de ensino, teria enfraquecido VI - PAPEL HISTÓRICO DOS SISTEMAS NACIONAIS DE a norma cons tucional, pois, em sua interpretação, a ENSINO Cons tuição não apenas permite, mas teria determi- Como sabemos, a sociedade burguesa ou moderna nado aos municípios a tarefa de organizar os próprios surgiu a par r do desenvolvimento e das transforma- sistemas, como afi rma José Eustáquio Romão (1997, ções que marcaram a sociedade feudal. Nesta domi- p. 21 e 22). Em verdade, a LDB, ainda que lhe dê ca- nava a economia de subsistência, caracterizada por ráter opcional, estabelece claramente a competência uma produção voltada para o atendimento das neces- dos municípios para organizar os próprios sistemas de sidades de consumo. O seu desenvolvimento, porém, ensino. Aliás, o próprio fato de deixar a eles a opção acarretou a geração sistemá ca de excedentes, inten- indica o reconhecimento explícito de sua competência sifi cando o comércio, o que acabou por determinar a nessa matéria. organização do próprio processo de produção especifi - Diferentemente da referida interpretação, entendo camente voltado para a troca surgindo, assim, a socie- que, ao admi r a possibilidade da organização de sis- dade capitalista ou burguesa, que, pela razão indicada, temas municipais de ensino, a LDB se viu diante da é também chamada de sociedade de mercado. Nesta, questão rela va às condições para a sua efe vação. inversamente ao que ocorria na sociedade feudal, é a E, como uma medida de cautela, prescreveu, no pará- troca que determina o consumo. Portanto, o eixo do grafo único do ar go 11, que “os municípios poderão processo produ vo deslocou-se do campo para a ci- dade e da agricultura para a indústria, convertendo-se longo do século XIX, os Estados nacionais foram cons- o saber (a ciência), de potência espiritual (intelectual) tuindo-se ou consolidando-se, cada país foi tomando para potência material. Nessas novas condições, a a inicia va de organizar os respec vos sistemas nacio- estrutura da sociedade deixou de fundar-se em laços nais de ensino. E o papel desses sistemas era preci- naturais, passando a basear-se em laços propriamen- samente universalizar a instrução pública, entendida te sociais, isto é, produzidos pelos próprios homens. como aquela que assegura, ao conjunto da população, Em consequência, a organização social passou a reger- o domínio da leitura, escrita e cálculo, ademais dos -se pelo direito posi vo (sociedade contratual), e não rudimentos das ciências naturais e sociais (história mais pelo direito natural ou consuetudinário. e geografi a). Portanto, a referência fundamental da Está posta, aí, a equação que desembocará na questão organização dos sistemas nacionais de ensino estava escolar: o direito posi vo, assim como o saber siste- dada pela escola elementar, que, uma vez universa- má co, cien fi co, supõe registros escritos. Assim, o lizada, permi ria erradicar o analfabe smo. É esse o domínio de uma cultura intelectual, cujo componente papel histórico dos sistemas nacionais de educação mais elementar é o alfabeto, impõe-se como exigência que os principais países conseguiram cumprir sa sfa- generalizada de par cipação a va na sociedade. Ora, a toriamente, ainda que de formas dis ntas e em graus cultura escrita não é produzida de modo espontâneo, diferenciados de efi cácia. natural, mas de forma sistemá ca e deliberada. Por- Para ter-se uma ideia da importância dessa questão, tanto, requer, também, para a sua aquisição, formas consideremos o caso da Itália. Quando esse país se deliberadas e sistemá cas, isto é, ins tucionalizadas, cons tuiu como Estado Nacional em consequência do o que fez com que, na sociedade moderna, a escola processo de unifi cação que se completou em 1861, viesse a ocupar o posto de forma principal e dominan- sob a liderança do Piemonte, foi estendida a toda a 81 te de educação. Itália a Lei Casa , uma extensa lei composta de 380 ar- Em suma: o deslocamento do eixo do processo pro- gos, que regulava o funcionamento da educação nos du vo do campo para a cidade e da agricultura para a seus mais diferentes aspectos e que fora aprovada no indústria provocou o deslocamento do eixo do proces- Piemonte, em 1859. Essa lei regulava minuciosamente so cultural do saber espontâneo, assistemá co, para o o ensino superior e con nha um brevíssimo capítulo saber metódico, sistemá co, cien fi co. Em consequ- sobre o ensino primário, que era relegado ao encargo ência, o eixo do processo educa vo também deslocou -se das comunas, isto é, dos municípios. Com isso, a Itália das formas difusas, iden fi cadas com o próprio pro- chegou ao fi nal do século com metade de sua popula- cesso de produção da existência, para formas especí- ção analfabeta, o que levou Ernesto Nathan a afi rmar fi cas e ins tucionalizadas, iden fi cadas com a escola. em 1906: “Em relação à nossa posição social somos muito cultos e muito ignorantes, de um lado atormen- Nesse contexto, a necessidade de disseminar as luzes tados pelo analfabe smo, de outro pelo universitaris- da razão, tão bem teorizada pelo movimento iluminis- mo” (BARBAGLI, 1974, p. 29). Portanto, sua situação, ta, trouxe consigo a necessidade de difundir a instru- então, não era muito diferente daquela do Brasil. ção indis ntamente a todos os membros da socieda- de, o que foi traduzido na bandeira da escola públi- No entanto, ao longo do fi nal do século XIX desenvol- ca, gratuita, universal, leiga e obrigatória. Daí o dever veu-se uma intensa campanha pela “avocação do en- indeclinável do Estado de organizar, manter e mesmo sino primário ao Estado”, ou seja, o governo central. A impor a educação a toda a população. mobilização contou, inclusive, com a força do mar rio da jovem professora cujo nome, emblema camente, Para cumprir esse desiderato, na medida em que, ao era Itália Dona . Ví ma de assédio sexual e da male- dicência, Itália Dona encontrou no suicídio o meio Ao iniciar sua obra educa va no Brasil, em 1549, os de recuperar a paz e a honra. Sua morte desencadeou jesuítas cumpriam mandato de D. João III, cabendo grande impacto na imprensa, tendo à frente o jornal à Coroa manter o ensino por eles ministrado. Mas o Corriere della Sera, que se viu encorajado a persis r rei enviava verbas para a manutenção e a ves menta na denúncia da triste situação de muitas das colegas dos jesuítas, não para construções. Então, os recursos da professora toscana. Seu enterro provocou grande que chegavam eram aplicados no colégio da Bahia e, comoção e em sua tumba foi posta uma lápide com a como relata o padre Manuel da Nóbrega em carta de seguinte inscrição: “A Itália Dona / professora muni- agosto de 1552, “nós no ves do remediamo-nos com cipal em Porciano / tão bela quanto virtuosa / forçada o que ainda do reino trouxemos, porque a mim ainda por ignóbil perseguição / a pedir à morte a paz / e o me serve a roupa com que embarquei... e no comer vi- atestado da sua honra. / Nascida em Cintolese em 1º vemos por esmolas” (HUE, 2006, p. 68). Essa situação de janeiro de 1863 / Morta em Porciano em 1º de ju- foi contornada a par r de 1564 com o plano da redízi- nho de 1886” (CATARSI, 1985, pp. 112-113). Por fi m, ma, que des nava dez por cento de todos os impostos a campanha resultou vitoriosa e, em 1911, através da arrecadados da colônia brasileira à manutenção dos reforma Daneo-Credaro (idem, pp. 55-71 e 123-131), colégios jesuí cos. o ensino primário foi colocado sob a responsabilidade No período seguinte (1759-1827) as reformas pomba- do Estado Nacional, instalando-se o sistema nacional linas da instrução pública ins tuíram as “aulas régias”, de ensino a par r do qual foi possível erradicar o anal- a serem man das pela Coroa por meio do “subsídio li- fabe smo. terário”, criado em 1772. Mas a difi culdade de cobran- Diferentemente, o Brasil foi retardando essa inicia va ça desse tributo na Colônia não permi u a adequada 82 e, com isso, foi acumulando um défi cit histórico imen- manutenção do ensino. so no campo educacional, em contraste com os países Com a independência polí ca foi instalado o Primeiro que implantaram os respec vos sistemas nacionais de Império, que fez aprovar, em 15 de outubro de 1827, a ensino, tanto na Europa e América do Norte como na lei das escolas de primeiras letras, cujo ar go primeiro América La na, como o ilustram os casos da Argen - estabelecia: “em todas as cidades, vilas e lugares mais na, Chile e Uruguai. Estes equacionaram o problema populosos haverão (sic) as escolas de primeiras letras na passagem do século XIX para o XX. O Brasil já in- que forem necessárias” (TAMBARA e ARRIADA, 2005, gressou no século XXI e con nua postergando a dupla p. 23). Mas essa lei permaneceu letra morta. E o Ato meta sempre proclamada de universalizar o ensino Adicional à Cons tuição do Império, promulgado em fundamental e erradicar o analfabe smo. 1834, colocou o ensino primário sob a jurisdição das Cabe, então, perguntar: como se põe hoje, no Brasil, a províncias, desobrigando o Estado Nacional de cuidar questão do sistema nacional de educação? É possível, desse nível de ensino. Mas as províncias não estavam ainda, organizá-lo? Para responder a essa indagação equipadas fi nanceiramente nem tecnicamente para devemos começar pelos desafi os à sua construção. promover a difusão do ensino. Durante os 49 anos correspondentes ao Segundo Im- VII - OBSTÁCULOS À CONTRUÇÃO DO SISTEMA NACIO- pério, entre 1840 e 1888, a média anual dos recursos NAL DE EDUCAÇÃO NO BRASIL fi nanceiros inves dos em educação foi de 1,8% do orçamento do governo imperial, des nando-se, para Os obstáculos econômicos: a histórica resistência à a instrução primária e secundária, a média de 0,47% manutenção da educação pública no Brasil (CHAIA, 1965, ps.129-131). Era, pois, um inves mento irrisório, como constatou Rui Barbosa em 1882: “O Es- para educação e cultura caiu de 9, 6% em 1965 para tado, no Brasil, consagra a esse serviço apenas 1,99% 4,31% em 1975. do orçamento geral, enquanto as despesas militares A atual Cons tuição, promulgada em 1988, restabele- nos devoram 20,86%” (idem, p. 103). Dessa forma, o ceu a vinculação, fi xando 18% para a União e 25% para sistema nacional de ensino não se implantou e o país estados e municípios. E, como o texto cons tucional foi acumulando um grande défi cit histórico em maté- estabelece esses percentuais mínimos com relação à ria de educação. “receita resultante de impostos”, além do desrespei- Ao longo da Primeira República o ensino permaneceu to contumaz à norma estabelecida na Carta Magna, pra camente estagnado, o que pode ser ilustrado com encontrou-se, especialmente a par r do governo FHC, o número de analfabetos com relação à população to- um outro mecanismo de burlar essa exigência. Pas- tal, que se manteve no índice de 65% entre 1900 e sou-se a criar novas fontes de receita nomeando-as, 1920, enquanto o seu número absoluto aumentou de porém, não com a palavra “imposto”, mas u lizando 6.348.869, em 1900, para 11.401.715, em 1920. A par- o termo “contribuição”, como são os casos da Cofi ns r da década de 1930, com o incremento da industria- (Contribuição para o Financiamento da Seguridade lização e urbanização, começa a haver, também, um Social), da CPMF (Contribuição Provisória sobre Mo- incremento correspondente nos índices de escolariza- vimentação Financeira) e da Cide (Contribuição sobre ção. Sempre, porém, em ritmo aquém do necessário Intervenção no Domínio Econômico). A essas receitas, à vista dos escassos inves mentos. Assim, os inves - como não recebem o nome de impostos, não se apli- mentos federais em ensino passam de 2,1%, em 1932, ca a vinculação orçamentária cons tucional dirigida para 2,5% em 1936; os estaduais reduzem-se de 15,0% à educação. Além disso, também a par r do governo para 13,4% e os municipais ampliam-se de 8,1% para FHC ins tuiu-se a DRU (Desvinculação das Receitas da 83 8,3% no mesmo período (RIBEIRO, 2003, p. 117). Isso União), que permite subtrair 20% das vinculações orça- não obstante a Cons tuição de 1934 ter determinado mentárias. que a União e os municípios deveriam aplicar nunca Tomemos, então, para considerar a situação atual, um menos de 10%, e os estados, 20%, da arrecadação de índice de caráter global e, ao menos por enquanto, impostos “na manutenção e desenvolvimento dos sis- ainda não a ngido pelos truques e “jei nhos” em que temas educacionais” (art. 156). Essa vinculação orça- são mestres as nossas elites econômicas e polí cas: o mentária foi re rada na Cons tuição de 1937, do Es- PIB (Produto Interno Bruto), isto é, a soma de todas tado Novo, e foi retomada na Carta de 1946, que fi xou as riquezas produzidas pelo país. Calculado pela nova em 20% a obrigação mínima dos estados e municípios metodologia do IBGE, o PIB brasileiro em 2006 foi de e 10% a da União. No entanto, em 1955 nhamos os 2 trilhões e 322 bilhões de reais. Isso signifi ca que, le- seguintes índices: União, 5,7%; estados, 13,7%; muni- vando-se em conta a informação do próprio MEC de cípios, 11,4%. que o Brasil gasta em educação 4,3% do PIB, os gastos A Cons tuição do regime militar, de 1967, e a Emen- para 2007 deveriam ser da ordem de 99 bilhões e 846 da de 1969, voltaram a excluir a vinculação orçamen- milhões de reais. Assim, mesmo se descontando os tária4. Constata-se, então, que o orçamento da União gastos com ensino superior, que não chegam a 1% do 4 A Emenda Constitucional de 1969 indiretamente PIB, o total de 43 bilhões e 100 milhões previstos para restabeleceu a vinculação orçamentária apenas para os o Fundeb em 2007 está muito aquém do que corres- municípios ao determinar, na alínea “f” do § 3.º, inciso II ponderia a esse ano. Com efeito, mesmo que fossem do Art. 15, que o Estado poderá intervir no município que des nados 23 bilhões (1% do PIB de 2006) ao ensino não aplicar no ensino primário, em cada ano, pelo menos 20% da receita tributária municipal. superior, o montante a ser des nado à educação bási- Esse movimento prossegue no período republicano ca seria de 76 bilhões e 800 milhões. Muito superior, patenteando-se melhor aí o caráter pendular, pois, portanto, ao valor de 43 bilhões e 100 milhões progra- se uma reforma promove a centralização, a seguinte mados para 2007. descentraliza para que a próxima volte a centralizar a Diante dessa reiterada resistência da União em assu- educação, e assim sucessivamente. Se uma reforma mir as responsabilidades fi nanceiras na manutenção centra-se na liberdade de ensino, logo será seguida do ensino no país, como ins tuir o sistema nacional por outra que salientará a necessidade de regulamen- de educação? tar e controlar o ensino. Uma reforma colocará o foco do currículo nos estudos cien fi cos e será seguida por OS OBSTÁCULOS POLÍTICOS: A DESCONTINUIDADE outra que deslocará o eixo curricular para os estudos NAS POLÍTICAS EDUCATIVAS humanís cos. A outra caracterís ca estrutural da polí ca educacio- No plano federal o regime republicano expressou a nal brasileira que opera como um desafi o para a cons- tensão na polí ca educacional oscilando entre a cen- trução do sistema nacional de educação é a descon- tralização (ofi cialização) e a descentralização (deso- nuidade. Esta se manifesta de várias maneiras, mas fi cialização). Após a reforma Benjamin Constant, de pifi ca-se mais visivelmente na pletora de reformas 1890, que procurou introduzir os estudos cien fi cos de que está povoada a história da educação brasileira. e atenuar o excesso de liberdade que marcou a refor- Essas reformas, vistas em retrospec va de conjunto, ma Leôncio de Carvalho, vemos o Código Epitácio descrevem um movimento que pode ser reconhecido Pessoa, em 1901. Esse código ra fi cou o princípio de pelas metáforas do zigue-zague ou do pêndulo. A me- liberdade de ensino da Reforma Leôncio de Carvalho, 84 táfora do zigue-zague indica o sen do tortuoso, sinuoso, equiparou as escolas privadas às ofi ciais e acentuou a das variações e alterações sucessivas observadas nas re- parte literária dos currículos. Mas a Reforma Rivadá- formas; o movimento pendular mostra o vai e vem de via Correa, em 1911, volta a reforçar a liberdade de dois temas que se alternam sequencialmente nas me- ensino e a desofi cialização, além de retomar a orienta- didas reformadoras da estrutura educacional. ção posi vista, tentando imprimir um caráter prá co Desde a primeira fase do Brasil independente as re- à orientação dos estudos. Diante das consequências formas sucedem-se: Lei das Escolas de Primeiras Le- desastrosas, uma nova reforma, a de Carlos Maximilia- tras, em 1827; Ato Adicional de 1834; Reforma Couto no, ins tuída em 1915, reofi cializou o ensino e intro- Ferraz, de 1854; em 1879, Leôncio de Carvalho, sem duziu o exame ves bular a ser realizado nas próprias contar os vários projetos de reforma apresentados faculdades, podendo a ele se submeter apenas os no Parlamento no fi nal do império que não chegaram candidatos que dispusessem de diploma de conclusão a vingar, como os de Paulino de Souza, em 1869; de do curso secundário. O ciclo das reformas federais do João Alfredo, em 1871; de Rui Barbosa, em 1882; de ensino na Primeira República fecha-se, em 1925, com Almeida Oliveira, também em 1882; e o do Barão de a Reforma João Luís Alves/Rocha Vaz. Considerando Mamoré, em 1886. Observe-se que prevalece a ten- que ela se encontra em pleno centro da úl ma década dência a nomear as reformas pelos seus proponentes, da Primeira República quando, sobre a base das trans- em geral ministros da pasta de instrução pública ou da formações econômicas e sociais em curso, a estrutura educação, a indicar que quem chega ao poder procura de poder vigente passa a ser amplamente contestada, imprimir sua marca, desfazendo o que estava em cur- essa nova reforma irá reforçar e ampliar os mecanis- so e projetando a ideia de que com ele, fi nalmente, o mos de controle ins tuídos pela reforma Carlos Ma- problema será resolvido. ximiliano. À descentralização representada pelo protagonismo Desenvolvimento da Educação (PDE), que estabeleceu das reformas de ensino estaduais que marcaram a dé- um novo prazo, desta vez de quinze anos, projetando cada de 1920, seguiu-se um processo de centralização a solução do problema para 2022. Nesse diapasão, já com as reformas de âmbito nacional encabeçadas por podemos conjecturar sobre um outro plano, que será Francisco Campos, em 1931, com o ciclo das reformas lançado em 2022 prevendo, quem sabe, mais 20 anos Capanema entre 1942 e 1946, com a LDB de 1961 e para resolver o mesmo problema. com a legislação do regime militar nos anos de 1968 OS OBSTÁCULOS FILOSÓFICOS-IDEOLÓGICOS: A RESIS- e 1971. Mas nesse mesmo período os liberais adeptos TÊNCIA NO NÍVEL DAS IDEIAS da pedagogia nova defenderam a descentralização do ensino, impedindo que a legislação no âmbito federal A ideia de sistema nacional de ensino foi pensada no consagrasse o princípio organizacional do sistema na- século XIX como forma de organização prá ca da edu- cional de educação. cação, cons tuindo-se numa ampla rede de escolas abrangendo todo o território da nação, e ar culadas A era atual tem início com a Cons tuição de 1988 e, entre si segundo normas comuns e com obje vos após algumas alterações da legislação do período mili- também comuns. A sua implantação requeria, pois, tar durante a Nova República, vemos as reformas dos preliminarmente, determinadas condições materiais anos de 1990, em cujo centro se encontra a nova LDB, dependentes de signifi ca vo inves mento fi nancei- de 1996, e o Plano Nacional de Educação, aprovado ro, o que se cons tui no primeiro desafi o, conforme em janeiro de 2001. já foi analisado. Além disso, a implantação do sistema A marca da descon nuidade na polí ca de educa- nacional de educação requeria também determinadas ção atual faz-se presente na meta, sempre adiada, condições polí cas, o que igualmente já foi analisado de eliminação do analfabe smo e universalização do ao abordar-se, no segundo desafi o, a questão da des- 85 ensino fundamental. O Brasil chegou ao fi nal do sé- con nuidade nas reformas educacionais. culo XX sem resolver um problema que os principais Mas além das limitações materiais e polí cas cum- países resolveram na virada do século XIX para o XX: pre considerar, também, o problema rela vo à men- a universalização do ensino fundamental, com a con- talidade pedagógica. Entendida como a unidade en- sequente erradicação do analfabe smo. Para enfren- tre a forma e o conteúdo das ideias educacionais, a tar esse problema a Cons tuição de 1988 previu, nas mentalidade pedagógica ar cula a concepção geral disposições transitórias, que o Poder Público nas suas do homem, do mundo, da vida e da sociedade com três instâncias (a União, os estados e os municípios) a questão educacional. Assim, numa sociedade de- deveria, pelos dez anos seguintes, des nar 50% do or- terminada, dependendo das posições ocupadas pe- çamento educacional para essa dupla fi nalidade. Isso las diferentes forças sociais, estruturam-se diferentes não foi feito. Quando esse prazo estava vencendo, o mentalidades pedagógicas. Na sociedade brasileira da governo criou o Fundef com prazo de mais dez anos segunda metade do século XIX três mentalidades pe- para essa mesma fi nalidade; e a LDB, por sua vez, ins- dagógicas se delinearam com razoável ni dez: as men- tuiu a década da educação; seguiu-se a aprovação talidades tradicionalista, liberal e cien fi cista. Destas, em 2001, do Plano Nacional de Educação, que tam- as duas úl mas correspondiam ao espírito moderno bém se estenderia por dez anos. No fi nal de 2006, ao que se expressava no laicismo do Estado, da cultura esgotarem-se os dez anos do prazo do Fundef, foi ins- e da educação (BARROS, 1959, pp. 21-36). Nesse con- tuído o Fundeb, com prazo de 14 anos, ou seja, até texto, era de esperar-se que os representantes dessas 2020. Em 2007, quando mais da metade do tempo do mentalidades de po moderno, empenhados na mo- PNE já havia passado, veio um novo plano, o Plano de dernização da sociedade brasileira, viessem a formu- sar de o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” lar as condições e prover os meios para a realização ter advogado a formulação de um plano de reconstru- da ideia de sistema nacional de educação. No entanto, ção educacional convergente com a ideia de sistema a mentalidade cien fi cista de orientação posi vista, nacional de educação, os renovadores, organizados no declarando-se adepta da completa “desofi cialização” âmbito da ABE, posicionaram-se recorrentemente em do ensino, acabou por converter-se em mais um obs- favor da descentralização. Isto os levou a preconizar, táculo à realização da ideia de sistema nacional de en- no projeto de LDB elaborado em 1947, a ins tuição sino. Na mesma direção comportou-se a mentalidade de sistemas estaduais de ensino, elidindo a questão liberal que, em nome do princípio de que o Estado não do sistema nacional. Levando mais longe essa posi- tem doutrina, chegava a advogar o seu afastamento ção, Anísio Teixeira manifestou-se como um fervoroso do âmbito educa vo. adepto da municipalização chegando, mesmo, a pre- Nessas circunstâncias, embora os debates do fi nal do conizar a vinculação distrital. Essa posição fi ca clara Império apontassem na direção da construção de um quando ele considera que os sistemas educacionais sistema nacional de ensino colocando-se a instrução não são algo abstrato referido à população de todo pública, com destaque para as escolas primárias, sob o país, “mas conjuntos de escolas vinculadas às uni- a égide do governo central, o advento do regime re- dades da população e, em rigor, a cada comunidade publicano não corroborou essa expecta va. Seja pelo local”, concluindo que sua vinculação “ao município argumento de que, se no Império, que era um regime é o mínimo que temos de admi r – pois poderíamos polí co centralizado, a instrução estava descentra- considerá-lo vinculado ao distrito” (TEIXEIRA, 1962, lizada, a forƟ ori na República Federa va, um regime p. 101). Com certeza essa posição decorre do comu- nitarismo americano presente no ideário pedagógico 86 polí co descentralizado, a instrução popular deveria permanecer descentralizada; seja pela força da men- de Dewey. Com todo o respeito pela enorme folha de talidade posi vista no movimento republicano; seja serviços prestados à educação brasileira, o que o tor- pela infl uência do modelo norte-americano; seja prin- na, em minha opinião, o único brasileiro a merecer o cipalmente pelo peso econômico do setor cafeeiro tulo de “estadista da educação”, essa visão de Anísio que desejava a diminuição do poder central em favor Teixeira não deixou de ter efeitos nega vos para o en- do mando local, o certo é que o novo regime não as- sino em nosso país. Essa resistência dos liberais à ideia sumiu a instrução pública como uma questão de res- de sistema nacional de educação persis rá nos anos ponsabilidade do governo central, o que foi legi mado subsequentes estendendo-se até os dias de hoje sen- na primeira Cons tuição republicana. Ao es pular, no do, agora, de certo modo exacerbada no contexto do ar go 35, que incumbe ao Congresso Nacional, ainda chamado neoliberalismo. que não priva vamente, “criar ins tuições de ensino Conclui-se, pois, que as difi culdades para a realização da superior e secundário nos Estados” (inciso 3º) e “pro- ideia de sistema nacional de ensino manifestaram-se tan- ver a instrução secundária no Distrito Federal” (Inciso to no plano das condições materiais e polí cas como no 4º), a Cons tuição, embora omissa quanto à respon- âmbito da mentalidade pedagógica. Assim, o caminho sabilidade sobre o ensino primário, delegava aos Es- da implantação dos respec vos sistemas nacionais de tados competência para legislar e prover esse nível de ensino, por meio do qual os principais países do Ocidente ensino. lograram universalizar o ensino fundamental e erradi- A par r da década de 1930, com o avanço da indus- car o analfabe smo, não foi trilhado pelo Brasil. E as trialização e urbanização do país, a educação começa consequências desse fato se projetam ainda hoje, dei- a ser tratada como questão nacional. No entanto, ape- xando-nos um legado de agudas defi ciências no que se refere ao atendimento das necessidades educacionais jeto de legislação específi ca. Vejam-se, por exemplo, do conjunto da população. as questões referentes ao pátrio poder, às diversões OS OBSTÁCULOS LEGAIS: A RESISTÊNCIA NO PLANO públicas etc., que podem ser consideradas a vidades DA ATIVIDADE LEGISLATIVA educa vas segundo o próprio conceito adotado no Tí- tulo I da nova LDB; no entanto, tais questões são regu- Do ponto de vista lógico resulta evidente a relação de ladas pelo Código Civil. Quando, no entanto, se pensa implicação entre os conceitos de “lei de diretrizes e numa lei específi ca para a educação, é porque se está bases da educação nacional” e de “sistema nacional visando à sua sistema zação e não apenas à sua ins - de educação”. Quando a Cons tuição determina que a tucionalização. Antes de haver leis de educação, havia União estabeleça as diretrizes e bases da educação na- ins tuições educa vas. Isso não implica, entretanto, a cional, obviamente ela está pretendendo com isso que vinculação necessária da sistema zação à legislação, a educação, em todo o território do país, seja orga- ou seja: não é necessário que haja lei específi ca de nizada segundo diretrizes comuns e sobre bases tam- educação para que haja educação sistema zada; esta bém comuns. E a organização educacional com essas poderá exis r mesmo não exis ndo aquela. O que fi ca caracterís cas é o que se chama “sistema nacional de claro é a vinculação necessária da lei específi ca de educação”. Essa situação encontra-se ainda mais pi- educação à sistema zação. Tal lei visará consolidar o fi cada no caso da Cons tuição atual, que estabeleceu, sistema ou reformá-lo (caso exista), ou então, ins tuí- no ar go 211, o regime de colaboração. -lo, ou pelo menos, determinar as condições para que O fato de que, por tratar-se de uma República Federa- ele seja criado (caso não exista). va, a Cons tuição reconheça também a competência Ora, em se tratando de uma lei que se propõe a fi xar dos estados para legislar em matéria de educação, em as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, mais ainda 87 nada afeta o enunciado anterior. Com efeito, “siste- se impõe a conclusão acima apresentada. Com efeito, ma” não é unidade da iden dade, uma unidade mo- se por diretrizes e bases entendem-se fi ns e meios, ao nolí ca, indiferenciada, mas unidade da diversidade, serem estes defi nidos em termos nacionais pretende- um todo que ar cula uma variedade de elementos -se não apenas indicar os rumos para onde se quer que, ao integrarem-se ao todo, nem por isso perdem a caminhar, mas organizar a forma, isto é, os meios atra- própria iden dade. Ao contrário, par cipam do todo, vés dos quais os fi ns serão a ngidos. E a organização integram o “sistema”, na forma das respec vas especi- intencional dos meios com vistas a a ngir-se os fi ns fi cidades. Em outros termos: uma unidade monolí ca educacionais preconizados em âmbito nacional, eis o é tão avessa à ideia de “sistema” como uma mul plici- que se chama “sistema nacional de educação”. dade desar culada. Em verdade, sistema zar signifi ca reunir, ordenar, ar cular elementos enquanto partes Não obstante essa evidência, na trajetória da nova de um todo. E esse todo ar culado é o “sistema”. LDB houve aqueles protagonistas que incidiram nes- sa contradic o in terminis, opinando pela incons tu- Considerar, pois, como incons tucional a inclusão do cionalidade do tulo rela vo ao Sistema Nacional de tema rela vo ao sistema nacional de educação na Lei Educação que integrava o Subs tu vo Jorge Hage. Em de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é uma con- consequência, a referida denominação foi subs tuída tradicƟ o in terminis; é a própria contradição lógica. E por outra: Organização da Educação Nacional. isto porque a LDB implica o “sistema”. Em verdade, esta resultou numa solução de po nomi- Como demonstrei em outro trabalho (SAVIANI, 2008a), nalista, já que os que a postularam se sa sfi zeram com há uma estreita relação entre a LDB e a sistema za- a mudança do nome sem preocupar-se com a manu- ção da educação. A educação assistemá ca não é ob- tenção do mesmo conteúdo. O viés nominalista talvez Remete-se, então, ao art. 6l, § 1º, alínea “e” (são de tenha do mesmo algum peso, pois argumentava-se inicia va priva va do presidente da República as leis que na Cons tuição não aparecia a expressão “siste- de “criação, estruturação e atribuições dos Ministérios ma nacional de educação”, mas apenas “sistemas de e órgãos da administração pública”) e ao art. 84, VI ensino”. Aos que defendiam o sistema nacional, em (“compete priva vamente ao Presidente da República: contrapar da, preocupava exatamente o seu conteúdo, dispor sobre a organização e o funcionamento da ad- secundarizando a terminologia, o que permi u, nas ministração federal, na forma da lei”) e XXV (“prover e negociações, que se abrisse mão da denominação. ex nguir os cargos públicos federais, na forma da lei”). Efe vamente, no projeto aprovado na Câmara o ca- Mas essa interpretação não é tranquila. Ela parte do pítulo que tratava “Da Organização da Educação Na- entendimento prévio do Conselho Nacional de Educa- cional” preservava os mecanismos básicos do sistema ção como sendo meramente um órgão administra vo entre os quais desempenhava papel central o Conse- federal. Na concepção de LDB que prevaleceu na Câ- lho Nacional de Educação, secundado pelo Fórum Na- mara o CNE nha outro caráter: era uma instância com cional de Educação. Com a prevalência do Subs tu vo funções delibera vas no âmbito da educação análogas Darcy Ribeiro manteve-se a denominação (Organiza- àquelas exercidas pelo Legisla vo e pelo Judiciário no ção da Educação Nacional), mas o conteúdo foi forte- âmbito da sociedade como um todo. mente alterado. Fica claro, no entanto, que não era esse, propriamen- O Título IV – Da Organização da Educação Nacional, da te, o problema. Digamos que, de fato, estava confi - lei fi nalmente aprovada, está calcado no Subs tu vo gurado o “vício de inicia va”. Isso não impediu que o Darcy Ribeiro. Em consequência, desaparece o Fórum governo Itamar Franco referendasse o CNE tal como 88 Nacional de Educação, assim como a regulamenta- proposto no projeto da LDB, sanando, assim, o vício ção criteriosa dos ar gos 209 e 213 da Cons tuição. de inicia va. Recorde-se que esses ar gos versam respec vamente A questão, aí, era o caráter delibera vo do CNE que, sobre a liberdade de ensino conferida à inicia va pri- segundo a interpretação do governo Collor, como tam- vada e a des nação de recursos públicos às ins tui- bém do governo FHC, secundarizaria o MEC na tarefa ções de ensino de caráter comunitário, confessional e de formular a polí ca nacional de educação. O que se fi lantrópico. pretendia, no entanto, era ins tuir uma instância com O Conselho Nacional de Educação, que estava intei- representação permanente da sociedade civil para ramente ausente do primeiro projeto D. Ribeiro, no compar lhar com o governo a formulação, o acompa- texto da lei é apenas mencionado no § 1º do inciso nhamento e a avaliação da polí ca educacional. Tanto IX do ar go 9º. E isso era inevitável, uma vez que já assim que, na versão aprovada pela Câmara, metade se encontrava em vigor, homologada pelo Congresso, dos membros do CNE era escolhida pelo presidente da a medida provisória originária do presidente Itamar República. Franco e reeditada por Fernando Henrique. Foi excluído, E deve-se destacar que com esse encaminhamento assim, o detalhamento referente à composição e às pretendia-se evitar a descon nuidade que tem marca- atribuições do CNE que fi gurava no projeto aprovado do a polí ca educacional, o que conduz ao fracasso as pela Câmara. tenta vas de mudança, pois tudo volta à estaca zero a A razão invocada para a exclusão do Conselho Na- cada troca de equipe de governo, como se mostrou na cional de Educação do texto da LDB foi a denomi- análise dos obstáculos polí cos. nada “incons tucionalidade por vício de inicia va”. O Conselho Nacional de Educação, pensado como um órgão reves do das caracterís cas de autonomia, re- como horizonte do debate sobre o sistema nacional de presenta vidade e legi midade, enquanto uma ins- educação”, jus fi cado com esta consideração: “a visão tância permanente e renovada por critérios e perio- sistêmica da educação é a única compa vel com o ho- dicidade dis ntos daqueles que vigoram no âmbito da rizonte de um sistema nacional de educação...” (p. 39). polí ca par dária, estaria, senão imune, pelo menos Como se vê, o debate, já no seu lançamento, apare- não tão vulnerável aos interesses da polí ca miúda. ce eivado de problemas e imprecisões. Com efeito, Infelizmente, mais uma vez a vitória foi da polí ca mi- formula-se o obje vo de construção de um sistema úda, o que nos deixa à mercê do vai e vem da polí ca nacional de educação no âmbito de uma conferência educacional. E o obstáculo legal à construção do siste- nacional de educação básica. Por que não uma Con- ma nacional de educação não foi removido. ferência Nacional de Educação que, portanto, abran- gesse, também, a educação superior? Dada a restrição do âmbito em que o problema é formulado surgem, VIII - A RETOMADA DO TEMA DO SISTEMA NACIONAL também, enunciados do po “sistema nacional de DE EDUCAÇÃO NO CONTEXTO BRASILEIRO ATUAL educação básica”. Ora, o sistema refere-se ao conjun- Ao longo de minha exposição procurei esboçar o qua- to que ar cula, num todo coerente, as várias partes dro em que se situa o problema do sistema nacional que o integram. Como, então, falar de um sistema de de educação em nosso país. Diante desse quadro, educação básica se esta deveria ser, na verdade, uma qual o signifi cado da retomada dessa questão no atual das partes do sistema? Igualmente, resulta pleonás - contexto? Se esse fato não deixa de ser auspicioso, é ca a expressão “sistema ar culado de educação”, que forçoso também reconhecer que as difi culdades ainda vem frequentando os documentos, uma vez que só se persistem. pode falar em sistema se, efe vamente, suas partes 89 es verem ar culadas. Um passo importante foi dado Assim, permanece a questão da imprecisão. No prefá- em 2008 quando, após a realização da Conferência Na- cio à 10ª edição do livro Educação brasileira: estrutura cional de Educação Básica, programou-se a realização e sistema, redigido em janeiro de 2008, observo que, de uma Conferência Nacional de Educação, em 2010, na esteira do Plano de Desenvolvimento da Educação sendo precedida de um amplo processo de prepara- (PDE), lançado em 24 de abril de 2007, o próprio MEC ção consubstanciado nas Conferências Municipais e induz à retomada da discussão sobre o sistema nacio- nas Conferências Estaduais a serem realizadas res- nal de educação. Pela Portaria n.o 11, baixada pelo mi- pec vamente no primeiro e no segundo semestre de nistro no mesmo dia 24 de abril de 2007, foi cons tuída 2009. Eis aí a oportunidade para, fi nalmente, encami- a Comissão Organizadora da Conferência Nacional de nhar de forma adequada e abrangente a questão da Educação Básica a ser realizada em abril de 2008, para construção do sistema nacional de educação no Brasil. a qual deveriam confl uir as Conferências Estaduais de Educação previstas, na mesma portaria, para serem No texto citado do MEC que apresenta as razões, prin- realizadas no segundo semestre de 2007. E o Regi- cípios e programas do PDE estabelece-se uma aproxi- mento Interno da Conferência Nacional da Educação mação da noção de sistema com o “enfoque sistêmi- Básica estabeleceu como primeiro obje vo “promover co”. No entanto, não podemos perder de vista que a a construção de um Sistema Nacional Ar culado de organização dos sistemas nacionais de ensino antece- Educação”. Por sua vez, o documento denominado “O de historicamente em mais de um século ao advento Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, prin- do chamado “enfoque sistêmico”. Portanto, trata-se cípios e programas”, lançado pelo MEC, contempla, no de coisas dis ntas. O enfoque sistêmico é um conceito ponto 3, “o plano de desenvolvimento da educação epistemológico que está referido a uma determinada maneira de analisar os fenômenos, mais especifi ca- bém persistem. Como foi evidenciado ao longo da ex- mente, ao método estrutural-funcionalista. Portanto, posição, o desafi o econômico ligado ao fi nanciamento quando aplicado à educação, o referido enfoque diz da educação con nua presente. Considerando-se que respeito a um dos possíveis modos de analisar-se o fe- a fonte principal e quase exclusiva do fi nanciamento nômeno educa vo. Em contrapar da, a noção de sis- do PDE está cons tuída pelo Fundeb, é preciso reco- tema educacional tem caráter ontológico, pois refere nhecer que este não representou aumento dos recur- -se ao modo como o próprio fenômeno educa vo é sos fi nanceiros. Ao contrário. Conforme foi divulgado (ou deve ser) organizado. Além do mais, o “enfoque no dia 20 de junho de 2007, na ocasião da sanção da lei sistêmico”, inspirado na Ciberné ca (WIENER, 1964), que regulamentou o Fundeb, o número de estudantes tende a considerar o “sistema” como algo mecânico, atendidos pelo fundo passa de 30 milhões para 47 mi- automá co, instaurando um processo em que os ho- lhões, portanto, um aumento de 56,6%. Em contrapar- mens, em vez de sujeitos, passam à condição de meros da, o montante do fundo passou de 35,2 bilhões para objetos do “sistema”, cujos pontos de referência bási- 48 bilhões de reais, o que signifi ca um acréscimo de cos são os input e output. Um exemplo referido por apenas 36,3%. Esse fundo passa a abarcar toda a edu- Churchman é par cularmente ilustra vo ao referir- cação básica sem que, em sua composição, entrem to- -se a um “sistema de saúde” que pretende eliminar o dos os recursos que estados e municípios devem des- sarampo: o sucesso do sistema “resultará na redução nar, por impera vo cons tucional, à educação. O que da mortalidade infan l, e consequentemente produ- estados e municípios farão com os 5% que lhes restam zirá um ‘intolerável’ aumento da população nas áreas dos recursos educacionais? Se, em razão da criação do subdesenvolvidas” (CHURCHMAN, 1971, p. 56). Para Fundeb, esses entes federa vos sen rem-se es mula- evitar esse efeito indesejável o autor invoca a compe- dos a inves r em outros setores para além de suas res- 90 tência do “pensador de sistemas totais”: “talvez seja ponsabilidades prioritárias (educação infan l e ensino ‘melhor’ deixar o sarampo fazer sua feia obra do que fundamental para os municípios e ensino fundamental permi r a fome resultante da explosão populacional” e ensino médio para os estados) esses recursos, com (idem, ibidem). certeza, farão falta para a manutenção da educação Como aceitar um raciocínio como esse quando Josué básica. Também a complementação da União não im- de Castro já havia demonstrado, vinte anos antes da plicou acréscimo. Com efeito, antes a União deveria publicação do livro de Churchman, que o mundo já entrar com pelo menos 30% de seu orçamento. Ora, era capaz de produzir alimentos “pelo menos para o o orçamento do MEC para 2007, após o corte de 610 dobro da população” (CASTRO, 1967, p. 13) que vivia milhões, imposto pela Fazenda, foi de 9 bilhões e 130 naquela época? Por que, então, o hipoté co pensador milhões de reais. Logo, 30% corresponderiam a 2 bi- de ‘sistemas totais’ permite o aumento da mortalida- lhões e 739 milhões. No entanto, a importância pre- de infan l? Que “sistemas totais” são esses? Por que vista como complementação da União para 2007 se as referidas populações tornam-se objetos do proces- limita a 2 bilhões. E, para 2008, esse desafi o não só se so que se inscreve no âmbito do ‘enfoque sistêmico’? manteve como tendeu a agravar-se. Isso porque o go- verno anunciou a necessidade de cortes no orçamento Esses problemas se tornam par cularmente agudos da educação para adequar as contas da União à ex n- quando se trata do contexto educacional, uma vez que ção da CPMF. Não bastasse isso, um dos itens da refor- a ideia segundo a qual a tarefa primordial da educação ma tributária que se pretende aprovar é a ex nção do é a promoção do homem é aceita de modo geral. salário-educação, cujo montante superou, em 2007, a Para além da questão conceitual, os obstáculos tam- casa dos 7 bilhões de reais. Mantém-se igualmente o obstáculo da descon nuida- revisão de da e cuidadosa do atual PNE, refazendo o de, o que se patenteia no alto grau de fragmentação diagnós co das necessidades educacionais a serem das ações que compõem o PDE e nas disputas polí cas atendidas pelo Sistema Educacional. E esse trabalho que marcam os par dos nas instâncias federal, esta- deverá, evidentemente, ser realizado já em perfeita dual e municipal. Em consequência, persistem tam- sintonia com os encaminhamentos rela vos à cons- bém os obstáculos ideológicos, pois a ideia de sistema trução do Sistema Nacional de Educação. nacional de educação permanece sujeita a considerá- No que se refere à construção do Sistema Nacional de vel controvérsia, o que interfere no ordenamento legal Educação propriamente dito, o ponto de referência é que con nua sendo um grande desafi o para se chegar o regime de colaboração entre a União, os estados/ a uma norma zação comum, válida para todo o país, Distrito Federal e os municípios, estabelecido pela condição indispensável à implantação do sistema na- Cons tuição Federal. A implementação do regime de cional de educação. colaboração implicará uma repar ção das responsa- IX – CONCLUSÃO: ALGUMAS INDICAÇÕES PARA A bilidades entre os entes federa vos, todos voltados CONSTRUÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO para o obje vo de prover uma educação com o mes- NO BRASIL mo padrão de qualidade a toda a população brasileira. Foi acertado o encaminhamento da organização da Assim, deixam de ter sen do os argumentos contra o Conferência Nacional de Educação ao ar cular, no sistema nacional baseados no caráter federa vo que tema central, a questão da construção do Sistema Na- pressupõe a autonomia de estados e municípios. O re- cional de Educação com o Plano Nacional de Educa- gime de colaboração é um preceito cons tucional que, ção. Há, efe vamente, uma ín ma relação entre esses obviamente, não fere a autonomia dos entes federa - dois conceitos. Como se mostrou, o sistema resulta vos. Mesmo porque, como já afi rmei, sistema não é a 91 da a vidade sistema zada; e a ação sistema zada é unidade da iden dade, mas a unidade da variedade. aquela que busca intencionalmente realizar determi- Logo, a melhor maneira de preservar a diversidade e nadas fi nalidades. É, pois, uma ação planejada. Siste- as peculiaridades locais não é isolá-las e considerá-las ma de ensino signifi ca, assim, uma ordenação ar cula- em si mesmas, secundarizando suas inter-relações. Ao da dos vários elementos necessários à consecução dos contrário, trata-se de ar culá-las num todo coerente, obje vos educacionais preconizados para a população como elementos que são da mesma nação, a brasilei- à qual se des na. Supõe, portanto, o planejamento. ra, no interior da qual se expressam toda a sua força e Ora, se “sistema é a unidade de vários elementos in- signifi cado. tencionalmente reunidos, de modo a formar um con- Na repar ção das responsabilidades, os entes federa- junto coerente e operante” (SAVIANI, 2008a, p. 80), as vos concorrerão na medida de suas peculiaridades e exigências de intencionalidade e coerência implicam de suas competências específi cas consolidadas pela que o sistema organize-se e opere segundo um plano. tradição e confi rmadas pelo arcabouço jurídico. Assim, Consequentemente, há uma estreita relação entre sis- as normas básicas que regularão o funcionamento do tema de educação e plano de educação. sistema serão de responsabilidade da União, consubs- Considerando que o prazo de vigência do atual PNE tanciadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação esgota-se em 9 de janeiro de 2011, será necessário, Nacional e no Plano Nacional de Educação. Os esta- o quanto antes, elaborar uma nova proposta e enca- dos/Distrito Federal poderão expedir legislação com- minhar ao Congresso Nacional o projeto do novo Pla- plementar, adequando as normas gerais a eventuais no Nacional de Educação. É preciso proceder a uma par cularidades locais. O fi nanciamento do sistema será compar lhado pelas ção: razões, princípios e programas. Brasília: MEC. três instâncias, conforme o regime dos fundos de de- CAMPANHOLE, A. & CAMPANHOLE, H.L., ConsƟ tuições senvolvimento educacional. Assim, além do Fundeb, do Brasil. 6a. ed., São Paulo: Atlas, 1983. que deverá ser aperfeiçoado, cabe criar também um Fundo de Manutenção da Educação Superior (Fundes). CASTRO, Josué. Geografi a da fome. 10ª ed. São Paulo: Se no caso do Fundeb a maioria dos recursos provém Brasiliense, 1967. de estados e municípios, cabendo à União um papel CATARSI, Enzo. L’educazione del popolo. Bergamo: Ju- complementar, com relação ao FUNDES a responsabi- venilia, 1985. lidade da União será dominante, entrando os estados CHAIA, Josephina. Financiamento escolar no segundo apenas em caráter complementar, limitando-se aos império. Marília: Faculdade de Filosofi a, Ciências e Le- casos de experiência já consolidada na manutenção tras de Marília, 1965. de universidades. CHURCHMAN, Charles West. Introdução à teoria dos A responsabilidade principal dos municípios incidirá sistemas. Petrópolis: Vozes, 1971. sobre a construção e conservação dos prédios esco- lares, assim como sobre a inspeção de suas condições FORCELLINI, A. Lexicon ToƟ us LaƟ nitaƟ s. Patavii: Typis de funcionamento. Efe vamente são esses os aspectos Seminarii, 1940. em que os municípios têm experiência consolidada o HUE, Sheila Moura. Primeiras cartas do Brasil (1551- que, obviamente, não impede que eles assumam, em 1555). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. caráter complementar e nos limites de suas possibili- dades, responsabilidades que cabem prioritariamente RIBEIRO, Maria Luísa Santos. História da educação bra- sileira. Campinas: Autores Associados, 2003. 92 aos estados e à União. Estão nesse caso, por exemplo, a formação, defi nição das condições de exercício e a ROMÃO, José Eustáquio. A LDB e o Município: Sistema remuneração do magistério de todos os níveis de en- Municipal de Educação, 1997 (mimeo). sino. SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Filosofi a da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. SARTRE, Jean-Paul. “Jean-Paul Sartre responde”. In: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sartre, Hoje. São Paulo: L’Arc/Documentos, 1968. BARBAGLI, M. Disoccupazione intelleƩ uale e sistema SAVIANI, Dermeval. “Estruturalismo e educação bra- scolasƟ co in Italia. Bologna: Il Mulino, 1974. sileira”. In: SAVIANI, D. Educação: do senso comum à BARROS, Roque Spencer Maciel. A ilustração brasilei- consciência fi losófi ca. Campinas: Autores Associados, ra e a ideia de universidade. Bole m da Faculdade de 17ª ed., ps. 143-156, 2007. Filosofi a, Ciências e Letras da USP, n. 241, São Paulo, ____. (2008a) Educação brasileira: estrutura e siste- 1959. ma, 10ª edição. Campinas: Autores Associados, 2008. BASTIDE, Roger (coord.). Usos e senƟ dos do termo es- ____. (2008b) Desafi os da construção de um sistema trutura. São Paulo: Herder; Edusp, 1971. nacional ar culado de educação. Trabalho, Educação BRASIL. Cons tuição (1988). Cons tuição da República e Saúde, vol. 6, n. 2, pp. 213-231, jul./out., 2008. Federa va do Brasil (promulgada em 5 de outubro de TAMBARA, Elomar e ARRIADA, Eduardo [Orgs.]. Cole- 1988). Imprensa Ofi cial do Estado de São Paulo, BRA- tânea de leis sobre o ensino primário e secundário no SIL-MEC (s/d.). O Plano de Desenvolvimento da Educa- período imperial brasileiro: Lei de 1827; Reforma Cou- to Ferraz – 1854; Reforma Leôncio de Carvalho - 1879. Sistema Nacional De Educação e a Pelotas: Seiva, 2005. Escola de Qualidade para Todos5 TEIXEIRA, Anísio Spínola. “Bases preliminares para o plano de educação rela vo ao fundo nacional do en- Regina Vinhaes Gracindo6 sino primário”. Revista Brasileira de Estudos Pedagó- gicos. Rio de Janeiro, v.38, n.88, ps. 97-107, out./dez., A centralidade do tema Sistema Nacional de Edu- 1962. cação (SNE) ocorre de forma reiteirada nos debates WIENER, Norbert. CibernéƟ ca e sociedade. São Paulo: nacionais, sempre que são sinalizadas possíveis alte- Cultrix, 1964. rações na legislação nacional sobre educação. Essa é uma clara evidência da importância dada à legislação como expressão e sustentação de polí cas públicas. Assim tem sido, por exemplo, nos importantes deba- tes da Cons tuinte de 1987/1988; ao longo do per- curso de tramitação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, no Congresso Nacional, de 1988 a 1996; durante a elaboração e tramitação legisla va do Plano Nacional de Educação − PNE 2001-2011; e, hoje, na Conferência Nacional de Educação (Conae), sobretudo pela estreita relação que é sinalizada en- tre a Conferência e o futuro Plano Nacional de Educa- ção − PNE 2011-2020, a ser cons tuído em lei. Nessas 93 ocasiões, papel de destaque tomam os movimentos sociais ao trazerem suas demandas, que pontuam, dentre outras coisas, a urgência de encaminhamentos consistentes sobre o SNE. A diferença que destaco é que agora, de forma pioneira, é o próprio Estado, por meio de seu atual governo, que convoca a sociedade brasileira a par cipar desse debate, para, certamen- te, colher subsídios e encaminhar poli camente as deliberações da Conae, sob a forma de um PNE que atenda às demandas e aspirações dessa mesma so- ciedade.
Nesse cenário, proponho uma refl exão sobre três questões que me parecem alvo de posturas contro- versas: (1) há necessidade de um SNE?; (2) se o SNE é
5 Palestra da mesa de abertura da Conferência Nacional de Educação (Conae), “Construindo o Sistema Nacional Ar culado de Educação: o Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação”, em Brasília/DF, em 29 de março de 2010. 6 Professora associada da Universidade de Brasília (UnB) e conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE). uma demanda histórica dos educadores, por que ele ção básica11 e pela não democra zação de acesso à não consegue ser concre zado?; e (3) poderia haver educação superior12. Tudo isso resultado de uma lógi- no Brasil um SNE sem que fosse ferida a autonomia ca organiza va fragmentada e desar culada do proje- dos entes federados? to educacional do país.
1. Há necessidade de um Sistema Nacional de Edu- A ins tuição do SNE, como posição polí ca e forma cação? de gestão, pode propiciar organicidade e ar culação na proposição e na materialização das polí cas edu- A educação no Brasil é um direito social, pela Cons tui- ca vas, pautadas pela garan a da educação pública ção Federal de 1988 (art. 6o), e um direito humano, pela como direito social e humano, via universalização do Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 acesso, ampliação da jornada escolar e garan a da (art. XXVI). E esse direito expressa-se na legislação7 com permanência bem-sucedida de crianças, adolescen- caracterís cas que traduzem sua compa bilidade com tes, jovens e adultos, em todas as etapas e modalida- o sen do republicano: uma educação de qualidade e des da educação brasileira. universal. Assim, como prá ca social, a educação tem como lócus privilegiado, mas não exclusivo, a ins tuição 2. Se o Sistema Nacional de Educação é uma deman- educa va, entendida como espaço de garan a desses da histórica dos educadores, por que ele não con- direitos. E, além disso, esse direito realiza-se no contex- segue ser concre zado? to democrá co que desafi a a superação das desigualda- des e o reconhecimento e respeito à diversidade. Pois Diversos autores, cada qual ao seu modo, têm-se es- bem, como todo direito implica responsabilização, cabe merado em estudar o SNE, suas possibilidades, limi- 94 ao Estado garan r, portanto, o direito à educação públi- tes, componentes e ar culações. Dentre muitos, situo ca, gratuita, laica, democrá ca, inclusiva e de qualidade alguns obstáculos, desafi os e difi culdades para a im- social para todos (LDB, 1996). plantação do SNE neles iden fi cados, que, em úl ma instância, buscam revelar um intrincado de variáveis Em contraste com grande parte dos países do mundo, que, somados, mantém a realidade vigente. que se responsabilizou amplamente pela educação pública de seu povo, o poder público no Brasil não Bordignon (2009) compreende que os desafi os são garan u esse direito para todos, optando por não ins- de ordem lógica: a da cultura de poder nos processos tucionalizar o SNE como instrumento para concre - de gestão; da colaboração como processo de transfe- zação de seus deveres. Tal opção contribuiu para que rência de responsabilidades; e da crença no poder da nossa história educacional fosse tributária de polí cas norma para mudar a realidade. públicas, cuja marca tem sido a da exclusão, revelada, ainda, pelo alto índice de analfabe smo8, pela pouca Cury (2009) iden fi ca três desafi os. Um “está posto 9 escolaridade dos brasileiros , pelo frágil desempenho pelo caráter de nossa sociedade [...] desigualdade sis- 10 dos estudantes , pela não universalização da educa- têmica que é congênita à sociedade capitalista ainda 7 LDB (Lei 9.394/1996) e PNE 2001-2010 (Lei 10.172/2001). que dentro de um movimento contraditório”. Outro 8 Taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos de idade ou mais: 10,0%; taxa de analfabetismo funcional: 21,0%; se relaciona ao próprio população brasileira em 2008: 189.952 milhões de pessoas (IBGE − Pnad 2008). 11 6.762.631 de matrículas na educação infan l (Censo Educacional 2009 9 Média de anos de estudo: 7,1 anos, sem ainda representar o MEC-Inep); 94,9 % das crianças e adolescentes de 7 a 14 anos estão no ensino ensino fundamental concluído (IBGE − Pnad 2008). fundamental; 50,4% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão no ensino médio 10 Taxa de promoção dos estudantes da EB (média de 73% na EB e 67,4% no (IBGE − Pnad 2008). EM) (do MEC/Inep/DTDIE, referente a 2005). 12 13,7% de jovens entre 18 e 24 anos estão na educação superior (IBGE − Pnad 2008). larização das maiorias. A esta caracterís ca (...) formato da República Federa va, onde os correspondeu, sempre, a consagração de desi- poderes de governo são repar dos entre ins- gualdades regionais agudas, a pulverização de tâncias governamentais por meio de campos sistemas (e redes), a desar culação curricular de poder e de competências legalmente defi - ou a sua rígida ver calidade e o estabeleci- nidas [...] temos um organização da educação mento de ação concorrencial entre as esferas nacional e não um sistema nacional. de governo.
O terceiro decorre da Cons tuição de 1988, que E o Documento-Referência da Conae também contri- bui com o debate ao mostrar que: (...) optou por um federalismo coopera vo sob a denominação de regime de colaboração recí- Vários foram os obstáculos que impediram a proca, descentralizado, com funções compar - implantação do SNE no Brasil, sobretudo aque- lhadas entre os entes federa vos [...] relações les que, reiteradamente, negaram um mesmo interfedera vas não se dão mais por processos sistema público de educação de qualidade para hierárquicos e sim por meio do respeito aos todos os cidadãos, ao contrário do que aconte- campos próprios das competências. ceu nos países que viabilizaram a organização de um sistema nacional próprio. (DOCUMEN- Além disso, esse autor também aponta receios advin- TO-REFERÊNCIA, 2009) dos dos campos privado e público: Nesse panorama, concordo com Bordignon quanto à (...) receio, por parte do segmento privado na importância de iden fi car as lógicas que perpassam educação escolar, de se ferir a liberdade de en- as ações, pois compreendo que a gestão educacional sino e não falta quem assinale o perigo do mo- está eivada de posturas autoritárias, centralizadoras e 95 nopólio estatal. [...] medo da parte da própria legalistas; com Saviani, quando destaca os obstáculos União quanto a uma presença mais efe va, so- bretudo no que se refere ao fi nanciamento da de base fi losófi co-ideológica, na medida em que reve- educação básica. lam ideias e interesses contrários ao SNE, que me pa- recem ser precedentes às demais espécies; com Cury, Saviani (2009), por sua vez, iden fi ca quatro espécies de que a questão central está no “caráter de nossa de obstáculos para a construção do SNE: econômicos, sociedade [com] desigualdade sistêmica que é congê- polí cos, fi losófi co-ideológicos e legais. Eles são, res- nita à sociedade capitalista ainda que dentro de um pec vamente: 1) “traduzidos na tradicional e persis- movimento contraditório”; e com Abicalil, no sen do tente resistência à manutenção do ensino público”; 2) de que à não escolarização das maiorias “correspon- “expressos na descon nuidade das inicia vas de re- deu, sempre, a consagração de desigualdades regio- forma da educação”; 3) “representados pelas ideias e nais agudas”. interesses contrários ao SNE”; e 4) “correspondentes à resistência à aprovação de uma legislação que per- Mas é fundamental, nessa análise, estar atenta ao mita a organização do ensino na forma de um sistema alerta de Frigo o: nacional em nosso país”. Um dos equívocos mais frequentes e recor- Abicalil (2009) iden fi ca mais obstáculos, ao afi rmar que: rentes nas análises da educação no Brasil, em todos os seus níveis e modalidades, tem sido Nunca se logrou que o Poder Público central o de tratá-la em si mesma e não como cons - vesse responsabilidade relevante na esco- tuída e cons tuinte de um projeto dentro de uma sociedade cindida em classes, frações de modo de produção, objeto das variadas combi- classes e grupos sociais desiguais e com mar- nações par culares por ele conhecidas. (DOU- cas históricas específi cas − colônia durante sé- RADO, 2006, p. 26) culos, escravocrata e, atualmente, capitalismo associado e dependente. (FRIGOTTO, 2006) Imersa nesse campo e analisando o movimento que prorroga a discussão do SNE ou que promove peque- Assim, a constatação, o fato ou o fenômeno, que se nos e insufi cientes ajustes na organização educacio- transforma no nosso objeto de análise, deixa de ser o nal, recorro a Sarup quando apresenta uma forma de SNE em si e passa a ser a negação histórica de um úni- desvelar essa insistente postura de descompromisso co sistema público de educação de qualidade para do Estado: todos os cidadãos. Essa é a chave para o entendimen- to da questão do SNE aqui trabalhada. E essa nega- Sempre que há um movimento para uma alte- ração radical no sistema educacional, ou para ção é intencional e fruto de uma sociedade baseada sua abolição, ouve-se dizer que o sistema é em classes sociais cujos interesses são antagônicos. basicamente sólido, que precisa apenas de re- E, como se pode perceber, as difi culdades, desafi os, formas menores... É fato bem conhecido que, obstáculos, limites e receios aqui apontados revelam quando o sistema corre perigo agudo, a retóri- posturas e prá cas contrárias a esse direito social, ca dos atacantes é cooptada por uma modifi ca- mesmo que assim eles não se apresentem; agora, ção limitada. As crí cas originais são desloca- mais que isso, são evidências lógicas, econômicas, po- das e deformadas no processo, à medida que vão sendo incorporadas ao Estado Capitalista. lí cas, fi losófi co-ideológicas e legais de contradições (SARUP, 1986, p. 166). picas de um movimento marcado pelas diferenças 96 entre as classes sociais. Esse raciocínio pode indicar mo vação para, frequen- temente, pessoas afi rmarem que há um SNE, pois: Certamente foi nessa direção a sinalização de Cury há uma lei nacional; um Ministério da Educação; um (2009) de que “a organização de um sistema educacio- Conselho Nacional de Educação; além de órgãos exe- nal é tanto a busca de organização pedagógica quanto cu vos e colegiados nos estados, municípios e no uma via de jogo de poder”. E eu diria, ra fi cando for- DF. E me recordo de que para interpelar esse po de temente essa questão, que é muito mais uma conten- postura, que buscava demonstrar que pequenas al- da por hegemonia entre classes sociais que a mera e terações na organização educacional brasileira eram aparente organização pedagógico-adminstra va. forma robusta de um dado governo dotar a educação de maior organicidade, eu acabei por afi rmar, naquela E, como reforço a esse quadro, tem-se que ocasião, que existe um sistema virtual de educação: a educação como campo social de disputa he- gemônica, resultante da condensação de for- Apesar de haver dito que não temos um SNE ças entre a sociedade civil e a polí ca, par mos explicitado, se olhar mais de damente os úl- de um referencial analí co fundamentalmente mos anos, arriscaria a dizer que vemos (e gramsciano, adotando a concepção de Estado temos) um SNE “virtual” assentado na lógica ampliado, na qual se efe va a ar culação entre econômica, voltado para um po específi co de a base material e a superestrutura. Tal pers- educação subjugado ao mercado, antenado às pec va é fundamental para a compreensão da determinações dos organismos internacionais análise das par cularidades que o Estado ca- e que, organicamente, ar culou fi nanciamento pitalista assume, como indica vo complexo do público, papel do Conselho Nacional de Educa- ção, gestão empresarial e avaliação de resulta- dos [...] um SNE não denominado, não ba za- 3. Pode haver um Sistema Nacional de Educação do, não explicitado. (GRACINDO, 2004) sem ferir a autonomia dos entes federados?
Uma marca forte da negação do direito à escola uni- Apesar de perceber que algumas vezes o argumento tária pública e de qualidade a todos e, por suposto, de que a implantação do SNE iria impedir a autono- da não existência de um SNE é a dualidade que ainda mia dos entes federados cons tui-se em retórica que hoje caracteriza a educação brasileira. Nesse sen do, esconde posição contrária à universalização da escola o Documento-Referência da Conae sinaliza um SNE pública una e de qualidade para todos, quero iden fi - como car como legí mo esse temor, pois a maior ou menor centralização, ou uniformidade do sistema, depen- (...) concebido como expressão ins tucional do derá da confi guração a ser dada ao SNE. Como não esforço organizado, autônomo e permanente caberia aqui aprofundar o desenho do SNE, o certo do Estado e da sociedade brasileira pela educa- é destacar que ele não poderá minimizar ou descon- ção, tendo como fi nalidade precípua a garan a siderar essa autonomia, mas, ao contrário, deverá de um padrão unitário de qualidade nas ins - construir-se tendo essa autonomia como princípio tuições educacionais públicas e privadas em fundamental e base para a afi rmação da unidade que todo o País. (DOCUMENTO-REFERÊNCIA, 2009) garante o caráter da nacionalidade brasileira; aqui- lo que pode ser considerado como caracterís cas Mas a forma peculiar de lidar com as diferenças de da unidade nacional. E sobre essas caracterís cas é classe que confi guram essa educação dual encontra que o SNE deverá estabelecer as polí cas, legislação, explicação quando se constata que normas e mecanismos de gestão nacionais. Enfi m, (...) a ciência burguesa percebe os problemas 97 concretos como o da desigualdade nos dife- um SNE que, sem desmontar o sistema fede- rentes âmbitos humanos sociais, que é ine- ra vo, busca garan r a universalidade e a de- rente forma social capitalista, como uma mera mocra zação do conhecimento para todos os disfunção, e acaba sempre atacando, de forma brasileiros, de modo ar culado, respeitando focalizada, as consequências, e não as determi- as especifi cidades regionais e locais em todo o nações. (FRIGOTTO, 2001, p. 24) território nacional. (GRACINDO, 2004)
Com base nessa postura analí ca, e apesar de enten- Tentando situar o SNE com relação aos entes federa- der ser desejável, quero crer não ser necessária a su- dos, não reduzindo essa relação a uma visão funcio- peração do capitalismo para a implantação do SNE, nal-estruturalista, verifi co um movimento dialé co pois, se assim fosse, nenhum país moldado por esse próprio daqueles que surgem quando as diferenças se sistema econômico haveria de conseguir implantar encontram, com todas as suas contradições. E, sen- seu SNE, garan ndo uma escola pública una para to- do o SNE a conjugação das redes pública e privada de dos. Exemplo disso, dentre outros, foi a implantação educação, tanto federal, quanto estaduais, municipais da escola pública na República francesa, logo após sua Revolução, demonstrando que essa prerroga - e do DF, há que se estabelecer a unidade da diversi- va, ideia ou compromisso inscreve-se na visão liberal dade, que será decorrência do trabalho ar culado en- clássica, a face polí ca do sistema econômico capita- tre os sistemas de ensino, como a vidade preliminar lista, da época. para a consolidação do regime de colaboração.
E, par ndo da premissa de que “o regime de colabo- ração é um preceito cons tucional que, obviamente, não fere a autonomia dos entes federa vos” (SAVIA- tra da lei haver sido descumprida muitas vezes pelo NI, 2009), a questão da autonomia dos estados, mu- Estado. De outro lado, como forma de controle social nicípios e DF fi ca assegurada na organização do SNE, sobre o Estado, a saúde teve um signifi ca vo avanço posto que o entendimento do termo autonomia está, ao estabelecer os Conselhos de Saúde e as Conferên- na justa medida, condicionado às demandas de sua cias de Saúde, que cumprem, entre outras, essa fun- diversidade local. Com isso, no panorama da autono- ção de forma diferenciada e dinâmica. Além disso, a mia/diversidade inscreve-se a liberdade de agir dos saúde conseguiu implantar um sistema nacional (ou entes federa vos, garan ndo, de um lado, os direitos único) que proporciona avanço gerencial-administra- da diversidade e, do outro, os direitos da unidade. vo com relação à área da educação, e que pode au- Faz-se necessário, para tanto, esforço integrado e co- xiliar na construção do regime de colaboração nesta labora vo, a fi m de consolidar novas bases na relação área. entre todos os entes, visando garan r o direito à es- cola pública unitária para todos. Assim, já que cada campo social tem seu movimento histórico próprio, falar em SNE não é falar em SUS, Considerações Finais apesar de imaginar que a experiência nacional do SUS pode fornecer boas alterna vas e indicações para a Uma pequena provocação fi nal: quando falo em Siste- construção do SNE. Vale notar que alguns pesquisa- ma Nacional de Educação estou falando em algo pró- dores do tema entendem que para a educação é pos- ximo ao Sistema Único de Saúde, o SUS? sível que seja mais adequada a criação de um Sistema Nacional Público de Educação, envolvendo a rede pú- Existem inúmeras possibilidades de promover apro- blica de ins tuições de ensino e de pesquisa, e esta- 98 ximações e distanciamentos entre a organização e a belecendo normas e marcos regulatórios para a rede prá ca do atendimento da educação e da saúde no privada de educação. Penso que esta é uma questão Brasil, das quais, grosso modo, destaco algumas. ainda a ser mais bem trabalhada, mas, sem dúvida, dentre outras possibilidades e avanços, que essa pro- A primeira aproximação evidente é o atraso históri- posta tem, está a questão dos recursos públicos que co com que o Estado vem assumindo, no Brasil, sua precisam ser des nados apenas e exclusivamente responsabilidade nesses campos sociais. A segunda é para a rede pública de ensino, bandeira de luta dos a força dos serviços privados na oferta dessas ações, educadores, e que tem no SUS um exemplo que talvez por meio do acesso direto às ins tuições privadas, não deva ser seguido, dado o volume considerável de com ou sem fi nanciamento público. A terceira diz res- recursos canalizados para os serviços privados. peito à força de seus movimentos sociais que, de for- ma semelhante e tenazmente, lutam pela conquista Mesmo com todos os evidentes esforços que vêm e ampliação de direitos da cidadania. E a quarta é a caracterizando o atual governo, no que concerne à tenta va de conjugação dos recursos fi nanceiros para educação, com polí cas públicas que efe vamente melhor redistribuição entre os entes federados, que buscam resgatar parte da dívida social brasileira, ain- na saúde se aglu nam no SUS e, na educação, apenas da assim, resta avançar concretamente, como propõe para a educação básica, se reúnem no Fundeb, fi can- esta conferência, na discussão e proposição do SNE no do ainda fora dessa lógica a educação superior. Brasil, como interlocutor vital para as polí cas educa- cionais para o país buscando superar o quadro per- Como distanciamentos, indico, primeiro, o tempo que verso do analfabeƟ smo brasileiro, construir as bases separa a conquista da área como direito social; a edu- para a existência da escola única de qualidade social, cação se antecipou nessa delimitação, apesar de a le- pautada pela garan a da universalização da educação básica e da democraƟ zação da educação superior. Ao ver, nesta Conferência Nacional de Educação, a FRIGOTTO, Gaudêncio. “Relação da educação profi ssional e tec- sociedade polí ca e a sociedade civil juntas e repre- nológica com a universalização da educação básica”. In: 1a Con- sentadas por estudantes, funcionários, professores, ferência Nacional de Educação Profi ssional e Tecnológica. Brasí- dirigentes, pais e mães de estudantes, parlamenta- lia, novembro de 2006. Disponível em: